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Metodologia
O monitoramento foi realizado entre os anos de 2016 e 2020 (quatro anos), abrangendo
desta maneira a estação chuvosa e o período de seca na região. O monitoramento aconteceu na
fazenda Veredas Cerrado (15º27’13’’S e 46º 45’43º W), localizada no município de Buritis, Minas
Gerais, com uma área total de 300 hectares (Figura 1). A fazenda apresenta fitofisionomias
variadas de cerrado, incluindo matas de galeria, Cerrado stricto sensu e veredas.
Figura 1 - Mapa da fazenda Veredas do Cerrado e localização das câmeras. (Fonte: Adaptado
do Google Maps, 2020).
Foram utilizadas cinco armadilhas fotográficas (Câmeras Bushnell HD 1920x1080 pixels
com gravação de áudio), o armazenamento é feito em cartões SD (Secure Digital) e funcionam
com pilhas alcalinas, programadas para registrar indivíduos tanto em atividade diurna como
noturna, em vídeos com duração de 10 segundos. Possuem sensor infravermelho e realizam o
registro fotográfico quando o animal passa na frente dela. Foram distribuídas em cinco pontos
distintos da fazenda, em fitofisionomias diferentes da região (Figura 1): P1 (15º27’43.7”S
46º45’17.8”W); P2 (15º27’52.2”S 46º45’15.8”W); P3 (15º28’18.9”S 46º45’07.3”W); P4
(15º28’43.5”S 46º45’06.2”W); P5 (15º28’34.4”S 46º44’33.9”W).
A área de estudo foi percorrida em automóveis e a pé, os pontos de instalações das
armadilhas foram decididos de acordo com a existência de indícios ou de diversificação de
pontos-de-vista onde foram identificados com pegadas, rastos e vestígios. As armadilhas foram
instaladas a 50cm do chão, em suportes naturais (árvores, arbustos).
Resultados e Discussão
No total foram analisados 2776 registros de animais silvestres no período do
monitoramento. Foram desconsideradas das análises os “vídeos sequenciais”, que são os vídeos
da mesma espécie com intervalo menor do que uma hora entre um vídeo e outro, em uma
mesma armadilha. Os vídeos das armadilhas sendo instaladas e de animais domésticos foram
excluídos da análise.
Ao todo, foram 19 registros do lobo-guará (Figura 2), sendo que mais da metade (63%)
aconteceram em estradas e trilhas em cerrado típico e 37% em trilhas em mata de galeria. Esses
resultados corroboram com os de outros autores (BUENO et al. 2002; DIETZ, 1984; MOTTA-
JUNIOR, et al. 1996; MOTTA-JUNIOR & MARTINS, 2002), mostrando que os indivíduos de lobo-
guará têm preferencias por habitats abertos, estradas e trilhas, muito provavelmente por serem
indivíduos altamente adaptados para caçar presas pequenas em ambientes abertos (NARDOTO,
et al. 2006).
Segundo Trombulak e Frissell (2000) a explicação para essa associação de grandes
mamíferos com estradas e trilhas é que elas são um meio pelo qual os animais selvagens podem
salvar energia e viajar longas distâncias rapidamente. Todos os registros foram noturnos, o que
coincide com a atividade natural de caça do lobo-guará (DE MELO, et al. 2007; SA´BATO, et al.,
2006).
Outro estudo (SOARES, 2018) mostrou que as armadilhas fotográficas apresentaram
menor eficiência quando comparado com outras técnicas, o ideal é a união de mais de uma
metodologia.
Conclusão
Referências Bibliograficas
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