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Autor:
Celso Natale
16 de Outubro de 2023
SUMÁRIO
1 Instituições e mercado de trabalho .................................................................................................3
Gabarito ................................................................................................................................................... 41
Ministério do Trabalho (Auditor Fiscal do Trabalho - AFT) Economia do Trabalho - 2023 (Pré-Edital)
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Aula 05
INTRODUÇÃO
Saudações!
Uma informação importante é que esses temas, apesar de previstos, não foram cobrados.
Isso, naturalmente, prejudica um pouco o direcionamento dos estudos, mas com base nos
termos do edital e no estilo de cobrança das principais bancas, conseguimos ter uma ideia do
que pode ser cobrado.
Nesse sentido, abordei por mais conceitos e menos matemática. Embora a cobrança de cálculos
complexos não possa ser descartada, considero um custo muito elevado para um benefício baixo
e improvável.
Além disso, para te ajudar, elaborei praticamente todas as questões desta aula, dado a notável
ausência do tema em provas.
Vamos lá!
@profcelsonatale
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Richard Freeman e James Medoff, em sua obra seminal "What Do Unions Do?" (1984), destacam
como os sindicatos equilibram o poder de barganha, frequentemente inclinado para o lado do
empregador.
No Brasil, a adesão a sindicados vem caindo consistentemente nos últimos anos, atingindo a
mínima história de 9,2% no ano de 2022.
Nesta aula, abordaremos que sindicatos, assim como trabalhadores que buscam melhorar sua
situação, e empresas, que almejam maximizar seus lucros, fazem escolhas estratégicas para
atingir seus objetivos.
O impacto dos sindicatos no mercado de trabalho não é apenas moldado pelo ambiente político
e institucional que regula as relações entre sindicatos e empresas, mas também por fatores que
motivam os sindicatos a adotarem determinadas estratégias, como a negociação de demandas
salariais que podem levar a greves, enquanto deixam de lado outras opções.
No entanto, os sindicatos tendem a ganhar força quando as empresas obtêm lucros acima do
normal, conhecidos como "rendas" pelos economistas. Na prática, os sindicatos representam um
meio pelo qual os empregadores compartilham parte desses lucros adicionais com os
trabalhadores.
Este capítulo explora como os sindicatos afetam a relação de emprego entre trabalhadores e
empresas no Brasil. Veremos que os sindicatos exercem influência sobre praticamente todos os
aspectos da contratação de funcionários, incluindo jornada de trabalho, salários, benefícios
adicionais, taxa de rotatividade de funcionários, produtividade dos trabalhadores e lucratividade
das empresas no contexto brasileiro.
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2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2022
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Embora a taxa de sindicalização do Brasil esteja abaixo da média mundial e dos países da OCDE1,
o declínio é uma realidade em praticamente todos os países do mundo.
O sistema sindical brasileiro possui uma história complexa, marcada por diferentes fases e
transformações ao longo do tempo. Aqui está um breve histórico da estrutura sindical no Brasil:
• Década de 1930 a 1940: O movimento sindical no Brasil começou a ganhar força durante
o governo de Getúlio Vargas. Vargas implementou políticas de sindicalização controlada
pelo Estado, criando o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Isso levou à formação
de sindicatos vinculados ao governo e à centralização do poder nas mãos do Estado.
• Décadas de 1950 a 1960: Durante esse período, o governo de Juscelino Kubitschek
promoveu uma política de desenvolvimento econômico e industrial, o que levou ao
crescimento do movimento sindical. Os sindicatos operários ganharam influência e se
envolveram em negociações salariais e greves.
• Regime Militar (1964-1985): Durante a ditadura militar, os sindicatos enfrentaram forte
repressão. Muitos líderes sindicais foram perseguidos, e a liberdade sindical foi limitada.
No entanto, o período também viu o surgimento de movimentos de resistência sindical,
como as greves de metalúrgicos em São Bernardo do Campo lideradas por Luiz Inácio
Lula da Silva, que mais tarde se tornaria presidente do Brasil.
• Anos 1980: Com o processo de abertura política no final da década de 1970 e início da
década de 1980, a liberdade sindical foi gradualmente restaurada. A Constituição de
1988, promulgada após o fim da ditadura, reconheceu o direito à liberdade sindical e à
negociação coletiva. Isso levou à formação de diversos sindicatos independentes e à
pluralização do movimento sindical no Brasil.
• Anos 1990 a 2010: O Brasil passou por mudanças significativas nas leis trabalhistas nas
décadas de 1990 e 2000, com tentativas de flexibilização das relações trabalhistas.
• 2010 em diante: O movimento sindical brasileiro enfrentou desafios significativos e
passou por mudanças importantes. Isso incluiu o crescimento econômico, que trouxe
questões trabalhistas, a implementação da Reforma Trabalhista de 2017 (que incluiu o fim
da contribuição sindical obrigatória), protestos e greves em busca de melhores condições
de trabalho, o papel das centrais sindicais na coordenação de ações, desafios políticos e
ideológicos devido à polarização, adaptação às mudanças tecnológicas e no mercado de
trabalho, e a atuação sindical em setores específicos, como saúde e educação.
Passaremos, agora, a aspectos mais teóricos a respeito da atuação dos sindicatos e sua relação
com trabalhadores e empresas.
1
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico é uma organização econômica intergovernamental com 38
países membros, fundada em 1961 para estimular o progresso econômico e o comércio mundial. É composta pelas principais
economias do mundo.
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Veja só, uma empresa sem poder de mercado não consegue influenciar o preço. Ela pode
produzir quanto quiser, muito ou pouco, mas terá que vender pelo preço de mercado, que é
determinado por forças sobre as quais a empresa sozinha não tem nenhuma influência.
O monopolista, por outro lado, é a oferta de mercado. Assim, ele pode aumentar o preço do
produto e vender pelo preço mais alto.
Claro que mesmo o monopolista com poder de mercado não tem poder ilimitado. Ele pode
aumentar seus preços, mas os consumidores reduzirão a quantidade demandada.
Mesmo assim, isso é uma grande vantagem, pois o monopolista pode “calcular” se aumentar o
preço aumentará seus lucros, o que ocorrerá sempre que o aumento do preço for maior que a
queda nas vendas.
Agora, especificamente sobre o sindicato monopolista (aquele que tem poder para determinar
algo): se ele quisesse maximizar o número de empregos, o melhor a ser feito seria não interferir,
pois o maior nível possível de emprego ocorre no equilíbrio competitivo:
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No entanto, se o interesse do sindicato for elevar o salário de seus trabalhadores, teremos algo
muito parecido com o salário mínimo.
Uma forma de elevar os salários é com o sindicato limitando o número de trabalhadores. Afinal,
estamos falando de redução de oferta, e a redução de oferta provoca aumento de preços. Sendo
assim, a redução da oferta de trabalho para E- elevará os salários para w+:
Sendo assim, é possível que os trabalhadores sindicalizados tenham ficado em situação melhor,
pois os salários aumentaram (veremos, no capítulo sobre “modelo de preferência salarial”, que
eles podem ter ficado em situação pior).
Contudo, o nível de emprego caiu (E* para E-), o que significa que trabalhadores perderam seus
empregos, e certamente ficaram em situação pior.
Contudo, vamos continuar no nosso mercado, mas olhando para o que ocorre com o setor não
sindicalizado.
Como exploramos anteriormente, o sindicato pode exercer seu poder monopolista para
impulsionar os salários de seus afiliados, resultando na contratação de menos profissionais
sindicalizados.
Aqueles que se veem desempregados devido a essa estratégia podem buscar oportunidades
no segmento não sindicalizado ou enfrentar o desemprego. Presumindo que preferem continuar
trabalhando, é crucial entender as dinâmicas no mercado para trabalhadores fora dos sindicatos.
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Vamos considerar que o número total de trabalhadores disponíveis permanece constante, mas
está segmentado entre sindicalizados e não sindicalizados.
Com salários ajustados para W1, haverá uma retração na quantidade de empregados no
ambiente sindicalizado, conforme indicado no gráfico a seguir, na seta apontando para a
esquerda.
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Portanto, sob a premissa de que o nível global de emprego permanece inalterado (isto é, todos
os trabalhadores que deixam o setor sindicalizado se realocam no setor não sindicalizado),
conclui-se que a tática adotada pelo sindicato de elevar os salários de seus membros afeta
adversamente os ganhos no setor não sindicalizado.
Portanto, sob a premissa de que o nível global de emprego permanece inalterado (isto é, todos
os trabalhadores que deixam o setor sindicalizado se realocam no setor não sindicalizado),
conclui-se que a tática adotada pelo sindicato de elevar os salários de seus membros afeta
adversamente os ganhos no setor não sindicalizado.
Em resumo:
Portanto, não é “um jogo de soma zero”. Estamos, assim, diante de uma situação de ineficiência.
É muito semelhante ao peso morto que vimos ser causado pelo controle de salários em aula
anterior, reduzindo a renda nacional em relação ao equilíbrio competitivo.
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trabalho mais adequada ou com remuneração mais alta, em vez de aceitar ofertas de emprego
imediatamente disponíveis que consideram insatisfatórias em termos de posição ou salário.
O desemprego de espera pode também ser uma estratégia em ambientes econômicos onde os
indivíduos preveem que haverá uma melhoria nas condições de mercado ou aumento nas taxas
de salários no futuro próximo.
Este fenômeno pode ser tanto racional quanto benéfico para o indivíduo, permitindo-lhe
encontrar uma posição que corresponda melhor às suas habilidades, expectativas e aspirações
de carreira.
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Joan Robinson, em "The Economics of Imperfect Competition" (1933), ilustra como isso reduz a
concorrência, permitindo que o empregador dite os salários. Imagine uma cidade pequena com
apenas uma grande fábrica empregando a maior parte da força de trabalho. Essa fábrica exerce
um poder de monopsônio, potencialmente pressionando os salários para baixo, já que há pouca
concorrência por mão de obra.
A exceção fica por conta do chamado monopsonista discriminador. Nesse caso, não tem a ver
com o que vimos sobre “discriminação no mercado de trabalho”, não está relacionado com raça,
gênero, idade. O monopsonista discriminador discrimina salários, ou seja, uma empresa
monopsonista discriminadora perfeita consegue empregar diferentes trabalhadores com
salários distintos.
Nesse caso, o resultado é que a empresa contratará tantos trabalhadores quanto uma empresa
competitiva, mas pagará um total de salários inferior ao salário de mercado.
Porém, é crucial reconhecer que essa dinâmica pode, às vezes, levar a ineficiências de mercado.
Henry Farber, em sua análise dos sindicatos americanos, sugere que o poder excessivo dos
sindicatos pode resultar em desemprego para alguns grupos ou práticas anticompetitivas. No
entanto, os sindicatos também contribuem significativamente para a proteção dos direitos dos
trabalhadores e promoção da justiça social, criando um ambiente de trabalho mais equitativo.
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Um salário mínimo, seja do governo ou sindical, pode elevar o nível de salários e de empregos
em um monopsônio não discriminador, ou seja, um salário mínimo adequadamente
dimensionado pode eliminar completamente o poder da empresa monopsonista e evitar a
exploração dos trabalhadores.
Inferior ao nível
Emprego Nível competitivo Nível competitivo
competitivo
Eleva o emprego (se
Salário Mínimo Reduz emprego Reduz emprego adequadamente
determinado)
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Ele irá escolher se associar a um sindicato se perceber que lhe é oferecido um pacote salário-
emprego mais atraente (maior utilidade) do que o pacote salário-emprego que ele teria se não
se sindicalizasse.
Nesse sentido, é útil imaginarmos que ele pode escolher entre um trabalho sindicalizado e um
trabalho não sindicalizado.
Vou utilizar “s” em vez de “w” para representar salários, assim você não “vicia”, pois as bancas
podem alterar a sigla. O importante é saber o significado.
Utilizando o modelo que aprendemos quando estudamos oferta de trabalho, podemos definir
uma situação inicial da seguinte maneira:
Dessa forma, o trabalhador não sindicalizado “consome” L* horas de lazer e trabalha h* horas.
Essa é uma situação de equilíbrio de mercado, onde oferta e demanda por trabalho são iguais.
Mas isso está prestes a mudar.
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Suponha, agora, que um sindicato propõe aos trabalhadores dessa empresa uma afiliação que
proporcionaria aumento salarial, para o nível s+. Isso deslocará o intercepto vertical da restrição
para cima, mostrando a possibilidade de ganhar salários mais altos:
==1a658b==
Mas o que ocorrerá com a oferta e a demanda por trabalho? Para começar, perderemos a
característica de mercado competitivo. Ou seja, não chegaremos a um novo equilíbrio onde o
trabalhador alcançará a curva de indiferença mais alta possível. O trabalhador ficará dependente
da demanda por trabalho.
E como o salário aumentou, a empresa irá demandar menos trabalho, menor número de horas
de trabalho. Mas quanto menor? Depende do que chamamos de elasticidade-salário da
demanda por trabalho.
• Se a empresa for pouco sensível (pouco elástica), ela reduzirá a demanda por trabalho,
mas não muito: cairá de h* para h-.
• Se a empresa for muito sensível (muito elástica), ela reduzirá muito a demanda por
trabalho, de h* para h--.
No primeiro caso, o trabalhador ficará em melhor situação, pois a curva de indiferença (U+) que
cruza (sim, lembre-se que não é mais um mercado eficiente) a nova restrição é mais alta que a
anterior. Mas se a empresa reduzir muito sua demanda, o trabalhador ficará em pior situação, em
uma curva de indiferença com menor nível de utilidade (U-):
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Portanto, se a empresa for pouco elástica (inelástica), o trabalhador ganhará maior salário e
trabalhará menos, após se filiar ao sindicato. Caso contrário, ele também trabalhará menos, mas
também receberá menos, pois o salário por hora aumentou, enquanto a demanda por horas de
trabalho diminuiu muito.
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Todos esses modelos têm suas vantagens e desvantagens e podem ser mais eficazes em certos
contextos econômicos, geográficos e demográficos. Eles também requerem um equilíbrio
cuidadoso entre oferecer assistência e manter incentivos para a busca de trabalho, além de uma
análise cuidadosa para garantir que estão realmente criando oportunidades econômicas
sustentáveis.
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"Rent-seeking" sindical é um termo usado na economia e nas ciências políticas para descrever as
atividades dos sindicatos que visam aumentar os benefícios econômicos dos seus membros sem
a criação de nova riqueza ou benefícios para a sociedade como um todo.
Essencialmente, é uma tentativa de obter uma maior fatia do bolo econômico existente, em vez
de fazer o bolo crescer.
• Pressão por restrições de entrada: Alguns sindicatos podem buscar limitar o número de
profissionais em certos campos, criando barreiras à entrada de novos trabalhadores.
Embora isso possa manter os salários altos para os atuais membros do sindicato, também
reduz as oportunidades para outros e pode levar a ineficiências no mercado.
• Benefícios especiais: Sindicatos podem negociar benefícios que são desproporcionais
em relação à sua contribuição para o processo produtivo. Por exemplo, eles podem exigir
planos de aposentadoria generosos ou regras de demissão rígidas que impõem custos
adicionais aos empregadores e, por extensão, aos consumidores ou contribuintes.
• Influência política: Alguns sindicatos usam sua influência para obter vantagens
legislativas ou regulamentares, como leis favoráveis à organização sindical, proteções de
emprego, ou políticas que restringem a concorrência.
Grande parte desse trabalho ocorre por meio do chamado “lobby”, quando um grupo de
pessoas ou organização que tem como atividade buscar influenciar, aberta ou secretamente,
decisões do poder público, especialmente do poder legislativo, em favor de determinados
interesses privados.
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• Tabela de frete mínimo: Outra demanda atendida foi a implementação de uma tabela
de preços mínimos para os serviços de frete, com o objetivo de garantir que os
caminhoneiros recebessem um valor mínimo pelo seu trabalho, independentemente das
condições de mercado.
Note, contudo, que a intenção é essencial. É possível que o sindicato esteja engajado, de fato,
em melhorias para a sociedade como um todo, e em alguns casos a melhora dos trabalhadores
é quase indissociável da melhora para a sociedade, como no caso da educação. Portanto, uma
questão de concurso precisa deixar evidente qual é a intenção do sindicado ou do grupo (como
veremos nas questões desta aula).
De toda forma, embora os sindicatos desempenhem um papel crucial na proteção dos direitos
dos trabalhadores e na promoção de condições de trabalho justas, o rent-seeking sindical é
frequentemente criticado por economistas e políticos por contribuir para a ineficiência
econômica e desigualdades no mercado de trabalho.
Isso ocorre porque os recursos despendidos nessas atividades de rent-seeking poderiam ser
usados de maneira mais produtiva, e as vantagens obtidas normalmente beneficiam os membros
do sindicato às custas do resto da sociedade, incluindo trabalhadores não sindicalizados e
consumidores.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Borjas, George J. Economia do Trabalho – 5ª ed. – Porto Alegre: AMGH, 2012.
Card, David; Ashenfelter, Orley. "Handbook of Labor Economics" – Elsevier, (Volume 4B, 2011).
Ehrenberg, Ronald G.; Smith, Robert S. "Modern Labor Economics: Theory and Public Policy" –
12th ed. – Routledge, 2015.
Varian, Hal. Microeconomia - Uma Abordagem Moderna (p. 585). GEN Atlas. Edição do Kindle.
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QUESTÕES COMENTADAS
1. (INÉDITA/PROF. CELSO NATALE)
Considere as seguintes afirmações sobre a taxa de sindicalização no Brasil e marque a
alternativa INCORRETA.
a) A taxa de sindicalização no Brasil atingiu seu ponto mais baixo em 2022, registrando 9,2%,
continuando uma tendência de declínio observada nos anos anteriores.
b) Em comparação com a média mundial e os países da OCDE, a taxa de sindicalização do Brasil
é inferior.
c) Uma das características da sindicalização no Brasil é que ela é mais prevalente no setor
público, onde as taxas de adesão aos sindicatos tendem a ser significativamente mais altas do
que no setor privado.
d) O declínio na sindicalização não é exclusivo do Brasil, sendo, na verdade, uma tendência
observada em muitos países ao redor do mundo devido a diversos fatores como mudanças na
estrutura econômica, leis trabalhistas e a natureza do trabalho.
e) Apesar da redução na taxa de sindicalização, o Brasil tem experimentado um aumento no
número absoluto de sindicatos, indicando um movimento contrário à tendência global.
Comentários:
A alternativa E é a incorreta porque, embora a taxa de sindicalização tenha diminuído, isso não
necessariamente indica um aumento no número absoluto de sindicatos. Na verdade, o Brasil
passou por um processo de revisão e racionalização do número de sindicatos, especialmente
após a reforma trabalhista de 2017, que incluiu o fim da contribuição sindical obrigatória. Isso
levou à redução no número de sindicatos, muitos dos quais não conseguiram se manter
financeiramente sem as contribuições compulsórias.
Portanto, ao contrário do que a afirmativa sugere, o número de sindicatos não tem aumentado,
mas sim diminuído, em linha com a queda na taxa de sindicalização.
Gabarito: “e”
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Comentários:
A opção "b" é correta, porque aborda a realidade de que, embora um monopolista (neste caso,
o sindicato) tenha o poder de influenciar os preços no mercado devido à sua exclusividade na
oferta, ele ainda está sujeito à lei da demanda.
Isto é, se o preço aumenta, a quantidade demandada tende a cair. O sindicato, portanto, precisa
avaliar como os empregadores responderiam a alterações no preço da mão de obra e encontrar
um ponto que maximize seus objetivos, que podem incluir salários, empregabilidade, entre
outros. As demais opções falham em reconhecer as nuances e limitações do poder de mercado
do sindicato-monopolista.
Gabarito: “b”
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Comentários:
Essa ação, embora possa ser bem-sucedida em aumentar os salários (devido à menor oferta de
trabalho aumentando o "preço" do trabalho), também tende a resultar em menos oportunidades
de emprego disponíveis, pois os empregadores podem não estar dispostos ou ser capazes de
contratar o mesmo número de trabalhadores pelos salários mais altos.
Esse fenômeno é consistente com os princípios básicos da economia que ligam a oferta, a
demanda e o preço, neste caso, aplicados ao mercado de trabalho.
As outras opções contrariam essa dinâmica específica e suas consequências, ora falando em
aumento nos empregos (a), ora falando em ausência de efeitos no emprego (b, d, e).
Gabarito: “c”
Comentários:
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Isso cria um excedente de trabalhadores que, presumindo que buscam continuar trabalhando,
se deslocam para o setor não sindicalizado. O influxo de mão de obra no mercado não
sindicalizado aumenta a oferta de trabalho, o que, segundo as leis de oferta e demanda, exerce
uma pressão descendente sobre os salários desse setor.
Assim, embora alguns trabalhadores sindicalizados se beneficiem de salários mais altos, outros
se veem desempregados, e os trabalhadores no setor não sindicalizado enfrentam condições de
salários reduzidos. A situação não representa um jogo de soma zero, mas sim uma redistribuição
ineficiente que, em última análise, reduz a renda nacional total em relação ao que seria alcançado
em condições de mercado competitivo.
Esse raciocínio torna as demais alternativas incorretas. Estariam corretas se escritas assim:
c) DESVIO do equilíbrio nos níveis de salário e emprego em ambos os setores, sem mudanças.
d) Redução ELEVAÇÃO dos salários no setor sindicalizado para alcançar equilíbrio no mercado
de trabalho.
e) Expansão do número de empregos no setor não sindicalizado sem alterações nos salários COM
REDUÇÃO DOS SALÁRIOS.
Gabarito: “b”
Comentários:
Questão para fixar o conceito de desemprego de espera, tornando a letra “b” o gabarito.
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c) Desemprego natural: Refere-se ao desemprego que persiste mesmo quando a economia está
em equilíbrio, incluindo o desemprego friccional e o estrutural. O desemprego natural
representa o número de pessoas que estão desempregadas devido a incompatibilidades
inerentes no mercado de trabalho, como habilidades desatualizadas ou mudanças geográficas,
e não por flutuações na atividade econômica.
e) Desemprego sazonal: Acontece quando a demanda por trabalho flutua ao longo do ano,
como é o caso em indústrias fortemente influenciadas pelas estações, como o turismo, a
agricultura e a construção civil. Os trabalhadores nesses campos podem estar empregados
durante os períodos de pico e desempregados durante a entressafra. Embora seja previsível, o
desemprego sazonal pode criar instabilidade para os trabalhadores afetados.
Gabarito: “b”
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d) O desemprego de espera causa uma elevação imediata nos salários do setor não
sindicalizado, equilibrando o mercado de trabalho.
e) O fenômeno não tem impacto significativo, pois os trabalhadores do setor sindicalizado
geralmente não buscam emprego no setor não sindicalizado.
Comentários:
Este fenômeno é comum em cenários com suporte financeiro adequado para os trabalhadores
ou expectativas de melhoria no mercado. Embora essa possa ser uma decisão racional e benéfica
no nível individual, ela pode levar a ineficiências no mercado de trabalho como um todo, já que
vagas urgentes podem não ser preenchidas imediatamente e trabalhadores qualificados
permanecem inativos.
Gabarito: “c”
Comentários:
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Esta estratégia não tem relação com discriminação baseada em demografia (raça, gênero etc.),
mas sim com a capacidade de variar os salários.
Errado. Essa, simplesmente, não é a diferença entre eles, nem um resultado dessa diferença.
Gabarito: “b”
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Comentários:
A letra “b” está correta. Nesse cenário, a atuação do sindicato é capaz de mitigar os efeitos do
poder de mercado do monopsonista, elevando salários e nível de emprego.
a) O salário mínimo estabelecido pelo sindicato maximiza os salários sem afetar os níveis de
emprego, pois o monopsonista está disposto a absorver custos adicionais para manter a paz
laboral.
Errado. Esta opção presume uma disposição quase altruística do monopsonista em sacrificar
lucros para manter a estabilidade do trabalho, o que é irrealista na maioria dos contextos
econômicos. As empresas, especialmente em um cenário de monopsônio, tendem a tomar
decisões que maximizam o lucro e minimizam os custos.
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d) O salário mínimo sindical eleva os salários, e o nível de emprego se expande, pois leva à
eliminação completa do poder de mercado do monopsonista, forçando a empresa a operar como
se estivesse em um mercado competitivo.
Errado. E o problema está apenas no final. Embora seja capaz de mitigar o poder do
monopsonista, o sindicato monopolista não irá eliminar completamente esse poder, e a empresa
não irá operar como em um mercado competitivo.
e) O salário mínimo imposto pelo sindicato harmoniza os interesses, garantindo que os salários e
o emprego permaneçam estáveis e previsíveis, já que tanto o monopsonista quanto o sindicato
buscam evitar conflitos trabalhistas e interrupções na produção.
Errado. Embora a estabilidade seja um objetivo desejável, esta opção ignora as forças
competitivas e conflitantes em jogo em negociações desse tipo. Tanto o sindicato quanto o
empregador estão tentando maximizar seus próprios benefícios (salários altos para os
trabalhadores, custos baixos para o empregador), o que naturalmente leva a algumas tensões e
concessões.
Gabarito: “b”
Comentários:
Em uma situação em que a empresa tem uma demanda elástica por trabalho, aumentos no
salário tendem a resultar em reduções substanciais nas horas de trabalho oferecidas pelo
empregador, conforme consta na letra “e”.
Isso ocorre porque a empresa busca manter os custos controlados e é muito sensível a aumentos
nos custos de mão de obra. Portanto, mesmo que o trabalhador esteja ganhando mais por hora,
a redução significativa nas horas trabalhadas pode levar a uma diminuição nos ganhos totais.
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Isso é incompatível com uma situação de demanda elástica por trabalho, pois a empresa tende
a reduzir substancialmente as horas de trabalho quando os salários aumentam, não o contrário.
b) A empresa iniciará treinamentos intensivos para que os trabalhadores mantenham seus ganhos
totais, mesmo com menos horas de trabalho.
c) Não haverá mudança nas horas de trabalho ou nos ganhos totais do trabalhador.
Isso seria incoerente com a natureza de uma demanda elástica por trabalho, onde as horas de
trabalho e os salários são sensíveis a mudanças nas condições do mercado.
d) O trabalhador receberá um bônus único para compensar a redução das horas de trabalho.
Errado. Embora isso possa ocorrer em circunstâncias específicas, não é um resultado típico
associado à dinâmica de uma demanda elástica por trabalho. Geralmente, a discussão não
envolve compensações pontuais, mas sim mudanças salariais e de horas trabalhadas.
Gabarito: “e”
Comentários:
A chave para entender a resposta correta aqui repousa no conceito de "demanda inelástica por
trabalho". Quando a demanda por trabalho é inelástica, a empresa não reduz significativamente
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as horas de trabalho em resposta a um aumento nos salários. Isso ocorre porque a produção da
empresa é menos sensível às mudanças no número de horas de trabalho dos empregados.
Este cenário é incorreto. Com a demanda inelástica por trabalho, a empresa reduziria as horas
de trabalho oferecidas. O trabalhador não veria um aumento nas horas de trabalho porque a
empresa ainda tenta mitigar os custos adicionais, apesar de sua baixa sensibilidade.
c) O trabalhador verá um declínio tanto em salários quanto em horas de trabalho, pois a empresa
corta drasticamente as horas de trabalho para compensar o aumento dos custos de mão de obra.
Errado. Este cenário contradiz a natureza da demanda inelástica. Se a empresa fosse altamente
sensível às mudanças no salário (demanda elástica), isso poderia ser verdadeiro, pois ela buscaria
reduzir substancialmente as horas de trabalho. No entanto, com demanda inelástica, as reduções
nas horas de trabalho não são severas o suficiente para resultar em uma perda líquida para o
trabalhador.
d) O trabalhador não observará nenhuma mudança em seus salários ou horas de trabalho, já que
a empresa absorve completamente o custo adicional sem ajustar suas práticas de emprego.
Errado. Isso não é característico de empresas em situações reais, mesmo com demanda
inelástica. A empresa, enfrentando custos mais altos de mão de obra, fará ajustes para manter
sua viabilidade econômica, que, neste caso, se manifesta como uma redução (embora não
drástica) nas horas de trabalho.
Pelo contrário! Se a empresa for pouco elástica, significa que ela pagará grandes aumentos
salariais reduzindo pouco sua demanda por trabalho.
Gabarito: “b”
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Comentários:
Bem, todos os itens são exemplos de assistência ao emprego, vistos na aula. Sem pegadinha.
Então, a questão é para ajudar a fixar e aproveitarmos para uma revisão:
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Todos esses modelos têm suas vantagens e desvantagens e podem ser mais eficazes em certos
contextos econômicos, geográficos e demográficos. Eles também requerem um equilíbrio
cuidadoso entre oferecer assistência e manter incentivos para a busca de trabalho, além de uma
análise cuidadosa para garantir que estão realmente criando oportunidades econômicas
sustentáveis.
Gabarito: “e”
Comentários:
"Rent-seeking" sindical é um termo usado na economia e nas ciências políticas para descrever as
atividades dos sindicatos que visam aumentar os benefícios econômicos dos seus membros sem
a criação de nova riqueza ou benefícios para a sociedade como um todo.
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Essencialmente, é uma tentativa de obter uma maior fatia do bolo econômico existente, em vez
de fazer o bolo crescer.
• Pressão por restrições de entrada: Alguns sindicatos podem buscar limitar o número de
profissionais em certos campos, criando barreiras à entrada de novos trabalhadores.
Embora isso possa manter os salários altos para os atuais membros do sindicato, também
reduz as oportunidades para outros e pode levar a ineficiências no mercado.
• Benefícios especiais: Sindicatos podem negociar benefícios que são desproporcionais
em relação à sua contribuição para o processo produtivo. Por exemplo, eles podem exigir
planos de aposentadoria generosos ou regras de demissão rígidas que impõem custos
adicionais aos empregadores e, por extensão, aos consumidores ou contribuintes.
• Influência política: Alguns sindicatos usam sua influência para obter vantagens
legislativas ou regulamentares, como leis favoráveis à organização sindical, proteções de
emprego, ou políticas que restringem a concorrência.
Gabarito: Certo
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LISTA DE QUESTÕES
1. (INÉDITA/PROF. CELSO NATALE)
Considere as seguintes afirmações sobre a taxa de sindicalização no Brasil e marque a
alternativa INCORRETA.
a) A taxa de sindicalização no Brasil atingiu seu ponto mais baixo em 2022, registrando 9,2%,
continuando uma tendência de declínio observada nos anos anteriores.
b) Em comparação com a média mundial e os países da OCDE, a taxa de sindicalização do Brasil
é inferior.
c) Uma das características da sindicalização no Brasil é que ela é mais prevalente no setor
público, onde as taxas de adesão aos sindicatos tendem a ser significativamente mais altas do
que no setor privado.
d) O declínio na sindicalização não é exclusivo do Brasil, sendo, na verdade, uma tendência
observada em muitos países ao redor do mundo devido a diversos fatores como mudanças na
estrutura econômica, leis trabalhistas e a natureza do trabalho.
e) Apesar da redução na taxa de sindicalização, o Brasil tem experimentado um aumento no
número absoluto de sindicatos, indicando um movimento contrário à tendência global.
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GABARITO
1. E 4. B 7. B 10. B
2. B 5. B 8. B 11. E
3. C 6. C 9. E 12. C
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