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SUICÍDIO JUVENIL
COMO RECONHECER OS SINAIS
Goiânia – Go
Kelps, 2018
Copyright © 2018 by Sonia Ferreira
Editora Kelps
Rua 19 nº 100 — St. Marechal Rondon- CEP 74.560-460 — Goiânia — GO
Fone: (62) 3211-1616 - Fax: (62) 3211-1075
E-mail: kelps@kelps.com.br / homepage: www.kelps.com.br
28 p. il.
ISBN:978-85-400-2573-8
DIREITOS RESERVADOS
É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem
a autorização prévia e por escrito da autora. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98)
é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2018
2 SONIA FERREIRA
SONIA FERREIRA
Publicitária, redatora. Traba-
lhou para o Jornal “O Popular”, em-
presa do grupo Jaime Câmara, afi-
liada à Globo, durante 30 anos. Foi
empreendedora no segmento de
livros, brinquedos e buffet infantil.
Atualmente trabalha na produção de
artigos e textos no segmento de au-
toajuda, coaching, para plataformas
digitais, sites, blogs e editoras. É pesquisadora e estudiosa no
assunto de prevenção, posvenção e manejos do suicídio, atra-
vés de cursos voltados na área de Suicidologia. Acolhe famílias
sobreviventes ao suicídio promovendo palestras sobre o assun-
to em escolas, comunidades, igrejas e empresas. Foi voluntá-
ria do CVV (Centro de Valorização da Vida). Fundou o Grupo
Renascer de apoio à mães enlutadas - em novembro de 2017,
que acolhe todas as mamães que tiveram perdas de qualquer
natureza, sem contudo mensurar a dor individual de cada uma
delas. Faz parte de um conselho dos grupos mais expressivos
de luto no país, onde são tomadas decisões sobre programa de
acolhimento para pessoas enlutadas. É uma das organizadoras
do projeto voluntário “Diante disso, o que faço com isso”, do
Grupo Mulheres do Brasil, núcleo GO, fundado em 04 de se-
tembro de 2018, criado para atender as demandas das escolas
públicas e privadas na prevenção do suicídio juvenil por meio
do atendimento de profissionais voluntariados na área da saú-
de mental. Perdeu uma filha adolescente, por suicídio, em 2016.
SUICÍDIO JUVENIL 3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 5
2.QUEBRANDO O TABU................................................................................. 6
3. ESTATÍSTICAS................................................................................................ 8
4. ENTENDENDO O COMPORTAMENTO................................................. 9
5. DESENCADEANTES DO PROCESSO SUICIDA............................... 10
6. FATORES DE PROTEÇÃO.........................................................................12
7.SINAIS VERBAIS DIRETOS........................................................................ 16
8.SINAIS VERBAIS INDIRETOS....................................................................17
9.SINAIS COMPORTAMENTAIS...................................................................18
10. CUIDADO COM OS MITOS..................................................................... 19
11. BULLYING E CONFLITOS DE IDENTIDADE SEXUAL.....................21
12. UM MUNDO VIRTUAL.............................................................................22
13. DEZ DICAS DE PERGUNTAS PARA DETECTAR
SINAIS DE SUICÍDIO.......................................................................................24
4 SONIA FERREIRA
1. INTRODUÇÃO
SUICÍDIO JUVENIL 5
2.QUEBRANDO O TABU
É PRECISO
QUEBRAR
ESSE
TABU!
6 SONIA FERREIRA
dados do CVV. Após esses temas serem fala-
dos e discutidos, a prevenção se tornou bem
sucedida. Falar sobre suicídio como forma de
orientar é bem diferente de incentivar. Não será
disparado gatilhos se não dermos enfoque com
intuito de reforçar métodos, como afirma pro-
fissionais especializados. Precisamos ter em-
patia para lidar com esse assunto. Não pode-
mos enxergar isso como vergonha, crime, ou
sinal de fraqueza. Quando o adolescente tira
a própria vida, ele queria, na verdade, se livrar
da dor, não da vida, por isso, não podemos li-
dar com o suicídio como um tabu e atrelar esse
comportamento como um pecado. Precisamos
entender o que está levando nossos filhos ao
auto extermínio. A sociedade precisa procu-
rar entendimento e tratar esse assunto com um
olhar mais humano para poder ajudar no que
for preciso, ou seja, ser mais empática, se colo-
car no lugar do outro, no lugar da família que
está vivenciando o problema.
SUICÍDIO JUVENIL 7
3. ESTATÍSTICAS
Maior do que
o aumento da
45%
ADOLESCENTES
população
DE 15 A 19 ANOS
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4. ENTENDENDO O COMPORTAMENTO
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5. DESENCADEANTES
DO PROCESSO SUICIDA
1 – Problemas de relacionamento
2 – Trauma psíquico e violência
3 – Estresse e problemas de ordem financeira
4 – Separação, divórcio
5 – Perda de ente querido
6 – Relacionamentos conflituosos
7 – Eventos de vida traumáticos e negativos
8 – Depressão e outras doenças psiquiátricas
9 – Abuso de álcool e drogas
10 – Doenças físicas / dor.
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minha família”. Estar envolvido demais em problemas
emocionais familiares sociais e financeiros a ponto de
lhe afetar. É preciso, nos dias de hoje, ter muito cui-
dado em não envolver os filhos nas questões financei-
ras, negócios da família. Essas decisões são tomadas
pelos adultos. Estamos vivendo momentos de crise no
país e isso é fator de preocupação para os filhos. Evite
envolvê-los nessa esfera. Vale ressaltar que em muitos
casos, os fatores desencadeantes estão concentrados
dentro de casa através da rejeição, da negligência para
com o adolescente, maus tratos, abuso físico e sexual
na infância, uma longa história familiar de transtornos
psiquiátricos.
SUICÍDIO JUVENIL 11
6. FATORES DE PROTEÇÃO
Muitos processos suicidas terminam. Existe uma
luz no fim do túnel. Para mudar esse cenário, de acordo
com pesquisas feitas por Danuta Wasserman, professo-
ra em psiquiatria e suicidologia na Europa, vai depen-
der muito do enfrentamento ou tratamento individual
do adolescente. Conheça os fatores de proteção:
COMPORTAMENTO E PERSONALIDADE
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mosfera familiar que o deseja, que se preocupa com ele
e que sua vida é importante tanto para ele como para
toda a família, amigos. Para isso é preciso a ajuda da
família e de um profissional que desenvolva e trabalhe
essas competências de forma assertiva, com validação.
PADRÕES FAMILIARES
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gonha, medo do julgamento de toda a sociedade, famí-
lia, escola, colegas. Nesse momento a sociedade acaba
se tornando um grande “fator de risco” para o suicídio.
Quantos casos tivemos conhecimento, somente neste
ano de 2018, de adolescentes com dificuldades no pro-
cesso de identidade sexual na escola. O resultado do
bullying deixou esses jovens “sem saída”, levando-os a
tirar a própria vida.
FATORES AMBIENTAIS
• Boa alimentação
• Sono bom
• Luz do sol
• Atividades físicas
• Ambiente sem drogas ou cigarro
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7.SINAIS VERBAIS DIRETOS
“Vou me matar”
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8.SINAIS VERBAIS INDIRETOS
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9.SINAIS COMPORTAMENTAIS
• Sinais observáveis de depressão grave
• Oscilação de humor
• Pessimismo
• Desespero
• Dificuldade em trabalhar frustrações
• Falta de esperança pela vida
• Delirio
• Desamparo
• Dependência química
• Ansiedade, dor psíquica, estresse acentuado
• Problemas associados ao sono (excessivo ou insônia,
pesadelos)
• Raiva, impulsividade, desejo de vingança
• Sensação de estar preso e sem saída
• Isolamento: família, amigos, eventos sociais
• Mudança dramática do humor
• Falta de sentido para viver
• Aumento do uso de álcool e outras drogas
• Impulsividade e interesse por situações de riscos
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10. CUIDADO COM OS MITOS
1 - Quem fala sobre suicídio não o comete.
Falso. Achar que o adolescente quer chamar atenção é um
erro muito grave. A maioria dos jovens que suicidam falam ou dão
sinais sobre a ideia de morte. Já expressou para algum amigo ou
profissional em algum momento.
SUICÍDIO JUVENIL 19
pital é um período durante o qual a pessoa está particularmente
fragilizada, portanto, o risco continua.
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11. BULLYING E CONFLITOS
DE IDENTIDADE SEXUAL
O reforço a este papel de gênero, muitas vezes impe-
de os meninos de procurarem ajuda para os sentimentos
suicidas e depressivos. O isolamento social e o bullying
nas escolas são fatores para aumentar o risco. As meninas
se suicidam menos em função das redes sociais de pro-
teção mais fortes e acabam também se engajando mais
facilmente que os meninos em diversas atividades do-
mésticas e comunitárias - que lhes conferem o sentido de
pertencimento. Um fator muito importante para a supera-
ção. O enfrentamento do adolescente que se encontra em
conflitos e na incerteza em relação a identidade sexual é
muito grande. Tanto os pais quanto as escolas precisam
ter cuidado com esses conflitos e muita sensibilidade na
abordagem com os jovens. As escolas se encontram per-
didas em meio a tantas manifestações de ofensas, pre-
conceitos, falta de respeito entre os colegas. Além de
prejuízo no aprendizado os jovens expostos ao bullying
podem desenvolver vários traumas diante de tanta per-
seguição. Reações como agressões, atitudes violentas,
como vimos em várias escolas, jovens atirando pra todo
lado, automutilações, chegando até ao suicídio. Lamentá-
vel demais esse cenário. Estudos feitos por profissionais,
nos Estados Unidos, apontaram o bullying como uma das
principais causas do suicídio infantil e juvenil.
SUICÍDIO JUVENIL 21
12. UM MUNDO VIRTUAL
Adolescentes no mundo virtual. “Um mundo den-
tro de outro mundo” (Robson Filho). Isolado, distante
da família, assim é o dia a dia dos nossos jovens: dentro
do quarto. Esse é o cenário de muitas famílias com seus
adolescentes. Sem estofo emocional, sem compartilhar
momentos como almoçar e jantar juntos. Vivem num
mundo virtual onde os amigos não são reais, são de
whatsapp a redes sociais. Os jogos, como a “baleia
azul”, pegaram muitos de nossos jovens pela fragilida-
de que eles estão enfrentando, os dramas existenciais
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reais ou imaginários. Existe um adulto que comanda
tudo do outro lado desse jogo, dando ordens a esses
adolescentes e crianças. Esse adulto começa a solicitar
tarefas e assim que o adolescente cumpre as tarefas ele
é validado pelo adulto. Finalmente, tem alguém dando
atenção à ele e aplaudindo quando ele vence a fase do
jogo. E não é nenhuma máquina. É gente mesmo. Dian-
te desse cenário, o que nós, pais, podemos fazer com
isso? Vai uma sugestão de mãe... e porque não? Ao invés
de proibir nossos filhos de ter acesso à internet, porque
não vamos jogar com eles tantos outros jogos disponí-
veis, jogos de tabuleiro. Entrar no universo deles, fazer
com que eles sintam nossa presença e proximidade. A
busca dos pais por uma vida melhor para os filhos, fez
com que se distanciassem deles. Parar um momento do
dia para bater papo com o filho, se interessar pela vida
dele, seu dia a dia na escola, ficou secundário.
Em busca do melhor para o filho, pais trabalham
muito para proporcionar uma boa escola, viagens, etc,
e também o melhor aparelho celular - se não o filho se
frustra. Mas, cuidado! Limitar o uso do celular e proibir
o acesso às redes sociais, que pode ser a única via de
comunicação e interação de um adolescente em crise,
pode ser um fator de risco para piorar o problema. O
melhor é tentar se aproximar e navegar com ele em
“mares tranquilos” e evitar ambientes de perigo.
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13. DEZ DICAS DE PERGUNTAS
PARA DETECTAR SINAIS DE SUICÍDIO
Como perguntar indiretamente, sem constrangimen-
to, para o adolescente, se ele está com pensamentos
suicidas, sem usar o termo suicídio.
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