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Dom Pedro II no Inferno de Wall Street - III


por Carlos Torres-Marchal

Resumo:
Neste terceiro e último artigo sobre a presença de Dom Pedro II no
Inferno de Wall Street de Sousândrade, são analisadas 13 estrofes,
que tratam principalmente da visita do imperador aos Estados
Unidos em 1876, comparam as sociedades brasileira e norte-
americana e o exercício do poder nos regimes imperial e
democrático. A conhecida posição crítica do republicano
Sousândrade perante Dom Pedro é temperada pelo registro da
calorosa recepção que este recebeu da imprensa e do povo
estadunidenses.

Abstract:
This third and last part of our work on the presence of Brazilian
emperor Dom Pedro II in Sousândrade’s Wall Street Inferno analyzes
13 stanzas dealing primarily with the Brazilian ruler’s visit to the
United States in 1876, compares the Brazilian and American societies
and the exercise of power in both regimes, imperial and republican.
Sousândrade’s well-known support of a republican government and
his critical position of Dom Pedro and the imperial regime are
tempered by his acknowledgement of the warm welcome given the
Brazilian ruler by the press and people of the United States.

Introdução

Nas duas contribuições anteriores1,2 foram analisadas as primeiras vinte e duas


estrofes do Inferno de Wall Street que tratam sobre Dom Pedro II. Vimos como
Sousândrade toma como mote o pretenso republicanismo de Dom Pedro que a
imprensa norte-americana insistia em ressaltar. Apesar da ironia do texto
sousandradino,

“=Não há democratas melhores


3
Que os Rêis na Republica o são..”
2

a admiração do imperador brasileiro pelo regime republicano era provavelmente


sincera, como veremos adiante ao comentar a estrofe 142.

No presente artigo são analisadas as últimas treze estrofes do Inferno de Wall


Street sobre Dom Pedro II, a maioria das quais tem como pano de fundo a visita do
imperador do Brasil aos Estados Unidos. Nelas, Sousândrade compara os sistemas
políticos e as sociedades de ambos os países. Uma única estrofe está ambientada em
Paris, e menciona a visita do imperador a Victor Hugo. Finalmente são analisadas três
estrofes que, sem mencionar o imperador brasileiro, remetem a Dom Pedro.

Retomamos a análise do diálogo imaginário entre o presidente Ulysses Grant e


Dom Pedro II iniciado na estrofe 54:

Estrofe 67:

(MISSISSIPI e GUANABARA denunciando-os :)

—Tirade-n’os phrygios barretes,


Conspiradores das nações!
== Quirites, cuidado . . .
O Estado
Não é vosso; sois os guardiões! 4

O rio Mississípi e a Baia da Guanabara, personificações dos Estados Unidos e


do Brasil, respectivamente, denunciam Grant e Dom Pedro, lembrando seu papel de
guardiões, e não donos, do Estado.

—Tirade-n’os phrygios barretes, / Conspiradores das nações !

As nações norte-americana e brasileira criticam as falsas aparências


republicanas do presidente Grant e Dom Pedro.

Tirade: (arcaísmo) Tirai. Nas Cantigas de Santa Maria (s. XIII) lemos:5

Ai, amigos,
tirade-me sen demora
daqui ...

Sousândrade utiliza uma forma semelhante no Canto XI:6

... vinde, águias dos Andes,


Vorar! vorar! pungide bem!

Em Harpa de Ouro há outro exemplo:

... ora o agouro


N’Harpas-Selvagens a vibrar
Ouvide e aprendei o tesouro
3

7
Das ciências dos destinos, ...

Estas formas em d são ainda correntes em galego.

Barrete frígio:
Barrete vermelho que se tornou símbolo do regime republicano após ter sido
adotado pelos combatentes da Revolução Francesa na Queda da Bastilha (1789), que
culminou com a instalação da Primeira República (1793). Foi inspirado pelo barrete
usado na Frígia, região hoje situada na Turquia. Na Roma antiga o barrete frígio era
usado pelos escravos emancipados como símbolo da sua liberdade.8

Poster revolucionário II República – 1 centime


Barrete frígio10
(1793)9 (1848)11

Barretes frígios da República Francesa

== Quirites, cuidado . . . / O Estado / Não é vosso ; sois os guardiões !

Quirites: Plural latino de quiris, um cidadão romano. Na antiga lei romana quiris
representava a capacidade civil, enquanto Romanus designava a capacidade política e
militar dos romanos.

Guardiões: Sousândrade utiliza aqui a visão platônica da sociedade para lembrar os


deveres dos governantes.

Platão divide os cidadãos da sua república em três níveis: artífices ou


negociantes, guerreiros, e chefes ou guardiões.12 Na sua introdução e análise do
Terceiro Livro da República de Platão, Jowett escreve:

Quem serão os nossos governantes? Em primeiro lugar, os mais velhos devem


governar os mais jovens; e os melhores entre os anciãos serão os melhores
guardiões.13

As denúncias de Guanabara e Mississippi, numes dos seus respectivos países,


tomam a forma de um diálogo, em que os participantes são indicados por travessões
simples ( — ), para o Mississippi, ou duplos ( == ), para a Guanabara. Enquanto o
Mississippi ataca o republicanismo dissimulado de Grant, simbolizado pelos barretes,
Guanabara denuncia a tirania do imperador, que, para Sousândrade, considera-se
dono, e não defensor, ou mandatário, do governo. A crítica de Sousândrade ao direito
4

divino dos reis é constante ao longo da sua obra. Contudo, na presente estrofe, o uso
do plural (tirade, sois) indica que as críticas são dirigidas tanto contra o presidente
como contra o imperador.

Estrofe 68

(GENERAL GRANT e DOM PEDRO :)

—‘ É causa o espherico da terra,


De o mais alto cada um se crer ’ ;
Quem liberalisa,
Escravisa . . .
== Regicidas, rêis querem ser.14

O diálogo entre o General Grant e Dom Pedro conclui com referências a uma
discussão científica sobre a forma da Terra que envolve Voltaire e sua sátira Candide
ou o Otimismo (1759).

—‘ É causa o espherico da terra, / De o mais alto cada um se crer ’ ;

Grant afirma que, por ser a Terra uma esfera, cada um acredita estar no topo
do mundo, insinuando também uma sensação de superioridade percebida em Dom
Pedro. A afirmação, aparentemente banal, encobre uma discussão sobre a forma do
planeta. Pareceria óbvio que, depois da descoberta de América por Colombo e a
primeira circum-navegação do planeta (1519 – 1521) comandada por Fernão de
Magalhães e concluída por Juan Sebastián Elcano, a esfericidade do planeta estaria
definitivamente estabelecida. A crença que a Terra era plana, contudo, não tinha
morrido no século XIX. Em 1865 foi publicado livro Astronomia Zetética. A Terra não é
um globo! por Samuel Birley Rowbotham. O sucesso do livro levou à aparição de outra
edição em 1881.

Quem liberalisa, / Escravisa . . .

Grant ironiza as posições políticas de Dom Pedro, imperador liberal de um


império escravocrata. Lembramos que Dom Pedro foi chamado na imprensa norte-
americana um “governante esclarecido, liberal e progressista.” 15 Sousândrade
também critica o suposto liberalismo de Dom Pedro em outras passagens do Inferno
de Wall Street:

16
Só é liberal [reino] sem coração
17
(Com rei liberal, / Peor mal, / Fundaram o império da lua.)
5

(Rei julgado limpo fóra, e sujo dentro do seu reino :)


— ‘ Liberal ’ ; ‘ flying ’ ; ‘ nem tem domingo, 18

== Regicidas, rêis querem ser.

Dom Pedro responde que os inimigos da monarquia querem, eles próprios,


tornar-se reis. Sousândrade reitera aqui a crítica a Salvador de Mendonça (ver a
análise da estrofe 6519) que, opositor da monarquia, abandonou suas criticas ao
governo imperial ao receber uma sinecura do mesmo. Indica também a ambição
oculta daqueles que fazem oposição a uma monarquia com o intuito de tomarem eles
mesmos as rédeas do poder.

Outra referência a ‘regicídio’ no Inferno de Wall Street está na estrofe 126:


20
— Chumbando Booths aos rêis-‘gorillas,’

Booths é referência a John Wilkes Booth, que, com um tiro de pistola [de onde
chumbando], assassinou o presidente Abraham Lincoln (1809-1865)

Rei-gorila:
Lincoln foi chamado de rei (“King Lincoln”) por Clement Laird Vallandigham,
um político opositor, durante a Guerra Civil (1861-1865).21 No mesmo período o
General George B. McClellan referia-se habitualmente a Lincoln, presidente do país e,
consequentemente, seu superior hierárquico, como “o gorila”, 22 por seu aspecto
desengonçado e a sua suposta inferioridade intelectual e social.23 Vallandigham foi
“deportado” para os estados rebeldes da Confederação no sul do país e McClellan foi
dispensado do seu comando. É possível que Sousândrade também tivesse o
presidente Grant em mente ao usar a expressão “reis gorilas”.

Estrofe 69:

(Separam-se para os dois pólos :)

— A terra vai tendo outra fôrma


Em Candido (abraçam-se), haaa !
(Jesuita casaca
Tem faca
Que faz a amplexão sempre má.) 24

Conclui o diálogo entre o Presidente Grant e Dom Pedro, que tomam direções
opostas. A estrofe alude a uma polêmica entre geógrafos sobre a forma da Terra,
envolvendo Voltaire e os astrônomos jesuítas.

(Separam-se para os dois pólos :) / — A terra vai tendo outra fôrma


6

A menção à forma da Terra alude a uma polêmica travada no século XVIII sobre
a forma exata do globo.

Nos seus Princípios Matemáticos,25 Newton deduziu que o batimento mais


lento dos pêndulos perto do equador terrestre devia-se à forma não perfeitamente
esférica da Terra (que é ligeiramente achatada nos polos). Baseou seus cálculos na lei
de gravidade proposta por ele e na velocidade de rotação do planeta. Esta brilhante
dedução teórica encontrava oposição nas medições de Giovanni Domenico Cassini,
diretor do Observatório de Paris educado no colégio jesuíta de Gênova e discípulo dos
astrônomos jesuítas Riccioli e Grimaldi.26 Cassini realizou medições que o levaram a
acreditar que a Terra tinha a forma de um elipsoide prolato (como um ovo em pé) e
não oblato (como uma tangerina) como concluira Newton.

Para definir a questão a Academia de Ciências de Paris resolveu, em 1735,


enviar expedições científicas para fazer medições no equador e perto do polo. A
medição no equador ficou a cargo de Charles-Marie La Condamine, quem demorou 8
anos na América do Sul. Após ter concluído as medições geográficas La Condamine
percorreu o rio Amazonas até a foz e publicou o primeiro relato científico sobre o rio-
mar (1745).27

A medição polar chefiada por Pierre Louis Moreau de Maupertuis foi realizada
na Lapônia sueca entre 1735 e 1737 e mostrou que a terra era achatada nos polos.
Cassini ainda tentou achar falhas nas medições de Maupertuis (que, apesar de
verdadeiras, não negavam a principal conclusão do estudo. Voltaire, então amigo de
Maupertuis, o chamou de “achatador da Terra e dos Cassinis”. 28 Assim que retornou a
França, Maupertuis comunicou suas conclusões à Academia de Ciências e mandou
Tournière fazer um retrato seu, vestido com roupas do inverno lapão e achatando um
globo terrestre com a mão esquerda. Uma gravura deste quadro feita por Daullé em
1741 traz uns versos laudatórios de Voltaire:29

Este mundo ignoto que ele soube medir


Torna-se monumento que embasa sua glória
Sua sina é fixar a forma da Terra
De a iluminar e agradar.
por Mr de Voltaire.30

A lua de mel entre Voltaire e Maupertuis não duraria muito tempo. Uns anos
mais tarde, no seu Discurso sobre a moderação, Voltaire escreveu:

Vós confirmastes nesses locais inóspitos


O que Newton já sabia sem sair de casa.

31

Em 1752 Maupertuis publicou uma Carta sobre o progresso das ciências,32 com
sugestões heterodoxas para a realização de futuras atividades científicas. Voltaire
tomou a Carta como mote para uma farsa que publicou anonimamente intitulada
7

Diatriba do doutor Akakia, médico do Papa; decreto da Inquisição e relatório dos


Professores de Roma sobre um pretendido Presidente.33 O “pretendido presidente” era
Maupertuis, então presidente da Academia de Ciências de Berlim, da qual Voltaire
também fazia parte.

Maupertuis achatando o mundo Retrato de Maupertuis


com a mão esquerda34 com versos de Voltaire35

Nas suas Memórias, Voltaire ainda fez uma crítica ferina da Carta de
Maupertuis: “nunca foi escrito nada tão ridículo e desarrazoado. O coitado propôs
seriamente fazer uma viagem direta até os dois polos da Terra.” 36 Esta citação pode
ter inspirado os versos sousandradinos:

(Separam-se para os dois pólos :)


— A terra vai tendo outra fôrma.

Contudo, Voltaire carregou nas tintas: Maupertuis só sugeriu procurar uma


passagem entre a Europa e a Ásia através do polo Norte, imaginando que o sol estival
derreteria o gelo polar e tornaria o clima lá mais ameno no verão.

Lembramos ainda que Voltaire é lembrado em outras passagens da obra de


Sousândrade:

(O GUESA sorteado em CITY-HALL; CANDIDE-VOLTAIRE:)37

Voltair’ toca a nós o bolero


(Diocleciano, fogo bebeu!)38

Quando ao rev’lucionario genio altivo


As festas centenaes, prepara a França
Mal liberta, a ‘Voltair’ seculo vivo ,
8

39
Que ainda agita a rasão e o mundo avança?

O poema Qui Sum de Liras perdidas contém a seguinte epígrafe tirada dos
versos iniciais da Henriade de Voltaire:

Par droit de conquête et


par droit de naissance40

[Por direito de conquista e por direito de nascença]

e conclui com a estrofe abaixo, que captura o sentimento de Sousândrade sobre Dom
Pedro II:

Eu sou o Americano sem títulos


Que derriba imperadores;
Sou o Guesa, e para amores
Tenho o meu do sol.41

— A terra vai tendo outra fôrma / Em Candido (abraçam-se), haaa !

Estes versos lembram um episódio dos capítulos XIV e XV do Candide de


Voltaire. Candide reencontra o irmão de Cunegunde, agora um jesuíta no Paraguai.
Os dois abraçam-se, emocionados.

(Jesuita casaca / Tem faca / Que faz a amplexão sempre má.)

Candide é agredido pelo jesuíta quando manifesta a sua intenção de casar com
a irmã deste. Candide reage, matando-o com uma punhalada, de onde a amplexão
(abraço) sempre má.

Sousândrade retoma aqui o tema da suposta dissimulação dos jesuítas,


referido várias diversas vezes no corpus sousandradino:

(Muitos libertadores da consciencia, ...


— O’ prínc'pe Bismarck, aos Jesuitas ! 42

Sobre-rum-nadam fiends, rascáls ;


43
Post war Jews, Jesuitas, Bouffes

— Só o leal, nunca o Loyola,


44
Conquista um nobre coração :

(PAUL BERT, ‘ la morale des JESUITES ’ :)


— Mais tristes que os que caem-lhes na unha,
São os que d’ella escapam . . . Jesus ! 45

— ‘ Caramba ! yo soy cirurjano —


46
Jesuita . . . yankee . . . industrial ’ !
9

Mephistôs justiçados,
Tornados
Dos jesuitas lundús ! 47

A expressão jesuíta casaca nos refere a jesuíta de casaca, corrente no século


XIX, e usada pelos anticlericalistas em tom condenatório ou até pejorativo, para
referir-se aos católicos ultramontanos e, às vezes, aos simples praticantes do
catolicismo:

Chamam-se usualmente Jesuítas de casaca os indivíduos que, não pertencendo


propriamente às ordens Religiosas por não fazerem votos Religiosos nem
estarem sujeitos absolutamente à obediência dos Superiores das Congregações,
têm, contudo, o espírito dos Jesuítas, trabalham com o mesmo ideal e intuito
dos Jesuítas e executam quase cegamente as ordens ou indicações dos mesmos
Jesuítas.48

Curiosamente, fora dos chamados infernos n’O Guesa (Tatuturema – Canto II e


Inferno de Wall Street – Canto X), Sousândrade não utiliza o mesmo tom crítico nas
suas referências aos jesuítas Antônio Vieira e José de Anchieta:

A voz de Deus s'escuta no Evangelho !


Que uncção de amor nos labios do Jesuita !49

é o ensino do Novo Testamento no novo mundo aos naturais pelo Jesuíta dos
tempos heróicos da nossa pátria.50

Sousândrade faz uma nítida diferença entre aqueles que, segundo ele,
transmitem a mensagem de Cristo, e os que a deturpam. Como veremos adiante, ao
referir-se a Dom Pedro II, Sousândrade também adota tons diferentes de crítica no
corpo d’O Guesa e nos infernos (Tatuturema — Canto II e Inferno de Wall Street —
Canto X), sendo que o imperador é geralmente poupado das críticas mais diretas no
Inferno.

Estrofe 75:

(ZOILOS sapando monumentos de antiguidade:)

— Do que o padre Baco-Lusíada


Dom Jaime val’ mais pintos mil;
═ ‘Bandeira Estrelada’
É mudada
51
Em sol, se iça-a o Rei do Brasil;

Sousândrade comenta ironicamente as críticas desferidas contra Camões no


poema Dom Jaime, de Thomaz Ribeiro, e a exaltação da tradução imperial do hino
norte-americano.

(ZOILOS sapando monumentos de antiguidade:)


10

Zoilo:
Critico literário, historiador e gramático grego do século IV a.C. Foi inimigo de
Sócrates, acusou Homero de falsificador e desdenhou Platão. Zoilo que ladrasse, lê-se
em Camões.52 Por antonomásia, critico arbitrário e figadal.53

Baco-Lusíada remete a Camões, quem escreve, n’Os Lusíadas:

Esta foi Lusitânia, derivada


De Luso ou Lisa, que de Baco antigo
Filhos foram, parece, ou companheiros,
E nela então os íncolas primeiros.54

Dom Jayme é um poema de Thomaz Ribeiro, publicado em 1862. A Conversação


Preambular, de Antônio Feliciano de Castilho, a modo de proêmio, elogia a obra de
Ribeiro em menoscabo dos Lusíadas. Escreve Castilho:

...
os Lusiadas, sao intrusos na escola primaria. Na escola primaria são inuteis;
são nocivos.
...
As noticias historicas... accumuladas nos Lusiadas... só um erudito... as
deslinda. Para uma criança apenas alphabeta, são portanto perdidas de todo
em todo.
A inconciliavel mistura das fabulas pagãs com as crenças de que se compõe
o christianismo, póde perverter á nascença os salutares intinctos logicos do
bom senso e do gom gôsto.
...
Os bons costumes... são gravemente lesados nos Lusiadas. A ilha dos
Amores só por si sobraria para os desterrar para bem longe de institutos de
puericia.
A linguagem dos Lusiadas foi a melhor que se podia para o seu tempo; mas
o seu tempo já lá ficou para traz ha tres séculos;
...
A grammatica mesma ... é frequente vezes offendida nos Lusiadas.
...
[N]enhum poeta dos nossos dias ... se resignaria, cuido eu, a assignar como
sua uma única estância inteira de todos os dez cantos.
...
Que vão fazer os Lusiadas psalmeados numa escola primaria,.... de que
serviu esta comedia de falsa homenagem a um genio, que tem outros muito
melhores e mais authenticos titulos que lhe abonam a immortalidade?
Nenhuma d'estas desconveniencias se pode reprehender na epopeia de
55
Thomaz Ribeiro...

═ ‘Bandeira Estrelada’ É mudada Em sol, se iça-a o Rei do Brasil;

Sousândrade ironiza novamente, desta vez presumivelmente na voz do


presidente Grant, a tradução do hino norte-americano feita por Dom Pedro (ver
estrofe 44).56 A mão do imperador transforma as estrelas da bandeira em sóis.
Sousândrade era astrônomo amador57 e sabia que o Sol é também uma estrela e que
11

sua magnitude aparente é muito maior que a das outras estrelas unicamente por
causa de sua maior proximidade à Terra.

Dom Pedro só reaparece após trinta estrofes, quando é abordada a sua partida
de Nova Iorque.

Estrofe 105:

(Correctores achando causa á baixa do cámbio em


WALL-STREET:)

—Exeunt Dom Pedro, Dom Grant,


Dom Guesa, que vão navegar :
Seus lemes são de oiro
Que o Moiro
58
Das vagas amansam do mar.

A estrofe registra as viagens de navio de Dom Pedro (para a Europa), Grant


(em volta ao mundo) e Sousândrade (para a costa do Pacífico e o Brasil).

(Correctores achando causa á baixa do cámbio em WALL - STREET :)

Baixa do câmbio [baixa do oiro na edição de 1877]


A taxa de câmbio do ouro em greenbacks, papel moeda norte-americano,59
sofreu uma queda acentuada entre outubro de 1875 e janeiro de 1878, caindo de
116,40 para 102,10 dólares,60 coincidindo com o período em que se ambienta a
estrofe.

Exeunt (latim): saem. Indicação cênica para a saída dos atores. Lembramos ainda que
os textos introdutórios da maioria das estrofes do Inferno de Wall Street lembram
indicações cênicas.

Sousândrade fala das viagens de Dom Pedro, de Grant e da sua própria. Dom
Pedro zarpou de Nova Iorque rumo à Inglaterra no vapor Russia no dia 12 de julho de
1876. Em 17 de maio de 1877 Grant e sua família iniciaram uma viagem para
“circundar o globo” que durou até setembro de 1879.61 Note-se o tom irônico ao
referir-se a Grant como Dom, forma de tratamento dada a reis, príncipes e nobres e
dignitários da igreja católica, seguida do nome de batismo, não do sobrenome. Pode
ser uma reiteração do caráter imperial que alguns viam nas administrações de Grant
(ver estrofe 49).

O Guesa, zarpou de Nova Iorque em 30 de janeiro de 1878 rumo ao Peru, Chile


e Brasil.62 Só voltaria a Nova Iorque em 1880. A edição nova-iorquina d’O Guesa
Errante foi publicada em dezembro de 1877 (data da Memorabilia) ou janeiro de 1878
(data da partida de Nova Iorque). Registramos ainda que a viagem de Sousândrade
pela costa ocidental da América do Sul era cogitada desde 1874, quando Sousândrade
escreveu na cópia das suas Obras Poéticas (Nova Iorque, 1874) dedicada a Ferdinand
12

Denis, brasilianista avant la lettre: [De Nova Iorque, O Guesa] seguirá ás costas do
Pacífico, aos paizes dos Incas, pelo Cabo d’Horne ao Rio da Prata até o Brazil.63

Detalhe da dedicatória de Sousândrade a


Ferdinand Denis em cópia de Obras Poéticas – Vol. I
Nova Iorque, 1874

Que o Mouro / Das vagas amansam do mar.

Considerando que viajantes-navegantes são o mote desta estrofe, o Mouro


pode tratar-se de Ben Batuta (1304-1377), famoso explorador marroquino, que visitou
a África o Oriente Médio, Índia e China (60 anos antes de Marco Polo). Walt
Whitman o menciona (Batouta, o Mouro) como um dos primeiros viajantes famosos,
ao lado dos portugueses e de Marco Polo no poema Passage to India!, no livro Two
Rivulets (1876). Observamos que a data de publicação é contemporânea aos eventos
relatados nesta estrofe.64

Batuta, o Mouro
Walt Whitman, Passage to India (1876)

Após a estrofe 105 há outro hiato em relação a Dom Pedro, que reaparece na
estrofe 141. Esta estrofe e as posteriores analisadas neste trabalho (de números 142,
144, 147, 170) só aparecem na edição londrina d’O Guesa (c. 1887), apesar de descrever
eventos acontecidos durante a visita de Dom Pedro a Nova Iorque (com exceção da de
número 170, ambientada na França). A estrofe 141 que analisamos abaixo descreve a
visita de Dom Pedro às oficinas do New York Herald.
13

Estrofe 141:

(DOM PEDRO á meia-noite na soirée do N. Y. HERALD:)

—No Solimões esta é a hora


Em que a luz se apaga e também
Turemisam taes
Personaes
65
Quaes no Hudson . . . bravos ! Jam' - Benn ' !

A estrofe descreve a visita de Dom Pedro às oficinas do jornal New York Herald
na noite do seu primeiro dia em Nova Iorque.

(DOM PEDRO á meia-noite na soirée do N. Y. HERALD :)

A visita de Dom Pedro é relatada no jornal New York Herald, sob a manchete A
Midnight Visit to the Herald Office [“Uma visita à meia-noite aos escritórios do
Herald”]:

“Por volta da uma da madrugada ... Dom Pedro chegou aos escritórios do
Herald... Passou primeiro pela redação onde mãos e cabeças ocupadas
preparavam manuscritos para o compositor... Depois viu dedos atarefados
escolhendo os tipos e compondo os textos... Os processos de estereotipia e
impressão foram os que mais despertaram a atenção do Imperador. De pé ao
lado de uma fornalha medonhamente quente, observou a feitura das matrizes e
a posterior moldagem das chapas a partir das quais seria impresso o jornal.66

A visita aconteceu a uma hora da manhã na noite do primeiro dia que Dom
Pedro passou nos Estados Unidos, após ter assistido a peça Henrique V de
Shakespeare, recebido o comitê de boas-vindas do governo e ter assistido a uma
serenata em sua homenagem, até a meia-noite. Esta grande disposição mostra o
imenso interesse do imperador pela operação de um grande jornal norte-americano.
Posteriormente visitaria também os escritórios do jornal brasileiro O Novo Mundo,
publicado em Nova Iorque por José Carlos Rodrigues e o do New York Times.

—No Solimões esta é a hora / Em que a luz se apaga

Sousândrade faz um paralelo entre o Tatuturema, episódio do Canto II d’O


Guesa (ambientado às margens do Solimões), e o New York Herald (às margens do rio
Hudson). Comparar o texto acima com os versos do Canto II (p. 41), que também
tratam do apagar das luzes:

— Viva Juruparí ! — Tem-se apagado


A luz. Caiu a treva. Então s'escuta
Na densidão da sombra, em que se occulta,
Fungar, gemer o escandalo espojado.67

e também Turemisam taes Personaes


14

Turemisam:
A palavra apresenta a única instância no corpus sousandradino que permite
vislumbrar uma possível etimologia do autor para a palavra Tatuturema, nome dado
pelo poeta ao que seria uma orgia às margens do Solimões, como pode ser deduzido
das citações abaixo:
68
Vigarios, ebrios saíndo do tatuturema
69
E lei por uso do tatuturema
Que, onde poz-se a mão, a presa feita,
Ninguem se fuja ou se conheça ou tema.
Então, então practicam-se do incesto
Os mais leonilios, mais brutaes horrores !70

Turemisar poderia assim ser interpretado como corromper moralmente, e a


palavra tatuturema poderia ser interpretada como a orgia dos tatus. Outras possíveis
etimologias foram discutidas numa publicação anterior.71

Personaes:
A referência aos Personais pode explicar o paralelo insinuado por Sousândrade
entre os rios Solimões e Hudson. Um dos motivos do sucesso do New York Herald era
sua coluna de Personais (Personals em inglês, avisos pagos, de caráter pessoal,
publicados na primeira página do jornal). Atiçavam a curiosidade dos leitores, sendo
considerados veículos para mensagens cifradas com motivações escusas, tais como
propaganda de casas de prostituição, reuniões de criminosos, abortos clandestinos,
encontros adulterinos, etc. 72 Em 1906 James Gordon Bennett Jr. (a quem
Sousândrade nesta estrofe chama Jam’-Benn’), proprietário do Herald, perdeu um
processo referente à publicação dos Personais. Teve de eliminar a coluna,73 fazendo
que a circulação do Herald caísse do primeiro para o terceiro lugar entre os jornais
nova-iorquinos. O fim dos Personais foi um dos motivos que levaram ao fechamento
do Herald.

Os “anuncios personais” aparecem em outras estrofes do Inferno de Wall Street


(utilizando a grafia inglesa personals):

(O GUESA escrevendo personals no HERALD e consultando as SYBILLAS de NEW-


YORK:)74

(HERALD safe-guardando $2 do último e nunca-nato quinquagenario personal de


‘ HONOURABLE ’)75

(ROSEMAN lendo christianissimos personals e applicando a “ low people, low


punishment ”:)76
77
(WASHINGTON ‘ cegando por causa d’elles ’ ; Pocahontas sem personals :)
15

Estrofe 142:

(Silvios dedos rutilando ao typographar em vernaculo


da ‘BANDEIRA-ESTRELLADA’; POETA extáctico; a Voz:)

— Grandes são as graças e thesoiros


De Balthazar-Imperador ! . .
== Que treme ahi sans-culottes
Quijotes ? . .
— Manè-Tessèl-Pharès, Senhor ! . . 78

Continuam os comentários à visita de Dom Pedro ao New York Herald e sua


tradução do hino estadunidense, aos que Sousândrade acrescenta uma profecia do
fim da monarquia brasileira.

(Silvios dedos rutilando ao typographar em vernaculo da ‘BANDEIRA-ESTRELLADA’

A visita de Dom Pedro às oficinas do New York Herald ocorreu na madrugada


do dia que o Herald publicou a tradução imperial da Bandeira Estrelada (ver estrofe 75).
Sousândrade descreve o trabalho dos tipógrafos (na reportagem do Herald: dedos
atarefados escolhendo os tipos e compondo os textos...79) ao compor a tradução feita
por Dom Pedro. O poeta extático, autor da Bandeira Estrelada, é Dom Pedro. A Voz é
o próprio Sousândrade.

— Grandes são as graças e thesoiros / De Balthazar-Imperador ! . .

O texto faz referência à festa do rei Baltazar (ou Belsazar) de Babilônia e à


mensagem escrita em aramaico por uma mão invisível na parede do seu palácio:
Mané-Tessél-Farés (mene, mene, tekel, upharsin em outras versões). Esta mensagem
foi decifrada pelo profeta Daniel, como relatado na Bíblia: “Contou Deus o teu reino, e o
acabou. Pesado foste na balança, e foste achado em falta. Dividido foi o teu reino, e
dado aos medos e aos persas.” 80 Sousândrade refere-se ao festim de Baltazar e a esta
frase várias vezes na sua obra para aludir à queda do Império no Brasil:81
82
Festins de Balthazar é toda a terra;

Balthazar soberbo
No festim ruidoso 83

Eis que o assalta a verdade


O Órfão Guesa ante a vã Majestade,
E o viu São Cristóvão nos muros traçar
84
“Maneh — Tessel — Farés.”

Há muitos anos um aspirante de Medicina [foi] escrever nas muralhas de S.


Cristóvão o – mané, tecel, fares de Baltasar.85

== Que treme ahi sans-culottes / Quijotes ? . .


16

Os sans-culottes (“sem calças”, partidários da Revolução Francesa que


rejeitavam o uso das culottes — calções até os joelhos — da aristocracia), são
definidos, num dicionário francês do século XIX como “republicanos terroristas”. 86
Inicialmente circunscritos às classes mais pobres, durante o Terror (1793-1794) altos
funcionários e intelectuais intitulavam-se cidadãos sans-culotte. Na estrofe 170 do
Inferno de Wall Street Sousândrade coloca na boca de Dom Pedro republicano as
palavras: “sans-culotte eu sou mesmo rei”. Quijote é a grafia espanhola de Dom
Quixote, o imortal idealista de Cervantes.

O interesse de Dom Pedro pelo sistema republicano estadunidense foi


destacado com ironia na imprensa norte-americana. A manchete abaixo descreve o
imperador como “um soberano ativo procurando aprender o modo de vida
republicano”.

Dom Pedro republicano87

Outra reportagem da imprensa norte-americana afirma que “se Dom Pedro


ficar entre nós o tempo suficiente, ele transformar-se-á num muito bom
republicano”.88 Williams afirma que, desde jovem, Dom Pedro acreditava que a
república era a forma ideal de governo. Na sua viagem aos Estados Unidos, ele teria
afirmado: “Se eu não fosse monarca, seria republicano”. Teria também afirmado que
para ele seria melhor o Brasil ser uma república se ele pudesse ser presidente.89

Contrastando com o tom irônico dos sueltos jornalísticos norte-americanos e a


visão republicana de Sousândrade, Câmara Cascudo pergunta retoricamente: Dom
Pedro II, segundo e último Imperador do Brasil, era republicano? e ele mesmo responde:
Não tenho dúvidas na afirmativa.90 E passa a citar trechos do diário íntimo do
imperador e depoimentos de pessoas chegadas a Dom Pedro.

Podemos parafrasear o diálogo imaginado por Sousândrade:

Dom Pedro: Que treme ahi sans-culottes Quijotes ? . . [Tremes, republicano sonhador?]
O Guesa: Manè-Tessèl-Pharès, Senhor ! . . [O vosso reino acabou!]
17

Estrofe 144:

(Forcas diabéticas-caudinas, mordomos destribuindo


$5,000 :)

—Jogou o Guesa esta quantia ;


Damos-l‘a nós, e sem jogar :
Côrte a Bennette
A’ meia-noite ;
91
Bom riso á carne popular.

Continua a descrição da visita de Dom Pedro aos escritórios do jornal New York
Herald na madrugada de 16 de abril de 1876, assunto das estrofes 141 e 142. Fala Dom
Pedro.

Forcas diabéticas-caudinas

Forcas Caudinas: do latim Furculæ Caudinæ, estreito desfiladeiro no sul da Itália onde
as tropas romanas foram cercadas e rendidas sem possibilidade de reação pelos
Samnitas no ano 321 a.C.92 O exército romano foi liberado após ser submetido a uma
humilhante passagem, um a um, sob um jugo. Por extensão, a expressão forcas
caudinas é usada em referência a uma concessão onerosa e/ou humilhante arrancada
dos vencidos. No presente caso, Sousândrade pode estar atribuindo o declínio de
Dom Pedro à diabetes que viria afligi-lo. Lembramos que esta estrofe aparece na
edição londrina de 1887, mas não na de 1877, publicada em Nova Iorque, quando a
doença do imperador ainda não tinha se manifestado.

diabéticas
A diabetes mencionada é a que afligiu Dom Pedro a partir de 1882 e foi
denunciada num folhetim no ano seguinte.93 A doença era negada pelas autoridades
brasileiras ainda em 1887:

"Os meios ligados direta ou indiretamente ao Paço continuam a afirmar que o


Imperador não sofre de diabetes, enquanto todo o mundo está convencido de
que a diabetes é a sua principal moléstia.” 94

Nesse mesmo ano de 1887, o estado de saúde do Imperador motivou a sua


viagem a Europa. Sua saúde declinante foi um dos fatores que aceleraram a
proclamação da República.

mordomos destribuindo $5,000

A quantia de cinco mil (dólares?) que o Guesa teria jogado são mencionados
anteriormente no Inferno de Wall Street:
18

— Dois ! trez ! cinco mil ! se jogardes,


Senhor, tereis cinco milhões! 95

Lembramos ainda que esta quantia, atualizada a dólares de 2011, representaria


mais de 100.000 dólares norte-americanos.96 Nesta estrofe Dom Pedro teria
ordenado seus mordomos a distribuírem esta quantia. Não foi localizada
documentação que registrasse esta doação. Coincidentemente é este o valor
numérico da compensação (5.000 libras) reclamada pela Inglaterra do governo
imperial brasileiro no naufrágio do navio Príncipe de Gales, que originou a questão
Christie97 (ver estrofe 60)98. Não fosse a publicação da edição londrina d’O Guesa
anterior à proclamação da República, a quantia também lembraria o subsídio de cinco
mil contos de reis que o governo republicano ofereceu a Dom Pedro II no exílio, e que
este não aceitou.

Corte a Bennette à meia-noite

Bennette é James Gordon Bennett filho (1841-1918), proprietário do New York


Herald, citado uma dezena de vezes no Inferno de Wall Street.

Meia-noite é referência à visita noturna de Dom Pedro aos escritórios do New York
Herald, mencionada anteriormente (ver comentários às estrofes 141, 142 e 144 acima).

Bom riso á carne popular

Carne popular pode referir-se à natureza ou às preferências do povo ou, ainda,


à República. Lembra também a citação bíblica: “Vós, príncipes da casa de Israel [...]
que comeis a carne do meu povo”.99 Victor Hugo escreveu: “Cada regime enxerga o
homem do seu ponto de vista. A república refere-se à carne do povo; o império, à
carne de canhão.”100 Apesar das possíveis interpretações, a intenção do autor não é
suficientemente clara.

Estrofe 147:

(Rei julgado limpo fóra, e sujo dentro do seu reino :)

—‘Liberal’; flying’; nem tem domingo,


Visita tudo!’==‘P’ra Inglez ver;
Mais val ‘Joanna a douda’,
Que á roda
Ao menos ensina a varrer?101

(Rei julgado limpo fóra, e sujo dentro do seu reino :)


19

Encerrando a série de estrofes referentes à viagem de Dom Pedro aos Estados


Unidos, são comparadas as notícias favoráveis ao Imperador publicadas pela imprensa
americana com as opiniões dos críticos no Brasil:

—‘Liberal’; ‘flying’; ‘nem tem domingo, Visita tudo!’

Liberal:
Dom Pedro foi chamado um monarca iluminado, liberal e progressista por um
jornal da Filadélfia.102

Flying:
(inglês) rápido, fugaz. No New York Herald lemos: “The Emperor, Empress and
suite made a flying visit to Albany this morning...” (“O Imperador, a Imperatriz e seu
séquito fizeram uma rápida visita a Albany hoje pela manhã.”).103

Nem tem domingo, visita tudo:

Para termos uma ideia da atividade febril de Dom Pedro, vejamos as suas
atividades no primeiro domingo que passou nos Estados Unidos, um dia após a sua
chegada ao país, lembrando ainda que, a uma hora da madrugada na noite anterior,
tinha visitado os escritórios do New York Herald. As atividades dominicais descritas
na imprensa: visita ao reservatório de água da cidade; missa na catedral de São
Patrício; sessão de fotografias; visitas ao Central Park, ao museu e ao zoológico;
serviços religiosos de Moody e Sankey no Hipódromo; visita ao lar dos meninos
jornaleiros; visita a uma delegacia de polícia; visita a uma companhia de bombeiros;
volta ao hotel (23:45 h).

== ‘ P’ra Inglez ver ;

Os críticos brasileiros do imperador põem em tela de juízo a sinceridade da


azáfama de Dom Pedro, insinuando que seu intuito hipócrita era manter as
aparências.

A expressão para inglês ver teria surgido dos esforços dos governos português
e brasileiro (após 1822) para convencer a Inglaterra de seu empenho para eliminar, no
Brasil, o tráfico de escravos da África, ao mesmo tempo em que este comércio era
tolerado e até florescia.104,105

Mais val ‘ Joanna a douda ’, / Que á roda / Ao menos ensina a varrer ?

Joanna a douda
Provável referência à rainha Joana I da Espanha, cognominada a Louca, filha
dos Reis Católicos, primeira rainha da Espanha unificada, esposa de Felipe II e mãe de
20

Carlos V. Após a morte de seu marido, viajou durante 8 meses por terras de Castilha
num cortejo fúnebre sem separar-se do caixão do esposo morto. Este episódio de
necrolatria encontra um paralelo na estória de Inês de Castro mencionada na estrofe
81, analisada no final deste trabalho. A literatura romântica fez de Joana uma figura
enlouquecida por ciúmes, mas ela provavelmente herdara a esquizofrenia da avó
Isabel de Portugal, mãe da rainha Isabel de Castilha.106,107,108 Lembramos ainda que
Joana a Louca era ascendente direta de Dom Pedro II, pelos lados paterno e
materno.109 A referência à varrição (à roda ao menos ensina a varrer) lembra a
expressão doido varrido.

Não é clara a relevância desta menção da rainha Joanna. Talvez Sousândrade


esteja equiparando as viagens de Dom Pedro (o cadáver da monarquia?) à viagem do
corpo de Felipe II pela Espanha num cortejo fúnebre encabeçado por sua viúva.

Pradilla, Francisco
Doña Juana "la Loca" (1877)

O Inferno de Wall Street interrompe as referências a Dom Pedro, até a estrofe


170, a última a mencioná-lo no episódio analisado. O cenário é agora Paris, com a
presença de Victor Hugo e do rei espanhol Alfonso XII.

Estrofe 170:

(Quádruplo ‘corner’ : V. HUGO monarquista ; D. PEDRO


republicano ; ALFONSO uhlan ; um guesa fabricado
franco-yankee homunculus :)

—‘Com tal rei‘ petit ’ainda eu fôra’;


== ‘Sans-culotte eu sou mesmo rei’;
— Grevy . . . que váias !
== Que, Hugo, o não traias. . .
A horas dadas não voltarei. 110

A estrofe reúne personagens históricas: Victor Hugo, Dom Pedro II, o rei
Alfonso XII da Espanha, além de “um guesa fabricado” (presumivelmente
Sousândrade).
21

Quádruplo ‘corner’: : V. HUGO monarquista ; D. PEDRO republicano ; ALFONSO uhlan ;


um guesa fabricado franco-yankee homunculus :)

Corner:
[inglês] Situação difícil ou embaraçosa, acuação. O uso de corner neste
sentido, nos idos de 1877, pode ser considerado um neologismo, mesmo em inglês. A
palavra era mais usada na expressão to drive into a corner (forçar numa posição
incômoda) ou, ainda, como verbo (to corner), com o mesmo sentido. Corner era
também usado no jargão da bolsa de valores à época para referir-se a uma manobra
monopolística de controle do preço de uma mercadoria. Esta acepção não é usada
por Sousândrade.

Além da estrofe sob análise, corner é utilizado outras quatro vezes no Inferno
de Wall Street, sempre na edição londrina (c. 1887):

(SEPARATISTAS, CHINS, CÆSARINOS, contra GARFIELD em ‘corner ’ :)111

(‘Corners’ == reporters ‘on evolution’ ; GORD-JAM-BENN ‘flesh-and-devil’:)112

— Do Guesa a Pharsalia explorada,


Num ‘corner’ espremido o auctor,
Dá oirão! 113

(Cynico DIOGENES do utrinque-feriens ‘corner’ sem lanterna e achando a verdade-


114
quadratura do ‘ring’:)

V. HUGO monarquista ; D. PEDRO republicano

Sousândrade refere-se à visita que Dom Pedro fez ao poeta Victor Hugo em 22
de maio de 1877,115 muito comentada na imprensa da época,116 e talvez concertada
por Théophile Gautier filho.117 Houve várias trocas de gentilezas: ao ser apresentado
ao netinho de Victor Hugo como “sua Majestade”, Dom Pedro retrucou: “aqui só há
uma majestade: seu avô”. Na despedida Victor Hugo disse ao imperador que
esperava não existirem muitos imperadores como ele, porque então seria muito difícil
falar mal deles. Sousândrade inverte os papéis neste diálogo imaginário, chamando
monarquista ao republicano Hugo e republicano ao imperador brasileiro. Não nos foi
possível identificar a fonte deste relato (um dos primeiros registros aparece no livro de
Rivet sobre Victor Hugo, de 1877).118 A estória correu mundo, e hoje é considerada uma
verdade histórica.

V. HUGO monarquista ; [...] —‘Com tal rei ‘petit’ ainda eu fôra’;

A fala de Victor Hugo esconde um trocadilho. No seu livro Napoléon le petit119


(Napoleon, o pequeno) sobre Napoleão III, Hugo, republicano convicto, crítica o
22

imperador francês, que o forçou ao exílio entre 1852 e 1870. Hugo aplica o mesmo
adjetivo (petit) a Dom Pedro II, referência que não pode ser tomada literalmente, já
que o Imperador brasileiro media um metro e noventa centímetros.

D. Pedro republicano; [...] == ‘Sans-culotte eu sou mesmo rei’;

A imagem de Dom Pedro republicano foi ressaltada pela imprensa norte-


americana durante a visita do imperador aos Estados Unidos, como já foi comentado.

Dom Pedro declara-se sans-culotte (republicano partidário da Revolução


Francesa — ver estrofe 142), reivindicando ao mesmo tempo sua investidura real.

ALFONSO uhlan ; [...] — Grevy . . . que váias !

Alfonso uhlan é o rei Alfonso XII da Espanha (1857 – 1885).120 Sousândrade refere-se
às vaias com que a população de Paris recebeu Alfonso XII em 29 de setembro de
1883, e que originaram um incidente diplomático entre França, de um lado, e Espanha
e Alemanha do outro.121 O episódio também é mencionado na estrofe 168 do Inferno
de Wall Streeet (“Rei d’ESPANHA atarantado aos assobios de PARIS”). É provável que na
oportunidade Sousândrade estivesse em Paris e testemunhasse estes
acontecimentos.

Jules Grévy (1807 – 1891) foi presidente da República Francesa (1879 a 1887) durante a
visita de Alfonso XII a Paris.

Antes de visitar Paris, Alfonso XII tinha sido recepcionado pelo Imperador
Guilherme I da Alemanha, que o nomeou coronel honorário do Regimento de Ulanos
N° 15 “Schleswig-Holstein”.122 A nomeação trazia segundas intenções: além de ser
um dos mais destacados durante a Guerra Franco-Prussiana, o regimento estava
acantonado em Estrasburgo, cidade francesa tomada pelos alemães. O rei espanhol
chegou na Estação do Norte em Paris, onde era aguardado pelo Presidente Grévy,
sendo recebido com vaias pelo populacho, e chamado “ulano” como insulto, ante a
impassibilidade de Grévy e da polícia. Os apupos da população repetiram-se quando
o rei espanhol foi ao Palácio do Elíseo para fazer a visita protocolar ao Presidente. No
dia seguinte Alfonso XII deixou Paris rumo a Madri. 123
23

Alfonso XII no uniforme do regimento de


ulanos Schleswig-Holstein n° 15 (1883)124

um guesa fabricado franco-yankee homunculus: [...] == Que, Hugo, o não traias. . . /


A horas dadas não voltarei.

O quarto personagem, guesa (grafado aqui com g minúsculo), é provavelmente


Sousândrade, mesmo considerando que o poeta, ao usar esta palavra para referir-se a
si próprio, sempre grafa Guesa, com G maiúsculo. Franco-yankee pode ser referência
às afinidades do poeta pelas sociedades francesa e estadunidense.

Jules Grévy 125 Victor Hugo 126 Dom Pedro II 127

Homunculus [latim homenzinho]: homem artificial supostamente fabricado numa


redoma pelos alquimistas, e, em particular, por Paracelso (1493-1541). Na segunda
parte do Fausto de Goethe, Homunculus é o nome do ser criado no laboratório por
Wagner, o discípulo de Fausto.

A horas dadas não voltarei.


Após a primeira visita de Dom Pedro a Victor Hugo, o Imperador manifestou
seu desejo de visitar o poeta novamente. Victor Hugo respondeu: “Recebo todas as
noites meus amigos, e jantamos as oito horas”.128 Após alguns dias Dom Pedro
compareceu à casa do poeta no horário indicado. Sousândrade dirige-se a Victor
Hugo, criticando sua atitude com o imperador, e recusando um imaginado convite do
24

poeta francês. Em pelo menos duas oportunidades,129,130 Sousândrade menciona


reverentemente um encontro seu com Victor Hugo.

Outras referências a Dom Pedro II no Inferno de Wall Street

Além das estrofes citadas, onde a menção a Dom Pedro II é clara, o Imperador
aparece no Inferno de Wall Street de forma velada, em outras estrofes:

Estrofe 81:
(LA-FONTAINE tomando para uma fabula os matadores
de IGNEZ-DE-CASTRO :)

—Formigas não amam cigarras,


Vampiros de Varella Luiz
Não são Pedros crús ;
São tatús
131
Impios, cabros, cuis e saguis.

Nesta estrofe Sousândrade lança mais uma crítica a Dom Pedro, misturando a
fábula A formiga e a cigarra de Jean de La Fontaine e a história de Inês de Castro, d’Os
Lusíadas.

(LA-FONTAINE tomando para uma fabula os matadores de IGNEZ-DE-CASTRO :)

La Fontaine: Jean de La Fontaine (1621-1695), poeta e fabulista francês.

Inês de Castro, filha bastarda de um fidalgo castelhano, foi amante do infante Dom
Pedro de Portugal e com ele casou secretamente. Foi assassinada com a conivência
de Dom Alfonso IV, pai de Dom Pedro. Uns anos após, ao assumir o trono de
Portugal, Dom Pedro I (o Cruel) trama a vingança dos algozes de sua amada,
refugiados agora na Espanha. Assinado um contrato mútuo de extradição com
Pedro, rei de Castilha, os assassinos são entregues ao rei português e executados. O
episódio é narrado no Canto Terceiro d’Os Lusíadas (III, 118-135). Conta a lenda que,
ao tornar-se rei de Portugal, Dom Pedro ordenou a exumação do cadáver e coroou
Inês como rainha. Outro episódio comparável, é o protagonizado por Joanna, dita a
Louca, a rainha espanhol que não se separou durante oito meses do féretro do seu
marido (estrofe 147 do Inferno de Wall Street).

—Formigas não amam cigarras,


A fábula da formiga e a cigarra, que figura na obra de La Fontaine, foi inspirada
por Ésopo (s. VI a.C.). A cigarra, tendo cantando todo o verão e vendo a fome chegar
com o início do inverno, pede alimento a sua vizinha a formiga, que trabalhou
incansavelmente acumulando alimentos durante o bom tempo, prometendo pagar-
lhe no próximo verão. Esta nega-se a ajudá-la, retrucando: Cantavas no verão? Então,
25

dança, agora! É interessante notar que La Fontaine não esclarece a moral da história,
que pode considerar a cigarra como um espírito livre ou então perdulário, e a formiga
como previdente se não egoísta.

Vampiros de Varella Luiz,


O poeta romântico Luís Nicolau Fagundes Varela (1841-1875), autor d’O
Evangelho nas Selvas, era protegido de Dom Pedro II. Sousândrade parece considerar
Varela como um ‘colaborador’ de Dom Pedro nas produções poéticas imperiais. O
advogado Franklin Dória, por exemplo, já foi considerado ‘colaborador’ do
Imperador.132 O Imperador (a cigarra ociosa) seria o vampiro de Varela (a formiga
laboriosa), sugando a sua inspiração poética para passá-la como própria. Registramos
ainda que a palavra vampiro aparece mais de vinte vezes na obra de Sousândrade.

Não são Pedros crús ;


No episódio de Inês de Castro nos Lusíadas, “O Cruel” (Pedro, o Cru), — Do
outro Pedro cruíssimo os alcança 133 — era o cognome do rei de Castela que entregou os
assassinos para Dom Pedro de Portugal, tio eu e também apelidado de Cruel, o que
justifica a utilização do plural (Pedros crus) por Sousândrade.

São tatus / Impios,


Dom Pedro II é identificado como Fomagatá (ou Tomagata), personagem da
mitologia chibcha, descrito como um “príncipe cruel” na introdução d’O Guesa.134
Lemos no Canto VI d’O Guesa:

Veiu então paternal, o ar elegante,


135
Deu-me a beijar a mão . . — será Fomagatá . . . ?

A associação de Fomagatá com o tatu reforça a referência ao monarca


brasileiro.136 Ver, por exemplo, no Tatuturema:137

Quando vem Fomagáta,


Em cascata
Terra-inundam tatús!138

== Que em tatús vos transforme,


D'enorme
Rabo, Fomagatá!139

Impios: A acentuação é dúbia, sendo provavelmente paroxítona (impio: que ou aquele


que é desapiedado, desumano, cruel, bárbaro)140 reforçando a menção aos Pedros
Crus (Cruéis) e não proparoxítona (ímpio: pessoa incrédula, sem fe; ateu, herege).
Registramos ainda que a diferenciação entre ímpio e impio está desaparecendo,
segundo Schüler.141
26

cabros, cuis e saguis


São elencados vários animais em contraposição aos Pedros crus: tatus impios,
cabros, cuís e saguis. Não foi achado, porém, um elemento comum entre eles, fora a
consonância. Uma enumeração semelhante de animais aparece no Tatuturema:

(Titulares em grande gala:)


— Da ema o beijo, trombejo;
== No agro, o flagro, o barão!
— Toirarias no globo,
Do lobo,
Da onça, o cabro, o cabrão!142

Cabro: bode, o macho da cabra, cabrão. Esta acepção era considerada obsoleta já em
1825.143 Sousândrade também utiliza cabra, no sentido de pistoleiro:

Hi foram tribus ; onde resupinos


Estão hoje os senhores rodeiados
Dos cabras parasitas, assassinos
Da faca e o bacamarte apparelhados;144

Cuí: [tupi] cuim, ouriço-cacheiro.145 Em espanhol cuy, palavra de origem quíchua, é o


porquinho-da-índia.

Sagui: [tupi] nome comum a várias espécies de pequenos macacos da família


Callitrichidae.

Estrofe 104:

(Reporters :)

—Papel fazem triste na terra


Rêis e poetas, gentes do céu,
(E Strauss, o valsando)
Cantando
146
No Hippodromo ou no Jubileu.

Sousândrade deplora a presença de reis, poetas e religiosos em grandes


espetáculos. Na década de 1870 vários eventos de grandes proporções foram
organizados nos Estados Unidos. Três destes são mencionados no Inferno de Wall
Street: A Exposição do Centênio, o Hipódromo de Barnum e o Jubileu pela Paz
Mundial, em Boston.

Entre estes megaeventos, o que teve a maior repercussão internacional foi a


Exposição do Centênio em 1876 (ou simplesmente Centennial, em inglês) que celebrou
o centenário da independência do país. A feira foi instalada no parque Fairmount, na
Filadélfia, cidade berço da república norte-americana. Uma das primeiras Exposições
Universais realizadas no mundo, e a primeira em terras americanas, pretendia mostrar
um país com uma economia industrial pujante, uma década depois da traumática
27

guerra civil (1861-1865) que dilacerou a nação. A viagem do imperador brasileiro aos
Estados Unidos e a Europa em 1876-77 foi programada para permitir a sua
participação na inauguração do evento. O Centênio e a presença de Dom Pedro II na
Exposição são mencionados várias vezes no Inferno de Wall Street:

— E em todo brilho de sua gloria immensa


Eis está Philadelphia! Ao seu congresso
D'industria e d' artes, quanto crea a sciencia,
Envia á feira do émulo progresso.147

Ora em Fair-Mount-Park expondo altiva


A festa liberal dos annos cem,
Do jubileu da paz viu-se conviva
Todo o mundo, no amor de William-Penn.148

(O mesmo propondo a outro o ‘seu logar de commissario á EXPOSIÇÃO de


PHILADELPHIA por causa do cheque-mate em sua fortuna’:)149

Commissarios em PHILADELPHIA expondo a CARIOCA de PEDRO-AMERICO


...
— Antediluvio ‘plesiosaurus,’
Industria nossa na Exposição . . . 150

Detectives furfurando em MAIN-BUILDING151

(DISRAELI ‘ordenando a TENNYSON a ode da volta do PRINCIPE de GALES, das


INDIAS, e fazendo fogos de vista,’ que a RAINHA não queira vir vel-os ao
CENTENNIO:)152

Os organizadores do Centênio abrigavam a esperança que o Príncipe de Gales


fosse o principal hóspede real, mas Eduardo preferiu ir a Índia caçar tigres. 153 Uma
publicação de 1875 previa também a presença de príncipes franceses, espanhóis,
italianos, alemães, russos, austríacos, e outros, que não compareceram.154 A realeza
europeia só foi representada pelo Príncipe Oscar Carlos Augusto Bernadotte da
Suécia, duque de Gotlândia, um adolescente de 16 anos, então cadete da fragata
Norrköping da Armada sueca.155

(Reporters :)
Sousândrade utiliza a palavra em outras quatro estrofes do Inferno de Wall
Street, sempre nos textos, que, a maneira de didascália, antecedem as estrofes. Num
caso (estrofe 98) a palavra reporters não figurava na edição de 1877, tendo sido
acrescentada na versão londrina. A palavra inglesa era largamente usada antes do
século XIX no sentido de transcritor (estenógrafo de debates ou discursos
parlamentares, por exemplo, para inclusão em anais e registros oficiais). Seu uso para
designar jornalistas de notícias é mais recente. Em 1867, uma descrição da operação
dos principais jornais nova-iorquinos afirma que o departamento de notícias locais de
um grande jornal emprega entre dez e vinte homens, conhecidos como “Reporters”...156
A utilização de aspas parece indicar um uso ainda não difundido da palavra.
28

—Papel fazem triste na terra / Rêis e poetas, gentes do céu,/ (E Strauss, o valsando)

Sousândrade critica a exposição a que se submetem pessoas em posições de


destaque na sociedade ao participar de eventos rodeados de publicidade, numa visão
premonitória do que vemos hoje.

A principal alusão é, claro, a Dom Pedro, que assistiu às pregações de Moody e


Sankey no Hipódromo no segundo dia da sua estadia nos Estados Unidos. Sentou-se
em lugar de honra no palco, perto do pastor Moody, e acompanhou com grande
interesse os hinos e a pregação.157 Ira Sankey era compositor de hinos religiosos, os
que interpretava com sua bela voz de barítono. Quando Moody e Sankey pregaram
em Nova Iorque, o Hipódromo já tinha sido vendido pelo empresário P. T. Barnum e
seu nome oficial era Gilmore’s Garden, mas o público e os jornais locais (e
Sousândrade) continuavam a chamá-lo Hipódromo:

No Canto X d’O Guesa, Sousândrade registra a sua presença nas pregações de


Moody e Sankey:

— 'Stou ouvindo prégar. — Que a sede estanque !


Por esta multidão que se apressura,
A voz de Moody, o canto d' Ira-Sankey
Ferir parece á vibração mais pura. . . 158

O tom respeitoso utilizado por Sousândrade no corpo d’O Guesa, destoa da


ironia crítica utilizada no Inferno de Wall Street. Neste trecho, o Hipódromo (o circo
de Barnum), Moody e Sankey são lembrados várias vezes:

... MOODY:)
— Ai ! todo o Hippodromo os lamente !
159
Resai, Mister Moody, p'r'os reus . .

160
(MOODY, no espirito de EZEQUIEL:)

Woman rights, hippodromo e pão!161

(DOM PEDRO com impaciencia ao GENERAL GRANT:)


Ira's songs / Cantar vim no circo Barnúm!162

(Hymnos de SANKEY chegando pelo telephono a STEINWAY HALL:)163

164
(Moody, no espirito de EZEQUIEL:)
29

Moody e Sankey no
Ira Sankey165 Dwight Moody166
Hipódromo (1876)167

Cantando / No Hippodromo ou no Jubileu.

Vista externa168 Vista interna169

Hipódromo Romano de Barnum em Nova Iorque (c. 1874)

Hipódromo era o nome do imenso circo/sala de espetáculos, com capacidade


para 10.000 espectadores, construído pelo empresário P. T. Barnum em Nova Iorque
(1874-75).170 A atração principal na inauguração foi o Congresso dos Monarcas, um
luxuoso desfile com fantasias elaboradas e animais exóticos. Também eram famosas
as corridas de bigas romanas, de elefantes, de camelos, etc. Em novembro de 1875 o
Hipódromo foi leiloado por Barnum171 e passou a ser chamado Gilmore’s Gardens (Os
jardins de Gilmore) quando foi alugado por Patrick Gilmore, o idealizador do Jubileu
de 1872, mencionado nesta estrofe. O novo nome demorou a popularizar-se, e em
1876 o local era ainda conhecido como Hipódromo. O primeiro hipódromo moderno
(entendendo hipódromo como local de espetáculos que incluíam corridas de animais
não raro exóticos) foi fundado em Paris por Henri Franconi e Ferdinand Laloue em
1845.172 Franconi inaugurou outro circo do mesmo nome em Nova Iorque em 1853. 173

Registramos a presença de outro rei no Hipódromo de Barnum, quando o local


funcionava como sala de espetáculos grandiosos (incluindo corridas de bigas). David
Kalakaua, rei das ilhas Sandwich (hoje Havaí), concordou em percorrer a pista de
corrida numa carruagem acompanhado por Barnum e sendo ovacionado pelo
público.174
30

David Kalakaua
Kalakaua e Barnum na pista Phineas T. Barnum176
Rei das Ilhas
do Hipódromo (1874) empresário
Sandwich175

Na sua autobiografia, Barnum afirma com orgulho que assistiram aos


espetáculos no Hipódromo o presidente dos Estados Unidos e seus ministros,
governadores e juízes, líderes de todas as religiões, e toda a nata do país. 177

Jubileu
Os maiores eventos musicais após a Guerra Civil nos Estados Unidos foram os
Jubileus da Paz, realizados em Boston nos anos 1869 e 1872, por Patrick Sarsfield
Gilmore, um diretor de banda musical e empresário, que depois alugaria o Hipódromo
de Barnum, em Nova Iorque. Gilmore e sua banda também tocaram em 60 concertos
na Exposição da Filadélfia em 1876.178

O festival realizado entre 17 de junho e 4 de julho de 1872, chamado


pomposamente Jubileu de Paz Mundial e Festival Musical Internacional, teve lugar no
Coliseu, uma imensa sala de concertos com capacidade para cem mil pessoas,
construída especialmente para a ocasião. A tênue justificativa era celebrar a Paz
Mundial após o fim da Guerra Franco-Prussiana. A celebração contou com a
participação de uma orquestra de 2.000 músicos e um coral de 20.000 vozes. 179
Algumas músicas foram acompanhadas por artilharia disparada por sinais
telegráficos. Participaram bandas militares de vários países da Europa, cuja atuação
foi solicitada através de uma carta pessoal do presidente Grant. Ele e sua esposa
assistiram ao concerto do dia 25 de junho.

No Jubileu participaram compositores e intérpretes da fama internacional.


Entre estes destacou-se Johann Strauss filho, que tocou o violino e dirigiu a
monstruosa orquestra em duas das suas valsas. Devido ao número de músicos e aos
enormes espaços envolvidos (teria havido cem sub-diretores de orquestra), a
qualidade das interpretações deixou a desejar, mas o evento foi saudado como um
esforço válido para a educação musical da população estadunidense.180
31

Vista externa181 Vista Interna182


Coliseu de Boston (Jubileu de 1872)

Strauss, o valsando, tradução que lembra a construção inglesa waltzing Strauss, em


que o gerúndio é usado em função adjetival. Como curiosidade mencionamos que nas
suas pregações, Moody e Sankey condenavam a valsa por “conduzir milhares de
almas ao abismo da perdição”.183

Finalmente há uma referência indireta ao imperador brasileiro na estrofe 106:

Estrofe 106:

—No Espírito-Sancto d’escravos


Ha somente um Imperador ;
No dos livres, verso
Reverso,
É tudo coroado Senhor ! 184

A estrofe compara, mais uma vez, os regimes de governo no Brasil e nos


Estados Unidos e critica a escravidão ainda existente no Brasil. Afirma que o título de
Imperador no Brasil é consequência de um folguedo de escravos, enquanto que, nos
Estados Unidos, cada homem é um rei, por viver numa sociedade livre.

A festa do Divino Espírito Santo, que teria sido instituída pelo rei Dom Dinis e a
rainha Dona Isabel de Portugal, no século XIII, era festa muito celebrada no Brasil,
mantendo a sua popularidade até nossos dias. Câmara Cascudo, falando sobre a
festa do Divino, escreve:

“Da popularidade da folia do Divino, basta lembrar que José Bonifácio


preferiu o título de ‘Imperador’ ao de Rei por aquele ser mais conhecido e
amado pelo Povo, no hábito de Imperador do Divino. Essa é a razão de Dom
Pedro I ter sido Imperador e não Rei do Brasil”.185

A Festa do Divino em Alcântara (MA), onde Sousândrade morou, é famosa até


os nossos dias.
32

A referência ao fato de todos serem reis na “terra dos livres” (land of the free –
como reza a letra do Star-Spangled Banner, poema patriótico norte-americano — e
hoje hino nacional do país — traduzido por Dom Pedro II) é motivo de ironia num
editorial do New York Herald, que afirma ser Dom Pedro ‘o primeiro imperador a ser
visto neste solo imperial, onde todos são imperadores.’

A terra onde todos são imperadores


New York Herald (22-abr-1876)

O conceito de cada norte-americano ser um rei começou a ser usado após a


independência do país em 1776. Um dos primeiros autores a popularizar a expressão
foi Philip Freneau, que em 1792 escreveu: “Num governo livre todo homem é um rei,
toda mulher é uma rainha.”186 Lemos numa publicação posterior (1840): “O triunfo do
povo Americano sobre a tirania y a opressão, que nos legou instituições e leis e fez de
cada homem um rei...” 187

Comentários Finais

É claro o tom crítico de Sousândrade ao referir-se a Dom Pedro II no Inferno de


Wall Street. Contudo, as críticas não são tão contundentes como no resto da sua obra
poética. Dom Pedro é frequentemente retratado através dos olhos da imprensa
norte-americana, confirmando a afirmação da Memorabilia da edição nova-iorquina
(1877) onde Sousândrade escreve: o Auctor conservou nomes proprios tirados á maior
parte de jornaes de New York e sob a impressão que produziam.188

Os jornais estadunidenses ironizam o caráter “republicano” que alguns


queriam impingir no imperador, talvez em contraposição ao caráter “imperial” com
que viam a administração do Presidente Grant. Com raras exceções, como na
aparente falha na visita protocolar a Grant (estrofe 49)189, a avaliação de Dom Pedro
pelo povo foi muito favorável. Sua laboriosidade e vontade de conhecer o
funcionamento da sociedade norte-americana foram diversas vezes contrastadas com
o descaso e a corrupção dos políticos locais. Os seus protestos para ser tratado como
um cidadão comum também angariaram a simpatia popular.

Num longo intercâmbio entre Dom Pedro e o Presidente Grant, imaginado por
Sousândrade (estrofes 54 a 69), o imperador até alardeia uma superioridade moral,
questionando Grant sobre os escândalos na sua administração. É verdade que, neste
trecho, Sousândrade intercala duas estrofes sobre os artistas áulicos no Brasil e a sua
exaltação do imperador. Mesmo aqui há um reconhecimento (pela enumeração das
obras citadas: Timbiras, Colombo, [Confederação dos] Tamoios) da temática patriótica
33

propiciada por Dom Pedro. Na estrofe 62 o imperador aparece nauseado d’incensos,


enquanto Grant os aspira.

Este tom diverge do condenatório adotado em outros cantos d’O Guesa:

— Quem são maus, os escravos ? Os senhôres !


— Quem, os povos ? Os ruins imperadores ! 190

Os rêis não correspondem-se co'o pobre.


191
" O que é de Cesar, pela grande porta :

Eu sou o Americano sem títulos


Que derriba imperadores;192

Na mesma veia, em O Guesa o Zac, continuação do Canto XII d’O Guesa,


publicado na imprensa maranhense poucas semanas antes do falecimento de
Sousândrade, o poeta aproveita seus últimos suspiros para invectivar o imperador
derrocado, que tinha falecido uma década antes da publicação dos versos abaixo:

Não dizias-te um Republicano?


Vem! vem ser cidadão soberano
Da democracia áurea pura a surgir! 193

Na mesma publicação Sousândrade relembra o subsídio educativo negado a


ele pelo imperador, fato que o teria proscrito do Brasil, como o poeta latino Ovídio o
foi em Tomis pelo imperador Augusto. Lembra ainda o subsídio oferecido pelo
Governo Provisório a Dom Pedro para sua manutenção no exílio, não mencionando,
porém, que o imperador declinou o oferecimento de cinco mil contos de reis:194

E ouve, ah! ah! proscrevias Ovídio


E és agora o proscrito! o subsídio
Que tu lhe negaste prudente, o hás, que não
195
Tenhas fome no exílio, ó Monarca,

Já no Inferno de Wall Street, as críticas são geralmente veladas, como quando


compara a monarquia brasileira ao rochedo de New Marlborough (estrofe 10), rocha de
40 toneladas que podia ser balançada por uma pessoa. 196 As críticas diretas são menos
frequentes, como na estrofe 147: Rei julgado limpo fóra, e sujo dentro do seu reino.

Outra possível referência indireta à monarquia brasileira (e ao alegado


republicanismo de Dom Pedro) já foi mencionada numa publicação anterior.197 Os
versos que antecedem o início do Inferno de Wall Street: Heis classica Pharsalia em dia
algente / No Hudson,198 podem estar relacionados com a frase de Goethe:

A velha noite de Walpurgis é monárquica, na medida em que o demônio é nela


respeitado como chefe. Mas a noite de Walpurgis clássica é republicana;199

Podemos concluir que, apesar da conhecida animadversão que Dom Pedro II


lhe inspirava, Sousândrade retrata a presença do imperador no Inferno de Wall Street à
34

luz da recepção favorável que o monarca brasileiro recebeu da imprensa e o povo


norte-americanos durante a sua visita aos Estados Unidos.200
1
Torres-Marchal, Carlos. Dom Pedro II no Inferno de Wall Street – I. Disponível em: http://www.
revistaeutomia.com.br/volumes/Ano4-Volume1/artigo-capa/DPEDROWALLSTREETI.pdf. Acesso
em: 30-jan-2012.
2
Torres-Marchal, Carlos. Dom Pedro II no Inferno de Wall Street – II. Disponível em: http://www.
revistaeutomia. com.br/ v2/wp-content/uploads /2011/12/CAPA_p.1-392.pdf Acesso em: 30-jan-
2012.
3
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 64, p. 242.
4
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 67, p. 242.
5
Afonso X, o Sábio. (Mettmann, Walter, ed.) Cantigas De Santa Maria. v. 2. Coimbra: a Universidade,
1961, p. 235. Cantiga 193 Sobelos fondos do mar.
6
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, Canto XI, p. 286.
7
Sousândrade, Joaquim de, Harpa de Ouro. in Williams, Frederick G. e Jomar Moraes, Sousândrade –
Prosa, São Luís, SIOGE, 1979, p. 441.Estrofe 157
8
Hall, Edith. Introduction: ‘A Valuable Lesson’ in Alston, Richard; Hall, Edith; McConnell, Justine.
Ancient Slavery and Abolition: From Hobbes to Hollywood. Oxford: Oxford University Press, 2011, p.
18.
9
Disponível no endereço: http://jean_paul.gourevitch.perso.sfr.fr/propagande/album1.html Acesso:
12-fev-2012. Pôster revolucionário (1793).
10
Disponível no endereço: http://www.deuframat.de/deuframat/images/3/3_2/fekl/abb5_kl.jpg
Acesso: 12-fev-2012.
11
Moeda de um cêntimo da Segunda República. Gravador Dupré (1848) Disponível no endereço:
http://images3.numishop.eu/images/moderne/fmd_065959.jpg. Acesso: 12-fev-2012.
12
Platão. A República (3 ed.). Benjamin Jowett (trad.). Oxford: Clarendon Press, 1908, v. 1. Livro IV, §
434 b-c.
13
Jowett, Benjamin. Introduction and Analysis in The Republic of Plato: translated into English. Oxford:
Clarendon Press, 1908, v. 1 – p. 53
14
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 68, p. 242.
15
Brazil – The Emperor and the Exhibition. Public Ledger and Daily Transcript (Filadélfia), 14-jul-1876 in
Dom Pedro in the U.S., album de recortes jornalísticos. Biblioteca Oliveira Lima. Catholic
University, Washington D.C.
16
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 24, p. 235.
17
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 103, p. 247.
18
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 147, p. 255.
19
Torres-Marchal, Carlos. Dom Pedro II no Inferno de Wall Street – I. Disponível em: http://www.
revistaeutomia. com.br/ v2/wp-content/uploads /2011/12/CAPA_p.1-392.pdf Acesso em: 30-jan-
2012.
20
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 126, p. 251.
21
Fellman, Michael; Gordon, Lesley Jill ; Sutherland, Daniel E. This terrible war: the Civil War and its
aftermath. Nova Iorque: Longman, 2003, p. 205
22
Notamos ainda que os gorilas eram pouco conhecidos nos Estados Unidos: o primeiro exemplar
(empalhado) a ser visto no país foi colocado em exposição na Universidade de Rochester em 1864,
só 13 anos antes da publicação do Inferno de Wall Street, pelo professor Henry A. Ward [McKelvey,
Blake. Rochester, the flower city: 1855-1890. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1949, p.
193]
23
Bonekemper, Edward, H. McClellan and failure: a study of Civil War fear, incompetence and worse.
Jefferson (NC): McFarland & Company, Inc., 2007, p. 37
35

24
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 96, p. 242.
25
Newton, Isaac. Mathematical Principles of natural philosophy, (Motte, Andrew, trad.; Cajori, Florian,
coment.). Berkeley: University of California Press, 1934. Livro III: o sistema do mundo. Proposição
XIX. Questão III. Achar a proporção entre o eixo de um planeta e os diâmetros perpendiculares a
este. p. 424-428. Proposição XX. Questão IV. Achar e comparar os pesos de corpos em regiões
diferentes da nossa Terra. p. 428-433.
26
Oakes, Elizabeth H. Encyclopedia of world scientists (rev. ed.) 2 vols., New York: Infobase Publishing,
2007. Vol. 1 p. 125-126. Cassini, Giovanni Domenico.
27
La Condamine, [Charles-Marie]. Relation Abrégée d’un Voyage Fait dans l’intérieur de l’Amérique
Méridionale. Paris: chez la Veuve Pissot, 1745.
28
Murdin, Paul. Full meridian of glory: perilous adventures in the competition to measure the Earth.
Nova Iorque: Copernicus Books - Springer, 2009, p. 64.
29
Tiffin, Walter F. Gossip about portraits: principally engraved portraits. Londres: H. G. Bohn, 1866, p.
44.
30
Ce Globe mal connu, qu'il a sçu mesurer, / Devient un Monument où sa gloire se fonde, / Son sort est de
fixer la figure du Monde, / De lui plaire et de l'éclairer. Tiffin, Walter F. Gossip about portraits:
principally engraved portraits. Londres: H. G. Bohn, 1866, p. 44.
31
Voltaire, Francois Marie Arouet de. Quatrième Discours. De la modération en tout (p. 30-35). in
Oeuvres Complètes. [Kehl, Baden]: Imprimerie de la Société Littéraire-Typographique, 1784. Tomo
12°. p. 31
32
Maupertuis, Pierre Louis Moreau de. Lettre sur le progrès des sciences, s.l., s.ed., 1752. p. 120. « on
n’avait jamais rien écrit de si ridicule & de si fou. Le bon homme proposait sérieusement de faire un
voyage droit aux deux Poles »
33
Anônimo [Voltaire, Francois Marie Arouet de] Diatribe du Docteur Akakia, Medecin du Pape; Decret
de l’Inquisition et Rapport des Professeurs de Rome, au sujet d’un Pretendu Président. Roma, 1753
34
Disponível em : http://timetoeatthedogs.files.wordpress.com/2010/10/maupertuis1.jpg Acesso em
18-out-2011
35
Disponível em: http://www.bibliotecamai.org/ Acesso em 18-out-2011
36
Voltaire, Francois Marie Arouet de. Mémoires. Londres : Robinson, 1784, p. 120
37
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 257 – Inferno de Wall
Street. estrofe 155
38
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 259 – Inferno de Wall
Street. estrofe 167.
39
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 308 – Canto XI.
40
Voltaire [François-Marie Arouet], La Henriade, Paris, Feret, 1832. p. 47
41
Sousândrade, Joaquim de. Liras Perdidas in Williams, Frederick G.; Moraes, Jomar, eds. Poesia e
Prosa Reunidas. São Luís: Edições AML, 2003. p.461-462.
42
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 233 – Inferno de Wall
Street. estrofe 14.
43
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 241 – Inferno de Wall
Street. estrofe 57.
44
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 246 – Inferno de Wall
Street. estrofe 91.
45
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 259 – Inferno de Wall
Street. estrofe 165.
46
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 260 – Inferno de Wall
Street. estrofe 174.
47
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 36 – Canto II -
Tatuturema.
48
Borges Grainha, Manuel. Os Jesuítas e as congregações religiosas em Portugal nos últimos trinta anos.
Porto: Typ. da Empreza Litteraria y Typographica, 1891. in Simões, Manuel. Camilo, apologista dos
jesuítas. Lusitânia Sacra (Lisboa), 2ª Serie, 5:299-317 (1993), p. 302
49
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 64 – Canto III.
50
S.A. [Sousândrade, Joaquim de]. Anchieta, ou o Evangelho nas Selvas. O Novo Mundo (Nova
Iorque), 23-fev-1876, p. 103.
36

51
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 75, p. 243.
52
Camões, Luís de. Obras Completas, vol. 3. Hamburgo: na Officina Typographica de Langhoff, 1834.
p. 172. Elegia IV
53
Salgado, Antônio Júnior, Apêndices/Elucidário in Camões, Luís de, Obra Completa, Rio de Janeiro,
Editora Nova Aguilar S/A, 1988. p. 1017
54
Camões, Luis de, Lusíadas, Canto Terceiro, Estrofe 21 in Obra Completa. Rio de Janeiro, Editora
Nova Aguilar S/A, 1988. p. 65.
55
Castilho, A. F. de, Conversação Preambular, in Ribeiro, Thomaz. D. Jayme: ou a dominação de
Castella. Lisboa: Typ. da Sociedade Typographica Franco-Portugueza, 1862. p. LXXXIII - LXXXV. -
Conversacao Preambular. p. ix – lx.
56
Torres-Marchal, Carlos. Dom Pedro II no Inferno de Wall Street – I. Disponível em: http://www.
revistaeutomia.com.br/volumes/Ano4-Volume1/artigo-capa/DPEDROWALLSTREETI.pdf. Acesso
em: 30-jan-2012.
57
Torres-Marchal, Carlos. Sousândrade: poeta-astrônomo. Revista Eutomia, ano 2, vol. 1, p. 07-29.
Disponível em: http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/Ano2-Volume1/especial-
destaques/Sousandrade-Astronomo_Carlos-Torres-Marchal.pdf Acesso em: 23-abr-2012.
58
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 105, p. 248.
59
ver estrofe 54: “—De greenback as almas saúdam / Ao ventre de oiro Imperador!“ in Torres-Marchal,
Carlos. Disponível em: http://www.revistaeutomia.com.br/v2/wp-content/ uploads /2011/12/CAPA_p.1-
392.pdf Acesso em: 30-jan-2012.
60
Graham, Frank D. International Trade Under Depreciated Paper. The United States, 1862-79.
Quarterly Journal of Economics, v. 36(2):220-273, 22-feb-1922, p. 237
61
Keller, Helen Rex, The Dictionary of Dates (In Two Volumes). Volume II - The New World, Nova Iorque,
The MacMillan Co., 1934, p. 188.
62
New-York Daily Tribune (Nova Iorque), 01 de fevereiro, 1878, pág. 3, col. 5.
63
Souza-Andrade, Joaquim de. Obras Poéticas. Primeiro Volume. Nova Iorque, s. ed., 1874.
Dedicatória manuscrita do autor para Ferdinand Denis na cópia pertencente à Bibliothèque Sainte
Geneviève, Paris. Número de registro: Delta 43459 FA. Consultada em junho de 2012.
64
Whitman, Walt. Two Rivulets: including Democratic Vistas, Centennial Songs, and Passage to India.
Camden (NJ): edição do autor, 1876. Passage to India, p. 11.
65
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
Street, estrofe 141, p. 254.
66
New York Herald (Nova Iorque), 16 de abril de 1876, p. 7 in Dom Pedro in the U.S. [album de recortes
jornalísticos. Biblioteca Oliveira Lima. Catholic University, Washington D.C.]. Desde o ínicio da
década de 1860 o Herald empregava o processo papel machê de estereotipia, que permitia a impressão
de páginas inteiras em várias rotativas simultaneamente.
67
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 36 – Canto II, p. 41.
68
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, Canto II, Tatuturema, p.27
69
Na primeira versão do trecho, lemos: E é lei por uso... Semanário Maranhense (São Luís), N° 5, 29 de
setembro de 1867, p. 6.
70
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, Canto II - p.42
71
Torres-Marchal, Carlos. A lenda do Tatuturema, Eutomia – Ano II, N°2, Dezembro de 2009, p. 1-38.
Disponível em : http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/Ano2-Volume2/artigo-capa/A-lenda-
do-Tatuturema.pdf. Acesso em 21-nov-2011.
72
Crockett, Albert Stevens, When James Gordon Bennett Was Caliph of Bagdad, New York, Funk &
Wagnalls Company, 1926, pp. 14-15.
73
Seitz, Don Carlos, The James Gordon Bennetts, New York, Beekman Publishers Inc., 1974.
[Reprodução da edição publicada por Bobbs-Merrill, Indianapolis, 1928], p. 204.
74
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.237 - Inferno de Wall
Street, estrofe 35.
75
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.254 - Inferno de Wall
Street, estrofe 140.
76
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.256 - Inferno de Wall
Street, estrofe 150.
37

77
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.260 - Inferno de Wall
Street, estrofe 173.
78
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.254 - Inferno de Wall
Street, estrofe 142.
79
New York Herald (Nova Iorque), 16 de abril de 1876, p. 7 in Dom Pedro in the U.S. [album de recortes
jornalísticos. Biblioteca Oliveira Lima. Catholic University, Washington D.C.].
80
Bíblia. Livro de Daniel 5:25-28.
81
Torres-Marchal, Carlos. Contribuições para uma biografia de Sousândrade. Revista Eutomia Ano 3
n° 1, julho de 2010. p. 1-20. Disponível em http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/Ano3-
Volume1/artigo-capa/Contribuicoes-para-uma-biografia-de-Sousandrade.pdf Acesso em 20-abr-
2011. p. 5
82
Sousândrade, Joaquim de, Harpas Eólias, São Luís, B. de Mattos, 1870, p. 139-40.
83
Sousândrade, Joaquim de, Harpas Selvagens, Rio de Janeiro, Laemmert, 1857, pp. 21-22.
84
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa, o Zac in O Guesa, edição fac-similar promovida por Jomar
Moraes, São Luís, 1979, p. 363 (estrofe 58).
85
Sousândrade, Joaquim de, Centelhas, O Novo Brasil (São Luís), 15 de abril de 1889, p. 1. in Williams,
Frederick G. e Jomar Moraes, Sousândrade – Prosa, São Luís, SIOGE, 1979, p. 68.
86
Larchey, Loredan, Dictionnaire Historique d'Argot, 9. Ed., Paris, E. Dentu, 1881, p. 326.
87
The New York Herald (Nova Iorque), 17 de abril de 1876.
88
Artigo jornalístico não identificado em ‘Dom Pedro in the U.S.”, album de recortes jornalísticos.
Biblioteca Oliveira Lima. Catholic University, Washington D.C.
89
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Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964, Tomo I. p. 149.
95
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.231 - Inferno de Wall
Street, estrofe 5.
96
Ver, por exemplo, o site: http://oregonstate.edu/cla/polisci/faculty-research/sahr/sahr.htm Acesso
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97
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& 27° Victoriae, 1863. Vol. CLXXII. Comprising the period from the first day of July 1863 to the
twenty-eighth day of July 1863. Fourth and Last Volume of the Session. London: Cornelius Buck,
1863, col 915. “On the 5th December he [Mr. Christie] wrote, demanding compensation, and stated
that £ 5,000 was the sum which the owner [of the Prince of Wales] claimed for cargo and freight...”
98
Torres-Marchal, Carlos. Dom Pedro II no Inferno de Wall Street – II. Disponível em: http://www.
revistaeutomia. com.br/v2/wp-content/uploads /2011/12/CAPA_p.1-392.pdf Acesso em: 30-jan-
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Hugo, Victor. La Guerre d’Orient (29 novembre 1854) in Actes et Paroles – Pendant l’Éxil (1852-1870).
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Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto X, Inferno de Wall
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Biblioteca Oliveira Lima. Catholic University, Washington D.C.
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Galippe, V. L’Herédité des Stigmates de Dégénérescence et les familles souveraines. Paris : Masson et
Cie., 1905.
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Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.259 - Inferno de Wall
Street, estrofe 170.
111
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.249 - Inferno de Wall
Street, estrofe 115.
112
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.254 - Inferno de Wall
Street, estrofe 143.
113
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.256 - Inferno de Wall
Street, estrofe 154.
114
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.260 - Inferno de Wall
Street, estrofe 172.
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Campos, Humberto de, O Brasil Anedotico, Rio de Janeiro, Livro do Mes S.A., 1962, p. 149.
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Rivet, Gustave. Victor Hugo chez lui. Paris, Maurice Dreyfous, 1877, p. 292
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Disponível em: http://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Jules_grevy.jpg Acesso em: 13-fev-2011.
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Moraes, Evaristo de, Um Erro Judiciário: O Caso Pontes Visgueiro, Rio de Janeiro, Ariel Editora Ltda.,
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Camões, Luiz de. Lusíadas. III-136.
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Selon d'autres traditions, Fomagata étoit originairement un prince cruel. Sousândrade, Joaquim de.
O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. p. ii [Introdução].
135
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto VI p. 138.
136
Carneiro, Alessandra, Do tatu fúnebre ao Lar-titú: implicações do Indianismo no canto segundo do
poema O guesa, de Sousândrade. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
39

Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas. São


Paulo, 2011.
137
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 37 – Canto II -
Tatuturema.
138
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 30 – Canto II -
Tatuturema.
139
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 37 – Canto II -
Tatuturema.
140
Instituto Antônio Houaiss. Dicionário Eletrônico Houaiss. v. 1.0 – Dezembro de 2001.
141
Schüler, Arnaldo. Dicionário enciclopédico de teologia. Canoas: Ed. ULBRA, 2002.
142
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 40 – Canto II –
Tatuturema; Também em Obras Poéticas (1874) p. 42.
143
Diccionario portátil das palavras, termos e frase, que em Portugal antigamente se usarão e que hoje
regularmente se ignorão. Coimbra: Real Imprensa da Universidade, 1825.
144
Sousândrade, Joaquim de, O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p. 92 – Canto V
145
Instituto Antônio Houaiss. Dicionário Eletrônico Houaiss, v.1.0, dez. 2001
146
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.248 - Inferno de Wall
Street, estrofe 104.
147
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.218 – Canto X.
148
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.219 – Canto X.
149
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.239 - Inferno de Wall
Street, estrofe 47.
150
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.239 - Inferno de Wall
Street, estrofe 50.
151
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.239 - Inferno de Wall
Street, estrofe 51. O Main Building (Edifício Principal) era a maior edificação da Feira.
152
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.241 - Inferno de Wall
Street, estrofe 59.
153
Brown, Dee [Alexander], "The Year of the Century: 1876," New York, Charles Scribner's Sons, 1966.
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American Independence), Boston: Riverside Press, 1876.
156
How we Get our News. Harper’s New Monthly Magazine. 34(202):511-522, mar-1867. … each paper
employs in that department from ten to twenty men, known as “Reporters”… p. 521.
157
The Revival Services. New York Times (Nova Iorque), 17-abr-1876, p. 8. “The Emperor of Brazil, Dom
Pedro, was among the auditors at the evening services, and occupied a prominent seat upon the
platform beside Mr. Moody. He greeted both Mr. Moody and Mr. Sankey cordially, and paid the closest
attention to the singing and preaching.”
158
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, Canto X p.201.
159
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.234 - Inferno de Wall
Street, estrofe 18.
160
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.235 - Inferno de Wall
Street, estrofe 26.
161
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.238 - Inferno de Wall
Street, estrofe 42.
162
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.240 - Inferno de Wall
Street, estrofe 55.
163
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.234 - Inferno de Wall
Street, estrofe 22.
164
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.235 - Inferno de Wall
Street, estrofe 26.
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_Gutenberg _eText_19830.jpg Acesso em: 14-fev-2012.
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the Park Theatre. New York Times (Nova Iorque), 30-dez-1874, p. 5.
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Disponível em: http://commons.trincoll.edu/watkinson/files/2010/09/Barnum.jpg Acesso em 13-fev-
2012.
177
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the Clergy of all denominations, and all the best people of our land”.
178
Gilmore, Patrick Sarsfield in Johnson, Rossiter (ed.) Dictionary of American Biography (vol. 4 –
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179
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180
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181
Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4d/Coliseum-Worlds-Peace-
Jubilee.jpeg Acesso e 14-fev-2012.
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Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/67/PeaceJubilee_Coliseum_
Interior_1872.jpg Acesso em 14-fev-2012.
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Brown, Dee [Alexander], The Year of the Century: 1876, New York, Charles Scribner's Sons, 1966, pp.
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Cascudo, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro (3 ed), vol 1, A–I [Coleção Dicionários
especializados, 3]. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1972. p. 338.
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Freneau, Philip Morin; Marsh, Philip Merrill (ed.). Prose. New Brunswick (NJ): Scarecrow Press, 1955
p. 293-294. “In a free government every man is a king, every woman is a queen; each should
preserve the individual sovereignty guaranteed by our constitution that ‘ALL MEN ARE BORN
EQUALLY FREE’. “
187
Barray, A. C. The Great Celebration. Evangelical magazine and gospel advocate, vol. 13 (nova série),
n° 48, 02-dez-1842. Utica: Grosh & Walker, 1842, p. 382. “The triumph of the American people over
tyranny and oppression, and which has given us our institutions and laws, and made every man a
king”.
188
Sousândrade, Joaquim de. Guesa Errante. Nova Iorque: s.e., 1877. Memorabilia p. III
189
Torres-Marchal, Carlos. Dom Pedro II no Inferno de Wall Street – I. Disponível em: http://www.
revistaeutomia. com.br/ v2/wp-content/uploads /2011/12/CAPA_p.1-392.pdf Acesso em: 30-jan-
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190
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191
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887. Canto I, p. 15.
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Prosa Reunidas. São Luís: Edições AML, 2003. p.461-462.
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Moraes, São Luís, 1979, p. 363 (estrofe 60).
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Sousândrade, Joaquim de, O Guesa, o Zac in O Guesa, edição fac-similar promovida por Jomar
Moraes, São Luís, 1979, p. 363 (estrofe 59).
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Torres-Marchal, Carlos. Dom Pedro II no Inferno de Wall Street – I. Disponível em: http://www.
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em: 30-jan-2012, p. 9
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Torres-Marchal, Carlos. Crônicas do Inferno. Revista Eutomia, Ano I, N° 1, p. 7-31. p. 16. Disponível
em: http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/Ano1-Volume1/especial-destaques/Cronicas-do-
Inferno_Carlos-Torres-Marchal.pdf
198
Sousândrade, Joaquim de. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1887, p.230.
199
Eckermann, Johann Peter, Conversations with Goethe in the Last Years of His Life [S. M. Fuller, trad],
Boston, Hilliard, Gray & Co., 1839, p. 371 – Conversação mantida na segunda-feira, 21 de fevereiro
de 1832. (tradução nossa)
200
Agradecemos a Alessandra da Silva Carneiro, pesquisadora de Sousândrade, seus valiosos
comentários ao manuscrito deste trabalho.

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