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Resumo
Os contemporâneos de Luís XIV mostravam um grande interesse pelos complôs e conspirações, como se pode ver nas
numerosas publicações históricas e romances dedicados às conspirações estrangeiras, bem como nas edições dos primeiros
autores que escreveram sobre esses episódios. No entanto, este interesse assume formas muito específicas: não há
praticamente nenhuma menção a conspirações na história de França, a não ser para evocar traições com países estrangeiros.
Três exemplos da Antiguidade (as conspirações de Catilina, de Chae-reas e de Pison) põem em evidência diferentes formas de
censura, todas elas sublinhando uma vontade de desviar a atenção das questões políticas e das lutas de poder evocadas por
Maquiavel, cujos escritos eram desaprovados na época. Aos olhos dos contemporâneos, a construção de uma ordem política
estável exigia a condenação de todas as formas de dissidência, incluindo as dirigidas contra príncipes maléficos como Calígula
e Nero.
Grell Chantal. Le modèle antique dans l'imaginaire du complot en France au XVIIe siècle. In: Complots et conjurations dans
l'Europe moderne. Actes du colloque international organisé à Rome, 30 septembre-2 octobre 1993. Roma: École Française de
Rome, 1996. pp. 163-176. (Publications de l'École française de Rome, 220);
https://www.persee.fr/doc/efr_0223-5099_1996_act_220_1_4981
3 "O abade de Saint-Réal, depois da sua morte, tem em comum com um dos
génios agradáveis do século passado (Saint-Évremond) o facto de que ninguém
poderia ter tomado um melhor caminho para produzir com sucesso várias
pequenas obras do que publicá-las sob o seu nome. O livreiro Barbin foi muito
bem sucedido neste tipo de engano. Quando via que as obras de um autor eram
bem recebidas pelo público, era raro que, após a sua morte, não encontrasse
logo obras póstumas atribuídas a ele. Para isso, recorria a alguns daqueles
escritores que sabiam manejar a pena suficientemente bem para assumir o tom e
o estilo de um autor, e mandava-os fazer Saint-Évremond e Saint-Réal",
escreveu na advertência à edição in-4° (Paris) de 1745 das Œuvres de Saint-Réal,
p. xviii-xix.
• P. BURKE, suwey o[ the popularity o[ancient historians, /450-/700, in
História e teoria, V, 19ó6, p. 135-152.
166 CHANTAL GRELL
2
S INT-RfiAL Œtivres, ed. Paris, 1745 in-4°, II, p. 897. The author defines his
subject as follows: "I do not know whether my judgement is seduced by the love of
the subject I have taken on; but I confess ingenuously that it seems to me that no
one has ever seen better what prudence can do in the affairs of the world, and
what chance can do, the full extent of the human mind, and its various limits, its
greatest heights and its most secret weaknesses, the infinite care that must be
taken in governing mankind, the difference between good subtlety and bad,
between skilful and clever, between the good and the bad, between the good and
the bad, between the good and the bad, between the good and the bad, between
the good and the bad, between the good and the bad, between the good and the
bad, between the good and the bad, between the good and the bad, between the
good and the bad, between the good and the bad.s homens, a diferença entre a
boa subtileza e a má subtileza, entre a habilidade e a finura. E se a malícia nunca
é mais detestável do que quando abusa das coisas mais excelentes, sem dúvida
conceberemos muito horror por esta história, quando vemos qualidades muito
grandes empregadas para um fim detestável. (p. 897).
3 "Lúcio Catilina provinha de uma boa família. Tinha uma grande riqueza de
dćtails, eurent même la cruautć de manger sa chair; il y eut aussi qiii liii cø- pèrent
les parties qui avaient servi à ses infâmies", Histoire des Empereurs, ed. Bruxelles,
1692, I-1, p. 303.
2
' MACHIAVEL, Œurres, ed. cit, p. 618.
2* CœFFETEAU, Histoire romaine, ed. 1647, I, p. 638.
27
Epicaris, in Œuvres de Saint-Réal, ed. cit. III, p.455.
O MODELO ANTI-GUERRA NA IMAGINAÇÃO CONSPIRATIVA 173
"P. BAYLE, Dictiotlnaire li istc'riqtie et cril ique, artigo "Cassius Chærea", re-
marca D em óptimo.