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Brasil perde 1,5 milhão de sindicalizados após

reforma trabalhista
País viu contingente de associados a sindicatos cair quase 12% em 2018

18.dez.2019 às 10h01
Atualizado: 18.dez.2019 às 12h22

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2019/12/19/)

Diego Garcia (https://www1.folha.uol.com.br/autores/diego-garcia.shtml)

RIO DE JANEIRO No primeiro ano após a reforma trabalhista do governo Michel


Temer (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/escandalos-afetaram-agenda-de-reformas-de-temer-ouca-
podcast.shtml), o Brasil perdeu 11,9% de pessoas no contingente de sindicalizados.

Em números absolutos, a redução foi de 1,5 milhão de trabalhadores


associados a sindicatos no país. 

Em 2018, das 92,3 milhões pessoas ocupadas no país, 12,5% eram


sindicalizadas. No ano anterior, esse percentual representava 14,4% do total.

Essa mudança pode ser atribuída a movimentos na dinâmica do mercado de


trabalho no Brasil, (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/09/dados-indicam-possivel-virada-do-
mercado-de-trabalho-diz-especialista.shtml) segundo informou nesta quarta-feira (18) o IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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Carteira de trabalho e Previdência Social - Gabriel Cabral/Folhapress

"Estamos vivendo momentos simultâneos do comportamento do mercado


de trabalho em um ambiente de crise. Pessoas se inserindo em atividades
muitas vezes com características mais informais para atravessar o momento
de crise", apontou Adriana Beringuy, analista do IBGE.

 
Em 2018, segundo o IBGE, a diminuição de sindicalizados foi mais acentuada
no Nordeste (14,1%) e Sul (13,9%). Já as regiões Norte (10,1%) e Centro-Oeste
(10,3%) apresentaram as estimativas mais baixas.

Por sexo, houve uma diferença nos percentuais de homens (12,6%) e


mulheres (12,3%) associados a sindicato. No Sudeste essa diferença era maior
em um ponto percentual entre os homens. O Nordeste foi o único a
apresentar percentual feminino (14,9%) ocupadas sindicalizadas superior ao
masculino (13,5%) na mesma condição.

Miguel Torres, 61, presidente da Força Sindical,


(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2019/05/sede-da-forca-sindical-e-avaliada-em-r-12-milhoes-e-vai-a-leilao-

em-sao-paulo.shtml)apontou
o desemprego como principal fator para a diminuição
dos sindicalizados no Brasil em 2018.

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"O que impacta é o desemprego, pessoas fora do mercado de trabalho.
Quando voltam ao mercado de trabalho, elas não se associam nos primeiros
meses, pois os salários são mais baixos", disse.

Porém, o Brasil registrou no ano passado o primeiro saldo positivo na


geração de postos formais de trabalho desde 2014
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/01/brasil-perdeu-615-mil-vagas-de-emprego-no-governo-michel-

temer.shtml), com a criação de 529 mil vagas registradas, segundo dados do


Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). A informação está
em relatório divulgado nesta pelo Ministério da Economia em janeiro.

Em pesquisa sobre características do mercado de trabalh


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/09/dados-indicam-possivel-virada-do-mercado-de-trabalho-diz-

especialista.shtml)o, o IBGE mostrou que a associação a sindicato acentua a


trajetória de queda desde 2016, quando diminuiu em 7,4% (1,1 milhão de
pessoas) o contingente de associados, baixando para 14,9% a proporção.

Em 2017, o contingente caiu para 14,4%, mesmo com recuperação da


população ocupada, que viu crescer o trabalho por conta própria e o
emprego no setor privado sem carteira de trabalho assinada 

De acordo com o IBGE, no ano seguinte, ocorreu novamente expansão


expressiva da população ocupada, em 1,2 milhão de pessoas, que não
contribuíram para semelhante aumento da sindicalização.

Com isso, o percentual de sindicalização caiu para 12,5%, o menor da série


histórica do IBGE. 

A maior taxa de sindicalização em 2018 ocorreu entre trabalhadores do setor


público, com 25,7%. Os trabalhadores do setor privado com carteira assinada
foram 16%, enquanto os trabalhares sem carteira no setor privado foram
apenas 4,5%. Já os trabalhadores por conta própria tiveram taxa de
sindicalização de 7,6%.

Quanto maior o nível de instrução, maior era a taxa de sindicalização, apesar


de que em todos os níveis de instrução houve queda em 2018. O menor
percentual estava entre os trabalhadores de ensino fundamental completo e
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médio incompleto, com 8,1%. Aqueles com nível superior tinham o maior
percentual de sindicalização, de 20,3%.

A reforma trabalhista do governo Michel Temer


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1934569-o-que-muda-com-a-nova-lei-trabalhista.shtml) começou a
valer em novembro de 2017 e mudou trechos da legislação referentes a
jornada de trabalho, férias e intervalo de almoço dos trabalhadores. Também
decretou o fim da obrigatoriedade de pagar a contribuição sindical, que
passou a depender de autorização dos trabalhadores.

O administrador de empresas Bruno Alonso, 32, é um dos brasileiros que não


paga a contribuição. "Paguei desde 2010 e nunca notei um benefício real do
sindicato no meu dia a dia. Quando a opção de não pagamento surgiu, vi isto
como positivo, pois tinha a sensação que nossa contribuição não se
convertia em benefícios reais".

O economista Daniel Abrantes, 32, também pensa de forma semelhante.


"Apesar de reconhecer a importância de existir uma união de trabalhadores,
não tenho contato do sindicato direto comigo, e assim não enxergo hoje as
vantagens que o meu sindicato pode conseguir".

Miguel Torre apontou que os sindicatos continuam atuando com força pelo
Brasil. "Estamos com campanhas permanentes nas empresas", apontou.
"Direto tem alguma portaria atacando direitos. Quando se tem sindicato
forte, as convenções coletivas impedem a retirada de direitos. O trabalhador
sindicalizado fortalece a luta pelos direitos", disse o presidente da Força
Sindical.

A reforma afetou em cheio os sindicatos, que viram a arrecadação despencar


de R$ 3,6 bilhões, em 2017, para R$ 500 milhões, em 2018, sem a contribuição
sindical. A cobrança era feita em um dia de trabalho por ano de desconto da
folha salarial dos trabalhadores.

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