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Suicídios aumentam 2,3% em 1 ano, e Brasil tem 1 caso a cada 46

minutos
Dados foram apresentados pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira. Presença de Centros
de Atenção Psicossocial reduz risco de morte.
Por Braitner Moreira, G1 — Brasília - 20/09/2018 12h05
https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2018/09/20/suicidios-aumentam-23-em-1-ano-e-brasil-tem-1-
caso-a-cada-46-minutos.ghtml

O Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2016 – em média, um caso a cada 46 minutos. O
número representa um crescimento de 2,3% em relação ao ano anterior, quando 11.178 pessoas
tiraram a própria vida.
Os dados foram apresentados na manhã desta quinta-feira (20), em Brasília, pelo Ministério da
Saúde.
A diretora da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Fátima Marinho, no
entanto, estima que o numero seja maior. Em entrevista coletiva, ela citou "um subdiagnóstico de
20%".
O suicídio é, hoje, a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Entre os homens
nesta faixa etária, é o terceiro motivo mais comum; entre as mulheres, o oitavo.
As vítimas
Nos recortes apresentados pelo ministério, a maior taxa de mortes por suicídio a cada 100 mil
habitantes é entre indígenas – 15,2 casos por 100 mil. Entre os homens, o número chega a 23,1;
entre as mulheres, a 7,7.
De acordo com o Ministério da Saúde, 44,8% dos suicídios indígenas em 2016 ocorreram na faixa
etária de 10 a 19 anos.
"Não é só no Brasil, isso [alto suicídio indígena] também ocorre nos Estados Unidos, Austrália,
Nova Zelândia. Você tem várias causas e vários determinantes que são muito mais complexos do
que o da população não indígena", afirmou Fátima.
A taxa de suicídio a cada 100 mil habitantes chegou a 9,2 entre os homens, um aumento de 28% em
uma década (veja no gráfico abaixo). Entre as mulheres, a taxa é de 2,4.
"O desemprego também tem sido um fator de risco das tentativas de suicídio. Uma análise que a
gente ainda vai melhorar é a de determinadores sociais, como também é a da violência de gênero
contra as mulheres", disse Fátima Marinho.
Como combater
Estudos do ministério apontaram que o risco de suicídio é reduzido em 14% em municípios com a
presença de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). "A política de saúde mental é um fator de
proteção", declarou a diretora.
"Existem políticas públicas que podem prevenir, precisamos melhorar e proteger mais as
populações mais expostas."
O custo do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações hospitalares causadas por
autointoxicação intencional é, em média, de R$ 3 milhões ao ano. Segundo Fátima Marinho, o valor
seria equivalente à construção e ao custeio de 8 CAPS por ano.
Em um ano, 109 novos CAPS foram implementados no país, em decorrência da ampliação da
Política Nacional de Saúde Mental. Os estados mais beneficiados foram Minas Gerais (31 centros),
São Paulo (16) e Paraná (9). Com as inaugurações, o país passou a ter 2.645 CAPS.
• Suicídios de adolescentes: como entender os motivos e lidar com o fato que preocupa pais e
educadores
Entre as ações em andamento, o ministério informou que tem elaborado as Diretrizes Nacionais de
Vigilância em Saúde Mental Relacionada ao Trabalho, um documento com informações sobre
suicídio influenciado pelo ambiente de trabalho.
O Ministério da Saúde também lançou uma página temática com sinais de alerta para saber agir
e prevenir diante do problema.
Ligação gratuita
As ligações de prevenção de suicídio feitas para o Centro de Valorização da Vida (CVV), por
meio do número 188, passaram a ser gratuitas para todo o Brasil desde 1º de julho, após assinatura
de um convênio com o Ministério da Saúde.
O CVV é uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha com prevenção ao suicídio, por
meio de voluntários que dão apoio emocional a todas as pessoas que querem e precisam conversar.
Eles recebem treinamento adequado e não precisam ter formação em psicologia. Todas as ligações
são sigilosas.

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