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MARINHA DO BRASIL

SECRETARIA-GERAL DA MARINHA
70/010.01

Brasília, DF, 24 de fevereiro de 2023.

CIRCULAR Nº 34/2023

Assunto: Ocupação de Próprios Nacionais Residenciais (PNR), em condições especiais

Referências: A) Lei no 6.880/1980;


B) Lei no 9.636/1998;
C) ABNT NBR 5674 (Manutenção de edificações – Procedimentos); e
D) SGM-104 (6a Revisão).

Anexo: Rol taxativo de serviços comuns de engenharia.

1. PROPÓSITO
A presente norma visa potencializar a capacidade da Força Naval e proporcionar qualidade
de vida aos permissionários de Próprios Nacionais Residências (PNR), em consonância com o
as prerrogativas da atividade militar, à luz da alínea i, inciso IV, art. 50 da referência A, por
meio do emprego da cessão de uso, na espécie permissão de uso, em condições especiais,
admitida pela vigente legislação federal, conforme dispõe o §10, art. 18 da referência B.

2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em complemento às orientações contidas na referência C, o presente normativo facultará
ao Administrador Naval contar com mais uma ferramenta na tarefa de conservar, manutenir
e recuperar as condições de habitabilidade dos PNR.
A cessão de uso em condições especiais, na espécie permissão de uso, prevê a
contrapartida não onerosa, aquela em que não há transferência de recursos financeiros.
A aplicação desse recurso de gestão permite ao futuro permissionário promover melhorias
necessárias e úteis no imóvel pretendido e, em decorrência, ser dispensado do recolhimento
da taxa de uso, no montante equivalente às despesas suportadas, conforme instruções
constantes nesta Circular.
Ressalta-se que o interesse público é complementado pela formação da consciência
organizacional no tocante à responsabilidade comum pela manutenção, conservação e
recuperação do patrimônio imobiliário.
Em síntese, a medida em que o permissionário tem a oportunidade de investir no imóvel,
em benefício de sua família, passa a estar comprometido com a preservação dele. Dessa
maneira, a medida normativa fomenta benefícios recíprocos à Família Naval e aos bens
públicos imóveis tutelados pela Marinha do Brasil.
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Continuação da Circ no 34/2023, da SGM.

3. INSTRUÇÕES
3.1. Definições
Para os fins dispostos nesta Circular, considera-se:
a) Permissionário: é o responsável pelo Próprio Nacional Residencial (PNR), em
decorrência de sua ocupação regular;
b) Organização Militar Responsável (OMR): é aquela que tem a atribuição de
administrar os PNR;
c) Contrapartida não financeira: compensação pela contratação de serviços ou
aquisição de material por parte de permissionário com o objetivo de recuperar a condição de
habitação do PNR, dispensando o pagamento de taxa de uso, nos termos e prazos fixados na
presente Circular;
d) Taxa de uso: valor mensal devido pela ocupação regular de PNR, descontado
preferencialmente em Bilhete de Pagamento (BP); e
e) Despesas de manutenção: são despesas necessárias e destinadas a recuperar as
condições de habitabilidade do PNR.
3.2. Responsabilidades
A organização militar, a qual o PNR estiver vinculado, é a responsável pela análise e
aprovação dos requerimentos que visem a ocupação de PNR por meio de contrapartida não
financeira.
O potencial permissionário é responsável pela fiel execução das contrapartidas e
veracidade das informações constantes do requerimento, bem como pela autenticidade dos
documentos fornecidas à OMR.
3.3. Requisitos
São condições necessárias para o emprego da modalidade de contrapartida não
financeira:
a) Existência de PNR não ocupado, em razão de necessidade de serviço de
manutenção e conservação;
b) Falta ou insuficiência de pessoal especializado na OM em serviço de manutenção
residencial ou predial;
c) Falta ou indisponibilidade de recursos orçamentários para o custeio das despesas
com manutenção de PNR; e
d) Necessidade de ocupação imediata por parte do militar requerente.
Identificada uma ou mais condições citadas acima, poderá a OMR deferir o
requerimento do permissionário que requer a ocupação do PNR por meio da modalidade não
financeira, desde que os serviços e materiais requeridos restrinjam-se às despesas de
conservação, manutenção e recuperação das condições de habitabilidade dos PNR, conforme
relação anexa.
3.4. Procedimento
O processo de permissão de uso, na modalidade de contrapartida não financeira,
deverá observar os seguintes procedimentos:
a) Requerimento administrativo do potencial permissionário ao Titular da OM, ou ao
OD, via Superintendência do Patrimônio Imobiliário Distrital, Prefeitura Naval da OMR ou
Divisão responsável pela administração dos PNR, o qual deverá conter:
I) indicação do PNR pretendido;
II) serviços de manutenção a serem executados, podendo conter, se for o caso, o tipo
e quantidade de material empregado;
III) orçamentos para os serviços e materiais, em pelo menos três empresas;
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IV) cronograma de execução dos serviços; e
V) exposição de motivos.
b) O Requerimento para o uso da contrapartida não financeira deverá ser
fundamentado por consistente exposição de motivos.
c) Vistoria inicial do imóvel pelo futuro permissionário, ou representante legal, e de
militar(es) da Superintendência do Patrimônio Imobiliário Distrital, Prefeitura Naval da OMR
ou Divisão responsável pela administração dos PNR;
d) Manifestação formal, por meio de Laudo de Vistoria, da Superintendência do
Patrimônio Imobiliário Distrital, Prefeitura Naval da OMR ou Divisão responsável pela
administração dos PNR que deverá abordar:
I) análise dos orçamentos, de acordo com parâmetros utilizados nas normas que
regulam o processo de pesquisas de preços, e informações que dizem respeito à empresa
vencedora;
II) compatibilidade de mercado em relação ao valor total dos serviços;
III) prazo para conclusão dos serviços;
IV) quantidade de meses de ocupação que poderão ser concedidos a título de
contrapartida não financeira; e
V) posicionamento a respeito da concordância ou não da realização dos serviços.
e) Autorização para o início dos serviços pelo Titular da OM, ou por militar com
delegação de competência para o ato administrativo, por meio de despacho que deverá
prever:
I) que o militar só poderá ocupar o PNR, na modalidade contrapartida não
financeira, após a conclusão dos serviços; e
II) a nomeação de Fiscal para acompanhar a execução dos serviços, o qual poderá
solicitar apoio técnico especializado na Superintendência do Patrimônio Imobiliário Distrital,
Prefeitura Naval da OMR ou Divisão responsável pela administração dos PNR.
f) Comunicação da conclusão dos serviços será formalizada pelo Fiscal à
Superintendência do Patrimônio Imobiliário Distrital, Prefeitura Naval da OMR ou Divisão
responsável pela administração dos PNR, por meio de relatório formal e detalhado da
comprovação dos serviços, que deverá conter:
I) orçamentos;
II) memória de cálculo dos quantitativos;
III) fotografia do antes e depois da execução dos serviços;
IV) planilha de medição;
V) custos unitários; e
VI) totais dos materiais e mão de obra.
g) Prestação de contas a ser realizada pelo permissionário, por meio da apresentação
de notas fiscais e comprovantes de pagamento, junto à Superintendência do Patrimônio
Imobiliário Distrital, Prefeitura Naval da OMR ou Divisão responsável pela administração dos
PNR, em até quinze dias após a comunicação da conclusão dos serviços;
h) Validação dos serviços executados que constará em Laudo de Vistoria elaborado
pela Superintendência do Patrimônio Imobiliário Distrital, Prefeitura Naval da OMR ou Divisão
responsável pela administração dos PNR com sugestão de data para ocupação do PNR; e
i) Autorização para ocupação do PNR a ser formalizada por despacho do Titular da
OM, ou por militar com delegação de competência para o ato administrativo, após a validação
dos serviços executados, e deverá dispor sobre:
I) data para ocupação do PNR;
II) tempo de duração da contrapartida não financeira; e
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III) determinação para que a implantação da Taxa de Uso na folha de pagamento do
permissionário ocorra no mês subsequente ao término da contrapartida não financeira.

3.5. Vigência da contraprestação não financeira


O período de vigência para a contraprestação financeira, ou seja, sem a incidência da
Taxa de Uso, não poderá exceder doze meses.
3.6. Despesa autorizada
O valor máximo que o futuro permissionário poderá despender na execução da
contrapartida não financeira será limitado a doze vezes o valor da Taxa de Uso correspondente
ao seu posto ou graduação, desde que não ultrapasse o limite autorizado para a execução de
despesas com dispensa de licitação, previsto na legislação de licitações e contratos em vigor.
3.7. Descumprimento
Nos casos em que o militar deixar de executar algum dos serviços acordados ou não
cumprir o cronograma previsto, o Titular da OM deverá determinar a instauração de
procedimento apuratório sumário, a fim de subsidiar as providências cabíveis, que poderão
ser:
a) Não autorização para ocupação do PNR;
b) Recalcular a equivalência de meses de ocupação do PNR na modalidade não
financeira;
c) Instaurar processo para ressarcimento de despesas; e
d) Outros atos administrativos disciplinares, a critério do Titular da OM.
3.8. Vedações
A contrapartida não financeira não será autorizada quando:
a) A realização de obras, serviço de engenharia ou qualquer outra atividade que por
sua complexidade exija Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), Registro de
Responsabilidade Técnica (RRT) ou a contratação de empresa especializada (organização ou
profissional liberal que exerça função na qual são exigidas qualificação e competência técnica
específicas, conforme referência C);
b) Não houver prévia autorização formal para a realização de serviços de manutenção
e conservação, ou seja, quando ocorrer por iniciativa do permissionário;
c) Houver previsão de movimentação ou transferência para reserva do permissionário
nos próximos doze meses, contados a partir da data do requerimento; e
d) O PNR já estiver ocupado.
3.9. Ressarcimento de despesas
Caso ocorra desocupação em razão de movimentação por interesse do serviço, por
motivo de transferência ou passagem para a reserva ex officio, ou por força maior, durante a
vigência da ocupação por contrapartida não financeira, a OMR deverá apurar o fato e, se for
o caso, instaurar processo administrativo para ressarcimento de despesas.
Não caberá ressarcimento de despesas quando o permissionário requerer:
a) Movimentação por interesse particular; e
b) Transferência para reserva remunerada da Marinha.
3.10. Arquivamento
Todo o processo de permissão de uso por contrapartida não financeira deverá ser
arquivado na Superintendência do Patrimônio Imobiliário Distrital, Prefeitura Naval da OMR
ou Divisão responsável pela administração dos PNR.

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4. VIGÊNCIA
Esta Circular entra em vigor na presente data.

MARCELO FRANCISCO CAMPOS


Almirante de Esquadra
Secretário-Geral
ASSINADO DIGITALMENTE
Distribuição:
Lista: 1
SGM-70
Arquivo

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MARINHA DO BRASIL
SECRETARIA-GERAL DA MARINHA

ROL TAXATIVO DE SERVIÇOS COMUNS DE ENGENHARIA


a) Os serviços admitidos como contrapartida não financeira para as permissões de uso de
PNR, em condições especiais, são:
1. Aquisição de materiais para obra (cimento, piso cerâmico, tacos de madeira, peças de
mármore, argamassa, gesso, tinta etc.);
2. Pintura interna e externa do imóvel;
3. Emboço em paredes;
4. Serviços de alvenaria;
5. Aplicação de impermeabilizantes líquidos;
6. Reparo/instalação de revestimentos (cerâmicos e/ou porcelanatos), somente piso
sobre piso;
7. Reparo/instalação de pisos (somente piso sobre piso), rodapés e soleiras;
8. Recuperação/manutenção de muros;
9. Reparo/substituição/instalação de portões, portas, batentes e comportas contra
alagamento;
10. Reparo/substituição/instalação de janelas e vidros;
11. Reparo/substituição/instalação de recursos de segurança orgânica (grades, cercas
elétricas e concertinas);
12. Reparo/substituição/instalação de motores para portões automáticos;
13. Confecção de cópias das chaves;
14. Reparo/substituição/instalação de fechaduras, trincos e dobradiças em portas e/ou
janelas;
15. Instalação/substituição de interfones ou campainhas;
16. Execução de limpeza de caixa de gordura e sumidouro;
17. Limpeza/impermeabilização/substituição de caixa d'água;
18. Limpeza/impermeabilização de cisterna;
19. Reparo/substituição/instalação/revisão geral de bomba de caixa d'água/cisterna;
20. Desratização e/ou desinsetização para eliminação de pragas e insetos;
21. Reparo/substituição/instalação de toldos;
22. Reparo/substituição/instalação de forros;
23. Reparo/substituição/instalação de bocais, luminárias, Plafons, arandelas e lâmpadas;
24. Reparo/substituição/instalação de louças sanitárias (pias, vasos sanitários, inclusive
assentos e caixas acopladas etc.) e metais para banheiro (ducha higiênica, porta-
toalhas, suporte de papel-higiênico etc.);
25. Reparo/substituição/instalação de espelhos de banheiros;
26. Reparo/substituição/instalação de box para banheiro (roldanas, acrílico, blindex,
esquadria de alumínio etc.);
27. Reparo/substituição/instalação de chuveiro elétrico;
28. Manutenção em instalações hidráulicas/esgoto (canos, ralos, registros, torneiras etc.);

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Continuação do anexo da Circ no 34/2023, da SGM.
29. Reparo/substituição/instalação de tanque de lavar roupa (louça ou cerâmica, plástico
ou de fibras, mármore sintético, aço inoxidável etc.)
30. Manutenção em instalações elétricas (tomadas, interruptores e respectivos espelhos,
quadros, fiação, disjuntores etc.);
31. Serviço de carpintaria;
32. Reparo/substituição/instalação de armários planejados;
33. Tratamento de infiltrações no teto, paredes e pisos, utilizando-se soluções e técnicas
comumente aceitas no ramo da construção civil;
34. Construção de valas de infiltração no terreno do PNR, com a utilização de manta
geotextil, tubo corrugado e brita, conforme a necessidade do local;
35. Enchimento de paredes (primeira e segunda fiada) com argamassa e aditivo
impermeabilizante;
36. Execução de impermeabilização de parede, com refazimento do emboço/chapisco com
aditivo impermeabilizante;
37. Revisão de coberturas (telhados, com substituição de telhas, e lajes
impermeabilizadas); e
38. Reparo/substituição/instalação de captação de água dos telhados (calhas de chuva).

b) Os requerimentos não deverão autorizar a execução de serviços que demandem


Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) ou
a contratação de empresa especializada, tais como:

1. Mudança de lugar de chuveiro, tomadas e torneiras;


2. Instalação de ar-condicionado;
3. Envidraçamento ou o fechamento de varandas/sacadas;
4. Construção de cozinha americana ou porta;
5. Instalação de banheira;
6. Perfuração de laje;
7. Serviços onde será necessário o trabalho de engenheiro eletricista;
8. Alterações na instalação de gás;
9. Mudanças na estrutura da unidade;
10. Uso de ferramentas de alta impacto como marretas, por exemplo;
11. Retirada de revestimento; e
12. Alteração da capacidade ou carga do material ou equipamento hidráulico (caixa d’água,
registro etc.) e elétrico (bomba, quadro, disjuntor etc.). Esses deverão ser substituídos
por material e capacidades similares.

CARLOS EDUARDO DE AMORIM


Capitão de Mar e Guerra (IM)
Coordenador de Gestão do Patrimônio Imobiliário da Marinha
ASSINADO DIGITALMENTE

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