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Livro ITB Avaliacao Analise Impactos Ambientais WEB v2 CG
Livro ITB Avaliacao Analise Impactos Ambientais WEB v2 CG
Avaliação e Análise de
Impactos Ambientais
Avaliação e Análise de
Impactos Ambientais
José Iveraldo Guimarães
Avaliação e Análise de
Impactos Ambientais
Natal/RN
2014
presidente
PROF. PAULO DE PAULA
diretor geral
PROF. EDUARDO BENEVIDES
diretora acadêmica
PROFA. LEIDEANA BACURAU
FICHA TÉCNICA
projeto gráfico
ADAUTO HARLEY SILVA
diagramação
MAURIFRAN GALVÃO
designer instrucional
ITSUO MACÊDO OKASHITA
ilustração
RAFAEL EUFRÁSIO DE OLIVEIRA
Catalogação da Publicação na Fonte (CIP).
Ficha Catalográfica elaborada por Luís Cavalcante Fonseca Júnior - CRB 15/726.
ISBN 978-85-68100-33-2
Inclui referências
O material didático do Sistema de Aprendizado itb propõe ao aluno uma linguagem objetiva, sim-
ples e interativa. Deseja “conversar” diretamente, dialogar e interagir, garantir o suporte para o es-
tudante percorrer os passos necessários a sua aprendizagem. Os ícones são disponibilizados como
ferramentas de apoio que direcionam o foco, identificando o tipo de atividade ou material de estudo.
Observe-os na descrição a seguir:
Curiosidade – Texto para além da aula, explorando um assunto abordado. São pitadas de conheci-
mento a mais que o professor pode proporcionar ao aluno.
Importante! – Destaque dado a uma parte do conteúdo ou a um conceito estudado, que seja con-
siderado muito relevante.
Querendo mais – Indicação de uma leitura fora do material de estudo. Vem ao final da competência,
antes do resumo.
Vocabulário – Texto explicativo, normalmente curto, sobre novos termos que são apresentados no
decorrer do estudo.
Você conhece? – Foto e biografia de uma personalidade conhecida pelas suas obras relacionadas
ao objeto de estudo.
Atividade – Resumo do conteúdo praticado na competência em forma de exercício. Pode ser apre-
sentado ao final ou ao longo do texto.
Mídias – Contém material de estudo auxiliar e sugestões de filmes, entrevistas, artigos, podcast e
outros, podendo ser de diversas mídias: vídeo, áudio, texto, nuvem.
Diálogos – Convite para discussão de assunto pelo chat do ambiente virtual ou redes sociais.
Sumário
Apresentação institucional 13
Palavra do professor autor 15
Apresentação das competências 17
Competência 01
Contextualizar os conceitos das ciências ambientais 21
A nomenclatura usada nas ciências ambientais 21
O conceito de ambiente 22
A essência das definições de impacto ambiental 25
Diferenciar impacto ambiental de poluição 26
Efeitos do uso do mercúrio no garimpo 26
Medir a poluição 28
Definir impactos ambientais positivos 28
Classificação dos impactos ambientais 29
Grandes impactos ambientais globais e suas consequências econômicas 31
Resumo 32
Autoavaliação 32
Competência 02
Identificar as características dos recursos naturais 37
Conceituar recursos naturais 37
Definir recursos sustentáveis e não sustentáveis 38
Aprender sobre as características básicas de um recurso natural 39
Exemplificar recursos naturais renováveis 40
Avaliar os impactos da represa das Três Gargantas 40
Identificar impactos ambientais de represas brasileiras 41
Recursos naturais não renováveis: o petróleo e seus impactos ambientais 43
Analisar a exploração do urânio e seus impactos ambientais 44
Os impactos ambientais da utilização do urânio 45
Os impactos ambientais de Chernobyl 46
Resumo 48
Autoavaliação 48
Competência 03
Identificar os riscos e perigos de impactos ambientais 53
Conceito de perigo e risco 53
A classificação dos riscos 55
Definição de análise de risco 55
As condições básicas para uma análise de risco 56
Caracterização dos principais setores de uma empresa 57
Descrição do sistema de refrigeração 57
Caracterização da amônia 57
Os perigos e riscos de acidentes 58
Como implementar medidas preventivas 59
Vamos conhecer um caso real? 61
Resumo 62
Autoavaliação 62
Competência 04
Aplicar RCA, PCA, PRAD e EIA/RIMA 67
A caracterização dos instrumentos de licenciamento 67
O conceito de RCA 68
O conceito de PCA 68
O conceito do PRAD 69
O conceito de EIA e RIMA 70
Elaboração de um EIA para uma fazenda de carcinicultura 71
As particularidades da implantação de um parque eólico 72
O requerimento do licenciamento ambientalo 73
O requerimento das licenças de instalação e de operação 74
Definir o Termo de Referência (TR) 74
O desenvolvimento das etapas de elaboração do TR 74
A descrição do roteiro básico do TR 75
Resumo 76
Autoavaliação 76
Competência 05
Diagnosticar as atividades técnicas do EIA 81
Antes de elaborar o EIA 81
A reunião de informações sobre os impactos ambientais 81
Como proceder na elaboração do EIA 82
O início da elaboração do EIA 83
As atividades básicas na elaboração do EIA 84
Os estudos de base 84
O conceito de estudos de base 85
O princípio do diagnóstico ambiental 85
O conceito de diagnóstico ambiental 86
Os meios físico, biótico e socioeconômico 86
Informações básicas sobre o Projeto 86
Caracterização das áreas de influência 87
A localização das áreas de influência do empreendimento 88
Resumo 90
Autoavaliação 90
Competência 06
Realizar um diagnóstico ambiental do meio físico 95
O conhecimento da área de implantação do projeto 95
Caracterizar o meio físico 96
Análise das precipitações pluviométricas da área de implantação 97
Análise dos ventos da área de implantação 97
Monitoramento da erosão pelos ventos 98
Monitoramento da temperatura do ar 98
Análise da geologia da área de implantação 99
A localização dos recursos hídricos da região 100
Análise dos parâmetros ambientais 100
Acionamento de medidas preventivas 101
Resumo 102
Autoavaliação 102
Competência 07
Realizar um diagnóstico ambiental do meio biótico 107
O diagnóstico do ecossistema nas áreas de influência 107
O diagnóstico da flora nas áreas de influência 108
O diagnóstico da fauna nas áreas de influência 110
Como capturar e identificar componentes da fauna 110
Como caracterizar os componentes da fauna terrestre 110
Um exemplo de hábito ecológico 113
O diagnóstico da fauna aquática nas áreas de influência 113
O inter-relacionamento entre as espécies das áreas de influência 114
A biocenose entre as espécies do ambiente terrestre 115
A coexistência de espécies no ecossistema 116
A classificação das espécies indicadoras de qualidade ambiental 117
Resumo 119
Autoavaliação 119
Competência 08
Realizar um diagnóstico ambiental do meio socioeconômico 123
O diagnóstico dos aspectos históricos do município 123
O diagnóstico dos aspectos culturais do município 124
O diagnóstico dos aspectos sociais do município 125
O diagnóstico dos aspectos de infraestrutura do município 127
Dados sobre o assentamento humano 127
A influência do empreendimento no meio socioeconômico 128
Resumo 129
Autoavaliação 129
Competência 09
Realizar prognósticos dos impactos ambientais 133
As ações de planejamento, instalação e operacionalização 133
Detalhamento da fase de operacionalização 134
A identificação dos impactos ambientais 135
Comparação dos impactos ambientais identificados com outros projetos 137
Prognóstico dos impactos ambientais 137
Como determinar as previsão dos impactos ambientais 138
Os indicadores para a previsão dos impactos ambientais 138
Resumo 141
Autoavaliação 141
Competência 10
Avaliar impactos ambientais 145
A legislação ambiental e suas aplicações 145
Os métodos de avaliação de impactos ambientais 147
O método do checklist para a AIA 150
A análise dos resultados 151
Uma breve análise integrada dos impactos 154
A equipe de elaboração do EIA 155
Caracterização das medidas mitigadoras 155
A eficácia das medidas mitigadoras 156
Aplicação de um plano de medidas mitigadoras 157
Outras fontes emissoras de nitrogênio 159
O conceito de educação ambiental 159
A educação ambiental como medida preventiva dos impactos ambientais 160
A implementação de um programa de monitoramento 161
A elaboração das conclusões 161
Resumo 163
Autoavaliação 163
Referências 165
Gabarito 171
Conheça o autor 172
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Apresentação institucional
O Instituto Tecnológico Brasileiro (itb) foi construído a partir do sonho de educadores e
empreendedores reconhecidos no cenário educacional pelas suas contribuições no desen-
volvimento econômico e social dos Estados em que atuaram, em prol de uma educação de
qualidade nos níveis básico e superior, nas modalidades presencial e a distância.
Esta experiência volta-se para a educação profissional, sensível ao cenário de desen-
volvimento econômico nacional, que necessita de pessoas devidamente qualificadas para 13
ocuparem vagas de trabalho e garantirem suporte ao contínuo crescimento do setor pro-
dutivo da nação.
O Sistema itb de Aprendizado Profissional privilegia o desenvolvimento do estudante a
partir de competências profissionais requeridas pelo mundo do trabalho. Está direcionado
a você, interessado na construção de uma formação técnica que lhe proporcione rapida-
mente concorrer aos crescentes postos de trabalho.
No Sistema itb de Aprendizado Profissional o estudante encontra uma linguagem clara
e objetiva, presente no livro didático, nos slides de aula, no Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem e nas videoaulas. Neste material didático, um verdadeiro diálogo estimula a leitura, o
projeto gráfico permite um estudo com leveza e a iconografia utilizada lembra as modernas
comunicações das redes sociais, tão acessadas nos dias atuais.
O itb pretende estar com você neste novo percurso de qualificação profissional, con-
tribuindo decisivamente para a ampliação de sua empregabilidade. Por fim, navegue no
Sistema itb: um estudo prazeroso, prático, interativo e eficiente o conduzirá a um posicio-
namento profissional diferenciado, permitindo-lhe uma atuação cidadã que contribua para
o seu desenvolvimento pessoal e do seu país.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Palavra do professor autor
Prezado estudante, antes de começar nosso livro preciso lhe falar sobre o papel fun-
damental que você terá no processo de melhoramento das nossas relações com o meio
ambiente no qual vivemos, através da aplicação de técnicas e metodologias que juntos
desenvolveremos.
Certo dia, assisti uma reportagem, que tratava sobre um protesto dos índios mundu-
rukus e kayabis contra o projeto governamental de instalar 16 usinas hidrelétricas na bacia 15
do rio Tapajós, no Pará. Posto que as águas invadiriam suas terras, eles exigiam um maior
detalhamento sobre a avaliação dos impactos ambientais consequentes da implantação
daqueles empreendimentos. Uma enorme coincidência, pois naquele momento eu escre-
via sobre o assunto, que é o tema de nossos estudos, com o qual eu, você e toda a huma-
nidade estamos vitalmente tão envolvidos: as intervenções sobre o meio ambiente.
Cada uma dessas intervenções obriga-nos a avaliar e analisar seu potencial impactante
para que se determine sua viabilidade ou se encontrem medidas mitigadoras para seus im-
pactos, caminhos que nós dois seguiremos ao longo deste estudo, colhendo, absorvendo
e aplicando conceitos e métodos.
O Brasil se esforça para desenvolver-se e conviver harmonicamente com os seus ecos-
sistemas, mas esse esforço é insuficiente, pois ainda faltam técnicos em meio ambiente
que orientem e embasem esse desenvolvimento sustentável. E é justamente aí que você
poderá contribuir. O país precisa de você! Ele precisa avidamente de técnicos que saibam
como elaborar estudos ambientais ou avaliar e analisar os impactos causados pela insta-
lação dos empreendimentos.
Não importa se você estará atuando nas empresas empreendedoras ou nas empre-
sas de consultorias elaborando os estudos ambientais, ou nos órgãos responsáveis
pela avaliação e análise desses estudos. Importa que você adquira a capacidade de
fazê-lo. E ao fazer essa leitura, você começa a se credenciar para ser o técnico tão
necessário, tão requerido.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Apresentação das competências
O estudo de Avaliação e Análise de Impactos Ambientais foi estruturado numa sequência
de dez competências, as quais serão brevemente resenhadas nesta apresentação. Essas
competências tornarão você capaz de aplicar as ferramentas normativas para proceder a
análise e avaliação dos impactos ambientais.
Na competência 1, você vai contextualizar os conceitos das ciências ambientais, com-
preendendo que a nomenclatura utilizada para as ciências ambientais não é similar a de 17
qualquer outra ciência, a exemplo da física ou anatomia; e a caracterizar os meios físico,
biológico (biótico) e socioeconômico, também nominado de antrópico. Aprenderá a definir
impacto ambiental, diferenciá-lo de poluição e a conceituar e classificar impactos ambien-
tais negativos e positivos.
Na competência 2, você irá identificar as características dos recursos naturais através
da definição de recursos renováveis e não-renováveis, tomando como exemplos a constru-
ção de usinas hidrelétricas e a exploração do petróleo e do urânio.
Na competência 3 você irá identificar os Riscos e Perigos de Impactos Ambientais, dife-
renciar os conceitos de risco e perigo; classificar e caracterizar o risco ambiental utilizando
a usina atômica e seus rejeitos como exemplos. E fará, através de um exercício prático,
uma análise de risco numa empresa de beneficiamento de pescado que utiliza refrigeração
por amônia.
Aplicar o RCA, PCA, PRAD e EIA/RIMA será trabalhado na competência 4, onde você verá
que o licenciamento ambiental é um importante instrumento mediante o qual, o Poder Pú-
blico procura controlar as atividades que degradam o meio ambiente; e que este controle
é feito através da avaliação desses impactos ambientais apoiada por estudos técnicos e
científicos, tais como EIA/RIMA, RCA, PCA, PRAD e EIA/RIMA. Aprenderá ainda sobre a ela-
boração dos termos de referência.
Na competência 5, você irá diagnosticar as atividades técnicas do EIA, assim como as
funções dos estudos de base, da identificação, previsão e posterior avaliação dos impactos
ambientais; a conceituar o diagnóstico ambiental e os ambientes nos quais ele será reali-
zado: meio físico, meio biótico e meio socioeconômico; e também como serão delimitadas
as áreas de influência do empreendimento.
Na competência 6, iremos realizar um diagnóstico ambiental do meio físico.
Realizar um Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico será o assunto trabalhado na com-
petência 7.
Na competência 8, você se tornará apto a realizar um Diagnóstico Ambiental do Meio
Socioeconômico. Aprenderá a utilizar as atividades técnicas necessárias para a elabora-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Ela é um mineral do qual se extrai o alumínio, uma mistura de óxidos do próprio alu-
mínio, mas também de ferro, titânio, dentre outros. Ao final do processo da separação do
alumínio sobra uma lama vermelha, um resíduo insolúvel.
Em Oriximiná, no Estado do Pará, esse rejeito foi descartado durante mais de uma
década no fundo do lago Batata, às margens do rio Trombetas e o lago morreu. Quanto
mais o rejeito mortal da bauxita se acumulava em seu leito, mais se alterava a dispo-
nibilidade dos nutrientes no lago; e mais se reduzia a densidade de seu plâncton e de 21
sua fauna aquática; ninguém monitorara as condições ambientais do lago e os peixes
morreram por conta da deterioração daquelas condições, e centenas de famílias ficaram
sem o sustento.
Essa história triste do lago Batata será retomada na competência, quando exemplifi-
carmos os indicadores ambientais.
Diante dessa realidade eu lhe pergunto: se, diferentemente dos termos utilizados por
outras ciências, os nossos vocábulos ampliam possibilidades para interpretações de signi-
ficados, o que fazer então? É isso mesmo o que você pensou: temos que dar um entendi-
mento muito claro, sem qualquer equívoco, a cada vocábulo ou expressão que utilizarmos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
nos nossos estudos. E essa resolução que nós acabamos de tomar tem o objetivo de cravar
um alicerce maciço para a nomenclatura que utilizaremos.
O conceito de ambiente
É evidente que vamos definir impacto ambiental, pois a avaliação desses impactos é
a razão de nossos estudos, mas seria um tanto difícil fazê-lo sem antes conceituarmos o
próprio ambiente. E o próprio ambiente também não é uma entidade fácil de conceituar.
Está duvidando? Então, OK, me dê uma definição de meio ambiente. Eu lhe dou alguns
22 minutos para você elaborá-la.
Seus minutos já se passaram. Eu sei que você pensou em uma definição para ambiente
e provavelmente constatou que esse conceito pode ser mais abrangente do que suspeita-
va; que pode ter diferentes perspectivas e até percebeu que ele também pode se adequar
de acordo com a necessidade dos interessados.
Estou chamando sua atenção para este fato porque os meios referidos são tópicos im-
prescindíveis quando se elabora um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a implantação
de empreendimentos. São tão importantes esses meios para nossos estudos que devemos
apresentá-los já, agora, mesmo que brevemente, mas iremos conhecê-los melhor um pou-
co mais adiante.
O ambientalista francês Godard (1980) diz que não se define ambiente apenas como 23
um meio a defender, a proteger, ou mesmo a conservar intacto, mas também como poten-
cial de recursos que permite renovar as formas materiais e sociais do desenvolvimento.
Curiosidade
Definição de ambiente de acordo com a Lei nº 6.938/1981: conjunto
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
(BRASIL, 1981).
Atividade 01
Faça uma pesquisa e escreva seus resultados sobre as conceituações de
ambiente contidas nas legislações de dois outros países e as relacionem
com a definição da Lei nº 6.938/81 e com outras elaboradas por profis-
sionais de gestão ambiental e exponha sua consulta no fórum.
Fico aqui imaginando até que profundidade você escavaria para extrair mais infor-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
mações contidas nessas conceituações. Quais questionamentos você faria para ir mais
fundo ainda? Por exemplo, explorar recursos naturais sempre será positivo para o nosso
desenvolvimento? Certamente você responderia: nem sempre. E estaria com a razão.
Retirar o sal de salinas solares a partir das renováveis águas do mar, claro que seria,
pois não se esgota a fonte natural e o sal é matéria prima de centenas de produtos pro-
duzidos por nossas indústrias. Porém, a extração intensiva de madeira das florestas de
caatinga no nordeste brasileiro, amplia as áreas de desertificação penalizando as popula-
ções locais e comprometendo a existência da vida. Neste caso, a exploração do recurso é
contra o desenvolvimento sustentável.
24
Outros conceitos também são necessários para uma melhor compreensão da disciplina
tais como: aspectos ambientais, poluição, degradação ambiental, diagnóstico ambiental,
dentre outros, mas estes serão discutidos com o desenvolvimento de nossos estudos. No 25
entanto, e gostaria que você concordasse comigo, a conceituação de impacto ambiental
deverá, assim como o conceito de ambiente, ser também debatida de imediato para funda-
mentar mais ainda o entendimento da avaliação de impactos ambientais.
A ambientalista espanhola Maria Teresa Bolea (1984), em seu livro Evaluación de Im-
pacto Ambiental, define o impacto ambiental a ser causado pela implantação de um empre-
endimento, como sendo a diferença entre a situação do meio ambiente (natural e social)
futuro, modificado pela realização de um projeto, e a situação do meio ambiente futuro,
tal como teria evoluído sem o projeto; enquanto que Iara Verocai Moreira (1992), em seu
Vocabulário Básico de Meio Ambiente, definiu impacto ambiental como qualquer alteração
no meio ambiente em um ou mais de seus componentes provocada por uma ação humana.
Você encontrou a essência comum nas conceituações de impacto ambiental das
técnicas Iara e Teresa? Parabéns se concluiu que a essência comum entre as defini-
ções é a lógica da ação e reação: em resposta à ação humana o meio ambiente reage
com uma mudança.
ser confundidos. Mas, antes de continuarmos vamos relembrar o conceito de impacto am-
biental e em seguida definir poluição.
Curiosidade
Amálgama é uma liga metálica formada pela reação do mercúrio com ou-
tro metal, no nosso caso, o ouro. Depois de amalgamado com o ouro, o
mercúrio é removido por aquecimento (normalmente no próprio local de
garimpagem). Este procedimento gera grave exposição de vapor de mercú-
27
rio na atmosfera, que pode se dispersar por grandes distâncias e contami-
na solos e águas.
Agora vamos analisar esse acontecimento e descobrir quem é quem nessa história. O
mercúrio (matéria lançada) liberado no garimpo contaminou o ar, o solo, as águas e ainda
afetou negativamente o Homem (para padronizar o texto os seres humanos terão a de-
nominação de Homem neste nosso livro) e outros organismos criando uma condição que
definimos como poluição. Essa poluição causou uma alteração na qualidade ambiental,
pois modificou os processos naturais daquele meio ambiente, e desta maneira originou um
impacto ambiental, o qual resultou de uma atividade humana.
Do mesmo modo procede-se para muitos outros parâmetros diluídos nas águas, solos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
e atmosfera.
Internet
A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reconhecida que define o
que deve ser feito para estabelecer um sistema de gestão ambiental efe-
tivo. A norma foi estabelecida com o objetivo de criar o equilíbrio entre a
manutenção da rentabilidade e a redução do impacto ambiental. Busque
mais informações no site <http://www.bsibrasil.com.br/>.
Você vai perceber que a definição inclui um fator inexistente nos conceitos que já estu-
damos, pois diz que impacto ambiental é qualquer modificação do meio ambiente, adversa
ou benéfica... Ou seja, dependendo da mudança ocorrida o impacto poderá ser positivo
ou negativo.
Se, por exemplo, uma indústria de refrigerantes despeja clandestinamente num deter-
minado rio um remanescente de ácido fosfórico de seu estoque e causa a mortandade
dos peixes, ela criou um impacto negativo. No entanto, se uma empresa de aquicultura
lança num estuário seu efluente constituído essencialmente de fitoplâncton e este, amplia
a base da cadeia alimentar melhorando a qualidade ambiental daquele ecossistema, ela
criou um impacto positivo.
Atividade 02
Pesquise sobre as concentrações máximas dos parâmetros inorgânicos
29
e orgânicos permitidas pela Resolução CONAMA Nº 357/2005 em águas
doces Classes 1 e 3. Comente sua pesquisa no fórum.
Sobre este assunto, você verá que a Resolução CONAMA nº 001/86, em seu art. 6º,
inciso II, já faz uma básica classificação quando determina que dentre outras atividades
técnicas, um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deverá desenvolver a análise dos impac-
tos ambientais do projeto e de suas alternativas “[...] discriminando os impactos positivos
e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo,
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e
sinérgicas [...].” (BRASIL, 1986, extraído da internet).
Importante
A Resolução CONAMA nº 001/86 foi instituída considerando a necessida-
de de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios
básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de
Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
30
Atributos Parâmetros
Positivo (+)
Caráter Negativo (-)
Indefinido (±)
Ordem Direto (D)
Indireto (I)
Fraco (1)
Magnitude
Moderado (2)
Forte (3)
Curta (C)
Duração Média(M)
Longa(E)
Local(L)
Escala
Regional(R).
Reversível ( ↑ )
Reversibilidade
Irreversível ( ↓ )
Quadro 1 – Classificação dos impactos o método da matriz em checklist de avaliação de impactos ambientais
Fonte: autoria própria (2014).
Grandes impactos ambientais globais e suas
consequências econômicas
Os cenários que vou lhe mostrar agora não são os mais agradáveis. No entanto, dificil-
mente poderíamos discutir sobre impactos ambientais sem que eles estivessem presen-
tes. Mas os fatos estão aí e fomos nós quem os criamos.
Mídias
Para ampliar seus conhecimentos sobre os assuntos que compartilhamos
sugiro que você leia o livro do Professor Luiz Antônio Abdala de Moura “Qua-
lidade e Gestão Ambiental”, o qual apresenta conceitos básicos das ciências
ambientais e indica mais de cem sites contendo farto material sobre as-
suntos correlacionados; e, com relação aos impactos ambientais, o livro de
Cristina Lúcia Sisinno e Rosália Maria Oliveira “Resíduos Sólidos, ambiente
e saúde: uma visão multidisciplinar”. Nele você vai encontrar informações
sobre o impacto ambiental causado com tratamento inadequado dos resídu-
os sólidos, além de um histórico sobre o tema.
Como fizemos uma conceituação distinguindo impacto ambiental e poluição,
achei por bem lhe indicar também a leitura do livro de Eloisa Biasotto, Élen
Pacheco e Cláudia Bonelli “Meio ambiente, poluição e reciclagem”. No seu
capítulo 6, A Poluição Ambiental, elas conceituam poluição e ainda explici-
tam as causas do seu aumento.
Resumo
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Agora você já é capaz de contextualizar os conceitos das ciências ambientais, utilizados nas
ciências ambientais. Espero que sua curiosidade tenha sido instigada com relação às consequ-
ências da exploração dos recursos naturais e o nosso papel nessas intervenções. Aprendeu a
definir impacto ambiental e fazer sua distinção de poluição, pois é muito comum que se confun-
dam esses dois conceitos, e teve um aprendizado forte sobre impacto ambiental, com o exem-
plo do mercúrio como agente poluidor e impactante ambiental. E ao final também aprendeu a
classificar os impactos ambientais de acordo com a Resolução CONAMA nº 001/86.
32
Autoavaliação
1. A definição: “meio do qual retiramos os recursos naturais essenciais à sobrevivência e
necessários para nosso desenvolvimento” refere-se a:
a) Função biológica;
b) Desenvolvimento sustentável;
c) Ambiente;
d) Função imunológica.
( ) Garimpo;
( ) Lançamento de fitoplâncton num estuário para beneficiar a cadeia alimentar.
c) No garimpo do ouro se utiliza uma liga metálica formada pela reação do mercúrio com
o ouro que recebe a denominação de _________________.
a) Parâmetros;
b) Atributos;
c) Impactos ambientais;
d) Medidas mitigadoras.
Competência
02 35
Identificar as características
dos recursos naturais
Identificar as características
dos recursos naturais
Estava bem pertinho das três da tarde do dia 11 de março de 2011. A usina nuclear
de Fukushima, localizada ao sul de Tókio, no Japão, estava em relativa calmaria com o
seu cotidiano de produzir energia elétrica a partir da fissão do urânio; possuía seis reato-
res nucleares protegidos em seus edifícios. Protegidos? De repente o chão inteiro tremeu Fissão: É a sepa-
ração do núcleo
abalando as edificações e assustando seus funcionários. Aconteceu um abalo sísmico de
As análises ao longo do tempo acusavam contaminação do solo por plutônio; e altos níveis
de césio radioativo se espalhavam rapidamente. Os alimentos da região não poderiam mais
ser consumidos, a água não poderia ser mais bebida; a população foi evacuada num raio de
37
dois mil quilômetros a partir da usina, e seus trabalhadores foram internados em hospitais.
Hoje, com os persistentes e contínuos vazamentos de material radioativo das instalações de
Fukushima, o próprio oceano Pacífico está sendo contaminado e toda sua biota (todos seus
seres vivos) corre um risco iminente de ser atingida por esse impacto ambiental. Biota: é o conjunto
de seres vivos de
um ecossistema, o
que inclui a flora,
E uma definição de recurso não renovável? Ficou fácil. Seria o recurso que após a ex-
ploração, não pode ser reposto.
Definir recursos sustentáveis e não sustentáveis
Mas, os estudiosos em meio ambiente em vez de chamar renovável e não renovável,
agora definem como sustentável e não sustentável (neste nosso trabalho continuaremos a
usar os termos renovável, e não renovável). De qualquer maneira, preste bem atenção ao
raciocínio deles e considere se você o aprova ou não.
O Professor John Tilton (1992), da Universidade do Colorado, USA, em seu livro Riqueza
Mineral e Desenvolvimento Econômico (tradução livre), defende sustentável e não susten-
tável por considerar que todos os recursos são renováveis em alguma escala de tempo. Por
exemplo, ele acha que o petróleo e o carvão mineral são recursos renováveis e não finitos
como sempre os consideramos. Não sob a nossa perspectiva, ou seja, dentro do tempo da
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
minha vida e da sua, mas, ao longo do tempo geológico. E isso tem tudo a ver com a origem
desses combustíveis fósseis ilustrada no esquema da origem do carvão mineral (similar à
do petróleo e do gás).
38
Se esses recursos se originam da matéria orgânica sob tremendas pressões dos sedi-
mentos durante um longo tempo geológico, novos depósitos devem estar sendo formados
neste momento, pois é ininterrupto o ciclo da matéria orgânica e da dinâmica dos solos em
nosso planeta. Assim, as suas fontes sempre se renovarão e de fato, nem poderiam ser
denominados de não renováveis.
Curiosidade
Animais e vegetais, sob a ação de bactérias, formariam uma pasta orgâ-
nica no fundo dos mares, lagos ou pântanos. Misturada à argila e à areia,
essa pasta constituiria os sedimentos marinhos que, cobertos por novas
e sucessivas camadas de lama e areia, se transformariam em rochas con-
solidadas, nas quais o gás, o petróleo e o carvão mineral seriam gerados
e acumulados.
Importante
Os recursos naturais (renováveis e não renováveis) são insumos que pro-
duzem um determinado produto: o alumínio é um recurso natural, mas a
esquadria confeccionada com ele, não é.
Atividade 01
Qual a diferença entre os recursos sustentável e não sustentável em função
da escala do tempo? Quais condições básicas para que um material seja um
recurso natural? Comente sua resposta no fórum.
Falando agora somente sobre recursos renováveis, você me daria alguns exemplos de-
les? Eles estão espalhados por aí, por todo o planeta: as florestas, os estoques pesqueiros;
as fontes de energia eólica, hídrica, solar ou geotérmica. Mas, você já entendeu que ao
serem utilizados alguns desses recursos, apesar da geração de consequências positivas
para o ambiente e o Homem, também se criam impactos ambientais negativos?
Por exemplo, a exploração dos recursos pesqueiros com equilíbrio resulta em alimenta-
ção para as populações, porém o que ocorre quando intensificamos a pesca? Decrescem
os estoques pesqueiros e se afeta a teia alimentar; ou quando construímos represas para
40 a produção de energia elétrica? Diminui-se a emissão de gases poluentes na atmosfera e
a dependência de combustíveis fósseis, no entanto alteram-se os ecossistemas.
A verdade, e você tem notícia disso, também sempre ocorrerão inúmeros impactos que
não foram ou não puderam ser previstos. E outros ainda, apesar de previstos foram ou
serão ignorados. Daí a importância de técnicos em avaliação de impactos com sólida for-
mação técnica e ética.
Veja por você mesmo a grandiosidade do empreendimento na foto da figura 5, que mos-
tra parte das turbinas da represa em operação.
Autóctones:
natural do território
onde vive.
Para não sairmos do exemplo das construções de represas para hidrelétricas, vamos eu
e você fazermos uma breve viagem até ao norte do país.
Fitoplâncton:
conjunto dos orga-
nismos aquáticos
microscópicos que
têm capacidade
fotossintética (plan-
tas) e que vivem Figura 6 – Condições ambientais da extração do ouro na região a ser inundada pelos lagos das hidrelétricas
dispersos flutuando Fonte: <http://www.portalamazonia.com.br/editoria/files/2012/01/Garimpo-em-Roraima.jpg>. Acesso em: 18 ago. 2014.
na coluna de água.
42
Curiosidade
Com a formação do lago da represa na bacia do Tapajós as toneladas
do metal ali presentes serão absorvidas pelo fitoplâncton que os peixes
comerão e repassarão para as comunidades consumidoras. A partir daí
haverá uma maior frequência de câncer e malformações neurológicas.
Atividade 02
Sabendo-se que os refrigerantes são engarrafados em recipientes plásticos,
que impactos ambientais são causados por sua indústria? Cite dois impac-
tos ambientais negativos que podem se originar da instalação de uma usina
hidrelétrica. compartilhe suas respostas no fórum.
Recursos naturais não renováveis: o petróleo e
seus impactos ambientais
Sei que você assimilou os conceitos referentes aos recursos naturais e foi produtiva a
nossa discussão acerca da exploração dos recursos renováveis e de suas características
básicas. E sobre os recursos não renováveis? Sobre eles já vimos que não podem ser re-
generados, repostos ou reutilizados em uma escala que sustente a sua taxa de consumo.
Nessa sua caracterização que agora começamos a construir, é preciso ter em mente
que eles existem no planeta em quantidades finitas, ou são consumidos mais rapida-
mente do que a natureza pode ofertá-los, a exemplo dos combustíveis fósseis ou do urânio.
43
referido produto ou
tecnologia. Analisar a exploração do urânio e seus
impactos ambientais
Você deve estar se questionando: urânio? Não poderíamos discutir sobre a exploração
do ferro ou do alumínio que temos em grande quantidade e que causam graves impactos
ambientais, como a geração de resíduos tóxicos; a poluição dos rios ou o desmatamento
de florestas? Claro que sim, e sobre muitos outros recursos não renováveis. Entretanto, a
exploração e o uso do urânio são potencialmente muito mais perigosos para o Homem e a
natureza, e por essa razão sugiro usá-lo como exemplo em nosso estudo.
44 Com relação à quantidade nem se preocupe, pois estamos bem servidos. O Brasil pos-
sui uma das maiores reservas mundiais de urânio (mais de 300 mil toneladas), (SANTOS,
2008, p.7), e os estudos de prospecção foram realizados apenas em um quarto do territó-
rio nacional, essencialmente os Estados da Bahia, Minas Gerais e Ceará.
Antes de analisarmos seus impactos eu preciso lhe informar que na mineração ele é
manuseado em estado natural quando seu nível de radioatividade permanece abaixo dos
Radioatividade: limites permitidos para que não causem danos à saúde animal ou ao ambiente. Mesmo as-
propriedade de
sim, as populações das áreas de influência das operações de extração (das minas) denun-
determinados tipos
de elementos quí- ciam vazamentos de material radioativo, contaminação de recursos hídricos e incidência
micos radioativos
anormal de neoplasias (tumores).
emitirem radiações.
O urânio que sai de Caetité vai fazer uma longa viagem antes de chegar às usinas nu-
cleares. Sabe o roteiro que ele segue? Vou lhe contar, mas vamos saber primeiro em que
estado ele sai das minas.
Inicialmente ele é separado do seu minério, a uraninita, por via úmida. Depois de seco
se transforma num sal de cor amarela, e por isso conhecido como yellowcake (bolo amare-
lo). Esse pó é o primeiro produto do urânio que tem um grande potencial de causar impacto
45
ambiental negativo por seu relativo poder radioativo. Em seguida será beneficiado no Ca-
nadá e na Holanda para, finalmente, poder ser usado na produção de energia.
No início dos anos 1970 iniciou-se a instalação da usina nuclear de Chernobyl, um pe-
queno povoado agrícola, no norte da Ucrânia. A 18 quilômetros dali construiu-se a cidade
de Pripyat para abrigar seus trabalhadores. Em abril de 1986 o reator 4 da usina explodiu,
gerando uma nuvem radioativa que atingiu a união soviética (ainda era URSS), Europa
Oriental e Reino Unido. Foi o mais grave acidente nuclear civil da história. Observe na figura
09 a nuvem radioativa partindo de Chernobyl e começando a se espalhar nas direções de
Kiev e Minsk, na Bielorrússia.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
46
Com relação aos efeitos da radiação sobre a ecologia da região, os quais continuam por
lá, sem prazo para sair, os solos e as águas contêm partículas radioativas e os animais as
absorvem quando bebem a água contaminada e as acumulam em seus órgãos e ossos.
Mas, extraordinariamente, a flora se reproduz e as populações de animais crescem livre-
mente e aparentemente adaptando-se ao ambiente radioativo.
Se antes os animais que viviam na área de influência de Chernobyl (aves, lobos, linces e
outros) tinham a sua existência ameaçada pelos humanos (por conta da diminuição de seu
território com o desmatamento para a expansão da agricultura), hoje, livres de sua presen-
ça, aumentam suas populações e protegem suas ninhadas nas edificações abandonadas
de Pripyat (a cidade vizinha à usina), essas mesmas que você vê na imagem.
E você deve estar concluindo que para os animais, o Homem era um inimigo muito mais
perigoso do que é a radioatividade. Estou certo?
Creio que os soviéticos tenham feito um estudo de impacto ambiental para a instalação
daquela usina. E se assim o fizeram, será que não incluíram um Estudo de Análise de Ris-
co? Ou até mesmo um Plano de Gerenciamento de Risco? Não sei. Mas sei que logo em
seguida vamos discutir sobre esses tipos de avaliações.
Atividade 03
Que impactos ambientais negativos seriam produzidos por um derrame de
petróleo no mar? Cite três impactos ambientais com a instalação de uma
usina nuclear. Informe suas respostas no fórum.
Mídias
Saber um pouco mais sobre os impactos causados pelas hidrelétricas e
usinas nucleares ao redor do mundo, aumentaria ainda mais nosso conhe-
cimento, e por essa razão, sugiro a leitura do livro “Impactos de Grandes
Projetos Hidrelétricos e Nucleares: aspectos econômicos, tecnológicos, so-
ciais e ambientais” de Luiz Pinguelli, Lygia Sigaus e Otávio Mielnik. A obra
sintetiza os resultados de estudos sobre os impactos de grandes projetos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
energéticos.
Outra obra complementar e que lhe recomendo é “Economia Solar Global:
Estratégias para a Modernidade Ecológica” de Hermann Scheer. O livro
foca nas bases tecnológicas, ecológicas, sociais e políticas para uma eco-
nomia de baixo impacto ambiental.
Resumo
48 Neste estudo você desenvolveu a competência de Identificar as características dos re-
cursos naturais, aprendeu a conceituação de recursos renováveis e não renováveis, assim
como discutiu a tese do Professor John Tilton sobre recursos sustentáveis e não sustentá-
veis. Foi estimulante e você aumentou seus conhecimentos sobre os impactos ambientais
causados pela exploração do petróleo e do urânio.
Autoavaliacão
1. Escreva as letras P ou N nos parênteses de acordo com o impacto ambiental descrito,
se positivo ou negativo. Nas atividades de exploração do petróleo e do urânio podem
ocorrer os seguintes impactos ambientais:
( ) Geração de empregos;
( ) Contaminação radioativa.
2. Uma condição necessária para que um material seja um recurso natural é:
a) Que o material seja produzido num processo que utiliza trabalho, capital e tecnologia;
3. Escreva no parêntese a letra C para a afirmação certa e a letra E para a afirmação errada.
( ) A exploração dos recursos naturais não renováveis causam mais impactos ambientais
( ) A exploração dos recursos naturais não renováveis causam mais impactos ambientais
negativos do que positivos;
( ) Os recursos naturais não renováveis são consumidos mais rapidamente do que a na-
tureza pode ofertá-los.
b) A propagação da radioatividade;
5. Com a explosão de um reator nuclear o impacto ambiental imediato sobre o meio socio-
econômico é:
a) Evacuação da população;
Identificar os riscos
e perigos de impactos ambientais
Identificar os riscos
e perigos de impactos ambientais
Imagine que você entrará ainda hoje, numa indústria de beneficiamento de pescado
para fazer uma análise de risco de vazamento de amônia, trabalho este que eu considero
perigoso. Perigoso porque não é comum que nossas empresas monitorem regularmente
seus equipamentos. Vou lhe contar sobre um ocorrido em Nova Santa Rita, Porto Alegre, no
54
Atividade 01
Relacione dois outros exemplos de perigos e de situações de risco. Informe
no fórum, sobre o que encontro.
A classificação dos riscos
Vamos fazer uma classificação dos riscos para facilitar ainda mais essa nossa aborda-
gem sobre análise de risco. Se você procurar vai descobrir que são muitas as maneiras de
fazer essa classificação. Mas, eu e você podemos ficar com aquela que divide os riscos
ambientais em riscos naturais e riscos tecnológicos.
Os riscos naturais seriam os geológicos, biológicos e hídricos, por exemplo. Quero de-
cidir com você, dentro dessa classificação escolhida, que vamos nos ater aos riscos tec-
nológicos porque estão diretamente ligados à ação humana, a exemplo do vazamento de
substâncias químicas, da emissão de radiações, ou da liberação de agentes patogênicos.
55
E o que seria risco agudo? O risco de efeito imediato, por exemplo, o vazamento de
amônia de um sistema de refrigeração (veremos esse risco em detalhes mais adiante); ou
o vazamento de petróleo de um navio ou de um duto.
Um estudo desse tipo teria que ser abrangente a todas as atividades que tenham po-
tencialidade de causar impactos ambientais negativos significativos (atividades de risco)
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Em termos de análise de risco eu considero, e acredito que você também vai conside-
rar, que a definição dos Professores Omar Bitar e Ortega (1998), resume o que discutimos
até agora com relação a sua conceituação quando entendem que ela corresponde a uma
estimativa prévia da probabilidade de ocorrência de um acidente e a avaliação das suas
consequências sociais, econômicas e ambientais.
Claro que esses itens têm inúmeros desdobramentos que poderíamos até discuti-
-los. No entanto, eu acredito ser mais proveitoso e assimilável se estudarmos um caso
real dos riscos e perigos de uma atividade, por exemplo, que utiliza a refrigeração in-
dustrial por amônia.
Agora vamos começar. Imaginemos que tenha sido contratado para fazer uma Análise
de Risco numa empresa de beneficiamento de pescado que usa a refrigeração por amônia
para as suas câmaras frigoríficas. É apenas um treinamento, e eu vou estar ao seu lado.
Depois da visita à empresa instalada à margem de um rio da sua cidade, você iniciou a
caracterização das instalações e escreveu em seu relatório.
O salão de beneficiamento tem duas portas, uma para o trânsito dos empregados, es-
Mas, eu soube que antes de iniciar esse seu trabalho, você tinha estudado durante dias o
funcionamento desses sistemas de refrigeração, lido inúmeros trabalhos sobre a refrigeração
industrial por amônia (inclusive a Nota Técnica 03/04, 2005) e até visitado outras empresas
com instalações de refrigeração para consolidar seus conhecimentos sobre o assunto.
Caracterização da amônia
Evidentemente que você também pesquisou sobre a amônia, a substância responsável
pelo funcionamento do sistema. Descobriu suas características físicas e químicas, porém
lhe chamou mais a atenção o fato dela apresentar um potencial de risco de explosão e
incêndio; e ficou assustado ao saber que sua inalação podia causar problemas respirató-
rios, broncoespasmo, queimadura da mucosa nasal, faringe e laringe, edema pulmonar,
necrose dos tecidos e morte.
E agora fico aqui, estarrecido, olhando essa nuvem de compostos de amônia de uma
explosão na empresa Global Logística em Santa. É muito, muito assustadora.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Curiosidade
Não é raro acidentes com lançamento de amônia no meio ambiente. Em
novembro de 2003 ocorreu vazamento num frigorífico em Porto Ferreira,
São Carlos, SP; em agosto de 2010 o acidente foi numa agroindústria em
Morro Grande, SC; em janeiro de 2014, em Araraquara, SP; também em
janeiro de 2014 ocorreu um vazamento na indústria Master Boi, na zona
sul de Recife, PE.
Você concluiu que uma instalação de refrigeração por amônia precisa ser bem proje-
tada para reduzir ao máximo a possibilidade de vazamento; ter uma manutenção eficaz e
uma operação adequada. Para tanto elencou as seguintes providências para que fossem
incluídas num plano de prevenção de acidentes:
• Com relação às instalações: a casa de máquinas deve ser instalada ao nível do solo,
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
com sistema de ventilação, pé-direito de no mínimo quatro metros, e com duas saídas
de emergência.
• Com relação aos equipamentos e materiais: todos os equipamentos devem ser dimen-
sionados e testados antes de sua instalação; compressores, condensadores, evapora-
dores e bombas devem ser equipados com válvulas de alívio de pressão; aquisição de
compressores de baixa pressão; e tubulações que não contenham zinco ou cobre.
De posse de todos esses dados, nesse nosso exercício, você conseguiu elaborar uma
avaliação técnica de riscos da empresa. Parabéns! Fez um bom trabalho. Só espero que o
empreendedor tenha aceitado sua análise de risco e implantado o seu plano de prevenção.
Porque se não a levou em consideração...
Atividade 02
Quais os objetivos de uma análise de risco? Quais as variáveis básicas
constituintes de uma análise de risco? Quais as lições aprendidas com o
vazamento da amônia? Explique suas conclusões no fórum.
Vamos conhecer um caso real?
Infelizmente, no caso acima não houve análise de risco e muito menos a implantação
de um plano de prevenção.
Mídias
Um livro interessante para complementar essas nossas informações sobre
análise de risco é o que trata de “Gestão e Avaliação de Risco em Saúde
Ambiental” de Ogenis Magno e Luiz Querino. Nele é mostrado como se
pode adaptar propostas de risco para a realidade brasileira e se discute a
gestão ambiental informada pela avaliação de risco.
Resumo
Identificar os Riscos e Perigos de Impactos Ambientais agora vai ficar fácil e simples!
Você aprendeu a diferença entre perigo e risco e classificou esses riscos em naturais e
tecnológicos; ainda os subclassificou em crônicos e agudos e aprendeu a elaborar uma
relação com medidas preventivas. Mas, ao final parece que a empresa a qual você prestou
esse serviço de avaliação e análise desprezou suas considerações. Em consequência, hou-
ve uma explosão com o vazamento de amônia.
Autoavaliação
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
62
2. A descrição das instalações de um empreendimento; a identificação dos possíveis peri-
gos e riscos; a elaboração de medidas preventivas; e um plano de ações para situações
emergenciais são necessidades para:
( ) Realizar um EIA/RIMA;
a) Químicos e radioativos;
b) Patogênicos e físicos;
c) Naturais e tecnológicos;
d) Explosivos e contaminantes.
4. Os riscos tecnológicos são classificados em crônicos e agudos. De acordo com essa clas-
sificação, a explosão numa plataforma de petróleo seria um risco caracterizado como:
a) Crônico;
b) Físico;
c) Industrial;
d) Agudo.
63
Competência
04
Aplicar RCA, PCA, PRAD
e EIA/RIMA
Aplicar RCA, PCA, PRAD
e EIA/RIMA
Uma salina solar localizada no litoral norte do Estado do Ceará desmatou algumas dezenas
de hectares de manguezal para construir evaporadores, com o objetivo de aumentar sua área
de produção de sal. O manguezal é uma Área de Proteção Permanente (APP), e até por essa
razão legal, não pode ser destruído. Em acordo com o órgão licenciador, o empreendedor assu-
A equipe responsável pela execução do PRAD estudou a ecologia das espécies que
seriam replantadas: reprodução, distribuição de sementes, estabelecimento de plântulas
recrutamento natural do mangue. Em seguida construiu uma casa de produção de mudas
e elaborou um plano de inundação da área. Transportaram e plantaram as espécies no
local. Em poucos anos a área estava com uma cobertura de árvores de mangue.
67
Nós vamos fazer um acordo agora. Desses instrumentos de caráter ambiental a que nos
referimos, escolheremos o EIA para ser nosso exemplo de caso, embora não deixemos de
também conceituar e aprender sobre as aplicações do RCA, PCA e o PRAD.
O conceito de RCA
Saiba que, se o órgão licenciador receber um requerimento de Licença Prévia e dis-
pensar o EIA para um determinado projeto, poderá pedir que se faça um RCA. Até porque
é uma exigência imposta pela Resolução CONAMA 010/90.
Curiosidade
Em seu artigo 4º a Resolução Conama 010/90 determina a licença prévia
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
O conceito de PCA
E o Plano de Controle Ambiental (PCA)? Ele é um estudo que identifica impactos
ambientais gerados por empreendimentos de pequeno e médio porte e propõe medi-
das mitigadoras para minimizá-los, ou ainda medidas compensatórias. Sempre avaliado
Mitigadoras: tornar durante a fase de análise da Licença de Instalação, conforme preconiza o Artigo 5º da
mais brando, mais
Resolução Conama 10/90, o PCA é um importante instrumento de subsídio no processo
suave, menos
intenso. do licenciamento ambiental.
O conceito do PRAD
Com relação ao Plano de Recuperação de Áreas Degradas (PRAD) temos que observar
alguns aspectos técnicos e legais com relação à sua finalidade.
Se precisamos conceituar degradação, então vamos usar a definição dada pelo De-
creto Federal nº 97.632, de 10 de abril de 1989, em seu artigo 2º, que a considera
Como sua própria terminologia do Plano explicita, esse estudo refere-se à recomposição
de áreas que foram deterioradas por ações humanas, porém esse Decreto foi específico
para atividades de mineração (leia o seu Artigo 1º), a exemplo dessa exploração de minério
de ferro mostrada na figura 17.
69
Atividade 01
De quais características dependem o grau de complexidade dos estudos
de impactos ambientais? Conceitue RCA, PCA e PRAD. Qual dos estudos
ambientais de impactos apresenta maior grau de complexidade? Informe
suas respostas no fórum, em seu ambiente virtual.
70
Vamos nos concentrar num EIA com suas partes essenciais, mas com um conteúdo ge-
nérico, conforme as normas gerais definidas pela regulamentação. Como essa é a atividade
central do processo de avaliação de impacto ambiental, sem ela não poderíamos ir adiante.
Importante
O EIA, além de ser um instrumento constitucional da Política Ambiental, é
realmente imprescindível para o processo de avaliação ambiental.
De maneira bem objetiva, o EIA é esse instrumento que, por meio de uma equipe mul-
tidisciplinar, executa estudos técnicos e científicos com a finalidade de analisar as conse-
Uma fazenda de carcinicultura pode provocar diferentes impactos ambientais nos meios
físico, biológico e socioeconômico, mas, essencialmente, dois tipos de alterações ambien-
tais são mais significativos: a destruição vegetal com a consequente transferência da fauna
nativa; e a mudança na composição biofisicoquímica da água do corpo receptor com a
drenagem das águas efluentes dos viveiros (impacto positivo ou negativo, dependendo do
tratamento que se dê às águas de seus efluentes).
As particularidades da implantação de um
parque eólico
Um parque eólico por sua vez (conjunto de aero geradores para produzir energia a partir
dos ventos) pode também provocar diferentes alterações ambientais, porém três delas são
de maior proporção: a supressão vegetal, com a consequente migração da fauna durante a
fase de construção (FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, 2013); e após sua instala-
72 ção, relativos impactos visuais e interferências eletromagnéticas (caso as turbinas estejam
instaladas entre receptores e transmissores), as quais afetam a qualidade das transmis-
sões das ondas de rádio, televisão, internet ou celular.
E tem mais uma situação que precisa ser adicionada: se o parque for instalado em rotas
de migrações de aves pode ocorrer choque dos bandos contra as pás dos aero geradores,
como mostra o flagrante da imagem.
Entendeu agora a razão pela qual você se obrigaria a adotar diferentes padrões de
avaliação ambiental? A sua avaliação vai depender do tipo do empreendimento, das ca-
racterísticas do ambiente e do potencial de seus impactos. Sei que você está ansioso para
chegar nesse estágio de avaliar os impactos do seu empreendimento. Não se preocupe,
pois antes, será preciso requerer uma licença para implantá-lo.
Curiosidade 73
De acordo com o art. 5º da Resolução CONAMA nº 312, de 10 de outubro
de 2002 “ficam sujeitos à exigência de apresentação de EIA/RIMA, tecnica-
mente justificado no processo de licenciamento, aqueles empreendimentos:
I - com área maior que 50 (cinquenta) hectares [...]” (BRASIL, 2002).
Você não perguntou, mas eu vou lhe informar para que não fiquem dúvidas pelo caminho:
a LP é uma espécie de consulta de viabilidade, em que o empreendedor da obra pergunta
ao órgão licenciador se é possível construí-la num determinado local. E o órgão, por sua vez,
fundamentado nas legislações ambientais vigentes responde sobre sua viabilidade legal.
A documentação básica exigida para esse tipo de licença, juntamente com o requeri-
mento, inclui certidões de ordem jurídica, mas também de um memorial descritivo da área
e uma descrição do empreendimento; e ainda de uma planta com um layout das constru-
ções e sua localização georreferenciada.
O requerimento das licenças de instalação e de
operação
Se deferida a solicitação, o segundo passo é requerer a licença de instalação. Neste mo-
mento o empreendedor apresentará o projeto físico e operacional da obra, com todos os seus
detalhes de engenharia. E somente com essa licença aprovada as obras estarão liberadas.
Finalizadas as obras, o órgão licenciador retorna ao local da instalação para nova visto-
ria, a fim de constatar se o empreendimento foi construído de acordo com o projeto apre-
sentado e licenciado, principalmente no que diz respeito ao atendimento das condições e
restrições ambientais. Se estiver tudo certo será expedida a licença de operação, e somen-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Este seria o fluxo comum dos trâmites para os empreendimentos que não deman-
dam um EIA. No caso que será visto aqui requer um EIA e o órgão irá elaborar um
termo de referência.
Sei que você já deve ter noções sobre um termo de referência. Porém, mesmo assim,
vamos relembrar seu objetivo que é o de determinar a abrangência, os procedimentos e os
critérios gerais para a elaboração de um EIA.
E tudo começou com uma visita da equipe técnica do órgão licenciador à área de
implantação do nosso empreendimento para conhecer suas características ambientais
e socioeconômicas. Em seguida, a equipe elaborou o documento que nos foi entregue
no qual estabelecia um referencial para que fizéssemos um levantamento e análise dos
constituintes ambientais nas áreas de influência do projeto. E esse TR seria a base para
a elaboração do EIA.
Atividade 02
Conceitue Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Que tipos de Licenças Am-
bientais são necessários para a aprovação da implantação de um empre-
endimento? Qual a finalidade de um Termo de Referência? Comente suas
respostas no fórum.
Mídias
Podemos saber mais sobre esse tema com a leitura do livro “Licenciamen-
to Ambiental: aspectos teóricos e práticos” de Talden Farias. Segundo o au-
tor, o licenciamento é tão importante que a instalação ou o funcionamento
de alguma atividade, sem a devida licença ambiental ou em desacordo
com a mesma, está sujeita ao enquadramento nas esferas administrativa,
cível e criminal, na medida da responsabilidade das partes envolvidas. É
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Resumo
76
Nessa competência você tornou-se capaz de aplicar o RCA, PCA, PRAD e EIA/RIMA.
Identificou as necessidades do requerimento para licenciamento ambiental, tomando
como exemplo um empreendimento de carcinicultura; e a caracterizar os estudos ambien-
tais EIA/RIMA, RCA, PCA e PRAD
Autoavaliação
1. Qual o conceito de Plano de Controle Ambiental (PCA).
c) É um estudo que se refere à recomposição de áreas que foram deterioradas por ações
humanas;
81
Antes de elaborar o EIA
Antes de nos dedicarmos inteiramente aos aspectos técnicos do EIA, eu e você preci-
samos conversar um pouquinho sobre a escolha da forma com a qual deveríamos elaborar esse
documento. Não eu e você de verdade, pois sua elaboração é realizada por uma equipe multidis-
ciplinar constituída de biólogos, geólogos, engenheiros, sociólogos, e outros profissionais se forem
necessários. Vamos dizer que apenas estaremos na coordenação e você será meu auxiliar.
Nós já sabemos que é com base num EIA que se decide sobre a viabilidade ambiental
de um empreendimento. Daí sua especial importância.
Eu vou lhe contar o que tenho constatado, através de observações e estudos, em al-
guns EIAs apresentados nos órgãos ambientais (e publicados na internet).
Elaboram extensas listas de espécies da fauna e da flora, porém não são estabelecidas
com clareza as funções desses levantamentos, os quais não raro, são inúteis; descrevem
exaustivamente a geologia regional, de cuja descrição não se aproveita nada para a avalia-
ção dos impactos do empreendimento; acumulam dados e mais dados estatísticos socioe-
conômicos, também sem muita valia para os objetivos dos EIAs. E todas essas informações
sem função apenas corroem a mobilização e o tempo utilizados.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
As informações não devem somente ser simplesmente reunidas. Elas têm que ser uti-
lizadas de modo efetivo na avaliação dos impactos ambientais que a implantação do em-
preendimento possa causar.
Por exemplo, se vamos fazer um inventário sobre a avifauna (fauna das aves) da área
na qual se implantará a nossa fazenda de criação de camarões, devemos querer saber que
82
espécies possuem habitat aquático. Por quê? Por duas razões: a primeira é para avaliar
se sua população será afetada com a instalação do empreendimento; e a segunda é se
essas espécies poderão ser predadoras ou competidoras de alimento do animal cultivado
(a exemplo da assembleia de garças Egretta thula) do cenário da imagem que se segue, a
ponto de diminuir a produtividade planejada. Portanto, o conhecimento desse levantamen-
to estará sendo efetivamente utilizado.
Na região semiárida do Vale do rio Açu, no Rio Grande do Norte, onde se localizará o
projeto de carcinicultura, o valor médio anual das temperaturas altas é de 28,2°C. Porém,
entre os meses de maio a agosto ela decresce, como se constata no gráfico da imagem.
Esse fato é importante para as análises ambientais, porque em temperaturas mais bai-
83
xas os camarões ficam mais suscetíveis às doenças, e se acende uma luz amarela para
que se acionem medidas atenuantes. Essa é uma relação concreta entre o ambiente e o
empreendimento. E os dados compilados neste caso não são inúteis.
Claro que a primeira atividade seria a identificação dos possíveis impactos ambientais,
e a segunda uma classificação desses impactos. O que poderia vir a seguir? Eu incluiria
também uma pesquisa sobre as condições do ambiente, com o seu reconhecimento a
partir de diversas fontes de informações. Vamos listar no quadro as fontes principais de
informações para um reconhecimento preliminar das áreas de influência.
Mapas topográficos
Fotografias aéreas
Fotografias de relevos/recursos hídricos
Imagens de satélite
Estudos ambientais anteriores
Bases de dados ambientais e socioeconômicos
Entrevistas com moradores e lideranças
Plantas do empreendimento
Pesquisa bibliográfica
Você não acha que essas primeiras atividades (realizadas por uma equipe de campo),
já nos permitiriam uma compreensão primária e temporária de eventuais consequências
pela implantação do projeto? Também acho. E tenho certeza de que esse conhecimento,
mesmo pequeno, sobre o ambiente do empreendimento, auxilia de forma inestimável no
desenvolvimento do EIA.
Vamos juntos relacioná-las e abrir uma discussão sobre elas, pois serão os pilares fun-
damentais do nosso EIA.
Você já viu e por isso vai notar uma semelhança entre as atividades básicas de um EIA
e as de uma análise de risco. Lembra-se que naquele momento elegemos como atividades
essenciais a descrição das instalações, a identificação dos perigos e riscos, as medidas
preventivas e o plano de ações? Pois bem, aqui vamos eleger os estudos de base, o diag-
nóstico ambiental, a identificação e previsão dos impactos ambientais, a avaliação desses
impactos e um plano de medidas mitigadoras.
Os estudos de base
Eu diria que os estudos de base são tão importantes para o EIA que se confundem com
o próprio EIA. Eles têm a fundamental função de fornecer as informações necessárias para
a estruturação da identificação, previsão e posterior avaliação dos impactos.
São esses estudos responsáveis pela coleta de amostras de material (solo, ar ou água)
para análises laboratoriais ou taxonômicas (classificação de animais e plantas), pela de-
terminação das metodologias empregadas e pela interpretação dos resultados dessas
análises. Esses resultados serão a matéria-prima do diagnóstico ambiental que vamos
desenvolver um pouco mais adiante.
Aliás, em seu trabalho conjunto com o Professor Peter Duinker (1983) sobre avaliação
de impacto ambiental, no Canadá, ele lamenta que poucos determinem quantitativamente
os parâmetros da situação pré-projeto para compará-los com a situação pós-projeto.
85
Atividade 01
Liste cinco atividades preliminares para a elaboração de um EIA. Qual a
função dos Estudos de Base em relação ao EIA? Comente no fórum.
Mas, antes quero reafirmar o princípio que norteará a elaboração do diagnóstico am-
biental: os estudos de base que serão realizados deverão abranger tão somente levanta-
mentos de parâmetros e processos, com seus interrelacionamentos, absolutamente ne-
cessários para um bom diagnóstico ambiental. Não faremos meramente uma compilação
de dados disponíveis
Sabemos que a literatura especializada está repleta de definições, e para nosso propó-
sito quero combinar com você que adotaremos aquela que considera diagnóstico ambien-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
tal, como a caracterização da qualidade ambiental atual das áreas de influência do em-
preendimento a ser implantado, alicerçada em conhecimentos técnicos e científicos que
fundamentem os estudos de identificação, previsão e avaliação dos impactos ambientais
nos meios físico, biótico, (biológico) e socioeconômico.
Essa etapa já foi concluída? Ótimo. Mesmo assim vamos fazer uma verificação: Identifi-
cação do empreendedor, do empreendimento e da empresa responsável pela elaboração
do EIA; localização, objetivos e caracterização técnica do empreendimento; planta planial-
timétrica; layout e descrição de operacionalização do empreendimento; e o processo tec-
nológico de produção. Tudo certo? Essas informações já estão com você?
Pois bem, para o nosso projeto foram determinadas três áreas de influência, todas elas
prováveis de serem afetadas direta ou indiretamente pelos impactos decorrentes do em-
preendimento:
• Área Diretamente Afetada (ADA), na qual serão realizadas as construções;
• Área de Influência Direta (AID), localizada nas vizinhanças da ADA, e que apresentam
riscos de impactos diretos; e
• Área de Influência Indireta (AII), que está além da AID, mas potencialmente ameaçada
pelos impactos indiretos da implantação e operação do empreendimento.
Observe esse diagrama da imagem. Ele mostra a propagação da influência dos prová-
veis impactos ambientais decorrentes da implantação do empreendimento a partir da ADA.
A área correspondente em cor amarela ocre é a das construções, e representa a ADA; o cír-
culo que a envolve, colorido de róseo, representa a AID; e o círculo em verde mais distante
ainda da ADA representa a AII.
88
89
Mídias
Para complementar essas informações introdutórias sobre as atividades
técnicas do EIA sugiro que leia o trabalho “O estudo de impacto ambiental
na realidade brasileira” do Ministério Público do Estado do Rio Grande do
Sul. Acesse o link: <http://www.mprs.mp.br/ambiente/doutrina/id21.htm>.
Com relação aos conceitos básicos de diagnóstico ambiental veio em boa
hora o livro dos técnicos Galdino, S; Vieira, L.M. e Pellegrim, L.A. “Impactos
ambientais e socioeconômicos na Bacia do Rio Taquari – Pantanal”. Eles
fazem um diagnóstico ambiental sobre a bacia do Rio Taquari enfocando
os problemas ambientais e socioeconômicos.
Internet
Você pode acessar o site: <http://www.alice.cnptia.embrapa.br/handle/
doc/811632> para obter mais informações.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Atividade 02
Conceitue Diagnóstico Ambiental. Conceitue e classifique os meios nos
quais se realizará o diagnóstico ambiental. Como se classificam as áreas
de influência de um projeto a ser implantado?
Resumo
90 Identificamos que as informações coletadas para a elaboração de um EIA devem ser
utilizadas de modo efetivo para a avaliação dos impactos ambientais; quais as atividades
preliminares e básicas necessárias à elaboração do EIA, e sobre a conceituação e caracte-
rização dos estudos de base, diagnóstico ambiental e das áreas de influência.
Autoavaliação
1. Os estudos de base, o diagnóstico ambiental, a identificação e previsão dos impactos
ambientais, a avaliação desses impactos e um plano de medidas mitigadoras são ativi-
dades de um EIA consideradas como:
a) Atividades preliminares;
b) Atividades básicas;
c) Essenciais;
a) Meio Biológico;
b) Meio Socioeconômico;
c) Meio Físico;
a) Diagnóstico ambiental;
91
4. A área de influência na qual serão realizadas as construções corresponde à:
d) Estudos de base.
Competência
06 93
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio físico
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio físico
Quero que você saiba, primeiramente, que um diagnóstico ambiental bem elaborado,
fundamentado em amplo conhecimento sobre o ambiente, aumentará a capacidade de
previsão de impactos negativos. Por outro lado, se houver desconhecimento sobre esse
mesmo ambiente, aumentará a capacidade de cometer erros irreversíveis. Mas, nada
como uma historinha para servir de exemplo.
O estudo concluiu que o estuário, com sua dinâmica, diluiria e dispersaria as concentra-
ções de matéria orgânica lançadas por ela sem causar qualquer impacto ambiental. No en-
tanto, tudo indica que o principal órgão de defesa do meio ambiente do Estado não tomou
conhecimento desse diagnóstico, pois culpou a matéria orgânica contida num efluente de 95
aquicultura como causadora do impacto ambiental que promoveu uma mortandade de
peixes, naquele estuário.
A ironia nessa história é que a concentração de matéria orgânica nesse efluente era
centenas de vezes menor, que aquelas dos efluentes da empresa de esgotos.
O trabalho se iniciou. E nós vamos acompanhar esses estudos primeiramente por aque-
les realizados no meio físico.
Você que acompanhou mais de perto esse trabalho da equipe, certamente participou
também das discussões sobre a real necessidade de cada um dos parâmetros pesquisados.
Importante
Não raro, para a elaboração de estudos de impactos ambientais, são pre-
paradas extensas listas de espécies da fauna e da flora. Porém não são
estabelecidas com clareza as funções desses levantamentos, e em ra-
zão desse fato tornam-se inúteis; descrevem exaustivamente a geolo-
gia regional, de cuja descrição não se aproveita nada para a avaliação
dos impactos do empreendimento; acumulam dados e mais dados es-
tatísticos socioeconômicos, também sem muita valia para os objetivos
dos EIAs. E todas essas informações, sem função, apenas corroem a
mobilização e o tempo utilizados.
Observe o gráfico, entre março e maio ocorre a maior intensidade de chuvas no ano.
97
Portanto, essas informações são de muita utilidade.
Monitoramento da temperatura do ar
Aqui estão os dados coletados sobre a temperatura do ar na região. Aliás, quando con-
versamos sobre as atividades técnicas do EIA, já fizemos referência sobre a necessidade
de compreender as relações que devem existir entre o meio ambiente e o projeto a ser
instalado. Até exemplificamos com o parâmetro da temperatura. Lembra? Agora, estamos
novamente com esses dados nas mãos. E eles nos dizem que nos meses de maio a agosto
acontecem as temperaturas mais baixas do ano na região.
Veja você a importância do conhecimento desse fato para a avaliação de seu impacto
sobre a atividade. Com a queda da temperatura, os camarões ficam mais suscetíveis às
doenças. De posse desse conhecimento pode-se planejar para esses períodos medidas
mitigadoras. Essa é uma relação concreta entre o ambiente e o empreendimento.
99
Mas, o que eu gostaria mesmo é que você encontrasse aí os resultados dos testes de
permeabilidade. Por que estou interessado?
Com o resultado dessas análises nós teremos uma radiografia da qualidade ambiental
das águas dos rios atualmente. Qual a importância de saber agora como anda a saúde dos
rios? Ora, você deve recordar que caracterizamos estudos de base, e nos reportamos ao
Professor Beanlands (1993) que já mostrava a necessidade de comparar os componentes
ambientais antes e depois da implantação de um empreendimento.
Vou lhe dar um exemplo. De acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, o valor limite
aceitável determinado para a concentração de fósforo total em mg/L em águas salobras
classe 1 é de 0,124. Você pode ver aí nos laudos, que a análise realizada pela equipe en-
Mídias
Para ampliar a visão desses nossos estudos será proveitosa a leitura do livro
“Diagnóstico do meio físico de bacias hidrográficas: modelo e aplicações” de
Ângela da Veiga Beltrame.
Atividade 01
Faça um estudo sobre a Resolução CONAMA Nº 357/2005 que dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o
seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, com ênfase nas águas salobras e os valores li-
mites dos parâmetros ambientais. Compartilhe suas impressões em nosso
fórum, no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Resumo
Você já é capaz de realizar um diagnóstico ambiental do meio físico! Aprendeu como
se determina o diagnóstico ambiental do meio físico da área de implantação; como se re-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Autoavaliação
1. Para uma caracterização do meio físico, objetivando a realização do diagnóstico am-
biental da área de implantação de um empreendimento de aquicultura são realizados
os seguintes estudos ambientais essenciais.
3. A erosão nos paredões dos viveiros e nos canais de abastecimento e drenagem da fa-
zenda pode ocorrer em função:
a) Da qualidade da água;
d) De altas temperaturas.
5. Os rios que sofrem influência direta da implantação do projeto terão que ser sistemati-
camente monitorados em relação aos parâmetros ambientais. As análises necessárias
para esse acompanhamento serão de natureza: 103
a) Socioeconômicas;
b) Físicas;
c) Biológicas e fisicoquímicas;
d) Fluviais.
Competência
07 105
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio biótico
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio biótico
Quando criança eu era dono de um rio de água salgada em cujas margens existia
uma floresta, que também era salgada e chamavam de manguezal. Eu conhecia cada
árvore e cada habitante daquela floresta. E gostava tanto dali que ao crescer fui ser
biólogo, só para retornar.
Por exemplo, as folhas das árvores de mangue liberam uma cera que as recobrem
protegendo-as contra ataques de organismos nocivos. Mas, um dia elas amadurecem e
caem na água ficando submersas por um tempo. E então filhotes de crustáceos chegam
e ingerem as pequenas partículas de cera, as quais no trato digestivo se transformam
em substâncias necessárias para o seu crescimento. As folhas que ficaram sem proteção, 107
são atacadas por bactérias e outros microorganismos, formando sobre elas uma película
de muco, uma fonte muito rica de proteínas para aqueles filhotes já mais crescidinhos.
Porém, os filhotes quando se tornam juvenis perdem a capacidade de metabolizar a cera
das folhas recém-caídas e o muco das folhas amadurecidas. Agora, na sua nova dieta, eles
consomem as folhas já bem mais velhas, livres de cera e de muco que trituradas e digeri-
das são eliminadas como detritos. E esses detritos serão decompostos em nutrientes que
irão nutrir as árvores de mangue que agradecerão o manjar, jogando novas folhas na água.
O que achou da história? Gostou? Pois é, acabei de lhe apresentar uma das biocenoses
(inter-relação entre fauna, flora e ambiente) do rio e da floresta salgada.
Ecossistema:
conforme solicitado no termo de referência. Vamos ver como eles conseguiram os resulta-
dos desses seus estudos?
Pode-se observar nos relatórios que em relação à flora realizaram-se vários estudos,
a exemplo da busca por espécies raras ou em extinção e um mapeamento da densidade
vegetal. Gostaria, no entanto, centrar a atenção na identificação das espécies presentes
tanto na Área Diretamente Afetada (ADA) quanto nas Áreas de Influência Direta (AID) e de
Influência Indireta (AII).
Para a realização do levantamento florístico constatamos aqui, que além das pesqui-
sas em campo, foram levantados dados secundários obtidos na literatura especializada,
tais como mapas gráficos, imagens, livros, entre outros. A partir dessas informações,
108 extraídas principalmente de trabalhos regionais de pesquisa definiu-se uma estratégia
para o diagnóstico.
De acordo com esses registros em nossas mãos, não foram identificadas espécies raras
ou ameaçadas de extinção. Aliás, já vimos, naquele momento em que conversamos sobre
a caracterização da Área Diretamente Afetada (ADA), que ela era quase desprovida de ve-
getação, com exceção de uns poucos espécimes de algarobeira (Prosopis juliflora), como
mostra o cenário típico do semiárido na área exibido em toda sua aridez na imagem.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Figura 29 – Aspecto da cobertura vegetal da área na qual
se instalará o empreendimento
Fonte: autoria própria (2013).
Mas, como o rio dos Cavalos está dentro da ADA, algumas outras espécies conseguem
se desenvolver às margens daquele recurso hídrico. As espécies foram identificadas, re-
lacionadas e registradas como mostra este quadro, e classificadas em suas famílias e
nomes vulgares.
Você entendeu bem esses primeiros passos dados em direção ao diagnóstico ambien-
tal da área, correto? Mas, eu lhe perguntaria agora se algumas dessas plantas cataloga-
das teriam importância ecológica para o empreendimento a ser implantado. Teria sim! Por
exemplo, o pirrixiu, a Iresin portulacoides. Você deve conhecer essa planta. Olha a imagem
dela propagando-se na margem do rio que corta a ADA.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Figura 30 – Pirrixiu
Fonte: autoria própria (2013).
Ela é muito comum nos litorais, principalmente por ser halófita, isto é, tolerante à sa-
linidade. É uma importante qualidade adaptativa. E essa qualidade somada à fácil pro-
pagação por meio de suas sementes e até pela fragmentação de seu caule (MOREIRA;
BRAGANÇA, 2011), faz dela uma excelente matéria-prima para um enroscamento natural
das paredes dos viveiros e dos canais da fazenda. Entendeu? O pirrixiu mitigará eventuais
erosões evitando turbidez nas águas drenadas.
E com relação ao levantamento florístico das áreas de influência direta e indireta? Utili-
110 zou-se a mesma metodologia aplicada à ADA. No entanto, os resultados são sempre mais
expressivos porque as espécies vegetais são mais diversificadas pelas grandes extensões
e características das áreas delimitadas.
Atividade 01
Faça uma pesquisa sobre a nidificação e a dessedentação. Quais métodos
devem ser utilizados para a realização de um levantamento florístico?
Além das observações visuais, usaram armadilhas para a captura de répteis, formigas,
besouros e até pequenos mamíferos. Eram armadilhas simples feitas com baldes enterra-
dos no solo, com substâncias conservantes e iscas, como mostra esse desenho esquemá-
111
tico na imagem.
É verdade. São simples mesmo. Foram adaptadas das que os professores Cechin e Mar-
tins (2000), utilizaram para mostrar a eficiência dessas armadilhas na captura de anfíbios
e répteis em sua pesquisa.
Mas, para seu conhecimento, eu posso acrescentar mais um método de captura de in-
setos. Quando se deseja saber quais espécies habitam uma árvore, por exemplo, pode-se
pulverizá-la com piritróides, um veneno que não afeta os vegetais. Utiliza-se um lençol sob
a árvore para a coleta dos insetos que caem.
112
ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME VULGAR
Quadro 4 – Diversidade da avifauna que pôde ser constatada na ADA em estudo, e contempla a Ordem,
Família, Espécie e Nome Vulgar dos espécimes encontrados.
Fonte: autoria própria (2013).
Quadro 5 – Diversidade da herptofauna que pôde ser constatada nas AID e AII em estudo, e contempla a Ordem, Família,
Espécie e Nome Vulgar dos espécimes encontrados.
Fonte: autoria própria (2013).
Ordem Espécie Nome Vulgar
OK. As abelhas também são atores muito importantes no processo de polinização com
suas visitas florais. Elas necessitam das flores para obter recursos alimentares para si e
para suas crias, na forma de pólen, néctar e até óleo; e as flores delas necessitam para
sua reprodução.
113
O diagnóstico da fauna aquática nas áreas de
influência
Vamos ver agora os resultados do diagnóstico da fauna aquática. Ela foi pesquisada no
rio Açu, no seu estuário e no rio dos Cavalos, localizados no Rio Grande do Norte, pois são
os cursos de água significativos nas áreas de influência do empreendimento.
Você vai constatar que da mesma forma que a equipe diagnosticou os componentes
da fauna terrestre, ela repetiu a mesma dose para a fauna aquática: as espécies foram
classificadas e caracterizadas com seu fenótipo e seus hábitos ecológicos diante do seu
meio ambiente.
As espécies foram identificadas com suas famílias e nomes vulgares. No quadro que
segue estão relacionados exemplos das espécies aquáticas encontradas e catalogadas.
Família Espécie - Peixes Nome Vulgar
Quadro 7 – Exemplos da diversidade da fauna aquática das Áreas de Influências Direta (AID) e Indireta (AII), e contempla
Família, Espécie e nome vulgar dos espécimes encontrados no rio Açu, em seu estuário e no rio dos Cavalos
Fonte: autoria própria (2013).
Curiosidade
O termo biocenose (do grego bios, vida, e koinos, comum, público) foi criado
pelo zoólogo alemão Karl August Mobius, (1887), para ressaltar a relação de
vida em comum dos seres que habitam determinada região quando escre-
115
A biocenose entre as espécies do ambiente
terrestre
Vamos fixar bem esse tópico com uns exemplos que demonstrem o inter-relacionamen-
to entre ambiente, flora e fauna. Você pode escolher.
Mas, afinal, o que são espécies indicadoras? São aquelas capazes de fornecer infor-
mações sobre os ambientes que ocupam. Desde dados sobre as condições ambientais
até mudanças causadas por alteração de habitats destruição, contaminação, reabilita-
ção, sucessão de vegetação, degradação de solos e ecossistemas, como bem definiu Habitats: ambiente
Curiosidade
Formada a partir do metabolismo do diflubenzuron nos organismos aquáti-
cos, a substância p-cloroanilina (PCA) é um metabólito potencialmente can-
cerígeno e mutagênico para os seres humanos. A pesquisa da tecnóloga
Darlene Dantzger (2013) demonstrou que a aplicação do diflubenzuron na
atividade de piscicultura pode gerar esta substância na água. O PCA tem
118 maior potencial tóxico do que o diflubenzuron. O peixe torna-se um indicador
biológico no momento em que reage à agressão ambiental.
Atividade 02
Faça uma pesquisa e encontre inúmeras espécies bioindicadores, além das
representadas neste diagnóstico. Apresente sua pesquisa no fórum.
Internet
Para complementar essas informações introdutórias sobre as atividades
técnicas do EIA sugiro que leia o trabalho “O Estudo de Impacto Ambiental
na Realidade Brasileira”, do ministério público do Estado do Rio Grande
do Sul. Acesse: <http://www.mprs.mp.br/ambiente/doutrina/id21.htm>.]
Resumo
Neste estudo você se tornou capaz de diagnosticar ecossistemas terrestres com sua
flora e fauna das áreas de influência do empreendimento utilizando métodos de captura
e identificação dos seus componentes. E agora sabe como caracterizar a biocenose das
Autoavaliação
1. No diagnóstico ambiental do meio terrestre verificou-se que a fauna se compõe dos gru-
pos zoológicos vertebrados e invertebrados: as aves constituem o grupo denominado:
a) Herptofauna;
b) Entomofauna;
c) Avifauna;
119
d) Mastofauna.
a) Da flora carnívora;
b) Da microbiota estuarina;
d) Da cobertura vegetal.
b) Acumuladoras;
c) Detectoras;
d) Sensíveis.
Competência
08 121
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio socioeconômico
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio socioeconômico
Você já sabe conceituar o meio socioeconômico, o qual se constitui também do uso e
ocupação do solo, dos usos da água, dos sítios e monumentos arqueológicos, históricos e
culturais da comunidade. Pois bem, com relação às pesquisas arqueológicas constata-se
que elas vêm aumentando nos últimos anos graças à fiscalização mais intensa do IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) sobre os EIAS elaborados; sobre,
Mas, a lei não impede a continuidade das obras de construção de uma rodovia ou
represa, ou qualquer empreendimento detentor de sítios arqueológicos. Apenas procura
diminuir o dano. Eu vou lhe contar sobre um fato relacionado, que ocorreu em Rondônia.
123
Atividade 01
Pesquise na Internet sobre Material lítico e socialize os resultados da sua
pesquisa no fórum do AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem.
O primeiro nome da localidade foi Poço da Lavagem e mais tarde Santa Luzia, por oca-
124 sião da construção da primeira capela dedicada a esta Santa que passou a ser a padroeira
do município. Em 1938 foi elevado à condição de distrito pertencente ao município de Açú;
e em 30 de dezembro de 1943, o distrito de Santa Rita passou a se denominar Carnau-
bais inspirado na abundância de carnaubeiras da região. E, a partir de 18 de setembro de
1963, ganhou sua emancipação política, através da Lei 2.927.
Importante
Quando você estiver realizando outros diagnósticos é importante que
adapte todo o conhecimento que está adquirindo em nossos estudos,
para a situação da localidade a qual se deparará.
CATEGORIA QUANTIDADE
Biblioteca 1
A população de Carnaubais tem seus momentos de lazer e os utiliza com as mais diver-
sas formas. No ginásio poliesportivo são realizadas as mais diversas atividades: competi-
ções de vôlei, basquete, futsal. Ao lado do Ginásio foi construído um campo de futebol de
areia como mostra a foto. 125
A população também se diverte em shows realizados pela prefeitura e empresas priva-
das. Apesar desses resultados, a equipe constatou que os equipamentos esportivos exis-
tentes como instrumentos de sociabilidade e lazer da comunidade são insatisfatórios, pois
uma parcela significativa dos moradores não tem acesso às práticas lúdicas e recreativas.
As atividades culturais se resumem aos eventos comemorativos programados e que fazem
parte do calendário festivo do município.
Aqui estão os resultados das análises da composição da população, tanto rural quanto
urbana e por faixa etária e sexo; da densidade demográfica e do grau de urbanização; da
evolução populacional; da quantificação e qualificação da população economicamente ati-
va; e dos seus movimentos migratórios.
Veja que cada aspecto foi comentado e apresentado em quadro ou graficamente. Pegue-
mos o exemplo da dinâmica populacional. Os resultados da pesquisa demográfica mostram
que sua população passou de 8.192 em 2000 para 9.762 habitantes em 2010, um cres-
cimento anual de 1,77%. E que nas últimas duas décadas, a taxa de urbanização cresceu
83,35%, conforme revelam os dados estatísticos constantes no Atlas do Desenvolvimento
Humano do Brasil (2013) divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-
mento (PNUD) e que estão registrados e mostrados aqui.
É por essa razão que esse diagnóstico se torna tão importante para a avaliação dos
impactos ambientais. Ficou claro agora?
Mídias
Para ampliar o conhecimento sobre o diagnóstico socioeconômico uma pro-
veitosa leitura seria o livro da professora Maria Inês G. Graciano “Estudo so-
cioeconômico: um instrumento técnico-operativo”. Nessa obra ela identifica
os indicadores sociais constitutivos do estudo socioeconômico e aproxima a
realidade social de usuários das políticas públicas.
Autoavaliação 129
1. O diagnóstico ambiental que contempla as condições habitacionais, a rede de ensino e
de saúde e o saneamento básico do município refere-se aos aspectos:
a) Arqueológicos;
b) De infraestrutura;
c) Históricos;
d) Culturais.
a) Sociais;
b) De infraestrutura;
c) Históricos;
d) Culturais.
3. As análises da composição populacional, tanto rural quanto urbana, do município sob
influência do empreendimento, por faixa etária e sexo; da densidade demográfica e
do grau de urbanização; da evolução populacional; da quantificação e qualificação da
população economicamente ativa; foram aspectos estudados no meio socioeconômico
que serviram para:
b) Da dinâmica de população;
d) Da taxa de urbanização.
130
a) Negativo;
b) Positivo;
c) Sem efeito;
Realizar prognósticos
dos impactos ambientais
Realizar prognósticos
dos impactos ambientais
Sorria, nós também temos histórias de impactos ambientais com final muito feliz.
Você sabe que a camada do gás ozônio (O3) em torno da Terra protege a vida absorvendo
significativa quantidade da radiação ultravioleta que nos chega do sol. Em meio a esse
ozônio infiltravam-se substâncias artificiais que usávamos nas indústrias de refrigeração,
de ar condicionado, de aerossóis, de espuma, dentre outras. Eram os clorofluorcarbo-
Após a descoberta dos malefícios desse indicador decidimos aboli-lo de nosso cotidiano e
de nossa atmosfera. A batalha foi longa e difícil. Em 1999 o consumo anual de CFC no Brasil
foi de 12 mil toneladas, potencial de destruição de ozônio (PDO) e em 2010 não houve mais
estatística de consumo. O CFC havia sido erradicado. Portanto, essa é uma conquista nossa.
133
Atividade 01
Pesquise na internet sobre a importância de se identificar prováveis impac-
tos ambientais na implantação de um empreendimento.
Lembre-se que conhecemos os resultados do diagnóstico ambiental dos meios físico,
biótico e socioeconômico das áreas de influência. Porém, você há de convir que para iden-
tificar os impactos que nascem dessa interação entre o empreendimento e o ambiente,
será necessária uma compreensão absoluta das atividades de planejamento, instalação e
operacionalização do próprio empreendimento.
Realmente podemos aceitar que o ciclo de vida de nosso projeto se componha das
fases de planejamento, instalação e operacionalização, embora pudéssemos acrescentar
ainda a fase de desativação, caso um dia esse fato viesse a ocorrer. Entretanto, a equipe
trabalhou com as três etapas mencionadas.
Vamos então fazer um checklist (uma checagem) dos impactos considerados pela equi-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
pe nas três fases do ciclo. Antes, você quer conhecer melhor as ações desenvolvidas em
cada fase? Então vamos lá!
A captação da água para o abastecimento da fazenda ocorre no rio Açu e será bombe-
ada para o canal de abastecimento que a distribui aos viveiros. Estes serão tratados com
fertilizantes e povoados com filhotes de camarões (pós-larvas). Após um cultivo de quatro
meses atingem o tamanho comercial e são despescados. As águas drenadas dos viveiros
durante este processo irão para uma bacia de sedimentação e posteriormente descarta-
das no rio dos Cavalos.
135
Geração de novos
X X X
empregos
Com o movimento de
Geração de poeira e caminhões e máquinas
X
ruídos escavadeiras originam-se
poeira e ruídos.
Fase (I) de Fase (II) de Fase (III) de
Impactos Observações
Planejamento Instalação Operacionalização
Neste nosso caso a
Modificação paisagem desértica será
paisagística X X substituída por viveiros
com espelho d’agua de
dezenas de hectares.
Exploração de jazidas de
Alteração piçarro para contrução
X X
geomorfológica dos diques.
O ecossistema da
Substituição de caatinga na área do
ecossistema vigente X projeto será substituido
por uma planta de
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
por um de cultivo
carcinicultura.
Eutrofização do X
corpo receptor
Capacitação de
mão-de-Obra não X
especializada
Por exemplo, para a transposição do rio São Francisco você identificaria impactos tais
como, a ruptura de relações sociocomunitárias; especulação imobiliária nas várzeas irri-
gáveis; perda de terras agricultáveis; abastecimento de água das populações rurais; risco
da redução da biodiversidade aquática nas bacias receptoras; risco de eutrofização dos
137
Atividade 02
Pesquise sobre os impactos ambientais originados de um projeto rodoviário
e outro de mineração.
Aliás, você conhece bem os indicadores. Nós os estudamos quando analisamos as es-
pécies indicadoras de qualidade ambiental. Agora, eles serão as nossas ferramentas para
trabalharmos com as previsões; pois, são parâmetros que fornecem uma medida da mag-
nitude de um impacto ambiental, como bem definiu Munn (1975).
Importante
138 A Norma ISO 14.031/2004 trata da Avaliação do Desempenho Ambien-
tal, e recomenda que se utilizem três tipos de indicadores: os de desem-
penho gerencial, que informam sobre desempenho administrativo; os de
desempenho organizacional, que se referem a emissões de poluentes e
consumo de recursos; e os indicadores de condições ambientais sobre a
qualidade do meio ambiente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
NICAS, 2004). Os dois últimos são os mais importantes para a avaliação
dos impactos ambientais.
139
Esse poluente poderia ser o rejeito da bauxita (sobre a qual nos referimos na com-
petência 1). Vamos conhecer a bauxita, então. Ela é um mineral do qual se extrai o alu-
mínio, uma mistura de óxidos do próprio alumínio, mas também de ferro, titânio, dentre
outros. Ao final do processo da separação do alumínio sobra uma lama vermelha, um
resíduo insolúvel.
Em Oriximiná, no Estado do Pará, esse rejeito foi descartado no fundo do lago Bata-
ta, às margens do rio Trombetas. Quanto mais o rejeito mortal da bauxita se acumulava
em seu leito, mais se alterava a disponibilidade dos nutrientes no lago (caso tivessem
monitorado esses indicadores, certamente teriam previsto o impacto que se avizinhava);
e mais se reduzia a densidade de seu plâncton e de sua fauna aquática; os peixes mor-
reram por anoxia (falta de oxigênio), mas ninguém observou a queda de suas concen-
trações, ninguém monitorou aquele indicador ambiental e centenas de famílias ficaram
sem o sustento. E as águas do rio Batata tornaram-se vermelhas, da cor da bauxita, como
mostra o flagrante da imagem.
Figura 40 – Lago Batata, em Oriximiná, no Pará, vermelho de bauxita
Fonte: < http://static.panoramio.com/photos/large/19470358.jpg>. Acesso em: 19 ago. 2014.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Portanto, seu monitoramento pode indicar se algum fator (uma poluição química, por
exemplo) está promovendo alteração nas suas concentrações e consequentemente altera-
ção na qualidade da água.
Outros parâmetros ambientais também podem agir feito indicadores, tais como nitrogê-
nio amoniacal, pH, nitrito, cromo, cádmio, mercúrio. Aliás, o mercúrio, por exemplo, com o
qual já trabalhamos em impactos ambientais, pode ser um indicador de um futuro impacto
ao disponibilizar-se em peixes que serão consumidos pelo Homem.
Curiosidade
O mercúrio no ar ou no solo se armazena na sua forma metálica Hg e segun-
do os estudos de Jenson e Jernelov (1969) (em Almadén, na Espanha) e Ver-
don et al (1992) (em Quebec, no Canadá) se transforma em um composto
orgânico, o metilmercúrio (H3 Hg+) através de ação bacteriana. O princípio
ecológico para tal evento é que o mercúrio inorgânico é prejudicial às bac-
térias, as quais o eliminam transformando-o no mercúrio orgânico, inofen-
sivo para elas, mas prejudicial ao Homem. Ao se alimentar dos peixes que
contenham concentrações de metilmercúrio a partir de 0,5 mg/ Kg, ele se
intoxica (WHO, 1990).
Mídias
Já que tratamos sobre indicadores ambientais torna-se importante, para
ampliar o conhecimento, consultar os trabalhos técnicos compilados no livro
“Indicadores Ambientais: conceitos e aplicações” pelos técnicos Nelson B.
Maia, Henry Martos e Walter Barrela. Essa coletânea apresenta pesquisas
sobre os indicadores ambientais contemplando, dentre outros, os anéis de
crescimento das árvores, os modelos matemáticos de dispersão de poluen-
Resumo
Você tornou-se capaz de realizar prognósticos dos impactos ambientais, identificou as
ações das atividades do planejamento, instalação e operacionalização (fases) do empre-
endimento, assim como fazer a identificação dos seus impactos ambientais e prognósticos
deles. E, ao final, colheu os conhecimentos sobre os indicadores utilizados para sua previ-
são, através de exemplos encontrados nos meios físico, biótico e socioeconômico.
141
Autoavaliação
1. As ações de contratação de pessoal temporário, de serviços de topografia, de abertura
de vias de acesso, elaboração de projetos de engenharia e realização de análises de
parâmetros ambientais são inerentes à fase de:
a) Operacionalização;
b) Instalação;
c) Planejamento;
d) Desenvolvimento.
a) Instalação;
b) Planejamento;
c) Operacionalização;
a) Risco de eutrofização dos novos reservatórios, especulação imobiliária nas várzeas irri-
gáveis, ruptura de relações sociocomunitárias, aumento de emissão de poeira;
5. Para indicar se algum fator (uma poluição química, por exemplo) está promovendo al-
teração nas suas concentrações e consequentemente alteração na qualidade da água
será necessário executar um plano de:
a) Medidas mitigadoras;
b) Previsão de impactos;
c) Controle ambiental;
d) Análise de riscos.
Competência
10 143
Avaliar impactos
ambientais
Avaliar impactos
ambientais
Você sabia que cada um de nós produz anualmente cerca de meia tonelada de lixo? E
o que fazemos com ele? Duas coisas: coletá-lo e jogá-lo em um lixão para produzir mos-
cas, mosquitos, baratas e roedores, que transmitirão doenças.
E o que está faltando para concretizar essas ações? Duas atitudes: a vontade polí-
tica e a implementação de um programa efetivo de educação ambiental. Um programa
de ação permanente que demonstre a necessidade de mudar o comportamento, com
relação ao convívio com a natureza; que explique com simplicidade o significado daque-
las três ações do Professor Pereira Neto. Escolheremos uma das ações e vamos dar um
exemplo. O que é reciclagem de lixo?
145
Eram os anos de 1990. Eu estava embaixo de uma azeitoneira num remanescente de
Mata Atlântica. Formando um semicírculo à minha frente, sentados no chão, ou em tron-
cos de árvores caídas que serviam de bancos, cerca de quarenta crianças me ouviam.
Eram alunos de escolas públicas que ali estavam naquele Centro de Educação Ambien-
tal para aprender como lidar com o ambiente, sustentavelmente. O que vocês veem no
chão? Flores murchas, respondeu um deles. Folhas mortas, respondeu outro. Galhos
secos, respondeu outro. Azeitonas, respondeu mais outro. Este é o lixo desta árvore. Com
o tempo e o vento ele será misturado com a terra e vai se decompor; vai apodrecer e se
transformar em nutrientes, os alimentos da árvore, que voltarão através das raízes para
a própria azeitoneira. E ela continuará a crescer, a dar flores e azeitonas. E como se cha-
ma esse trabalho feito tão em silêncio por essa árvore? Todos responderam numa só voz:
reciclagem. E nunca mais esqueceriam a lição que a própria natureza estava lhes dando.
Para embasar mais ainda os nossos estudos sobre a AIA vamos fazer um breve re-
trospecto do seu desenvolvimento, com base na legislação ambiental e suas aplicações.
A Constituição Federal de 1988 incumbe o poder público, em seu Artigo 225 “exigir
na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade [...] estudo prévio de impacto am-
biental” (BRASIL, 1988). E o mais eficaz desses estudos seria o EIA/RIMA, o qual contém
a AIA que se destaca como a mais complexa etapa por ter a responsabilidade de carac-
terizar uma intrincada rede de aspectos de natureza variada, agindo simultaneamente,
como bem definiram Fogliatti, Filippo e Goudard, (2004).
• Resolução n. 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretri-
zes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e pa-
Atividade 01
Quais os objetivos das Resoluções CONAMA 001/1986; 312/2002 e 147
357/2005?
Mas, em relação ao método que utilizamos você pode visualizá-lo representado esque-
maticamente no organograma da imagem. Ele foi apresentado primordialmente na obra de
Oliveira e Medeiros (2007), citado anteriormente.
148
Você já aprendeu que a Resolução CONAMA Nº 001/86, em seu Artigo 6º, inciso II,
classificou os impactos com relação aos parâmetros em positivos e negativos (benéficos e
adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo, temporários e permanen-
tes; e de acordo com seu grau de reversibilidade [...] (BRASIL, 1986).
Para este EIA, com o qual estamos trabalhando, foram utilizados seis atributos e quinze
parâmetros que estão conceituados no próximo quadro.
Atributos e Conceitos Parâmetros e Conceitos
Quadro 11 – Conceitos dos atributos e parâmetros utilizados na avaliação dos impactos ambientais do projeto
Fonte: autoria própria (2014).
O método do checklist para a AIA
Definida a metodologia empregada para a avaliação dos impactos ambientais pela im-
plantação do nosso projeto, e em função do que aprendemos até agora, já podemos pas-
sar à sua aplicação e análise.
Mas, não vamos usar todas as matrizes das fases de planejamento, instalação e ope-
racionalização. Bastará para nosso entendimento, apenas exemplos das matrizes relativas
à fase de operacionalização para os meios físico e biológico. Eles são apresentados nos
dois próximos quadros, que visam apenas ilustrar como funciona a avaliação dos impactos
ambientais. Cada uma dessas matrizes de avaliação apresenta os diferentes impactos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Quadro 12 – Matriz de avaliação dos impactos ambientais no meio físico durante a fase de operacionalização
Fonte: autoria própria (2014).
Observe que nesta fase de operacionalização, referente ao meio físico (quadro 12) para
a ação de captação, drenagem e desenvolvimento dos cultivos, foram identificados cinco
impactos ambientais, dos quais três tinham o caráter negativo (-) de ordem direta (D) e
com natureza reversível ( ↑ ). Desses quatro impactos negativos, dois (erosão nos diques
dos canais e alteração dos níveis de nutrientes) apresentariam uma magnitude moderada
(2), duração média (M) e longa (E), escalas local (L) e regional (R), e natureza reversível (↑);
enquanto que o outro (geração de ruídos) teria uma magnitude fraca (1), duração curta (C)
escala local (L) e reversibilidade ( ↑ ).
Os dois impactos identificados como de caráter positivo (+) apresentariam ordem direta,
magnitude forte, duração longa, escala local. Um deles, porém (diminuição da turbidez),
possuiria uma natureza reversível; enquanto que o outro (alteração da qualidade do solo)
se mostraria como de natureza irreversível.
nados durante as despescas a água fertilizada se destinará para o rio dos Cavalos. Os nu-
trientes dos viveiros se adicionarão aos do corpo receptor alterando assim a concentração
natural. Por haver alteração na constituição química da água o impacto foi considerado de
caráter negativo (-), de ordem direta, de magnitude moderada (2), de duração longa (E) por-
que permanecerá por todo o tempo de operacionalização da fazenda, de escala regional
(R) por atingir áreas além da área de influência direta. E de natureza reversível ( ↑ ).
Quadro 13 – Matriz de avaliação dos impactos ambientais no meio biológico provocados por
diferentes ações durante a fase de operacionalização
Fonte: autoria própria (2014).
E veja aqui o que avaliou a equipe para a mesma fase de operacionalização com as
mesmas ações, mas com relação ao meio biótico. Foram identificados cinco impactos am-
bientais, dos quais um (eutrofização do corpo receptor) teria caráter negativo (-), ordem
indireta (I), magnitude forte (3), duração curta (C), escala regional (R), e com natureza
reversível ( ↑ ).
Agora faremos a análise desses resultados referentes a essa avaliação do meio biótico.
154 Antes de analisarmos este impacto precisamos lembrar que eutrofização é um excesso
de nutrientes, a exemplo do fósforo ou do nitrogênio, que se descartados num manancial
hídrico lêntico (águas paradas, como as de um lago) pode provocar a multiplicação exa-
gerada de microalgas. Um cuidado todo especial se deve reservar para as cianofíceas e
dinoflagelados (uns tipos mais perigosos). Pelo rápido crescimento dessa população, logo
uma grande quantidade de células morre e sua decomposição consome o oxigênio da
água, matando os organismos do ecossistema. O risco da eutrofização seria um impacto
de caráter negativo (-), de ordem indireta (I), de magnitude forte (3), duração curta (C), de
escala regional (R) e natureza reversível ( ↑ ).
Aí está. Uma avaliação de impacto ambiental e uma breve análise desses impactos. Não
foi um caminho tão difícil nem tão longo, e espero que você tenha gostado de percorrê-lo.
Mas, antes de cortar a fita de chegada ainda temos que conversar um pouquinho mais. É
um assunto necessário.
Não esqueça que esse estudo é de caráter público e como tal terá que ser divulgado e
entendido pela comunidade. Terá que ser entendido tanto pelos analistas do órgão licen- 155
ciador, como por todas as pessoas residentes na região afetada; e também pelos ativistas;
pelos políticos; pelos jornalistas. Portanto, tem que ser bem escrito e o que está escrito o
analista tem que achar aprazível de ler, pois se assim não for, o projeto correrá o risco de
não ser aprovado.
redor dos tanques haviam construído muros de concreto, que na verdade eram bacias
de contenção contra espalhamento de combustível em caso de acidente com vazamento
(ilustrada na foto da Bastos Engenharia apresentada na imagem). Haviam implementado
uma medida mitigadora.
156
A primeira parte do plano para mitigar esse impacto seria a análise química da água do
corpo receptor. Sabendo-se a concentração natural dos seus nutrientes e a concentração
deles na água dos viveiros, logo se descobriria a diferença entre essas concentrações.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Caso seja maior a dos efluentes da fazenda, o caminho seria a mudança do desenho
químico do fertilizante empregado com a diminuição das quantidades dos elementos que
fogem dos limites aceitáveis. Com essa medida o impacto seria mitigado. Porém, um pro-
grama de monitoramento dessas concentrações teria que ser implantado.
Você está ansioso, mas vou lhe explicar. Prioritariamente, a solução seria não permitir
a proliferação das algas verdes, cianofíceas, durante o cultivo nos viveiros. Para tanto, os
fertilizantes ofertados teriam em sua constituição baixos teores de nitrogênio, o nutriente
predileto desse tipo de alga. Outra medida seria adotar um regime de cultivo baseado na
baixa densidade populacional de camarões. Por quê? Porque a baixa densidade popula-
cional requererá menor quantidade de ração a ser ofertada, e a ração contém em sua
composição o nitrogênio: menor quantidade de ração menor quantidade de nitrogênio a
ser liberado nas águas do viveiro, e em consequência nas águas do rio. Essas seriam as
medidas mitigadoras que diminuiriam ou eliminariam qualquer risco de acontecer uma
eutrofização no rio dos Cavalos. Entendeu?
Outras fontes emissoras de nitrogênio
Ah! Mas, você está cheio de perguntas: se existem outras fontes de nitrogênio
lançando-o no rio, que não seja o empreendimento? E se existem outras medidas que
não sejam as mitigadoras para diminuir, ou até mesmo evitarem, a magnitude de um
impacto ambiental?
Então vamos por partes. Se iremos ter nitrogênio no rio sem ser exclusivo da car-
cinicultura seria interessante que soubéssemos sobre suas fontes. Sabemos que são
várias, mas vamos ficar com a principal delas que é o lançamento de esgotos sani-
tários e industriais sem tratamento, apenas para facilitar nosso exercício. Aliás, daí
159
Atividade 02
Quais fatores são importantes para uma maior eficácia das medidas mitiga-
doras? Poste sua resposta no fórum.
Observe que uma lei federal determina a prática de uma educação ambiental com o
160
objetivo de construir competências para a conservação do meio ambiente. Mas, então, por
que acontece um fato tão danoso como este do despejo de esgotos ininterrupto nos corpos
hídricos, de maneira tão explícita e permanente, numa rebelião à própria lei?
Simplesmente porque não existe consciência pública nem um ensino que modifique a
atitude dos dirigentes para que adquiram a capacidade de avaliar e abordar os problemas
ambientais. Eles nem sequer entendem que essa educação ambiental, a qual se recusam
a ter, iria também lhes conferir ética, valores e atitudes, técnicas e comportamento para
uma participação efetiva nas tomadas de decisões relativas ao desenvolvimento sustentá-
vel dos meios físico, biológico e socioeconômico.
Eu acho que você irá concordar comigo. Os aspectos ambientais mais importantes do
empreendimento são os rios que delimitam a sua área. Do Açu se fará a captação da água
e no dos Cavalos se fará o descarte das águas das despescas. E aí, concorda? Tanto é as-
Amostras das águas do rio Açu e do rio dos Cavalos seriam coletadas em três pontos
previamente determinados: 1) na captação de água para abastecimento dos viveiros, no
Rio Açu; 2) na drenagem das bacias de sedimentação; e 3), no rio dos Cavalos (cerca de
100 metros da jusante do ponto de lançamento das drenagens). Seriam analisados os se-
guintes parâmetros físico-químicos e biológicos: transparência, cor, turbidez, clorofila a, pH, jusante: o fluxo
temperatura, salinidade, DBO, OD, nitrogênio amoniacal total, nitrito, nitrato, fósforo total, normal da água do
rio, do local mais
coliformes termotolerantes e comunidade fito planctônica, alto para o mais
baixo. 161
Destes parâmetros apenas as concentrações de oxigênio dissolvido (mg/l), pH, fósforo
total (mg/l), nitrito (mg/l), nitrato (mg/l), nitrogênio amoniacal (mg/l) e coliformes termoto-
lerantes (NMP/100 ml) têm seus valores máximos permitidos determinados pelas Resolu-
ções Conama 357/2005 e 430/2011, como mostrados no quadro.
Atividade 03
Quantos e quais são os parâmetros dos atributos utilizados na avaliação dos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Mídias
Você pode acrescentar ao seu aprendizado sobre a AIA mais conhecimento
com a leitura da obra de Maria Flogliatti, Beatriz Goudard e Sandro Filippo
162 “Avaliação dos impactos ambientais: aplicação aos sistemas de transporte”,
a qual aborda de forma didática a evolução da importância do meio am-
biente dentro do contexto dos sistemas de transporte; e com os estudos de
avaliação dos impactos ambientais do livro de Luis Enrique Sánchez “Ava-
liação de impacto ambiental: conceitos e métodos”. Ele apresenta e analisa
as várias tarefas da preparação de estudos ambientais, ligando a técnica ao
contexto legal, sempre com referência a boas práticas internacionais.
E ainda pode utilizar os sites abaixo indicados para praticar a avaliação de
impactos ambientais:
• Banco Mundial: <www.worldbank.org>. Agente financeiro internacional
que reconhece a importância da AIA em seu processo decisório.
• Secretaria da Convenção Internacional sobre a Diversidade Biológica
<www.biodiv.org>. Tratado internacional que reconhece a importância da
AIA e sua contribuição à proteção da biodiversidade.
• Banco Interamericano de Desenvolvimento. <www.iadb.org/en/topics/
sustainabiliy.1510.html>.
• Ibama. <www.ibama.gov.br>.
• Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. <www.cetesb.sp.gov.br>.
• International Association for Impact Assessment (IAIA). <www.iaia.org>.
Impact Assessment and Project Appraisal, importante publicação interna-
cional sobre avaliação de impactos).
Resumo
Você tornou-se capaz de avaliar os impactos ambientais, competência fundamental
Autoavaliação
163
1. Dos atributos utilizados na avaliação dos impactos ambientais do projeto, aquele que
mede a extensão do impacto ambiental é:
a) Caráter;
b) Ordem;
c) Magnitude;
d) Duração.
A construção da fazenda com suas áreas inundadas sobre uma antiga terra seca, sem
cobertura vegetal e sem contribuição socioeconômica para a comunidade local levou a
equipe a considerar essa alteração do solo como de:
BITAR, O. Y.; ORTEGA, R. D. Gestão Ambiental. In: OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, S. N. Geologia
de Engenharia. São Paulo: ABGE, 1998. cap. 32.
______. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui
a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, de 27 de abr. 1999. Seção 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
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DUINKER, P.N. An ecological framer work for environment impact assessment in Canadá.
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REES, J., Natural resources: allocation, economics and policy. 2. ed. [S.l.]: Routledge, 1990.
TILTON, J.E. Mineral wealth and economic development: an overview. In: TILTON, J.
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170
Gabarito
Autoavaliação
Competência 01 Competência 06
1. c 1. c
2. N; P; N; N 2. a
3. Poluição - Impacto Ambiental – 3. b
Amálgama - Poluição 4. a; b
4. a 5. c