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Faculdad Interamericana de Ciencias Sociales

Disciplina: Tópicos especiais em Ciências ambientais


Professora: Maria Clementina de Oliveira
Doutoranda: Francimar Costa

Resenha Crítica Comparativa

Ainda no final do século XVII, havia uma preocupação científica das mudanças
climáticas com o nome “Teoria do dessecamento” que já associava a destruição das matas
nativas com a diminuição da umidade, das chuvas e dos mananciais de água. Estas
investigações tornaram-se mais solidificadas no início do século XVIII em Cambridge por
John Wood e Stephen Hales. Os grandes filósofos e pensadores, Montesquieu e Hume já
difundiam na Europa as ideias da influência do clima nas instituições e costumes dos povos.
A destruição das florestas estavam diretamente ligadas a seca, ameaça de
desertificação, colocou em alerta a vida na colônia. No Brasil, em 1823, José Bonifácio, o
tutor de D. Pedro II, preveniu que a falta de “chuvas fecundas, poderiam reduzir o território
brasileiro aos desertos da Líbia”. Assim, muitos estudos se debruçaram nos estudos
meteorológicos.
A França e a Suécia em 1827 já se preocupavam com o efeito estufa, proveniente
da queima de petróleo e carvão mineral em uso volumoso após a revolução industrial.
Em 1988, em Toronto, no Canadá, houve um alerta em consenso que as emissões
de gases de efeito estufa deveriam ser repensadas e diminuídas até a extinção. O estrago
desses gases traria a destruição da camada de ozônio, aumentando a temperatura da terra,
promovendo um colapso. As grandes potências, maiores poluidores, precisam adequar
suas indústrias a poluir menos com planos e metas.
Em 1992, a conferência das partes, COP, foi um marco importante na
contemporaneidade em que os países se reúnem para discutir, apresentar soluções,
acordos de cooperação, financiamento e tratados para remediar a atualidade.
Há pelo menos três séculos, como vimos, a temperatura da terra já era apontada
como problema e a busca de soluções. O futuro chegou e o que era preocupação se
transformou no maior pesadelo dos últimos tempos. Penalizando a população mais pobre
que moram em encostas, alagados, margem dos rios que com as chuvas perdem o pouco
que tem e muitas vezes a família inteira morre afogada ou soterrada em desabamentos.
Do outro lado, as pessoas sofrem com a seca, perdendo suas lavouras, gados
morrendo de sede como está ocorrendo na Amazônia. O rio Amazonas tem a maior bacia
hidrográfica do mundo, um quinto da água de todo o mundo secou.
Morte de peixes que agonizam seu oxigênio, centenas de botos rosa,
comprometendo a população ribeirinha, os povos originários. Este santuário ecológico está
sendo assassinado pelo garimpo ilegal, poluindo os rios com mercúrio contaminando os
peixes, as pessoas com níveis altíssimos acarretando doenças e morte aos povos da
Amazônia.
Em paralelo a isso, para além de tudo, o lixo que produzimos toneladas está
matando, comprometendo a floresta azul que são os oceanos. No vídeo as cinco ilhas de
lixo, expõe esta realidade, os seres vivos das águas também se contaminam e morrem, os
corais mudam de cor numa luta para sobreviver.
O lixo obstrui os bueiros, canaletas, provocando inundações, destruição e morte.
Após as chuvas, o rastro fica exposto nos rostos perplexos, sofridos que se acostumaram
com a miséria, estão nos noticiários anos após anos, de geração a geração, uma estratégia
anunciada.
No rosto do povo brasileiro o sofrimento de quem falta algo tão essencial como o
saneamento básico, mesmo tendo um dos melhores programas de vacinas do mundo, a
diarreia mata nossas crianças, nosso futuro. O saneamento é um direito constitucional, lei
número 11.445/2006. Os estudos apontam que mais de 140 milhões de pessoas não tem
água tratada e/ou coleta de esgoto. Mais de 50% da população vive esta realidade. A
contaminação dos mananciais por dejetos, não afeta só os pobres, os lençóis freáticos que
abastecem ricos e poderosos também se contaminam.
Assistir, conhecer as cinco cidades com a maior sustentabilidade do mundo para se
viver nos incomoda, inquieta, nos faz pensar onde estamos nesta corrida que há séculos é
discutida e apontada.
Enquanto limparmos nossos espaços internos e descartarmos de forma inadequada,
mataremos e morreremos. O lado de dentro e o lado de fora são faces da mesma moeda.
O lixo volta das inundações, no prato com os alimentos contaminados, os oceanos
regurgitam de volta em tsunamis, nos dando limite, nos exigindo respeito, impedindo esta
orgia imunda no seu interior.
Somos todos um, natureza e homem é uma relação de dependência, respeito. O
comportamento destrutivo, desrespeitoso está nos levando a ser pregadores da nossa
própria espécie.
Copenhague, San Francisco, Vancouver, Estocolmo e Singapura tem em comum:
educação, cultura e conscientização, investimento, políticas públicas, políticos
comprometidos com o povo e com o futuro.
Em Recife, temos 74,68% de esgoto manejado adequadamente, 43,96% da
população recebem atendimento de coleta de esgoto. A poluição dos rios Capibaribe e
Beberibe é gigantesca, lembra um esgoto a céu aberto. Como ter qualidade de vida desta
forma? Como combater as arboviroses com tanto mosquito vindo da sujeira?
Há 70 anos, o pernambucano João Cabral de Melo Neto escreveu “Morte e vida
Severina”, 1954, mas retrata nosso agora, o homem come lixo.
“E foi morrida esta morte, irmãos das almas, essa morte foi morte morrida ou foi morte
matada?”.

Bibliografia

As cinco ilhas de lixo. Youtube.

As cinco cidades com maior sustentabilidade do mundo. Youtube.

Proclima: Programa estadual de mudanças climáticas do estado de São Paulo.


CETESB, 2023. Disponível em: <https://cetesb.sp.gov.br/proclima/>. Acesso: 27 jan. 2024.

INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS. Saneamento básico no Brasil: "Um cenário


alarmante''. Entrevista especial com Édison Carlos. Ihu Unisinos, 2013. Disponível em:
<https://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/524625-qos-servicos-de-coleta-e-tratamento-de-esg
oto-ainda-sao-muito-precariosqentrevista-especial-com-edison-carlos>. Acesso: 27 jan.
2024.

Instituto água e saneamento. Disponível em: <https://www.aguaesaneamento.org.br>.


Acesso em: 27 jan. 2024.

Portal Saneamento Básico. Disponível em: <https://saneamentobasico.com.br>. Acesso:


27 jan. 2024.

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