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1. INTRODUÇÃO
1 Egresso, Curso de Licenciatura Biologia, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo.
2 Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: naiza@ifma.edu.br
3 Mestre em Agroecologia, Universidade Estadual do Maranhão. Email: prof.rafaellasouza@gmail.com
4 Mestre em Ciências Biológicas, INPA. E-mail: josilenenascimento10@gmail.com
5 Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: terezasilva@ifma.edu.br
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bem mais acentuadas quando se trata da Amazônia, o que dificulta ainda mais
a aplicação da referida resolução, ainda que ela privilegie as condições
naturais de um ambiente aquático. Existem situações nestas águas, onde a
condição natural de algumas variáveis, podem até ajudar a mascarar entradas
de poluentes. É o caso, por exemplo, do oxigênio dissolvido e do pH (SILVA et
al., 2015).
Apesar da importância que os recursos hídricos representam para o
desenvolvimento regional, a qualidade e a quantidade das águas dos rios vêm
sendo cada vez mais afetadas pela ocupação desordenada das bacias
hidrográficas. O crescimento demográfico e o desenvolvimento social e
econômico aumentam a demanda por água e provocam alterações de ordem
física, química e biológica nos ecossistemas aquáticos. Nesse sentido, é
importante analisar a qualidade da água e verificar a sua vulnerabilidade às
atividades humanas, tendo em vista a necessidade da conservação dos
recursos hídricos, auxiliando no que se refere ao seu gerenciamento sem
perder a perspectiva da análise da bacia hidrográfica (SOUZA et al. 2014).
No Brasil muitos rios estão sendo poluídos de forma desordenada. Para
saber os recursos hídricos que estão sendo conservados, é necessária a
verificação da qualidade da água através do estudo dos parâmetros físicos e
químicos. Todos estes parâmetros contribuem para a compreensão do
ambiente e da qualidade da água. É importante analisar estes parâmetros para
que se entenda as causas e os efeitos que determinadas alterações podem
causar no ambiente.
Este trabalho teve o objetivo de analisar a qualidade das águas do rio
Pericumã e do rio Turiaçu, em locais com possibilidade de receber resíduos
urbanos, através de alguns parâmetros físicos (temperatura, condutividade
elétrica, sólidos totais dissolvidos) e químicos (oxigênio dissolvido, pH,
salinidade, nitrogênio, fósforo, amônia total, nitrato e ferro dissolvido) que
podem ser usados para identificar possíveis irregularidades na qualidade da
água e comparar os resultados obtidos com os parâmetros estabelecidos pela
Resolução n° 357/05 CONAMA.
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2. MATERIAL E MÉTODOS
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realizadas em três pontos de cada rio, localizados nas cidades de Pinheiro (rio
Pericumã - Figura 1) e nas cidades de Santa Helena (rio Turiaçu), situados no
início, no meio e no final do perímetro em que os rios percorrem as referidas
cidades. Foram realizadas coletas nos períodos de enchente (janeiro/2018),
cheia (junho/2018) e vazante (outubro/2018). Todos os pontos foram
georreferenciados com o auxílio do GPS marca/modelo Garmin GPSmap76CSx
(Tabela 1).
Tabela 1. Coordenadas dos pontos de coleta dos parâmetros físicos e químicos nos rios
Turiaçu e Pericumã, 2018.
Turiaçu Pericumã
P1: 2°14.451’ latitude S; 45°18.806’ longitude W P1: 2°30.830’ latitude S; 45°4.197’ longitude W
P2: 2°13.755’ latitude S; 45º18.203’ longitude W P2: 2°31.044’ latitude S; 45°4.139’ longitude W
P3: 2°13.609’ latitude S; 45°18.034’ longitude W P3: 2°31.623’ latitude S; 45°4.170’ longitude W
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Figura 1. Pontos de coletas no Rio Pericumã, na cidade de Pinheiro, 2018.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2. Variáveis obtidas nos três pontos dos rios Pericumã e Turiaçu (MA) durante os
períodos sazonais de enchente, cheia e vazante de 2018: oxigênio dissolvido (OD) e
oxigênio saturado (OS), temperatura (T), pH, condutividade elétrica (CE), salinidade,
sólidos totais dissolvidos (STD), amônia total (AT), nitrato, fosfato e ferro dissolvido (FeD)
Rio Pericumã Rio Turiaçu
Períodos sazonais Períodos sazonais
Variáveis Pontos Enchente Cheia Vazante Enchente Cheia Vazante
OD (mg/L) P1 4,16 2,89 3,63 6,36 3,62 4,03
P2 4,55 2,97 3,25 6,37 3,53 4,11
P3 4,03 2,73 3,22 4,46 3,97 4,16
OS (%) P1 58,8 38,4 50,1 90,9 49,4 54,6
P2 64,8 40,9 46,2 90,1 46,9 55,2
P3 58,1 37,5 46 64 55,6 58,7
T(°C) P1 30 28 28 30 28 26
P2 31 29 29 30 29 27
P3 32 29 29 32 30 27
pH P1 5,95 5,1 4,84 8,5 5,8 6,91
P2 5,81 5,4 4,62 8,6 5,6 6,77
P3 6,1 5,5 4,67 8,6 5,8 6,45
CE (µS/cm) P1 479 228 233 3.870 35,4 101
P2 522 436 263 2.430 35,3 103
P3 428 438 234 2.500 40,6 123
Salinidade (‰) P1 <0,5 <0,1 <0,2 2,1 <0,01 <0,2
P2 <0,5 <0,1 <0,2 1,2 <0,01 <0,2
P3 <0,5 <0,1 <0,2 1,3 <0,01 <0,2
STD (mg/L) P1 289 220 230 3.100 35 91
P2 386 395 258 1.960 35 94
P3 272 396 229 1.840 40 102
AT (mg/L) P1 1,56 1,48 0,64 0,32 0,24 0,045
P2 2,36 1,074 0,87 0,3 0,18 0,046
P3 2,28 1,11 0,87 0,34 0,25 0,042
Nitrato (mg/L) P1 2,08 4,52 0,8 2,32 2,6 0,54
P2 3,54 3,76 1,34 2,4 2,9 1,02
P3 2,24 3,09 1,06 2,33 2,4 1,33
Fosfato (mg/L) P1 0,2 0,94 0,004 1,43 0,75 0,67
P2 0,82 1,08 0,006 1,5 0,82 0,89
P3 0,2 1,14 0,001 1,52 0,93 0,91
FeD (mg/L) P1 1,18 0,87 0,437 0,036 0,05 0,29
P2 1,01 1,01 0,161 0,042 0,07 0,25
P3 0,46 0,97 0,222 0,044 0,08 0,77
Fonte: Costa (2018).
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O presente estudo, seguindo a Resolução n° 357/05 CONAMA, classifica os
rios estudados como de água doce, com exceção do período de enchente no
rio Turiaçu que devido à salinidade foi classificado como de água salobra.
Ainda segundo esta resolução, os rios foram classificados como classe 2
que destina o uso das águas ao abastecimento para o consumo humano, após
tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação
de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
Resolução n° 274/2000 CONAMA; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas
e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa
vir a ter contato direto; e à aquicultura e à atividade de pesca.
Segundo Brasil (2013), os estudos de parâmetros físico-químicos da água
são de grande importância para o conhecimento do ambiente e identificação
dos padrões de variação das condições ambientais, tanto dentro dos rios e
reservatórios como em seu entorno, e têm implicações nas características
limnológicas como um todo.
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aporte de grande quantidade de carga orgânica com a decorrente elevação da
demanda bioquímica de oxigênio (DBO) (COSTA-NETO et al., 2002).
Não foi encontrada rede de esgoto sendo despejada no leito dos rios
Pericumã e Turiaçu. Portanto, a baixa demanda de oxigênio no período de
cheia não deve ter relação com os resíduos orgânicos despejados nos corpos
d’água que posteriormente são decompostos por microrganismos que utilizam
o oxigênio na respiração (FARIAS, 2006). Porém, estima-se que, na bacia do
rio Pericumã, os restos de macrófitas, que com o final do inverno anterior,
ficaram nos campos em processo de decomposição e mineralização sejam a
causa relacionada aos baixos valores de oxigênio dissolvido e na bacia do rio
Turiaçu, a causa tenha relação com as folhas, restos de frutos e galhos de
árvores capturados pelas águas sob as matas de igapó por ocasião do
transbordamento do rio, conforme observado por Costa-Neto et al. (2002) para
o mesmo rio.
Assim como neste trabalho, Pereira (2016) avaliando a qualidade da água
do rio Itapecuru, outro rio maranhense, também detectou valores de oxigênio
dissolvido abaixo do permitido pela Resolução do Conama n° 357/2005,
durante a estação de estiagem. Porém, no presente trabalho, os valores de
oxigênio dissolvido são inferiores aos encontrados por ele. Costa-Neto et al.
(2002), avaliando a qualidade da água das bacias do rio Pericumã e do rio
Turiaçu, também encontraram, principalmente, no período de cheia dos rios,
valores de oxigênio dissolvido abaixo do permitido por essa resolução.
Entretanto, os valores máximos e mínimos excedem aos encontrados neste
trabalho atual.
Valores baixos de oxigênio dissolvido, no Rio Pericumã, já tinham sido
mencionados em outro trabalho na bacia do Pericumã, em que foram
encontrados valores de concentrações de OD variando de 2,1 mg. L-1 a 5,7
mg.L-1 de acordo com Ordög (1989) (apud Costa-Neto et al.,2002). Estes
autores comentam que, na época de estiagem, com uma alta transparência,
os valores foram quase sempre mais altos que na cheia plena, quando as
cargas orgânicas de material em suspensão consomem oxigênio da coluna
d’água durante os processos de mineralização.
- Temperatura
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Nos pontos coletados no Rio Pericumã, a temperatura da água variou de
28°C a 32°C, enquanto no Rio Turiaçu a variação foi de 26°C a 32°C. As maiores
temperaturas ocorreram no período de enchente para ambos os rios (Tabela
2).
Nos dois rios, a temperatura esteve acima do esperado no período de
enchente, sendo a amplitude de 4 e 6°C, respectivamente, nos rios Pericumã
e Turiaçu. Essa elevação da temperatura deve ter ocorrido pela sazonalidade
do período de enchente, uma vez que, o esperado era de até 30°C, uma vez que
a variação térmica da água para esse ambiente deve ser entre 0°C e 30ºC
(ESTEVES, 2011). Embora os rios tenham apresentado valores de temperatura
acima do esperado, apresentam suas águas tipicamente tropicais, portanto
sem maiores perturbações térmicas (COSTA-NETO et al., 2002). A temperatura
registrada em águas superficiais pode ter sido influenciada pelo período do
dia e a profundidade em que ocorrem as medições (PEREIRA, 2016).
Costa-Neto et al. (2002), avaliando a qualidade da água das bacias do rio
Pericumã e do rio Turiaçu, encontraram resultados semelhantes aos do nosso
trabalho. Entretanto, Pereira (2016) avaliando a qualidade da água do rio
Itapecuru que se situa também no Maranhão, encontrou temperaturas
menores do que as encontradas no atual trabalho.
19
carbônico, que gera valores baixos de pH e das reações de íons carbonato e
bicarbonato com a molécula de água que elevam os valores de pH para a faixa
alcalina (ESTEVES, 2011). O rio Pericumã possui uma forte relação entre o ciclo
de acidez, de transparência e da cor aparente da água, todos eles associados
ao ciclo de inundação (COSTA-NETO et al., 2002).
Os valores de pH mais baixos, no ecossistema rio Pericumã, podem ser
devido à decomposição da elevada biomassa de macrófitas aquáticas ou à
presença de bancos de “turfeira”; à geoquímica da bacia, com os solos
relativamente ácidos da região; à diminuição da área de penetração da cunha
salina, mais rica em carbonatos e bicarbonatos, como consequência; à
formação de chuvas ácidas na bacia, devido ao transporte pelo vento de
efluentes do processo industrial na ilha de São Luís (COSTA-NETO et al., 2002).
Já o rio Turiaçu apresentou o nível de pH mais elevado do que no rio
Pericumã durante todas as coletas. No período de cheia, esteve pouco abaixo
do nível recomendado pelo CONAMA. No período de enchente, alcançou os
maiores valores de pH, que pode estar relacionado com as reações de íons
carbonato e bicarbonato com a molécula de água, que elevam os valores de
pH para a faixa alcalina (ESTEVES, 2011). Neste período, o rio ainda se encontra
com baixo nível de água e recebe forte penetração da cunha salina, mais rica
em carbonatos e bicarbonatos. A bacia do rio Turiaçu apresenta relativa
estabilidade nas amplitudes do pH e nos valores máximos e mínimos de
alcalinidade, os quais apresentam pequena variação, se tratando de um
ecossistema de águas mais alcalinas (COSTA-NETO et al., 2002) (Tabela 2)
Costa-Neto et al (2002), avaliando a qualidade da água das bacias dos rios
Pericumã e Turiaçu, encontrou valores de pH próximos aos encontrados no
presente trabalho, porém, um pouco menores para o rio Pericumã, em relação
ao nosso. Diferentemente de Pereira (2016), que avaliando a qualidade da água
do rio Itapecuru encontrou o pH da água acima do obtido no presente trabalho,
estando todos dentro dos limites estabelecidos pela Resolução n° 357/2005.
Este parâmetro deve ser estudado detalhadamente a fim de saber qual a
real causa de determinada alteração para que dessa forma se possa entender
essas variações.
- Condutividade elétrica
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No rio Pericumã, nos pontos coletados, o valor da condutividade elétrica
variou de 228 a 522 µS/cm, enquanto no rio Turiaçu a variação foi de 35,3 a
3.870 µS/cm. No rio Pericumã, esse parâmetro apresentou valores mais
acentuados no período de enchente e de cheia, enquanto no rio Turiaçu os
maiores valores ocorreram no período de enchente (Tabela 2).
No rio Pericumã, no período de enchente, a condutividade elétrica foi
equivalente ao dobro do período de vazante. Os valores elevados registrados
na bacia do rio Pericumã podem ser atribuídos às elevadas taxas de
decomposição de macrófitas aquáticas, ali abundantes (COSTA-NETO et al.,
2002). A condutividade elétrica da água pode variar de acordo com a
temperatura e a concentração total de substâncias ionizadas dissolvidas
(FARIAS, 2006).
No rio Turiaçu, no período de enchente, a condutividade elétrica
apresentou um valor bem mais alto em relação aos demais períodos, tanto do
rio Turiaçu quanto do rio Pericumã. Neste período, os rios encontram-se com
níveis de água muito baixos e recebendo as primeiras chuvas do ano, estas
chuvas podem ser a causa do aumento da condutividade elétrica, pois esta que
depende da composição iônica dos corpos d'água pode ser influenciada
também pelo volume de chuvas (ESTEVES, 2011).
Costa-Neto et al. (2002) avaliando a qualidade das águas das bacias do
rio Pericumã e do rio Turiaçu, encontrou valores de condutividade elétrica, no
período de enchente, mais elevados do que nos demais períodos, semelhante
ao encontrado no presente trabalho. De maneira similar, Pereira (2016)
avaliando a qualidade da água do rio Itapecuru, observou que os maiores
níveis de condutividade elétrica foram registrados na estação chuvosa,
semelhante ao que foi observado no presente trabalho para o período de
enchente.
- Salinidade
No rio Pericumã, nos pontos coletados, o valor da salinidade variou de <0,1
a <0,5‰, enquanto no rio Turiaçu a variação foi de <0,01 a 2,1‰. Este parâmetro
obteve os maiores valores no período de enchente para os dois rios (Tabela 2).
Conforme a Resolução nº 357/2005 CONAMA, estabelece-se um valor de
até 0,5‰ de salinidade para água doce. A salinidade do rio Pericumã, esteve
21
dentro do esperado se aproximando do limite somente no período de enchente.
Enquanto no rio Turiaçu, no período de enchente, esteve acima de 0,5‰,
caracterizando a água como salobra. Certos fatores podem contribuir para a
salinidade da água, como por exemplo se além da intensa evaporação, o lençol
freático localiza-se próximo à superfície (ESTEVES, 2011). Assim como o fato
de receber penetração da maré, principalmente quando seco.
Pereira (2016) avaliando a qualidade da água do rio Itapecuru, encontrou
resultados bem abaixo do obtido no presente trabalho, no período de enchente
e seus valores se encontraram dentro dos limites estabelecidos pelo CONAMA.
- Sólidos totais dissolvidos
No rio Pericumã, nos pontos coletados, o nível de sólidos totais dissolvidos
variou de 220 a 396 mg/L, enquanto no rio Turiaçu foi de 35 a 3.100 mg/L. No
rio Turiaçu, este nutriente alcançou os maiores valores no período de
enchente, enquanto no rio Pericumã se manteve praticamente estável durante
todos os períodos analisados (Tabela 2).
A Resolução do CONAMA n° 357/2005 estabelece o valor máximo de 500
mg/L de sólidos dissolvidos para os corpos d’água doce enquadrados na
“Classe 2”. Os sólidos totais dissolvidos (STD), do rio Pericumã estiveram
conforme o esperado, não ultrapassando o limite estipulado pelo CONAMA.
Enquanto no rio Turiaçu, no período de enchente, foi encontrado um valor
muito elevado que ultrapassou muito os limites estabelecidos pelo CONAMA
(Tabela 2)
Os STD representam a soma de todos os constituintes químicos
dissolvidos na água. Essa alteração pode ter sido desencadeada pelo início das
precipitações que ocorrem no período de enchente.
- Amônia total
No rio Pericumã, nos pontos coletados, o nível da amônia total variou de
0,64 a 2,36 mg/L, enquanto no rio Turiaçu a variação foi de 0,042 a 0,34 mg/L.
Este nutriente alcançou os maiores valores no período de enchente no rio
Pericumã (Tabela 2).
- Nitrato
22
No rio Pericumã, nos pontos coletados, o nível de nitrato variou de 0,8 a
4,52 mg/L, enquanto a variação foi de 0,54 a 2,9 mg/L no rio Turiaçu. Este
nutriente alcançou os maiores valores no período de enchente e cheia nos dois
rios, mas no rio Pericumã os valores foram mais acentuados (Tabela 2).
Segundo a Resolução n° 357/2005, os valores de nitrogênio
amoniacal total podem variar de acordo com o pH em valores de no
máximo: 3,7mg/L N, para pH ≤ 7,5; 2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8,0; 1,0
mg/L N, para 8,0 < pH ≤ 8,5 e 0,5 mg/L N, para pH > 8,5 para água
doce, classe 2, e de no máximo 0,7 mg/L N para água salobra, classe
2, como foi classificado o Rio Turiaçu, no período de enchente.
Enquanto os níveis ideais de nitrato devem estar em torno de no
máximo 10,0 mg/L N para água doce, classe 2, e de no máximo 0,7
mg/L-1 N para água salobra, Classe 2, como foi classificado o Rio
Turiaçu, no período de enchente. Os valores da amônia total, do Rio
Pericumã e do Rio Turiaçu, encontram-se dentro dos limites
estabelecidos pela mesma resolução. Porém, os valores do nitrato,
no período de enchente do Rio Turiaçu, ultrapassaram os níveis
recomendados pelo CONAMA.
24
Em ambos os trabalhos os resultados estão acima do limite máximo
estipulado pela Resolução n° 357/05 do CONAMA.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Monitoramento da Qualidade da Água em Rios e
Reservatórios. Brasília: MMA – Agência Nacional de Águas. 170p, 2013.
25
COSTA-NETO, J. P. et al. Limnologia de três ecossistemas aquáticos característicos da Baixada
Maranhense. Boletim do Laboratório de Hidrobiologia, São Luís, v. 14/15. n. 1, p. 19-38, 2001/2002.
ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. 3 Ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. 826p.
FARIAS, M. S. S. Monitoramento da qualidade da água na bacia hidrográfica do rio cabelo. Tese
(Doutorado em Engenharia Agrícola) - Curso de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina
Grande-UFCG, Campina Grande-PB, 152 p., 2006.
MARANHÃO. Gerência de Desenvolvimento e Planejamento Econômico – GEPLAN. Atlas do Maranhão.
São Luís: UEMA – Laboratório de Geoprocessamento, 39p., 2002.
MARANHÃO. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA. Bacias hidrográficas e climatologia no
Maranhão. São Luís: UEMA - Centro de Ciências Agrárias. Núcleo Geoambiental, 2016.
PEREIRA, E. W. A. Análise físico-química e microbiológica das águas do rio Itapecuru em trecho urbano
do município de Itapecuru mirim, Maranhão, Brasil. 2016. 44p. Monografia (Graduação em Biologia) –
Curso de Licenciatura em Biologia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão -
IFMA, São Luís, 2016.
SILVA, M. S. R. et al. Recursos hídricos da Amazônia: uma classificação dos tipos de águas segundo a
carga iônica- Brasil. In: Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, Anais, 21, Brasília-DF, 2015.
SILVA, M. R. et al. Qualidade da água da bacia do rio Pindaré, nos trechos correspondentes aos
municípios de Pindaré- Mirim, Tufilândia e Alto Alegre no Estado do Maranhão. Águas Subterrâneas,
São Paulo, v. 31, n. 4, p. 347-354, 2017.
SIQUEIRA, L. F. S. et al. Dinâmica entre ferro, sulfato e alumínio em um ciclo de inundação do médio
curso do Rio Pericumã, Maranhão (Brasil). In: I Congresso do Químico, 2010, João Pessoa. Anais do I
Congresso Químico, 2010.
SOUZA, J. R. et al. Avaliação da qualidade da água em trechos do Rio Almada (Sul da Bahia) e seus
usos múltiplos. REDE - Revista Eletrônica do Prodema, Fortaleza, v. 8, n. 1, p. 26-45, 2014.
VIEGAS, J. C.; SILVA, T. R. C.; FEITOSA, A. C. Modificações socioambientais decorrentes da construção da
barragem do Rio Pericumã, na área de influência da cidade de Pinheiro, estado do Maranhão-Brasil.
Revista Geográfica de América Central, Costa Rica, vol. 2, n. especial, p. 1-16, jul.- dez., 2011.
26
HOJE NOS CINEMAS:
POSSIBILIDADES DO USO DE
FILMES NO ENSINO DE
CIÊNCIAS E BIOLOGIA
Daniel de Jesus da Silva Monteiro4
Celene Sousa Carvalho5
Vanessa Silva Santos6
Isabela Vieira dos Santos Mendonça7
1. INTRODUÇÃO
4
Discente. Curso de Licenciatura em Biologia, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo.
5
Discente. Curso de Licenciatura em Biologia, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo.
6
Discente. Curso de Licenciatura em Biologia, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo.
7
Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: isabela@ifma.edu.br
27
Neste contexto, os filmes podem ser um excelente recurso didático para
instigar a curiosidade e criticidade dos estudantes. Entende-se por recurso
didático todo material utilizado como auxílio no ensino aprendizagem do
conteúdo proposto para ser aplicado, pelo professor, a seus alunos (SOUZA,
2007).
Coelho e Viana (2011) apontam que os filmes podem ser utilizados na sala
de aula de todas as formas possíveis atribuindo um valor pedagógico ao
processo. Assim, salienta-se que o professor deve realizar um planejamento
prévio para a utilização de cada filme e garantir uma avaliação do processo,
observando se os objetivos propostos foram alcançados.
Contudo, Mandarino (2002, p.03) ressalta que o filme só deve ser utilizado
como estratégia didática quando “for adequado, quando puder contribuir
significativamente para o desenvolvimento do trabalho. Nesse sentido, nem
todos os temas e conteúdos escolares podem e devem ser explorados a partir
da linguagem audiovisual”.
Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo analisar as
contribuições do uso dos filmes nas aulas de Ciências e Biologia, a partir das
observações de discentes do Instituto Federal do Maranhão Campus São Luís-
Monte Castelo.
2. METODOLOGIA
28
Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo e exploratório
desenvolvida com os participantes da Mostra Pibidiana Eixo Cinematográfico
intitulada “Hoje nos cinemas”, realizada, em outubro de 2019, durante o
Encontro de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação (EPIDE
2019) no Instituto Federal do Maranhão. Durante o evento, montou-se um local
para que os participantes pudessem assistir aos trailers (Figura 01), em grupos
de número de no máximo quatro alunos, de filmes previamente selecionados
pelos pibidianos (estudantes de Licenciatura em Biologia), após assistirem aos
trailers, foram aplicados questionários sobre a utilização de filmes no ensino
de Biologia.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
50%
21% 19%
2% 7%
6% 2%
0% 2% 2% 13% 9%
9% 6%
30
Ao total, foram assistidos 09 trailers de filmes (Gráfico 2) por número
diferente de participantes: 10 alunos (20%) assistiram ao filme Splice - a nova
espécie; 08 (17%) ao filme Contágio; 08 (17%) ao filme Ratatouille; 06 (12%) ao
filme Osmose Jones; 06 (12%) ao filme Simplesmente acontece; 03 (6%) ao
filme O curandeiro da selva; 03 (6%) ao filme O mínimo para viver; 03 (6%) ao
filme Wall-E e; 02 (4%) ao filme Rango.
TRAILERS ASSISTIDOS
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30% 17% 20% 17%
12% 12%
20% 6% 6% 6% 4%
10%
0%
31
Gráfico 3: Primeira pergunta do questionário aplicado durante a Mostra Pibidiana
Cinematográfica. Os valores foram aproximados.
32
Tabela 1. Identificação de algum conteúdo relacionado a Ciências e Biologia nos trailers
assistidos.
Identificação de conteúdo de ciências e Biologia no filme
Filme Identificou Não identificou Total
Splice 9 1 10
Contágio 5 3 8
Ratatouile 8 0 8
Simplesmente acontece 6 0 6
Osmose Jones 5 1 6
O curandeiro da selva 3 0 3
O mínimo para viver 3 0 3
Rango 1 1 2
Wall-E 3 0 3
TOTAL: 09 filmes 43 6 49
33
Gráfico 4: A importância da utilização do filme como recurso didático para o ensino de
Ciências e Biologia.
34
Cruz e Barros (2016) concordam que o uso de filmes se tornou um recurso
didático bastante atrativo, pois é um recurso que possibilita ao aluno
reconstruir uma realidade vivida em sala de aula, facilitando o processo de
ensino e aprendizagem.
Sobre a aprendizagem lúdica por meio de filmes, 98% dos estudantes
responderam que consideram a utilização de filmes como forma lúdica de
aprendizagem, enquanto 2% consideram que talvez seja uma forma lúdica
(Gráfico 6).
Fonte: autores.
35
filmes e séries (9%), Modelos didáticos (6%), dinâmicas/ gincanas (6%), música
(4%), histórias em quadrinhos (2%) e não respondeu (4%) (Gráfico 7).
Gráfico 7: Estratégias que podem ser utilizadas para a melhoria do ensino, do ponto de
vista dos estudantes.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS:
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Ensino de Biologia da SBEnBio, p. 3-21, 2019.
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South American Journal of Basic Education, Techinical and Technological, v. 2, p. 110 - 119, 2015.
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37
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favorecem a sua aprendizagem. Ciência & Cognição, vol 10, p. 93-103, 2007.
38
RESPONSABILIDADE
AMBIENTAL NO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO MARANHÃO
Herlon Rafael dos Santos Rosa8
Tereza Cristina Silva9
Naiza Maria Castro Nogueira10
Clarissa Lobato da Costa11
Yrla Nívea Oliveira Magalhães12
1. INTRODUÇÃO
8
Discente, Curso de Licenciatura Biologia, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail:
herlonrsrosa@hotmail.com
9
Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: terezasilva@ifma.edu.br
10
Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: naiza@ifma.edu.br
11
Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: clarissa@ifma.edu.br
12
Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: yrlanivea@ifma.edu.br
39
Neste sentido, a Instrução Normativa N01/2010 do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão Federal, apresenta as diretrizes práticas,
como instrumento de políticas públicas, que determinam condições para
viabilizar a Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) (TEIXEIRA;
AZEVEDO, 2013).
A A3P é uma das medidas para motivar o enfrentamento das questões
ambientais pelas Instituições Públicas, tendo como propósito estimular a
construção de uma nova cultura institucional voltada à conscientização das
pessoas quanto à necessidade de otimizar recursos, combater desperdícios e
buscar uma melhor qualidade do ambiente de trabalho (ALMEIDA; SCATENA;
LUZ, 2017).
Muitas organizações passaram a implementar iniciativas de
sustentabilidade em suas operações e divulgar informações sobre o escopo e
a eficácia dessas iniciativas, apresentando relatórios de sustentabilidade que
passaram a integrar a prestação de contas e como fonte informativa da
responsabilidade socioambiental organizacional (GROSBOIS, 2012).
Acompanhando essa evolução, o Conselho Nacional de Justiça em sua
Resolução Nº 201 de 03/03/2015, dispõe sobre a criação e competências das
unidades ou núcleos socioambientais nos órgãos e conselhos do Poder
Judiciário e implantação do respectivo Plano de Logística Sustentável (PLS)
(CNJ, 2015; MORAIS; ARAÚJO; MOREIRA, 2019). O PSL viabiliza as ações de
sustentabilidade dos órgãos públicos, elaborando ações, metas e prazos a
serem alcançados, além de mecanismos de monitoramento (RIBEIRO et al.,
2018).
Seguindo essas orientações, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA),
de acordo com a Resolução nº 50/2016, instituiu o Núcleo de Gestão
Socioambiental (NGSA) com a finalidade de articular, potencializar e implantar
iniciativas voltadas para a sustentabilidade, em parceria com vários setores,
como Diretorias de Recursos Humanos, Administrativa, Financeira,
Engenharia e Informática (NGSA, 2017).
As ações do NGSA são norteadas pelo Plano de Logística Sustentável
(PLS) elaborado em 2016, que motivou a implementação de diversas ações
estabelecidas por eixos temáticos: uso eficiente de insumos e materiais,
energia elétrica, água e esgoto, gestão de resíduos sólidos, qualidade de vida
40
no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação e compras e
contratações sustentáveis (NGSA, 2017).
Juliatto, Calvo e Cardoso (2011) orientam que para a construção de uma
nova cultura institucional que estimule os gestores públicos a agregar
critérios de gestão socioambiental para uma sociedade mais sustentável
dentro das instituições, afirmando que é preciso seguir uma estratégia de
planejamento interligada aos princípios locais de ação da organização e ao
cumprimento de leis ou normas que se encontram estabelecidas e regulam os
comportamentos das pessoas, das sociedades, das empresas, das formas de
produção e seus efeitos.
Neste contexto, este estudo tem o objetivo de descrever as ações de
responsabilidade ambiental desenvolvidas pelo NGSA do TJMA. Dessa forma,
este estudo apresenta relevância por apresentar uma discussão sobre essas
ações, procurando entender a forma de contribuição para a redução dos danos
ambientais e o alcance das propostas, podendo servir de subsídio para o
planejamento e desenvolvimento de políticas públicas para a sustentabilidade
ambiental.
2. METODOLOGIA
41
acesso aos documentos foi realizado após solicitação e autorização formal
junto ao TJMA.
42
setores dos órgãos públicos são importantes consumidores de bens e serviços,
gerando no exercício de suas funções e atividades, significativos impactos
ambientais.
Nesse sentido, Goulart e Pietrafesa (2019) enfatizam que as formas de
gestão dos recursos ambientais e do monitoramento das ações para evitar ou
diminuir os prejuízos causados ao meio, devem estabelecer condições viáveis
de preservação da qualidade de vida e continuidade da espécie humana.
Sobre a gestão de resíduos sólidos, as ações desenvolvidas pelo TJMA
contemplam desde o descarte correto dos resíduos, reuso e economia de
materiais e uso de materiais sustentáveis, além de economia de água e
energia (Quadro 1). Essas ações, de acordo com Pansonato (2013) devem ser
práticas simples que reduzam a produção de resíduos além de, gerar
economia de recursos ambientais, não devendo demandar investimentos
financeiros elevados.
Com relação à coleta seletiva, o TJMA implementou essa medida nas suas
dependências e articulou parcerias com cooperativas que realizam ações
junto a catadores, como a CROOSPEL, dessa forma, cerca de 1,5 toneladas de
resíduos sólidos (papel, papelão, garrafas pets etc.) e 5,8 toneladas de
43
resíduos eletrônicos (impressoras, HD, toners, carcaças de computadores etc.)
foram coletados, deixando de ser descartados em locais impróprios e gerando
renda para os cooperados (Figura 1A) (NGSA, 2016). Em 2018, o TJMA começou
também a distribuir kits ergonômicos sustentáveis, feitos de materiais
reciclados, como apoio de punho, apoio de lombar, apoio de pé, mouse
pad e suporte de monitor feitos de garrafas pet (NGSA, 2018).
Em relação ao uso de copos descartáveis, em 2017, o presidente do TJMA
aprovou o ato GP-52017, proibindo a compra de copos descartáveis em todas
as Instituições Judiciárias do Maranhão e substituindo esses utensílios pela
compra de copos e xícaras de fibra de coco para uso dos funcionários e copos
de papel para o público externo (Figura 1B), garantindo uma redução de mais
de 30.000 para 8.000 copos descartáveis em 2017, e redução para zero nos
anos seguintes (NGSA, 2020).
Figura 1: Ações de sustentabilidade ambiental desenvolvidas pelo TJMA, entre 2016 e 2019.
44
Neste contexto, o TJMA conseguiu reduzir o consumo em 16%, em 2018,
em relação aos anos anteriores, economizando mais de 100 mil reais, o que
está relacionado à implantação do sistema Processo Jurídico Eletrônico (PJE),
à distribuição racional de papel A4 e ao processo de sensibilização dos
funcionários (NGSA, 2018). Em 2019, essa redução foi de apenas 0,14%, o que
de acordo com o relatório, pode estar relacionado aos hábitos que ainda
existem na rotina de trabalho, como impressões desnecessárias, a impressão
de documentos assinados digitalmente, o uso de formulários digitalizáveis
entre outros (NGSA, 2019).
O TJMA também realizou diversas ações relacionadas ao consumo
sustentável de água e energia. Sobre a redução no consumo de água, foi
realizada a reativação de um poço no prédio administrativo, o que influenciou
uma redução de 31,42%, em 2016, em relação a 2015 (Figura 2) (NGSA, 2016).
45
para reforma de equipamentos elétricos e substituição de lâmpadas
fluorescentes por lâmpadas LED (NGSA, 2016).
Assim, em 2017, foi realizada a substituição de lâmpadas comuns por LEDs
(1.200 lâmpadas) em cooperação com a CEMAR, a custo zero para o tribunal e
gerando uma redução de 3% no consumo (NGSA, 2017) (Figura 3 A). Em 2018,
uma ação conjunta com a CEMAR, permitiu que 888 funcionários efetivos e
jurisdicionados realizassem trocas de lâmpadas comuns pelas de LED em suas
residências (Figura 3B). Porém, é importante ressaltar que em 2018, devido à
expansão do Fórum e à ocorrência de bandeiras vermelhas no Estado, ocorreu
um aumento de 0,5% no consumo, gerando um custo de mais de 500.000 reais
(NGSA, 2018).
46
custos, logística integrada de veículos, formação e produção científica, gestão
de resíduos sólidos e compras sustentáveis e compartilhadas (NGSA, 2017).
Com relação ao descarte de pilhas e baterias, o TJMA possui postos de
coleta para esses materiais (Figura 4), o que pode explicar o percentual alto
de descarte correto para esses resíduos neste estudo, pois a presença do
posto no local de trabalho facilita e incentiva os funcionários a realizar o
descarte correto, uma vez que melhora a logística de entrega.
Locais para coleta de pilhas e baterias do Pilhas e baterias recebidos nos pontos de
TJMA. coleta do TJMA.
47
Pode-se verificar que essas ações do TJMA contemplam práticas
responsáveis, que buscam atender a legislação ambiental para os órgãos
públicos. De acordo com Juliatto, Calvo e Cardoso (2011) essas ações permitem
economia pelo melhoramento da produtividade e da redução no consumo de
energia, água e materiais de expediente. Além, de reduzir os riscos de incorrer
em penalidades ou gerar passivos ambientais, melhorar a imagem externa da
instituição e gerar oportunidades de pesquisa.
Quanto à divulgação das questões ambientais junto aos funcionários, o
TJMA tem realizado diversas ações que buscam sensibilizar o corpo funcional,
como palestras, campanhas e exposições, e ações que buscam capacitar os
funcionários para que possam se tornar multiplicadores, como cursos e
oficinas (Quadro 2).
Deve-se destacar, que de acordo com os relatórios disponibilizados pelo
NGSA no portal do TJMA, entre 2016 e 2019 foram realizadas diversas
atividades de sensibilização. Em 2016, foram realizadas ações de
sensibilização para 200 colaboradores efetivos, contratados e terceirizados
(Figura 5A), 105 funcionários participaram de treinamentos, além de
campanhas espalhadas no sistema de ponto eletrônico (NGSA, 2016). Em 2017,
os funcionários participaram do treinamento sobre a Agenda Ambiental para
a Gestão Pública (A3P) promovida pelo Ministério do Meio Ambiente (NGSA,
2017).
48
Em 2018, foram treinados mais de 400 terceirizados (Figura 5B) e foram
capacitados 30 funcionários efetivos envolvidos na contratação de bens e
serviços públicos, além, de uma atividade de sensibilização envolvendo 150
militares com o objetivo de ressaltar a importância das políticas de
sustentabilidade (NGSA, 2018).
Em 2019, em parceria com a Diretoria de Segurança, foram realizados
treinamentos sobre princípios de combate a incêndio e pânico para os
funcionários terceirizados, ocorreu uma programação especial para
comemoração referente ao Dia Mundial do Meio Ambiente e foi realizado um
curso de licitações sustentáveis, com participação de 40 funcionários efetivos,
além de um curso de Educação a Distância (EAD) com a capacitação de 30
funcionários efetivos de várias comarcas (NGSA, 2018).
49
Nesse aspecto, Barata, Kligerman e Minayo-Gomez (2007) destacam que
a mobilização e o grau de engajamento dos funcionários e de seus dirigentes
para a otimização dos recursos, para o combate ao desperdício e para a busca
de uma melhor qualidade no ambiente de trabalho é fundamental para o êxito
e efetivação da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), na busca
de instaurar uma nova cultura institucional.
Para a efetivação do desenvolvimento de atividades sustentáveis,
diversas parcerias têm sido realizadas pelo TJMA, buscando ampliar o alcance
das ações de sustentabilidade e tornar as ações mais efetivas através do
compartilhamento de esforços, como a formação da ECOLIGA e parcerias com
a companhia energética, CEMAR/EQUATORIAL, com a COOPRESLS e com a ONG
Amigos do Futuro (Quadro 3).
Neste aspecto, merece destaque a formação da ECOLIGA DA JUSTIÇA. A
ECOLIGA consiste em um termo de cooperação técnica celebrado entre oito
órgãos públicos: o TJMA, Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA), o
Tribunal Regional do Trabalho (TRT-16), a Justiça Federal Seção Judiciária do
Maranhão, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o Ministério Público
do Estado do Maranhão (MPMA), o Tribunal de Contas do Estado do Maranhão
(TCE-MA) e a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), visando integrar as
ações de gestão de resíduos sólidos e compras sustentáveis e compartilhadas,
capacitação e produção científica, racionalização e redução de custos e
logística integrada de veículos (NGSA, 2017).
50
De acordo com Caldas (2011), as parcerias público-privadas são
importantes instrumentos de viabilização da infraestrutura para o
desenvolvimento das ações de sustentabilidade, com melhorias e vantagens
significativas na união de esforços, especialmente em relação aos benefícios
de incentivo à preservação e restauração do ambiente quando em comparação
com os modelos clássicos.
Barata, Kligerman e Minayo-Gomez (2007) enfatizam que as empresas e
instituições do setor público, particularmente as que têm como missão direta
promover o bem-estar da sociedade, deveriam ser as primeiras a tomar a
iniciativa de implantar um sistema eficiente de gestão ambiental,
desenvolvendo assim, parcerias que somam os fatores sociais associados à
preservação ambiental e à saúde da população, os efeitos da melhor utilização
de recursos públicos, pois a ecoeficiência se fundamenta na racionalidade das
decisões, na análise de custo e benefício das medidas a serem implementadas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
51
REFERÊNCIAS
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desenvolvimento da cultura de sustentabilidade. Ambiente & Sociedade, v. 20, n. 1, p. 43-64, 2017.
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NGSA. NUCLEO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL - TJMA. Relatório de atividades, Núcleo de Gestão
Socioambiental do Judiciário Maranhense, TJMA, 2018. Disponível em: <
http://www.tjma.jus.br/midia/nsa/pagina/hotsite/432218 > Acesso em: 10/01/2021.
52
NGSA. NUCLEO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL - TJMA. Relatório 2019, Núcleo de Gestão Socioambiental
do Judiciário Maranhense, TJMA, 2019. Disponível em: <
http://www.tjma.jus.br/midia/nsa/pagina/hotsite/432218 > Acesso em: 02/05/2020.
NGSA. NUCLEO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL - TJMA. Relatório de desempenho do plano de logística
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TEIXEIRA, M. G. C.; AZEVEDO, L. P. A agenda ambiental pública: barreiras para a articulação entre critérios
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Eletrônica de Administração (Porto Alegre), v. 19, n. 1, p. 139-164, 2013.
53
ensino
A EFICÁCIA DA PROVA ESCRITA COMO
INSTRUMENTO AVALIATIVO E DE
APRENDIZAGEM: UM RELATO NO CURSO DE
LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
Elen de Fatima Lago Barros Costa1
Aline Roberta Santos Cardoso Silva 2
Raissa da Cruz Serejo3
1. INTRODUÇÃO
“Defino a avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no sentido de que a
avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo, inclusivo” (LUCKESI, 1998, p. 172)
1
Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: elen@ifma.edu.br
2
Discente, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: raissa.serejo@acad.ifma.edu.br
3
Discente, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail:aline.roberta@acad.ifma.edu.br
55
Essas concepções sobre avaliação são comprovadas pelo educador José
Carlos Libâneo ao afirmar que “a avaliação escolar é uma parte integrante do
processo de ensino e aprendizagem e não uma etapa isolada” (LIBÂNEO, 2013
p. 222). E são essas concepções que norteiam os documentos oficiais da
política educacional no Brasil, dentre esses, a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) que defende que um dos papéis do processo de avaliação
escolar deve ser um meio formativo, deve se levar “em conta os contextos e
as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para
melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos alunos” (BRASIL,
2017, p. 17).
Nessa perspectiva, quando abordamos a temática da avaliação no espaço
escolar percebe-se que essa prática é realizada a partir de diversos
instrumentos avaliativos, entretanto, a forma como os docentes utilizam os
resultados deste processo depende das relações sociais estabelecidas na
escola e das concepções político-filosóficas adotadas, ou seja, dependendo da
concepção democrática ou autocrática adotadas no ato avaliativo esses
instrumentos podem ser concebidos de maneiras diferentes – para
incluir/emancipar ou excluir/subjugar. A prática autocrática exclui parte dos
alunos, porque tem como foco o julgamento, já a prática democrática inclui a
partir do momento que tem como foco o diagnóstico do ato de apreensão do
conhecimento.
De acordo com Hoffmann, é condição primordial que "a avaliação deixe
de ser o momento terminal do processo educativo [...] para se transformar na
busca incessante de compreensão das dificuldades do educando e na
dinamização de novas oportunidades de conhecimento" (HOFFMANN, 1992, p.
21) e para tanto ela deve ter um caráter continuo, diagnóstico e formativo,
sendo uma oportunidade dos docentes e discentes compreenderem os
processos cognitivos desenvolvidos, determinando as devidas paradas e
reajustes, ou seja, o replanejamento didático-pedagógico. Nesse processo,
aponta-se a importância, também, do conhecimento que o docente tem que
ter dos instrumentos avaliativos escolhidos para cada momento do processo,
que devem ser considerados/percebidos como aliados, visando o sucesso de
todos os alunos. A proposta da escola deve ser a adoção de um paradigma
emancipador da avaliação da aprendizagem.
56
Compreende-se, portanto, que não há somente um instrumento avaliativo
mais eficaz, mas que existem componentes curriculares, conteúdos e
momentos em que esses instrumentos podem ser mais bem utilizados, ou seja,
na escolha do instrumento avaliativo é primordial analisar o tipo de conteúdo
a ser avaliado, o perfil da turma e as condições objetivas de realização de cada
aluno. E nesse sentido, para Mendes e Buriasco (2018), a prova escrita e a
análise da produção escrita podem configurar uma forma de diálogo entre os
alunos e professores.
A avaliação possui um alto grau de complexidade, assim como de
importância, no campo educacional, ela assume várias dimensões na qual o
rendimento do aluno é apenas uma delas. Assim, torna-se necessário que a
avaliação educacional esteja baseada em aspectos abrangentes, que
envolvam além de testes realizados de forma bimestral ou trimestral, visando
obtenção de notas. Como defendido por Cipriano (2007), ela deve ser um
processo incorporado ao Projeto Político e Pedagógico/ PPP da instituição de
ensino, e os resultados obtidos devem assumir um papel de objeto reflexivo.
Tornar a avaliação parte dos processos de ensino e de aprendizagem
implica exercê-la ao longo de toda formação do discente, para ir além da
finalidade de identificar se os estudantes adquiriram conhecimentos que lhes
foram propostos para a meta de preparar, orientar, aperfeiçoar a ação do
estudante e do próprio professor (TREVISAN, MENDES, VIEIRA; 2019).
À vista disso, a pesquisa teve como objetivo investigar os principais
métodos avaliativos e discutir a eficiência da prova escrita como instrumento
avaliativo no âmbito acadêmico no curso de Licenciatura em Matemática no
Instituto Federal do Maranhão, Campus Monte Castelo. No que diz respeito aos
procedimentos metodológicos, trata-se de uma pesquisa exploratória e
explicativa, tendo como procedimentos técnicos para coleta de dados a
pesquisa bibliográfica, documental e de campo.
57
2. A PRÁTICA PEDAGÓGICA E PROVA ESCRITA: ALGUMAS
REFLEXÕES
Em uma abordagem de ensino-aprendizagem, Freudenthal (1979, p. 321
apud FORSTER, 2015, p. 29) compreende que a matemática não é inflexível e
limitada. A matemática é,
uma actividade humana simultaneamente natural e social, tal como
a palavra, o desenho e a escrita. Figura entre as primeiras
actividades cognitivas conhecidas e foi a primeira disciplina a ser
ensinada, mas evoluiu e transformou-se sob a influência das
modificações sociais, bem como a sua Filosofia e a maneira de ser
ensinado.
58
informativos, a interpretação e análise de situações cotidianas para que haja
uma melhor compreensão por parte dos alunos (PARANÁ, 2008). Para
Sameshima (2008), a avaliação da aprendizagem escolar em matemática deve
configurar-se com a prática. Por isso, é necessária a discussão acerca de
novos métodos avaliativos que possam auxiliar no desenvolvimento
pedagógico do aluno e, portanto, anuir o valor de todas a experiências de
aprendizagem, além das provas e testes.
Nos últimos anos, elevados índices de reprovação e evasão, juntamente
com a baixa qualidade da educação escolar, trouxeram em pauta a eficiência
da avaliação como medida classificatória. Para Luckesi, “a prática do exame,
devido a operar com os recursos de aprovação/reprovação, obrigatoriamente
conduz à política da reprovação, que tem se manifestado como o mais
consistente álibi para o fracasso escolar” (LUCKESI, 2005a, p. 19).
Diversos autores conceituam o que é avaliação, uma vez que o significado
de avaliação está relacionado com o modelo político pedagógico vigente. Para
Sordi (1995), a prática de avaliação é um ato dinâmico onde o professor e o
aluno assumem o seu papel, de modo co-participativo, através da
implementação do diálogo e da interação respeitosa, comprometendo-se com
a construção do conhecimento e a formação de um profissional competente.
É, portanto, um ato essencialmente político, expressando concepções de
Homem-Mundo-Educação. Por outro lado, Vasconcellos (2003) entende que a
avaliação é um processo abrangente da existência humana que implica
reflexão sobre a prática, no sentido de diagnosticar seus avanços e
dificuldades e, a partir dos resultados, planejar tomadas de decisão sobre as
atividades didáticas posteriores. Nesse contexto, a avaliação deveria
acompanhar o aluno em seu processo de crescimento, contribuindo como
instrumento facilitador da aprendizagem.
Libâneo (1994) trata o conceito de avaliação como sendo uma atribuição
didática fundamental do trabalho docente, atrelado ao processo de ensino e
aprendizagem e, por meio dela, é feita uma comparação dos resultados
alcançados durante o trabalho com os objetivos apresentados, com o fim de
detectar as dificuldades, o progresso e corrigir o trabalho. Avaliar é ponderar
o nível de qualidade referente ao trabalho escolar tanto do professor quando
dos alunos, coletando as informações qualitativas e quantitativas durante o
59
processo, interpretando-as no tocante a um paradigma de execução e
declarando-os em juízos de valor (muito bom, bom, satisfatório etc.) sobre o
aproveitamento do aluno.
Para o aluno, a avaliação pode servir para regular sua aprendizagem,
sendo capaz de orientá-lo para que ele tenha autonomia para perceber suas
dificuldades, analisá-las e descobrir caminhos para superá-las. Para o
professor, serve para que ele possa repensar e reorientar a sua prática
pedagógica, além de possibilitar-lhe entender e interferir nas estratégias
utilizadas pelos alunos (NAGY-SILVA, 2005).
Partindo dessas reflexões, o professor tem papel importante no processo
de aprendizagem, desde que possibilite ao aluno oportunidades para a
reconstrução do conhecimento socialmente produzido.
A discussão sobre a avaliação escolar está diretamente vinculada ao
processo de ensino e aprendizagem, ou seja, à prática pedagógica do
professor. É sabido que o grande desafio pedagógico em sala de aula é a
formação humana por meio do trabalho com o conhecimento baseado no
relacionamento interpessoal e na organização da coletividade. O vínculo
pedagógico trabalhado em sala de aula é a gestão do processo de
conhecimento: suas necessidades, objetivos, conteúdos, metodologias,
relacionamentos, recursos e interfaces de avaliações (VASCONCELLOS, 2003).
No entanto, a relação pedagógica é muito marcada pela avaliação
classificatória, fazendo com que muitos alunos percam o interesse escolar,
tendo em vista que os educadores não renunciam à avaliação como
instrumento de pressão. Vários fatores contribuem para que o aluno perca o
interesse pela escola: desmonte social, falta de perspectiva de vida, violência,
desestruturação familiar, contradições internas das instituições de ensino etc.
Na avaliação tradicional, encontra-se um dos mais comuns pontos de
fuga da mobilização: o educador não consegue motivar o aluno para o
trabalho, então apela e usa-se a nota como instrumento de pressão para obter
a disciplina, sendo essa uma das estratégias corriqueiras para tornar o
trabalho “significativo”.
Avaliação é um diagnóstico que pode ser registrado em forma de nota,
mas nota não é avaliação. No entanto, ela é tomada como avaliação, quando,
60
de fato, não representa a avaliação da aprendizagem em si, mas tão somente
o registro da experiência de aprendizagem do aluno. A atenção é centrada na
nota e não no caminho percorrido para obtê-la, essas são operadas e
manipuladas como se nada tivessem a ver com a trajetória do processo de
aprendizagem. Esse método faz com que o aluno não se relacione com o
conhecimento, e só se preocupe em garantir sua nota (VASCONCELLOS, 2003;
FENILI et al., 2002).
À vista disso, sentimentos negativos em relação às provas vão sendo
desenvolvidos ao longo dos anos de escolarização. Segundo Gatti (2003),
existem algumas medidas que podem ser tomadas para o desenvolvimento de
atitudes mais positivas em relação às provas. Primeiro, é necessário preparar
bem as provas e os alunos para realizá-las. Segundo, as provas devem ser
realizadas com certa frequência - um número maior de provas permite uma
diminuição da pressão sobre os alunos quanto ao seu desempenho; e terceiro,
usar a prova corrigida como meio de ensino. Para Luckesi (2005b, p. 33),
Na avaliação nós não precisamos julgar, necessitamos isto sim, de
diagnosticar, tendo em vista encontrar soluções mais adequadas e
mais satisfatórias para os impasses e dificuldades. Para isso, não é
necessário nem ameaça, nem castigo, mas sim acolhimento e
confrontação amorosa.
61
para aluno. Um padrão de correção deve ser estabelecido
cuidadosamente antes da aplicação de qualquer prova e discutido
após com os alunos; A ambiente onde a prova é realizada – a classe
deve estar livre o mais possível de barulhos, ruídos incômodos ou
movimentos que possam perturbar os alunos a ponto de atrapalhar
sua concentração ou dedicação à tarefa; O estado emocional dos
alunos – a ansiedade, a angústia ou a excitação que muitos alunos
experimentam em situação de prova tendem a perturbar sua
realização; os professores devem organizar suas provas de tal
forma que consigam diminuir estas influências emocionais ao
mínimo (GATTI, 2003, p. 106).
63
Gráfico 1: Porcentagem dos alunos investigados que estudaram em escolas públicas e/ou
privadas.
65
Percebe-se que 46,6% dos alunos consideram que a prova escrita é um
bom método avaliativo e 16,6% acreditam na eficácia da prova escrita, mas que
deveria ser utilizada juntamente com outros instrumentos avaliativos,
conforme eles descreveram na entrevista:
Aluno 1: Considero eficaz, não em sua totalidade, nem na forma que
alguns professores aplicam. Quando a prova escrita é feita de
acordo com o nível da turma, buscando a comprovação de que a aula
surtiu efeito, ela é eficaz, porém, não deve ser o único método de
avaliação da aprendizagem dos alunos. É sabido que, muitas vezes,
o desempenho dos alunos na prova escrita não condiz com o seu
aprendizado na sala. Nestes casos, vê-se que esta não avalia
corretamente.
Aluno 2: Não nego que não é eficaz, mas eficiente. Porém, tem suas
limitações.
Aluno 3: Considero eficaz, mas não somente a prova escrita como
critério avaliativo, outros métodos avaliativos seriam mais eficazes.
68
Vasconcellos (2005) explica que não há como abolir a avaliação, pois,
neste caso, não se conheceriam as dificuldades do aluno, por não haver uma
avaliação contínua do processo e o professor não teria como ajudá-los.
Esclarece que é uma crítica ao uso corrente da prova num momento
sacramentado e destacado, ou seja, desvinculada do processo ensino-
aprendizagem.
O autor faz a distinção entre avaliação e nota, mostrando que a primeira
é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão
crítica sobre a prática, para captar seus avanços, suas resistências,
dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para
superar os obstáculos. A nota, seja na forma de número, conceito ou menção,
é uma exigência formal do sistema educacional.
Mesmo que um dia não haja mais nota na escola ou reprovação,
certamente haverá necessidade de continuar existindo avaliação como
acompanhamento do desenvolvimento dos alunos, ajudando-os em suas
eventuais dificuldades. Para que isso um dia venha acontecer, em primeiro
lugar, o professor não deve fazer uso autoritário da nota, e sim, através de
novas práticas concretas, mostrar ao aluno que, se ele aprender, a nota virá
como consequência.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
69
estas avaliações são realizadas e a necessidade de antecipadamente
mensurar que o fator emocional dos alunos, todos estes fatores, precisam ser
levados em consideração ao realizar-se uma avaliação classificatória.
Há um vasto campo para pesquisa acerca deste tema e, principalmente,
para as práticas de formação de professores, a por isso não podemos
generalizar este resultado. Em síntese, é preciso desenvolver uma nova
postura avaliativa e isso requer desconstruir e reconstruir a concepção e a
prática da avaliação e romper com a cultura de memorização, classificação,
seleção e exclusão, tão presente no sistema de ensino.
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70
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71
CONCEPÇÃO “TECNODIGITAL” DE EDUCAÇÃO:
DESAFIOS, SABERES E PERSPECTIVAS
May Guimarães Ferreira
72
concepções se diferenciam substancialmente a partir da visão de natureza
humana e da visão de mundo e sociedade que defendem em suas
prerrogativas. Posteriormente, o professor Dermeval Saviani aprofundou essa
sistematização das concepções educacionais apresentando-as como:
Humanista tradicional, Humanista Moderna, Tecnicista e Histórico-Crítica.
Cada uma delas baseada em tendências e correntes filosóficas distintas.
Assim como, os períodos de regime democrático foram exceção no Estado
brasileiro no século passado, as ideias pautadas em concepções críticas da
história, baseada no eixo teórico marxiano e gramsciano são categorias de
exceção às regras dominantes. A História da Educação Brasileira é
caracterizada, desde a época colonial, como o “locus” do ensino privado e
confessional. A “primavera histórico-crítica”, difundida na formação dos
profissionais da educação a partir dos anos 80, sofre ao longo desses anos de
produção científica e sistematização filosófica os ataques da política
educacional, predominantemente facilitadora dos negócios de ensino e pseudo
aprendizagem, às vezes verdadeiramente qualificadas dentro dos padrões de
modernização empresarial.
Para compreender a importância da Concepção de Educação que se
delineia a partir do final do Século XX, com a implementação da rede de
comunicação e telecomunicação é necessário rever sua evolução histórica da
concepção no contexto brasileiro.
Escolhi privilegiar a Concepção Tecnicista que se tornou dominante no
Brasil nos anos 70 do século passado e a sua nova versão que emerge a partir
dos anos 90, mais especificamente em 1995, quando surge a internet
comercial, e que eu estou denominando de Concepção ‘Tecnodigital’ de
Educação.
Tecnologia Educacional é um termo que remonta a segunda metade do
século 20. Em muitos programas de pós-graduação, cursos de Educação,
Pedagogia e licenciaturas havia, principalmente, a partir dos anos 70 a
introdução de propostas voltadas para as tecnologias na educação, na
condição de meio e processo de inovação educacional e solução do dilema
quantidade versus qualidade.
Convém lembrar que a Concepção Tecnicista de Educação foi introduzida
no Brasil pelo pacote da Reforma de Ensino de 1º e 2º Graus, implantada pela
73
Lei nº. 5692/71. Enquanto os profissionais da educação se ocupavam em
reformar currículos e criar laboratórios sem infraestrutura e sem
pesquisadores, a perspectiva educacional da Ditadura Militar do Golpe de 1964
foi repassada, e se incumbiu de promover as ideias hegemônicas de educação
em cujas escolas poderiam ser gerenciadas como empresas pautadas na
planilha de produtividade, lucratividade e negócios exitosos de promoção de
ensino.
Ao encarar a tecnologia como norteadora dos processos e fins
educacionais como a modernização qualitativa do sistema de ensino, houve a
inversão do significado político e pedagógico do trabalho escolar. A formação
de recursos humanos e as reformas curriculares sofreram alterações
segundo as ideias economicistas em educação.
O Golpe Militar de 1964 favoreceu as condições políticas para a
centralização do poder e a implantação de uma autocracia burguesa, que
primava pela coerção e exclusão das lutas sociais de setores ligados às
camadas majoritárias da população brasileira e do operariado em formação
regional. O poder burguês se concentrou basicamente no topo das elites entre
os 10 ou 25% daqueles com mais altas rendas, que monopolizavam a cultura e
o poder político. Assim, com concentração de poder pela força, foi possível
fazer com que
[...] o Estado se constitua no veículo por excelência do poder burguês,
que se instrumentaliza através da maquinaria estatal até em
matérias que não são nem administrativas nem políticas. Isso
explica a facilidade com que, no Brasil, as classes possuidoras e
privilegiadas passaram tão rapidamente, em 1964, da
automobilização social para ação militar e política; como o Estado
Nacional foi posto a serviço de fins particularistas da iniciativa
privada; e por que as várias elites das classes dominantes
(econômicas, militares, políticas, judiciárias, policiais, profissionais,
culturais, religiosas etc.) encontraram tão depressa um foco de
unificação institucional de suas atividades” (FERNANDES, 1981: 267).
79
se fosse água por entre os dedos, estabeleceu uma corrida desenfreada por
realização de múltiplas tarefas de maneira simultânea.
O tempo e o ritmo de trabalho dedicado à produção de bens materiais e
não materiais, destinados a atender as condições básicas de existência e
sobrevivência, vem se alterando de acordo com a nova organização da
sociedade. As relações sociais de produção, que balizam as conexões
estabelecidas entre o indivíduo e a sociedade foram desligadas da sua
existência real de maneira global e estão estruturadas em uma rede de fluxos
financeiros.
O capital é acumulado, predominantemente, na esfera da circulação
açambarcando todas as esferas de troca mercantil, incluindo a lavagem de
dinheiro, bem como determinando todas as dimensões da existência humana,
em última instância. Tudo isso significa uma transformação qualitativamente
diferente da experiência humana que até então se verificava na relação de
trabalho do sujeito com a natureza produzindo a si mesmo através da cultura
e da educação.
Tudo o que não é sólido parece dissolver-se, em meio aos avanços dos
meios de comunicação, que implantaram novos padrões de produção e
circulação de informações.
A idealização da rapidez e da quantidade de produção de hábitos e
informações deixa de lado o tempo necessário à reflexão e ao ócio qualitativo
indispensável à busca da verdade interior. Simultaneidade e atemporalidade
são as duas variáveis da “cultura da virtualidade” que integra eletronicamente
pessoas de todas as partes do mundo, menos os excluídos do sistema
multimídia. A internet se transformou na “espinha dorsal” do Planeta,
aglutinando virtualmente todas as modalidades de informação. O fim dos
tempos se verifica pelo fluxo.
Na sociedade em rede, a produção cultural está desvinculada da história
e da geografia tornando-se mediada pela comunicação eletrônica, que
alcança as pessoas através de códigos e valores difundidos em hipertextos
audiovisuais digitalizados.
Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto
altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu
80
equilíbrio. Redes são instrumentos apropriados para a economia
capitalista baseada na inovação, globalização e concentração
descentralizada; para o trabalho, trabalhadores e empresas
voltadas para a flexibilidade e adaptabilidade; para uma cultura de
desconstrução e reconstrução contínuas; para uma política
destinada ao processamento instantâneo de novos valores e homens
públicos; e para uma organização social que vise a suplantação do
espaço e invalidação do tempo (CASTELLS, 1999:566).
81
também passaram a ser incluídas nesse sistema de comunicação, bem como
a rapidez de inúmeros movimentos de massa que emergem inesperadamente.
O capitalismo insano destrói vidas, os ecos sistemas, as pessoas e a
subjetividade privatizada, a educação e a escola engendrada pela formação
capitalista de produção, ou seja, a escola burguesa que chegou até muitos
países.
O Brasil tem suas especificidades trágicas em matéria educacional,
política e econômica. A transformação vinha se dando de maneira sutil, agora
as portas dos negócios se abriram. As comportas se abriram rumo a
privatização, porém as contradições do todo social não deixaram de existir. As
contradições antagônicas permanecem em luta.
Algumas propostas que incluem a chamada escola doméstica, estão
sendo preparadas nos bastidores do legislativo para ampliar a possibilidade
de criação de empresas dedicadas a essa nova modalidade de negócios de
ensino e aprendizagem. Inúmeras discussões têm sido feitas para que o campo
educacional absorva essa novidade. Em países cujo sistema educacional de
qualidade para todos tem sido mantido, o “homeschooling” serviria a setores
minoritários das populações, que pretendem garantir a formação no âmbito
familiar.
Cabe a nós professores, pedagogos e educadores continuarmos em
prontidão ao desafio da educação pública brasileira de qualidade para 70 por
cento de pobres e excluídos da possibilidade de usufruir dos saberes e sabores
socialmente produzidos. Uma nova perspectiva tridimensional deverá ser
introduzida por nós, em cada sala de aula, remota ou não, mais que seja mais
humana e universal.
E, com a poesia de Arnaldo Antunes,
“Socorro não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem dor
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
(..)
Socorro
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
82
(...)
Socorro
Alguma rua que me dê sentido...”
REFERÊNCIAS
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FERREIRA, May Guimarães. Indivíduo e sociedade: do movimento real à representação ideal. Campinas,
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GIANNETTI, Eduardo. Autoengano. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
GIANNETTI, Eduardo. O mercado das crenças: filosofia econômica e mudança social. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.
HAN, Byung- Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015.
83
ENSINO REMOTO E A DOCÊNCIA NO ENSINO
SUPERIOR
Vannyana Gomes Rabelo4
Isabela Vieira dos Santos Mendonça5
1. INTRODUÇÃO
4
Discente, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo.
5
Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo.
84
infraestrutura e a formação deficiente dos profissionais da educação (THADEI,
2018). Entretanto, considerando que nada e nem ninguém será como antes,
este momento desafiador é propício para inovar na educação (AVELINO;
MENDES, 2020; BARRETO; ROCHA, 2020; MARTINS, 2020).
No sistema educacional, o professor através do seu planejamento precisa
ser diferente e criativo, de modo que amenize os impactos do ensino remoto
emergencial. Mesmo que ele tenha dificuldades com as tecnologias digitais,
no manuseio e aplicação. Ele precisa saber o momento certo de empregar
essas tecnologias, trazendo benefícios para ambos os lados, professor e aluno
(JUNIOR et al., 2020).
É sabido que nada substitui o ensino presencial, o quanto o contato físico
é importante para o relacionamento interpessoal, mas no contexto atual a
nossa única aliada é a tecnologia, para dar continuidade ao processo de ensino
e aprendizagem (BARBOSA; VIEGAS; BATISTA, 2020).
Considerando que o ensino remoto emergencial faz parte do cotidiano de
todos os docentes no momento atual, buscamos investigar como docentes de
instituições de ensino superior públicas do Maranhão estão enfrentando o
ensino remoto emergencial, que persiste ainda sem previsão de retomada às
atividades presenciais, já que o vírus continua se alastrando pela sociedade.
2. METODOLOGIA
85
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
86
professores doutores nas instituições de ensino superior, especialmente nas
instituições de rede pública, enquanto a de mestres também vem crescendo.
Já o percentual de especialistas é menor com relação aos demais.
Em relação ao tempo de experiência profissional na docência (Gráfico 3),
68,2% são docentes há mais de 15 anos, ou seja, bastante experientes em sala
de aula presencial, talvez não sendo tão vantajosa essa experiência
presencial, no ensino remoto.
Gráfico 3: Tempo de experiência profissional na docência.
87
No que diz respeito, a se sentir preparado para a modalidade de ensino
remoto emergencial, mais de 81% dos docentes não estavam preparados para
mudar suas rotinas, aulas e metodologias assim tão rapidamente. As
tecnologias precisaram ser inseridas e a dinâmica de sala de aula precisou
tomar novos rumos, como nos aponta Limeira et al. (2020).
Gráfico 5: Preparação docente ao ensino remoto emergencial.
88
Com relação às plataformas de ensino que os professores já conheciam
antes mesmo da pandemia (Gráfico 6), têm-se o Google Meet, Google
Classromm e Google Forms com 40,9% para estudos síncronos, assíncronos e
avaliações. Diferentemente, do encontrado na pesquisa de Có, Amorim e
Finardi (2020) que identificaram a plataforma Zoom como a mais utilizada
(54,7%).
Gráfico 6: Plataformas digitais de ensino que os docentes já conheciam.
89
Gráfico 7: Capacitação dos docentes para o ensino remoto.
90
averiguar também, se os professores pesquisados utilizavam outras
ferramentas digitais complementares (Gráfico 9) para auxiliar na aula remota,
buscando dinamizar esse momento.
Gráfico 9: Utilização de ferramentas digitais complementares no ensino remoto.
91
Portanto, o uso dessas tecnologias digitais, não é apenas um diferencial, mas
sim, uma necessidade expressiva na aprendizagem (SEABRA et al., 2014)
(SANTOS; SOUZA, 2019).
Dentre as vantagens na utilização de ferramentas digitais observadas ao
longo desse tempo (Gráfico 10), destaca-se a praticidade na utilização das
ferramentas por 47,8% disponibilização de materiais educativos com mais
facilidade; vídeos e arquivos em PDF; avaliações objetivas com lançamento
instantâneo de notas; garantia do acesso às aulas e atividades; maior
variabilidade de recursos disponíveis e ainda poder gravar os momentos ao
vivo, assegurando seu acesso posteriormente.
Outra vantagem é a interação entre docentes, discentes e as tecnologias
com 34,8% que declararam que elas não substituem a interação presencial,
mas auxiliam nesse processo de ensino remoto. E, por fim, 17, 4% declararam
que o dinamismo gera a possibilidade na variação de metodologias e uma
linguagem tecnológica, que se aproxima das que os discentes estão
acostumados a utilizar no cotidiano.
Gráfico 10: Vantagens na utilização de ferramentas digitais no ensino remoto.
92
Então, é de extrema importância que os docentes repensem novas e
melhores práticas de ensino, na tentativa de manter a qualidade do ensino
para atingir os objetivos propostos.
Quanto à possibilidade de gravação das aulas no ensino remoto, este
permite o acesso ao conteúdo em outros momentos além dos da aula ao vivo,
flexibilizando assim horários, potencializando assim o aprendizado (FERREIRA
et al., 2020).
Conforme Gráfico 11, os maiores desafios percebidos pelos professores,
no ensino remoto e na utilização de tecnologias digitais, são a pouca interação
dos alunos (23,1%) e a carência de uma internet de qualidade dos alunos para
acessar às aulas (19,2%).
Gráfico 11: Desafios do ensino remoto e da utilização de tecnologias digitais.
93
Reforça-se aqui, a importância de uma adaptação do docente, que se faz
necessária para o ensino remoto, que não pode ficar restrito apenas à
apresentação de slides, o que pode tornar a aula pouco dinâmica, mas que
deve ser ampliado com a utilização de outros recursos, que o auxilie
metodologicamente, contribuindo para um momento mais participativo, por
meio de jogos digitais que tornem possível a interação (ALMEIDA et al., 2018).
Infelizmente, um dos maiores desafios para o ensino remoto, em países
subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, é o acesso de qualidade à internet
e disponibilização de equipamentos (ROSSETO et al., 2020).
Em relação à desigualdade de acesso, devido à carência de uma internet
de qualidade e de dispositivos dos alunos, algumas instituições de ensino
superior, lançaram editais de bolsas, para acesso a recursos em dinheiro, para
pagamento de equipamentos e pacotes de dados aos estudantes, com o intuito
de minimizar essa desigualdade, mas lamentavelmente esse problema não foi
sanado.
Com relação, à dificuldade de concentração dos alunos nas aulas, as
instituições tentaram de alguma forma impedir isso, reduzindo os horários de
50 minutos como no presencial, fazendo uma divisão de minutos, em síncronos
e assíncronos. Mas, ainda assim, não foi suficiente para melhorar a
concentração dos discentes já que os docentes relataram essa baixa
concentração.
Sem contar que essa baixa concentração, pode estar associada a vários
fatores, incluindo a falta de um espaço adequado ou escasso dentro de casa,
um lar com muitos integrantes, poucos cômodos e excesso de barulho (CUNHA;
SILVA; SILVA, 2020).
Quanto a não conseguir avaliar o processo de aprendizagem, há uma
variedade de formas para monitorar e avaliar os alunos em ambiente virtual,
já que a maioria das plataformas utilizadas fornece o progresso dos alunos e
muita das vezes dá feedback automático, se assim programado (MOREIRA;
HENRIQUES; BARROS, 2020).
Com relação ao interesse em participar de capacitação on-line sobre
ferramentas digitais de ensino (Gráfico 12), em torno de 72,7% apresentaram
interesse em participar, favorecendo assim uma maior utilização de
94
ferramentas de ensino, básicas e complementares, com a finalidade de
melhorar a desenvoltura profissional.
Gráfico 12: Interesse em participar de capacitação on-line sobre ferramentas digitais no
ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
95
É evidente que nada substitui o contato físico e a qualidade do ensino
presencial, todavia não exclui os benefícios presente no ensino remoto,
gerando novas possibilidades, através da utilização de novos recursos, além
da praticidade de ter tudo ao alcance rapidamente. Para tanto, é fundamental
que se tenha um objetivo claro e contextualizado na utilização dessas
metodologias e ferramentas.
Os desafios podem e devem ser superados, basta ter o apoio necessário
por meio de formação e capacitações, da vontade de aprender coisas novas,
criando estratégias para que os discentes fiquem mais motivados a interagir
em sala de aula.
E mesmo que as dificuldades pareçam superar as vantagens, é preciso
encarar esse momento como oportuno de adaptação na educação de um modo
geral, em especial no meio acadêmico. E com a atuação das políticas públicas,
propiciando novas perspectivas, por meio de investimentos em estruturas de
acesso e formações profissionais poder-se-á ter um ensino remoto de
qualidade.
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o uso do YouTube na sala de aula. Anais II CONEDU. Campina Grande: Realize Editora, 2015.
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96
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excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do Ensino Superior decorrentes das medidas para
enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei n. 13.979, de 6 de fevereiro
de 2020. Diário Oficial da União, ed. 63-A, seção 1, Brasília, DF, p. 1, 01 abr. 2020d. Disponível em:
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98
O CURRÍCULO ETNOMATEMÁTICO E A
PEDAGOGIA FREIRIANA: UMA ANÁLISE DE
EXPERIÊNCIA NO PROJETO EDUCAR É ABRIR
JANELAS
Leonardo Figueiredo Araujo6
Déa Nunes Fernandes7
1. INTRODUÇÃO
99
de uma sociedade mais justa e igualitária, mais fraterna e consciente. Acredita
ser esse um desafio para educadores matemáticos que vislumbram formar
indivíduos comprometidos com a transformação social.
Diante dessas duas perspectivas teóricas, buscou-se compreender como
as ideias pedagógicas de Paulo Freire e de Ubiratan D’Ambrósio podem
contribuir de forma significativa para o ensino da matemática, seja em qual
for o contexto, de modo a possibilitar ao educando a apropriação de
conhecimentos a partir das noções sociais que ele já possui.
O viés qualitativo da pesquisa caraterizado por meio do estudo
bibliográfico realizado acerca das ideias de Paulo Freire e Ubiratan
D’Ambrósio, possibilitou constituição de uma base teórica para apresentar
aproximações existentes entre a teoria de Paulo Freire e um currículo
etnomatemático, na perspectiva defendida por Ubiratan D’Ambrósio, ao
evidenciar como as ideias desses dois teóricos convergem para uma educação
que transforma, que liberta e que constrói. Essa base teórica foi o suporte para
o planejamento e execução de uma prática pedagógica experienciada pelo
primeiro autor deste texto, no projeto Educar é Abrir Janelas, desenvolvido no
Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória, por meio de aulas interativas e
de oficinas de matemática.
A análise dos dados se deu a partir de relatos de experiências de algumas
pessoas envolvidas no projeto, no caso, a coordenadora da instituição, uma
educadora que trabalha no Centro e três alunos. As narrativas dos relatos
foram constituídas a partir de um questionário aplicado entre esses
participantes.
Espera-se que as reflexões aqui apresentadas contribuam para o
desenvolvimento de uma educação matemática pautada nos pressupostos de
um currículo etnomatemático e da pedagogia freiriana, e que as concepções
sustentadas possam alimentar o espírito da crença na educação como o
caminho para a libertação e transformação social.
100
2. MÉTODO DE PAULO FREIRE E A ETMOMATEMÁTICA
8
Plano que visava alfabetizar cinco milhões de jovens e adultos em dois anos, almejando multiplicar pelo país a
metodologia aplicada pelo educador
101
Para Freire, cada pessoa envolvida na ação pedagógica dispõe em si
própria, ainda que de forma rudimentar, de um conhecimento prévio acerca
do que será apreendido. Acredita ainda, que o importante não é transmitir
conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a
experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora do contexto
social do educando é considerada um tipo de invasão cultural, na qual o
educando só recebe os conhecimentos e não os incorpora em sua prática
cotidiana.
Na pedagogia mais tradicional, os educandos são tratados como se
fossem “vasilhas vazias”, que dia a dia são preenchidas pelos “depósitos dos
educadores”, uma relação educando-educador verticalizada. Ao contrário
disso, a pedagogia libertadora entende que o conhecimento não se transmite,
pois “se constitui nas relações homem-mundo, relações de transformação, e
se aperfeiçoa na problematização crítica destas relações” (FREIRE 2001b, p.
36). Uma outra palavra bastante significativa para este contexto é a concepção
de conscientização definida por Freire,
A conscientização é uma atitude humana que ultrapassa a esfera da
realidade, pois, para se chegar a uma visão crítica da mesma, o
homem deve assumir uma posição de constante busca da
transformação. E essa conscientização, como postura e atitude
crítica na história, nunca termina, porque, “ela deve continuar sendo
processo no momento seguinte, durante o qual a realidade
transformada mostra um novo perfil” (FREIRE, 1979, p. 27).
102
ordenar, medir, contar, são próprios da natureza humana. Os indivíduos
percebem a realidade e fazem representações desta através das artes, de
suas crenças ou dos mitos, que são compartilhados por cada grupo social, à
sua maneira. Essas expressões também recebem influências externas devido
ao ambiente natural e cultural em que cada grupo está inserido. Daí a
diversidade no que se refere à alimentação, à habitação ou às vestimentas, os
estilos musicais, dentre outros. Diante do fato de que existe uma distinção nas
práticas descritas, é possível que haja também distintas práticas de
comparação, medição, classificação, ordenação, contagem e mesmo nas
abstrações em geral, ou seja, isso inclui, também, o jeito de ensinar
matemática (D’AMBRÓSIO, 1991; 1993; 1997, 1999b, 2001).
No processo de colonização, a matemática introduzida não considerava a
cultura local, isso se evidencia no fato de que as publicações no campo da
matemática ignoram as produções matemáticas desenvolvidas fora da
Europa, contribuindo assim para a estagnação e eliminação de tradições
culturais nas Américas, África, Ásia e Austrália. Neste contexto e numa
perspectiva crítica, surge a Etnomatemática, procurando evidenciar e
recuperar estas diferentes tradições.
Diferentemente do que sugere o nome, Etnomatemática não é
apenas o estudo de “matemáticas das diferentes etnias”. Muito mais
que isso, é o estudo espacial e temporal diferenciado das várias
technés ou ticas (=maneiras, tecnicas, habilidades) de matemá (=
explicar, entender, lidar e conviver) em diferentes etnos (= contextos
naturais, culturais, socioeconômicos). (D’AMBRÓSIO, 2011a, p. 111-112,
grifos do autor).
103
Enquanto a matemática tradicional não reconhece algumas
especificidades culturais, ignorando até os conhecimentos anteriores dos
indivíduos, a Etnomatemática valoriza bem estas diferenças e reconhece que
todas as formas de produção são válidas e devem ser consideradas no
processo de ensino-aprendizagem. Como exemplo: ensinar as operações
matemática para uma comunidade de ribeirinhos que conhecem bem a
realidade da pesca e outros manejos com o rio da região, usando problemas
matemáticos que tragam à tona esse contexto, com certeza, tornará a
aprendizagem bem mais favorável. Aspecto que vai ao encontro de Ferreira
(2007), quando afirma que o principal fundamento da Etnomatemática é fazer
com que a matemática tenha significado para o educando, e ao trazer para a
sala de aula o conhecimento social do aluno se caracteriza uma preocupação
cognitiva.
Com base na compreensão de Ubiratan D'Ambrósio de que a
Etnomatemática é “a arte ou técnica de explicar, de conhecer, de entender,
nos diversos contextos culturais” (D’AMBRÓSIO, 1998, p.5), o currículo, a partir
desta perspectiva, que considera o saber das multiculturas, inclusive das
marginalizadas, não pode e não deve ser “estático”, mas segundo o autor, deve
ser “dinâmico”. Isto porque compreende o currículo de forma que os
conteúdos, objetivos e métodos estão interrelacionados.
Nos documentos oficiais da educação brasileira, a exemplo a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, se preconiza que:
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e
do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser
complementada, em cada sistema de ensino e em cada
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e dos educandos (BRASIL, 1996).
104
dinâmico. Pensar em currículo dinâmico é pensar em um currículo vivo, onde
se considera os sujeitos daquela ação, e o mesmo deve
[...] refletir o que está acontecendo na sociedade. A dinâmica
curricular sempre pergunta ‘onde’ e ‘quando’ um currículo tem lugar
e o problema-chave na dinâmica curricular é relacionar o momento
social, tempo e lugar, para o currículo, na forma de objetivos,
conteúdos e métodos de uma forma integrada. O momento social é
mais do que simplesmente tempo e local ou quando e onde. Trago à
tona uma dimensão extra da natureza mais complexa, que é a
diversidade cultural (D´AMBROSIO, 1993, p. 64).
106
Ao passo que a oficina foi acontecendo, as dificuldades iam surgindo.
Pontos positivos também foram notados, como a participação e interesse dos
alunos nas atividades, sobretudo lúdicas. A assiduidade dos alunos nos
encontros foi outro aspecto que chamou atenção. Alguns alunos apresentaram
um desejo para no futuro entrar em uma faculdade, outros relataram melhor
desempenho na escola.
Para dinamizar as aulas, foram confeccionados vários jogos educativos,
construção da tabuada e formas geométricas a partir de papéis recicláveis,
tudo para não ficarmos presos ao tradicional, que muitas vezes não atrai.
Inclusive, a atividade de construção de formas geométricas foi apresentada
com êxito numa culminância de todas as oficinas no final de um dos
semestres, que tinha como objetivo mostrar os trabalhos desenvolvidos para
os patrocinadores do projeto.
Além dos momentos só com a oficina de matemática, outras vezes foram
realizadas atividades em conjunto com as outras oficinas. Aquilo tudo se
tornou mágico. Conjuntamente foi realizada a oficina de produção textual, a
leitura da historinha O Diabo dos Números. Daí, eles puderam descobrir o
quanto a matemática, que por vezes é pintada como um “monstro”, na verdade
está mais presente em nosso cotidiano do que imaginamos.
Na perspectiva de ilustrar as contribuições do Projeto, apresenta-se a
seguir o relato de alguns participantes. Foram apresentados três
questionamentos a três alunos, uma das educadoras que trabalha no Centro e
acompanhava o trabalho de perto e a coordenadora da instituição, que
também coordenou o Projeto Educar é Abrir Janelas.
No primeiro questionamento, foi indagado sobre Como o Projeto Educar é
Abrir Janelas, através de suas várias oficinas, contribuiu para a aprendizagem
das crianças e adolescentes que frequentam o CEBENSG. As respostas foram
as seguintes:
O Projeto Educar é abrir janelas me ajudou a gostar mais da
matemática porque me ensinou várias outras coisas que eu não
sabia (Educando A).
Sim, porque os jogos e brincadeiras estimulam na aprendizagem das
crianças e adolescente, além de ser um jeito divertido de aprender
(Educando B).
107
Quando iniciou o projeto ‘Educar é abrir janelas’, eu estava com
notas baixas na escola, tinha muitas dificuldades para compreender
a matemática. Com o projeto, no final do ano consegui recuperar
minhas notas e passar de ano... (Educando C).
São várias as formas de ensino, a sala de aula é o pontapé,
entretanto vai além das paredes que enquadram essa sala, tudo é
difícil até tornar-se fácil... o medo existiu, mas junto com ele a
vontade de fazer diferente, mudar rotas e ter resultados
significativos no processo ensino-aprendizagem dos educandos
(Educadora A).
Sim, contribuiu muito, pois através desses projetos é que temos
grande oportunidades de fazer uma educação diferenciada, tendo as
condições de ensinar nossas crianças de maneira mais lúdica e
animada (Coordenadora A).
108
Por fim, questionou-se: no decorrer da Oficina de matemática, o
professor-monitor trouxe atividades, jogos, exemplos contextualizados ao
longo dos conteúdos trabalhados? Você acha que isso favoreceu ou não o
ensino aprendizagem dos educandos?
Sim, porque os jogos e as atividades ajudaram muito as crianças que
não gostavam e aquelas que já gostavam... (Educando A).
Ajudou as crianças a aperfeiçoar tal área dentro das oficinas que
escolheu. Eu posso ser considerada um exemplo, por conta das
oficinas melhorei bastante em matemática... (Educando B).
Com essa dinâmica encontrei fórmulas e meios para facilitar meu
aprendizado na matemática (Educando C).
É superimportante quebrar alguns padrões e ensino, desmembrar
estrutura hierárquica existente entre professor e aluno, o respeito
entre ambos precisa existir, não de maneira imposta, autoritária,
mas o aluno precisa confiar que o professor é uma porta de abertura
ao conhecimento, sentimento este que é construído diariamente
durante as aulas. Isso se contextualiza na abordagem das atividades
pedagógicas, favorece o ensino e no processo de aprendizagem, e
isso foi muito bem abordado pelo professor Leonardo durante a
oficina de matemática (Educadora A).
Sim, orientador, foi muito feliz na forma que apresentava sua oficina
pois tinha muitos jogos, brincadeiras e as explicações sempre de
forma bem dinâmica e agradável. Então isso favoreceu muito na
aprendizagem e desenvolvimento das crianças e adolescentes
(Coordenadora A).
110
5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm#:~:text=
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matemática e inventários sumários do arquivo pessoal. São Paulo, Ed. Annablume/CNPQ. (No prelo.)
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jan/jun. 2008.
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KONDER, L. O futuro da filosofia da práxis: o pensamento de Marx no século XXI. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1992.
113
PESQUISAS BRASILEIRAS À LUZ DA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA INCLUSIVA
Fernanda Milla Silva Araújo9
Déa Nunes Fernandes 10
INTRODUÇÃO
9
Discente do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão,
Campus São Luís – Monte Castelofernanda.milla@acad.ifma.edu.br
10
Docente Doutora do Departamento de Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão,
Campus São Luís – Monte Castelo. E-mail: dea.fernandes@ifma.edu.br
114
EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL: MOVIMENTOS À LUZ DA
LEGISLAÇÃO
O mundo está em constante transformação, dinâmica que impõe
mudanças na ordem social e requer do ser humano (re)pensar sobre
alterações no modo de viver, conviver e analisar a realidade. Nesse
movimento, surgem paradigmas, modelos abstratos, às vezes carregados de
crenças, conceitos e valores defendidos na particularidade dos interesses de
determinados grupos sociais, que não se adequam às mudanças ocorridas e
materializam-se de forma inadequada e terminam por reforçar a exclusão e
a indiferença à diversidade.
O desrespeito à diferença não se revela somente na sociedade
contemporânea. Pessoas com algum tipo de deficiência seja física, sensorial
ou mental sempre existiram em todas as sociedades. O tratamento dado a
essas pessoas em séculos passados revela bem a ignorância social frente à
diferença. À época, essas pessoas eram taxadas como aberrações,
abandonadas ou mortas como ofertas de sacrifícios, em razão de
preconceitos, mitos e crenças; não eram reconhecidas como seres humanos,
não partilhavam dos mesmos direitos do ser humano dito “normal”.
Atualmente, percebe-se uma evolução no que tange ao tratamento dispensado
às pessoas portadoras de deficiência: “evoluiu dos cuidados primários e do
confinamento em instituições de caridade ao reconhecimento do direito à
educação, reabilitação, seguridade social, trabalho, transporte, lazer e
cultura” (SANTANA, 2021, p. 4), no entanto, embora tal constatação seja um
fato, ainda está muito distante de atender de forma plena todas as
necessidades essenciais a essas pessoas, principalmente no que tange à
garantia dos direitos educacionais, os avanços foram poucos (CARVALHO,
2017).
No contexto educacional brasileiro há iniciativas governamentais,
definidas nas letras das leis, decretos e resoluções, direcionadas à inclusão
de pessoas portadoras de necessidades educativas especiais.
Desde o Brasil Império (1822-1889) existem instituições especializadas
destinadas ao atendimento de pessoas portadoras de deficiência, destacam-
se nesse cenário, duas instituições: o Imperial dos Institutos dos Meninos
Cegos (1854) - atual Instituto Benjamin Constant, IBC -, e o Instituto dos Surdos
115
Mudos (1856) - atual Instituto Nacional de Educação de Surdos, INES, ambos
localizados no Estado do Rio de Janeiro. Mas, conforme Santana (2021), o
atendimento nessas instituições como iniciativa educacional oficial, durante
todo o Império e início da República, foi irregular e quase inexistente.
Outra iniciativa relevante, no cenário da educação inclusiva no Brasil, é a
criação, em 1954, da primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(APAE), no Rio de Janeiro. Esta instituição é fruto de um movimento de
iniciativa do casal americano Beatrice e George Bemis, diplomatas
representantes dos Estados Unidos no Brasil e pais de uma criança com
deficiência intelectual, síndrome de Down. Eles ao chegarem ao Brasil não
encontraram nenhuma entidade que prestasse assistência médico-terapeuta
a seu filho. Fato que motivou o casal a lutar por uma entidade que
contemplasse o atendimento às pessoas com deficiência intelectual
(RAFANTE, 2011). Diante das dificuldades da escola pública para atender as
demandas individuais de alunos portadores de deficiência, as APAE tornaram-
se instituições importantes na produção e difusão no Brasil de metodologias e
materiais educacionais específicos (TAVARES, 2005).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4.024, de 20 de
dezembro de 1961, pouco dispõe acerca dos direitos das pessoas excepcionais,
restringindo-se em determinar no art.88 que: “A educação de excepcionais,
deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim
de integrá-los na comunidade” (BRASIL, 1961). Enquanto a Lei n° 5.692, de 11
de agosto de 1971, em seu art.9, sinaliza aos alunos com deficiências físicas ou
mentais, que se encontrasse em atraso considerável quanto à idade regular
de matrícula e aos superdotados, o direito de receber tratamento especial. As
medidas visavam assegurar a educação na forma da lei, no entanto, não
promoviam a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais na
rede regular de ensino, negava a essas pessoas o convívio social com os
demais da escola.
Com a Constituição Federal de 1988, a Educação Especial ganha
visibilidade. Passou a ser prevista e de competência comum da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios. Além disso, o art. 208, inciso III, dispõe que o:
“Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). Esse
116
atendimento também está regulamentado no Estatuto da Criança e do
Adolescente (1990).
Em âmbito internacional, alguns documentos muito importantes foram
criados para ampliação de tais direitos: a Declaração Mundial de Educação
para Todos (1990), construída na Conferência que ocorreu em Jomtien, a qual
garante a igualdade de acesso à educação, para os portadores de qualquer
tipo de deficiência, passando a influenciar mais ainda a formulação das
políticas públicas em relação à Educação Inclusiva; a Declaração de
Salamanca (1994), que trata dos princípios, política e prática em educação
especial, sendo concebido na Conferência Mundial de Educação Especial na
Espanha, a qual proclama que:
toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada
a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de
aprendizagem; aqueles com necessidades educacionais especiais
devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro
de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais
necessidades; escolas regulares que possuam tal orientação
inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes
discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo
uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos
(UNESCO, 1994, p. 2).
117
Art.58. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da
clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou
serviços especializados, sempre que, em função das condições
especificas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes
comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste
artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida,
observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta
Lei.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir
o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude
de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou
superior, para atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas
classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas
áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular
(BRASIL, 1996).
118
destacam-se a sensibilização dos demais alunos e da comunidade
em geral para a integração, as adaptações curriculares, a
qualificação dos professores para o atendimento nas escolas
regulares e a especialização dos professores para o atendimento
nas novas escolas especiais, produção de livros e materiais
pedagógicos adequados para as diferentes necessidades, adaptação
das escolas para que os alunos especiais possam nelas transitar,
oferta de transporte escolar adaptado (BRASIL, 2001).
119
Esse breve movimento em torno da legislação que dispõe acerca da
inclusão de pessoas com deficiência no sistema educacional brasileiro revela
que esse sistema tem uma política de inclusão definida na legislação, mas a
materialização de tudo isso não depende somente de normas e diretrizes bem
definidas. Há necessidade de dar condições para as instituições escolares
efetivarem suas ações. São imprescindíveis recursos que garantam
adequação dos espaços físicos e acessibilidade, materiais pedagógicos
adequados, como também formação inicial e continuada dos professores,
dentre outros.
10 Luz, câmera, ação: adaptando uma teleaula de frações para o Elizabete Leopoldina da
público surdo (Dissertação) Silva/2014
11 Vozes das mãos e sons dos olhos: discursos algébricos de Cristiano Campos
surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais - Libras Donado/2016
(Dissertação)
121
15 Os sentidos do zero: as metáforas nas expressões de alunos Fabiane Guimarães Vieira
surdos e professores de matemática (Tese) Marcondes/2014
23 Formação de professores que ensinam matemática para uma Carlos Augusto Rodrigues
educação inclusiva (Tese) Lima/2014
122
31 A formação inicial de professores de matemática e os desafios José Jefferson da
dos processos didáticos para atuação com pessoas com Silva/2017
deficiências (Dissertação)
123
de ludicidade e recursos para uma abordagem bilíngue, o que envolveu os
alunos, destes anos do Ensino Fundamental, na realização das tarefas e
permitiu a construção de abstrações reflexivas.
Em sua pesquisa Greca (2015) investigou o que dizem os profissionais e
as crianças surdas da Escola Municipal 1º de Maio, no município de Campo
Largo/PR, sobre a Alfabetização Matemática e as suas práticas pedagógicas,
tendo em vista a inclusão das crianças surdas nos anos iniciais do Ensino
Fundamental. Os depoimentos foram obtidos a partir de um conjunto de
entrevistas com os profissionais que atuam diretamente com as crianças
surdas: diretora, pedagoga, professora do Centro de Atendimento Educacional
da Surdez (CAES), professora regente e tradutora e intérprete de Libras e
Língua Portuguesa, bem como entrevistas com os alunos que frequentam o
centro. Os dados obtidos foram compartilhados com um professor surdo,
estabelecendo um diálogo entre a escola e as experiências vividas pelo surdo.
Os procedimentos de pesquisa da História Oral contribuíram para os
encaminhamentos referentes às narrativas relatadas pelos profissionais e às
práticas pedagógicas que envolvem a educação escolar dessas crianças. Os
estudos estão voltados para a proposta educacional bilíngue, a qual propõe a
exposição das crianças à língua de sinais o mais cedo possível, de modo a
favorecer o desenvolvimento dos seus processos cognitivos e de linguagem.
A pesquisa de Costa (2015), traz um estudo acerca da tradução da
linguagem matemática para a Língua Brasileira de Sinais – Libras, discutindo
os jogos de linguagem presentes na educação de surdos. A pesquisa teve
como objetivo investigar como o aluno surdo traduz textos em linguagem
matemática para a Língua de Sinais. Para tanto, apoiou-se nos conceitos de
jogos de linguagem, na perspectiva de Wittgenstein, por acreditar que o aluno
surdo recorre aos modos de ver a linguagem matemática que se constitui pela
escrita, bem como a forma que lida com outras linguagens que estão
entrelaçadas, tais como a Língua Portuguesa e a Libras, e que se manifestam
em diversos jogos de linguagem que envolvem a aprendizagem matemática
do aluno surdo. Assim, foi constatado que os alunos surdos utilizam de forma
predominante o modelo referencial da linguagem, ou seja, uma tradução
palavra-sinal, na qual muitas vezes não conseguem compreender o real
sentido da palavra no enunciado matemático.
124
Assim, tais investigações nesse campo giram em torno de reflexões que
são referentes a prática, recursos didáticos, estratégias, metodologias, que
tem como foco a aprendizagem dos educandos com deficiência auditiva.
Os trabalhos de Silva (2017) e Lima (2014) evidenciam o quanto se faz
necessário o aporte da formação continuada para a constituição do professor
Silva (2017) compreende, a partir dos currículos de formação inicial de
professores e professoras de matemática, as contribuições presentes nos
componentes curriculares que possibilitem uma prática docente reflexiva,
quando sua atuação for desafiada a vivenciar uma relação pedagógica com
alunos e alunas com deficiência, principalmente, ao elaborar processos
didáticos, numa perspectiva crítica e criativa. Assim, o autor utilizou como
instrumentos o mapeamento de produções na área da Educação Matemática
no contexto da Educação Inclusiva, a análise documental dos currículos de
cursos de matemática, o questionário com a finalidade de selecionar os
informantes da entrevista e a entrevista narrativa. Diante das narrativas, foi
possível perceber através da reflexão dos informantes, que as considerações
sobre sua formação traziam elementos importantes para o trato com
deficiências como: as experiências vivenciadas que os possibilitaram
visibilizar as pessoas com deficiências em sua formação, a concepção de
inclusão que permitiu em sua formação ampliar seus conhecimentos sobre as
diferenças e possibilitou a reflexão para o ensino diferente e diferenciado,
respeitando as especificidades dos alunos, e as metodologias de ensino, que
são uma possibilidade de colocar em prática os conhecimentos teóricos
aprendidos.
A pesquisa de Lima (2014) objetivou verificar ações de formação
continuada favorecem o trabalho de ensino de Matemática na Educação
Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental junto a alunos com
deficiência. Participaram dessa pesquisa seis professoras de seis escolas da
rede municipal e estadual da cidade de São Paulo. A coleta de dados envolveu
o uso de questionários para os professores; entrevistas com as professoras
participantes da pesquisa; leitura e análise de atividades de Matemática
elaboradas pelas professoras; observações dos encontros de formação e das
salas de aulas dos docentes e gravações de vídeos. Foram propostas ações
que contribuem para que os professores se sintam preparados para trabalhar
com alunos com deficiência em suas salas de aula, pois favorecem a troca de
125
experiências e de angústias por parte dos professores, objetivando a
construção de um espaço de formação favorável ao desenvolvimento
profissional dos professores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
126
Dessa forma, as pesquisas possuem uma construção de reflexões que são
importantes para o leitor entender e compreender a realidade de inovação
que o ensinar carrega consigo para a produção de conhecimento.
Portanto, a discussão em torno da inclusão de alunos, público-alvo da
Educação Especial em salas de aulas regulares precisa ser alvo de
preocupações daqueles que estão envolvidos no processo, principalmente no
que tange ao ensino e aprendizagem da matemática. Dessa forma, as
dificuldades enfrentadas correntemente pelos professores nesse processo
são grandes.
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Presidência da República.
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providências.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB 4.024, de 20 de
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agosto de 1971.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação
Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.
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Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria n° 2.678, de 24 de setembro de 2002. Disponível em:
https://www.fnde.gov.br/index.php/acesso-a-informacao/institucional/legislacao/item/3494-portaria-
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BUENO, J. G. S. Surdez, linguagem e cultura. Cadernos do CEDES (UNICAMP), Campinas - SP, n.46, 1988.
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127
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têm para contar. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2015.
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RAFANTE. H. C. HELENA ANTIPOFF. As sociedades pestalozzi e a educação especial no Brasil.
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UNESCO, Jomtiem/Tailândia, 1990.
VYGOTSKI, Lev Semionovitch. Obras Escogidas V. Fundamentos de defectologia. Madrid: Visor, 1997.
128
TECNOLOGIA ASSISTIVA (TA): ESTRATÉGIAS
PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA FÍSICA NO CENTRO DE CIÊNCIAS
HUMANAS-CCH-UFMA
Regia Cristina Alves dos Santos11
Dayane de Sousa Vasconcelos França12
Luisyane de Maria Carlos Terrado13
1. INTRODUÇÃO
11
Mestranda em Geografia, Universidade Federal do Maranhão-UFMA. Pesquisadora do Grupo de Estudos Desenvolvimento,
Modernidade e Meio Ambiente - GEDMMA/UFMA. E-mail: regia.alves@discente.ufma.br
12
Mestranda em Gestão Educacional e Escolar, Universidade Estadual do Maranhão-UEMA. E-mail:
dayane.s.vasconcelos.franca@gmail.com
13
Mestranda em Gestão de Ensino da Educação Básica, Universidade Federal do Maranhão-UFMA. Servidora do Instituto
Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: luisyane.carlos@ifma.edu.br
129
para o uso do ensino no CCH, e demonstrar os desafios impostos para o uso
da TA no ensino.
Ressalta-se que TA, acessibilidade, inclusão, entre outros, são temas que
permeiam todas as esferas da sociedade. No último censo, realizado em 2010,
aponta que o Maranhão possui uma população de 6.574.689 e que 450.753
indivíduos se declararam com deficiência motora. Segundo o mesmo censo, a
capital São Luís possui uma população estimada de 1.014.837 habitantes, dos
quais 58.890 apresentam deficiência física (IBGE, 2010). Neste sentido, faz-se
necessário retratar a sociabilidade desses sujeitos dentro e fora do ambiente
escolar, a fim de que se possa identificar as barreiras, investigar a
aplicabilidade do Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015), se os obstáculos
estão sendo superados ou em via de superação, entre outros. Acredita-se que
este estudo constitui uma oportunidade para avaliar se a UFMA oferece e/ou
faz uso das TAs como ferramentas de inclusão aos discentes com deficiência.
Para ilustrar esse tema, adotou-se a pesquisa de natureza descritiva, na qual
se preocupa em observar, analisar, interpretar e registrar os fatos, sem neles
interferir.
Toma-se como referencial teórico os estudos de Bersch (2017), Crochik
(2012), Galvão Filho (2011; 2009), e outros, sobre o uso das tecnologias
assistivas no ensino. O percurso da pesquisa se apresenta organizado nos
seguintes tópicos: Tecnologia assistiva: conceitos e história, que expõe de
forma sucinta os usos e avanços das mesmas, assim como as superações de
pessoas com deficiência; Tecnologia assistiva e educação; Resultados e
análise dos dados e considerações finais.
130
13.146/2015, Lei de Inclusão de Pessoas com Deficiência (Estatuto da Pessoa
com Deficiência- EPD).14
Essa lei preconiza a inclusão através da promoção, segurança e garantia
dos direitos e da liberdade de pessoas com deficiência de maneira que estas
se sintam em “pé de igualdade” com as demais pessoas e possam exercer sua
cidadania e segurança social. Para alcançar o mérito, lança mão do uso de TA
entre outros serviços e ferramentas, além de criminalizar o não oferecimento
dos aparatos no setor público e privado de uso coletivo, tais como: transportes
coletivos, bibliotecas, bancos, repartições públicas, universidades e escolas,
hospitais, entre outros.
No Artigo 3º, inciso III, do EPD, TA é entendida como:
Produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa
com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social
(BRASIL, 2015).
14
Neste trabalho utilizaremos esta sigla quando nos referirmos à Lei 13.146/2015.
131
social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu
ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho.
É incontestável a importância das TAs para as pessoas com deficiência e
idosas, e a técnica aliada com a ciência pode oferecer maior independência
para esses sujeitos. No entanto, a técnica pela técnica não é capaz de
proporcionar a mudança necessária para a inclusão. Cabe salientar que a
mudança deve ser estrutural, pois a maior barreira que esses sujeitos
enfrentam ainda é a atitudinal, o preconceito enraizado de décadas de
descasos com esse público. Apesar das políticas promovidas pelo Estado, que
se constitui numa tímida mudança atitudinal, é possível detectar um
crescimento da demanda na área de TA, que segundo Garcia e Galvão Filho
(2012) pode ser explicado:
por influência de diferentes fatores, entre eles, as mudanças que
vêm ocorrendo na sociedade atual, cada vez mais permeável à
diversidade humana, a partir de uma nova cosmovisão inclusiva em
evidência: além de questionar seus mecanismos de segregação,
permite vislumbrar novos caminhos de inclusão social de todas as
pessoas, entre as quais, as pessoas com deficiência e pessoas
idosas, que são o principal alvo da TA (GARCIA; GALVÃO FILHO, 2012,
p. 8).
132
Neste contexto de desinformação, ainda há um longo caminho a ser
percorrido para que a TA esteja ao alcance de todos, principalmente, dos
sujeitos em fase escolar. Incluir alunos com deficiência não está condicionado
a matriculá-lo, e sim, em garantir que ele seja sujeito da sua vivência na sala
de aula.
Não se pode confundir educação integrada com educação inclusiva, pois
como nos mostra Crochik (2012), nem sempre a instituição que recebe alunos
com deficiência e os colocam em classes regulares estão de fato oferecendo
uma educação inclusiva. Dessa forma, faz-se necessário uma mudança
estrutural e metodológica.
[...] as propostas da educação inclusiva preveem modificações
substanciais na arquitetura da escola, nos métodos de ensinar e
avaliar, mesmo quando alunos com deficiência são aceitos, não
necessariamente têm condições de ser incluídos [...] (CROCHIK, 2012,
p. 43).
133
3. TECNOLOGIA ASSISTIVA E EDUCAÇÃO
15
Disponível em: https://youtu.be/SJCuwV8Ke0c
135
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS
136
Quando debatemos a inclusão de pessoas com deficiência, vemos que há
sempre um esforço em acompanhar as inovações relacionadas ao tema.
Devido às leis específicas, o aluno com deficiência é recebido em escolas
regulares de todo o país, ainda que essa não esteja bem-preparada para
recebê-lo. Logo, espera-se que os resultados desta pesquisa possam oferecer
um olhar holístico dos problemas relativos à acessibilidade e uso de TA no
CCH-UFMA.
Almeja-se ainda, que este trabalho possa proporcionar reflexão sobre as
políticas de acessibilidade e suas metodologias, bem como as ofertas de
serviços e produtos, como os aparatos arquitetônicos e urbanísticos
necessários para a oferta e condições de acessibilidade de pessoas com
deficiências. Nesta seção, caracteriza-se o sujeito e a natureza da pesquisa, o
método utilizado, as principais características estruturais do CCH-UFMA e a
análise dos resultados.
O local da pesquisa foi o Centro de Ciências Humanas-CCH, UFMA-
Campus Dom Delgado. O CCH abriga os cursos de Geografia, História, Letras,
Psicologia, Arte, Música, Sociologia, Filosofia, além de cursos de Pós-
Graduação. Nesse contexto, a pesquisa inclui somente estudantes com
deficiência física que estejam na graduação e devidamente matriculados no
período correspondente a 2019.1. De acordo com o levantamento prévio, no
semestre em que a pesquisa foi desenvolvida havia 27 deficientes físicos
matriculados no CCH-UFMA.
O CCH é um prédio de três pisos e seis blocos, conta com quatro rampas
de acesso interno, piso tátil deteriorado, e em alguns casos, terminam antes
de chegar a algum lugar útil. Possui ainda, uma sala de acessibilidade para
alunos cegos e, também, uma sala com atendimento de intérpretes de libras,
com o intuito de oferta de produtos e serviços de TA. No entanto, notou-se que
esses serviços e produtos não estão exatamente à disposição dos estudantes,
eles perpassam pela mediação de um profissional.
O acesso à biblioteca e aos auditórios também não tem piso tátil,
tampouco piso regular, para que os cadeirantes e pessoas com mobilidade
reduzida, como é o caso de nossa entrevistada, possam adentrar o espaço com
mais facilidade e segurança. Não há identificação em libras nesses espaços,
nem mobiliários adaptados ou executados no padrão de Desenho Universal.
137
Apesar da UFMA ter avançado em assistir alunos com deficiência, ainda
esbarra em várias barreiras físicas e de comunicação, arquitetônica, entre
outras. Observa-se banheiros adaptados somente para algumas deficiências,
como deficiência física, por exemplo. No referido espaço, não há pias
adaptadas em todos os banheiros. Tal constatação deixa evidente que a
instituição atende apenas o mínimo do exigido pelo Estatuto da Pessoa com
Deficiência, que prevê a superação de barreiras arquitetônicas, urbanísticas e
outras, através de TA e produtos e serviços desenvolvidos no Padrão
Universal. Contudo, a universidade conta com um Núcleo de Acessibilidade -
NUACES, que tem entre outras atribuições, fornece tecnologias assistivas para
estudantes com deficiência, assim como oferece suporte para todos os centros
de ensino através de serviços e produtos.
Em relação ao sujeito da pesquisa, trata-se de uma estudante, que a
denominamos Rosa,16 tem 27 anos, cursa Letras-Inglês e se auto identifica
como deficiente física. Quando indagada sobre as barreiras que enfrenta no
dia a dia correlatas à vida acadêmica, a aluna indica o distanciamento ao
acesso às salas de aula: Por ter limitação física, quando consigo chegar à sala
de aula já estou muito cansada e, de forma singular isso atrapalha meu
aprendizado17. O relato aponta para uma questão discutida pelos autores aqui
citados, que são as barreiras arquitetônicas existentes nos edifícios públicos
e privados. Neste caso, confirma-se que a mobilidade dos estudantes com
deficiência física é comprometida por conta da distância e do acesso às salas
de aula, revelando uma preocupação tanto na inclusão desses estudantes,
quanto na sua efetiva aprendizagem. À luz do EPD, artigo 3º, inciso IV,
“barreiras são entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou
impeça a participação social da pessoa”.
Perguntou-se à entrevistada, sobre a oferta de TA prestadas no CCH para
superação de tais barreiras e a resposta foi a seguinte: Recentemente foi
adaptado corrimão nas escadas de acesso, porém, para mim não fez diferença
nenhuma. Caracteriza-se um dado preocupante em relação aos aparatos
tecnológicos de superação de barreiras arquitetônicas, além de uma violação
grave do direito de ir e vir da estudante. Esperava-se mais acessibilidade, por
se tratar de uma instituição federal de ensino, pois de acordo com a Lei n.º
16
Utilizaremos o codinome Rosa, para nos referirmos a essa estudante.
17
Os relatos da estudante aparecerão neste trabalho aspados e em itálico, a data da aplicação do questionário foi 24 de
junho de 2019.
138
13.146/2015, inciso I, do art.3º, a acessibilidade é a possibilidade de: condição
de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços,
mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias.
Quando perguntada sobre os produtos e serviços de inclusão no meio
educacional e se a estudante faz uso de alguma TA, Rosa responde que: Um
elevador seria perfeito naquela universidade. A aluna faz uso de muletas, um
tipo de TA que propicia autonomia e liberdade de movimento à pessoa com
mobilidade reduzida. Entretanto, no caso da estudante, as rampas e/ou
escadas são os únicos meios de acesso à sala de aula, e se configuram como
um entrave, não somente para quem usa muletas como Rosa, mas também
para pessoas com deficiência visual ou em cadeira de rodas, por exemplo.
Ademais, sobre quais os produtos de TA existem para auxiliar Rosa, mas
que a estudante ainda não tem acesso, comenta:
O (MOB) é um programa de transporte que facilita a ida e vinda de
PcD, mas fiz várias solicitações e todas foram recusadas, como não
queria perder minha bolsa na universidade, decidi ir, na força, de
coletivo público, já caí várias vezes, pois minhas pernas às vezes
falham e acabo caindo no meio da rua, dentro do ônibus, na parada,
mas me vi obrigada a continuar tentando. Já peguei ônibus lotado,
onde ninguém levantou e tive que ir para faculdade em pé (nas
reservas). Em suma, não exerço muito o direito de PcD, porque é
muita burocracia. Acabo ficando mais vulnerável do que já sou.
139
Perguntou-se ainda, se haveria alguma TA oferecida para a estudante
superar suas barreiras diárias, tais como as atitudinais e arquitetônicas, ela
respondeu: no momento não. Provavelmente, a estudante desconhece suas
próprias necessidades, ou não tem acesso à informação do uso de TA na
educação, pois existem muitos softwares, serviços e objetos que ela poderia
utilizar dentro e fora da UFMA. Rosa continua o relato dizendo: Atualmente,
acredito que nenhuma. Me modelei ao mundo não PcD, pois para nós não sobra
quase nada e quando sobra o sistema promove imbróglios para dificultar, e a
falta de sensibilidade da humanidade é um fator exponencial nessa batalha.
Neste caso, o relato converge para os apontamentos de Bersch (2017), em
que a autora defende a existência de muitos produtos no mercado sob a ótica
da TA, porém a falta de informação não permite que pessoas com deficiência
adquiram esses produtos, porque ainda não se popularizou essas ferramentas.
Outra tese que podemos apontar está relacionada com as barreiras
atitudinais, quando a entrevistada relata a falta de sensibilidade para com as
pessoas com deficiência. Autores como Giordano e Crochik (2015) nos incitam
pensar o preconceito como uma arma direta utilizada para excluir pessoas,
portanto para quem almeja uma sociedade mais justa e inclusiva, deve-se
cogitar alternativas mais eficazes de combater a exclusão e diminuir as
barreiras atitudinais.
Quanto à questão da inclusão e acessibilidade no CCH, Rosa revelou que:
Em partes a universidade é inclusiva, sim. Mas ainda falta muito, porém teve
muita adaptação de um tempo para cá. Os avanços nas adaptações deram-se
em função das pressões por parte dos deficientes e por conta das políticas
institucionais implementadas na educação nos últimos anos. Entretanto,
apesar das pressões, as barreiras arquitetônicas, urbanísticas, atitudinais,
entre outras, ainda provocam não somente descontentamento, como
desistências, aprendizado comprometido e falta de motivação para continuar
frequentando as aulas.
Quanto às sugestões de superação de barreiras, Rosa descreve da
seguinte forma:
Falando por mim, para conseguir chegar na sala de acesso do 5º
período, tenho que subir 6 rampas, e hoje nem sinto mais tanta
dificuldade. Conheço as pessoas do núcleo de acessibilidade, eles
me dão assistência em vários assuntos. Atualmente, estou na fila de
140
espera para atendimento com uma psicóloga, se eu conseguir, será
a história de superação mais adequada, por me custar tanta
insistência.
Considerando o relato, não é fácil subir cinco vãos de rampas com muleta
ou mesmo em cadeiras de rodas, o mais adequado seria a implantação de
elevadores ou salas no térreo para atender minimamente a demanda. Volta-
se a frisar que só no CCH, são mais de 50 deficientes matriculados, entre eles,
cegos, surdos e 27 deficientes físicos. A Universidade, nos últimos anos,
investiu em aparatos tecnológicos, no entanto, não modificou as estruturas
físicas dos espaços. Na biblioteca do CCH, por exemplo, não há uma só mesa
de estudos adaptada ou padronizada no desenho universal. O que dá margem
para a seguinte reflexão: ou repensamos novas estratégias de inclusão ou
cairemos em um círculo vicioso de apenas integrar esses alunos promovendo
ainda mais a exclusão.
Quanto à atuação dos professores relativos ao uso da TA de ensino, Rosa
responde:
Já os professores, cada caso é particular. Uns são completamente
maravilhosos, fazem as pessoas se sentirem gente de verdade, e
falo de modo geral. Outros são intolerantes. Já ouvi vários relatos
dos meus colegas PcD, de intolerância de professores. Comigo em
especial não recordo de nenhum. Apenas percebi olhares estranhos
sobre mim por parte de alguns professores.
141
possível, excluindo. Observa-se que preparar melhor os profissionais da
educação é uma estratégia de inclusão indispensável em uma sociedade que
almeja um mundo mais justo.
Para finalizar, perguntamos a Rosa, quais as suas percepções a respeito
de inclusão e se ela se sente realmente incluída nesta universidade:
Entendo inclusão como sensibilidade. Se um saudável fisicamente,
se imaginar como uma PcD, a acessibilidade terá mais efeito.
Inclusão não é somente ter uma lei que defende o acesso livre de
um PcD nas cadeiras de um ônibus, enquanto os não PcD infringem
a lei não usa a sensibilidade para ceder a cadeira para um PcD.
Inclusão não é apenas ter uma lei que garante 5% do acesso de PcD
na universidade, quando essa pessoa entra encontra dificuldade de
locomoção, porque a universidade não disponibiliza acessibilidade
necessária. Inclusão é sensibilidade e não “pena” desnecessária.
5. A MODO DE CONCLUSÃO
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144
quimíca
O DESPERTAR DO EMPREENDEDORISMO NOS
CURSOS DE QUÍMICA: A PRODUÇÃO DE
BIOPLÁSTICOS COMO ATIVIDADE
EMPREENDEDORA
Gustavo Silva Santos de Sousa1
Nazaré do Socorro Lemos Silva Vasconcelos2
1. INTRODUÇÃO
1
Discente, Curso Técnico em Química, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo.
2 Docente, Doutora, Instituto Federal do Maranhão, Campus São Luís Monte Castelo. E-mail: ndsocorro@ifma.edu.br
146
necessidade de uma educação empreendedora tornar-se imprescindível para
desenvolver competências e habilidades de um perfil empreendedor (MEC,
2000).
O empreendedorismo na educação não se constitui apenas com o objetivo
de formar novos empresários, mas também formar cidadãos que
desempenham sua função social. No Brasil, a educação empreendedora é uma
pedagogia relativamente recente, mas que está sendo englobada nas redes de
ensino, como por meio de projetos integradores3 desde o ensino fundamental,
trabalhando-se com temas que contribuem para capacidade de inovação dos
alunos, associando os componentes curriculares e as áreas de conhecimento
de modo contextualizado e trazendo sentido para o cotidiano dos alunos
(BRASIL, 2018). Nos cursos de química, Araújo et al (2005) defendem a
necessidade de um ensino empreendedor, uma vez que isso representa uma
oportunidade de impulsionar a inovação e a produção tecnológica e científica
no Brasil, produzindo bens e serviços com mais valor agregado.
Sob este prisma, este trabalho traz as pesquisas realizadas, em que se
buscou abordar sobre as concepções iniciais do empreendedorismo e a sua
importância; a educação empreendedora na rede federal de ensino e nos
cursos de química, mas também, descrever sobre a problemática da poluição
plástica e a produção de bioplásticos como solução empreendedora e sua
necessidade na sociedade contemporânea.
Nesse aspecto, o presente trabalho tem como objetivo principal abordar
sobre o empreendedorismo nos cursos de química e a produção de
bioplásticos como uma solução e oportunidade de empreender dentro dessa
área de desenvolvimento tecnológico e ambiental.
2.METODOLOGIA
147
novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista”. Nesse
sentido, tem-se como objetivo integrar e contribuir dentro da temática de
empreendedorismo nos cursos de química e sobre a produção de bioplásticos
na sociedade contemporânea. Por sua vez, a abordagem escolhida para a
pesquisa possui caráter qualiquantitativo, uma vez que coleta tantos dados
qualitativos – descrevendo e detalhando as informações obtidas – e dados
quantitativos que objetivam obter dados numéricos que fundamentam as
conclusões obtidas.
3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
148
e viável social, ambiental e economicamente para a sociedade; além de
desenvolver suas potencialidades racionais e intuitivas, aceitando os riscos e
possibilidades de fracasso (BAGGIO; BAGGIO, 2015).
No final do século XX, destaca-se um aumento exponencial da atividade
empreendedora no mundo, em especial, nos seguintes países: Alemanha,
Japão, Estados Unidos, Reino Unido e Suíça, que são os cinco primeiros países
mais empreendedores do mundo, conforme a pesquisa da US News & World
Report – empresa americana de mídia, que relata que o Brasil está em 34º
lugar neste ranking (REVISTAPEGN, 2020).
Muitos fatores podem ser apontados para o aumento significativo do
empreendedorismo no contexto mundial, destacando-se a mudança de
valores e aspectos culturais nesse processo. Enquanto no passado prezava-
se apenas por um vínculo empregatício estável, nos últimos anos tem-se uma
consideração maior – sobretudo pela população mais jovem – pela
independência e flexibilidade (BARON; SHANE, 2007).
Os empreendedores, segundo Dolabela (2006), são pessoas inovadoras e
criativas e que sabem aproveitar as oportunidades, além de possuírem
características de liderança, mas assumem riscos moderados de perdas e até
o fracasso do negócio. É conveniente destacar que saber empreender não é
uma característica que nasce pronta, mas sim uma habilidade que pode ser
forjada em todos, dependendo do contexto externo e de motivação interna.
Alguns tipos de empreendedores que se destacam mais no cenário global
são o empreendedor corporativo, startup e social, que possuem em comum a
criatividade, proatividade e liderança. O empreendedorismo corporativo é
definido como um processo de identificação, desenvolvimento e
implementação de novas oportunidades de negócios dentro de uma empresa
existente. O empreendedor startup corresponde ao indivíduo que, analisando
o contexto de um determinado local, cria oportunidades de abrir um negócio
ou empresas e obter lucros, tendo como desafios suprir uma demanda
existente, ainda sem solução ou atenção, além de apresentar diferenciais
competitivos em um mercado já existente. Em contraposição, o empreendedor
social tem uma visão de mais responsabilidade social, visando atender as
necessidades de uma determinada comunidade, solucionando os problemas
149
de pobreza e atenuando as questões de desigualdade social (PESSOA, 2005
apud BAGGIO; BAGGIO, 2015, p.30).
Embora o empreendedorismo possa surgir a partir de um dilema entre
necessidade (contexto de crise econômica e a não adequação ao mercado de
trabalho formal) e oportunidade (para suprir uma demanda existente, ainda
não explorada) também são motivações para seguir-se na carreira
empreendedora a influência familiar ou de terceiros; satisfação pessoal e
insatisfação com o emprego (VALE; CORRÊA; REIS, 2014).
151
É válido lembrar que ensinar a empreender não é um sinônimo de formar
empresários, pois o empreendedorismo não se limita apenas ao universo
corporativo, mas também apresenta responsabilidade social e com o meio
circundante. O ensino da atividade empreendedora é uma pedagogia mais
ativa, em que o aluno passa a ter maior protagonismo e a desenvolver maior
comprometimento com o meio ao qual está inserido.
Não obstante, no Brasil, a capacitação empreendedora ainda se mostra
baixa. Dados da pesquisa GEM (2014) apontam que apenas 3,9% dos
empreendedores iniciais brasileiros tiveram orientação empreendedora
durante o 1º e 2º grau. Já entre os empreendedores estabelecidos esse valor
diminui para 1,9%. É evidente que apenas o conhecimento técnico não é o
suficiente para conseguir empreender ou para ter um perfil empreendedor;
contudo – como visto no parágrafo anterior, é imperativa a introdução de
metodologias do ensino dessa temática no país.
Embora ainda pouco trabalhado, observa-se que o empreendedorismo
vem se tornando uma nova tendência na educação mundial. Segundo um
estudo sobre o ensino empreendedor realizado no IFFAR (Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Farroupilha), as disciplinas voltadas para
empreendedorismo nos currículos dos cursos mostram-se superficiais, em
que é trabalhada apenas uma noção sobre a atividade empreendedora e o
perfil do empreendedorismo no Brasil (SILVA, FLORES; 2018).
Nos cursos técnicos, o empreendedorismo ainda é abordado
superficialmente, sendo, pois, insuficiente para formar pessoas autônomas e
com pensamento crítico. Para tanto, é necessário ir além da pedagogia
tradicional, e proporcionar ao aluno mais oportunidades de atividades
extracurriculares, pesquisas e envolvimento com as comunidades.
Há também projetos que visam à implantação do ensino de
empreendedorismo no Brasil. Pode-se citar, por exemplo, a parceria entre o
SEBRAE e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), que objetiva desenvolver
competências empreendedoras e o preparo para a vida e o mundo do trabalho.
As universidades brasileiras possuem a missão de formar cidadãos com senso
crítico e que desempenhem sua função com excelência na sociedade. Contudo,
um estudo realizado pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (NUBES) mostra que a
taxa de desemprego entre os recém-graduados foi de 45% entre os anos de
152
2014 e 2018 (VERARDI, 2012). Logo, evidenciam-se falhas nos objetivos
propostos pelas instituições de ensino.
Em muitas universidades, o tradicionalismo no ensino ainda se mostra
bem evidente. Contudo, o emprego de tecnologias e outras metodologias de
ensino mostram-se uma boa alternativa para contornar o arcaísmo presente
na educação (NEIVA; STANO; NOGUEIRA, 2004). Outrossim, os conhecimentos
construídos devem ser aplicados na prática do cotidiano, mas não se
restringirem apenas às paredes da sala de aula. Nesse sentido, o estímulo às
pesquisas científicas e também o envolvimento com projetos sociais se
tornam imperativos nesse processo.
Nesse cenário, a educação empreendedora traz uma abordagem para o
desenvolvimento de competências e habilidades importantes para a vida na
sociedade contemporânea, mas também abrem novas oportunidades para o
mundo do trabalho e para o desenvolvimento do econômico e social do país.
153
mostrando que as soluções também partem por meio do conhecimento
químico.
Para Araújo et al. (2005), o estímulo ao empreendedorismo nos cursos de
química aponta para uma possibilidade real de criação de empresas no eixo
tecnológico para alunos e profissionais atuantes, sendo uma possibilidade
para elevação do número de empresas em inovação e, sobretudo, a
valorização da Química como ciência e como profissão. Os autores explicam a
importância de o curso de empreendedorismo ser personalizado,
considerando a origem, formações e experiências anteriores e idade dos
alunos. Para Rabi (2007) e Zucco (2005), a universidade e a indústria devem
trabalhar juntas na formação de recursos humanos qualificados, propiciando
a criação do conhecimento e inovação, estímulo ao empreendedorismo e à
interdisciplinaridade, para uma inserção competitiva no mundo e o
fortalecimento da área de química no Brasil.
Algumas empresas na área de químicas e afins, criadas nos últimos 40
anos no Brasil, são exemplos de empreendimentos que associam ciência,
tecnologia e inovação e mantêm o país na lista de países empreendedores no
mundo. Dentre essas, citam-se: empresa de insumos para medicamentos
(RABI, 2007); de novos materiais, como nanotubos de carbono ou grafeno e
desenvolvimento de leveduras industriais geneticamente modificadas para
obtenção de etanol (SANTOMAURO, 2017) e de controle microbiológico (NANOX,
2021); cosméticos veganos (REVISTAPEGN, 2016); produtos químicos (ANDRADE
et al., 2004); agricultura e alimentos (FERREIRA, RODRIGUES, BAPTISTA, 2015;
MILANI, CHEN, POPOLIM, 2021) e as empresas de reciclagem (LEANDRO, 2014;
CZARNESKI et al.,2013; CAMPOS et al., 2009), que contribuem para soluções de
problemas ambientais.
154
ideia de que “a natureza está a serviço do homem”. Embora tenham se passado
cinco séculos, é nítido que esse pensamento ainda persiste na sociedade
contemporânea (CASAGRANDE; AGUDELO, 2012).
Embora a tecnologia dos plásticos seja recente, a sua produção e o
consumo são números que vêm crescendo de forma exponencial nos últimos
anos, principalmente pela sua durabilidade, estabilidade estrutural,
resistência à degradação (foto, quimio e bio) e versatilidade de produtos que
podem ser obtidos. Entre os principais setores beneficiados com a produção
de plástico estão: embalagens, automotivo, construção civil, eletrônicos,
roupas, entre outros. Além disso, a aplicação de plástico também é vista na
medicina, sendo responsável também pelo aumento da longevidade,
proporcionando mais qualidade de vida (LOKENSGARD, 2013; PIATTI,
RODRIGUES, 2005).
Ainda que os produtos de plásticos tenham grande aceitação, utilidade, e
vantagens como flexibilidade, rigidez, transparência, opalescência, baixo
custo, a sua durabilidade vem resultando em diversos problemas
socioambientais. Isso está ligado às suas propriedades físico-químicas – são
materiais de difícil degradação e têm a permanência no solo por centenas de
anos, causando a poluição visual, a liberação gradativa de compostos tóxicos,
a poluição da água e morte de fauna marinha por asfixia – o que gera grande
preocupação social e governamental. Com isso, o plástico torna-se um
símbolo da sociedade de consumo descartável, sendo, atualmente, o segundo
constituinte mais comum do lixo, depois do papel (PIATTI, RODRIGUES, 2005;
SANTOS, 2006; ZANELA, 2013; ECYCLE, 2014; BARCELOS, 2016; MEI, 2016).
Nesse contexto, a falta de uma educação ambiental e a precariedade de
tecnologias de reciclagem do lixo são fatores agravantes da situação desses
resíduos descartados inadequadamente – que poderiam ser utilizados como
outros produtos, ou também aproveitados como matéria prima e energia
(PIMENTELL, 2011). Neste sentido, surge uma questão: é possível acabar com o
plástico na sociedade contemporânea? Segundo o guia “O plástico no planeta:
o uso consciente torna o mundo mais sustentável’’, a resposta é sim. Contudo,
isso mudaria a realidade atual, e não necessariamente significaria uma nova
sociedade mais sustentável.
155
Na verdade, a extinção dos plásticos poderia acarretar a diminuição da
produção de alimentos (uma vez que muitas tecnologias utilizam os plásticos
nos processos agrícolas); o aumento das atividades extrativistas e
mineradoras (para suprir as funções dos plásticos), que degradam o meio
ambiente de forma mais intensiva. Nesse sentido, torna-se imprescindível o
desenvolvimento de novas medidas que possam amenizar o dilema dos
plásticos.
Fonte: https://plasticos-na-web7.webnode.com/news/politereftalato-de-etileno-pet/
157
fabricados a partir da combinação de diversos polímeros (ABNT, 2008; ECYCLE,
[200-?]; PIATTI; RODRIGUES, 2005).
Ademais, podem ser termofixos ou termorrígidos, que possuem ligações
químicas cruzadas, conferindo-lhes rigidez. São não recicláveis, pois se
degradam quando submetidos a altas temperaturas, devido ao rompimento da
estrutura e não podem ser reprocessados. Como exemplo, temos: a baquelite,
borracha vulcanizada, silicones, poliuretanos (espumas). (PIATTI; RODRIGUES,
2005; LOKENSGARD, 2013). Em qualquer desses casos, deve-se praticar o
princípio dos 3R´s e os 12 Princípios de Química Verde, além da Coleta
Seletiva4.
O princípio dos 3R´s consiste em Reduzir, Reutilizar, Reciclar evitando-se
o descarte inadequado, desperdício de potencial matéria-prima, economia de
energia, além de evitar poluição visual e ambiental de solos, rios, mar e do ar.
Neste sentido, Reduzir ou diminuir a geração de resíduos, a partir de novos
hábitos de consumo. Reutilizar ou reaproveitar determinado produto, dando
nova função ou aumentando o tempo de vida útil para os descartáveis e
Reciclar, reprocessar e transformar os produtos em novos produtos plásticos
(OLIVEIRA; OLIVEIRA FILHO, 2018).
Os princípios da Química Verde consistem em 12 fundamentos que
objetivam promover o planejamento e acompanhamento de processos para
reduzir, ou eliminar o uso de substâncias tóxicas ou geração de substâncias
nocivas ao meio ambiente e ao próprio ser humano. Destacam-se o 1º
Princípio, que orienta evitar a produção de resíduos (ou lixo) e o 7º Princípio,
que propõe a utilização de matérias-primas renováveis, desde que a técnica
seja economicamente viável (MEI, 2016).
4
Coleta seletiva: separação dos produtos pós-consumo, por tipo, para destinação de reaproveitamento ou reciclagem.
158
sustentáveis. Esses polímeros costumam ser provenientes de matéria-prima
de fontes renováveis (ao contrário dos plásticos tradicionais que provém do
petróleo – fonte não renovável) e isso já se mostra como um ponto positivo
para reduzir a pegada de carbono. Entretanto, bioplástico não é sinônimo de
biodegradável. Os bioplásticos que não biodegradam são denominados
biobased (base biológica animal ou vegetal), preparados por processos
químicos ou biológicos, mas podem ser recicláveis (MEI, 2016).
Os bioplásticos biodegradáveis podem ser produzidos de fontes
renováveis e, existem casos de plásticos biodegradáveis produzidos a partir
do petróleo por processos metabólicos. No caso dos plásticos biodegradáveis,
estes se decompõem pela ação de microrganismos (como fungos e bactérias)
que estão presentes no ambiente. Além disso, a necessidade de buscar por
fontes renováveis e a redução dos impactos ambientais gerados pelos
plásticos convencionais fazem com que a produção de bioplásticos
(biodegradáveis ou não) cresça cada vez mais (MEI, 2016).
A produção desses polímeros, mais sustentáveis, mostra-se crescente e
com um futuro promissor, uma vez que os bioplásticos apresentam uma série
de vantagens ecológicas em relação aos plásticos convencionais. A fim de
reduzir o consumo de combustíveis fósseis, uma das formas de suprir a
produção desses produtos é a partir dos resíduos de biomassa da produção
agrícola. Além disso, os resíduos gerados por bioplásticos podem ser
recuperados após o uso. Com a biotecnologia, a biomassa utilizada pode ser
transformada e, posteriormente, ser submetida à biodegradação.
Dentre alguns desafios para a produção dos bioplásticos está ainda no
seu custo de produção e nas tecnologias envolvidas. No Brasil, os preços
desses produtos ainda são inviáveis, logo não competem com os plásticos
convencionais que são bem mais baratos. Além disso, as indústrias de
plásticos já estão bem mais estabelecidas, tornando para as empresas que
optam pelo caminho mais sustentável um grande desafio (CASTRO, 2019).
Não obstante, a produção de bioplásticos e sua gradativa substituição dos
plásticos convencionais são fatores possíveis dentro do cenário nacional e
mundial. Em países europeus – em que o uso de bioplásticos é comum e bem
regularizado – já se iniciou essa substituição progressiva dos plásticos
tradicionais e os polímeros mais ecológicos tornam-se cada vez mais baratos.
159
Nesse sentido, partir da tendência mundial de reduzir os impactos ambientais,
a tendência é que esses produtos estejam mais presentes (MEI, 2016).
Os biopolímeros são uma alternativa que promete substituir os plásticos
convencionais. Segundo a “European Bioplastics’’, pode-se dividir esses
materiais considerando-se: a origem do material e a sua forma de degradação.
Caso o produto seja, parcialmente ou totalmente, de fontes renováveis. Nesse
sentido, nota-se que o material não precisa ser necessariamente
biodegradável, isto é, passar por processos de degradação pela ação de
microrganismos para ser considerado um biopolímero (JONES, 2020).
Uma das formas de obterem-se os biopolímeros é através do amido –
polissacarídeo que serve como reserva energética de plantas. Esse
carboidrato mostra-se como forte concorrente para substituir os plásticos
convencionais, o que pode ser explicado devido à sua versatilidade na
confecção de matérias e sua abundância no planeta – além de atender ao
principal critério: ser mais ecológico. Nesse contexto, o estudo para produção
desse polímero a base de amido vem ganhando notoriedade dentro do cenário
nacional. Muitos alimentos como o milho, batata, mandioca, tapioca.
(EMBALAME, 2020; MEI, 2016; RÓZ, 2003) são fontes renováveis de biomassa
para produção dos bioplásticos. Todavia, diversas pesquisas têm apresentado
promissoras matérias-primas, como o inhame (esculenta (L.) Schott)
(PENNACHIN et al., 2018), a casca de banana (CICLOVIVO, 2016) e de tapioca
(BIOPLÁSTICOS, 2012).
Ademais, há também a possibilidade de obtenção desses produtos através
da cana de açúcar. Já na década de 1950, iniciou-se o estudo do poli-3-
hidroxibutirato P[3HB] (um tipo de polihidroxidoalcanoato, isto é, ésteres
produzidos por bactérias como reserva energética). Nos anos 90, o P[3HB]
passou a fazer parte das pesquisas científicas no Brasil. Esse tipo de
bioplástico é produzido por meio de microrganismos (geralmente bactérias) e
apresenta uma série de propriedades importantes, como: resistência à água e
misturas, elevada cristalinidade, pureza óptica etc. Além disso, outro ponto
principal é a possibilidade de biodegradação desses materiais e a sua
produção por meio de fontes renováveis, gerando menos impactos ambientais
(TELLES; SARAN; UNÊDA-TREVISSOLI, 2011).
160
No Brasil, instituições de ensino como a Universidade de São Paulo (USP),
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) mostram-se como grandes instituições que possuem
destaque na produção técnico-científica no país. De mesmo modo, isso
também se mostra presente na produção de bioplásticos. A Faculdade de
Engenharia de Alimentos (FEA), da UNICAMP, desenvolveu recentemente um
bioplástico a partir do amido e da gelatina que poderá substituir os plásticos
convencionais (INOVAUNICAMP, 2021). Há também a perspectiva da produção
dos bioplásticos a partir da casca de batata, atividade vinculada à UFMG
(BARNABÉ, 2020). Em 2019, engenheiros da USP desenvolveram um bioplástico
a partir da mandioca, apresentando-se como bem transparente e resistente
(JORNALUSP, 2019).
Outrossim, esses polímeros verdes podem substituir os plásticos em
vários nichos, como no setor de embalagens, copos descartáveis, talheres,
garrafa, entre outros. A OEKO, empresa no ramo de bioplástico atuante no
Brasil, possui uma série de produtos já presentes no mercado, possuindo
sacos e sacolas de bioplásticos compostáveis, além de copos e canudos da
mesma linha (OEKO, 2021). Nesse mesmo sentido, outras empresas também
estão cada vez mais presentes na produção de bioplásticos, fazendo com que
esse produto seja cada vez mais comum no cotidiano.
Para Brito et al. (2011), os polímeros biodegradáveis representam uma boa
oportunidade para um desenvolvimento sustentável. Além disso, embora o
contexto nacional não seja suficiente na produção desses materiais,
evidencia-se que o Brasil tem uma posição de destaque na fabricação de
polímeros verdes a partir da cana de açúcar, cujas produções servem como
sacolas, embalagens, bens de consumo e agricultura. Todavia, ainda assim o
mercado de bioplásticos corresponde a um pequeno percentual (5%) em
comparação com os plásticos derivados do petróleo.
Por questões sociais e ambientais, os bioplásticos estão a integrar-se
mais à economia, tornando-se importantes para a Economia Circular – isto é,
uma economia que se baseia na redução, reutilização, reciclagem e na
sustentabilidade. Com isso, as oportunidades que os bioplásticos trazem são
várias, como: reduzir a pegada de carbono e utilização de fontes renováveis;
utilização de matérias compostáveis que causem menos impacto ao meio
ambiente; entre outros. Dessa forma, esses polímeros verdes tornam-se
161
cruciais para mudar o mundo da indústria e permitir um futuro mais
sustentável (COSTA, 2018).
Além disso, o empreendedorismo, como fonte de inovação de
desenvolvimento tecnológico, tem um papel primordial nesse processo. A
produção de bioplásticos mostra-se como realidade presente em várias
empresas e instituições de ensino e pesquisa, que visam substituir os plásticos
convencionais pelos mais ecológicos. Embora no mundo corporativo haja uma
maior preocupação com o lucro, a produção desses polímeros sustentáveis
pode ser encaixada dentro da temática do empreendedorismo social e
ecológico, que têm como fundamento solucionar problemas de interesse da
sociedade como um todo. Essa prática pode ser trabalhada dentro dos cursos
de química, como uma forma de estimular o conhecimento prático e técnico,
além de aproximar o aluno às comunidades.
Contudo, existem alguns desafios para a produção dos bioplásticos, como
as dificuldades de obtenção da matéria prima suficiente e a desconfiança por
parte do consumidor. Outro ponto também está ligado a questões financeiras,
uma vez que os custos de produção são elevados e envolvem tecnologias
onerosas, principalmente quando comparada à produção dos plásticos
convencionais (CASTRO, 2019). Nesse sentido, incentivar pesquisas e políticas
públicas que possam possibilitar mais eficiência na produção desses materiais
e introduzi-los no mercado tornam-se imprescindíveis nesse processo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
162
muito mais como uma alternativa necessária para as demandas do
desenvolvimento sustentável. Embora existam diversos desafios para a
introdução desse produto no mundo contemporâneo, essa atividade mostra-
se como um futuro promissor, tornando-se cada vez mais importante dentro
do contexto atual.
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