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Brasil gasta

FIRJAN/24.4.06
Daniela Mendes

Considerando-se as subnotificações, número de acidentes pode chegar a 500 mil por ano
Estimativa do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado de São
Paulo (Cerest-SP) revela que o número de mortes por acidente de trabalho no estado pode
chegar a 5 mil por ano. A estimativa baseia-se em estudo desenvolvido pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e Organização Mundial de Saúde (OMS), que prevê uma
subnotificação nos registros de acidentes de trabalho da ordem de 92% na América Latina.
Dados do Ministério do Trabalho referentes a 2003 – não existe uma base mais atualizada –
registraram 300 mil acidentes de trabalho e 3 mil mortes naquele ano. Considerando-se o
estudo da OIT e da OMS os números oficiais estão defasados em quase o dobro.
Devido à concentração industrial, o Estado de São Paulo lidera o ranking de casos de
acidentes de trabalho e mortes por acidente de trabalho no País. Mas os números são
considerados elevados em todas as regiões.
Em 2001, um estudo do economista José Celso Pastore mostrou que os gastos do Brasil com
esse tipo de acidente, naquele ano, seriam da ordem de R$ 24 bilhões.
Hoje, de acordo com Maria Maeno, coordenadora do Cerest-SP e pesquisadora da
Fundacentro (entidade vinculada ao Ministério do Trabalho) esse valor já chega a R$ 32,8
bilhões, sendo que só a Previdência Social, com o pagamento de benefícios acidentários, deve
gastar R$ 8,2 bilhões.
A situação, no entanto, vem melhorando: o Brasil já foi o campeão mundial de acidentes de
trabalho. Agora, está apenas entre os 15 piores colocados, de acordo com números da OIT,
que lista 172 países.
Quando comparado com países como os Estados Unidos, por exemplo, o número de mortos
por acidente de trabalho no Brasil chega a ser 30 vezes maior. Na década de 80, houve 250
óbitos por milhão de trabalhadores segurados. Nos anos 90, esse número caiu para 150 óbitos
por milhão. Mas, nos Estados Unidos, morrem cinco trabalhadores por milhão e, no Reino
Unido, dez. O número brasileiro ainda é três vezes maior do que a média européia.
De acordo com a pesquisadora Maria Maeno, os órgão públicos têm consciência de que os
números são elevados e precisam ser reduzidos. Ela disse ainda que as estatísticas sobre
essa realidade precisam ser mais atualizadas e realistas. “Até o final do ano devemos ter
concluído o projeto do observatório estadual que vai consolidar esses números”.

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