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José Iveraldo Guimarães

Avaliação e Análise de
Impactos Ambientais
Avaliação e Análise de
Impactos Ambientais
José Iveraldo Guimarães

Avaliação e Análise de
Impactos Ambientais

Natal/RN
2014
presidente
PROF. PAULO DE PAULA

diretor geral
PROF. EDUARDO BENEVIDES

diretora acadêmica
PROFA. LEIDEANA BACURAU

diretora de produção de projeto


PROFA. JUREMA DANTAS

FICHA TÉCNICA

gestão de produção de materiais didáticos


PROFA. LEIDEANA BACURAU

coordenação de design instrucional


PROFA. ANDRÉA CÉSAR PEDROSA

projeto gráfico
ADAUTO HARLEY SILVA

diagramação
MAURIFRAN GALVÃO

designer instrucional
ITSUO MACÊDO OKASHITA

revisão de língua portuguesa


PROFA. ANA AMÉLIA AGRA LOPES

revisão das normas da ABNT


GABRIELLY MARQUES GALVÃO COSTA

ilustração
RAFAEL EUFRÁSIO DE OLIVEIRA
Catalogação da Publicação na Fonte (CIP).
Ficha Catalográfica elaborada por Luís Cavalcante Fonseca Júnior - CRB 15/726.

G963a Guimarães, José Iveraldo.


Avaliação e análise de impactos ambientais / José
Iveraldo Guimarães ; edição e revisão do Instituto
Tecnológico Brasileiro (ITB). – Natal, RN : 2014.
172 p. : il.

ISBN 978-85-68100-33-2
Inclui referências

1. Meio ambiente. 2. Ameaças ao meio ambiente.


3. Impactos ambientais. I. Instituto Tecnológico Brasileiro.
II.Título.

RN/ITB/LCFJ CDU 504.1


“O conceito de desenvolvimento sustentável propõe
uma nova ordem econômica e social, em nível plan-
etário, resultante de análises críticas e reflexivas das
relações históricas entre os seres humanos e a Terra.”
(Rafael Negret)
Índice iconográfico

Atividades Vocabulário Importante

Mídias Curiosidade Querendo mais?

Você conhece? Internet Diálogos

O material didático do Sistema de Aprendizado itb propõe ao aluno uma linguagem objetiva, sim-
ples e interativa. Deseja “conversar” diretamente, dialogar e interagir, garantir o suporte para o es-
tudante percorrer os passos necessários a sua aprendizagem. Os ícones são disponibilizados como
ferramentas de apoio que direcionam o foco, identificando o tipo de atividade ou material de estudo.
Observe-os na descrição a seguir:

Curiosidade – Texto para além da aula, explorando um assunto abordado. São pitadas de conheci-
mento a mais que o professor pode proporcionar ao aluno.

Importante! – Destaque dado a uma parte do conteúdo ou a um conceito estudado, que seja con-
siderado muito relevante.

Querendo mais – Indicação de uma leitura fora do material de estudo. Vem ao final da competência,
antes do resumo.

Vocabulário – Texto explicativo, normalmente curto, sobre novos termos que são apresentados no
decorrer do estudo.

Você conhece? – Foto e biografia de uma personalidade conhecida pelas suas obras relacionadas
ao objeto de estudo.

Atividade – Resumo do conteúdo praticado na competência em forma de exercício. Pode ser apre-
sentado ao final ou ao longo do texto.

Mídias – Contém material de estudo auxiliar e sugestões de filmes, entrevistas, artigos, podcast e
outros, podendo ser de diversas mídias: vídeo, áudio, texto, nuvem.

Internet – Citação de conteúdo exibido na Internet: sites, blogs, redes sociais.

Diálogos – Convite para discussão de assunto pelo chat do ambiente virtual ou redes sociais.
Sumário
Apresentação institucional 13
Palavra do professor autor 15
Apresentação das competências 17

Competência 01
Contextualizar os conceitos das ciências ambientais 21
A nomenclatura usada nas ciências ambientais 21
O conceito de ambiente 22
A essência das definições de impacto ambiental 25
Diferenciar impacto ambiental de poluição 26
Efeitos do uso do mercúrio no garimpo 26
Medir a poluição 28
Definir impactos ambientais positivos 28
Classificação dos impactos ambientais 29
Grandes impactos ambientais globais e suas consequências econômicas 31
Resumo 32
Autoavaliação 32

Competência 02
Identificar as características dos recursos naturais 37
Conceituar recursos naturais 37
Definir recursos sustentáveis e não sustentáveis 38
Aprender sobre as características básicas de um recurso natural 39
Exemplificar recursos naturais renováveis 40
Avaliar os impactos da represa das Três Gargantas 40
Identificar impactos ambientais de represas brasileiras 41
Recursos naturais não renováveis: o petróleo e seus impactos ambientais 43
Analisar a exploração do urânio e seus impactos ambientais 44
Os impactos ambientais da utilização do urânio 45
Os impactos ambientais de Chernobyl 46
Resumo 48
Autoavaliação 48

Competência 03
Identificar os riscos e perigos de impactos ambientais 53
Conceito de perigo e risco 53
A classificação dos riscos 55
Definição de análise de risco 55
As condições básicas para uma análise de risco 56
Caracterização dos principais setores de uma empresa 57
Descrição do sistema de refrigeração 57
Caracterização da amônia 57
Os perigos e riscos de acidentes 58
Como implementar medidas preventivas 59
Vamos conhecer um caso real? 61
Resumo 62
Autoavaliação 62

Competência 04
Aplicar RCA, PCA, PRAD e EIA/RIMA 67
A caracterização dos instrumentos de licenciamento 67
O conceito de RCA 68
O conceito de PCA 68
O conceito do PRAD 69
O conceito de EIA e RIMA 70
Elaboração de um EIA para uma fazenda de carcinicultura 71
As particularidades da implantação de um parque eólico 72
O requerimento do licenciamento ambientalo 73
O requerimento das licenças de instalação e de operação 74
Definir o Termo de Referência (TR) 74
O desenvolvimento das etapas de elaboração do TR 74
A descrição do roteiro básico do TR 75
Resumo 76
Autoavaliação 76

Competência 05
Diagnosticar as atividades técnicas do EIA 81
Antes de elaborar o EIA 81
A reunião de informações sobre os impactos ambientais 81
Como proceder na elaboração do EIA 82
O início da elaboração do EIA 83
As atividades básicas na elaboração do EIA 84
Os estudos de base 84
O conceito de estudos de base 85
O princípio do diagnóstico ambiental 85
O conceito de diagnóstico ambiental 86
Os meios físico, biótico e socioeconômico 86
Informações básicas sobre o Projeto 86
Caracterização das áreas de influência 87
A localização das áreas de influência do empreendimento 88
Resumo 90
Autoavaliação 90

Competência 06
Realizar um diagnóstico ambiental do meio físico 95
O conhecimento da área de implantação do projeto 95
Caracterizar o meio físico 96
Análise das precipitações pluviométricas da área de implantação 97
Análise dos ventos da área de implantação 97
Monitoramento da erosão pelos ventos 98
Monitoramento da temperatura do ar 98
Análise da geologia da área de implantação 99
A localização dos recursos hídricos da região 100
Análise dos parâmetros ambientais 100
Acionamento de medidas preventivas 101
Resumo 102
Autoavaliação 102
Competência 07
Realizar um diagnóstico ambiental do meio biótico 107
O diagnóstico do ecossistema nas áreas de influência 107
O diagnóstico da flora nas áreas de influência 108
O diagnóstico da fauna nas áreas de influência 110
Como capturar e identificar componentes da fauna 110
Como caracterizar os componentes da fauna terrestre 110
Um exemplo de hábito ecológico 113
O diagnóstico da fauna aquática nas áreas de influência 113
O inter-relacionamento entre as espécies das áreas de influência 114
A biocenose entre as espécies do ambiente terrestre 115
A coexistência de espécies no ecossistema 116
A classificação das espécies indicadoras de qualidade ambiental 117
Resumo 119
Autoavaliação 119

Competência 08
Realizar um diagnóstico ambiental do meio socioeconômico 123
O diagnóstico dos aspectos históricos do município 123
O diagnóstico dos aspectos culturais do município 124
O diagnóstico dos aspectos sociais do município 125
O diagnóstico dos aspectos de infraestrutura do município 127
Dados sobre o assentamento humano 127
A influência do empreendimento no meio socioeconômico 128
Resumo 129
Autoavaliação 129

Competência 09
Realizar prognósticos dos impactos ambientais 133
As ações de planejamento, instalação e operacionalização 133
Detalhamento da fase de operacionalização 134
A identificação dos impactos ambientais 135
Comparação dos impactos ambientais identificados com outros projetos 137
Prognóstico dos impactos ambientais 137
Como determinar as previsão dos impactos ambientais 138
Os indicadores para a previsão dos impactos ambientais 138
Resumo 141
Autoavaliação 141

Competência 10
Avaliar impactos ambientais 145
A legislação ambiental e suas aplicações 145
Os métodos de avaliação de impactos ambientais 147
O método do checklist para a AIA 150
A análise dos resultados 151
Uma breve análise integrada dos impactos 154
A equipe de elaboração do EIA 155
Caracterização das medidas mitigadoras 155
A eficácia das medidas mitigadoras 156
Aplicação de um plano de medidas mitigadoras 157
Outras fontes emissoras de nitrogênio 159
O conceito de educação ambiental 159
A educação ambiental como medida preventiva dos impactos ambientais 160
A implementação de um programa de monitoramento 161
A elaboração das conclusões 161
Resumo 163
Autoavaliação 163

Referências 165
Gabarito 171
Conheça o autor 172
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Apresentação institucional
O Instituto Tecnológico Brasileiro (itb) foi construído a partir do sonho de educadores e
empreendedores reconhecidos no cenário educacional pelas suas contribuições no desen-
volvimento econômico e social dos Estados em que atuaram, em prol de uma educação de
qualidade nos níveis básico e superior, nas modalidades presencial e a distância.
Esta experiência volta-se para a educação profissional, sensível ao cenário de desen-
volvimento econômico nacional, que necessita de pessoas devidamente qualificadas para 13
ocuparem vagas de trabalho e garantirem suporte ao contínuo crescimento do setor pro-
dutivo da nação.
O Sistema itb de Aprendizado Profissional privilegia o desenvolvimento do estudante a
partir de competências profissionais requeridas pelo mundo do trabalho. Está direcionado
a você, interessado na construção de uma formação técnica que lhe proporcione rapida-
mente concorrer aos crescentes postos de trabalho.
No Sistema itb de Aprendizado Profissional o estudante encontra uma linguagem clara
e objetiva, presente no livro didático, nos slides de aula, no Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem e nas videoaulas. Neste material didático, um verdadeiro diálogo estimula a leitura, o
projeto gráfico permite um estudo com leveza e a iconografia utilizada lembra as modernas
comunicações das redes sociais, tão acessadas nos dias atuais.
O itb pretende estar com você neste novo percurso de qualificação profissional, con-
tribuindo decisivamente para a ampliação de sua empregabilidade. Por fim, navegue no
Sistema itb: um estudo prazeroso, prático, interativo e eficiente o conduzirá a um posicio-
namento profissional diferenciado, permitindo-lhe uma atuação cidadã que contribua para
o seu desenvolvimento pessoal e do seu país.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Palavra do professor autor
Prezado estudante, antes de começar nosso livro preciso lhe falar sobre o papel fun-
damental que você terá no processo de melhoramento das nossas relações com o meio
ambiente no qual vivemos, através da aplicação de técnicas e metodologias que juntos
desenvolveremos.
Certo dia, assisti uma reportagem, que tratava sobre um protesto dos índios mundu-
rukus e kayabis contra o projeto governamental de instalar 16 usinas hidrelétricas na bacia 15
do rio Tapajós, no Pará. Posto que as águas invadiriam suas terras, eles exigiam um maior
detalhamento sobre a avaliação dos impactos ambientais consequentes da implantação
daqueles empreendimentos. Uma enorme coincidência, pois naquele momento eu escre-
via sobre o assunto, que é o tema de nossos estudos, com o qual eu, você e toda a huma-
nidade estamos vitalmente tão envolvidos: as intervenções sobre o meio ambiente.
Cada uma dessas intervenções obriga-nos a avaliar e analisar seu potencial impactante
para que se determine sua viabilidade ou se encontrem medidas mitigadoras para seus im-
pactos, caminhos que nós dois seguiremos ao longo deste estudo, colhendo, absorvendo
e aplicando conceitos e métodos.
O Brasil se esforça para desenvolver-se e conviver harmonicamente com os seus ecos-
sistemas, mas esse esforço é insuficiente, pois ainda faltam técnicos em meio ambiente
que orientem e embasem esse desenvolvimento sustentável. E é justamente aí que você
poderá contribuir. O país precisa de você! Ele precisa avidamente de técnicos que saibam
como elaborar estudos ambientais ou avaliar e analisar os impactos causados pela insta-
lação dos empreendimentos.
Não importa se você estará atuando nas empresas empreendedoras ou nas empre-
sas de consultorias elaborando os estudos ambientais, ou nos órgãos responsáveis
pela avaliação e análise desses estudos. Importa que você adquira a capacidade de
fazê-lo. E ao fazer essa leitura, você começa a se credenciar para ser o técnico tão
necessário, tão requerido.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Apresentação das competências
O estudo de Avaliação e Análise de Impactos Ambientais foi estruturado numa sequência
de dez competências, as quais serão brevemente resenhadas nesta apresentação. Essas
competências tornarão você capaz de aplicar as ferramentas normativas para proceder a
análise e avaliação dos impactos ambientais.
Na competência 1, você vai contextualizar os conceitos das ciências ambientais, com-
preendendo que a nomenclatura utilizada para as ciências ambientais não é similar a de 17
qualquer outra ciência, a exemplo da física ou anatomia; e a caracterizar os meios físico,
biológico (biótico) e socioeconômico, também nominado de antrópico. Aprenderá a definir
impacto ambiental, diferenciá-lo de poluição e a conceituar e classificar impactos ambien-
tais negativos e positivos.
Na competência 2, você irá identificar as características dos recursos naturais através
da definição de recursos renováveis e não-renováveis, tomando como exemplos a constru-
ção de usinas hidrelétricas e a exploração do petróleo e do urânio.
Na competência 3 você irá identificar os Riscos e Perigos de Impactos Ambientais, dife-
renciar os conceitos de risco e perigo; classificar e caracterizar o risco ambiental utilizando
a usina atômica e seus rejeitos como exemplos. E fará, através de um exercício prático,
uma análise de risco numa empresa de beneficiamento de pescado que utiliza refrigeração
por amônia.
Aplicar o RCA, PCA, PRAD e EIA/RIMA será trabalhado na competência 4, onde você verá
que o licenciamento ambiental é um importante instrumento mediante o qual, o Poder Pú-
blico procura controlar as atividades que degradam o meio ambiente; e que este controle
é feito através da avaliação desses impactos ambientais apoiada por estudos técnicos e
científicos, tais como EIA/RIMA, RCA, PCA, PRAD e EIA/RIMA. Aprenderá ainda sobre a ela-
boração dos termos de referência.
Na competência 5, você irá diagnosticar as atividades técnicas do EIA, assim como as
funções dos estudos de base, da identificação, previsão e posterior avaliação dos impactos
ambientais; a conceituar o diagnóstico ambiental e os ambientes nos quais ele será reali-
zado: meio físico, meio biótico e meio socioeconômico; e também como serão delimitadas
as áreas de influência do empreendimento.
Na competência 6, iremos realizar um diagnóstico ambiental do meio físico.
Realizar um Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico será o assunto trabalhado na com-
petência 7.
Na competência 8, você se tornará apto a realizar um Diagnóstico Ambiental do Meio
Socioeconômico. Aprenderá a utilizar as atividades técnicas necessárias para a elabora-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

ção de diagnóstico e caracterização ambiental das áreas de influência do empreendimento.


Na competência 9, será capaz de realizar Prognósticos dos Impactos Ambientais.
Você aprenderá sobre as ações das atividades de planejamento, instalação e operaciona-
lização do empreendimento, assim como a identificar seus prováveis impactos ambientais;
a fazer prognósticos deles, e a utilizar os indicadores ambientais para essas previsões.
E, para finalizar, na competência 10, você irá avaliar impactos ambientais. Conhecerá
a legislação ambiental referente aos requerimentos de licenciamento de obras e empreen-
dimentos; aprenderá sobre os atributos e parâmetros utilizados na Avaliação de Impacto
Ambiental (AIA); e a aplicar o método checklist/matrizes, com a análise dos seus resulta-
18
dos e com as medidas mitigadoras aprenderá também, a utilizar a educação ambiental
como medida preventiva contra os impactos ambientais.
Ao final de nosso estudo foram incluídas referências bibliográficas e recursos, os quais
vão lhe permitir localizar fontes de informações técnicas para poder melhorar ainda mais,
sua prática profissional.
E, portanto, aí estão apresentadas as competências que lhe darão a capacidade de
arregimentar os conhecimentos necessários para trabalhar numa AIA. E eu lhe prometo
que esse nosso compromisso será uma aprazível e proveitosa convivência ao longo de
nosso estudo.
Competência
01
Contextualizar os conceitos
das ciências ambientais
Contextualizar os conceitos
das ciências ambientais
Como poderíamos diminuir ou até mesmo evitar os impactos ambientais que pro-
movemos ao meio ambiente com os nossos projetos de produção, se não estudarmos
as suas causas, se não avaliarmos aqueles impactos que já demos origem, e que tanto
feriram os mais delicados ecossistemas? Quer saber quem feriu quem? Está bem, vamos
então abrir um breve parêntese no nosso tema da vez.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Eu vou lhe contar uma dessas histórias sobre impacto ambiental, a qual tem como
exemplo a exploração da bauxita na região norte do Brasil. Bauxita?

Ela é um mineral do qual se extrai o alumínio, uma mistura de óxidos do próprio alu-
mínio, mas também de ferro, titânio, dentre outros. Ao final do processo da separação do
alumínio sobra uma lama vermelha, um resíduo insolúvel.

Em Oriximiná, no Estado do Pará, esse rejeito foi descartado durante mais de uma
década no fundo do lago Batata, às margens do rio Trombetas e o lago morreu. Quanto
mais o rejeito mortal da bauxita se acumulava em seu leito, mais se alterava a dispo-
nibilidade dos nutrientes no lago; e mais se reduzia a densidade de seu plâncton e de 21
sua fauna aquática; ninguém monitorara as condições ambientais do lago e os peixes
morreram por conta da deterioração daquelas condições, e centenas de famílias ficaram
sem o sustento.

Essa história triste do lago Batata será retomada na competência, quando exemplifi-
carmos os indicadores ambientais.

A nomenclatura usada nas ciências ambientais


Você já notou que as palavras utilizadas por vários ramos da ciência possuem um signi-
ficado tão próprio que não permitem qualquer outra interpretação que não seja aquela em
que ela se aprisiona? Quer um exemplo? Vamos tirar da biologia o termo embriogênese.
Não tem jeito, ela significa o que exibe, ou seja, origem (gênese) do embrião (embrio). E se
tirarmos da geologia o termo geocronologia? Novamente a palavra apenas com sua grafia
já traduz o seu significado: estudo da idade da Terra (rochas), isto é, geo (terra), cron(o)
tempo e logia (estudo). Se quiser, você pode até tentar procurar palavras nas diferentes
ciências para constatar essa verdade. Mas, voltemos ao nosso caso.
Você vai observar agora que não encontramos essa terminologia tão própria para apli-
car nesses nossos estudos porque não construímos, não inventamos palavras específicas
para uso próprio das ciências ambientais. A razão é que simplesmente tomamos empres-
tadas as palavras que já estavam prontas nas prateleiras da nossa linguagem cotidiana.
Palavras e locuções como avaliação, impacto, ambiente, poluição, degradação ambiental,
diagnóstico ambiental, desenvolvimento sustentável.

Diante dessa realidade eu lhe pergunto: se, diferentemente dos termos utilizados por
outras ciências, os nossos vocábulos ampliam possibilidades para interpretações de signi-
ficados, o que fazer então? É isso mesmo o que você pensou: temos que dar um entendi-
mento muito claro, sem qualquer equívoco, a cada vocábulo ou expressão que utilizarmos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

nos nossos estudos. E essa resolução que nós acabamos de tomar tem o objetivo de cravar
um alicerce maciço para a nomenclatura que utilizaremos.

O conceito de ambiente
É evidente que vamos definir impacto ambiental, pois a avaliação desses impactos é
a razão de nossos estudos, mas seria um tanto difícil fazê-lo sem antes conceituarmos o
próprio ambiente. E o próprio ambiente também não é uma entidade fácil de conceituar.
Está duvidando? Então, OK, me dê uma definição de meio ambiente. Eu lhe dou alguns
22 minutos para você elaborá-la.

Seus minutos já se passaram. Eu sei que você pensou em uma definição para ambiente
e provavelmente constatou que esse conceito pode ser mais abrangente do que suspeita-
va; que pode ter diferentes perspectivas e até percebeu que ele também pode se adequar
de acordo com a necessidade dos interessados.

Adotaremos a definição de ambiente como o meio do qual retiramos os recursos


naturais essenciais à sobrevivência e necessários para nosso desenvolvimento;
e ainda como o meio de vida que mantém as funções ecológicas das quais de-
pende a própria vida.
Você notou que nessa conceituação foram contemplados os meios físicos (recursos
naturais); antrópico (desenvolvimento humano); e biológico (funções ecológicas)?

Estou chamando sua atenção para este fato porque os meios referidos são tópicos im-
prescindíveis quando se elabora um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a implantação
de empreendimentos. São tão importantes esses meios para nossos estudos que devemos
apresentá-los já, agora, mesmo que brevemente, mas iremos conhecê-los melhor um pou-
co mais adiante.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Importante
O meio físico vai exigir estudos da área de influência do empreendimento
sobre a climatologia, geologia, geomorfologia, pedologia e recursos hídri-
cos; o meio biológico solicitará a caracterização da fauna e flora terrestre
e aquática; e o meio antrópico irá requerer estudos que contemplem os
aspectos socioeconômicos, históricos, culturais e arqueológicos.

O ambientalista francês Godard (1980) diz que não se define ambiente apenas como 23
um meio a defender, a proteger, ou mesmo a conservar intacto, mas também como poten-
cial de recursos que permite renovar as formas materiais e sociais do desenvolvimento.

Neste momento estou me perguntando se você precisou complementar sua definição


de ambiente com essas novas informações que compartilhei. De qualquer modo, você
pode acrescentar ainda ao seu conhecimento o conceito de ambiente, contido na legisla-
ção brasileira consultando a Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, art. 3º, inciso “L”.

Curiosidade
Definição de ambiente de acordo com a Lei nº 6.938/1981: conjunto
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
(BRASIL, 1981).
Atividade 01
Faça uma pesquisa e escreva seus resultados sobre as conceituações de
ambiente contidas nas legislações de dois outros países e as relacionem
com a definição da Lei nº 6.938/81 e com outras elaboradas por profis-
sionais de gestão ambiental e exponha sua consulta no fórum.

Fico aqui imaginando até que profundidade você escavaria para extrair mais infor-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

mações contidas nessas conceituações. Quais questionamentos você faria para ir mais
fundo ainda? Por exemplo, explorar recursos naturais sempre será positivo para o nosso
desenvolvimento? Certamente você responderia: nem sempre. E estaria com a razão.

Retirar o sal de salinas solares a partir das renováveis águas do mar, claro que seria,
pois não se esgota a fonte natural e o sal é matéria prima de centenas de produtos pro-
duzidos por nossas indústrias. Porém, a extração intensiva de madeira das florestas de
caatinga no nordeste brasileiro, amplia as áreas de desertificação penalizando as popula-
ções locais e comprometendo a existência da vida. Neste caso, a exploração do recurso é
contra o desenvolvimento sustentável.
24

Figura 1 – Salina solar em Macau/RN


Fonte: Gurgel (2013).

Como nós constatamos, o conceito de ambiente se apresenta com muita abrangência,


contemplando os meios físico, biótico e antrópico (ou socioeconômico). Para sintetizar to-
dos esses significados do ambiente, e facilitar nossa compreensão sobre esse conceito, eu
o apresento a você de forma esquemática. Seria muito produtivo para seu aprendizado se
você estudasse esse esquema detalhadamente. Observe com atenção as inter-relações
existentes entre a natureza e a sociedade humana.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Figura 2 – Abrangência do conceito de ambiente
Fonte: adaptado de Sánchez (2013).

Outros conceitos também são necessários para uma melhor compreensão da disciplina
tais como: aspectos ambientais, poluição, degradação ambiental, diagnóstico ambiental,
dentre outros, mas estes serão discutidos com o desenvolvimento de nossos estudos. No 25
entanto, e gostaria que você concordasse comigo, a conceituação de impacto ambiental
deverá, assim como o conceito de ambiente, ser também debatida de imediato para funda-
mentar mais ainda o entendimento da avaliação de impactos ambientais.

A essência das definições de impacto ambiental


As inúmeras definições de impacto ambiental, apesar de distintas na elaboração, são
essencialmente concordantes nos seus fundamentos. Eu vou lhe dar dois exemplos para
comentarmos depois.

A ambientalista espanhola Maria Teresa Bolea (1984), em seu livro Evaluación de Im-
pacto Ambiental, define o impacto ambiental a ser causado pela implantação de um empre-
endimento, como sendo a diferença entre a situação do meio ambiente (natural e social)
futuro, modificado pela realização de um projeto, e a situação do meio ambiente futuro,
tal como teria evoluído sem o projeto; enquanto que Iara Verocai Moreira (1992), em seu
Vocabulário Básico de Meio Ambiente, definiu impacto ambiental como qualquer alteração
no meio ambiente em um ou mais de seus componentes provocada por uma ação humana.
Você encontrou a essência comum nas conceituações de impacto ambiental das
técnicas Iara e Teresa? Parabéns se concluiu que a essência comum entre as defini-
ções é a lógica da ação e reação: em resposta à ação humana o meio ambiente reage
com uma mudança.

Diferenciar impacto ambiental de poluição


Citarei alguns eventos de impacto ambiental, mas ao mesmo tempo gostaria que você
também listasse outros impactos. Este exercício é muito importante para conseguirmos fa-
zer a distinção entre impacto ambiental e poluição, pois esses dois parâmetros costumam
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

ser confundidos. Mas, antes de continuarmos vamos relembrar o conceito de impacto am-
biental e em seguida definir poluição.

O impacto ambiental consiste na alteração da qualidade ambiental que resulta na mo-


dificação de processos naturais ou sociais provocada por ação humana; e poluição é a
introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria e energia que possa afetar
negativamente o homem ou outros organismos, como bem resumiu Sánchez (2013). Com
esses dois conceitos em mente nós vamos trabalhar com fatos acontecidos.

26 Efeitos do uso do mercúrio no garimpo


Você conhece o seriado Serra Pelada exibido por uma emissora brasileira de rede aber-
ta? Pois bem, nos bastidores da extração do ouro desenrolavam-se as cenas de um crime e
isso não passou no seriado. O mercúrio utilizado no garimpo para a separação das partícu-
las de ouro através da amalgamação é removido por aquecimento em pleno meio ambien-
te como mostra o flagrante da imagem. E acaba contaminando a atmosfera, os solos, os
recursos hídricos, e por fim as pessoas, direta (inalação) ou indiretamente (pelo consumo
de pescado e outras vias), alterando a atividade celular.
Figura 3 – Separação do ouro através da amalgamação com mercúrio

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Fonte: <http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2013/304/imagens/emnomedoouro02b.jpg>. Acesso em: 18 ago. 2014.

Curiosidade
Amálgama é uma liga metálica formada pela reação do mercúrio com ou-
tro metal, no nosso caso, o ouro. Depois de amalgamado com o ouro, o
mercúrio é removido por aquecimento (normalmente no próprio local de
garimpagem). Este procedimento gera grave exposição de vapor de mercú-
27
rio na atmosfera, que pode se dispersar por grandes distâncias e contami-
na solos e águas.

Agora vamos analisar esse acontecimento e descobrir quem é quem nessa história. O
mercúrio (matéria lançada) liberado no garimpo contaminou o ar, o solo, as águas e ainda
afetou negativamente o Homem (para padronizar o texto os seres humanos terão a de-
nominação de Homem neste nosso livro) e outros organismos criando uma condição que
definimos como poluição. Essa poluição causou uma alteração na qualidade ambiental,
pois modificou os processos naturais daquele meio ambiente, e desta maneira originou um
impacto ambiental, o qual resultou de uma atividade humana.

Apenas para consolidar nossos conhecimentos, toda poluição (sempre de conotação


negativa) é originada pela emissão de poluentes e causa impacto ambiental. Porém, nem
todo impacto ambiental é causado por substâncias poluentes, como é o caso da constru-
ção de uma ponte. A ponte em si não é um impacto ambiental, mas sua construção causa
os impactos consequentes da intervenção humana.
Medir a poluição
Em competências posteriores nós vamos nos referir mais ainda à poluição, mas é im-
portante que neste momento deixemos evidente que para ela podem ser estabelecidos
padrões ambientais; podem ser determinados os valores limites de concentrações de
substâncias químicas e energia no ambiente. Por exemplo, a concentração máxima de
mercúrio presente em águas doces, permitida pela Resolução CONAMA 357/2005, é de
0,0002 mg/L Hg; a de nitrito, 1,0 mg/L; a de chumbo, 0,01 mg/L; a de cromo, 0,05 mg/L;
a de urânio, 0,02 mg/L.

Do mesmo modo procede-se para muitos outros parâmetros diluídos nas águas, solos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

e atmosfera.

Definir impactos ambientais positivos


Aprendemos que a poluição sempre causa um impacto negativo ao ambiente. Mas com
relação aos impactos ambientais, você também diria que eles só ocorrem de maneira ne-
gativa? Eu sei que não, e posso lhe afirmar que há possibilidade de ocorrerem impactos
ambientais positivos. Quer um tempo para pesquisar exemplos de implantação de empre-
endimentos com impactos positivos?
28 Enquanto você faz a pesquisa eu vou mostrar uma interessante definição de impacto
ambiental que está inclusa na NBR ISO 14001 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2004, p.2) e que a ela não fizemos referência: “qualquer modificação do meio
ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos
ou serviços de uma organização”.

Internet
A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reconhecida que define o
que deve ser feito para estabelecer um sistema de gestão ambiental efe-
tivo. A norma foi estabelecida com o objetivo de criar o equilíbrio entre a
manutenção da rentabilidade e a redução do impacto ambiental. Busque
mais informações no site <http://www.bsibrasil.com.br/>.
Você vai perceber que a definição inclui um fator inexistente nos conceitos que já estu-
damos, pois diz que impacto ambiental é qualquer modificação do meio ambiente, adversa
ou benéfica... Ou seja, dependendo da mudança ocorrida o impacto poderá ser positivo
ou negativo.

Se, por exemplo, uma indústria de refrigerantes despeja clandestinamente num deter-
minado rio um remanescente de ácido fosfórico de seu estoque e causa a mortandade
dos peixes, ela criou um impacto negativo. No entanto, se uma empresa de aquicultura
lança num estuário seu efluente constituído essencialmente de fitoplâncton e este, amplia
a base da cadeia alimentar melhorando a qualidade ambiental daquele ecossistema, ela
criou um impacto positivo.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Mas, lembre-se que comumente os projetos sempre alterarão o meio ambiente com
impactos negativos ou positivos, ou com impactos negativos e positivos.

Concluiu sua pesquisa sobre impactos positivos?

Atividade 02
Pesquise sobre as concentrações máximas dos parâmetros inorgânicos
29
e orgânicos permitidas pela Resolução CONAMA Nº 357/2005 em águas
doces Classes 1 e 3. Comente sua pesquisa no fórum.

Classificação dos impactos ambientais


Os impactos ambientais assumem diferentes graus de influência, e os técnicos das
ciências ambientais buscam classificá-los com o objetivo de facilitar os seus estudos de
identificação e análises desses impactos.

Sobre este assunto, você verá que a Resolução CONAMA nº 001/86, em seu art. 6º,
inciso II, já faz uma básica classificação quando determina que dentre outras atividades
técnicas, um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deverá desenvolver a análise dos impac-
tos ambientais do projeto e de suas alternativas “[...] discriminando os impactos positivos
e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo,
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e
sinérgicas [...].” (BRASIL, 1986, extraído da internet).
Importante
A Resolução CONAMA nº 001/86 foi instituída considerando a necessida-
de de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios
básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de
Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Recentemente coordenei uma equipe na elaboração de um estudo de impacto ambien-


tal (EIA) para a instalação de uma planta de aquicultura e consideramos a seguinte classifi-
cação dos impactos na região do empreendimento, de acordo com o método da matriz em
checklist detalhada no quadro 1. Ele se fundamenta na utilização de seis características
que chamamos de atributos: caráter, ordem, magnitude, duração, escala e reversibilidade;
e quinze parâmetros. Mais adiante, quando estudarmos a avaliação dos impactos ambien-
tais, trabalharemos na sua aplicabilidade e no significado de cada atributo e parâmetro da
classificação que utilizamos.

30
Atributos Parâmetros

Positivo (+)
Caráter Negativo (-)
Indefinido (±)
Ordem Direto (D)
Indireto (I)
Fraco (1)
Magnitude
Moderado (2)
Forte (3)
Curta (C)
Duração Média(M)
Longa(E)
Local(L)
Escala
Regional(R).
Reversível ( ↑ )
Reversibilidade
Irreversível ( ↓ )

Quadro 1 – Classificação dos impactos o método da matriz em checklist de avaliação de impactos ambientais
Fonte: autoria própria (2014).
Grandes impactos ambientais globais e suas
consequências econômicas
Os cenários que vou lhe mostrar agora não são os mais agradáveis. No entanto, dificil-
mente poderíamos discutir sobre impactos ambientais sem que eles estivessem presen-
tes. Mas os fatos estão aí e fomos nós quem os criamos.

• Em 10 de julho de 1976, em Seveso, na Itália, na usina química Icmesa ocorreu um


vazamento de tetraclorodibenzodioxina que intoxicou 190 pessoas. Os danos foram es-
timados em US$ 150 milhões. (CRUMP, 1993).

• Em 16 de março de 1978, na costa da Bretanha, França, do petroleiro Amoco-Cadiz va-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


zaram 223 mil toneladas de petróleo que matou 30.000 aves e milhares de toneladas
de peixes e outros frutos do mar. Os danos resultaram em uma indenização de US$ 85
milhões (CRUMP, 1993).

• Em 24 de março de 1989, no Alasca, USA, do petroleiro Exxon-Valdez vazaram 40 mil to-


neladas de petróleo. Os danos pela poluição de 1000 quilômetros de costa resultaram
numa indenização de US$ 2 bilhões (CRUMP, 1993).

• Em 20 de abril de 2010, no Golfo do México, USA, uma plataforma de Petróleo ex-


plodiu devido a um vazamento de gás. Morreram 11 trabalhadores e causou danos
à fauna, flora, pesca e turismo. A empresa pagou US$ 8,2 bilhões em compensação 31
a indivíduos e empresas, e 1,4 bilhão a órgãos governamentais. Fonte: <http://www.
bp.com/en/global/corporate/gulf-of-mexico-restoration/deepwater-horizon-accident-
-andresponse.html>.

Mídias
Para ampliar seus conhecimentos sobre os assuntos que compartilhamos
sugiro que você leia o livro do Professor Luiz Antônio Abdala de Moura “Qua-
lidade e Gestão Ambiental”, o qual apresenta conceitos básicos das ciências
ambientais e indica mais de cem sites contendo farto material sobre as-
suntos correlacionados; e, com relação aos impactos ambientais, o livro de
Cristina Lúcia Sisinno e Rosália Maria Oliveira “Resíduos Sólidos, ambiente
e saúde: uma visão multidisciplinar”. Nele você vai encontrar informações
sobre o impacto ambiental causado com tratamento inadequado dos resídu-
os sólidos, além de um histórico sobre o tema.
Como fizemos uma conceituação distinguindo impacto ambiental e poluição,
achei por bem lhe indicar também a leitura do livro de Eloisa Biasotto, Élen
Pacheco e Cláudia Bonelli “Meio ambiente, poluição e reciclagem”. No seu
capítulo 6, A Poluição Ambiental, elas conceituam poluição e ainda explici-
tam as causas do seu aumento.

Resumo
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Agora você já é capaz de contextualizar os conceitos das ciências ambientais, utilizados nas
ciências ambientais. Espero que sua curiosidade tenha sido instigada com relação às consequ-
ências da exploração dos recursos naturais e o nosso papel nessas intervenções. Aprendeu a
definir impacto ambiental e fazer sua distinção de poluição, pois é muito comum que se confun-
dam esses dois conceitos, e teve um aprendizado forte sobre impacto ambiental, com o exem-
plo do mercúrio como agente poluidor e impactante ambiental. E ao final também aprendeu a
classificar os impactos ambientais de acordo com a Resolução CONAMA nº 001/86.

32
Autoavaliação
1. A definição: “meio do qual retiramos os recursos naturais essenciais à sobrevivência e
necessários para nosso desenvolvimento” refere-se a:

a) Função biológica;

b) Desenvolvimento sustentável;

c) Ambiente;

d) Função imunológica.

2. Assinale com P (impacto positivo) ou N (impacto negativo) nos parênteses à direita, se


os empreendimentos relacionados causarão impactos positivos ou negativos com sua
operacionalização.

( ) Beneficiamento de bauxita (minério do alumínio);

( ) Estação de tratamento de esgoto;

( ) Garimpo;
( ) Lançamento de fitoplâncton num estuário para beneficiar a cadeia alimentar.

3. Preencha as lacunas com as palavras correspondentes às definições.

a) ___________________é a introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria


e energia que possa afetar negativamente o homem ou outros organismos.

b) ___________________é a alteração da qualidade ambiental que resulta na modificação


de processos naturais ou sociais provocada por ação humana.

c) No garimpo do ouro se utiliza uma liga metálica formada pela reação do mercúrio com
o ouro que recebe a denominação de _________________.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


d) O mercúrio liberado no garimpo contamina o ar, o solo, as águas e ainda afeta negativa-
mente o Homem, criando uma condição que definimos como _____________________.

4. A essência comum entre as definições de impactos ambientais consiste em que:

a) O meio ambiente reage a cada ação humana com uma mudança;

b) Qualquer modificação no meio ambiente é benéfica ao Homem;

c ) Nem toda poluição é originada pela emissão de poluentes;

d ) Somente a poluição aquática causa impacto ambiental; 33

5. Caráter, ordem, magnitude, duração, escala e reversibilidade são características funda-


mentais no método de avaliação ambiental do Checklist denominadas de:

a) Parâmetros;

b) Atributos;

c) Impactos ambientais;

d) Medidas mitigadoras.
Competência
02 35

Identificar as características
dos recursos naturais
Identificar as características
dos recursos naturais
Estava bem pertinho das três da tarde do dia 11 de março de 2011. A usina nuclear
de Fukushima, localizada ao sul de Tókio, no Japão, estava em relativa calmaria com o
seu cotidiano de produzir energia elétrica a partir da fissão do urânio; possuía seis reato-
res nucleares protegidos em seus edifícios. Protegidos? De repente o chão inteiro tremeu Fissão: É a sepa-
ração do núcleo
abalando as edificações e assustando seus funcionários. Aconteceu um abalo sísmico de

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


dos átomos. Dessa
magnitude 9. Em seguida um som surdo crescente se fazia ouvir. Uma onda gigantesca separação há uma
grande reação quí-
de vários metros de altura se aproximava da usina: um tsunami. A usina foi atingida com
mica e libera uma
tanta violência que a água invadiu a planta. Numa sequência de consequências, explo- grande quantidade
de energia lumino-
sões e incêndios foram acontecendo. Não demorou muito e a usina estava destruída.
sa e calorífica.
A partir daí a corrida começou para suavizar os impactos ambientais que causariam a
radioatividade. Mas, em vão.

As análises ao longo do tempo acusavam contaminação do solo por plutônio; e altos níveis
de césio radioativo se espalhavam rapidamente. Os alimentos da região não poderiam mais
ser consumidos, a água não poderia ser mais bebida; a população foi evacuada num raio de
37
dois mil quilômetros a partir da usina, e seus trabalhadores foram internados em hospitais.
Hoje, com os persistentes e contínuos vazamentos de material radioativo das instalações de
Fukushima, o próprio oceano Pacífico está sendo contaminado e toda sua biota (todos seus
seres vivos) corre um risco iminente de ser atingida por esse impacto ambiental. Biota: é o conjunto
de seres vivos de
um ecossistema, o
que inclui a flora,

Conceituar recursos naturais fauna, fungos e


outros organismos.
E então, você me daria uma definição de recurso natural renovável? Está bem, a per-
gunta não é tão difícil. E você deve estar se lembrando de que para as ciências ambientais
tomamos emprestadas as palavras prontinhas nas prateleiras da nossa linguagem coti-
diana: recurso natural, fonte de riquezas naturais, tais como as florestas e os ventos, os
quais produzem energia eólica renovável, que pode ser renovável. Sendo assim, juntando
as palavras, concluímos que recurso natural renovável é aquele que depois de explorado
pelo Homem é passível de ser reposto (e que por ele não seja produtível).

E uma definição de recurso não renovável? Ficou fácil. Seria o recurso que após a ex-
ploração, não pode ser reposto.
Definir recursos sustentáveis e não sustentáveis
Mas, os estudiosos em meio ambiente em vez de chamar renovável e não renovável,
agora definem como sustentável e não sustentável (neste nosso trabalho continuaremos a
usar os termos renovável, e não renovável). De qualquer maneira, preste bem atenção ao
raciocínio deles e considere se você o aprova ou não.

O Professor John Tilton (1992), da Universidade do Colorado, USA, em seu livro Riqueza
Mineral e Desenvolvimento Econômico (tradução livre), defende sustentável e não susten-
tável por considerar que todos os recursos são renováveis em alguma escala de tempo. Por
exemplo, ele acha que o petróleo e o carvão mineral são recursos renováveis e não finitos
como sempre os consideramos. Não sob a nossa perspectiva, ou seja, dentro do tempo da
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

minha vida e da sua, mas, ao longo do tempo geológico. E isso tem tudo a ver com a origem
desses combustíveis fósseis ilustrada no esquema da origem do carvão mineral (similar à
do petróleo e do gás).

38

Figura 4 – Esquema da formação do carvão mineral


Fonte: Oliveira (2014).

Se esses recursos se originam da matéria orgânica sob tremendas pressões dos sedi-
mentos durante um longo tempo geológico, novos depósitos devem estar sendo formados
neste momento, pois é ininterrupto o ciclo da matéria orgânica e da dinâmica dos solos em
nosso planeta. Assim, as suas fontes sempre se renovarão e de fato, nem poderiam ser
denominados de não renováveis.
Curiosidade
Animais e vegetais, sob a ação de bactérias, formariam uma pasta orgâ-
nica no fundo dos mares, lagos ou pântanos. Misturada à argila e à areia,
essa pasta constituiria os sedimentos marinhos que, cobertos por novas
e sucessivas camadas de lama e areia, se transformariam em rochas con-
solidadas, nas quais o gás, o petróleo e o carvão mineral seriam gerados
e acumulados.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Enfim, para esses pensadores das ciências do meio ambiente, em função da escala do
tempo, os recursos sustentáveis (renováveis) são aqueles cujas taxas de reposição são
iguais ou maiores que as de uso, como acontecem com a água ou com a energia solar; e
os recursos não sustentáveis (não renováveis) são aqueles cujas taxas de extração e uso
ultrapassam as de reposição, a exemplo do ouro ou prata.

Aprender sobre as características básicas de


39
um recurso natural
Também de imediato você saberia dizer quais condições são necessárias para que um
material seja um recurso natural? Eu bem sei que você poderia responder, mas lhe con-
fesso que já havia estudado esse assunto nos livros do Professor Alan Randall (1987), da
Universidade do Oregon/USA, e da Professora Judith Rees (1990), da Escola de Economia
de Londres, e vou logo lhe confidenciar: eles dizem que são duas as condições: a primeira
é que o material seja útil ao Homem e a segunda é que haja demanda para esse mate-
rial e para seus subprodutos. Os dois Professores também ensinam que um produto feito
num processo que utiliza trabalho, capital e tecnologia não é um recurso natural.

Importante
Os recursos naturais (renováveis e não renováveis) são insumos que pro-
duzem um determinado produto: o alumínio é um recurso natural, mas a
esquadria confeccionada com ele, não é.
Atividade 01
Qual a diferença entre os recursos sustentável e não sustentável em função
da escala do tempo? Quais condições básicas para que um material seja um
recurso natural? Comente sua resposta no fórum.

Exemplificar recursos naturais renováveis


Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Falando agora somente sobre recursos renováveis, você me daria alguns exemplos de-
les? Eles estão espalhados por aí, por todo o planeta: as florestas, os estoques pesqueiros;
as fontes de energia eólica, hídrica, solar ou geotérmica. Mas, você já entendeu que ao
serem utilizados alguns desses recursos, apesar da geração de consequências positivas
para o ambiente e o Homem, também se criam impactos ambientais negativos?

Por exemplo, a exploração dos recursos pesqueiros com equilíbrio resulta em alimenta-
ção para as populações, porém o que ocorre quando intensificamos a pesca? Decrescem
os estoques pesqueiros e se afeta a teia alimentar; ou quando construímos represas para
40 a produção de energia elétrica? Diminui-se a emissão de gases poluentes na atmosfera e
a dependência de combustíveis fósseis, no entanto alteram-se os ecossistemas.

A verdade, e você tem notícia disso, também sempre ocorrerão inúmeros impactos que
não foram ou não puderam ser previstos. E outros ainda, apesar de previstos foram ou
serão ignorados. Daí a importância de técnicos em avaliação de impactos com sólida for-
mação técnica e ética.

Avaliar os impactos da represa das Três Gargantas


Para a construção da represa das Três Gargantas no rio Yang-tsé, na China, com a fina-
lidade de produzir energia elétrica a partir do recurso hídrico (renovável), foi realizada uma
avaliação de impactos ambientais com a participação multinacional de técnicos em meio
ambiente. Apesar da profundidade técnica do estudo não está sendo possível evitar uma
cascata de impactos negativos provavelmente não detectados no estudo: problemas de
logística na realocação de mais de um milhão de pessoas retiradas da região a ser inun-
dada; erosões catastróficas por contínuos deslizamentos de encostas; poluição e boom de
algas, ou seja, um aumento rápido ou acumulação na população de algas (ou microalgas)
em um sistema aquático. contaminando as águas do lago formado; extinção de espécies
autóctones; submersão de importantes sítios arqueológicos (este último foi elencado, mas
submerso).

Veja por você mesmo a grandiosidade do empreendimento na foto da figura 5, que mos-
tra parte das turbinas da represa em operação.

Autóctones:
natural do território
onde vive.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


41
Figura 5 – Turbinas em operação na represa das Três Gargantas na China
Fonte: <http://www.shutterstock.com/pt/pic-133800983/stock-photo-water-plums-on-hydroelectric-
power-station.html>;<http://www.shutterstock.com/pic-137074475/stock-photo-power-generators-with-
water-using-a-tidal-power-generation-larger-machines.html>. Acesso em: 19 ago. 2014.

Identificar impactos ambientais de represas


brasileiras
Sabe, não quero assustar você que já começa a ver e entender a tamanha importância
e responsabilidade de um técnico em meio ambiente. Mas, não é somente na China que
podem acontecer impactos indesejáveis ou não previstos com a implantação de empreen-
dimentos para utilização de recursos renováveis. No Brasil também.

Para não sairmos do exemplo das construções de represas para hidrelétricas, vamos eu
e você fazermos uma breve viagem até ao norte do país.

Em Rondônia, a construção de várias usinas hidrelétricas vai inundar uma região de


dimensões significativas da bacia do rio Tapajós. Claro que impactos como a perda de bio-
diversidade, erosão das margens dos rios e graves problemas sociais vão ocorrer. Porém,
de horrorizar mesmo é a possibilidade de uma contaminação em larga escala por mercúrio
das populações residentes.
A garimpagem do ouro ocorre na região há muitas décadas e por todo esse tempo o
mercúrio foi se acumulando e se tornando um imenso lixão mercurial. A imagem que vou
lhe mostrar flagra as condições da extração do minério na região. Com a formação do lago
da represa, as toneladas do metal ali presentes serão absorvidas pelo plâncton que os
Plâncton: conjunto peixes comerão e repassarão para as comunidades consumidoras. A partir daí haverá uma
dos microorga-
maior frequência de câncer e malformações neurológicas, conforme concluiu Rocha (2012).
nismos que têm
pouco poder de
locomoção e vivem
livremente na
coluna de água.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Fitoplâncton:
conjunto dos orga-
nismos aquáticos
microscópicos que
têm capacidade
fotossintética (plan-
tas) e que vivem Figura 6 – Condições ambientais da extração do ouro na região a ser inundada pelos lagos das hidrelétricas
dispersos flutuando Fonte: <http://www.portalamazonia.com.br/editoria/files/2012/01/Garimpo-em-Roraima.jpg>. Acesso em: 18 ago. 2014.
na coluna de água.

42

Curiosidade
Com a formação do lago da represa na bacia do Tapajós as toneladas
do metal ali presentes serão absorvidas pelo fitoplâncton que os peixes
comerão e repassarão para as comunidades consumidoras. A partir daí
haverá uma maior frequência de câncer e malformações neurológicas.

Atividade 02
Sabendo-se que os refrigerantes são engarrafados em recipientes plásticos,
que impactos ambientais são causados por sua indústria? Cite dois impac-
tos ambientais negativos que podem se originar da instalação de uma usina
hidrelétrica. compartilhe suas respostas no fórum.
Recursos naturais não renováveis: o petróleo e
seus impactos ambientais
Sei que você assimilou os conceitos referentes aos recursos naturais e foi produtiva a
nossa discussão acerca da exploração dos recursos renováveis e de suas características
básicas. E sobre os recursos não renováveis? Sobre eles já vimos que não podem ser re-
generados, repostos ou reutilizados em uma escala que sustente a sua taxa de consumo.

Nessa sua caracterização que agora começamos a construir, é preciso ter em mente
que eles existem no planeta em quantidades finitas, ou são consumidos mais rapida-
mente do que a natureza pode ofertá-los, a exemplo dos combustíveis fósseis ou do urânio.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Ao contrário dos recursos renováveis, sua exploração e uso causam mais impactos ne-
gativos do que positivos. E é difícil mesmo imaginar impactos positivos na exploração de um
recurso como o petróleo quando vemos imagens como essa que irei ilustrar: a plataforma
Deepwater Horizon, no Golfo do México, incendiando-se e causando um prejuízo de bilhões
de dólares que tiveram que ser pagos ao governo, seguradoras e pessoas . No entanto, os
impactos de um incêndio numa plataforma de exploração de petróleo não se encerram em
abalos econômicos. Mas, também em terríveis impactos ambientais negativos.

43

Figura 7 – A plataforma Deepwater Horizon se incendiando


Fonte: <http://images.travelerstoday.com/data/images/full/2796/bp-oil-spill.jpg>. Acesso em: 18 ago. 2014.

Se você fosse elaborar um Estudo de Avaliação de Impactos Ambientais sobre atividades


de exploração e produção de petróleo no mar, certamente relacionaria como possíveis impac-
tos a alteração da biota (o conjunto de plantas e animais marinhos da área), simplesmente
pela presença da plataforma; a alteração da qualidade do ar pelas emissões de gases,
principalmente em casos de incêndio; e um dos mais drásticos impactos, o derramamento
do petróleo na água com a destruição de habitats marinhos pela toxidez da sua mancha.
Eu lhe disse que seria difícil imaginar impactos positivos na atividade de exploração e
produção de petróleo e gás. No entanto, no seu Relatório de Avaliação dos Impactos você
incluiria a geração de royalties; o aumento das atividades econômicas; a geração de
Royaltie: im- milhares de empregos; e do aumento do conhecimento técnico-científico. Não tenho
portância paga
dúvidas que você incluiria esses impactos positivos. Mas, note que todos eles são impactos
ao detentor ou
proprietário de um positivos sociais e não ambientais.
território, recurso
natural, produto ou Nesta nossa pauta sobre impactos ambientais causados pela exploração de recursos
processo de produ-
naturais não renováveis, você não acha que deveríamos incluir a utilização de outro impor-
ção pelos direitos
de exploração, uso, tante recurso? Um que seja também famoso e polêmico? Que tal o urânio?
distribuição ou
comercialização do
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

referido produto ou
tecnologia. Analisar a exploração do urânio e seus
impactos ambientais
Você deve estar se questionando: urânio? Não poderíamos discutir sobre a exploração
do ferro ou do alumínio que temos em grande quantidade e que causam graves impactos
ambientais, como a geração de resíduos tóxicos; a poluição dos rios ou o desmatamento
de florestas? Claro que sim, e sobre muitos outros recursos não renováveis. Entretanto, a
exploração e o uso do urânio são potencialmente muito mais perigosos para o Homem e a
natureza, e por essa razão sugiro usá-lo como exemplo em nosso estudo.
44 Com relação à quantidade nem se preocupe, pois estamos bem servidos. O Brasil pos-
sui uma das maiores reservas mundiais de urânio (mais de 300 mil toneladas), (SANTOS,
2008, p.7), e os estudos de prospecção foram realizados apenas em um quarto do territó-
rio nacional, essencialmente os Estados da Bahia, Minas Gerais e Ceará.

Antes de analisarmos seus impactos eu preciso lhe informar que na mineração ele é
manuseado em estado natural quando seu nível de radioatividade permanece abaixo dos
Radioatividade: limites permitidos para que não causem danos à saúde animal ou ao ambiente. Mesmo as-
propriedade de
sim, as populações das áreas de influência das operações de extração (das minas) denun-
determinados tipos
de elementos quí- ciam vazamentos de material radioativo, contaminação de recursos hídricos e incidência
micos radioativos
anormal de neoplasias (tumores).
emitirem radiações.

Visualmente, no entanto, é a degradação do solo o impacto ambiental que nos chama


mais a atenção, igualmente à degradação promovida pela exploração de outros minerais.
Esta cena que você irá observar agora é da jazida de exploração de urânio no município de
Caetité, na Bahia.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Figura 8 – Degradação da área de exploração do urânio (Caetité, Bahia)
Fonte: <http://ambientalsustentavel.org/wp-content/uploads/2011/10/Exploracao-de-Uranio-
-contamina-Agua-em-Caetite-BA.jpg>. Acesso em: 27 ago. 2014.

O urânio que sai de Caetité vai fazer uma longa viagem antes de chegar às usinas nu-
cleares. Sabe o roteiro que ele segue? Vou lhe contar, mas vamos saber primeiro em que
estado ele sai das minas.

Inicialmente ele é separado do seu minério, a uraninita, por via úmida. Depois de seco
se transforma num sal de cor amarela, e por isso conhecido como yellowcake (bolo amare-
lo). Esse pó é o primeiro produto do urânio que tem um grande potencial de causar impacto
45
ambiental negativo por seu relativo poder radioativo. Em seguida será beneficiado no Ca-
nadá e na Holanda para, finalmente, poder ser usado na produção de energia.

Os impactos ambientais da utilização do urânio


Lembra-se que eu já lhe perguntei se explorar recursos naturais sempre será em prol de
nosso desenvolvimento? Concluímos que nem sempre. E esse pensamento também se en-
caixa agora sobre a utilização do urânio. Sua utilização resulta também em consequências
requeridas ou benéficas para o Homem.

Os médicos o utilizam na medicina; os militares o utilizam na fabricação de armas; os


engenheiros o utilizam para a propulsão de submarinos, navios, sondas espaciais e em
usinas nucleares para a produção de energia elétrica. Mas, não raro, esses usos findam
por criar impactos assustadoramente negativos. Você poderia elencar alguns desses im-
pactos? Faça uma relação daqueles que mais afetaram o planeta.

Vamos escolher dentre eles, os impactos originados de acidentes em usinas nucleares


para produção de energia elétrica.
Os impactos ambientais de Chernobyl
Você se recorda ou já leu sobre Chernobyl? Vamos relembrar aquele acidente e fazer
uma breve análise dos seus impactos.

No início dos anos 1970 iniciou-se a instalação da usina nuclear de Chernobyl, um pe-
queno povoado agrícola, no norte da Ucrânia. A 18 quilômetros dali construiu-se a cidade
de Pripyat para abrigar seus trabalhadores. Em abril de 1986 o reator 4 da usina explodiu,
gerando uma nuvem radioativa que atingiu a união soviética (ainda era URSS), Europa
Oriental e Reino Unido. Foi o mais grave acidente nuclear civil da história. Observe na figura
09 a nuvem radioativa partindo de Chernobyl e começando a se espalhar nas direções de
Kiev e Minsk, na Bielorrússia.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

46

Figura 9 – Versão artística da nuvem radioativa de Chernobyl


Fonte: <http://savetheanimalsincludeyou.files.wordpress.com/2013/05/bf224-nuvemradioativa.
png>. Acesso em: 18 ago. 2014. Acesso em: 27 ago. 20014.

As primeiras consequências dos impactos ambientais causados pelo acidente foram a


morte de dezenas de pessoas atingidas pela radiação; milhares de casos de câncer de ti-
reóide; a contaminação da fauna, flora solos e águas, que alterou subitamente a qualidade
ambiental (OLMOS, 2006). Um impacto social foi a necessidade de evacuar de imediato
milhares de pessoas de sua cidade natal, para evitar a radiação e posterior assentamento.

Com relação aos efeitos da radiação sobre a ecologia da região, os quais continuam por
lá, sem prazo para sair, os solos e as águas contêm partículas radioativas e os animais as
absorvem quando bebem a água contaminada e as acumulam em seus órgãos e ossos.
Mas, extraordinariamente, a flora se reproduz e as populações de animais crescem livre-
mente e aparentemente adaptando-se ao ambiente radioativo.

Igualmente a você, também considero tudo isto muito surpreendente. E a verdade é


que Chernobyl transformou-se num enorme laboratório de pesquisas dos efeitos de um
impacto ambiental nuclear, e os pesquisadores estão se surpreendendo tanto quanto nós
com o que ali está acontecendo.

Se antes os animais que viviam na área de influência de Chernobyl (aves, lobos, linces e
outros) tinham a sua existência ameaçada pelos humanos (por conta da diminuição de seu
território com o desmatamento para a expansão da agricultura), hoje, livres de sua presen-
ça, aumentam suas populações e protegem suas ninhadas nas edificações abandonadas
de Pripyat (a cidade vizinha à usina), essas mesmas que você vê na imagem.

E você deve estar concluindo que para os animais, o Homem era um inimigo muito mais
perigoso do que é a radioatividade. Estou certo?

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


47

Figura 10 – Edificações abandonadas em Pripryat, após a explosão da usina nuclear


Fonte: <http://m2.paperblog.com/i/242/2426894/il-metallo-radioattivo-di-chernobyl-che-finis-L-
-AytSgC.jpeg>. Acesso em: 18 ago. 2014.

Creio que os soviéticos tenham feito um estudo de impacto ambiental para a instalação
daquela usina. E se assim o fizeram, será que não incluíram um Estudo de Análise de Ris-
co? Ou até mesmo um Plano de Gerenciamento de Risco? Não sei. Mas sei que logo em
seguida vamos discutir sobre esses tipos de avaliações.

Atividade 03
Que impactos ambientais negativos seriam produzidos por um derrame de
petróleo no mar? Cite três impactos ambientais com a instalação de uma
usina nuclear. Informe suas respostas no fórum.
Mídias
Saber um pouco mais sobre os impactos causados pelas hidrelétricas e
usinas nucleares ao redor do mundo, aumentaria ainda mais nosso conhe-
cimento, e por essa razão, sugiro a leitura do livro “Impactos de Grandes
Projetos Hidrelétricos e Nucleares: aspectos econômicos, tecnológicos, so-
ciais e ambientais” de Luiz Pinguelli, Lygia Sigaus e Otávio Mielnik. A obra
sintetiza os resultados de estudos sobre os impactos de grandes projetos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

energéticos.
Outra obra complementar e que lhe recomendo é “Economia Solar Global:
Estratégias para a Modernidade Ecológica” de Hermann Scheer. O livro
foca nas bases tecnológicas, ecológicas, sociais e políticas para uma eco-
nomia de baixo impacto ambiental.

Resumo
48 Neste estudo você desenvolveu a competência de Identificar as características dos re-
cursos naturais, aprendeu a conceituação de recursos renováveis e não renováveis, assim
como discutiu a tese do Professor John Tilton sobre recursos sustentáveis e não sustentá-
veis. Foi estimulante e você aumentou seus conhecimentos sobre os impactos ambientais
causados pela exploração do petróleo e do urânio.

Autoavaliacão
1. Escreva as letras P ou N nos parênteses de acordo com o impacto ambiental descrito,
se positivo ou negativo. Nas atividades de exploração do petróleo e do urânio podem
ocorrer os seguintes impactos ambientais:

( ) Destruição de habitats marinhos;

( ) Geração de empregos;

( ) Alteração da biota nos ecossistemas;

( ) Contaminação radioativa.
2. Uma condição necessária para que um material seja um recurso natural é:

a) Que o material seja produzido num processo que utiliza trabalho, capital e tecnologia;

b) Que o material seja útil ao Homem;

c) Que a sua exploração tenha consequências positivas;

d) Que tenha origem de erupções vulcânicas.

3. Escreva no parêntese a letra C para a afirmação certa e a letra E para a afirmação errada.

( ) A exploração dos recursos naturais não renováveis causam mais impactos ambientais

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


positivos do que negativos;

( ) A exploração dos recursos naturais não renováveis causam mais impactos ambientais
negativos do que positivos;

( ) Os recursos naturais não renováveis existem no planeta em quantidades limitadas;

( ) Os recursos naturais não renováveis são consumidos mais rapidamente do que a na-
tureza pode ofertá-los.

4. Na exploração do minério de urânio o impacto que se apresenta com maior magnitude é:


49
a) A degradação do ambiente;

b) A propagação da radioatividade;

c) Aumento da incidência de câncer;

d) Nenhuma resposta correta.

5. Com a explosão de um reator nuclear o impacto ambiental imediato sobre o meio socio-
econômico é:

a) Evacuação da população;

b) Contaminação com partículas radioativas da fauna local;

c) Mutações genéticas nas espécies vegetais;

d) Utilização da fissão nuclear na produção de energia elétrica.


Competência
03 51

Identificar os riscos
e perigos de impactos ambientais
Identificar os riscos
e perigos de impactos ambientais
Imagine que você entrará ainda hoje, numa indústria de beneficiamento de pescado
para fazer uma análise de risco de vazamento de amônia, trabalho este que eu considero
perigoso. Perigoso porque não é comum que nossas empresas monitorem regularmente
seus equipamentos. Vou lhe contar sobre um ocorrido em Nova Santa Rita, Porto Alegre, no

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Rio Grande do Sul, em maio de 2012.

Um funcionário de uma empresa do segmento de cargas refrigeradas, sem qualquer


equipamento de segurança, estava tentando fazer uma troca de uma válvula danificada de
limpeza do sistema, junto ao tanque separador de líquidos, quando aconteceu uma explo-
são e vazou para o ambiente uma nuvem de amônia. Era um vazamento anunciado. A em-
presa não estabelecera nenhum programa de segurança contra acidentes com vazamento
de amônia. Não existia qualquer equipamento de segurança; nenhum hidrante; nenhuma
sinalização da planta de gás. E para piorar a situação, a empresa não possuía alvará de
prevenção contra incêndio ou licença de operação.
53
O gás se espalhou e nove pessoas foram intoxicadas e internadas num hospital em Canoas.

Conceito de perigo e risco


Pelo que estudamos até agora sobre o nosso relacionamento com o meio ambiente,
dá para concluir que não temos uma convivência muito harmoniosa, concorda comigo?
Lembre-se que na mineração do ouro poluímos os rios com mercúrio; no uso do urânio
contaminamos o ar, as águas, o solo e a vida com radiação; na construção de represas
exterminamos a biodiversidade; com o desmatamento da caatinga estamos originando
imensos desertos; e por aí vai. Está com medo? Eu sei, eu sei, tudo isso é um perigo, um
grande risco para nós. E por falar em risco e perigo, você saberia dizer a diferença entre
perigo e risco? Estou perguntando isso porque para fazermos uma análise de risco deve-se
saber a diferença entre esses dois conceitos.

Adotando-se a definição mais simples possível, perigo é a propriedade de uma substân-


cia, situação, condição, ou qualquer instalação com potencial para causar dano à saúde e
ao meio ambiente - uma usina nuclear, por exemplo.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Figura 11 – Usina nuclear, um perigo com potencial de promover dano


Fonte: <http://www.shutterstock.com/pt/pic-60062224/stock-photo-nuclear-plant-temelin-czech-
-republic.html>. Acesso em 18 ago. 2014.

Enquanto que o risco é uma situação de perigo, é uma possibilidade da materialização


do perigo, como bem definiu o Professor Enrique Sánchez (2013), da USP, ou ainda uma
possibilidade de um evento indesejado ocorrer. Por exemplo, desse risco, o lixo atômico
estocado em recipientes inapropriados, diferentes desses mostrados na figura, nos quais o
rejeito nuclear está bem acondicionado.

54

Figura 12 – Lixo atômico bem acondicionado


Fonte: <http://www.eletronuclear.gov.br/Portals/0/0980pa.jpg>. Acesso em: 19 ago. 2014.

Atividade 01
Relacione dois outros exemplos de perigos e de situações de risco. Informe
no fórum, sobre o que encontro.
A classificação dos riscos
Vamos fazer uma classificação dos riscos para facilitar ainda mais essa nossa aborda-
gem sobre análise de risco. Se você procurar vai descobrir que são muitas as maneiras de
fazer essa classificação. Mas, eu e você podemos ficar com aquela que divide os riscos
ambientais em riscos naturais e riscos tecnológicos.

Os riscos naturais seriam os geológicos, biológicos e hídricos, por exemplo. Quero de-
cidir com você, dentro dessa classificação escolhida, que vamos nos ater aos riscos tec-
nológicos porque estão diretamente ligados à ação humana, a exemplo do vazamento de
substâncias químicas, da emissão de radiações, ou da liberação de agentes patogênicos.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Esses riscos podem ser crônicos ou agudos. O que vem a ser risco crônico? É como seu
nome diz, um risco em longo prazo. Quer um exemplo? Um parque de estocagem de com-
bustível para sua distribuição. Os moradores da vizinhança sabem que pode a qualquer
momento ocorrer incêndio, explosão ou vazamento, mas são os danos à saúde que podem
se manifestar a médio ou longo prazo (os moradores do bairro de Santos Reis, em Natal,
Rio Grande do Norte, reclamaram durante anos dos odores provindos dos tanques, mostra-
dos na figura, e de sintomas crônicos de doenças).

55

Figura 13 – Tanques de estocagem de combustível em Natal/RN


Fonte: <http://www.riograndedonorte.net/wp-content/uploads/2012/12/107986.jpg>.
Acesso em: 19 ago. 2014.

E o que seria risco agudo? O risco de efeito imediato, por exemplo, o vazamento de
amônia de um sistema de refrigeração (veremos esse risco em detalhes mais adiante); ou
o vazamento de petróleo de um navio ou de um duto.

Definição de análise de risco


Creio que chegou o momento de responder a essa perguntinha que vem nos acompa-
nhando: de que trata afinal, essa análise de risco dentro do campo de ação da avaliação
de impactos ambientais?

Na verdade constatamos de imediato que a sua própria terminologia - análise de risco


- já nos ajuda na explicação. Não é difícil deduzir que ela trata de identificar situações de
risco num empreendimento em operacionalização. Além desse objetivo, ela necessita ca-
racterizar as potencialidades de danos ambientais e às pessoas; e também precisa imple-
mentar medidas preventivas, emergenciais e de gerenciamento dos riscos considerando
as possíveis consequências de um acidente.

Um estudo desse tipo teria que ser abrangente a todas as atividades que tenham po-
tencialidade de causar impactos ambientais negativos significativos (atividades de risco)
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

contra a integridade ambiental e das pessoas. Concorda comigo?

Em termos de análise de risco eu considero, e acredito que você também vai conside-
rar, que a definição dos Professores Omar Bitar e Ortega (1998), resume o que discutimos
até agora com relação a sua conceituação quando entendem que ela corresponde a uma
estimativa prévia da probabilidade de ocorrência de um acidente e a avaliação das suas
consequências sociais, econômicas e ambientais.

As condições básicas para uma análise de risco


56 Estou certo que os conhecimentos por nós acumulados até aqui, e acrescidos dessas
conceituações sobre perigo, risco e análise de risco, nos dão uma condição suficiente para
esboçarmos as necessidades de um estudo dessa natureza.

Inicialmente faremos uma descrição das instalações (e das essenciais matérias-primas


utilizadas) do empreendimento a ser analisado; depois identificaremos os possíveis peri-
gos e riscos na operacionalização da atividade; em seguida vamos elencar providências
preventivas contra esses riscos e perigos, de modo a mitigá-los, ou a evitar acidentes; e por
fim chega a hora de elaborar um plano de ações para situações emergenciais. Não seria
tão difícil, seria?

Claro que esses itens têm inúmeros desdobramentos que poderíamos até discuti-
-los. No entanto, eu acredito ser mais proveitoso e assimilável se estudarmos um caso
real dos riscos e perigos de uma atividade, por exemplo, que utiliza a refrigeração in-
dustrial por amônia.

Agora vamos começar. Imaginemos que tenha sido contratado para fazer uma Análise
de Risco numa empresa de beneficiamento de pescado que usa a refrigeração por amônia
para as suas câmaras frigoríficas. É apenas um treinamento, e eu vou estar ao seu lado.
Depois da visita à empresa instalada à margem de um rio da sua cidade, você iniciou a
caracterização das instalações e escreveu em seu relatório.

Caracterização dos principais setores de uma


empresa
A empresa possui três setores principais nos seus dois andares: a administração e a
sala de máquinas estão situadas no andar superior, e o salão de beneficiamento do pes-
cado, no andar inferior.

O salão de beneficiamento tem duas portas, uma para o trânsito dos empregados, es-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


treita e com lava-pés, e que se comunica com um pátio coberto: e outra para carregamento
de caminhões com o produto beneficiado, congelado e encaixotado (imagine que essa
porta é mantida fechada). O pátio coberto possui duas saídas para o exterior: um grande
portão principal, ao lado do qual há uma porta estreita para a entrada dos empregados; e
ainda outro portão, uma saída dos fundos, trancada com cadeado.

Descrição do sistema de refrigeração


Você relatou sobre o sistema de refrigeração, na sala de máquinas, que ele consistia de
57
sete compressores, trocadores de calor, tubulações e acessórios; e um tanque de armaze-
namento de amônia com capacidade de estocagem de 500 Kg.

Mas, eu soube que antes de iniciar esse seu trabalho, você tinha estudado durante dias o
funcionamento desses sistemas de refrigeração, lido inúmeros trabalhos sobre a refrigeração
industrial por amônia (inclusive a Nota Técnica 03/04, 2005) e até visitado outras empresas
com instalações de refrigeração para consolidar seus conhecimentos sobre o assunto.

Valeu a pena! Aprendeu e descreveu que, basicamente, um sistema de refrigeração


consiste de uma série de vasos e tubulações interconectados, os quais comprimem e bom-
beiam o refrigerante (no caso a amônia) para os ambientes que precisam ser resfriados.
São três os componentes desse sistema: o condensador, o evaporador e o compressor,
este último composto por uma bomba, que aspira e comprime, e um dispositivo para impe-
dir vazamento de gás. O cabeçote é protegido por uma tampa.

Caracterização da amônia
Evidentemente que você também pesquisou sobre a amônia, a substância responsável
pelo funcionamento do sistema. Descobriu suas características físicas e químicas, porém
lhe chamou mais a atenção o fato dela apresentar um potencial de risco de explosão e
incêndio; e ficou assustado ao saber que sua inalação podia causar problemas respirató-
rios, broncoespasmo, queimadura da mucosa nasal, faringe e laringe, edema pulmonar,
necrose dos tecidos e morte.

E agora fico aqui, estarrecido, olhando essa nuvem de compostos de amônia de uma
explosão na empresa Global Logística em Santa. É muito, muito assustadora.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Figura 14 – Nuvem de compostos de amônia, em explosão na Global Logística, SC


Fonte: <http://www.gazetadopovo.com.br/amazon/s3/saochicoAR.jpg?w=620&h=600>.
Acesso em 19 ago. 2014.
58

Curiosidade
Não é raro acidentes com lançamento de amônia no meio ambiente. Em
novembro de 2003 ocorreu vazamento num frigorífico em Porto Ferreira,
São Carlos, SP; em agosto de 2010 o acidente foi numa agroindústria em
Morro Grande, SC; em janeiro de 2014, em Araraquara, SP; também em
janeiro de 2014 ocorreu um vazamento na indústria Master Boi, na zona
sul de Recife, PE.

Corrosão: Decom- Os perigos e riscos de acidentes


posição química
gradual de metais Tenho certeza que você pode observar na sala de máquinas que alguns compressores
ou rochas.
apresentavam elevado processo de corrosão internalizando-se para os cabeçotes. Ali es-
tava um exemplo claro de um risco, a perfeita materialização do perigo. E mais, a sala
daqueles equipamentos não dispunha de exaustores para o caso de um eventual vazamen-
to de amônia. Anotou todos esses detalhes em seu caderno não foi? Nas suas próximas
avaliações eles serão muito importantes, fique atento!

A manutenção daqueles equipamentos, válvulas, condensadores, bombas, evapora-


dores e compressores era absolutamente inadequada. A oxidação dos componentes dos
compressores era visível e esta poderia ser uma causa iminente de vazamento de amônia.
Na figura que segue você consegue mostrar.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Figura 15 – Casa de máquinas com o sistema de refrigeração do qual vazou amônia
Fonte: <http://www.frioplus.com.br/images/informativos/1_amonia_4.jpg>.
Acesso em: 19 ago. 2014.
59
Mas, era preciso também avaliar se a empresa mantinha procedimentos de emergência
em caso de eventual acidente.

De prancheta na mão você foi ao encontro dos empregados no salão de beneficiamento


para conversar com eles. E nessas entrevistas soube que eles não tinham qualquer infor-
mação sobre o perigo da amônia para a saúde; e que não haviam feito qualquer treinamen-
to para uma evacuação adequada dos locais de trabalho em caso de acidente. Aliás, você
não estava vendo qualquer sinalização ou vias de evacuação daquele recinto. Pelo contrá-
rio, você continuava preocupado com a porta do salão, que ainda estava fechada à chave.

Quando questionou ao gerente de produção, sobre o uso das máscaras autônomas


para uso em situações de emergência, o mesmo confessou que não existiam. E do mesmo
modo não existiam também armários adequados e devidamente sinalizados para acondi-
cionamento de equipamentos de proteção respiratória.

Como implementar medidas preventivas


O cenário que você encontrou na empresa não foi nada animador não é mesmo? Ela
precisava urgentemente de medidas preventivas e de um gerenciamento de riscos.

Você concluiu que uma instalação de refrigeração por amônia precisa ser bem proje-
tada para reduzir ao máximo a possibilidade de vazamento; ter uma manutenção eficaz e
uma operação adequada. Para tanto elencou as seguintes providências para que fossem
incluídas num plano de prevenção de acidentes:

• Com relação à gestão da segurança do sistema de refrigeração: análise dos riscos


existentes; capacitação dos trabalhadores que operam o sistema; elaboração de es-
quemas de manutenção preventiva; realização de auditorias periódicas e investigações
rigorosas de eventuais incidentes.

• Com relação às instalações: a casa de máquinas deve ser instalada ao nível do solo,
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

com sistema de ventilação, pé-direito de no mínimo quatro metros, e com duas saídas
de emergência.

• Com relação aos equipamentos e materiais: todos os equipamentos devem ser dimen-
sionados e testados antes de sua instalação; compressores, condensadores, evapora-
dores e bombas devem ser equipados com válvulas de alívio de pressão; aquisição de
compressores de baixa pressão; e tubulações que não contenham zinco ou cobre.

• Com relação às medidas de proteção coletiva à exposição de amônia: instalar moni-


tores ambientais acoplados a sistemas de alarme audível em todos os setores; instalar
60 caixa de controle do sistema que desligue equipamentos elétricos e acione exaustores;
sinalizar tubulações e saídas de emergência, estas mantidas sempre abertas; instalar
chuveiros de segurança e lava-olhos.

De posse de todos esses dados, nesse nosso exercício, você conseguiu elaborar uma
avaliação técnica de riscos da empresa. Parabéns! Fez um bom trabalho. Só espero que o
empreendedor tenha aceitado sua análise de risco e implantado o seu plano de prevenção.
Porque se não a levou em consideração...

Atividade 02
Quais os objetivos de uma análise de risco? Quais as variáveis básicas
constituintes de uma análise de risco? Quais as lições aprendidas com o
vazamento da amônia? Explique suas conclusões no fórum.
Vamos conhecer um caso real?

Na manhã de 11 de julho de 2003, numa empresa de beneficiamento de pescado localiza-


da à margem do rio Potengi, em Natal, Rio Grande do Norte, a tampa enferrujada do cabeçote
de um compressor (a foto mostra em detalhe o compressor do acidente, com peças enferru-
jadas) da sala de máquinas se rompeu, e vazou para o ambiente cerca de 40 Kg de amônia.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Figura 16 – Compressor enferrujado que vazou amônia para o ambiente
Fonte: <http://s2.glbimg.com/1vtIZkNdZCf0LuMmf6M5sT9Med8=/s.glbimg.com/jo/g1/f/origi-
nal/2013/12/10/vazamento_junqueiropolis.jpg>.
Acesso em: 19 ago. 2014.

Uma nuvem do gás invadiu as dependências da indústria, especialmente o salão de benefi- 61


ciamento. Os trabalhadores entraram em pânico e correram para a área externa. Apenas alguns
passaram pela porta estreita (com lava-pés) e outros colidiram com a outra porta sempre tranca-
da. Outros procuraram a porta dos fundos, mas estava fechada com cadeado. Dois funcionários
morreram e outros 127 ficaram gravemente feridos e doentes pela inalação da amônia.

Infelizmente, no caso acima não houve análise de risco e muito menos a implantação
de um plano de prevenção.

Mídias
Um livro interessante para complementar essas nossas informações sobre
análise de risco é o que trata de “Gestão e Avaliação de Risco em Saúde
Ambiental” de Ogenis Magno e Luiz Querino. Nele é mostrado como se
pode adaptar propostas de risco para a realidade brasileira e se discute a
gestão ambiental informada pela avaliação de risco.
Resumo
Identificar os Riscos e Perigos de Impactos Ambientais agora vai ficar fácil e simples!
Você aprendeu a diferença entre perigo e risco e classificou esses riscos em naturais e
tecnológicos; ainda os subclassificou em crônicos e agudos e aprendeu a elaborar uma
relação com medidas preventivas. Mas, ao final parece que a empresa a qual você prestou
esse serviço de avaliação e análise desprezou suas considerações. Em consequência, hou-
ve uma explosão com o vazamento de amônia.

Autoavaliação
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

1. De acordo com os conceitos de perigo e risco preencha os parênteses com as letras P


(Perigo) e R (Risco).

( ) Propriedade de uma substância com potencial para causar dano à natureza;

( ) Lixo atômico acondicionado em recipientes inapropriados;

( ) Uma situação de perigo;

( ) Um oleoduto com conexões enferrujadas.

62
2. A descrição das instalações de um empreendimento; a identificação dos possíveis peri-
gos e riscos; a elaboração de medidas preventivas; e um plano de ações para situações
emergenciais são necessidades para:

( ) Realizar um EIA/RIMA;

( ) Elaborar uma análise de risco;

( ) Fazer um diagnóstico ambiental;

( ) Nenhuma das respostas está correta.

3. Neste estudo os riscos ambientais são classificados em:

a) Químicos e radioativos;

b) Patogênicos e físicos;

c) Naturais e tecnológicos;

d) Explosivos e contaminantes.
4. Os riscos tecnológicos são classificados em crônicos e agudos. De acordo com essa clas-
sificação, a explosão numa plataforma de petróleo seria um risco caracterizado como:

a) Crônico;

b) Físico;

c) Industrial;

d) Agudo.

5. A localização da casa de máquinas; a verificação das condições de uso e dimensiona-


mento dos equipamentos e materiais da indústria; e a verificação da gestão de seguran-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


ça, com relação ao sistema de refrigeração seriam providências que se incluiriam:

a) No plano de controle ambiental;

b) No plano de recuperação de área degradada;

c) No plano de prevenção de acidentes;

d) No plano de monitoramento do solo.

63
Competência
04
Aplicar RCA, PCA, PRAD
e EIA/RIMA
Aplicar RCA, PCA, PRAD
e EIA/RIMA
Uma salina solar localizada no litoral norte do Estado do Ceará desmatou algumas dezenas
de hectares de manguezal para construir evaporadores, com o objetivo de aumentar sua área
de produção de sal. O manguezal é uma Área de Proteção Permanente (APP), e até por essa
razão legal, não pode ser destruído. Em acordo com o órgão licenciador, o empreendedor assu-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


miu um compromisso de compensar a degradação da área com o replantio das mesmas espé-
cies nativas retiradas. Para tanto, elaborou um Plano de Recuperação de Área Degrada (PRAD).
Como faria uma compensação, o primeiro passo foi a escolha da nova área para revegetação
(que teria de ser na mesma bacia hidrográfica), conforme cláusulas do termo ajustado.

A equipe responsável pela execução do PRAD estudou a ecologia das espécies que
seriam replantadas: reprodução, distribuição de sementes, estabelecimento de plântulas
recrutamento natural do mangue. Em seguida construiu uma casa de produção de mudas
e elaborou um plano de inundação da área. Transportaram e plantaram as espécies no
local. Em poucos anos a área estava com uma cobertura de árvores de mangue.
67

A caracterização dos instrumentos de


licenciamento
O grau de complexidade desses estudos depende de características próprias de cada
projeto, tais como seu porte, sua localização ou os tipos de produtos produzidos ou rejeita-
dos (MMA/IBAMA, 2002).

Alguns empreendimentos irão exigir informações tecnicamente mais aprofundadas e


serão elaborados Estudos de Impactos Ambientais (EIA), com o respectivo Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA); outros, potencialmente de menor impacto para o ambiente soli-
citarão estudos de menor exigência técnica, a exemplo do Relatório de Controle Ambiental
(RCA) e Plano de Controle Ambiental (PCA). E havendo necessidade de recuperar alguma
área que tenha sofrido ações de degradação, o órgão licenciador poderá exigir um Plano
de Recuperação de Área Degradada (PRAD).

Nós vamos fazer um acordo agora. Desses instrumentos de caráter ambiental a que nos
referimos, escolheremos o EIA para ser nosso exemplo de caso, embora não deixemos de
também conceituar e aprender sobre as aplicações do RCA, PCA e o PRAD.
O conceito de RCA
Saiba que, se o órgão licenciador receber um requerimento de Licença Prévia e dis-
pensar o EIA para um determinado projeto, poderá pedir que se faça um RCA. Até porque
é uma exigência imposta pela Resolução CONAMA 010/90.

Curiosidade
Em seu artigo 4º a Resolução Conama 010/90 determina a licença prévia
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

deverá ser requerida ao órgão ambiental competente, ocasião em que o


empreendedor deverá apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA),
com o respectivo RIMA, ou o Relatório de Controle Ambiental (RCA) e de-
mais documentos necessários.

O RCA é um instrumento da gestão ambiental que contém as informações caracteriza-


doras do empreendimento, cujos resultados permitirão identificar as não conformidades
legais referentes ao meio ambiente. Ele é um norteador das ações mitigadoras a serem

68 propostas no Plano de Controle Ambiental.

O conceito de PCA
E o Plano de Controle Ambiental (PCA)? Ele é um estudo que identifica impactos
ambientais gerados por empreendimentos de pequeno e médio porte e propõe medi-
das mitigadoras para minimizá-los, ou ainda medidas compensatórias. Sempre avaliado
Mitigadoras: tornar durante a fase de análise da Licença de Instalação, conforme preconiza o Artigo 5º da
mais brando, mais
Resolução Conama 10/90, o PCA é um importante instrumento de subsídio no processo
suave, menos
intenso. do licenciamento ambiental.

O art. 5º da Resolução Conama 10/90 preconiza que a licença de Instalação


deverá ser requerida ao órgão ambiental competente, ocasião em que o empre-
endedor deverá apresentar o Plano de Controle Ambiental (PCA), que conterá os
projetos executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados na fase
da LP, acompanhado dos demais documentos necessários.
Mas, você precisa saber que o PCA só pode existir se vier de um RCA (ou mesmo de um
EIA), pois, como já vimos, o RCA é um norteador das ações mitigadoras a serem propostas
no Plano de Controle Ambiental.

O conceito do PRAD
Com relação ao Plano de Recuperação de Áreas Degradas (PRAD) temos que observar
alguns aspectos técnicos e legais com relação à sua finalidade.

Se precisamos conceituar degradação, então vamos usar a definição dada pelo De-
creto Federal nº 97.632, de 10 de abril de 1989, em seu artigo 2º, que a considera

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


“processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelo quais se perdem ou se redu-
zem algumas de suas propriedades tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos
recursos ambientais”.

Como sua própria terminologia do Plano explicita, esse estudo refere-se à recomposição
de áreas que foram deterioradas por ações humanas, porém esse Decreto foi específico
para atividades de mineração (leia o seu Artigo 1º), a exemplo dessa exploração de minério
de ferro mostrada na figura 17.

69

Figura 17 – Exploração de minério de ferro em Carajás, no Pará


Fonte: <http://ambientalistasemrede.files.wordpress.com/2013/01/110.jpg>.
Acesso em: 19 ago. 2014.

Mas, como você constatará ao exercer a função de Técnico em Meio Ambiente, os


órgãos ambientais o solicitam também para a recuperação de manguezais, mananciais
hídricos e áreas erodidas por quaisquer outras atividades antrópicas.
Curiosidade
O artigo 1º do Decreto Federal nº 97.632, de 10 de abril de 1989 determina
que os empreendimentos que se destinam à exploração de recursos mine-
rais deverão, quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), submeter à aprovação do órgão
ambiental competente um Plano de Recuperação de Área Degradada.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Atividade 01
De quais características dependem o grau de complexidade dos estudos
de impactos ambientais? Conceitue RCA, PCA e PRAD. Qual dos estudos
ambientais de impactos apresenta maior grau de complexidade? Informe
suas respostas no fórum, em seu ambiente virtual.
70

O conceito de EIA e RIMA


Até o momento, algumas vezes fizemos referências ao estudo de impacto ambiental,
mas, somente agora é que efetivamente vamos dar total atenção a ele. Estudaremos, ini-
cialmente, os requerimentos para a elaboração de um EIA, do qual se origina o relatório de
impacto ambiental, RIMA.

O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) deve conter as conclusões do Estudo de Im-


pacto Ambiental (EIA) demonstrando em linguagem acessível para toda a comunidade, as
vantagens e desvantagens ambientais, e socioeconômicas da implantação do projeto. Na
sua concepção pode ser ilustrado por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas
de comunicação visual. Alguns volumes devem estar à disposição das pessoas interessa-
das, tanto na biblioteca pública do município sede, quanto no órgão licenciador.

Vamos nos concentrar num EIA com suas partes essenciais, mas com um conteúdo ge-
nérico, conforme as normas gerais definidas pela regulamentação. Como essa é a atividade
central do processo de avaliação de impacto ambiental, sem ela não poderíamos ir adiante.
Importante
O EIA, além de ser um instrumento constitucional da Política Ambiental, é
realmente imprescindível para o processo de avaliação ambiental.

De maneira bem objetiva, o EIA é esse instrumento que, por meio de uma equipe mul-
tidisciplinar, executa estudos técnicos e científicos com a finalidade de analisar as conse-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


quências da implantação de um empreendimento num determinado ambiente. Para tanto,
utiliza métodos e conceitos de avaliação de impacto ambiental (AIA), acrescidos de técni-
cas de previsão de impactos ambientais.

Elaboração de um EIA para uma fazenda de


carcinicultura
À primeira vista o EIA seria um instrumento fechado, mas não é bem assim. Para sua
elaboração, você terá que adotar diferentes níveis de avaliação de acordo com o potencial
de impacto de cada empreendimento. 71
Vamos exemplificar com a instalação de um projeto de carcinicultura (criação de ca-
marões) e outro com a instalação de um parque eólico, (aero geradores para produção de
energia elétrica), ambos na mesma região em ecossistema de tabuleiro costeiro.

Uma fazenda de carcinicultura pode provocar diferentes impactos ambientais nos meios
físico, biológico e socioeconômico, mas, essencialmente, dois tipos de alterações ambien-
tais são mais significativos: a destruição vegetal com a consequente transferência da fauna
nativa; e a mudança na composição biofisicoquímica da água do corpo receptor com a
drenagem das águas efluentes dos viveiros (impacto positivo ou negativo, dependendo do
tratamento que se dê às águas de seus efluentes).

Você já viu um empreendimento de carcinicultura? Não viu? Então façamos um sobre-


voo numa fazenda, localizada no Rio Grande do Norte, cujas instalações são mostradas
na imagem aérea.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Figura 18 – Vista da fazenda de camarões Potiporã, no Rio Grande do Norte


Fonte: <http://arquivos.tribunadonorte.com.br/fotos/126027.jpg>. Acesso em: 19 ago. 2014.

As particularidades da implantação de um
parque eólico
Um parque eólico por sua vez (conjunto de aero geradores para produzir energia a partir
dos ventos) pode também provocar diferentes alterações ambientais, porém três delas são
de maior proporção: a supressão vegetal, com a consequente migração da fauna durante a
fase de construção (FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, 2013); e após sua instala-
72 ção, relativos impactos visuais e interferências eletromagnéticas (caso as turbinas estejam
instaladas entre receptores e transmissores), as quais afetam a qualidade das transmis-
sões das ondas de rádio, televisão, internet ou celular.

E tem mais uma situação que precisa ser adicionada: se o parque for instalado em rotas
de migrações de aves pode ocorrer choque dos bandos contra as pás dos aero geradores,
como mostra o flagrante da imagem.

Figura 19 – Aerogeradores construídos em rota migratória de aves


Fonte: autoria própria (2014).
Os exemplos dados foram dois projetos com objetivos diferentes, mas implantados no
mesmo ambiente e que tiveram diferentes impactos ambientais. E o que aconteceria se
fossem dois parques eólicos idênticos localizados em ambientes distintos? Da mesma for-
ma, pode ficar certo, ocasionariam impactos diferentes também.

Entendeu agora a razão pela qual você se obrigaria a adotar diferentes padrões de
avaliação ambiental? A sua avaliação vai depender do tipo do empreendimento, das ca-
racterísticas do ambiente e do potencial de seus impactos. Sei que você está ansioso para
chegar nesse estágio de avaliar os impactos do seu empreendimento. Não se preocupe,
pois antes, será preciso requerer uma licença para implantá-lo.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


O requerimento do licenciamento ambiental
Eu e você vamos requerer uma licença ambiental para a implantação de um projeto de
carcinicultura com área produtiva de 70 hectares, condição (área maior que 50 hectares)
que torna obrigatória a elaboração de um EIA: uma Licença Prévia (LP), que será a nossa
primeira licença solicitada ao órgão licenciador.

Curiosidade 73
De acordo com o art. 5º da Resolução CONAMA nº 312, de 10 de outubro
de 2002 “ficam sujeitos à exigência de apresentação de EIA/RIMA, tecnica-
mente justificado no processo de licenciamento, aqueles empreendimentos:
I - com área maior que 50 (cinquenta) hectares [...]” (BRASIL, 2002).

Vamos aprender agora sobre o fluxo do licenciamento ambiental de um projeto, o que


pode até lhe parecer meio burocrático, mas faz parte da engrenagem.

Você não perguntou, mas eu vou lhe informar para que não fiquem dúvidas pelo caminho:
a LP é uma espécie de consulta de viabilidade, em que o empreendedor da obra pergunta
ao órgão licenciador se é possível construí-la num determinado local. E o órgão, por sua vez,
fundamentado nas legislações ambientais vigentes responde sobre sua viabilidade legal.

A documentação básica exigida para esse tipo de licença, juntamente com o requeri-
mento, inclui certidões de ordem jurídica, mas também de um memorial descritivo da área
e uma descrição do empreendimento; e ainda de uma planta com um layout das constru-
ções e sua localização georreferenciada.
O requerimento das licenças de instalação e de
operação
Se deferida a solicitação, o segundo passo é requerer a licença de instalação. Neste mo-
mento o empreendedor apresentará o projeto físico e operacional da obra, com todos os seus
detalhes de engenharia. E somente com essa licença aprovada as obras estarão liberadas.

Finalizadas as obras, o órgão licenciador retorna ao local da instalação para nova visto-
ria, a fim de constatar se o empreendimento foi construído de acordo com o projeto apre-
sentado e licenciado, principalmente no que diz respeito ao atendimento das condições e
restrições ambientais. Se estiver tudo certo será expedida a licença de operação, e somen-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

te então o empreendimento pode começar a funcionar.

Este seria o fluxo comum dos trâmites para os empreendimentos que não deman-
dam um EIA. No caso que será visto aqui requer um EIA e o órgão irá elaborar um
termo de referência.

Definir o Termo de Referência (TR)


Estamos bem cientes de que existem condições e diretrizes para a realização de um EIA,
as quais deveremos atender ponto a ponto, e que devemos respeitar o fato de que a solici-
74 tação de um estudo de impacto ambiental para atividades consideradas potencialmente im-
pactantes está amparada legalmente pela Constituição Federal (Artigo 225º); pela Resolução
Conama 237/97 (Artigo 3º); e pela Lei Complementar Estadual Nº 272/04. Peço-lhe que faça
uma consulta sobre essas três indicações legais relativas à solicitação de um EIA.

Já constatamos que a avaliação de cada projeto vai depender do tipo do empreendi-


mento, das características do ambiente e do potencial de seus impactos. Desse modo,
cada projeto deve receber um Termo de Referência (TR), que é um roteiro básico persona-
lizado para a elaboração do nosso EIA.

Sei que você já deve ter noções sobre um termo de referência. Porém, mesmo assim,
vamos relembrar seu objetivo que é o de determinar a abrangência, os procedimentos e os
critérios gerais para a elaboração de um EIA.

O desenvolvimento das etapas de elaboração do TR


Eu e você sabemos que são inúmeras as atividades humanas potencialmente causa-
doras de impactos ambientais. E como já vimos, para se determinar a viabilidade de suas
instalações são necessários estudos técnicos e científicos desses impactos. Dentre todas
elas, escolhemos a atividade de carcinicultura como o empreendimento alvo de nosso EIA.
Entretanto, para chegarmos a esse EIA precisamos de um TR.

E tudo começou com uma visita da equipe técnica do órgão licenciador à área de
implantação do nosso empreendimento para conhecer suas características ambientais
e socioeconômicas. Em seguida, a equipe elaborou o documento que nos foi entregue
no qual estabelecia um referencial para que fizéssemos um levantamento e análise dos
constituintes ambientais nas áreas de influência do projeto. E esse TR seria a base para
a elaboração do EIA.

O TR elaborado continha as premissas básicas para a elaboração do EIA, cuja essência

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


se constituía da caracterização do empreendimento; de um diagnóstico ambiental; da ava-
liação dos impactos ambientais; da proposição de medidas mitigadoras; e de programas
de acompanhamento e monitoramento de impactos.

A descrição do roteiro básico do TR


Vamos juntos analisar esse roteiro que a equipe nos preparou.

Aqui está. Inicialmente precisamos fazer a identificação do empreendedor, do empreen-


dimento e dos responsáveis técnicos pela elaboração do EIA; em seguida iremos mostrar
75
sua localização, definir os objetivos e caracterizar tecnicamente o empreendimento; deli-
mitar e mapear as áreas de influência; diagnosticar ambiental e socialmente essas áreas
de influência, contemplando os meios físico, biológico e socioeconômico; avaliar e analisar
os impactos ambientais; propor medidas mitigadoras e apresentar programas de acompa-
nhamento e monitoramento desses impactos; apresentar a equipe técnica de elaboração
e as conclusões do EIA.

Atividade 02
Conceitue Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Que tipos de Licenças Am-
bientais são necessários para a aprovação da implantação de um empre-
endimento? Qual a finalidade de um Termo de Referência? Comente suas
respostas no fórum.
Mídias
Podemos saber mais sobre esse tema com a leitura do livro “Licenciamen-
to Ambiental: aspectos teóricos e práticos” de Talden Farias. Segundo o au-
tor, o licenciamento é tão importante que a instalação ou o funcionamento
de alguma atividade, sem a devida licença ambiental ou em desacordo
com a mesma, está sujeita ao enquadramento nas esferas administrativa,
cível e criminal, na medida da responsabilidade das partes envolvidas. É
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

um livro para estar sempre revisitando.


A energia eólica foi exemplo para a nossa causa; mas, poderia ter sido
a energia de hidrelétricas. E, por isso mesmo, sugiro a leitura do livro de
Leonardo Pereira Rezende “Avanços e Contradições de Licenciamento de
Barragens Hidrelétricas”. Ele dará a você uma compreensão maior dos
avanços instituídos pelo licenciamento ambiental de hidrelétricas.

Resumo
76
Nessa competência você tornou-se capaz de aplicar o RCA, PCA, PRAD e EIA/RIMA.
Identificou as necessidades do requerimento para licenciamento ambiental, tomando
como exemplo um empreendimento de carcinicultura; e a caracterizar os estudos ambien-
tais EIA/RIMA, RCA, PCA e PRAD

Autoavaliação
1. Qual o conceito de Plano de Controle Ambiental (PCA).

a) É um estudo que identifica impactos ambientais gerados por empreendimentos de pe-


queno e médio porte e propõe medidas mitigadoras para minimizá-los;

b) É um instrumento da gestão ambiental com informações que caracterizam o empreen-


dimento, cujos resultados permitirão identificar as não conformidades legais referentes
ao meio ambiente;

c) É um estudo que se refere à recomposição de áreas que foram deterioradas por ações
humanas;

d) É um roteiro básico personalizado para a elaboração do EIA.


2. Em seu artigo 4º a Resolução Conama 010/90 determina que a licença prévia deva ser
requerida ao órgão ambiental competente, ocasião em que o empreendedor deverá
apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), com o respectivo RIMA. O estudo am-
biental que poderia ser solicitado pelo órgão licenciador em lugar do EIA seria o:

a) Relatório de Impacto Ambiental (RIMA);

b) Relatório de Controle Ambiental (RCA);

c) Plano de Gestão Ambiental (PGA);

d) Plano de Medidas de Capacitação (PMC).

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


3. De acordo com o artigo 1º do Decreto Federal nº 97.632, de 10 de abril de 1989, os
empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais deverão, quando
da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório de Impacto Am-
biental - RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental competente um:

a) Plano de Recuperação de Área Degradada;

b) Relatório de Controle Ambiental;

c) Plano de Controle Ambiental;

d) Nenhuma resposta correta.


77

4. O objetivo de uma Licença Prévia é:

a) Liberar a instalação das obras de um empreendimento;

b) Verificar a viabilidade de um empreendimento poder se instalar num determinado local;

c) Servir de parâmetro para elaborar o EIA;

d) Tornar a linguagem acessível para toda a comunidade.

5. Um estudo de impacto ambiental (EIA), para a instalação de um empreendimento de


carcinicultura, será requerido sob a condição do mesmo possuir uma área produtiva:

a) Menor que 10 hectares;

b) Menor que 50 hectares;

c) Maior que 50 hectares;

d) Nenhuma resposta correta.


Competência
05
Diagnosticar as atividades
técnicas do EIA
Diagnosticar as atividades
técnicas do EIA
Eu vou lhe contar um caso que você deverá guardar na memória, pois, quem sabe, um
dia poderá lhe servir. Há algum tempo analisamos um EIA para a implantação de um em-
preendimento no município de Galinhos, no Rio Grande do Norte.

Dentro dos limites do município, a partir da área de implantação, da Área Diretamen-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


te Afetada (ADA), a equipe propagou a Área de Influência Direta (AID) continuada com a
Área de Influência Indireta (AII), as quais estudaremos em breve. O diagnóstico ambiental
do meio socioeconômico contemplava, evidentemente, a região limitada ao município de
Galinhos. O EIA já havia sido finalizado e estava pronto para ser entregue ao órgão licen-
ciador. Ao verificar os limites do empreendimento no mapa político, constatamos que uma
pequena parte dele fugia dos limites daquele município e invadia os domínios do município
vizinho de Guamaré. E por essa razão, a equipe foi obrigada a realizar um diagnóstico so-
cioeconômico que também contemplasse o município de Guamaré. A falta de atenção da
equipe custou mais dinheiro e mais tempo de elaboração do estudo.

81
Antes de elaborar o EIA
Antes de nos dedicarmos inteiramente aos aspectos técnicos do EIA, eu e você preci-
samos conversar um pouquinho sobre a escolha da forma com a qual deveríamos elaborar esse
documento. Não eu e você de verdade, pois sua elaboração é realizada por uma equipe multidis-
ciplinar constituída de biólogos, geólogos, engenheiros, sociólogos, e outros profissionais se forem
necessários. Vamos dizer que apenas estaremos na coordenação e você será meu auxiliar.

Nós já sabemos que é com base num EIA que se decide sobre a viabilidade ambiental
de um empreendimento. Daí sua especial importância.

Eu vou lhe contar o que tenho constatado, através de observações e estudos, em al-
guns EIAs apresentados nos órgãos ambientais (e publicados na internet).

A reunião de informações sobre os impactos


ambientais
Observei que esses estudos de impactos ambientais aos quais tive acesso apresentam
uma linha comum: eles agregam muitas informações, esse acúmulo passa a impressão de
que apenas isso bastasse. Nem sempre, como conclui o Professor Sánchez (2013), que
citamos na competência 1.

Elaboram extensas listas de espécies da fauna e da flora, porém não são estabelecidas
com clareza as funções desses levantamentos, os quais não raro, são inúteis; descrevem
exaustivamente a geologia regional, de cuja descrição não se aproveita nada para a avalia-
ção dos impactos do empreendimento; acumulam dados e mais dados estatísticos socioe-
conômicos, também sem muita valia para os objetivos dos EIAs. E todas essas informações
sem função apenas corroem a mobilização e o tempo utilizados.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Como proceder na elaboração do EIA


Da maneira mais simples. Você também vai achar simples a forma como deve-
mos proceder.

As informações não devem somente ser simplesmente reunidas. Elas têm que ser uti-
lizadas de modo efetivo na avaliação dos impactos ambientais que a implantação do em-
preendimento possa causar.

Por exemplo, se vamos fazer um inventário sobre a avifauna (fauna das aves) da área
na qual se implantará a nossa fazenda de criação de camarões, devemos querer saber que
82
espécies possuem habitat aquático. Por quê? Por duas razões: a primeira é para avaliar
se sua população será afetada com a instalação do empreendimento; e a segunda é se
essas espécies poderão ser predadoras ou competidoras de alimento do animal cultivado
(a exemplo da assembleia de garças Egretta thula) do cenário da imagem que se segue, a
ponto de diminuir a produtividade planejada. Portanto, o conhecimento desse levantamen-
to estará sendo efetivamente utilizado.

Figura 20 – Garças na área de influência do empreendimento


Fonte: autoria própria (2013).
E o mais importante ainda é que devemos compreender as relações que existirão entre
o meio ambiente e o projeto a ser instalado. Eu vou lhe dar um exemplo. Podemos ter uma
maior compreensão dessa relação a partir da análise dos dados de temperatura da área.

Na região semiárida do Vale do rio Açu, no Rio Grande do Norte, onde se localizará o
projeto de carcinicultura, o valor médio anual das temperaturas altas é de 28,2°C. Porém,
entre os meses de maio a agosto ela decresce, como se constata no gráfico da imagem.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Figura 21 – O Gráfico mostra o comportamento da temperatura média anual em ºC
para 2009 na região do Vale do Açu/RN
Fonte: INMET (2009).

Esse fato é importante para as análises ambientais, porque em temperaturas mais bai-
83
xas os camarões ficam mais suscetíveis às doenças, e se acende uma luz amarela para
que se acionem medidas atenuantes. Essa é uma relação concreta entre o ambiente e o
empreendimento. E os dados compilados neste caso não são inúteis.

O início da elaboração do EIA


Depois dessa nossa conversa sobre as perspectivas de um EIA chegou a hora de co-
meçar a trabalhar na elaboração. Gostaria que você me ajudasse a encontrar atividades
preliminares para o EIA.

Eu vou anotar aqui o que pudermos elencar.

Claro que a primeira atividade seria a identificação dos possíveis impactos ambientais,
e a segunda uma classificação desses impactos. O que poderia vir a seguir? Eu incluiria
também uma pesquisa sobre as condições do ambiente, com o seu reconhecimento a
partir de diversas fontes de informações. Vamos listar no quadro as fontes principais de
informações para um reconhecimento preliminar das áreas de influência.
Mapas topográficos
Fotografias aéreas
Fotografias de relevos/recursos hídricos
Imagens de satélite
Estudos ambientais anteriores
Bases de dados ambientais e socioeconômicos
Entrevistas com moradores e lideranças
Plantas do empreendimento
Pesquisa bibliográfica

Quadro 2 – Fontes de informações para um reconhecimento ambiental da área


Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Fonte: adaptado de Sanches (2013).

Você não acha que essas primeiras atividades (realizadas por uma equipe de campo),
já nos permitiriam uma compreensão primária e temporária de eventuais consequências
pela implantação do projeto? Também acho. E tenho certeza de que esse conhecimento,
mesmo pequeno, sobre o ambiente do empreendimento, auxilia de forma inestimável no
desenvolvimento do EIA.

84 As atividades básicas na elaboração do EIA


Hoje eu passei boa parte do tempo pensando sobre as principais atividades que constituem
um EIA, e ansioso para discuti-las com você. Realmente não são poucas porque além daquelas
preparatórias (já vistas), existem as atividades básicas. Estas últimas serão essenciais para
nosso objetivo: um EIA com suas partes essenciais, mas com um conteúdo mais geral.

Vamos juntos relacioná-las e abrir uma discussão sobre elas, pois serão os pilares fun-
damentais do nosso EIA.

Você já viu e por isso vai notar uma semelhança entre as atividades básicas de um EIA
e as de uma análise de risco. Lembra-se que naquele momento elegemos como atividades
essenciais a descrição das instalações, a identificação dos perigos e riscos, as medidas
preventivas e o plano de ações? Pois bem, aqui vamos eleger os estudos de base, o diag-
nóstico ambiental, a identificação e previsão dos impactos ambientais, a avaliação desses
impactos e um plano de medidas mitigadoras.

Os estudos de base
Eu diria que os estudos de base são tão importantes para o EIA que se confundem com
o próprio EIA. Eles têm a fundamental função de fornecer as informações necessárias para
a estruturação da identificação, previsão e posterior avaliação dos impactos.

São esses estudos responsáveis pela coleta de amostras de material (solo, ar ou água)
para análises laboratoriais ou taxonômicas (classificação de animais e plantas), pela de-
terminação das metodologias empregadas e pela interpretação dos resultados dessas
análises. Esses resultados serão a matéria-prima do diagnóstico ambiental que vamos
desenvolver um pouco mais adiante.

O conceito de estudos de base

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


E os considero mesmo tão importantes que me permito citar para você uma definição
dada pelo renomado Professor Gordon Beanlands (1993), Diretor do Centro Federal de
Pesquisa em Avaliação Ambiental, do Canadá: “os estudos de base são descrições estatis-
ticamente válidas de componentes ambientais selecionados, feitas antes da implantação
do projeto”. Há nessa definição a possibilidade clara de comparar a situação ambiental de
antes e depois do empreendimento instalado.

Aliás, em seu trabalho conjunto com o Professor Peter Duinker (1983) sobre avaliação
de impacto ambiental, no Canadá, ele lamenta que poucos determinem quantitativamente
os parâmetros da situação pré-projeto para compará-los com a situação pós-projeto.
85

Atividade 01
Liste cinco atividades preliminares para a elaboração de um EIA. Qual a
função dos Estudos de Base em relação ao EIA? Comente no fórum.

O princípio do diagnóstico ambiental


Está lembrado que iríamos coordenar a elaboração de um EIA/RIMA? Pois é. O nosso
projeto de carcinicultura estará localizado numa região semiárida do Rio Grande do Norte,
à margem do rio Açu. E já recebemos o seu Termo de Referência.

Mas, antes quero reafirmar o princípio que norteará a elaboração do diagnóstico am-
biental: os estudos de base que serão realizados deverão abranger tão somente levanta-
mentos de parâmetros e processos, com seus interrelacionamentos, absolutamente ne-
cessários para um bom diagnóstico ambiental. Não faremos meramente uma compilação
de dados disponíveis

O conceito de diagnóstico ambiental


E, sim, claro, vamos primeiramente conceituar essa atividade e as áreas de sua abran-
gência. Para você, o que seria um diagnóstico ambiental? A própria locução já dá a defini-
ção. Está correto, mas vamos incrementá-la um pouco mais.

Sabemos que a literatura especializada está repleta de definições, e para nosso propó-
sito quero combinar com você que adotaremos aquela que considera diagnóstico ambien-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

tal, como a caracterização da qualidade ambiental atual das áreas de influência do em-
preendimento a ser implantado, alicerçada em conhecimentos técnicos e científicos que
fundamentem os estudos de identificação, previsão e avaliação dos impactos ambientais
nos meios físico, biótico, (biológico) e socioeconômico.

Os meios físico, biótico e socioeconômico


Quando conceituamos ambiente eu lhe prometi que iríamos conhecer também os meios
físico, biótico (biológico) e socioeconômico, lembra-se? Chegou a hora.
86
Vou apresentá-los a você de uma maneira, digamos, oficial, pois buscaremos suas defi-
nições no Artigo 6º da Resolução CONAMA nº. 001/86 que considera

Meio Físico, o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais,


a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico,
as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; Meio Biológico e os Ecossiste-
mas Naturais, a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade
ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as
áreas de preservação permanente; e Meio Socioeconômico, o uso e ocupação
do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos
arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência
entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura des-
ses recursos. (BRASIL, 1986, extraído da internet, grifo nosso).

Informações básicas sobre o Projeto


Quero que você assimile bem a importância do significado desses meios, pois eles se-
rão as nossas áreas de atuação na elaboração do EIA. Antes de qualquer outra ação, gosta-
ria de saber se as informações básicas sobre o projeto solicitadas pelo TR foram atendidas.

Essa etapa já foi concluída? Ótimo. Mesmo assim vamos fazer uma verificação: Identifi-
cação do empreendedor, do empreendimento e da empresa responsável pela elaboração
do EIA; localização, objetivos e caracterização técnica do empreendimento; planta planial-
timétrica; layout e descrição de operacionalização do empreendimento; e o processo tec-
nológico de produção. Tudo certo? Essas informações já estão com você?

Agora chegou a hora de verificar a planta de localização do empreendimento. Veja bem,


a equipe técnica já definiu as áreas de influência do projeto, assim esperamos que tenha
acontecido quando chegada essa fase concorda? Vamos checar os limites geográficos.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Curiosidade
O CONAMA determina no Artigo 7º da sua Resolução Nº 001/86 que: “o
estudo de impacto ambiental será realizado por equipe multidisciplinar
habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do pro-
jeto e que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados”
(BRASIL, 1986, extraído da internet). Conforme Mauro Moura (2003), “o
EIA/RIMA deve ser realizado por equipe multidisciplinar, às expensas do 87
empreendedor, e também avaliado por equipe multidisciplinar do órgão
ambiental”. (A equipe técnica responsável pela elaboração do nosso EIA/
RIMA é multidisciplinar e constituída por geólogo, biólogo, sociólogo, quí-
mico e economista).

Caracterização das áreas de influência


A Resolução CONAMA nº 001/86 no seu Artigo 5º, parágrafo III determina que (na
elaboração de um EIA) “será necessário definir os limites da área geográfica a ser direta
ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto,
considerando em todos os casos, a bacia hidrográfica no qual se localiza” (BRASIL, 1986,
extraído da internet).

Pois bem, para o nosso projeto foram determinadas três áreas de influência, todas elas
prováveis de serem afetadas direta ou indiretamente pelos impactos decorrentes do em-
preendimento:
• Área Diretamente Afetada (ADA), na qual serão realizadas as construções;

• Área de Influência Direta (AID), localizada nas vizinhanças da ADA, e que apresentam
riscos de impactos diretos; e

• Área de Influência Indireta (AII), que está além da AID, mas potencialmente ameaçada
pelos impactos indiretos da implantação e operação do empreendimento.

A localização das áreas de influência do


empreendimento
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Observe esse diagrama da imagem. Ele mostra a propagação da influência dos prová-
veis impactos ambientais decorrentes da implantação do empreendimento a partir da ADA.
A área correspondente em cor amarela ocre é a das construções, e representa a ADA; o cír-
culo que a envolve, colorido de róseo, representa a AID; e o círculo em verde mais distante
ainda da ADA representa a AII.

88

Figura 22 – Diagrama com áreas de influências a partir do empreendimento


Fonte: autoria própria (2013).

O mapa mostrado na imagem explicita com detalhes a abrangência dessas áreas na


própria região. Em seu centro, a área das construções (ADA), em amarelo ocre. Observe
que a partir dela reverbera um círculo com uma tênue coloração castanho claro represen-
tando a AID; e após sua fronteira se inicia a propagação de um terceiro círculo, de colora-
ção mais clara ainda, que se distancia mais ainda da ADA.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Figura 23 – Áreas de influências na região de implantação do projeto
Fonte: autoria própria (2013).

Os prováveis impactos originados da implantação do empreendimento serão sentidos


nos meios físico, biológico e socioeconômico inseridos nas áreas de influência, e terão que
ser descritos e analisados no desenvolvimento da sua diagnose (a própria descrição).

89

Mídias
Para complementar essas informações introdutórias sobre as atividades
técnicas do EIA sugiro que leia o trabalho “O estudo de impacto ambiental
na realidade brasileira” do Ministério Público do Estado do Rio Grande do
Sul. Acesse o link: <http://www.mprs.mp.br/ambiente/doutrina/id21.htm>.
Com relação aos conceitos básicos de diagnóstico ambiental veio em boa
hora o livro dos técnicos Galdino, S; Vieira, L.M. e Pellegrim, L.A. “Impactos
ambientais e socioeconômicos na Bacia do Rio Taquari – Pantanal”. Eles
fazem um diagnóstico ambiental sobre a bacia do Rio Taquari enfocando
os problemas ambientais e socioeconômicos.
Internet
Você pode acessar o site: <http://www.alice.cnptia.embrapa.br/handle/
doc/811632> para obter mais informações.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Atividade 02
Conceitue Diagnóstico Ambiental. Conceitue e classifique os meios nos
quais se realizará o diagnóstico ambiental. Como se classificam as áreas
de influência de um projeto a ser implantado?

Resumo
90 Identificamos que as informações coletadas para a elaboração de um EIA devem ser
utilizadas de modo efetivo para a avaliação dos impactos ambientais; quais as atividades
preliminares e básicas necessárias à elaboração do EIA, e sobre a conceituação e caracte-
rização dos estudos de base, diagnóstico ambiental e das áreas de influência.

Autoavaliação
1. Os estudos de base, o diagnóstico ambiental, a identificação e previsão dos impactos
ambientais, a avaliação desses impactos e um plano de medidas mitigadoras são ativi-
dades de um EIA consideradas como:

a) Atividades preliminares;

b) Atividades básicas;

c) Essenciais;

d) Nenhuma resposta correta.


2. O subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os
tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas
e as correntes atmosféricas são constituintes do:

a) Meio Biológico;

b) Meio Socioeconômico;

c) Meio Físico;

d) Nenhuma resposta correta.

3. A caracterização da qualidade ambiental atual das áreas de influência do empreendi-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


mento a ser implantado, alicerçada em conhecimentos técnicos e científicos que fun-
damentem os estudos de identificação, previsão e avaliação dos impactos ambientais,
é uma definição de:

a) Diagnóstico ambiental;

b) Prognóstico de aspectos ambientais;

c) Análise do meio físico;

d) Potencial de risco ambiental.

91
4. A área de influência na qual serão realizadas as construções corresponde à:

a) Área Diretamente Afetada (ADA);

b) Área de Influência Direta (AID);

c) Área de Influência Indireta (AII);

d) Nenhuma resposta correta.

5. Os estudos responsáveis pela coleta de amostras de material (solo, ar ou água) para


análises laboratoriais ou taxonômicas, pela determinação das metodologias emprega-
das e pela interpretação dos resultados dessas análises são:

a) Identificação dos estudos de base;

b) Avaliação dos impactos ambientais;

c) Previsão dos impactos ambientais;

d) Estudos de base.
Competência
06 93

Realizar um diagnóstico
ambiental do meio físico
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio físico
Quero que você saiba, primeiramente, que um diagnóstico ambiental bem elaborado,
fundamentado em amplo conhecimento sobre o ambiente, aumentará a capacidade de
previsão de impactos negativos. Por outro lado, se houver desconhecimento sobre esse
mesmo ambiente, aumentará a capacidade de cometer erros irreversíveis. Mas, nada
como uma historinha para servir de exemplo.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Uma empresa de saneamento e esgotos fez um diagnóstico sobre a capacidade de
suporte de carga orgânica no estuário de um rio, baseado em modelagem matemática.
Precisava fazer porque a empresa era responsável pelo lançamento diário de milhares de
metros cúbicos de esgoto urbano sem tratamento e, certamente, gostaria de saber até que
ponto poderia continuar com essa degradação.

O estudo concluiu que o estuário, com sua dinâmica, diluiria e dispersaria as concentra-
ções de matéria orgânica lançadas por ela sem causar qualquer impacto ambiental. No en-
tanto, tudo indica que o principal órgão de defesa do meio ambiente do Estado não tomou
conhecimento desse diagnóstico, pois culpou a matéria orgânica contida num efluente de 95
aquicultura como causadora do impacto ambiental que promoveu uma mortandade de
peixes, naquele estuário.

A ironia nessa história é que a concentração de matéria orgânica nesse efluente era
centenas de vezes menor, que aquelas dos efluentes da empresa de esgotos.

O conhecimento da área de implantação do projeto


De acordo com o conceito que eu e você adotamos, o diagnóstico deverá caracterizar a
qualidade ambiental atual das áreas de influência do empreendimento a ser implantado.

O trabalho se iniciou. E nós vamos acompanhar esses estudos primeiramente por aque-
les realizados no meio físico.

Na caracterização da Área Diretamente Afetada (ADA), onde serão construídos os vivei-


ros para a criação de camarões, observamos que se trata de uma região sem cobertura
vegetal, com exceção de umas poucas espécies de algarobeira (Prosopis juliflora), confor-
me se pode ver na imagem, a qual descortina um cenário típico do semiárido num terreno
absolutamente plano.
Figura 24 – Cenário da área de implantação do projeto
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Fonte: autoria própria (2013).

Caracterizar o meio físico


Deixe-me ver os resultados das análises sobre o meio físico que a equipe técnica conse-
guiu. Fizeram mesmo um minucioso levantamento dos parâmetros ambientais da região.
Vamos dar uma checada nesses estudos sobre a climatologia, a geologia e os recursos
hídricos. No seu livro Diagnóstico do Meio Físico de Bacias Hidrográficas, Ângela Beltrame
(1994), considerou como fatores potenciais de degradação física, além dos próprios recur-
sos hídricos, o clima, a geologia, a geomorfologia e a vegetação.
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Não nos deteremos sobre sua geomorfologia pela característica absolutamente plana
da área e a vegetação será caracterizada quando estudarmos o meio biótico.

Você que acompanhou mais de perto esse trabalho da equipe, certamente participou
também das discussões sobre a real necessidade de cada um dos parâmetros pesquisados.

Lembra-se quando conversamos sobre a compilação de informações para o diagnóstico


ambiental? Ficamos conscientes de que essas informações não devem somente ser reuni-
das simplesmente por reuni-las. Elas têm que ser utilizadas de modo efetivo na avaliação
dos impactos ambientais, pois informações sem função são perda de tempo e dinheiro,
que poderiam ser usados em algo que fizesse o diferencial.

Importante
Não raro, para a elaboração de estudos de impactos ambientais, são pre-
paradas extensas listas de espécies da fauna e da flora. Porém não são
estabelecidas com clareza as funções desses levantamentos, e em ra-
zão desse fato tornam-se inúteis; descrevem exaustivamente a geolo-
gia regional, de cuja descrição não se aproveita nada para a avaliação
dos impactos do empreendimento; acumulam dados e mais dados es-
tatísticos socioeconômicos, também sem muita valia para os objetivos
dos EIAs. E todas essas informações, sem função, apenas corroem a
mobilização e o tempo utilizados.

Análise das precipitações pluviométricas da

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


área de implantação
Saber, por exemplo, o que acontece com o regime de chuvas da região na qual será
implantado o projeto de carcinicultura é importante por várias razões: as áreas à margem
do Açu podem ser alagadas pelas águas desse rio, se ocorrem enchentes; e as quedas
pluviométricas alteram parâmetros ambientais nas águas fluviais prejudicando a atividade.
Conhecendo-se a dinâmica desse fenômeno, aquelas medidas mitigadoras podem real-
mente ser planejadas, não é verdade?

Observe o gráfico, entre março e maio ocorre a maior intensidade de chuvas no ano.
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Portanto, essas informações são de muita utilidade.

Figura 25 – Precipitação média mensal em mm na região


Fonte: Estação meteorológica de Macau (Norma climatológica 1961-1990).

Análise dos ventos da área de implantação


Conhecer as características dos ventos na região também é necessário. Observe esses
dados coletados e inseridos neste anemograma (gráfico de ventos) da imagem.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Figura 26 – Anemograma para a região do empreendimento


Fonte: INMET (2010).

Estamos verificando que predominam os ventos nordeste (NNE, norte/nordeste); e ENE,


(leste/nordeste) soprando durante os meses de novembro a abril; e durante os meses
de maio a outubro sopram os ventos de sudeste (SE e ESE, lés-sudeste), como segunda
direção em intensidade, conforme os estudos de Nascimento (2009). E complementando
essas informações, Chaves (2005) registrou que os ventos de nordeste são mais velozes
do que os que sopram de sudeste.
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Você deve estar se perguntando, onde está a importância dessas informações para a
avaliação dos impactos ambientais?

Monitoramento da erosão pelos ventos


A erosão nos paredões dos viveiros e nos canais de abastecimento e drenagem da fa-
zenda pode ocorrer em função da direção e velocidade dos ventos. Em consequência, os
seus efluentes, com alta concentração de sedimento, aumentariam a turbidez do corpo re-
ceptor, no caso o rio dos Cavalos (falaremos mais desse rio no tema de recursos hídricos).
Porém, de posse desses dados climatológicos pode-se minimizar os impactos com enroca-
mento nos paredões (proteção com pedras), mais afetados pelos ventos; e construção de
bacias de sedimentação. Entendeu a importância dessas informações?

Monitoramento da temperatura do ar
Aqui estão os dados coletados sobre a temperatura do ar na região. Aliás, quando con-
versamos sobre as atividades técnicas do EIA, já fizemos referência sobre a necessidade
de compreender as relações que devem existir entre o meio ambiente e o projeto a ser
instalado. Até exemplificamos com o parâmetro da temperatura. Lembra? Agora, estamos
novamente com esses dados nas mãos. E eles nos dizem que nos meses de maio a agosto
acontecem as temperaturas mais baixas do ano na região.

Veja você a importância do conhecimento desse fato para a avaliação de seu impacto
sobre a atividade. Com a queda da temperatura, os camarões ficam mais suscetíveis às
doenças. De posse desse conhecimento pode-se planejar para esses períodos medidas
mitigadoras. Essa é uma relação concreta entre o ambiente e o empreendimento.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Análise da geologia da área de implantação
O que revelam as análises feitas no solo do projeto? Vejamos os resultados das son-
dagens. É um solo constituído de uma mistura de areias quartzosas, média e fina, silte e
argila, como mostra essa imagem.

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Figura 27 – Depósito sedimentar arenoargiloso


Fonte: Roberto Luiz Curioso da Silva (2014).

Na verdade, os estudos confirmam que esse solo é um depósito de sedimentos colúvio,


os quais formam essa planície de origem estuarina, fluvial e marinha. Tanto assim que as sedimento colúvio:
sedimento com-
análises acusam uma significativa concentração de sal.
posto por rochas e
minerais, principal-
A imagem mostra um mapa geológico da área de implantação do projeto e representa
mente o quartzo.
essas características descobertas pela equipe técnica.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Figura 26 – Mapa geológico da área de implantação do projeto


Fonte: autoria própria (2013).

Mas, o que eu gostaria mesmo é que você encontrasse aí os resultados dos testes de
permeabilidade. Por que estou interessado?

É que esse resultado determinará a viabilidade de implantação do projeto. Se o solo


contiver uma constituição essencialmente arenosa e profunda será permeável e a água
dos viveiros irá embora por percolação, ou seja, escoará através da areia e o empreendi-
100 mento estará comprometido; por outro lado, se o solo possuir maior concentração de argi-
la, ele será impermeável e os viveiros poderão ser construídos. Qual o resultado de textura
desse solo? Muito argiloso, mais de 60% de argila. Mesmo? Ótimo. O empreendimento
está geologicamente viabilizado. Sorria!

A localização dos recursos hídricos da região


Você já observou na planta de hidrografia da região que a área do empreendimento está
localizada entre dois rios. A água para abastecimento dos viveiros será captada em um
dos rios e os efluentes da fazenda serão drenados no lado oposto, para o outro rio. Esses
rios sofrem influência direta da implantação do projeto e por essa razão, eles terão que ser
sistematicamente monitorados em relação aos parâmetros ambientais.

Análise dos parâmetros ambientais


Quais análises foram realizadas nas águas desses dois rios? Análises biológicas e fisi-
coquímicas contemplando transparência, turbidez, temperatura, salinidade, pH, dureza,
DBO, DQO, OD, óleos e graxas, fósforo total, ortofosfato, nitrato, nitrito, NH3, coliformes
termotolerantes, clorofila a, feofitina, cianobactérias; e metais pesados.

Com o resultado dessas análises nós teremos uma radiografia da qualidade ambiental
das águas dos rios atualmente. Qual a importância de saber agora como anda a saúde dos
rios? Ora, você deve recordar que caracterizamos estudos de base, e nos reportamos ao
Professor Beanlands (1993) que já mostrava a necessidade de comparar os componentes
ambientais antes e depois da implantação de um empreendimento.

Vou lhe dar um exemplo. De acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, o valor limite
aceitável determinado para a concentração de fósforo total em mg/L em águas salobras
classe 1 é de 0,124. Você pode ver aí nos laudos, que a análise realizada pela equipe en-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


controu uma concentração 0,18 mg/L, um pouco acima do recomendado.

Acionamento de medidas preventivas


Com o empreendimento em operação, caso ocorra significativa alteração nas concen-
trações desse parâmetro nas águas do corpo receptor, e se constate que a causa provenha
dos efluentes dos viveiros, será necessário então acionar medidas , para um retorno às
condições originais. A diferença entre os valores dos parâmetros nos darão a extensão de
um eventual impacto ambiental.
101

Mídias
Para ampliar a visão desses nossos estudos será proveitosa a leitura do livro
“Diagnóstico do meio físico de bacias hidrográficas: modelo e aplicações” de
Ângela da Veiga Beltrame.

Atividade 01
Faça um estudo sobre a Resolução CONAMA Nº 357/2005 que dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o
seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, com ênfase nas águas salobras e os valores li-
mites dos parâmetros ambientais. Compartilhe suas impressões em nosso
fórum, no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Resumo
Você já é capaz de realizar um diagnóstico ambiental do meio físico! Aprendeu como
se determina o diagnóstico ambiental do meio físico da área de implantação; como se re-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

alizam as análises dos parâmetros ambientais da climatologia, da geologia e da hidrologia


(recursos hídricos); e como se faz uma discussão relativa aos seus resultados.

Autoavaliação
1. Para uma caracterização do meio físico, objetivando a realização do diagnóstico am-
biental da área de implantação de um empreendimento de aquicultura são realizados
os seguintes estudos ambientais essenciais.

a) Classificação dos componentes da flora e da fauna;


102
b) Determinação do uso e ocupação do solo;

c) Climatologia, geologia, geomorfologia e hidrologia (recursos hídricos);

d) Classificação apenas da flora.

2. Durante a operacionalização do empreendimento, pode ocorrer alteração nas concen-


trações de parâmetros ambientais no corpo receptor, devido ao descarte de efluentes.
Para um retorno às condições originais será necessário:

a) Acionar medidas mitigadoras;

b) Ampliar o diagnóstico ambiental;

c) Realizar análises químicas dos efluentes;

d) Realizar análises biológicas.

3. A erosão nos paredões dos viveiros e nos canais de abastecimento e drenagem da fa-
zenda pode ocorrer em função:
a) Da qualidade da água;

b) Da direção e velocidade dos ventos;

c) Das variações de umidade;

d) De altas temperaturas.

4. Assinale as respostas corretas.

Para a elaboração dos estudos de impactos ambientais é necessário que sejam


estabelecidas, com clareza, as funções desses levantamentos (com descrições objeti-
vas e coleta de dados relevantes), caso contrário eles se tornarão:

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


a) Inúteis para os objetivos do EIA;

b) Onerosos para o empreendimento;

c) Direcionados apenas para a previsão dos impactos;

d) Não é tão necessária essa pesquisa.

5. Os rios que sofrem influência direta da implantação do projeto terão que ser sistemati-
camente monitorados em relação aos parâmetros ambientais. As análises necessárias
para esse acompanhamento serão de natureza: 103

a) Socioeconômicas;

b) Físicas;

c) Biológicas e fisicoquímicas;

d) Fluviais.
Competência
07 105

Realizar um diagnóstico
ambiental do meio biótico
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio biótico
Quando criança eu era dono de um rio de água salgada em cujas margens existia
uma floresta, que também era salgada e chamavam de manguezal. Eu conhecia cada
árvore e cada habitante daquela floresta. E gostava tanto dali que ao crescer fui ser
biólogo, só para retornar.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Aquela estranha flora se dava muito bem com os animais que viviam em seu ambien-
te, tanto assim que não paravam de fazer gentilezas um com o outro. E aquela floresta
cheinha de sombras estava sempre cheinha de vida. Peixes, aves, crustáceos, moluscos e
outros pequenos e grandes invertebrados, ali encontravam alimento e abrigo para crescer
e se reproduzir. Por isso sempre foi um lugar mágico e repleto de histórias.

Por exemplo, as folhas das árvores de mangue liberam uma cera que as recobrem
protegendo-as contra ataques de organismos nocivos. Mas, um dia elas amadurecem e
caem na água ficando submersas por um tempo. E então filhotes de crustáceos chegam
e ingerem as pequenas partículas de cera, as quais no trato digestivo se transformam
em substâncias necessárias para o seu crescimento. As folhas que ficaram sem proteção, 107
são atacadas por bactérias e outros microorganismos, formando sobre elas uma película
de muco, uma fonte muito rica de proteínas para aqueles filhotes já mais crescidinhos.
Porém, os filhotes quando se tornam juvenis perdem a capacidade de metabolizar a cera
das folhas recém-caídas e o muco das folhas amadurecidas. Agora, na sua nova dieta, eles
consomem as folhas já bem mais velhas, livres de cera e de muco que trituradas e digeri-
das são eliminadas como detritos. E esses detritos serão decompostos em nutrientes que
irão nutrir as árvores de mangue que agradecerão o manjar, jogando novas folhas na água.

O que achou da história? Gostou? Pois é, acabei de lhe apresentar uma das biocenoses
(inter-relação entre fauna, flora e ambiente) do rio e da floresta salgada.

Ecossistema:

O diagnóstico do ecossistema nas áreas de sistema que inclui


os seres vivos e

influência o ambiente, com


suas característi-
cas físico-químicas
Os técnicos da equipe responsável pelos levantamentos biológicos da área fizeram a e as inter-relações
caracterização e análise dos ecossistemas terrestre e aquático da área de implantação, entre ambos.

conforme solicitado no termo de referência. Vamos ver como eles conseguiram os resulta-
dos desses seus estudos?

No ecossistema terrestre da área foram diagnosticadas as espécies da cobertura ve-


getal, contemplando o mapeamento da densidade vegetal, busca por espécies raras ou
em extinção, levantamento fitossociológico (quantificação e distribuição de uma determi-
nada vegetação, conforme definiu Cardoso, Moreno e Guimarães, 2002), e identificação
das espécies. Com relação à fauna fez-se um inventário das espécies de vertebrados e
invertebrados classificando-as em Ordens e/ou Famílias agregando às informações bási-
cas aspectos de sua ecologia.

O diagnóstico da flora nas áreas de influência


Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Pode-se observar nos relatórios que em relação à flora realizaram-se vários estudos,
a exemplo da busca por espécies raras ou em extinção e um mapeamento da densidade
vegetal. Gostaria, no entanto, centrar a atenção na identificação das espécies presentes
tanto na Área Diretamente Afetada (ADA) quanto nas Áreas de Influência Direta (AID) e de
Influência Indireta (AII).

Para a realização do levantamento florístico constatamos aqui, que além das pesqui-
sas em campo, foram levantados dados secundários obtidos na literatura especializada,
tais como mapas gráficos, imagens, livros, entre outros. A partir dessas informações,
108 extraídas principalmente de trabalhos regionais de pesquisa definiu-se uma estratégia
para o diagnóstico.

Os materiais e equipamentos utilizados na realização do trabalho, dentre outros, foram


binóculos, canetas, facão, GPS, guias de identificação de espécies, fita zebrada, laptop,
máquina fotográfica, pranchetas, trenas e mais alguns outros.

De acordo com esses registros em nossas mãos, não foram identificadas espécies raras
ou ameaçadas de extinção. Aliás, já vimos, naquele momento em que conversamos sobre
a caracterização da Área Diretamente Afetada (ADA), que ela era quase desprovida de ve-
getação, com exceção de uns poucos espécimes de algarobeira (Prosopis juliflora), como
mostra o cenário típico do semiárido na área exibido em toda sua aridez na imagem.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Figura 29 – Aspecto da cobertura vegetal da área na qual
se instalará o empreendimento
Fonte: autoria própria (2013).

Mas, como o rio dos Cavalos está dentro da ADA, algumas outras espécies conseguem
se desenvolver às margens daquele recurso hídrico. As espécies foram identificadas, re-
lacionadas e registradas como mostra este quadro, e classificadas em suas famílias e
nomes vulgares.

Família Espécie Nome Vulgar 109


Amaranthaceae Iresin portulacoides Pirrixiu
Asclepiadaceae Calotropis procera Algodão-de-seda
Leg. Mimos. Prosopis juliflora Algarobeira
Poaceae ---------- Gramínea
Quadro 3 – Relação das espécies vegetais encontradas na área diretamente afetada (ADA)
Fonte: autoria própria (2013).

Você entendeu bem esses primeiros passos dados em direção ao diagnóstico ambien-
tal da área, correto? Mas, eu lhe perguntaria agora se algumas dessas plantas cataloga-
das teriam importância ecológica para o empreendimento a ser implantado. Teria sim! Por
exemplo, o pirrixiu, a Iresin portulacoides. Você deve conhecer essa planta. Olha a imagem
dela propagando-se na margem do rio que corta a ADA.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Figura 30 – Pirrixiu
Fonte: autoria própria (2013).

Ela é muito comum nos litorais, principalmente por ser halófita, isto é, tolerante à sa-
linidade. É uma importante qualidade adaptativa. E essa qualidade somada à fácil pro-
pagação por meio de suas sementes e até pela fragmentação de seu caule (MOREIRA;
BRAGANÇA, 2011), faz dela uma excelente matéria-prima para um enroscamento natural
das paredes dos viveiros e dos canais da fazenda. Entendeu? O pirrixiu mitigará eventuais
erosões evitando turbidez nas águas drenadas.

E com relação ao levantamento florístico das áreas de influência direta e indireta? Utili-
110 zou-se a mesma metodologia aplicada à ADA. No entanto, os resultados são sempre mais
expressivos porque as espécies vegetais são mais diversificadas pelas grandes extensões
e características das áreas delimitadas.

O diagnóstico da fauna nas áreas de influência


A equipe diagnosticou a fauna presente nos ambientes terrestre e aquático da
ADA, AID e AII.

Como já sabemos, a área de implantação, a ADA, caracteriza-se pela ausência de uma


cobertura vegetal densa, e por esta razão a sua fauna não se mostrou significativa. Porém,
amplia-se a diversidade à proporção que a busca estende-se para as áreas de influência
direta e indireta.

Como capturar e identificar componentes da fauna


Pelo que vemos nesses relatórios, não foram identificadas espécies raras ou ameaça-
das de extinção; nem tampouco sítios de nidificação (ação de uma espécie construir seu
ninho) ou dessedentação (local onde os animais aliviam a sede). Você que prestou atenção
ao trabalho realizado pela equipe nesse diagnóstico dos componentes da fauna presente,
para realizar seu inventário e caracterizá-los, gostaria que me mostrasse qual a metodolo-
gia empregada.

Atividade 01
Faça uma pesquisa sobre a nidificação e a dessedentação. Quais métodos
devem ser utilizados para a realização de um levantamento florístico?

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Foram feitas observações em campo, entrevistas com moradores e trabalhadores locais
que informaram sobre animais avistados na área, além de pesquisa bibliográfica. Correto.
Esse é um procedimento básico. E como fizeram os biólogos para a captura de espécimes
(indivíduos) visando a sua classificação?

Além das observações visuais, usaram armadilhas para a captura de répteis, formigas,
besouros e até pequenos mamíferos. Eram armadilhas simples feitas com baldes enterra-
dos no solo, com substâncias conservantes e iscas, como mostra esse desenho esquemá-
111
tico na imagem.

Figura 31 – Armadilha de queda insetos e pequenos répteis


Fonte: autoria própria (2013).

É verdade. São simples mesmo. Foram adaptadas das que os professores Cechin e Mar-
tins (2000), utilizaram para mostrar a eficiência dessas armadilhas na captura de anfíbios
e répteis em sua pesquisa.
Mas, para seu conhecimento, eu posso acrescentar mais um método de captura de in-
setos. Quando se deseja saber quais espécies habitam uma árvore, por exemplo, pode-se
pulverizá-la com piritróides, um veneno que não afeta os vegetais. Utiliza-se um lençol sob
a árvore para a coleta dos insetos que caem.

Como caracterizar os componentes da fauna


terrestre
Aqui está o resultado do diagnóstico da fauna terrestre. Essa terminologia que você está
observando nesses relatórios é a linguagem utilizada nos estudos realizados, pois eles têm
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

uma maciça base biológica. Não esqueça.

Observe que a fauna se constitui de aves (avifauna); répteis (herptofauna represen-


tada por cobras, tejos, lagartixas); insetos (entomofauna representada por abelhas,
marimbondos, libélulas, formigas da Ordem himenóptera; borboletas da Ordem lepi-
doptera; besouros da Ordem coleoptera); pequenos mamíferos (mastofauna represen-
tada por preás, morcegos).

As espécies foram catalogadas com suas famílias/ordens e nomes vulgares como se


exemplifica com os 3 quadros.

112
ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME VULGAR

Columbiformes Columbidae Columbina picui Rolinha-branca


Charidriiformes Chariidridae Vanelluschilensis Tetéu
Laridae Larussp. Gaivota
Falconiformes Falconidae Polyborusplancus Carcará
Pelecaniformes Ardeidae Egrettathula Garça-branca-pequena

Quadro 4 – Diversidade da avifauna que pôde ser constatada na ADA em estudo, e contempla a Ordem,
Família, Espécie e Nome Vulgar dos espécimes encontrados.
Fonte: autoria própria (2013).

Família Espécie Nome Vulgar

Tropiduridae Tropidurustorquatus Lagartixa


Iguana Iguana Camaleão
Eleonidae Tupinambismerrianae Tejo
Oxybelisaeneus Cobra-de-cipó
Colubridae
Philodryasnattereri Corre -campo

Quadro 5 – Diversidade da herptofauna que pôde ser constatada nas AID e AII em estudo, e contempla a Ordem, Família,
Espécie e Nome Vulgar dos espécimes encontrados.
Fonte: autoria própria (2013).
Ordem Espécie Nome Vulgar

Himenoptera Polistes sp. Marimbondo


Atta sexdens Formiga Saúva
Odonata Erythemissp. Libélula
Blattodea Periplaneta americana Barata
Lepidoptera Coliassp. Borboleta
Quadro 6 – Diversidade da fauna entômica que pôde ser constatada na ADA em estudo, e contempla a Ordem, Família,
Espécie e Nome Vulgar dos espécimes encontrados.
Fonte: autoria própria (2013).

Um exemplo de hábito ecológico

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Como vimos, as espécies, além de terem sido classificadas, foram caracterizadas
com seu fenótipo e seus hábitos ecológicos diante do seu meio ambiente. Para que
você fixe bem essa nuance do diagnóstico gostaria que escolhesse um exemplo com
essas características.

OK. As abelhas também são atores muito importantes no processo de polinização com
suas visitas florais. Elas necessitam das flores para obter recursos alimentares para si e
para suas crias, na forma de pólen, néctar e até óleo; e as flores delas necessitam para
sua reprodução.

113
O diagnóstico da fauna aquática nas áreas de
influência
Vamos ver agora os resultados do diagnóstico da fauna aquática. Ela foi pesquisada no
rio Açu, no seu estuário e no rio dos Cavalos, localizados no Rio Grande do Norte, pois são
os cursos de água significativos nas áreas de influência do empreendimento.

Você vai constatar que da mesma forma que a equipe diagnosticou os componentes
da fauna terrestre, ela repetiu a mesma dose para a fauna aquática: as espécies foram
classificadas e caracterizadas com seu fenótipo e seus hábitos ecológicos diante do seu
meio ambiente.

As espécies foram identificadas com suas famílias e nomes vulgares. No quadro que
segue estão relacionados exemplos das espécies aquáticas encontradas e catalogadas.
Família Espécie - Peixes Nome Vulgar

Cichlidae Cichlaocelaris Tucunaré


Sarotherodomniloticus Tilápia
Mugilidae Mugilcurema Tainha
Polynemidae Polydactylusvirginicus Barbudo
Sciaenidae Bairdiellaronchus Corvina
Sphiraenidae Sphiraenabarracuda Bicuda
Crustáceos
Palaemonidae Macrobrachiumcarcinus PitU
Penaeidae Farfantepenaeussubtilis Camarão-rosa
Litopenaeus schmitti Camarão-branco
Portunidae Callinectissapidus Siri
Gecarnidae Cardisomaguahumi Goiamum
- Moluscos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Ampullariidae Pomaceaesp Aruá


Planorbidae Biomphalariastraminea Caramujo
Aplysiidae Aplysiasp Lebre-do-mar
Mytillidae Mytellafalcata Sururu
Ostreidae Ostrearhizophorae Ostra-mangue

Quadro 7 – Exemplos da diversidade da fauna aquática das Áreas de Influências Direta (AID) e Indireta (AII), e contempla
Família, Espécie e nome vulgar dos espécimes encontrados no rio Açu, em seu estuário e no rio dos Cavalos
Fonte: autoria própria (2013).

Foi realizado um levantamento quali-quantitativo das populações bentônicas (organis-


mos do solo aquático), planctônicas (microorganismos dos corpos hídricos) e nectônicas
114 (peixes) do rio dos Cavalos e do rio Açu, a partir de amostras coletadas. E o que essas
análises revelaram?

A análise do fitoplâncton (plâncton vegetal) constatou uma concentração de 10.000


células/ml de diatomáceas representadas pelo gênero Pleurosigma; e 67.500 células/ml
diatomácea: alga de cianofíceas representadas pelos gêneros Anabaena, Merismopedia, Microcystis, Apha-
unicelular da clas-
se das bacilariofí-
nocapsae Anabaenopsis. A análise do zooplâncton (plâncton animal) constatou a presença
ceas; bacilariácea, de rotíferos, náuplius de copépodos e cladóceros; e a análise bentônjca demonstrou a
bacilariofícea,
bacilariófita, bacila-
presença de gastópodes.
riófito.

O inter-relacionamento entre as espécies das


áreas de influência
Vamos examinar agora um dos mais importantes estudos do diagnóstico ambiental
referente ao meio biótico: o inter-relacionamento entre as espécies ou biocenose. Quando
você tiver a oportunidade de participar efetivamente de um estudo ambiental desse tipo,
e baseado no que estamos acompanhando nesse diagnóstico, quais os fatores que consi-
deraria mais relevantes?
A caracterização dos aspectos da comunidade local evidenciando sua convivência,
o equilíbrio ecológico, e, claro, o próprio inter-relacionamento. Perfeito! Você detectou
bem os fatores.

Curiosidade
O termo biocenose (do grego bios, vida, e koinos, comum, público) foi criado
pelo zoólogo alemão Karl August Mobius, (1887), para ressaltar a relação de
vida em comum dos seres que habitam determinada região quando escre-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


veu sobre a comunidade de organismos num recife de ostras (ODUM, 2010).

A dinâmica do inter-relacionamento nas áreas de influência do empreendimento ocorre


entre as suas populações de espécies vegetais e animais dos ecossistemas caatinga e de
manguezal sob influência do empreendimento. Essa dinâmica depende de fatores físicos e
químicos do meio ambiente, a exemplo do tipo de solo ou salinidade da água, além de ser
afetada por fatores climáticos (temperatura, salinidade, e outros).

115
A biocenose entre as espécies do ambiente
terrestre
Vamos fixar bem esse tópico com uns exemplos que demonstrem o inter-relacionamen-
to entre ambiente, flora e fauna. Você pode escolher.

O xeromorfismo é um bom exemplo dentre os eventos de biocenose observados na


área. O que é xeromorfismo? Eu lhe respondo. É um conjunto de características adap-
tativas adquiridas por vegetais das regiões áridas e semiáridas, a exemplo do cactáceo
mandacaru, Cereus jamacaru. Como ilustração de nossa conversa veja um espécime dele
na imagem. Você já deve ter visto muitas vezes esses tipos de plantas xerófitas nas terras
desertas por aí afora.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Figura 32 – Mandacaru, Cereus jamacaru


Fonte: <http://www.ecodebate.com.br/foto/mandacaru03.jpg>.
Acesso em: 20 ago. 2014.

Na semiaridez da região o mandacaru desenvolveu raízes que se aprofundam no solo


para encontrar água nos lençóis subterrâneos; e para armazená-la arquitetaram caules
carnudos e suculentos; e quando os herbívoros em busca de água a procuram, encontram
uma barreira de defesa formada por espinhos resinosos e até tóxicos. Aí está um perfeito
inter-relacionamento ecológico entre o clima, a geologia, a flora e a fauna.

116 A coexistência de espécies no ecossistema


Estou vendo aqui nos relatórios uma referência sobre as abelhas encontradas na área.
O que a equipe observou? Já nos referimos às abelhas ao exemplificarmos o hábito ecoló-
gico. Voltemos a elas, então.

Um fenômeno que evidencia o equilíbrio e a coexistência entre as espécies de um de-


terminado ecossistema é a polinização (as abelhas são atores de destaque). É exatamente
neste momento que ocorre uma simbiose: a abelha coleta da flor o seu néctar, como você
pode ver na imagem e em troca impregna-se de pólen para transferi-lo à próxima flor.

Figura 33 – Polinização por abelha


Fonte: autoria própria (2013)
O conceito de espécies indicadoras de qualidade
ambiental
Você está me chamando a atenção que o Termo de Referência solicita ainda, que se
identifiquem as espécies indicadoras de qualidade ambiental da área de influência do em-
preendimento. É verdade. Vamos analisar os resultados desses estudos.

Mas, afinal, o que são espécies indicadoras? São aquelas capazes de fornecer infor-
mações sobre os ambientes que ocupam. Desde dados sobre as condições ambientais
até mudanças causadas por alteração de habitats destruição, contaminação, reabilita-
ção, sucessão de vegetação, degradação de solos e ecossistemas, como bem definiu Habitats: ambiente

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


habitado por um
McGeoch (1998).
ser vivo.
Quando podemos considerar uma espécie indicadora biológica? Quando apresenta sua
taxonomia, ciclo de vida e biologia bem conhecidos; quando possui características de ocor-
rência em diferentes condições ambientais; e quando ela é restrita a certas áreas. Enten-
deu bem esse conceito? Os peixes e invertebrados terrestres, por exemplo, pertencem a
grupos que respondem a diferenças sutis aos impactos direcionados ao seu habitat como
descobriu Lewinsohh, em 2005.

A classificação das espécies indicadoras de 117


qualidade ambiental
Graças a essas características, as espécies indicadoras podem ser usadas como medi-
das para diagnosticar um sistema. Essas espécies podem ser classificadas em sentinelas,
aquelas introduzidas para determinar níveis de degradação e prever ameaças ao seu ecos-
sistema; em detectoras, aquelas locais que respondem a mudanças ambientais de forma
mensurável; em exploradoras, que reagem positivamente a uma perturbação; em acumu-
ladoras, que permitem a observação de bioacumulação; e em sensíveis, que modificam o
seu comportamento quando sob impacto.

Um exemplo de indicador ambiental no ecossistema aquático seriam os peixes. Você


acredita que tem gente usando inseticidas para curar doenças de peixes? Pois é. Chega-
ram a usar (ou até usem ainda) o diflubenzuron, um veneno que pode gerar substâncias
na água (PCA) com potencial cancerígeno para os humanos. Porém, um exame dos órgãos
internos dos peixes pode revelar a presença deste contaminante, como se constata na
imagem, a qual mostra a diferença de fígados de peixes expostos ou não ao contaminante,
conforme a pesquisa da tecnóloga Darlene Dantezger.
Figura 34 – Fígado não exposto (à esquerda), e exposto ao contaminante (à direita)
Fonte: Dantzger (2013).
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Curiosidade
Formada a partir do metabolismo do diflubenzuron nos organismos aquáti-
cos, a substância p-cloroanilina (PCA) é um metabólito potencialmente can-
cerígeno e mutagênico para os seres humanos. A pesquisa da tecnóloga
Darlene Dantzger (2013) demonstrou que a aplicação do diflubenzuron na
atividade de piscicultura pode gerar esta substância na água. O PCA tem
118 maior potencial tóxico do que o diflubenzuron. O peixe torna-se um indicador
biológico no momento em que reage à agressão ambiental.

Atividade 02
Faça uma pesquisa e encontre inúmeras espécies bioindicadores, além das
representadas neste diagnóstico. Apresente sua pesquisa no fórum.

Internet
Para complementar essas informações introdutórias sobre as atividades
técnicas do EIA sugiro que leia o trabalho “O Estudo de Impacto Ambiental
na Realidade Brasileira”, do ministério público do Estado do Rio Grande
do Sul. Acesse: <http://www.mprs.mp.br/ambiente/doutrina/id21.htm>.]

Resumo
Neste estudo você se tornou capaz de diagnosticar ecossistemas terrestres com sua
flora e fauna das áreas de influência do empreendimento utilizando métodos de captura
e identificação dos seus componentes. E agora sabe como caracterizar a biocenose das

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


espécies terrestre e aquática, assim como identificar espécies indicadoras de qualidade.

Autoavaliação
1. No diagnóstico ambiental do meio terrestre verificou-se que a fauna se compõe dos gru-
pos zoológicos vertebrados e invertebrados: as aves constituem o grupo denominado:

a) Herptofauna;

b) Entomofauna;

c) Avifauna;
119
d) Mastofauna.

2. Um das primeiras atividades para a elaboração do diagnóstico ambiental da área de im-


plantação foi a identificação das espécies. Algumas dessas espécies são importantes
ecologicamente para a operacionalização do empreendimento. Na flora estudada, uma
espécie encontrada poderia ter a função de diminuir a turbidez das águas efluentes.
Assinale a alternativa correspondente à espécie vegetal identificada.

a) Algodão-de-seda, Calotropis procera;

b) Algarobeira, Prosopis juliflora;

c) Pirrixiu, Iresin portulacoides;

d) Joazeiro, Ziziphus joazeiro.

3. Observações em campo; entrevistas com moradores e trabalhadores locais que infor-


mam sobre animais avistados na área; uso de armadilhas para a captura de répteis,
formigas, besouros e até pequenos mamíferos; além de pesquisa bibliográfica, são
constituintes de uma metodologia para identificar e caracterizar componentes:

a) Da flora carnívora;

b) Da microbiota estuarina;

c) Da fauna do ambiente terrestre;

d) Da cobertura vegetal.

4. O levantamento quali-quantitativo das populações nos ambientes aquáticos das áreas


de influência do empreendimento identificou espécies das populações:
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

a) Dos insetos raros;

b) Planctônicas, bentônicas e nectônicas;

c) Das aves migratórias;

d) Dos anfíbios em extinção.

5. As espécies indicadoras locais, de qualidade ambiental que respondem a mudanças


ambientais de forma mensurável são classificadas como:
120
a) Exploradoras;

b) Acumuladoras;

c) Detectoras;

d) Sensíveis.
Competência
08 121

Realizar um diagnóstico
ambiental do meio socioeconômico
Realizar um diagnóstico
ambiental do meio socioeconômico
Você já sabe conceituar o meio socioeconômico, o qual se constitui também do uso e
ocupação do solo, dos usos da água, dos sítios e monumentos arqueológicos, históricos e
culturais da comunidade. Pois bem, com relação às pesquisas arqueológicas constata-se
que elas vêm aumentando nos últimos anos graças à fiscalização mais intensa do IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) sobre os EIAS elaborados; sobre,

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


por exemplo, os trabalhos de escavações feitos na implantação de empreendimentos.

Mas, a lei não impede a continuidade das obras de construção de uma rodovia ou
represa, ou qualquer empreendimento detentor de sítios arqueológicos. Apenas procura
diminuir o dano. Eu vou lhe contar sobre um fato relacionado, que ocorreu em Rondônia.

Durante a construção das hidrelétricas da bacia do rio Madeira, os arqueólogos


aceleraram as buscas por artefatos da nossa história para resgatá-los antes que os
lagos enchessem. E conseguiram coletar quantidades significativas de material lítico.

123

Atividade 01
Pesquise na Internet sobre Material lítico e socialize os resultados da sua
pesquisa no fórum do AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem.

O diagnóstico dos aspectos históricos do município


Vejamos o que os sociólogos da equipe pesquisaram sobre o município em termos his-
tóricos. Claro que resumiremos o conteúdo, mas o suficiente para que você capte como se
desenvolve este aspecto.

O empreendimento a ser implantado está localizado no município de Carnaubais, no


Estado do Rio Grande do Norte, distante 227 Km da Capital, Natal, na mesorregião Oeste
Potiguar e microrregião do Vale do Açu. Circunscrito às coordenadas 05o 20’ 54” S e 36o
50’ 04” O abrange uma área territorial de 542,530 Km2, de acordo com o Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE), (2010). Neste momento a localização do município
deverá ser mostrada em mapa como realmente se faz na imagem a seguir.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Figura 35 – Localização de Carnaubais no mapa do Estado do Rio Grande do Norte


Fonte: Oliveira (2014).

A data de formação desse território municipal não é precisa na historiografia local. O


que se afirma é que no ano de 1924 uma grande enchente destruiu todo o povoado exis-
tente nessa área, cuja população ficou totalmente desabrigada, o que levou, segundo o
historiador Morais (2007) a comunidade “à reconstrução da localidade e à recuperação
das condições de sobrevivência das pessoas”.

O primeiro nome da localidade foi Poço da Lavagem e mais tarde Santa Luzia, por oca-
124 sião da construção da primeira capela dedicada a esta Santa que passou a ser a padroeira
do município. Em 1938 foi elevado à condição de distrito pertencente ao município de Açú;
e em 30 de dezembro de 1943, o distrito de Santa Rita passou a se denominar Carnau-
bais inspirado na abundância de carnaubeiras da região. E, a partir de 18 de setembro de
1963, ganhou sua emancipação política, através da Lei 2.927.

Importante
Quando você estiver realizando outros diagnósticos é importante que
adapte todo o conhecimento que está adquirindo em nossos estudos,
para a situação da localidade a qual se deparará.

O diagnóstico dos aspectos culturais do município


Observe nesse diagnóstico que a equipe buscou encontrar uma associação entre a
educação e as práticas esportivas, lúdicas, de lazer e recreação como proposta para a
melhoria da qualidade de vida da população. Nesse sentido é necessário que o município
seja dotado de equipamentos desportivos como quadras, teatro, bibliotecas e outros espa-
ços para as atividades físicas, psicomotoras, de desenvolvimento corporal e de estímulo à
constituição de novas sociabilidades entre os habitantes da localidade. E o que realmente
o município oferece à população? A equipe encontrou os equipamentos revelados no qua-
dro que será demonstrado agora.

CATEGORIA QUANTIDADE

Biblioteca 1

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Clubes Sociais 1
Estádios e/ou Campos de Futebol 4
Quadras de esportes 1
Praças 1
Ginásio Poliesportivo 1
Quadro 8 – Estabelecimentos culturais e recreativos
Fonte: autoria própria (2014).

A população de Carnaubais tem seus momentos de lazer e os utiliza com as mais diver-
sas formas. No ginásio poliesportivo são realizadas as mais diversas atividades: competi-
ções de vôlei, basquete, futsal. Ao lado do Ginásio foi construído um campo de futebol de
areia como mostra a foto. 125
A população também se diverte em shows realizados pela prefeitura e empresas priva-
das. Apesar desses resultados, a equipe constatou que os equipamentos esportivos exis-
tentes como instrumentos de sociabilidade e lazer da comunidade são insatisfatórios, pois
uma parcela significativa dos moradores não tem acesso às práticas lúdicas e recreativas.
As atividades culturais se resumem aos eventos comemorativos programados e que fazem
parte do calendário festivo do município.

O diagnóstico dos aspectos sociais do município


Conforme esses documentos, a equipe realizou uma caracterização demográfica da
área de influência do empreendimento. Vamos estudar os aspectos que eles pesquisaram
e que (não custa repetir) foram solicitados no termo de referência.

Aqui estão os resultados das análises da composição da população, tanto rural quanto
urbana e por faixa etária e sexo; da densidade demográfica e do grau de urbanização; da
evolução populacional; da quantificação e qualificação da população economicamente ati-
va; e dos seus movimentos migratórios.
Veja que cada aspecto foi comentado e apresentado em quadro ou graficamente. Pegue-
mos o exemplo da dinâmica populacional. Os resultados da pesquisa demográfica mostram
que sua população passou de 8.192 em 2000 para 9.762 habitantes em 2010, um cres-
cimento anual de 1,77%. E que nas últimas duas décadas, a taxa de urbanização cresceu
83,35%, conforme revelam os dados estatísticos constantes no Atlas do Desenvolvimento
Humano do Brasil (2013) divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-
mento (PNUD) e que estão registrados e mostrados aqui.

Ano População Taxa de Urbanização (%)

2010 9.762 48,73


Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

2000 8.192 25,62


1991 7.499 26,58

Figura 35 – Localização de Carnaubais no mapa do Estado do Rio Grande do Norte


Fonte: Oliveira (2014).

Os dados demonstram que a população do município ampliou, entre os Censos Demo-


gráficos de 2000 e 2010, à taxa de 1,77% ao ano.

De acordo com o relatório Panorama Municipal divulgado pelo Ministério do Desenvolvi-


mento social e Combate à Fome (MDS), essa taxa foi superior àquela registrada no Estado,
que ficou em 1,35% ao ano, e superior à cifra de 1,08% ao ano da Região Nordeste, como
126 demonstra o gráfico da imagem.

Entendeu como os técnicos trabalham? E para todos os outros aspectos o procedimen-


to é o mesmo. Tome os aspectos de infraestrutura como outro exemplo.

Quadro 36 – Taxa de crescimento anual por área selecionada entre 2000-2010


Fonte: Brasil (2013).
Atividade 02
Quais aspectos sociais que foram diagnosticados durante os estudos reali-
zados sobre o diagnóstico socioeconômico do município?

O diagnóstico dos aspectos de infraestrutura


do município

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Em relação a esse outro aspecto, você verá que se faz o seu diagnóstico, analisando-
-se a infraestrutura urbana e social, sempre se norteando pelo termo de referência. E esse
diagnóstico contemplará os tipos de condições habitacionais; a rede de ensino, por meio
dos seus recursos físicos e humanos; o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) munici-
pal; a rede de saúde, com a caracterização da estrutura institucional abrangendo o número
de estabelecimentos e de recursos humanos, além das taxas de mortalidade geral e infan-
til; a segurança social; e a caracterização de saneamento, sistema viário, abastecimento
de água, sistemas de telecomunicações e energia elétrica.
127

Dados sobre o assentamento humano


De acordo com os dados constantes do Censo Demográfico do IBGE de 2010, o muni-
cípio possui um total de 2.768 domicílios particulares permanentes. Destes, 2.380 se en-
contram ligados à rede geral de abastecimento de água (86,0%), 2.707 à rede de energia
elétrica (99,0%) e 2088 são atendidos pela coleta de lixo (78,7%). Ainda conforme este
Censo, 1254 domicílios (45,3%) não dispõem de esgotamento sanitário. Esses números
podem ser visualizados através de gráficos como o da figura, relativo à rede de abasteci-
mento de água, à coleta de lixo e ao esgotamento sanitário.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Quadro 37 – Proporção de domicílios com acesso à rede de


abastecimento de água, à coleta de lixo e ao sanitário adequado, em 2010
Fonte: Brasil (2013).

Com relação à coleta de lixo há de se destacar que o percentual apresentado no gráfico


refere-se somente à coleta na sede do município, uma vez que nos povoados e zona rural
não existe o serviço prestado para os seus residentes.

A influência do empreendimento no meio


128 socioeconômico
Como pode observar na continuação do diagnóstico, os dados estatísticos de cada
um dos indicadores, seja da saúde, educação, segurança, saneamento, e outros, darão a
caracterização detalhada da infraestrutura básica do município. E nesse momento você
pode até questionar: afinal, o que esses dados sobre o município têm a ver com o empre-
endimento?

Como já vimos, o município possui áreas de influência direta ou indireta do empreendi-


mento, e como veremos adiante ele pode ter papel importante na oferta de emprego, no
aumento de arrecadação de impostos, no incremento do comércio local e dos serviços. To-
dos esses fatores afetam positivamente a base da estrutura socioeconômica do município.
Se soubermos a atual situação de sua socioeconomia poderemos saber a real extensão da
influência do projeto após sua implantação.

É por essa razão que esse diagnóstico se torna tão importante para a avaliação dos
impactos ambientais. Ficou claro agora?
Mídias
Para ampliar o conhecimento sobre o diagnóstico socioeconômico uma pro-
veitosa leitura seria o livro da professora Maria Inês G. Graciano “Estudo so-
cioeconômico: um instrumento técnico-operativo”. Nessa obra ela identifica
os indicadores sociais constitutivos do estudo socioeconômico e aproxima a
realidade social de usuários das políticas públicas.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Resumo
Você tornou-se apto a realizar um diagnóstico ambiental sobre o meio socioeconômico,
cujo estudo alicerçou-se nos exemplos da caracterização dos aspectos históricos, culturais,
sociais e de infraestrutura do município; e a fazer uma correlação entre a implantação do
empreendimento e o meio socioeconômico do município.

Autoavaliação 129
1. O diagnóstico ambiental que contempla as condições habitacionais, a rede de ensino e
de saúde e o saneamento básico do município refere-se aos aspectos:

a) Arqueológicos;

b) De infraestrutura;

c) Históricos;

d) Culturais.

2. O diagnóstico ambiental que contempla os movimentos migratórios humanos e os resul-


tados da pesquisa demográfica refere-se aos aspectos:

a) Sociais;

b) De infraestrutura;

c) Históricos;

d) Culturais.
3. As análises da composição populacional, tanto rural quanto urbana, do município sob
influência do empreendimento, por faixa etária e sexo; da densidade demográfica e
do grau de urbanização; da evolução populacional; da quantificação e qualificação da
população economicamente ativa; foram aspectos estudados no meio socioeconômico
que serviram para:

a) Uma caracterização demográfica;

b) Identificação do assentamento urbano;

c) Diagnóstico dos indicadores sociais;

d) Incremento do comércio local.


Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

4. Num estudo socioeconômico de um município ao buscar-se uma associação entre a


educação e as práticas esportivas, lúdicas, de lazer e recreação da comunidade realiza-
-se um diagnóstico:

a) Dos aspectos culturais do município;

b) Da dinâmica de população;

c) Da quantificação da população economicamente ativa;

d) Da taxa de urbanização.
130

5. Com a implantação do empreendimento poderá ocorrer mais oferta de emprego, au-


mento de arrecadação de impostos, incremento do comércio local e dos serviços, con-
sequências que provocarão na socioeconomia do município um impacto:

a) Negativo;

b) Positivo;

c) Sem efeito;

d) Nenhuma resposta correta.


Competência
09 131

Realizar prognósticos
dos impactos ambientais
Realizar prognósticos
dos impactos ambientais
Sorria, nós também temos histórias de impactos ambientais com final muito feliz.
Você sabe que a camada do gás ozônio (O3) em torno da Terra protege a vida absorvendo
significativa quantidade da radiação ultravioleta que nos chega do sol. Em meio a esse
ozônio infiltravam-se substâncias artificiais que usávamos nas indústrias de refrigeração,
de ar condicionado, de aerossóis, de espuma, dentre outras. Eram os clorofluorcarbo-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


nos, mais conhecidos por CFCs; eram na verdade indicadores ambientais. Por que eram
considerados como indicadores? Porque sua presença, lá nas alturas do céu, indicava
que ocorreriam reações químicas, cujo resultado seria a diminuição da concentração de
ozônio e, consequentemente, o aumento da incidência de raios ultravioleta prejudiciais à
nossa saúde, à flora, à fauna, à produção agrícola.

Após a descoberta dos malefícios desse indicador decidimos aboli-lo de nosso cotidiano e
de nossa atmosfera. A batalha foi longa e difícil. Em 1999 o consumo anual de CFC no Brasil
foi de 12 mil toneladas, potencial de destruição de ozônio (PDO) e em 2010 não houve mais
estatística de consumo. O CFC havia sido erradicado. Portanto, essa é uma conquista nossa.
133

As ações de planejamento, instalação e


operacionalização
Neste momento de nosso trabalho, você já tem no aprendizado consolidado, que o
alicerce para a estrutura de um EIA é a identificação de prováveis impactos ambientais
na implantação do empreendimento. No entanto quero que você saiba que o objetivo
dessa identificação não é somente elaborar uma lista desses impactos, mas também
permitir que a equipe compreenda e assimile as relações entre os diversos fatores que
constituem o projeto e seu inter-relacionamento com o ambiente.

Atividade 01
Pesquise na internet sobre a importância de se identificar prováveis impac-
tos ambientais na implantação de um empreendimento.
Lembre-se que conhecemos os resultados do diagnóstico ambiental dos meios físico,
biótico e socioeconômico das áreas de influência. Porém, você há de convir que para iden-
tificar os impactos que nascem dessa interação entre o empreendimento e o ambiente,
será necessária uma compreensão absoluta das atividades de planejamento, instalação e
operacionalização do próprio empreendimento.

Realmente podemos aceitar que o ciclo de vida de nosso projeto se componha das
fases de planejamento, instalação e operacionalização, embora pudéssemos acrescentar
ainda a fase de desativação, caso um dia esse fato viesse a ocorrer. Entretanto, a equipe
trabalhou com as três etapas mencionadas.

Vamos então fazer um checklist (uma checagem) dos impactos considerados pela equi-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

pe nas três fases do ciclo. Antes, você quer conhecer melhor as ações desenvolvidas em
cada fase? Então vamos lá!

Na fase de planejamento (Fase I) contrata-se o pessoal temporário, realizam-se


todos os serviços de topografia e de prospecção geofísica e geoquímica, abrem-se
as vias de acesso, elaboram-se os projetos de engenharia e se realizam as análi-
ses de parâmetros ambientais, como já tivemos a oportunidade de acompanhar;
na fase de instalação (Fase II) contratam-se as máquinas, procede-se a supressão
vegetal, faz-se a terraplenagem, constroem-se os viveiros com suas bacias de se-
dimentação e instalações de bombeamento, e se implantam os equipamentos de
134
energia; e na fase de operacionalização (Fase III). Bem, creio que essa fase convém
um maior detalhamento.

Detalhamento da fase de operacionalização


Será importante para a identificação dos impactos ambientais conhecer os principais
passos do sistema operacional da fazenda de carcinicultura ou de qualquer local onde
você fará o diagnóstico. Precisamos ter uma visualização do projeto de engenharia para
que nosso entendimento do processo seja maior ainda. Veja este croqui que mostra os
viveiros construídos entre os rios Açu e dos Cavalos, na próxima imagem, como já nos refe-
rimos no estudo de hidrologia. O projeto apresenta os viveiros, os canais de abastecimento
e drenagem, e as bacias de sedimentação.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais
Figura 38 – Croqui do empreendimento com os viveiros entre rios Açu e dos Cavalos
Fonte: autoria própria (2013).

A captação da água para o abastecimento da fazenda ocorre no rio Açu e será bombe-
ada para o canal de abastecimento que a distribui aos viveiros. Estes serão tratados com
fertilizantes e povoados com filhotes de camarões (pós-larvas). Após um cultivo de quatro
meses atingem o tamanho comercial e são despescados. As águas drenadas dos viveiros
durante este processo irão para uma bacia de sedimentação e posteriormente descarta-
das no rio dos Cavalos.
135

A identificação dos impactos ambientais


Quais seriam os prováveis impactos ambientais originados e identificados pela equipe,
em razão das ações dessa atividade? Bem, observemos alguns exemplos desses impactos
que estão relacionados neste quadro 11; mas voltaremos a eles mais adiante quando fi-
zermos a sua avaliação. O importante mesmo é que você assimile mais ainda o conceito de
impacto ambiental, o que ocorrerá ao vivenciá-los na implantação deste empreendimento.

Fase (I) de Fase (II) de Fase (III) de


Impactos Observações
Planejamento Instalação Operacionalização
Incremento do
Comércio Local X X X

Geração de novos
X X X
empregos
Com o movimento de
Geração de poeira e caminhões e máquinas
X
ruídos escavadeiras originam-se
poeira e ruídos.
Fase (I) de Fase (II) de Fase (III) de
Impactos Observações
Planejamento Instalação Operacionalização
Neste nosso caso a
Modificação paisagem desértica será
paisagística X X substituída por viveiros
com espelho d’agua de
dezenas de hectares.
Exploração de jazidas de
Alteração piçarro para contrução
X X
geomorfológica dos diques.
O ecossistema da
Substituição de caatinga na área do
ecossistema vigente X projeto será substituido
por uma planta de
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

por um de cultivo
carcinicultura.

Alteração da Haverá supressão das


X X
Cobertura Vegetal plantas de algarobeira.
Atração da fauna
para o novo X
ecossistema
Aumento da
arrecadação de X
impostos
Captação da biota
pela estação de X
136 bombeamento
Com a água bombeada
pelos canais de
Turbidez nos
X abastecimento poderá
efluentes
haver erosão das suas
margens
Durante o cultivo
Alteração da ocorre um aumento na
qualidade da água X população do plâncton
do corpo receptor que se drenará para o
corpo receptor.

Eutrofização do X
corpo receptor
Capacitação de
mão-de-Obra não X
especializada

Quadro 11 – Exemplos de impactos ambientais identificados para a implantação de um projeto de carcinicultura


Fonte: autoria própria (2014).
Comparação dos impactos ambientais
identificados com outros projetos
Cada empreendimento tem suas características próprias. E é preciso que você tenha
conhecimento desse fato, pois encontrará projetos com os mais diversos objetivos para
implantação nos mais diversos ecossistemas.

Por exemplo, para a transposição do rio São Francisco você identificaria impactos tais
como, a ruptura de relações sociocomunitárias; especulação imobiliária nas várzeas irri-
gáveis; perda de terras agricultáveis; abastecimento de água das populações rurais; risco
da redução da biodiversidade aquática nas bacias receptoras; risco de eutrofização dos

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


novos reservatórios. E se o exemplo fosse um projeto de produção de petróleo na platafor- Eutrofização:
ma de Guamaré, no Rio Grande do Norte, você identificaria a alteração da biota marinha; acúmulo de ma-
téria orgânica em
morte de organismos bentônicos; pressão sobre a infraestrutura de disposição final de decomposição.
resíduos; aumento da produção de hidrocarbonetos.

E assim, você encontrará impactos ambientais específicos dependendo da natureza de


cada empreendimento

137
Atividade 02
Pesquise sobre os impactos ambientais originados de um projeto rodoviário
e outro de mineração.

Prognóstico dos impactos ambientais


Você acompanhou os trabalhos da equipe para identificar os impactos ambientais origi-
nados da implantação do empreendimento. E agora precisamos prever a dimensão desses
impactos ou pelo menos os mais significativos. Tenha sempre em mente que o objetivo da
Avaliação Dos Impactos Ambientais (AIA) é exatamente prognosticar as mudanças naturais
e sociais decorrentes de projetos a serem implantados, para que se possa elaborar um
plano de medidas mitigadoras e viabilizá-los. Os nossos estudos até este momento podem
ser resumidos no fluxograma a seguir.

Diagnóstico → Prognóstico → Avaliação → Medidas Mitigadoras


Como determinar as previsão dos impactos
ambientais
Para chegarmos à AIA temos que saber quais as funções da previsão dos impactos
e como determinar essa previsão. Se o caminho é longo? Não, não é longo, é apenas
necessário.

As previsões avaliam a magnitude dos impactos, concedem informações à AIA, com-


param e selecionam alternativas e fornecem subsídios para a construção das medidas
mitigadoras, às vezes elas abrigam alguma subjetividade. E como elas podem ser determi-
nadas? Através de indicadores.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Aliás, você conhece bem os indicadores. Nós os estudamos quando analisamos as es-
pécies indicadoras de qualidade ambiental. Agora, eles serão as nossas ferramentas para
trabalharmos com as previsões; pois, são parâmetros que fornecem uma medida da mag-
nitude de um impacto ambiental, como bem definiu Munn (1975).

Importante
138 A Norma ISO 14.031/2004 trata da Avaliação do Desempenho Ambien-
tal, e recomenda que se utilizem três tipos de indicadores: os de desem-
penho gerencial, que informam sobre desempenho administrativo; os de
desempenho organizacional, que se referem a emissões de poluentes e
consumo de recursos; e os indicadores de condições ambientais sobre a
qualidade do meio ambiente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
NICAS, 2004). Os dois últimos são os mais importantes para a avaliação
dos impactos ambientais.

A Norma ISO 14.031/2004 trata da Avaliação do Desempenho Ambiental, e recomen-


da que se utilizem três tipos de indicadores: os de desempenho gerencial, que informam
sobre desempenho administrativo; os de desempenho organizacional, que se referem a
emissões de poluentes e consumo de recursos; e os indicadores de condições ambientais
sobre a qualidade do meio ambiente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2004). Os dois últimos são os mais importantes para a avaliação dos impactos ambientais.
Os indicadores para a previsão dos impactos
ambientais
Nós já conversamos sobre a potencialidade de organismos, a exemplo dos peixes, de
serem indicadores biológicos. Mas, um parâmetro ambiental também pode servir de in-
dicador para a previsão de um impacto, de fornecer uma medida da magnitude de um
impacto ambiental, só para relembrar a definição de Munn (1975).

As espécies aquáticas são muito vulneráveis às variações dos parâmetros ambientais.


Por exemplo, o oxigênio é um desses parâmetros indicadores. Quando em baixas concen-
trações num determinado ecossistema aquático (causada por um poluente) promoverá

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


mortalidade de cardumes, como mostra o flagrante da imagem.

139

Quadro 39 – Mortandade de peixes em manguezal


Fonte: IBAMA (2013).

Esse poluente poderia ser o rejeito da bauxita (sobre a qual nos referimos na com-
petência 1). Vamos conhecer a bauxita, então. Ela é um mineral do qual se extrai o alu-
mínio, uma mistura de óxidos do próprio alumínio, mas também de ferro, titânio, dentre
outros. Ao final do processo da separação do alumínio sobra uma lama vermelha, um
resíduo insolúvel.

Em Oriximiná, no Estado do Pará, esse rejeito foi descartado no fundo do lago Bata-
ta, às margens do rio Trombetas. Quanto mais o rejeito mortal da bauxita se acumulava
em seu leito, mais se alterava a disponibilidade dos nutrientes no lago (caso tivessem
monitorado esses indicadores, certamente teriam previsto o impacto que se avizinhava);
e mais se reduzia a densidade de seu plâncton e de sua fauna aquática; os peixes mor-
reram por anoxia (falta de oxigênio), mas ninguém observou a queda de suas concen-
trações, ninguém monitorou aquele indicador ambiental e centenas de famílias ficaram
sem o sustento. E as águas do rio Batata tornaram-se vermelhas, da cor da bauxita, como
mostra o flagrante da imagem.
Figura 40 – Lago Batata, em Oriximiná, no Pará, vermelho de bauxita
Fonte: < http://static.panoramio.com/photos/large/19470358.jpg>. Acesso em: 19 ago. 2014.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Portanto, seu monitoramento pode indicar se algum fator (uma poluição química, por
exemplo) está promovendo alteração nas suas concentrações e consequentemente altera-
ção na qualidade da água.

Outros parâmetros ambientais também podem agir feito indicadores, tais como nitrogê-
nio amoniacal, pH, nitrito, cromo, cádmio, mercúrio. Aliás, o mercúrio, por exemplo, com o
qual já trabalhamos em impactos ambientais, pode ser um indicador de um futuro impacto
ao disponibilizar-se em peixes que serão consumidos pelo Homem.

Do mesmo modo, a diferença entre as arrecadações tributárias antes e depois de implan-


140 tado um projeto será um indicador; os hectares de superfície afetada por um desmatamento
medindo a extensão do impacto ambiental também serão; ou ainda, a vazão em m3/ dia, ou
hora, do volume de efluentes urbanos sem tratamento descartado num corpo hídrico receptor.

Curiosidade
O mercúrio no ar ou no solo se armazena na sua forma metálica Hg e segun-
do os estudos de Jenson e Jernelov (1969) (em Almadén, na Espanha) e Ver-
don et al (1992) (em Quebec, no Canadá) se transforma em um composto
orgânico, o metilmercúrio (H3 Hg+) através de ação bacteriana. O princípio
ecológico para tal evento é que o mercúrio inorgânico é prejudicial às bac-
térias, as quais o eliminam transformando-o no mercúrio orgânico, inofen-
sivo para elas, mas prejudicial ao Homem. Ao se alimentar dos peixes que
contenham concentrações de metilmercúrio a partir de 0,5 mg/ Kg, ele se
intoxica (WHO, 1990).
Mídias
Já que tratamos sobre indicadores ambientais torna-se importante, para
ampliar o conhecimento, consultar os trabalhos técnicos compilados no livro
“Indicadores Ambientais: conceitos e aplicações” pelos técnicos Nelson B.
Maia, Henry Martos e Walter Barrela. Essa coletânea apresenta pesquisas
sobre os indicadores ambientais contemplando, dentre outros, os anéis de
crescimento das árvores, os modelos matemáticos de dispersão de poluen-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


tes e os peixes como delatores de alterações na qualidade da água.

Resumo
Você tornou-se capaz de realizar prognósticos dos impactos ambientais, identificou as
ações das atividades do planejamento, instalação e operacionalização (fases) do empre-
endimento, assim como fazer a identificação dos seus impactos ambientais e prognósticos
deles. E, ao final, colheu os conhecimentos sobre os indicadores utilizados para sua previ-
são, através de exemplos encontrados nos meios físico, biótico e socioeconômico.
141

Autoavaliação
1. As ações de contratação de pessoal temporário, de serviços de topografia, de abertura
de vias de acesso, elaboração de projetos de engenharia e realização de análises de
parâmetros ambientais são inerentes à fase de:

a) Operacionalização;

b) Instalação;

c) Planejamento;

d) Desenvolvimento.

2. A supressão da cobertura vegetal para a instalação de um empreendimento correspon-


de à fase de:

a) Instalação;
b) Planejamento;

c) Operacionalização;

d) Nenhuma resposta correta.

3. Alguns dos impactos identificados num projeto de transposição de um rio seriam:

a) Risco de eutrofização dos novos reservatórios, especulação imobiliária nas várzeas irri-
gáveis, ruptura de relações sociocomunitárias, aumento de emissão de poeira;

b) Morte dos organismos bentônicos, aumento da produção de hidrocarbonetos, pressão


sobre o transporte marítimo;
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

c) Terraplenagem, implantação de sistema de drenagem de águas pluviais, preparação do


leito carroçável, instalação de usina de asfalto;

d) Risco de combustão do lençol freático.

4. Assinale a resposta correspondente à sequência de estudos mais adequada para uma


avaliação de impactos ambientais.

a) Diagnóstico →Prognóstico →Avaliação →Medidas Mitigadoras;


142 b) Estudos de base →Avaliação →Medidas Mitigadoras → Diagnóstico;

c) Planejamento →Medidas Mitigadoras →Previsão →Avaliação;

d) Implantação →Medidas Mitigadoras → Operacionalização.

5. Para indicar se algum fator (uma poluição química, por exemplo) está promovendo al-
teração nas suas concentrações e consequentemente alteração na qualidade da água
será necessário executar um plano de:

a) Medidas mitigadoras;

b) Previsão de impactos;

c) Controle ambiental;

d) Análise de riscos.
Competência
10 143

Avaliar impactos
ambientais
Avaliar impactos
ambientais
Você sabia que cada um de nós produz anualmente cerca de meia tonelada de lixo? E
o que fazemos com ele? Duas coisas: coletá-lo e jogá-lo em um lixão para produzir mos-
cas, mosquitos, baratas e roedores, que transmitirão doenças.

Solucionar o problema? Todos sabem resolver esse problema ambiental. O Professor

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


Pereira Neto (1989), da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, por exemplo,
ensina que a questão seria resolvida com três ações básicas: com adequadas condições
sanitárias; adoção de técnicas de compostagem; e reciclagem de materiais.

E o que está faltando para concretizar essas ações? Duas atitudes: a vontade polí-
tica e a implementação de um programa efetivo de educação ambiental. Um programa
de ação permanente que demonstre a necessidade de mudar o comportamento, com
relação ao convívio com a natureza; que explique com simplicidade o significado daque-
las três ações do Professor Pereira Neto. Escolheremos uma das ações e vamos dar um
exemplo. O que é reciclagem de lixo?
145
Eram os anos de 1990. Eu estava embaixo de uma azeitoneira num remanescente de
Mata Atlântica. Formando um semicírculo à minha frente, sentados no chão, ou em tron-
cos de árvores caídas que serviam de bancos, cerca de quarenta crianças me ouviam.
Eram alunos de escolas públicas que ali estavam naquele Centro de Educação Ambien-
tal para aprender como lidar com o ambiente, sustentavelmente. O que vocês veem no
chão? Flores murchas, respondeu um deles. Folhas mortas, respondeu outro. Galhos
secos, respondeu outro. Azeitonas, respondeu mais outro. Este é o lixo desta árvore. Com
o tempo e o vento ele será misturado com a terra e vai se decompor; vai apodrecer e se
transformar em nutrientes, os alimentos da árvore, que voltarão através das raízes para
a própria azeitoneira. E ela continuará a crescer, a dar flores e azeitonas. E como se cha-
ma esse trabalho feito tão em silêncio por essa árvore? Todos responderam numa só voz:
reciclagem. E nunca mais esqueceriam a lição que a própria natureza estava lhes dando.

A legislação ambiental e suas aplicações


Você se preparou para realizar uma Avaliação Dos Impactos Ambientais (AIA), a qual
se baseia no diagnóstico ambiental do qual participou, e nos resultados das previsões
daqueles impactos. Deve ter observado que há certa subjetividade no processo da pre-
visão, mas a avaliação tem que ser obrigatoriamente objetiva. Como já alertava Treweek
(1999), não há sentido em fazer previsões ecológicas se os impactos forem avaliados
com critérios subjetivos.

Para embasar mais ainda os nossos estudos sobre a AIA vamos fazer um breve re-
trospecto do seu desenvolvimento, com base na legislação ambiental e suas aplicações.

O CONAMA recebeu competência da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) para


estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades efetivamente poluido-
ras. Em consequência, editou resoluções definindo diretrizes gerais para que se conce-
desse o referido licenciamento.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

A Constituição Federal de 1988 incumbe o poder público, em seu Artigo 225 “exigir
na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade [...] estudo prévio de impacto am-
biental” (BRASIL, 1988). E o mais eficaz desses estudos seria o EIA/RIMA, o qual contém
a AIA que se destaca como a mais complexa etapa por ter a responsabilidade de carac-
terizar uma intrincada rede de aspectos de natureza variada, agindo simultaneamente,
como bem definiram Fogliatti, Filippo e Goudard, (2004).

Dentre as resoluções que o CONAMA editou com a normatização para os licenciamen-


tos destacam-se:

146 • Resolução n. 001/1986, que determina as diretrizes gerais e normas de licenciamen-


to para empreendimentos;

• Resolução n. 006/1987, que determina regras para licenciamentos de obras de gran-


de porte;

• Resolução n. 009/1987, que disciplina a realização de audiências públicas;

• Resolução n. 10/1990, que dispõe sobre normas específicas para o licenciamento


ambiental de extração mineral, classe II;

• Resolução n. 23/1994 que estabelece procedimentos de licenciamento para extra-


ção de petróleo;

• Resolução n. 237/1997, que revisa alguns procedimentos e critérios utilizados no


licenciamento ambiental, editados na Resolução n. 001/86

• Resolução n. 279/2001, que determina procedimentos simplificados para o licencia-


mento ambiental de empreendimentos com impacto ambiental de pequeno porte,
necessários ao incremento da oferta de energia elétrica no país;

• Resolução n. 289/2001, que estabelece diretrizes para o licenciamento ambiental de


projetos de assentamentos de reforma agrária;
• Resolução 308/2012, que dispõe sobre licenciamento ambiental de sistemas de dis-
posição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte;

• Resolução n. 312/2002, que dispõe sobre o licenciamento ambiental dos empreendi-


mentos de carcinicultura na zona costeira;

• Resolução n. 305/2002, que dispõe sobre licenciamento ambiental, estudo de im-


pacto ambiental e relatório de impacto no meio ambiente de atividades e empreendi-
mentos com organismos geneticamente modificados e seus derivados.

• Resolução n. 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretri-
zes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e pa-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


drões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. • Resolução n. 430/2011,
que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, que complemen-
ta e altera a Resolução 357/2005. Resolução n. 10/1990, que dispõe sobre normas
específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classe II.

Atividade 01
Quais os objetivos das Resoluções CONAMA 001/1986; 312/2002 e 147
357/2005?

Os métodos de avaliação de impactos


ambientais
Creio que você já tem uma base maciça de informações para analisar o processo da AIA
desenvolvido pela equipe. Observe que ela escolheu uma metodologia de AIA que se ade-
quasse às peculiaridades do nosso projeto. Isto porque existem vários métodos que têm
que ser adaptados às condições específicas de cada EIA. Dentre os mais usuais destacam-
-se o método espontâneo (Ad-Hoc); Listas de Controle (Checklist); Matrizes ou Matrizes de
Interação, como a Matriz de Leopold; Redes de Interação; Superposição de Mapas; Siste-
ma de Battelle-Collumbus; Modelos de Simulação; Análise Multicritério; Sistemas Especia-
listas; Modelo Fuzzy; e Diagrama de Fluxo. Qual deles foi usado em nosso projeto? A equipe
usou uma junção das listas de controle com as matrizes.
Curiosidade
Você quer saber sobre as características de cada um dos outros métodos?
Para que você conheça as vantagens dos métodos citados eu lhe indico o
trabalho dos professores Frederico de Oliveira, da UEGO, e Wendson Medei-
ros, da UFRN, 2007. Bases Teórico-Conceituais de Métodos para Avaliação
de Impactos Ambientais em EIA/RIMA
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Mas, em relação ao método que utilizamos você pode visualizá-lo representado esque-
maticamente no organograma da imagem. Ele foi apresentado primordialmente na obra de
Oliveira e Medeiros (2007), citado anteriormente.

148

Figura 41 – Organograma esquemático da metodologia da AIA para a implantação do projeto


Fonte: adaptado de Oliveira e Medeiros (2007).

Você já aprendeu que a Resolução CONAMA Nº 001/86, em seu Artigo 6º, inciso II,
classificou os impactos com relação aos parâmetros em positivos e negativos (benéficos e
adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo, temporários e permanen-
tes; e de acordo com seu grau de reversibilidade [...] (BRASIL, 1986).

Para este EIA, com o qual estamos trabalhando, foram utilizados seis atributos e quinze
parâmetros que estão conceituados no próximo quadro.
Atributos e Conceitos Parâmetros e Conceitos

Positivo (+): ação realizada no projeto e que tem como


conseqüência uma alteração benéfica à área.
Negativo (-): ação realizada no projeto tem como conse-
qüência uma alteração negativa à área.
Caráter: Influência de uma ação realizada
no projeto a qual tem como consequência Indefinido (+): ação realizada no projeto e que tem
uma alteração ambiental. como conseqüência uma alteração ambiental ainda in-
certa por depender das técnicas, métodos e intensida-
de utilizados nessa ação impactante tornando-se posi-
tivo ou negativo por meio do monitoramento ambiental.
Direto (D): impacto primário ou de primeira ordem,
quando resulta de ação direta do empreendimento so-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


bre elemento do meio.
Ordem: determinação do nível de relação
entre a ação impactante e o impacto gera- Indireto (I): resultado de uma ação secundária em res-
do ao meio ambiente. posta à ação anterior ou quando é integrante de uma
cadeia de reações, também denominada de impacto
secundário ou de enésima ordem.
Fraco (1): quando os fatores impactantes são inexpres-
síveis não chegando a causar descaracterização dos
constituintes ambientais.
Magnitude: extensão do impacto ambien-
tal apresentando se numa dimensão que Moderado (2): quando os fatores impactantes são rela-
se torna gradual às diferenciadas ações tivamente medianos causando uma baixa descaracteri-
produtoras dos impactos no ambiente zação dos constituintes ambientais.
Forte (3): quando os fatores impactantes são bastante
elevados a ponto de causar uma profunda descaracte-
rização geral dos constituintes ambientais.
149
Curta (C): quando a neutralização do impacto ocorre
imediatamente após o final da ação.
Duração: contabilização de tempo, da du- Média(M): quando da necessidade de decorrer razoá-
ração do impacto, após finalizada a ação vel período de tempo para a dissolução do impacto.
executada que o determinou.
Longa(E): quando após a conclusão da ação gera-
dora do impacto, este permanece por longo período
de tempo.
Local(L): quando a extensão do impacto atinge a su-
Escala: delimita a extensão espacial do perfície delimitada pela área de influência direta e uma
impacto tendo como base a relação entre pequena porção periférica do terreno.
a ação causadora e a extensão territorial
atingida Regional(R): quando a extensão do impacto atinge a
superfície delimitada pela área de influência funcional
e sua bacia hidrográfica.
Reversível (↑): quando após ação impactante o objeto
ambiental atingido retoma às condições ambientais ini-
Reversibilidade: capacidade do elemento ciais, de forma natural ou antrópica.
do meio atingido por uma determinada
Irreversível (↓): quando o objeto ambiental atingido por
ação de retomar as condições ambientais
ação impactante não retorna às condições ambientais
precedentes.
anteriores, apesar de tentativas com esse propósito.

Quadro 11 – Conceitos dos atributos e parâmetros utilizados na avaliação dos impactos ambientais do projeto
Fonte: autoria própria (2014).
O método do checklist para a AIA
Definida a metodologia empregada para a avaliação dos impactos ambientais pela im-
plantação do nosso projeto, e em função do que aprendemos até agora, já podemos pas-
sar à sua aplicação e análise.

Mas, não vamos usar todas as matrizes das fases de planejamento, instalação e ope-
racionalização. Bastará para nosso entendimento, apenas exemplos das matrizes relativas
à fase de operacionalização para os meios físico e biológico. Eles são apresentados nos
dois próximos quadros, que visam apenas ilustrar como funciona a avaliação dos impactos
ambientais. Cada uma dessas matrizes de avaliação apresenta os diferentes impactos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

com os atributos e seus parâmetros referentes às ações de captação e drenagem de água


e desenvolvimento dos cultivos. Vamos estudar e analisar as matrizes?

FASE DE OPERACIONALIZAÇÃO (MEIO FÍSICO)


ATRIBUTOS DOS IMPACTOS
IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS CARÁTER ORDEM MAGNIT DURAÇÃO ESCALA REVERSIBILIDADE
Ações: Captação e Drenagem de Água e Desenvolvimento dos Cultivos
Erosão nos diques dos canais de
- D 2 M L ↑
drenagem
Diminuição da turbidez das águas
dos canais com o enrocamento + D 3 E L ↑
150 das paredes dos diques
Alteração da qualidade do solo + D 3 E L ↓
Alteração da concentração de
nutrientes no corpo d’água - D 2 E R ↑
receptor
Geração de ruído e contaminação
do ar pelo tráfego de veículos para - D 1 C L ↑
transporte da produção

Quadro 12 – Matriz de avaliação dos impactos ambientais no meio físico durante a fase de operacionalização
Fonte: autoria própria (2014).

Observe que nesta fase de operacionalização, referente ao meio físico (quadro 12) para
a ação de captação, drenagem e desenvolvimento dos cultivos, foram identificados cinco
impactos ambientais, dos quais três tinham o caráter negativo (-) de ordem direta (D) e
com natureza reversível ( ↑ ). Desses quatro impactos negativos, dois (erosão nos diques
dos canais e alteração dos níveis de nutrientes) apresentariam uma magnitude moderada
(2), duração média (M) e longa (E), escalas local (L) e regional (R), e natureza reversível (↑);
enquanto que o outro (geração de ruídos) teria uma magnitude fraca (1), duração curta (C)
escala local (L) e reversibilidade ( ↑ ).
Os dois impactos identificados como de caráter positivo (+) apresentariam ordem direta,
magnitude forte, duração longa, escala local. Um deles, porém (diminuição da turbidez),
possuiria uma natureza reversível; enquanto que o outro (alteração da qualidade do solo)
se mostraria como de natureza irreversível.

A análise dos resultados


Agora, após a aplicação do checklist para a avaliação dos impactos no meio físico, va-
mos eu e você fazer a análise desses resultados.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


• Impacto da erosão nos diques.
A água drenada dos viveiros segue para um canal de drenagem e deste para o corpo
hídrico receptor (ou para uma bacia de sedimentação). Caso os diques (também chama-
dos de taludes) que formam o canal não estejam ainda protegidos, o fluxo da água irá
corroê-los e a terra arrancada criará uma erosão. Este impacto poderá ter dois efeitos: o
enfraquecimento dos diques e o aumento de turbidez da água drenada. A erosão é um
impacto negativo. Concorda comigo? Lembra-se da mineração do ouro? Claro, pois altera
negativamente o ambiente; e é de ordem direta, pois resulta de ação direta do empreendi-
mento; de magnitude moderada (2) porque causa baixa descaracterização ambiental; de 151
duração média (M) devido à necessidade de mais tempo para a dissolução do impacto; de
escala local (L) posto que o impacto se limita até à área de influência direta; e de natureza
reversível ( ↑ ), visto que acabada a ação impactante retoma-se às condições ambientais
iniciais, de forma natural ou antrópica. Note você que a mensuração dos atributos tem que
ocorrer em conformidade com a conceituação de cada um.

• Diminuição da turbidez das águas dos canais.


De acordo com o projeto de engenharia do empreendimento as encostas dos diques
dos canais de drenagem serão enrocados. Com essa medida posta em prática se evitará
o seu processo erosivo, e as águas drenadas não terão turbidez causada pelo material de Enrocado: reforçar
construção dos taludes. A diminuição da turbidez nas águas de drenagem é um impacto com peça de ma-
deira (termo usado
positivo (+), pois altera beneficamente o ambiente; é de ordem direta (D); de magnitude pela marinha).
forte (3), pois o impacto causa drástica descaracterização na água, antes de alta turbidez;
duração longa (E), já que extinta a ação do impacto este continuará por longo tempo; de
escala local (L); e de natureza reversível ( ↑ ).
• Alteração da qualidade do solo.
A construção da fazenda com suas áreas inundadas sobre uma antiga terra seca, sem
cobertura vegetal e sem contribuição socioeconômica para a comunidade local levou a
equipe a considerar essa alteração do solo como de impacto positivo (+). Como você consi-
deraria? Continuando, o impacto é de ordem direta (D); de magnitude forte (3); de duração
longa (E); de escala local (L); e de natureza irreversível ( ↓ ).

• Alteração da concentração de nutrientes no corpo d’água receptor.


Durante o cultivo serão utilizados nutrientes para o desenvolvimento de microalgas nos
viveiros (as mesmas microalgas que vivem nos rios e nos mares). Quando eles forem dre-
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

nados durante as despescas a água fertilizada se destinará para o rio dos Cavalos. Os nu-
trientes dos viveiros se adicionarão aos do corpo receptor alterando assim a concentração
natural. Por haver alteração na constituição química da água o impacto foi considerado de
caráter negativo (-), de ordem direta, de magnitude moderada (2), de duração longa (E) por-
que permanecerá por todo o tempo de operacionalização da fazenda, de escala regional
(R) por atingir áreas além da área de influência direta. E de natureza reversível ( ↑ ).

• Geração de ruído pelo tráfego de veículos para transporte da produção.


152 O ruído e o lançamento de contaminantes na atmosfera originados pelo tráfego de veí-
culos de manutenção e de transporte foram considerados um impacto de caráter negativo
(-) porque altera a condição original do ambiente. Ele é de ordem direta (D), de magnitude
fraca (1), de duração curta (C), de escala local e de natureza reversível ( ↑ ).

FASE DE OPERACIONALIZAÇÃO (MEIO BIOLÓGICO)


ATRIBUTOS DOS IMPACTOS
IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS CARÁTER ORDEM MAGNIT DURAÇÃO ESCALA REVERSIBILIDADE
Ações: Captação e Drenagem de Água e Desenvolvimento dos Cultivos
Aumento da diversidade da
+ D 3 E L ↑
avifauna aquática na área
Produção de diatomáceas nos viveiros + D 3 E R ↑
Aumento da base da cadeia
+ I 3 E R ↑
alimentar no corpo hídrico receptor
Ampliação dos manguezais nas
áreas de influêcia direta e indireta + D 3 E R ↑
do empreendimento
Risco de eutrofização do corpo
hídrico receptor - I 3 C R ↑

Quadro 13 – Matriz de avaliação dos impactos ambientais no meio biológico provocados por
diferentes ações durante a fase de operacionalização
Fonte: autoria própria (2014).
E veja aqui o que avaliou a equipe para a mesma fase de operacionalização com as
mesmas ações, mas com relação ao meio biótico. Foram identificados cinco impactos am-
bientais, dos quais um (eutrofização do corpo receptor) teria caráter negativo (-), ordem
indireta (I), magnitude forte (3), duração curta (C), escala regional (R), e com natureza
reversível ( ↑ ).

Os quatro impactos identificados como de caráter positivo (+) apresentariam ordem


direta (D) e Indireta (I), magnitude forte (3), duração longa (E), escalas local (L) e regional
(R), e natureza reversível ( ↑ ).

Agora faremos a análise desses resultados referentes a essa avaliação do meio biótico.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


biótico: relativo
aos seres vivos.
• Aumento da diversidade da avifauna aquática na área.
Como já constatamos, a área de implantação do projeto é semiárida, quase não existe
cobertura vegetal e, portanto sem uma significativa diversidade da avifauna, muito menos
aquática. Com a instalação dos viveiros um imenso espelho d’água se formará e atrairá
uma grande diversidade de aves como garças, maçaricos, gaivotas. Por essa razão é que a
equipe considerou esse impacto como de caráter positivo (+). A ordem será direta, devido
ser o impacto resultante da ação direta da instalação da fazenda; sua magnitude forte, a
duração longa, a escala restritamente local, e conterá uma natureza reversível. Está acom-
panhando bem esse processo de análise? Ótimo. Passemos então ao impacto seguinte. 153

• Produção de diatomáceas nos viveiros.


Ao se fertilizar o viveiro com nutrientes específicos ocorrerá o desenvolvimento de diato-
máceas. Essas microalgas são a base da cadeia alimentar de qualquer manancial hídrico.
Nas despescas dos camarões, essas microalgas seguirão no efluente e chegarão ao rio dos
Cavalos onde aumentarão a produtividade daquele ecossistema. Esse é um impacto de
caráter positivo (+), de ordem direta (D), magnitude forte, duração longa (E), escala regional
(R), e natureza reversível ( ↑ ).

• Aumento da base da cadeia alimentar no corpo hídrico receptor.


Os efluentes da carcinicultura são ricos em microalgas e ao serem descartados au-
mentarão a produtividade primária do corpo receptor ampliando mais ainda a sua base
da cadeia alimentar. Essa base alimentará a micro e macrofauna e todo o resto da comu-
nidade biótica (peixes, moluscos, crustáceos) do ecossistema aquático. Por proporcionar
esse benefício ao ambiente, a equipe o considerou um impacto de caráter positivo (+), de
ordem indireta por integrar uma rede de reações (produção de diatomáceas em viveiros
e descarte no corpo receptor); magnitude forte, duração longa (E), escala regional (R), e
natureza reversível ( ↑ ).

• Ampliação dos manguezais nas áreas de influêcia direta e indireta.


Quando analisamos o provável impacto da produção de micoalgas nos viveiros soube-
mos que para isto se utilizam nutrientes, e parte desses nutrientes será descartada para
o corpo receptor, pelos efluentes das despescas. E esses nutrientes, além de incrementar
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

a produtividade primária (aumentar a população de microalgas) também nutrirão as árvo-


res superiores, como os mangues. Em consequência da absorção dos nutrientes ocorre o
crescimento das áreas de manguezais, conforme comprovado pelos estudos de Monteiro
et al (2004). Por essas constatações a equipe considerou esse impacto como de caráter
positivo (+), de ordem direta; magnitude forte, duração longa (E), escala regional (R), e
natureza reversível ( ↑ ).

• Risco de eutrofização do corpo hídrico receptor.

154 Antes de analisarmos este impacto precisamos lembrar que eutrofização é um excesso
de nutrientes, a exemplo do fósforo ou do nitrogênio, que se descartados num manancial
hídrico lêntico (águas paradas, como as de um lago) pode provocar a multiplicação exa-
gerada de microalgas. Um cuidado todo especial se deve reservar para as cianofíceas e
dinoflagelados (uns tipos mais perigosos). Pelo rápido crescimento dessa população, logo
uma grande quantidade de células morre e sua decomposição consome o oxigênio da
água, matando os organismos do ecossistema. O risco da eutrofização seria um impacto
de caráter negativo (-), de ordem indireta (I), de magnitude forte (3), duração curta (C), de
escala regional (R) e natureza reversível ( ↑ ).

Aí está. Uma avaliação de impacto ambiental e uma breve análise desses impactos. Não
foi um caminho tão difícil nem tão longo, e espero que você tenha gostado de percorrê-lo.
Mas, antes de cortar a fita de chegada ainda temos que conversar um pouquinho mais. É
um assunto necessário.

Uma breve análise integrada dos impactos


Você está contabilizando os impactos positivos e negativos identificados no estudo rea-
lizado? Ótimo! Então vejamos. Na fase de operacionalização com relação aos meios físico
e biológico foram identificados sete impactos positivos e três impactos negativos. Sabemos
que esses impactos foram escolhidos dentre todos por serem os mais importantes neste
tipo de atividade. E se eles fossem a totalidade, nós iríamos concluir que 70% seriam po-
sitivos e 30% seriam negativos, e que o empreendimento gera mais impactos positivos do
que negativos. E mais, que a magnitude destes negativos pode ser enfraquecida com me-
didas mitigadoras. Sendo assim, poderíamos concluir que o empreendimento seria viável
economicamente. Claro que estamos apenas exemplificando como se dá procedimento a
uma avaliação, mas AIA é feita dessa maneira.

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


A equipe de elaboração do EIA
Sei que você conhece a equipe, pois a acompanhou em todos os momentos, mas, de
qualquer modo gostaria de enfatizar que ela foi eficaz na elaboração deste documento que
estamos especificando, ao bem conduzir o processo com toda sua multidisciplinaridade.
E principalmente mostrar os seus resultados com precisa e legível redação. Lembre-se
sempre que uma equipe não pode mal conduzir ou mal redigir uma avaliação de impacto
ambiental sob pena de inviabilizar o próprio empreendimento.

Não esqueça que esse estudo é de caráter público e como tal terá que ser divulgado e
entendido pela comunidade. Terá que ser entendido tanto pelos analistas do órgão licen- 155
ciador, como por todas as pessoas residentes na região afetada; e também pelos ativistas;
pelos políticos; pelos jornalistas. Portanto, tem que ser bem escrito e o que está escrito o
analista tem que achar aprazível de ler, pois se assim não for, o projeto correrá o risco de
não ser aprovado.

O assunto da clareza da redação é tão importante que a Comissão Holandesa de Ava-


liação Ambiental (2012) exigiu que um EIA contivesse a maior riqueza de detalhes possível,
alternativas realistas e uma expressiva e compreensível comunicação.

Aliás, os professores americanos Peddrick e Weis (1989) já alertavam que um estudo


de impacto ambiental ilegível é um risco ambiental

Caracterização das medidas mitigadoras


Certamente você acharia um despropósito se eu lhe pedisse para definir medidas miti-
gadoras. Claro. O próprio nome já responde à pergunta. Mas, podemos deixar esse concei-
to mais elegante se dissermos que medidas mitigadoras são propostas com o objetivo de
reduzir, evitar ou eliminar a magnitude dos impactos ambientais. Pronto, ficou melhor. Mas,
vamos exemplificar essas propostas para aumentar nosso entendimento.

Já tive a oportunidade de trabalhar em um grupo que, dentre outras atividades, explo-


rava a produção do sal marinho. E nessa indústria havia uma planta de refinaria do sal.
Observei que os funcionários usavam máscaras contra as partículas que estavam em sus-
pensão no ar e deixavam os salões realmente enevoados. Anos depois revisitei a refinaria
e não existia mais poluição, pois haviam instalado um potente filtro contra as partículas.
Haviam implementado uma medida mitigadora.

No subtítulo deste estudo sobre classificação de riscos, fiz referência a um parque de


estocagem de combustível. Você deve lembrar-se, não? Agora retorno a ele. Nas visitas
ao local informado (em perícia judicial sobre os riscos das instalações) observei que ao
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

redor dos tanques haviam construído muros de concreto, que na verdade eram bacias
de contenção contra espalhamento de combustível em caso de acidente com vazamento
(ilustrada na foto da Bastos Engenharia apresentada na imagem). Haviam implementado
uma medida mitigadora.

156

Quadro 42 – Exemplos de bacia de contenção de combustível


Fonte: <http://www.bastosengenharia.com.br/>. Acesso em: 22 ago. 2014.

A eficácia das medidas mitigadoras


Eu lhe informo que, em verdade, a maioria das atividades humanas já foram estuda-
das e avaliadas suficientemente para se saber quais medidas mitigadoras elas necessitam
para diminuir seus impactos. Mas, tem uma questão que sempre acompanha essa batalha
entre o impacto e a possibilidade de evitá-lo: a medida mitigadora realmente funciona?
Essa não é uma pergunta fácil de responder. E não me olhe assim todo espantado. O fato
é que se torna imprescindível um monitoramento e acompanhamento das medidas após
a sua aplicação para saber a sua eficácia. No entanto, existem certas premissas que po-
dem determinar um bom desempenho das medidas mitigadoras: informações verdadeiras
e detalhadas do ambiente e do empreendimento (um bom diagnóstico ambiental), a mais
completa avaliação dos impactos e um monitoramento dessas medidas alicerçadas em
análises ambientais.

Aplicação de um plano de medidas mitigadoras


Vamos voltar ao nosso Termo de Referência. Ele orienta que, com base na avaliação
dos impactos ambientais, deverão ser recomendadas medidas que venham minimizá-los
ou eliminá-los. Para facilitar o entendimento desse processo de aplicação das medidas
mitigadoras, resgataremos os mesmos exemplos que utilizamos na aplicação do checklist

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


da AIA: a fase de operacionalização, as ações de captação e drenagem e desenvolvimento
dos cultivos. Os impactos de caráter negativo que servirão como nossos exemplos serão a
erosão nos diques e a alteração da concentração de nutrientes no corpo receptor, para o
meio físico; e para o meio biológico, o risco de eutrofização do corpo hídrico receptor.

• Impacto da Erosão nos Diques de Drenagem


Vou te lembrar das ações que geram o impacto da erosão nos taludes do canal de dre-
nagem. A água drenada dos viveiros ruma para um canal de drenagem e deste para o
corpo hídrico receptor. Caso os diques (também chamados de taludes) que formam o canal 157
não estejam ainda protegidos, o fluxo da água irá corroê-los e a terra arrancada criará uma
erosão. Este impacto poderá ter dois efeitos: o enfraquecimento dos diques e o aumento
de turbidez da água drenada. Quais medidas mitigadoras você empregaria para minimizar
ou eliminar este impacto?

Seriam duas as medidas: uma de aplicação imediata e de custo elevado e outra de


longo prazo, mas de custo baixo. A primeira consistiria de um enrocamento com pedras
de calcário (comum na região) ao longo das margens internas dos paredões; e a segunda
com a plantação do pirrixiu (Iresin portulacoides) em lugar das pedras. Lembra-se dela? Já
fizemos referência a ela, essa halófita (resistente à salinidade) e muito comum nos litorais.
Antecipamos até que seria uma excelente matéria-prima para um enrocamento natural e
que mitigaria eventuais erosões evitando turbidez nas águas drenadas. A desvantagem é
que apesar de sua fácil propagação, não se fixaria tão rapidamente. De qualquer modo
o impacto da turbidez seria eliminado. No entanto, num exercício de imaginação, se não
se pudesse implementar as providência acima descritas, o que poderia substituí-las? A
resposta objetiva seria: bacia de sedimentação, até porque ela é exigida pela Resolução
CONAMA n. 312/2002, em seu artigo 14.
• Impacto da Alteração da Concentração de Nutrientes no Corpo Receptor,
E para este impacto que alteraria a composição química da água do rio dos Cavalos?
Qual medida deveria ser utilizada para diminuir esse impacto? Sabemos que sua origem
ocorreria nos viveiros com a fertilização das suas águas e posterior descarte com as des-
pescas. A base química dos fertilizantes usados na aquicultura para o desenvolvimento
do fitoplâncton (microalgas) são os elementos nitrogênio, fósforo e potássio, os mesmos
utilizados na agricultura e jardins do mundo inteiro.

A primeira parte do plano para mitigar esse impacto seria a análise química da água do
corpo receptor. Sabendo-se a concentração natural dos seus nutrientes e a concentração
deles na água dos viveiros, logo se descobriria a diferença entre essas concentrações.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

Caso seja maior a dos efluentes da fazenda, o caminho seria a mudança do desenho
químico do fertilizante empregado com a diminuição das quantidades dos elementos que
fogem dos limites aceitáveis. Com essa medida o impacto seria mitigado. Porém, um pro-
grama de monitoramento dessas concentrações teria que ser implantado.

• Risco de Eutrofização do Corpo Hídrico Receptor.


Já sabemos o que é eutrofização. Mas, esse impacto só tem uma grande possibili-
dade de acontecer no corpo receptor se existirem condições especiais. Por exemplo,
158
as microalgas predominantes nos viveiros seriam as algas verdes cianofíceas; após a
drenagem, elas teriam que encontrar um ambiente muito rico em nitrogênio, o nutriente
que mais requerem; e o fluxo do corpo receptor não poderia ter a velocidade de um rio
corrente. De qualquer maneira imaginemos que esse evento possa ocorrer. Quais seriam
as medidas para diminuir ou eliminar o risco? Um conjunto de medidas pode ser plane-
jado com esse objetivo. Quais?

Você está ansioso, mas vou lhe explicar. Prioritariamente, a solução seria não permitir
a proliferação das algas verdes, cianofíceas, durante o cultivo nos viveiros. Para tanto, os
fertilizantes ofertados teriam em sua constituição baixos teores de nitrogênio, o nutriente
predileto desse tipo de alga. Outra medida seria adotar um regime de cultivo baseado na
baixa densidade populacional de camarões. Por quê? Porque a baixa densidade popula-
cional requererá menor quantidade de ração a ser ofertada, e a ração contém em sua
composição o nitrogênio: menor quantidade de ração menor quantidade de nitrogênio a
ser liberado nas águas do viveiro, e em consequência nas águas do rio. Essas seriam as
medidas mitigadoras que diminuiriam ou eliminariam qualquer risco de acontecer uma
eutrofização no rio dos Cavalos. Entendeu?
Outras fontes emissoras de nitrogênio
Ah! Mas, você está cheio de perguntas: se existem outras fontes de nitrogênio
lançando-o no rio, que não seja o empreendimento? E se existem outras medidas que
não sejam as mitigadoras para diminuir, ou até mesmo evitarem, a magnitude de um
impacto ambiental?

Então vamos por partes. Se iremos ter nitrogênio no rio sem ser exclusivo da car-
cinicultura seria interessante que soubéssemos sobre suas fontes. Sabemos que são
várias, mas vamos ficar com a principal delas que é o lançamento de esgotos sani-
tários e industriais sem tratamento, apenas para facilitar nosso exercício. Aliás, daí

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


a importância de sabermos as concentrações dos parâmetros ambientais de nossos
efluentes e as concentrações desses parâmetros no corpo receptor, antes da fase de
operacionalização.

Não entraremos em detalhes sobre a forma com a qual o nitrogênio se apresenta na


natureza, mas adiantamos que aquele que está contido nos esgotos sem tratamento é
despejado diariamente, às toneladas, nos rios e estuários das cidades brasileiras, na
forma orgânica, inorgânica e amoniacal (esta a mais tóxica), conforme os estudos de Von
Sperling (2005).

159

Atividade 02
Quais fatores são importantes para uma maior eficácia das medidas mitiga-
doras? Poste sua resposta no fórum.

O conceito de educação ambiental


Se existe outra maneira de diminuir ou até mesmo evitar a magnitude de um impac-
to ambiental que não sejam as medidas mitigadoras? A resposta é sim. E ela vem da
educação, no caso, de uma educação ambiental. Primeiramente vamos definir educação
ambiental. Uma definição que possamos acatar e que seja a mais adequada para o que
estamos estudando.
Importante
A Política Nacional de Educação Ambiental, Lei Federal nº. 9.795/99 no
artigo 1º define a Educação Ambiental como o processo por meio do qual
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à qualidade de
vida e sua sustentabilidade.
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

A educação ambiental como medida preventiva


dos impactos ambientais
Você quer um exemplo de impacto? Que tal a própria eutrofização do rio, com suas
algas verdes consumindo o nitrogênio originado dos esgotos? Poderia ser qualquer outro
impacto, mas sigamos em frente e que o nosso exemplo seja mesmo a eutrofização.

Observe que uma lei federal determina a prática de uma educação ambiental com o
160
objetivo de construir competências para a conservação do meio ambiente. Mas, então, por
que acontece um fato tão danoso como este do despejo de esgotos ininterrupto nos corpos
hídricos, de maneira tão explícita e permanente, numa rebelião à própria lei?

Simplesmente porque não existe consciência pública nem um ensino que modifique a
atitude dos dirigentes para que adquiram a capacidade de avaliar e abordar os problemas
ambientais. Eles nem sequer entendem que essa educação ambiental, a qual se recusam
a ter, iria também lhes conferir ética, valores e atitudes, técnicas e comportamento para
uma participação efetiva nas tomadas de decisões relativas ao desenvolvimento sustentá-
vel dos meios físico, biológico e socioeconômico.

De posse desse aprendizado conseguiriam facilmente sensibilizar e motivar as pessoas


a se engajar e promover o senso de responsabilidade pessoal em relação ao meio ambien-
te, como declara a Agenda 21 (2003). Aí então, não seria tão difícil construir uma estação
de tratamento de esgotos para que se lançassem nos recursos hídricos receptores águas
residuais livres de contaminantes, inclusive do nitrogênio.
A implementação de um programa de
monitoramento
De acordo com as orientações do termo de referência deverão ser apresentados no EIA
programas de acompanhamento e monitoramento da evolução dos impactos ambientais
causados pela instalação do empreendimento. E seriam consideradas as fases de planeja-
mento, de instalação e de operacionalização.

Eu acho que você irá concordar comigo. Os aspectos ambientais mais importantes do
empreendimento são os rios que delimitam a sua área. Do Açu se fará a captação da água
e no dos Cavalos se fará o descarte das águas das despescas. E aí, concorda? Tanto é as-

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


sim, que o monitoramento principal programado para o projeto seria realizado nas águas
desses rios. E como se realizará esse monitoramento?

Amostras das águas do rio Açu e do rio dos Cavalos seriam coletadas em três pontos
previamente determinados: 1) na captação de água para abastecimento dos viveiros, no
Rio Açu; 2) na drenagem das bacias de sedimentação; e 3), no rio dos Cavalos (cerca de
100 metros da jusante do ponto de lançamento das drenagens). Seriam analisados os se-
guintes parâmetros físico-químicos e biológicos: transparência, cor, turbidez, clorofila a, pH, jusante: o fluxo
temperatura, salinidade, DBO, OD, nitrogênio amoniacal total, nitrito, nitrato, fósforo total, normal da água do
rio, do local mais
coliformes termotolerantes e comunidade fito planctônica, alto para o mais
baixo. 161
Destes parâmetros apenas as concentrações de oxigênio dissolvido (mg/l), pH, fósforo
total (mg/l), nitrito (mg/l), nitrato (mg/l), nitrogênio amoniacal (mg/l) e coliformes termoto-
lerantes (NMP/100 ml) têm seus valores máximos permitidos determinados pelas Resolu-
ções Conama 357/2005 e 430/2011, como mostrados no quadro.

PARÂMETROS RESOLUÇÃO 357/2005 RESOLUÇÃO 430/2011

Oxigênio dissolvido (mg/l) ≥ 5,0 -


pH 6,5-8,5 -
Fósforo total (mg/l) 0,124 -
Nitrogênio amoniacal (mg/l) - 20,00
Nitrito (mg/l) 0,07 -
Nitrato (mg/l) 0,40 -
Coliformes termotolerantes (NMP/100 ML) 1000,00 -

Quadro 14 – Valores limites de parâmetros ambientais de acordo com as Resoluções Conama.


Fonte: autoria própria (2014).

A elaboração das conclusões


Esse monitoramento seria realizado periodicamente durante o funcionamento do em-
preendimento.
E, por fim, temos que atender a última orientação do termo de referência relativa
ao EIA: elaborar as conclusões. Nelas serão apresentados os resultados da avaliação e
análise que integram o EIA, enfocando os resultados do diagnóstico ambiental, do prog-
nóstico e da avaliação dos impactos; além dos benefícios socioeconômicos e ambientais
decorrentes da implantação.

Atividade 03
Quantos e quais são os parâmetros dos atributos utilizados na avaliação dos
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

impactos ambientais do empreendimento?

Mídias
Você pode acrescentar ao seu aprendizado sobre a AIA mais conhecimento
com a leitura da obra de Maria Flogliatti, Beatriz Goudard e Sandro Filippo
162 “Avaliação dos impactos ambientais: aplicação aos sistemas de transporte”,
a qual aborda de forma didática a evolução da importância do meio am-
biente dentro do contexto dos sistemas de transporte; e com os estudos de
avaliação dos impactos ambientais do livro de Luis Enrique Sánchez “Ava-
liação de impacto ambiental: conceitos e métodos”. Ele apresenta e analisa
as várias tarefas da preparação de estudos ambientais, ligando a técnica ao
contexto legal, sempre com referência a boas práticas internacionais.
E ainda pode utilizar os sites abaixo indicados para praticar a avaliação de
impactos ambientais:
• Banco Mundial: <www.worldbank.org>. Agente financeiro internacional
que reconhece a importância da AIA em seu processo decisório.
• Secretaria da Convenção Internacional sobre a Diversidade Biológica
<www.biodiv.org>. Tratado internacional que reconhece a importância da
AIA e sua contribuição à proteção da biodiversidade.
• Banco Interamericano de Desenvolvimento. <www.iadb.org/en/topics/
sustainabiliy.1510.html>.
• Ibama. <www.ibama.gov.br>.
• Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. <www.cetesb.sp.gov.br>.
• International Association for Impact Assessment (IAIA). <www.iaia.org>.
Impact Assessment and Project Appraisal, importante publicação interna-
cional sobre avaliação de impactos).

Resumo
Você tornou-se capaz de avaliar os impactos ambientais, competência fundamental

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


para sue exercício profissional. Aprendeu sobre a legislação ambiental referente aos reque-
rimentos de licenciamento de obras e empreendimentos; sobre os atributos e parâmetros
utilizados na avaliação de impacto ambiental (AIA); sobre a aplicação do método checklist/
matrizes para a AIA, analisando os seus resultados; sobre o emprego da educação ambien-
tal como medida preventiva contra os impactos ambientais e como é de crucial importância
uma redação clara, objetiva e legível do EIA.

Autoavaliação
163
1. Dos atributos utilizados na avaliação dos impactos ambientais do projeto, aquele que
mede a extensão do impacto ambiental é:

a) Caráter;

b) Ordem;

c) Magnitude;

d) Duração.

2. Preencha com os símbolos correspondentes à medição dos parâmetros de acordo com


seus atributos nesta avaliação dos impactos decorrentes da alteração do solo.

A construção da fazenda com suas áreas inundadas sobre uma antiga terra seca, sem
cobertura vegetal e sem contribuição socioeconômica para a comunidade local levou a
equipe a considerar essa alteração do solo como de:

a) Caráter: positivo ( ), negativo ( ) ou indefinido ( );

b) Ordem: direta ( ) ou indireta ( );


c) Magnitude: Fraca ( ), moderada ( ) ou forte ( );

d) Duração: curta ( ), média ( ) ou longa ( ).

3. Listas de Controle (Checklist), Matriz de Leopold, Redes de Interação são metodologias


empregadas para:

a) Caracterização do meio físico;

b) Avaliação de impactos ambientais;

c) Determinação da população de avifauna;


Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

d) Execução de estudos fitossociais.

4. Informações verdadeiras e detalhadas do ambiente e do empreendimento, e a mais


completa avaliação dos impactos ambientais são requerimentos necessários para o
bom desempenho de:

a) De um programa de educação ambiental;

b) De um plano de medidas mitigadoras;

c) De um plano de controle ambiental;


164
d) De um método de identificação de indicadores ambientais.

5. Um termo de referência para a implantação de um empreendimento de carcinicultura


orienta para que se evite ou se minimize eventuais impactos ambientais. Para tanto
determina que:

a) Se realize uma caracterização dos meios físico e biológico;

b) Se elabore um plano de medidas mitigadoras;

c) Se faça um diagnóstico ambiental sobre a flora e a fauna das áreas de influência do


empreendimento;

d) Se elabore um programa de monitoramento dos impactos identificados.


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170
Gabarito
Autoavaliação
Competência 01 Competência 06
1. c 1. c
2. N; P; N; N 2. a
3. Poluição - Impacto Ambiental – 3. b
Amálgama - Poluição 4. a; b
4. a 5. c

Avaliação e Análise de Impactos Ambientais


5. b
Competência 07
Competência 02 1. c
1. N; P; N; N 2. c
2. b 3. c
3. E; C; C; C 4. b
4. a 5. c
5. a
Competência 08
Competência 03 1. b
1. P; R; R; R 2. a
2. b 3. a 171
3. c 4. a
4. d 5. b
5. c
Competência 09
Competência 04 1. c
1. a 2. b
2. b 3. a
3. a 4. a
4. b 5. a
5. c
Competência 10
Competência 05 1. c
1. b 2.
2. c Caráter: positivo ( + ), negativo ( ) ou indefi-
3. a nido ( )
4. a Ordem: direta ( D ) ou indireta ( )
5. d Magnitude: Fraca ( ), moderada ( ) ou forte ( 3 )
Duração: curta ( ), média ( ) ou longa ( E )
3. b
4. b
5. b
Conheça o autor
Avaliação e Análise de Impactos Ambientais

José Iveraldo Guimarães


Iveraldo Guimarães é biólogo marinho, especialista em carcinologia, com pós-graduação
em universidades e centros de pesquisa nos Estados Unidos, na França e Bélgica. Desde
sempre dedicou-se à biologia e à atividade do cultivo de camarões, da qual é um dos pesqui-
sadores pioneiros. E na sua mania de pioneirismo fez parte da equipe que criou a Universida-
de Potiguar. Atualmente é consultor de empresas e atua na elaboração de projetos e estudos
172
ambientais. Autor de artigos e livros técnicos e de literatura, dentre os quais Fundamentos de
Larvicultura de Camarões Marinhos, Iniciação ao Cultivo de Camarões Marinhos, Jundiaí, o
Rio dos Bagres Mortos, Os Veleiros do Infinito, O Vendedor de Poesias.

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