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Uso de agrotóxicos e suicídios

no Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil

Autores do artigo: Dario Xavier Pires; Eloísa Dutra Caldas; Maria Celina Piazza
Recena

Slide elaborado por Mário Vinícius da Silva


INTRODUÇÃO
M S E R A O 9 º E S TA D O A G R Í C O L A D O PA Í S , C O M 2 . 0 1 4 . 9 2 9
2002 H E C TA R E S ( C O N C E N T R A D O S N O N O RT E - N O R D E S T E E
S U L D O E S TA D O ) .

G R A D E PA RT E D A P R O D U Ç Ã O I M P U L S I O N A D A P O R
C U LT U R A S T E M P O R Á R I A S C O M O :
• Alogdão
• Arroz
• Cana-de-AçúcaR

PEQUENAS PROPRIEDADES (ENTRE 30 e 280


hectares) e minifúndios (< 30hectares),
r e p r e s e n t a VA M 6 2 , 4 % d a s p r o p r i e d a d e s r u r a i s d o
Estado
Introdução
Segundo a OMS, cerca de 3
milhões sofrem todos os anos com
intoxicações agudas provocadas
03/ pela exposição ao agrotóxico,
Re-use chegando a 220mil mortes por ano
O uso indiscriminado de agrotóxicos
no campo
pode resultar na intoxicação dos
trabalhadores
rurais com diferentes graus de
severidade 02/ Se tornando um problema de
Reduce waste
saúde pública principalmente em
países em desenvolvimento
INTRODUÇÃO
O Serviço Integrado de Informação Toxico-Farmacológica
do Ministério da Saúde , registrou em 2001, 5.384 casos
de intoxicação provocados por agrotóxicos no país,
correspondendo a 7,1% do total das intoxicações.

Enquanto a taxa média de letalidade devido a todos os agentes causadores das


intoxicações foi de 0,4%, a mortalidade devido a agrotóxicos foi de 3,4%.
OBJETIVO
Conhecer o perfil das intoxicações, com ênfase
nas tentativas de suicídio, pelo uso de agrotóxicos na
01
população rural no Estado do Mato Grosso do Sul no período
02 de 1992 a 2002.
Metodologia

As i nform açõ es sob re áreas dos m ódu lo s dos estabel ecim ent os
01 rurai s e as p op ulações urbanas e rurai s ex t raído s do IBGE

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Duis vulp utate n ulla at ante rho ncus, vel efficitu r felis
cond imentum . P ro in od io od io.

P ro dução agrícol a das cu lt uras t em porári as de al god ão, arroz, cana-de-


açú car, fei j ão , m i lh o, soj a e t ri go no s m uni cíp io s qu e com p õem as 11
m i crorregi ões geo gráfi cas d o Estad o ex t raí da d as P rod ução Agrícol a 02
Mu nici pal (19 92 - 2 002 ).
Metodologia

Essa demanda é calculada comparando o volume


desses agrotóxicos comercializados no país neste
Deman d a d e in s eticid as e herb icid as n o ano d e 2 00 0 , ano, divulgado pelo Sindicato Nacional da
03 p o r cu ltu ra e p ela p o pu lação ru ral res id en te n as Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, com
micro rreg iõ es a produção agrícola nacional das culturas
temporárias selecionadas para este estudo,
divulgada pelo IBGE para o mesmo período.

A d eman d a d e in seticid as o u h erb icid as , d ivid id a p ela


p o pu lação rur al d a micro rreg ião , reflete a deman da d e
ag r otó x ico s p o r micro rr eg ião , em k g/h ab itantes, n este an o .
04
Metodologia

Dad o s de into x icação p o r ag ro tóx ico s d e u so ag ríco la no períod o d e jan eir o de 1 9 92


a d ezemb ro d e 2 0 0 2 fo ram o b tido s d o s regis tros d as n otificações d o Cen tro In teg rado
05 d e Vig ilân cia To xicoló g ica d a S ecretaria Estadu al de S aú d ed o Estad o do Mato Gro sso
d o S ul (C IVITOX/MS ).

Dad o s d e tentativas d e s uicídio e d e ó b ito s p ro vo cado s pela in gestão d e


agr o tóx ico s d e u so ag ríco la, ob tid o s ju n to ao CIVITOX/MS , fo ram
n o rmalizado s p ara 1 00 mil h ab itan tes, co n s id eran d o a p op u lação da área 06
ru r al.
Metodologia

As p o p ulaçõ es r u rais d as micro rreg iõ es geog r áficas e d o estado , no p erío do d e 1 9 92


a 2 00 2 , fo ram estimad as valen d o-s e d a análise d e ten dências d e reg ressão p o lino mial
07 ( o rdem 2 , r2 > 0 ,85 ) , to man do co mo b as e o s d ad os do s C en so s P o pu la-cio nais d e
1 9 8 0, 1 99 1 , 20 0 0 e d o Cen s o Ag ro pecu ár io d e 1 99 6 .

Dad o s d e tentativas d e s uicídio e d e ó b ito s p ro vo cado s pela in gestão d e


agr o tóx ico s d e u so ag ríco la, ob tid o s ju n to ao CIVITOX/MS , fo ram
n o rmalizado s p ara 1 00 mil h ab itan tes, co n s id eran d o a p op u lação da área
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ru r al.
Metodologia
Classifica ção Es tat ís tica Internacional de Doenç as e Proble mas Re laci ona dos à Saúde
Revisão (CID-10) , enfoca a s dife re ntes forma s de suic ídio ocorridas num a popul ação,
incluindo:

01 Intoxicação por gases

02 Afogamento

03 Precipitação de lugares elevados

04 Ingestão de agrotóxicos ou outros produtos químicos.

05 06 Outras

07
METODOLOGIA

• As pr evalências de suicídios por Coeficiente de Pearson - Foi utilizado para es tabelecer


estas causas, por 100 mil habitantes, correlações entr e as prevalências das tentativas de
foram calculadas considerando a suicídio e das prevalências dos óbitos correspondentes
população total. com a cultura do algodão na microrregião de Dourados
Resultados
Algodão é a cultura que mais consome inseticidas e
herbicidas.

Em 2000, 78,0% de todo o inseticida comercializado e


29,2% de herbicida foram utilizados na cotoni-cultura.

Feijão e soja consomem 15,6% de inseticida, e trigo e


soja 38,5% do herbicida consumido no país por ano
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
RESULTADOS
O CIVITOX/MS registrou entre 1992 e 2002, 1.355 notificações de

01
intoxicação provocadas pelo manuseio e pelo uso de agrotóxicos
utilizados na agricultura, sendo que 501 dessas notificações
foram provenientes da ingestão voluntária desses produtos
(tentativa de suicídio), com 139 óbitos (Tabela 3).

02 Dourados e Iguatemi possuem as maiores populações rurais do


Estado, enquanto Alto Taquari, Cassilândia e Dourados
apresentam as maiores demandas de inseticidas e herbicidas por
habitante. (TABELA 2)

Campo Grande e Dourados apresentaram os maiores números de notificações e de

03
prevalência de tentativa de suicídios (por 100 mil habitantes, considerados da área
rural), sendo que Dourados, em especial, apresentou também a maior prevalência de
óbitos. Apesar do alto número de tentativas de suicídio encontrado em Campo Grande
no período (135 notificações), esta região é a sétima região agrícola do Estado (Tabela 1),
apresentando baixa produção de algodão e demanda de aplicação de agrotóxicos
(Tabela 2).
RESULTADOS
Enquanto no Brasil a média de óbitos por 100 mil habitantes

04
provocados pelas diferentes formas de suicídio, listadas no CID-10,
foi de 3,9 ± 1,5 no período de 1977 a 1997 14, Mato Grosso do Sul
apresentou uma média de 6,5 ± 0,9 óbitos no período de 1992 a 2002
(Secretaria de Estado de Saúde/Ministério da Saúde,dados não
publicados).

Dourados (2) se destaca por apresentar um padrão de tendência


crescente durante todo o período,diferentemente de Cassilândia(4),
Paranaíba(3) e do Estado(1), onde houve uma tendência de queda a
partir de 1997. Em Iguatemi(5), a prevalência aumentou nos últimos
anos, porém em níveis inferiores aos de Dourados.
RESULTADOS

06
Foi verificada correlação estatisticamente significativa entre a produção de algodão e a prevalência das
tentativas de suicídio na microrregião (r =0,61 e 0,83, com e sem os dados de 1996, respectivamente), porém a
correlação entre a produção de algodão e a prevalência dos óbitos nesta região foi baixa
(r = 0,24).
Discussão
• Es tu do s de mo nstram qu e os in seticida s, p rinc ip alme nte o rga no fos forad o s e carb am atos , sã o
os p rin cipa is c au sad o res da s in tox icaç õe s h u man as o co rrid as n o ca mp o

2. A lg un s estu do s relac io n am a e xp osiçã o ao s inse tic idas c om s in toma s de d e pres são . Reh n er et
al, inv es tig an do um d esa stre eco lóg ico c om o org an ofo sfo rado pa ratio n a me tílica o co rrid o n o
Mississip i (Estad os Un ido s), o b serv aram q u e in d ep end en te do s nív eis do ag ro tóx ico enc on tra d o
na á gu a co nsu mid a, mais d a meta de d as p esso as e xp ostas apre sen taram sin toma s de dep ressã o .

3. Estu d o rea liza do no s mu nicípio s de An tôn io Pra do e Ypê no Es ta do do Rio G ra nd e d o Su l,


Br asil, ind ico u qu e a o co rrên cia de in tox ic açõ es agu d as pro vo ca das pela e xp os iç ão a os
agro tóx icos e stá fortem en te asso ciad a à p rev alên cia de tra nsto rno s psiq uiá trico s men o res,
sen do a de pres são e a an sie d ade o s dia gn ós tico s ma is freq u en te s.
Discussão
4. O ma io r po te nc ia l d e e xpo siçã o a ag ro tó x ic os d os trab alha do res ru rais, nas p eq ue na s
pro p rie dad es d a micro rreg iã o d e Do ura do s, p o de e xp lic ar o alto n úm ero d e no tif ic açõ es d e
ten ta tiv a de s uicíd ios e ó bitos d ev id o ao u so d es-
ses p rod uto s.

5 . G on zag a & San to s 26 av aliaram a s co nd içõe s de trab alh o d os co ton iculto res do s mu nic íp ios
d e Fátim a do Su l e Vic en tin a (micro rreg iã o g eo gráfica de Do ura d os) e Gló ria d e Do ura do s
(m ic rorreg ião g eo g rá fica d e Igu atem i). Esse e stu d o ind icou qu e 8 4,0 % do s 14 8 trab alha do res
p esq u isa do s ap rese ntav am sin to m as de in tox ic açã o.

6 .Cerca d e 6 0,0 % de sses trab alh ado res trab alha va m ma is q u e seis ho ras/d ia na la vou ra e 1 8 ,0 %
n ão e mp reg av am q ua lq ue r med ida d e pr oteç ão d ura nte o m an use io do s ag rotó xico s,
c on figu ran do u ma p rática a gríco la co m nív eis ba ix o s d e tec no lo g ia e com assistên cia téc nica
d eficien te, de sen vo lv id a e m mo lde s familia res.

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