Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEBATE DEBATE
Mortalidade por Acidentes de Transporte Terrestre no Brasil
na última década: tendência e aglomerados de risco
Abstract Objective: To analyze the temporal Resumo Objetivo: Analisar a tendência tempo-
trends of mortality due to Road Traffic Accidents ral da mortalidade por Acidentes de Transporte
(RTA) as well as identify the existence and loca- Terrestre (ATT) e identificar a existência e a lo-
tion of high risk death clusters for RTA using spa- calização de aglomerados de alto risco de mortes
tial analysis. Methodology: Descriptive study of por ATT. Metodologia: Estudo descritivo de ten-
temporal trends by RTA, pedestrians, motorcyclists, dência da mortalidade por ATT, pedestre, ocu-
motorists and passengers and spatial analysis for pante de motocicleta e de veículo, de 2000 a 2010
1
2000 and 2010. The data was obtained from the e análise espacial para 2000 e 2010. Os dados fo-
Instituto de Patologia
Tropical e Saúde Pública, Mortality Information System, and standardized ram obtidos do Sistema de Informações sobre
Universidade Federal de rates were calculated by age in Brazilian states Mortalidade; calcularam-se as taxas padroniza-
Goiás. Rua Delenda Rezende
and municipalities grouped by population size. Re- das por idade, para Unidades Federadas (UF) e
de Melo s/n, Setor
Universitário. sults: The mortality rates due to RTA between municípios por porte populacional. Resultados:
74605-050 Goiania GO. 2000 and 2010 varied from 18 to 22.5 deaths/ A taxa de mortalidade por ATT entre 2000 e 2010
otaliba.libanio@gmail.com
2
100,000 inhabitants. The risk of death for pedes- variou de 18 para 22,5 óbitos/100 mil habitantes.
Coordenação Geral de
Informação e Análise trians decreased in recent years, though motor- O risco de morte para pedestre reduziu, os de ocu-
Epidemiológica, ists, motorcyclists and passengers saw a rising pantes de veículos e de motocicletas apresentaram
Departamento de Análise de
trend. A higher risk of death by RTA occurred in crescimento. O maior risco de morte por ATT
Situação de Saúde, Secretaria
de Vigilância em Saúde, municipalities with populations up to 20,000 in- ocorreu nos municípios com até 20 mil habitan-
Ministério da Saúde. habitants and in those from 20,000 to 100,000 in- tes e nos de 20 a 100 mil. A análise espacial mos-
3
Departamento de Medicina
habitants. Spatial analysis revealed risk clusters trou os aglomerados de risco para ATT e para ocu-
Social, Universidade de São
Paulo Ribeirão Preto. for RTA and motorcyclists and pillion riders with pantes de motocicletas com aumento destes entre
4
Instituto de Patologia an increase between 2000 and 2010 and enlarge- 2000 e 2010 e ampliação das áreas com maior
Tropical e Saúde Pública,
ment of the areas most at risk in the Northeast. risco na região Nordeste. Conclusão: Aumento
Universidade Federal de
Goiás. Conclusion: Increase in the rates of mortality by das taxas de mortalidade por ATT principalmen-
5
Coordenação Geral de RTA mostly in the Northeast. Coordinated action te na região Nordeste. Faz-se necessário uma atu-
Doenças e Agravos não
between government, civil society and the citizens ação coordenada do governo, da sociedade civil e
Transmissíveis,
Departamento de Análise de themselves is required to tackle this problem. dos próprios cidadãos no enfretamento desta rea-
Situação de Saúde, Secretaria Key words Traffic accident, Trends, Motorcycles, lidade.
de Vigilância em Saúde,
Vehicles, Cluster analysis. Palavras-chave Acidente de trânsito, Tendên-
Ministério da Saúde.
6
Secretaria de Vigilância em cias, Motocicletas, Veículos, Análise de clusters
Saúde, Ministério da Saúde.
2224
Morais Neto OL et al.
25,00
Resultados
20,00
Taxa (x100.000)
Ano
Fonte: SIM/SVS/MS.
2226
Morais Neto OL et al.
50,00
40,00
30,00
20,00
%
10,00
0,00
RS
ES
AM
GO
PR
MS
PE
RN
AL
PB
PI
BA
MG
AC
PA
SP
RR
SC
CE
SE
RO
RJ
MT
DF
TO
AP
MA
-10,00
-20,00
-30,00
Unidade Federada
Figura 2a. Variação percentual da taxa de mortalidade por ATT (todas as vítimas) nas Unidades Federadas
entre os anos de 2000 e 2010.
Fonte: SIM/SVS/MS.
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
RN
MT
PR
AL
ES
MS
SC
PE
RS
SE
PI
PB
MA
AP
CE
TO
RJ
RO
BA
SP
GO
PA
AM
AC
RR
MG
DF
Unidade Federada
Figura 2b. Variação percentual da taxa de mortalidade por ATT (ocupante de motocicleta) nas Unidades
Federadas entre os anos de 2000 e 2010.
Fonte: SIM/SVS/MS.
2228
Morais Neto OL et al.
(c) Pedestres
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
%
PA
ES
MA
MS
MT
DF
MG
RR
PB
SE
SP
SC
RS
AM
AP
RJ
BA
CE
PI
RN
RO
GO
AL
PR
AC
PE
TO
-20,00
-40,00
-60,00
-80,00
Unidade Federada
Figura 2c. Variação percentual da taxa de mortalidade por ATT (pedestres) nas Unidades Federadas entre os
anos de 2000 e 2010.
Fonte: SIM/SVS/MS.
AL
AP
ES
AC
GO
SC
RS
SE
TO
SP
MS
MG
MA
RR
PR
RO
MT
RJ
CE
AM
PA
DF
PB
BA
RN
PE
PI
-20,00
-40,00
-60,00
-80,00
-100,00
Unidade Federada
Figura 2d. Variação percentual da taxa de mortalidade por ATT (ocupante de veículo) nas Unidades
Federadas entre os anos de 2000 e 2010.
Fonte: SIM/SVS/MS.
2229
Variação (%)
A análise por condição da vítima mostrou o
40,00
seguinte perfil nos anos de 2000 e 2010: para ocu-
pantes de motocicletas e de veículos, em 2000, as 20,00
maiores taxas ocorreram nos municípios de 20 a
100 mil habitantes e em 2010, nos com menos de 0,00
> 500 mil 100 a 500 mil 20 a 100 mil até 20 mil
20 mil. Os municípios com mais de 500 mil habi- -20,00
tantes apresentaram as menores taxas no perío-
do. Para os pedestres, as maiores taxas foram -40,00
observadas nos municípios de 100 a 500 mil habi- Porte populacional
tantes em 2000 e nos de 500 mil e mais habitantes
em 2010. As menores taxas ocorreram nos municí- Todas as vítimas
Ocupantes de moto
pios com menos de 20 mil habitantes no período. Pedestre
A análise da variação percentual das taxas Ocupantes de automóveis
padronizadas por acidentes de trânsito segundo
o porte populacional dos municípios e os tipos Figura 3. Variação percentual das taxas padronizadas de
de vítimas, entre os anos de 2000 e 2010 mostrou ATT entre 2000 e 2010 segundo o porte populacional dos
os seguintes resultados: o risco de morte por ATT municípios e o tipo de vítima.
(todas as vítimas) apresentou maior elevação nos
municípios com até 20 mil habitantes e nos de 20 Fonte: SIM/SVS/MS.
a 100 mil habitantes, com variação percentual de
35,7% e 24,6%, respectivamente. Para motoci-
clistas, a maior elevação foi de 79,4% nos muni-
cípios com mais de 500 mil habitantes e de 77,4%
nos menores de 20 mil habitantes. Para os ocu- é formado por 474 municípios e população de
pantes de automóveis, observou-se elevação das 12.356.353 habitantes. Houve 3.388 óbitos obser-
taxas em 38,0% e 31,5% nos municípios até 20 vados, enquanto o número de óbitos esperados
mil habitantes e acima de 500 mil habitantes, res- a partir do modelo de Poison foi de 2.124,8. O
pectivamente. Para pedestres houve redução das risco relativo foi 1,67, estatisticamente significati-
taxas de mortalidade entre 2000 e 2010 nas qua- vo (p<0,0001) e a taxa de mortalidade, 27,4/
tro categorias de porte populacional (Figura 3). 100.000 habitantes.
Os outros 12 aglomerados estatisticamente
Identificação de aglomerados de risco significativos distribuíram-se nas demais regiões
de mortes por ATT nos Municípios do país. Na região Nordeste: um que congrega
146 municípios de Alagoas e Pernambuco, com
Realizou-se uma análise espacial para identi- população de 4.664.451 habitantes, 1005 óbitos e
ficação de aglomerados de risco de morte por taxa de mortalidade de 21,5/100.000 habitantes.
ATT (todas as condições de vítimas) e para ocu- Na região Norte: um em Roraima, formado
pantes de motocicletas. por três municípios, com população de 220.386
habitantes, 98 óbitos e taxa de mortalidade de 44,4/
Por todos os tipos de vítimas 100.000 mil habitantes. Um em Rondônia, forma-
No ano de 2000 foram identificados 13 aglome- do apenas pelo município de Porto Velho, com
rados de risco em todo país constituídos por 1.956 105 óbitos e taxa de 31,3/100.000. E um formado
municípios com população de 52 milhões de ha- por 68 municípios localizados na fronteira entre
bitantes e 12.763 óbitos por ATT (Figura 4a). os estados do Tocantins, Pará e Mato Grosso, com
O aglomerado de maior risco é constituído população de 823.265 habitantes, 222 óbitos e taxa
por um grande número de municípios do Para- de 26,9/100.000 habitantes.
ná, Santa Catarina e alguns de São Paulo que No Centro-Oeste foram observados dois aglo-
fazem fronteira com o Paraná. Esse aglomerado merados em Mato Grosso: um no norte do esta-
2230
Morais Neto OL et al.
do, formado por 25 municípios, e outro no cen- pios na fronteira entre Pará, Tocantins, Maranhão
tro sul com 58 municípios. Um no estado de e Mato Grosso que passou a reunir 109 municí-
Goiás formado por 210 municípios que abar- pios, 649 óbitos e taxa de 32,7/100.000 habitantes.
cam quase todo o estado, todo o Distrito Fede- No Centro-Oeste, observaram-se as seguin-
ral, alguns municípios de Minas Gerais da região tes mudanças: expansão do aglomerado forma-
do Triângulo Mineiro e municípios de Mato do principalmente por municípios de Goiás, que
Grosso, com 1.805 óbitos e taxa de 25,7 por 100 passou de 210 para 229 municípios, as taxas su-
mil habitantes. biram de 25,7 para 30,5/100.000 habitantes e hou-
No Sudeste observaram-se: um aglomerado ve a exclusão do Distrito Federal, que em 2000
formado por 200 municípios localizados na re- fazia parte do conjunto; surgimento de um aglo-
gião de fronteira entre Espírito Santo, Rio de Ja- merado formado por 59 municípios dos estados
neiro e Minas Gerais, com 1.438 óbitos e taxa de de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, com 191
24,4/100.000 habitantes; um mais ao sul que con- óbitos e taxa de mortalidade de 35,0/100.000 ha-
grega 227 municípios localizados na fronteira bitantes; expansão do número de municípios de
entre Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul no aglomerado formado
com 532 óbitos e taxa de 22/100.000 habitantes; e por municípios da fronteira entre Mato Grosso
outro que reúne 200 municípios do sul de Minas do Sul, Paraná e São Paulo com 90 municípios,
Gerais e Norte de São Paulo, com população de 687 óbitos e taxa de 30,5/100.000 habitantes.
9.951.504 habitantes, 2.084 de óbitos e taxa de No Sudeste, desapareceu o aglomerado na
20,9/100.000 habitantes. fronteira entre Minas e São Paulo e o que existia
Na região Sul, além do aglomerado principal no litoral norte de São Paulo e fazia divisa com Rio
já descrito, encontraram-se outros dois: um na de Janeiro. Observou-se também a redução do
fronteira entre o Paraná, São Paulo e Mato Gros- número de municípios de São Paulo no aglomera-
so do Sul, com 149 municípios, população de do principal, já citado, e a formação de um de
2.595.594 habitantes, 696 óbitos e taxa de 26,8/ menor dimensão, composto por 26 municípios
100.000; e outro no centro-norte do Rio Grande na fronteira sudeste entre São Paulo e Paraná.
do Sul formado por 227 municípios, população No Sul, houve a expansão dos municípios do
de 3.831.066 habitantes, 830 óbitos e taxa de 21,6/ aglomerado principal abarcando até unidades do
100.000 habitantes. norte do Rio grande do Sul e o desaparecimento
No ano de 2010, persistia como aglomerado do aglomerado constituído apenas por municí-
principal a mesma região já citada para o ano pios do Rio Grande do Sul.
2000 e que reúne municípios do Paraná, Santa
Catarina, alguns de São Paulo e do norte do Rio Por ocupantes de motocicletas
Grande do Sul. Entre 2000 e 2010 houve aumento No ano de 2000, foram observados 10 aglo-
de 474 para 632 no número de municípios qe pas- merados em todo país, constituídos por 1.020
saram a compor o aglomerado. Houve aumento municípios (18,5% de todos os municípios do
também na taxa de mortalidade, que elevou-se de país), com uma população de 25.422.029 habi-
27,4 para 30,3 óbitos por 100 mil habitantes. tantes (15% de toda população do país) e um
Os dados de 2010 também mostraram mu- total de 1.010 óbitos (46% de todos os ocorridos
danças importantes na região Nordeste que pas- no país) de ocupantes de motocicletas.
sou a apresentar três aglomerados: o primeiro O aglomerado principal foi formado por 340
formado por 222 municípios concentrados nos municípios do Ceará e Piauí e, em menor núme-
estados do Piauí e Ceará, com 1.392 óbitos e taxa ro, do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernam-
de mortalidade de 27,2/100.000 habitantes; o se- buco com população de pouco mais de nove mi-
gundo, com 61 municípios dos estados do Cea- lhões de habitantes. Houve 326 óbitos com uma
rá, Rio Grande do Norte e alguns da Paraíba, taxa de mortalidade de 3,5/100.000 (Figura 4b).
com 297 óbitos e taxa de 29,1; o terceiro, que Na região Nordeste, além do aglomerado
reúne 166 municípios de Sergipe e Alagoas, com principal, foi observado um segundo, formado
1.030 óbitos e taxa de 25,0/100.000 habitantes. por 30 municípios de Pernambuco, com popula-
No Norte, não foi observado o aglomerado ção total de 970 mil habitantes, 46 óbitos e taxa
de Roraima que existia em 2000. No entanto, o de de 4,7/100.000 (Figura 4b).
Rondônia foi expandido para 38 municípios agre- No Norte, encontraram-se três aglomerados.
gando um de Mato Grosso, com um total de 441 Um em Roraima, formado por 10 municípios, 290
óbitos e taxa de 34,4/100.000 habitantes. Houve mil habitantes, 43 óbitos e a taxa mais elevada do
expansão do aglomerado formado por municí- país: 14,8/100.000. O segundo é formado por 65
2231
2000 2010
UF
Aglomerados de alto risco
1
2
3
Demais aglomerados
2000 2010
UF
Aglomerados de alto risco
1
2
3
Demais aglomerados
Figura 4. Aglomerados de alto risco para mortalidade por ATT nos municípios brasileiros. 2000 e 2010. (a)
ATT por todas as condições de vítimas; (b) ocupantes de motocicletas.
Fonte: SIM/SVS/MS.
2232
Morais Neto OL et al.
ticas públicas, aumentando sua eficácia e eficiên- se expandindo para outras cidades a partir do
cia na redução e na prevenção desses agravos. apoio técnico e financiamento do MS. Outra ini-
Iniciativas no Brasil para enfrentar a alta car- ciativa refere-se às ações de vigilância e monito-
ga de mortes no trânsito vêm sendo implemen- ramento dos fatores de risco e proteção em rela-
tadas de forma mais incisiva a partir de 1998 com ção às violências e aos acidentes com análise so-
a efetivação do Código de Trânsito Brasileiro21, bre morbidade e mortalidade, destacando-se o
que proporcionou uma redução importante da Projeto de “Vigilância de Violências e Acidentes
taxa de mortalidade após a sua entrada em vi- (VIVA)” implantado no SUS em 200629-32.
gor. Outra iniciativa foi a Lei 11.70522, denomi- Além disso, e como desdobramentos dessas
nada Lei “Seca”, que entrou em vigor em junho políticas, o MS vem apoiando os estados e os mu-
de 2008 com impacto imediato na mudança do nicípios, financeira e tecnicamente para a estrutu-
comportamento da população em relação à as- ração da capacidade para implementação de in-
sociação bebida e direção e redução das interna- tervenções de vigilância e prevenção de lesões e mor-
ções hospitalares e dos óbitos23, porém sem um tes causadas pelo trânsito com base em evidên-
efeito continuado, exceto em Unidades Federa- cias33 além do advocacy em relação à segurança viá-
das, como por exemplo, o Distrito Federal que ria e promoção de uma cultura de paz no trânsito.
vem reduzindo a taxa de mortalidade de forma Exemplo mais recente é o Projeto Vida no Trânsi-
contínua ao longo do período analisado. to, coordenado pelo MS, e parte de um projeto
Entretanto, é vital que as ações sejam contí- maior denominado Segurança no Trânsito em Dez
nuas e rigorosas, assim como a fiscalização23. Países34 (RS10), que tem como objetivo subsidiar
Medidas educacionais são importantes e bastan- gestores no fortalecimento de políticas de preven-
te utilizadas, porém não são efetivas quando uti- ção de lesões e mortes no trânsito por meio da
lizadas isoladamente24. Melhorias no transporte qualificação das informações, planejamento, mo-
coletivo, investimento em modos de transporte nitoramento, acompanhamento e avaliação das
alternativos e saudáveis, como a bicicleta, e incen- intervenções que são voltadas prioritariamente
tivo para a utilização racional do automóvel são para dois fatores de risco: velocidade excessiva e
fundamentais para aumentar a qualidade de vida inadequada e associação entre álcool e direção. O
nas cidades e reduzir o número de acidentes15. objetivo final do projeto é atingir metas de redu-
O Ministério da Saúde (MS) vem assumindo ção dos mortos e feridos graves causados pelo trân-
liderança nas ações de vigilância e prevenção de sito nas cidades onde o projeto encontra-se em
lesões e mortes provocadas pelo trânsito e de pro- andamento.
moção da saúde e cultura de paz por meio das No atual cenário de crescimento da renda da
Políticas Nacionais de “Redução da Morbimortali- população e de rápido aumento da frota nacio-
dade por Acidentes e Violência” (Portaria GM/MS nal de veículos, com destaque para as motocicle-
nº 737, de 16/05/2001)25 e a de “Promoção à Saúde” tas16,17, associado à tendência crescente da mor-
(Portaria GM/MS nº 687, de 30/03/2006)26. Essas talidade conforme resultados deste estudo, apon-
políticas são fomentadas nos estados e municípios tam para uma complexidade cada vez maior da
através da “Rede Nacional de Prevenção de Violên- realidade de segurança no trânsito no país. Não
cias e Promoção da Saúde” (Portaria do Gabinete são suficientes os esforços individualizados de
do Ministro da Saúde nº 936, de 18/05/2004)27. um único setor do governo.
Dentre as várias ações desenvolvidas, desta- O cenário é de desafio e exige uma ação coor-
cam-se aquelas relacionadas ao “Projeto de Re- denada de Governo nas três esferas, atuando de
dução da Morbimortalidade por Acidentes de forma articulada com a sociedade civil para o
Trânsito – Mobilizando a sociedade e promo- enfrentamento do problema. Só assim o Brasil
vendo a saúde” (Portaria do Gabinete do Minis- terá condições de cumprir as metas propostas
tro da Saúde nº 344, de 19/02/2002)28, que foi pela ONU, da Década de Ação pela Segurança no
implantado em 2002 em cinco cidades e que vem Trânsito de 2011 a 2020.
2235
15. Bacchieri G, Barros AJD. Acidentes de trânsito no 26. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria GM/MS
Brasil de 1998 a 2010: muitas mudanças e poucos nº 687, de 30/03/2006, que institui a Política Nacio-
resultados. Rev Saude Publica 2011; 45(5):949-963. nal de Promoção da Saúde. Brasília (DF): MS; 2006.
16. Montenegro MMS, Duarte EC, Prado RR, Nasci- (Série Pactos pela Saúde 2006 – Volume 07. Série B
mento AF. Mortalidade de motociclistas em aci- - Textos Básicos de Saúde)
dentes de transporte no Distrito Federal, 1996 a 27. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria GM/MS
2007. Rev Saude Publica 2011; 5(3):529-538. nº 936, de 18/05/2004. Dispõe sobre a estruturação
17. Marín-León L, Belon AP, Barros MBA, Almeida da Rede Nacional de Prevenção da Violência e Pro-
SDM, Restitutti MC. Tendência dos acidentes de moção da Saúde e a Implantação e Implementação
trânsito em Campinas, São Paulo, Brasil: importân- de Núcleos de Prevenção à Violência em Estados e
cia crescente dos motociclistas. Cad Saude Publica Municípios. Diário Oficial da União 2004; 20 maio.
2012; 28(1):39-51. 28. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria GM/MS
18. Bastos YGL, Andrade SM, Soares DA. Características nº 344, de 19/02/2002, que institui o Projeto de
dos acidentes de trânsito e das vítimas atendidas em Redução da Morbimortalidade por Acidentes de
serviço pré-hospitalar em cidade do Sul do Brasil, Trânsito - Mobilizando a sociedade e promovendo
1997/2000. Cad Saude Publica 2005; 21(3):815-822. a saúde. 2ª Edição. Brasília (DF): MS; 2002. (Série
19. Barros AJ, Amaral RL, Oliveira MS, Lima SC, Gon- C - Projetos, Programas e Relatórios)
calves EV. Acidentes de trânsito com vítimas: sub- 29. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de
registro, caracterização e letalidade. Cad Saude Pu- Vigilância em Saúde. Vigilância de Violências e
blica. 2003; 19(4):979-986. Acidentes – VIVA 2006 e 2007. Brasília (DF): MS;
20. Souza VR, Cavenaghi S, Alves JED, Magalhães 2009. (Série G – Estatística e Informação em Saúde)
MAFM. Análise espacial dos acidentes de trânsito 30. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de
com vítimas fatais: comparação entre o local de Vigilância em Saúde. Vigilância de Violências e
residência e de ocorrência do acidente no Rio de Acidentes – VIVA 2008 e 2009. Série G – Estatística
Janeiro. Rev Bras Estud Popul 2008; 25(2):353-364. e Informação em Saúde. Brasília (DF): MS; 2010.
21. Brasil. Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997. Códi- 31. Gawryszewski VP, Silva MMA, Malta DC, Kegler SR,
go de Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União Mercy JA, Mascarenhas MD, Morais Neto OL. Vio-
1997; 24 set. lence-related injury in emergency departments in
22. Brasil. Lei 11.705, de 19 de junho de 2008. Altera a Brazil. Pan Am J Public Health 2008; 24(6):400-408.
Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘insti- 32. Mascarenhas MDM, Silva MMA, Malta DC, Moura
tui o Código de Trânsito Brasileiro’, e a Lei no 9.294, L, Macário EM, Gawryszewski VP, Neto OLM. Per-
de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restri- fil epidemiológico dos atendimentos de emergên-
ções ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, cia por violências no sistema de serviços sentinela
bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e de- de vigilância de violências e acidentes (VIVA). Epi-
fensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 demiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1):17-28.
da Constituição Federal, para inibir o consumo de 33. Novoa. AM, Perez K, Borrell C. Efectividad de las
bebida alcoólica por condutor de veículo automo- intervenciones de seguridad vial basadas en la evi-
tor, e dá outras providências. Diário Oficial da União dencia: una revision de la literatura. Gac Sanit. 2009;
2008; 20 jun. 23(6):553e1-14.
23. Mello Jorge MHP, Koizumi MS. Acidentes de trân- 34. Hyder AA, Allen KA, Di Pietro G, Adriazola CA,
sito causando vítimas: possível reflexo da lei seca Sobel R, Larson K, Peden M. Adressing the imple-
nas internações hospitalares. Rev Abramet 2009; 27 mentation gap in global road safety: exploring fea-
(1):16-25. tures of an effective response and introducing a 10-
24. Vasconcelos EA. O custo social da motocicleta no country program. Am J Public Health 2012; 102(6):
Brasil. Rev Transportes Publicos ANTP 2008; 30/31: 1061-1067.
127-142.
25. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria GM/MS
nº 737, de 16/05/2001 – publicada no DOU nº 96,
Seção 1E de 18/05/2011, que institui a Política Naci-
onal de Redução da Morbimortalidade por Aci-
dentes e Violências. 2ª Edição. Brasília (DF): MS;
2005. (Série E - Legislação de Saúde)