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Biografia Maja Wozniak

O que nos leva a rememorar o que passamos e nos esquecer


momentaneamente do presente?

No meu caso uma mudança, mais uma em minha vida (ou não-
vida) é o catalisador dessa reflexão que faço agora. Mas, antes que perca
o ânimo para escrever mais, irei me deter nos eventos passados antes de
chegar ao momento que me encontro.

Vida mortal (1918-1947)

Nasci em Grodzisk Mazowiecki1, em 18 de novembro de 1918, poucos


dias após o estabelecimento da Segunda República Polonesa2. Minha
infância nesse pequeno vilarejo foi o que devia se esperar da vida de uma
incipiente cidade rural da Europa oriental, entediante e pacata.

Sendo bem centrada e decidida a sair daquela vida que nada me


oferecia além de um casamento com um dos homens locais para cuidar de
casa e ter muitos filhos, minha vida tomou outro rumo quando caí nas
graças da mulher do prefeito de Grodzisk, que arranjou para que meus
estudos continuassem, o que me permitiu não só terminar o ensino médio,
mas alcançar a Universidade de Warsaw3, feito incomum em um local em
que a mulher era fadada a uma vida submissa e servil.

Sempre tive o amor aos livros, em particular pelos de história, tanto


do meu povo quanto do mundo em geral, por isso não me foi surpresa
quando decidi me graduar em História4, curso esse que iniciei em meados
de 1935 e finalizei meros três meses antes do início da Segunda Guerra
Mundial, que se iniciaria com a invasão ao meu país em 1º de setembro
de 1939.

O período que compreendeu a Segunda Grande Guerra foi um


período de lutas, sofrimento, desespero e terror, não só os judeus eram
levados aos campos ou mortos, a resistência5 polonesa da qual fiz parte
sofreu enormemente com os nazistas, culminando com o Levante do Gueto

1
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Grodzisk_Mazowiecki.
2
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_República_Polonesa.
3
Fonte: https://en.uw.edu.pl.
4
Fonte: http://historia.uw.edu.pl/en/studies/why-the-faculty-of-history/.
5
Resistência essa que foi a Armia Krajowa, expressão que pode ser traduzida como 'Exército Nacional':
https://pt.wikipedia.org/wiki/Armia_Krajowa.
de Varsóvia, do qual fiz parte, embora com poucos resultados, para
ajudar os judeus revoltosos na cidade.

Após a derrota dos odiados nazistas sabia que teria que sair de meu
país. Substituímos um odiado invasor por outro, os comunistas da União
Soviética.

Fugi (ironicamente) para a Alemanha, de onde, em Berlim


ocidental, me envolvi com um oficial americano que logo me conseguiu
um visto para imigrar para os Estados Unidos. Não foi uma decisão fácil,
meu inglês era tão ruim ou até pior, que meu alemão, mas não estava
decidida a viver como uma ateia comunista a mercê dos russos.

Minha vida na América foi difícil, apesar da economia abundante,


minha falta de fluência na língua inglesa e um diploma de cidade
europeia sem peso algum para os americanos tornaram minha vida uma
batalha constante para sobreviver.

Desde ajudar em feiras, até tricotar o que podia, fiz de tudo um


pouco nos dois anos em que passei na América. Quando tudo se
encaminhava para que começasse a ter meu próprio empreendimento,
fruto de minha maior familiaridade com a língua local e as economias
que pude salvar, minha vida teve um fim abrupto.

Vida imortal (1947-1972)

A Camarilla é em tudo o oposto do selvagem Sabá, mas descobri da


pior maneira possível que isso escapou a minha futura senhora,
Michaela6, que aplicou em mim e em vários outros deserdados da cidade,
o que só posso chamar de Abraço em Massa7, feito com o único propósito
de proteger a área de Manhattan de invasões do Sabá.

Sendo uma das poucas crias sobreviventes de Michaela, tive que


aprender logo o que era necessário para permanecer “viva”, em parte
através de minhas próprias observações, em parte vendo crias mais
antigas de Michaela que ainda viviam, como Tabitha Bauer e a sinuosa
Hellene Panhard8.

Descobrir a existências dos membros (ou cainitas como nos chamam


o Sabá), além da organização dos clãs e as próprias seitas foi um processo

6
Fonte: https://whitewolf.fandom.com/wiki/Michaela.
7
Fonte: https://whitewolf.fandom.com/wiki/Mass_Embrace.
8
Fonte: https://whitewolf.fandom.com/wiki/Hellene_Panhard.
mais longo do que gostaria de admitir, mas pude ao final de alguns anos
compreender toda lógica por trás de nossa existência.

Com a não-vida pude retomar meus objetivos que tinha em vida,


comecei a abrir livrarias, onde iniciei a venda de muitas obras em línguas
estrangeiras, pois percebi como para os norte-americanos parece fácil e
natural que todos saibam sua língua, mas que sei como era difícil para
imigrantes recém-chegados se familiarizarem com a língua nativa.

Para minha satisfação, minhas livrarias foram bem-sucedidas, o


que me permitiu como Ventrue me estabelecer como uma filha legítima
do clã, ao invés de uma bucha de canhão que por ventura tinha
sobrevivido por sorte ou pelo acaso.

Pude com isso começar a tentar descobrir mais sobre a existência


“vampírica”, a mitologia por de trás de nossa origem, seus conceitos, o
motivo da diferença de visão entre Camarilla e Sabá e o mito por trás de
Caim e os antediluvianos.

O conhecimento oculto sobre os membros, sua suposta e bíblica


origem em Caim é denominada nodismo, baseado no chamado Livro de
Nod que narra a punição de Caim ao se tornar o primeiro vampiro. O que
acabou começando por curiosidade se tornou uma obsessão de minha
parte, de um passatempo para um objetivo. Quando vi, tinha acumulado
uma pequena, porém, robusta biblioteca de livros ocultos.

Alguns anos atrás essa minha curiosidade pelo oculto me levou a


ser “convidada” a entrar para o Sabá, aparentemente para a Espada de
Caim alguém que acredite (no meu caso estude) sobre Caim e os
antediluvianos é alguém propenso a se libertar das amarras dos anciões
tirânicos e ser verdadeiramente livre. O que começou como um encontro
não programado e não buscado por mim evoluiu para uma caçada que
quase me custou a não-vida.

Depois disso, não foram poucas as tentativas de recrutamento que


o Sabá fez em mim, o que me levou a pergunta. Quem teria vazado a
informação sobre mim e o meu estudo do nodismo? Não sei a resposta,
mas infelizmente tenho motivos para crer que alguma das crias de
Michaela seja a responsável por isso. Ver o fim de um “rival” através de
meios e recursos que não o vinculem diretamente é uma arma letal
quando bem empregada.

Embora não tenha tido sucesso, as tentativas de recrutamento me


levaram a uma situação de questionamentos e vigilância mais constante
por parte de Michaela, fruto de um medo por sua não-vida que a fez se
afastar de mim lenta, mas gradualmente.
A gota d’água ocorreu quando após um encontro nos arredores de
Manhattan, eu e um dos meus “recrutadores” fomos atacados por um
caçador, um humano que sabe da existência dos membros e possui meios
efetivos para ataca-los. Embora tenha novamente escapado dessa
situação (em parte graças a morte do membro do Sabá) acabei fazendo
um novo inimigo, que aos poucos tem chegado mais e mais perto de mim
e de meus negócios.

Foi então que decidi que deveria sair da cidade ou me preparar


para ficar cada vez mais paranoica ou sofrer a morte final.

Após vários anos servindo Michaela, sabia que era hora de mudar
de ares. Minha Senhora já se encontrava estabelecida e relativamente
segura, e embora não desgoste dela particularmente, não posso nunca
esquecer como se deu meu Abraço e quão aleatório e fortuito isso foi. Além
disso, a fria hostilidade de crias como Hellene torna tudo ainda pior, como
se houvesse uma disputa por poder e prestígio que tivesse que ser travada,
isso em uma cidade onde o Sabá nunca descansa de procurar domínio
absoluto.

O lugar que procurei me estabelecer se chama Lynn, a cidade que é


um imã de oportunidades, tanto a nível econômico, quanto para membros
como eu. Soube que a cidade é segura, estável e tem uma liderança firme
e comprometida com a prosperidade dos membros de lá.

O primogênito Ventrue da cidade se chama Nikolas Pettersen, que


foi bem incisivo sobre minha não-vida durante a Segunda Guerra, e que
após obter garantias (diretamente do Velho Continente) de que eu não era
nenhuma simpatizante nazista, aceitou me receber de braços abertos,
especialmente com vistas a receber as lojas da Livraria Grätzer,
melhorando a economia local e trazendo benefícios a ele por ser um
empreendimento de uma Ventrue.

Michaela concordou e apoiou minha realocação, segundo ela “pelos


seus serviços bem prestados a Camarilla de New York e a mim, sua
Senhora”, o que achei um belo jeito de me dizer que não via a hora de se
ver livre de uma provável simpatizante Sabá.

Hoje, na véspera de minha mudança para Lynn me vejo em busca


de um destino melhor, livre das amarras do meu Abraço, prestes a fazer
um nome por mim mesma.

Quanto a essa carta, irei queimá-la nessa lareira, fazendo das


cinzas do passado o combustível que alimentará as chamas do meu futuro.

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