O documento discute a crise ambiental causada pelo capitalismo, a destruição da biodiversidade e dos povos originários. Defende uma ciência a serviço da vida e do cuidado com a natureza, inspirada na cosmologia indígena. Pede uma mudança de paradigma para repensar a relação entre seres humanos e meio ambiente.
Descrição original:
Trata de proposições e justificativas didático-pedagógicas para participar e/ou fundamentar uma feira de Ciências
O documento discute a crise ambiental causada pelo capitalismo, a destruição da biodiversidade e dos povos originários. Defende uma ciência a serviço da vida e do cuidado com a natureza, inspirada na cosmologia indígena. Pede uma mudança de paradigma para repensar a relação entre seres humanos e meio ambiente.
O documento discute a crise ambiental causada pelo capitalismo, a destruição da biodiversidade e dos povos originários. Defende uma ciência a serviço da vida e do cuidado com a natureza, inspirada na cosmologia indígena. Pede uma mudança de paradigma para repensar a relação entre seres humanos e meio ambiente.
É sabido que vivemos uma grave crise ecológica na história da Terra, haja vista o modo catastrófico mediante o qual tratamos o meio ambiente: poluição atmosférica decorrente não apenas das gigantescas queimadas geradoras de lucro para o agronegócio, mas também pelo excesso de bilhões de combustíveis fósseis quotidianamente queimados e lançados à atmosfera; poluição dos rios e aquíferos através de práticas predatórias de exploração, tais como a mineração em áreas de rios sagrados; manejo inadequado dos solos com a utilização indevida de agrotóxicos envenenadores de alimentos; modificação genética de plantas, grãos, tubérculos e sementes; expulsão dos habitantes originários da terra(índios, seringueiros, caboclos) para fins de pastagens de gado e/ou especulação fundiária, etc. Trata-se, portanto, de tempos de grande barbárie e de sacrificação do sistema-vida, seja na natureza seja na sociedade humana em escala planetária. Em termos mais objetivos: a lógica capitalista de acumulação cega de capital explora, destrói, corrompe, mutila e mata a rica agrobiodiversidade da qual a terra é portadora. Ao contrário da cosmovisão ameríndia que concebe a Terra como Mae( Pacha Mama) sagrada dos indígenas amazônicos, doadora dadivosa dos recursos necessários à vida, o pensamento egóico que preside as relações burguesas saqueia e aniquila as mais belas e sublimes formas de vida em nome do lucro. Sim, é certo: para esses, o lucros vale muito mais que as pessoas! À revelia da boniteza de compreensão integrativo do ser- natureza das diversas cosmologias ameríndias, o atual processo é totalmente castrador, na medida em que estupra sua própria Mae! Existe tragédia maior?! Jamais aceitaremos silentes esse horrendo incesto civilizatório em defesa da sacrossanta propriedade privada e dos interesses mesquinhos da burguesia endinheirada! Durante o processo histórico de exploração espoliação dos povos e da natureza, o modo – de -produção capitalista gerou uma destruição ambiental sem precedentes na história da humanidade. Centenas de milhares de espécies de fauna e flora já foram destruídos! A catástrofe levada a cabo pela reprodução sociometabólica do capital é fato inegavelmente deletério à vida soiacla e ambiental. Enquanto isso, prossegue o dantesco morticínio das populações indígenas, ribeirinhas, caboclas e quilombolas para a promoção do famigerado “ progresso”. A floresta está ardendo em chamas, levando a destruição dos vários seres vivos: samaúmas, imabaúbas, jurema, lobo-guará, tamanduá-bandeira, mico-leão-dourado, grãos e outras plantas! Os rios estão sendo poluídos de minérios indesejados à sobrevivência marinha! Toda uma rede de seres vivos, dentre eles, as gentes, as árvores e os rios sofrem demasiadamente as consequências do modelo predatório que vige na sociedade contemporânea. EM face disso, o líder indígena David Kopenawa Yanomami acertadamente assevera : “ O céu vai cair”! Sim, a queda do céu irá derrubar- sobretudo- a arrogância humana de reis da Terra. Os espíritos xapiri não habitaram mais os ambientes sagrados( rios, montanhas, florestas) em decorrência da total destruição ambiental e fugirão para os céus, donde se vingaram com toda a virulência da presunção dos seres humanos. Nessa conformidade crítica, urge evidenciar o clamor do filosofo e teólogo Leonardo Boff: “A grande emergência é a vida em sua imensa diversidade e àquilo que lhe pertence essencialmente que é o cuidado. Sem o cuidado necessário nenhuma forma de vida subsistirá “(cf. Boff, L., O cuidado necessário, Vozes, Petrópolis 2012). Em outros termos, é somente através inversão dos valores apregoados pela sociedade do consumo é que conseguiremos algum avanço, no sentido do necessário respeito à biodiversidade da Terra. Neste sentido, faz-se urgente uma ciência a serviço da vida! Talvez, a lógica cuidadora dos povos indígenas seja a única salvação para mudar radicalmente nossa forma de ser e estar no mundo, pois eles são não apenas os verdadeiros guardiões das florestas, mas – sobretudo- os principais professores quando o assunto é a convivência plurimilenar em harmonia e equilíbrio cósmico com o ecossistema. Tal redirecionamento epistemológico é urgente, pois a ciência moderna ancorada na lógica cartesiana concebeu os recursos naturais de modo utilitarista, degradando os recursos naturais essenciais à sobrevivência humana, pois para tal visão de mundo o homem é a glória e a coroa do globo terrestre. Neste pensamento típico da modernidade, o saber foi entendido como poder (Francis Bacon) a serviço da dominação de todos os demais seres, inclusive dos humanos e da acumulação de bens materiais de indivíduos ou de grupos com a exclusão de seus semelhantes, gestando assim um mundo de desigualdades, injusto e desumano. Os excluídos da história sentem na pele e no coração os infortúnios decorrentes dessa grande merda que é a ganância e o egoísmo inerentes à lógica do capitalismo! Assim, em face da total devastação das diversas formas de vida, é chegada a hora de atender ao chamado dialético de Paulo Freire entre a denúncia e o anúncio das condições materiais e espirituais da existência, ou seja, cumpre denunciar os conjuntos das catástrofes financiadas pelos odiosos e assassinos capitalistas, bem como faz-se mister elaborar práxis educativa capaz de pensar a viabilidade de outro mundo possível, já que este é totalmente insustentável. Ainda na esteira do pensamento freiriano cumpre forjar uma mudança paradigmática, no sentido de repensar os saberes e fazeres que norteiam o comprometimento com a minha, e a tua vida em comunhão com a natureza. Por exemplo, quando o amoroso educador pernambucano discorre sobre a importância de “sulear” o pensamento, isto é, para o patrono da educação brasileira urge estudar e compreender a historicidade das cosmovisões dos povos amazônicos, os quais- há milênios- convivem de modo a respeitar o ritmo de vida da biosfera que os circunda. A episteme antropocêntrica está fadada ao fracasso, pois não somos o “ centro do cosmos”, mas sim seus piores predadores. Neste arco de aprendizagens, a escola KJK assume o compromisso ético de intercambiar práticas e ideias sustentáveis capazes tanto de conscientizar a comunidade escolar acerca da importância de cuidar e amor os recursos naturais, mas – acima de tudo- de Cuidar da vida, fazer expandir a vida, entrar em comunhão e sinergia com toda a cadeia de vida, celebrar a vida e acolher, agradecidos, a Fonte originária de toda a vida: eis a missão singular e específica e o sentido do viver dos seres humanos sobre a Terra. A atenção dos professores está direcionado para o cuidado coma vida na Terra, para o amor à agrobiodiversidade e compaixão para com os recursos naturais. Desse modo, a escola KJK abraça a causa da união cósmica, pois estamos umbilicalmente ligados desde o começo da jornada há 4, 6 bilhões de anos, pois toda a história da vida evolucionária está relacionada com a união e adaptação à realidade. Com as bênçãos de Nhanderu( Deus), da Senhora Rainha da Floresta, dos pajés curadores, dos yuxibu(espírito sagrado), do Nosso Senhor Jesus Cristo, do honrado mestre Raimundo Irineu Serra e a encantaria dos seres de luz, dentre eles, o Passarinho azul, a jiboia e o curupira, rogamos força e coragem não apenas para lutar contra as transgressões éticas de que os humilhados do mundo são vítimas cada vez mais doloridas, mas também para saudar dá um sublime VIVA à vida, um VIVA à floresta, um VIVA a todos os seres divinos e um VIVA aos lutadores do povo que doaram a sua vida à causa da defesa da floresta e da emancipação humana. Eu te amo Chico Mendes! Ao fim e ao cabo, afirmo à luz da poesia que enquanto existir sonho, fantasia e amor haverá esperança, haverá um louco abraçando a árvores, haverá um esteta apaixonado pela princesa Soloína. Mas, nem tudo são flores ,a miséria pela qual o nosso povo atravessa é digna de justa indignação. Face as mazelas sociais finalizo com uma bela e salutar provocação do eminente pároco-poeta Dom Pedro Casaldáliga: Malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar! Malditas sejam todas as leis, amanhadas por umas poucas mãos, para ampararem cercas e bois e fazerem da terra escrava e escravos os homens! Eu te amo Dom Pedro Casaldáliga, Passarinho Azul.