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Diário da República, 1.ª série — N.

º 169 — 3 de setembro de 2013 5499

2 — (Revogado.) 2 — Sem prejuízo do disposto em legislação especial,


as entidades mencionadas nas alíneas d) a g) do artigo
Artigo 187.º-A seguinte estão sujeitas ao regime previsto nas normas da
Revisão
presente lei que expressamente as refiram.

1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, à Artigo 2.º


revisão de decisões definitivas ou transitadas em julgado
Definições
em matéria de contraordenação rodoviária é aplicável o
regime geral do ilícito de mera ordenação social, sempre Para efeitos da presente lei, consideram-se:
que não contrarie o disposto no presente diploma.
a) «Autarquias locais», os municípios e as freguesias;
2 — A revisão de decisões definitivas ou transitadas em
b) «Entidades intermunicipais», as áreas metropolitanas
julgado a favor do arguido não é admissível quando a con- e as comunidades intermunicipais;
denação respeitar à prática de contraordenação rodoviária c) «Setor local», o conjunto de entidades incluídas no
leve e tenham decorrido dois anos após a definitividade subsetor da administração local das administrações públi-
ou trânsito em julgado da decisão a rever. cas no âmbito do Sistema Europeu de Contas Nacionais
3 — A revisão contra o arguido só é admissível quando e Regionais, nas últimas contas setoriais publicadas pela
vise a sua condenação pela prática de um crime. autoridade estatística nacional;
d) «Entidades associativas municipais», as entidades
CAPÍTULO V com natureza, forma ou designação de associação, par-
ticipadas por municípios, independentemente de terem
Da prescrição sido criadas ao abrigo do direito público ou privado, com
exceção das entidades intermunicipais;
Artigo 188.º e) «Empresas locais», as sociedades constituídas ou par-
Prescrição do procedimento ticipadas nos termos da lei, nas quais as entidades públicas
locais participantes possam exercer, de forma direta ou
1 — O procedimento por contraordenação rodoviária indireta, uma influência dominante em razão da verifica-
extingue-se por efeito da prescrição logo que, sobre a ção de um dos seguintes requisitos, nos termos do regime
prática da contraordenação, tenham decorrido dois anos. jurídico da atividade empresarial local:
2 — Sem prejuízo da aplicação do regime de suspensão
e de interrupção previsto no regime geral do ilícito de i) Detenção da maioria do capital ou dos direitos de voto;
mera ordenação social, a prescrição do procedimento por ii) Direito de designar ou destituir a maioria dos mem-
contraordenação rodoviária interrompe-se também com a bros do órgão de gestão, de administração ou de fiscali-
notificação ao arguido da decisão condenatória. zação;
iii) Qualquer outra forma de controlo de gestão;
Artigo 189.º
f) «Serviços e fundos autónomos do setor local», todos
Prescrição da coima e das sanções acessórias os organismos do setor local, dotados de autonomia ad-
As coimas e as sanções acessórias prescrevem no prazo ministrativa e financeira, que não tenham natureza, forma
de dois anos contados a partir do caráter definitivo ou do e designação de empresa pública, fundação ou associa-
trânsito em julgado da decisão condenatória. ção públicas, mesmo se submetidos ao regime aplicável
a qualquer destas;
Lei n.º 73/2013 g) «Entidades públicas reclassificadas», as entidades,
com natureza, forma e designação de empresa pública,
de 3 de setembro fundação ou associação públicas, que tenham sido incluídas
no subsetor administração local das administrações públi-
Estabelece o regime financeiro das autarquias locais e das cas no âmbito do Sistema Europeu de Contas Nacionais
entidades intermunicipais e Regionais, nas últimas contas setoriais publicadas pela
A Assembleia da República decreta, nos termos da autoridade estatística nacional;
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte: h) «Compromissos», as obrigações de efetuar pagamen-
tos a terceiros em contrapartida do fornecimento de bens
e serviços ou da satisfação de outras condições, conside-
TÍTULO I rando-se os compromissos assumidos quando é executada
uma ação formal pela entidade, como sejam a emissão
Objeto, definições e princípios fundamentais de ordem de compra, nota de encomenda ou documento
equivalente, ou a assinatura de um contrato, acordo ou
protocolo, podendo também ter um caráter permanente
CAPÍTULO I
e estar associados a pagamentos durante um período in-
Objeto e definições determinado de tempo, nomeadamente salários, rendas,
eletricidade ou pagamentos de prestações diversas;
Artigo 1.º i) «Responsabilidades contingentes», possíveis obri-
gações que resultem de factos passados e cuja existência
Objeto
é confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou
1 — A presente lei estabelece o regime financeiro das mais acontecimentos futuros incertos não totalmente sob
autarquias locais e das entidades intermunicipais. controlo da entidade, ou obrigações presentes que, resul-
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tando de acontecimentos passados, não são reconhecidas gestão orçamental equilibrada, incluindo as responsabili-
porque: dades contingentes por si assumidas.
3 — As autarquias locais não podem assumir compro-
i) Não é provável que um exfluxo de recursos, que in- missos que coloquem em causa a estabilidade orçamental.
corpora benefícios económicos ou um potencial de serviço,
seja exigido para liquidar as obrigações; ou Artigo 6.º
ii) O montante das obrigações não pode ser mensurado
com suficiente fiabilidade. Princípio da autonomia financeira
1 — As autarquias locais têm património e finanças
CAPÍTULO II próprios, cuja gestão compete aos respetivos órgãos.
2 — A autonomia financeira das autarquias locais assenta,
Princípios fundamentais nomeadamente, nos seguintes poderes dos seus órgãos:
a) Elaborar, aprovar e modificar as opções do plano,
Artigo 3.º
orçamentos e outros documentos previsionais, bem como
Princípios fundamentais elaborar e aprovar os correspondentes documentos de pres-
tação de contas;
1 — O setor local está sujeito aos princípios consagra- b) Gerir o seu património, bem como aquele que lhes
dos na Lei de Enquadramento Orçamental, aprovada pela seja afeto;
Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto, alterada pela Lei Orgânica c) Exercer os poderes tributários que legalmente lhes
n.º 2/2002, de 28 de agosto, e pelas Leis n.os 23/2003, de estejam atribuídos;
2 de julho, 48/2004, de 24 de agosto, 48/2010, de 19 de d) Liquidar, arrecadar, cobrar e dispor das receitas que
outubro, 22/2011, de 20 de maio, e 52/2011, de 13 de por lei lhes sejam destinadas;
outubro, e alterada e republicada pela Lei n.º 37/2013, de e) Ordenar e processar as despesas legalmente autori-
14 de junho, que expressamente o refiram. zadas;
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a f) Aceder ao crédito, nas situações previstas na lei.
atividade financeira das autarquias locais desenvolve-se
com respeito pelos seguintes princípios: Artigo 7.º
a) Princípio da legalidade; Princípio da transparência
b) Princípio da estabilidade orçamental;
c) Princípio da autonomia financeira; 1 — A atividade financeira das autarquias locais está
d) Princípio da transparência; sujeita ao princípio da transparência, que se traduz num
e) Princípio da solidariedade nacional recíproca; dever de informação mútuo entre estas e o Estado, bem
f) Princípio da equidade intergeracional; como no dever de divulgar aos cidadãos, de forma acessível
g) Princípio da justa repartição dos recursos públicos e rigorosa, a informação sobre a sua situação financeira.
entre o Estado e as autarquias locais; 2 — O princípio da transparência aplica-se igualmente à
h) Princípio da coordenação entre finanças locais e informação financeira respeitante às entidades participadas
por autarquias locais e entidades intermunicipais que não
finanças do Estado;
integrem o setor local, bem como às concessões municipais
i) Princípio da tutela inspetiva.
e parcerias público-privadas.
3 — Os princípios previstos no presente capítulo são Artigo 8.º
aplicáveis, com as devidas adaptações, à atividade finan-
ceira das restantes entidades do setor local. Princípio da solidariedade nacional recíproca
1 — O Estado e as autarquias locais estão vinculados a
Artigo 4.º um dever de solidariedade nacional recíproca que obriga à
Princípio da legalidade contribuição proporcional do setor local para o equilíbrio
das contas públicas nacionais.
1 — A atividade financeira das autarquias locais exerce- 2 — Tendo em vista assegurar a consolidação orça-
se no quadro da Constituição, da lei, das regras de direito da mental das contas públicas, em situações excecionais e
União Europeia e das restantes obrigações internacionais transitórias, podem ser estabelecidos, através da Lei do
assumidas pelo Estado Português. Orçamento do Estado, limites adicionais à dívida total
2 — São nulas as deliberações de qualquer órgão das autárquica, bem como à prática de atos que determinem a
autarquias locais que envolvam o exercício de poderes tri- assunção de encargos financeiros com impacto nas contas
butários, determinem o lançamento de taxas não previstas públicas pelas autarquias locais.
na lei ou que determinem ou autorizem a realização de 3 — No âmbito do presente princípio, a Lei do Orça-
despesas não permitidas por lei. mento do Estado pode determinar transferências do Orça-
mento do Estado de montante inferior àquele que resultaria
Artigo 5.º das leis financeiras especialmente aplicáveis a cada subse-
Princípio da estabilidade orçamental tor, sem prejuízo dos compromissos assumidos pelo Estado
nas áreas da solidariedade e da segurança social.
1 — As autarquias locais estão sujeitas, na aprovação e 4 — A possibilidade de redução prevista no número
execução dos seus orçamentos, ao princípio da estabilidade anterior depende sempre da verificação de circunstâncias
orçamental. excecionais imperiosamente exigidas pela rigorosa obser-
2 — A estabilidade orçamental pressupõe a sustenta- vância das obrigações decorrentes do Programa de Estabili-
bilidade financeira das autarquias locais, bem como uma dade e Crescimento e dos princípios da proporcionalidade,
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do não arbítrio e da solidariedade recíproca, e carece de líticas de convergência a que Portugal se tenha vinculado
audição prévia dos órgãos constitucional e legalmente no seio da União Europeia.
competentes dos subsetores envolvidos. 2 — A coordenação referida no número anterior efe-
tua-se através do Conselho de Coordenação Financeira,
Artigo 9.º sendo as autarquias locais ouvidas antes da preparação
do Programa de Estabilidade e Crescimento e da Lei do
Princípio da equidade intergeracional
Orçamento do Estado, nomeadamente quanto à sua parti-
1 — A atividade financeira das autarquias locais está cipação nos recursos públicos e à evolução do montante
subordinada ao princípio da equidade na distribuição de global da dívida total autárquica.
benefícios e custos entre gerações, de modo a não onerar 3 — Para efeitos do disposto no presente artigo, podem
excessivamente as gerações futuras, salvaguardando as igualmente ser estabelecidos deveres de informação e re-
suas legítimas expetativas através de uma distribuição porte adicionais tendo em vista habilitar as autoridades na-
equilibrada dos custos pelos vários orçamentos num qua- cionais com a informação agregada relativa à organização
dro plurianual. e gestão de órgãos e serviços das autarquias locais.
2 — O princípio da equidade intergeracional implica a
apreciação da incidência orçamental: Artigo 12.º
a) Das medidas e ações incluídas no plano plurianual Conselho de Coordenação Financeira
de investimentos; 1 — O Conselho de Coordenação Financeira (CCF) é
b) Do investimento em capacitação humana cofinan- composto por:
ciado pela autarquia;
c) Dos encargos com os passivos financeiros da au- a) Um representante do membro do Governo respon-
tarquia; sável pela área das finanças;
d) Das necessidades de financiamento das entidades b) Um representante do membro do Governo respon-
participadas pela autarquia; sável pela área das autarquias locais;
e) Dos compromissos orçamentais e das responsabili- c) Um representante da Direção-Geral do Orçamento;
dades contingentes; d) Um representante do Gabinete de Planeamento, Es-
f) Dos encargos explícitos e implícitos em parcerias tratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério
público-privadas, concessões e demais compromissos fi- das Finanças;
nanceiros de caráter plurianual; e) Um representante da Autoridade Tributária e Adu-
g) Da despesa fiscal, nomeadamente compromissos aneira (AT);
futuros decorrentes de isenções fiscais concedidas, pelos f) Um representante da Direção-Geral das Autarquias
Locais (DGAL);
municípios, ao abrigo do artigo 16.º.
g) Dois representantes da Associação Nacional de Mu-
nicípios Portugueses (ANMP);
Artigo 10.º
h) Dois representantes da Associação Nacional de Fre-
Princípio da justa repartição dos recursos públicos guesias (ANAFRE).
entre o Estado e as autarquias locais
1 — A atividade financeira das autarquias locais de- 2 — Os representantes previstos nas alíneas a) a f) do
senvolve-se no respeito pelo princípio da estabilidade das número anterior são designados por despacho dos membros
relações financeiras entre o Estado e as autarquias locais, do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e das
devendo ser garantidos os meios adequados e necessários autarquias locais.
à prossecução do quadro de atribuições e competências 3 — O CCF é presidido pelo representante do membro
que lhes é cometido nos termos da lei. do Governo responsável pela área das finanças, a quem
2 — A participação de cada autarquia local nos recur- compete convocar as reuniões e dirigir os respetivos tra-
sos públicos é determinada nos termos e de acordo com balhos.
os critérios previstos na presente lei, visando o equilíbrio 4 — O CCF reúne ordinariamente duas vezes por ano,
financeiro vertical e horizontal. até 15 de março e até 15 de setembro, antes da apresentação
do Programa de Estabilidade e Crescimento e da Lei do
3 — O equilíbrio financeiro vertical visa adequar os
Orçamento do Estado, respetivamente, e, extraordinaria-
recursos de cada nível de administração às respetivas atri-
mente, por iniciativa do seu presidente ou de um terço dos
buições e competências, nos termos da lei.
seus membros.
4 — O equilíbrio financeiro horizontal pretende pro- 5 — Nas reuniões ordinárias do CCF participa um repre-
mover a correção de desigualdades entre autarquias do sentante do Conselho de Finanças Públicas, com estatuto
mesmo grau resultantes, designadamente, de diferentes de observador.
capacidades na arrecadação de receitas ou de diferentes 6 — Ao CCF compete promover a troca de informação
necessidades de despesa. entre os seus membros, nomeadamente entre os represen-
tantes da administração central e das autarquias locais.
Artigo 11.º 7 — Os membros do CCF têm acesso antecipado, no-
Princípio da coordenação entre finanças meadamente à seguinte informação:
locais e finanças do Estado
a) Projeções dos principais agregados macroeconómi-
1 — A coordenação entre finanças locais e finanças do cos com influência no Orçamento do Estado, na segunda
Estado tem especialmente em conta o desenvolvimento reunião ordinária do ano;
equilibrado de todo o País e a necessidade de atingir os b) Linhas gerais da política orçamental do Governo, nome-
objetivos e metas orçamentais traçados no âmbito das po- adamente quanto às medidas com impacto na receita fiscal;
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c) Aos documentos de prestação de contas relativas ao h) O rendimento de bens próprios, móveis ou imóveis,
exercício anterior, ainda que numa versão provisória, na por eles administrados, dados em concessão ou cedidos
primeira reunião ordinária do ano; para exploração;
d) Estimativas da execução orçamental do exercício em i) A participação nos lucros de sociedades e nos resulta-
curso, na segunda reunião ordinária do ano; dos de outras entidades em que o município tome parte;
e) Projetos dos quadros plurianuais de programação j) O produto de heranças, legados, doações e outras
orçamental, ainda que numa versão provisória, na segunda liberalidades a favor do município;
reunião ordinária do ano. k) O produto da alienação de bens próprios, móveis ou
imóveis;
8 — Pode, ainda, ser definida a prestação de informação l) O produto de empréstimos, incluindo os resultantes
adicional à estabelecida no número anterior, mediante da emissão de obrigações municipais;
regulamento a aprovar para o efeito pelo CCF. m) Outras receitas estabelecidas por lei ou regulamento
9 — A informação referida nas alíneas c) a e) do n.º 7 é a favor dos municípios.
disponibilizada pelo CCF no Sistema Integrado de Infor-
Artigo 15.º
mação das Autarquias Locais (SIIAL), até 10 dias antes
da data da realização da reunião respetiva. Poderes tributários
10 — O CCF remete aos membros do Governo respon- Os municípios dispõem de poderes tributários relativa-
sáveis pelas áreas das finanças e das autarquias locais, até mente a impostos e outros tributos a cuja receita tenham
30 dias após a realização das reuniões previstas no n.º 4, direito, nomeadamente:
um relatório onde conste a informação trocada e as res-
petivas conclusões. a) Acesso à informação atualizada dos impostos mu-
nicipais e da derrama, liquidados e cobrados, quando a
Artigo 13.º liquidação e cobrança seja assegurada pelos serviços do
Estado, nos termos do n.º 6 do artigo 17.º;
Princípio da tutela inspetiva b) Possibilidade de liquidação e cobrança dos impostos
1 — O Estado exerce tutela inspetiva sobre as autarquias e outros tributos a cuja receita tenham direito, nos termos
locais e as restantes entidades do setor local, a qual abrange a definir por diploma próprio;
c) Possibilidade de cobrança coerciva de impostos e
a respetiva gestão patrimonial e financeira.
outros tributos a cuja receita tenham direito, nos termos a
2 — A tutela inspetiva só pode ser exercida segundo as definir por diploma próprio;
formas e nos casos previstos na lei, salvaguardando sempre d) Concessão de isenções e benefícios fiscais, nos ter-
a democraticidade e a autonomia do poder local. mos do n.º 2 do artigo seguinte;
e) Compensação pela concessão de benefícios fiscais
relativos a impostos e outros tributos a cuja receita tenham
TÍTULO II direito, por parte do Governo, nos termos do n.º 4 do artigo
Autarquias locais seguinte;
f) Outros poderes previstos em legislação tributária.

CAPÍTULO I Artigo 16.º


Receitas dos municípios Isenções e benefícios fiscais
1 — O Estado, as Regiões Autónomas e qualquer dos
Artigo 14.º seus serviços, estabelecimentos e organismos, ainda que
Receitas municipais personalizados, compreendendo os institutos públicos que
não tenham caráter empresarial, bem como os municípios
Constituem receitas dos municípios: e freguesias e as suas associações, estão isentos de pa-
a) O produto da cobrança do imposto municipal sobre gamento de todos os impostos previstos na presente lei,
imóveis (IMI), sem prejuízo do disposto na alínea a) do com exceção da isenção do IMI dos edifícios não afetos a
n.º 1 do artigo 23.º; atividades de interesse público.
b) O produto da cobrança de derramas lançadas nos 2 — A assembleia municipal pode, por proposta da câ-
termos do artigo 18.º; mara municipal, através de deliberação fundamentada que
inclui a estimativa da respetiva despesa fiscal, conceder
c) A parcela do produto do imposto único de circulação
isenções totais ou parciais relativamente aos impostos e
que caiba aos municípios, nos termos do artigo 3.º da Lei outros tributos próprios.
n.º 22-A/2007, de 29 de junho; 3 — Os benefícios fiscais referidos no número anterior
d) O produto da cobrança de taxas e preços resultantes não podem ser concedidos por mais de cinco anos, sendo
da concessão de licenças e da prestação de serviços pelo possível a sua renovação por uma vez com igual limite
município, de acordo com o disposto nos artigos 15.º e 16.º; temporal.
e) O produto da participação nos recursos públicos 4 — Nos casos de benefícios fiscais relativos a impostos
determinada nos termos do disposto nos artigos 25.º e municipais que constituam contrapartida contratual da
seguintes; fixação de grandes projetos de investimento de interesse
f) O produto da cobrança de encargos de mais-valias para a economia nacional, o reconhecimento dos mesmos
destinados por lei ao município; compete ao Governo, ouvidos o município ou os municí-
g) O produto de multas e coimas fixadas por lei, regu- pios envolvidos, que se pronunciam no prazo máximo de
lamento ou postura que caibam ao município; 45 dias, nos termos da lei, havendo lugar a compensação
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em caso de discordância expressa do respetivo município para os municípios de receitas tributárias que lhes sejam
comunicada dentro daquele prazo, através de verba a ins- próprias.
crever na Lei do Orçamento do Estado. 9 — Os créditos tributários ainda pendentes por referên-
5 — Para efeitos do número anterior, consideram-se cia a impostos abolidos são considerados para efeitos de
grandes projetos de investimento, aqueles que estão defi- cálculo das transferências para os municípios relativamente
nidos nos termos e nos limites do n.º 1 do artigo 41.º do aos impostos que lhes sucederam.
Estatuto dos Benefícios Fiscais.
6 — Os municípios são ouvidos antes da concessão, por Artigo 18.º
parte do Estado, de isenções fiscais subjetivas relativas a
Derrama
impostos municipais, no que respeita à fundamentação da
decisão de conceder a referida isenção, e são informados 1 — Os municípios podem deliberar lançar anualmente
quanto à despesa fiscal envolvida, havendo lugar a com- uma derrama, até ao limite máximo de 1,5 %, sobre o
pensação em caso de discordância expressa do respetivo lucro tributável sujeito e não isento de imposto sobre o
município. rendimento das pessoas coletivas (IRC), que corresponda
7 — Excluem-se do disposto do número anterior as à proporção do rendimento gerado na sua área geográfica
isenções automáticas e as que decorram de obrigações por sujeitos passivos residentes em território português
de direito internacional a que o Estado Português esteja que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza
vinculado. comercial, industrial ou agrícola e não residentes com
8 — Os municípios têm acesso à respetiva informação estabelecimento estável nesse território.
desagregada respeitante à despesa fiscal adveniente da 2 — Para efeitos de aplicação do disposto no número
concessão de benefícios fiscais relativos aos impostos anterior, sempre que os sujeitos passivos tenham estabe-
municipais. lecimentos estáveis ou representações locais em mais de
9 — Nos termos do princípio da legalidade tributária, um município e matéria coletável superior a € 50 000 o
as isenções totais ou parciais previstas no presente artigo lucro tributável imputável à circunscrição de cada muni-
apenas podem ser concedidas pelos municípios quando cípio é determinado pela proporção entre os gastos com a
exista lei que defina os termos e condições para a sua massa salarial correspondente aos estabelecimentos que o
atribuição. sujeito passivo nele possua e a correspondente à totalidade
dos seus estabelecimentos situados em território nacional.
Artigo 17.º 3 — Quando o volume de negócios de um sujeito pas-
Liquidação e cobrança dos impostos sivo resulte em mais de 50 % da exploração de recursos
naturais que tornem inadequados os critérios estabelecidos
1 — Os impostos municipais são liquidados e cobrados nos números anteriores, podem os municípios interessa-
nos termos previstos na respetiva legislação. dos propor, fundamentadamente, a fixação de um critério
2 — As câmaras municipais podem deliberar proceder específico de repartição da derrama, o qual, após audição
à cobrança dos impostos municipais, pelos seus próprios do sujeito passivo e dos restantes municípios interessados,
serviços ou pelos serviços da entidade intermunicipal é fixado por despacho dos membros do Governo respon-
que integram, desde que correspondente ao território da sáveis pelas áreas das finanças e das autarquias locais.
NUTS III, nos termos a definir por diploma próprio. 4 — A assembleia municipal pode, sob proposta da
3 — Os municípios que integram entidades intermu- câmara municipal, deliberar lançar uma taxa reduzida de
nicipais podem transferir a competência de cobrança dos derrama para os sujeitos passivos com um volume de ne-
impostos municipais para o serviço competente daque- gócios no ano anterior que não ultrapasse € 150 000.
las entidades, nos termos a definir por diploma próprio. 5 — Nos casos não abrangidos pelo n.º 2, considera-se
4 — Quando a liquidação e ou cobrança dos impostos que o rendimento é gerado no município em que se situa a
municipais seja assegurada pelos serviços do Estado, os sede ou a direção efetiva do sujeito passivo ou, tratando-
respetivos encargos não podem exceder: se de sujeitos passivos não residentes, no município em
a) Pela liquidação, 1,5 % dos montantes liquidados; ou que se situa o estabelecimento estável onde, nos termos
b) Pela liquidação e cobrança, 2,5 % dos montantes do artigo 125.º do Código do IRC, esteja centralizada a
cobrados. contabilidade.
6 — Entende-se por massa salarial o valor dos gastos
5 — A receita líquida dos encargos a que se refere o relativos a despesas efetuadas com o pessoal e reconhe-
número anterior é transferida pelos serviços do Estado cidos no exercício a título de remunerações, ordenados
para o município titular da receita até ao último dia útil ou salários.
do mês seguinte ao do pagamento. 7 — Os sujeitos passivos abrangidos pelo n.º 2 indicam
6 — A AT fornece à ANMP informação, desagregada na declaração periódica de rendimentos a massa salarial
por municípios, relativa às relações financeiras entre o correspondente a cada município e efetuam o apuramento
Estado e o conjunto dos municípios e fornece a cada mu- da derrama que seja devida.
nicípio informação relativa à liquidação e cobrança de 8 — Quando seja aplicável o regime especial de tribu-
impostos municipais e transferências de receita para o tação dos grupos de sociedades, a derrama incide sobre
município. o lucro tributável individual de cada uma das sociedades
7 — A informação referida no número anterior é dis- do grupo, sem prejuízo do disposto no artigo 115.º do
ponibilizada por via eletrónica e atualizada mensalmente, Código do IRC.
tendo cada município acesso apenas à informação relativa 9 — A deliberação a que se refere o n.º 1 deve ser co-
à sua situação financeira. municada por via eletrónica pela câmara municipal à AT
8 — São devidos juros de mora por parte da adminis- até ao dia 31 de dezembro do ano anterior ao da cobrança
tração central quando existam atrasos nas transferências por parte dos serviços competentes do Estado.
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10 — Caso a comunicação a que se refere o número Artigo 21.º


anterior seja remetida para além do prazo nele estabelecido Preços
não há lugar à liquidação e cobrança da derrama.
11 — O produto da derrama paga é transferido para os 1 — Os preços e demais instrumentos de remuneração
municípios até ao último dia útil do mês seguinte ao do a fixar pelos municípios, relativos aos serviços prestados
respetivo apuramento pela AT. e aos bens fornecidos em gestão direta pelas unidades
12 — Para efeitos de aplicação do disposto no n.º 1, orgânicas municipais, pelos serviços municipalizados e
quando uma mesma entidade tem sede num município e por empresas locais, não devem ser inferiores aos custos
direção efetiva noutro, a entidade deve ser considerada direta e indiretamente suportados com a prestação desses
como residente do município onde estiver localizada a serviços e com o fornecimento desses bens.
direção efetiva. 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, os
custos suportados são medidos em situação de eficiência
Artigo 19.º produtiva e, quando aplicável, de acordo com as normas
do regulamento tarifário em vigor.
Informação a transmitir pela Autoridade Tributária e Aduaneira
3 — Os preços e demais instrumentos de remuneração
1 — No âmbito da obrigação referida nos n.os 6 e 7 do a cobrar pelos municípios respeitam, nomeadamente, às
artigo 17.º, a AT comunica, até ao último dia útil do mês atividades de exploração de sistemas municipais ou inter-
seguinte ao da transferência: municipais de:
a) O montante de imposto liquidado e das anulações no a) Abastecimento público de água;
segundo mês anterior; b) Saneamento de águas residuais;
b) O montante de imposto objeto de cobrança que tenha c) Gestão de resíduos sólidos;
sido transferido no mês anterior; d) Transportes coletivos de pessoas e mercadorias;
c) O montante de imposto que tenha sido reembolsado e) Distribuição de energia elétrica em baixa tensão.
aos contribuintes e que esteja a ser deduzido à transferência
referida na alínea anterior; 4 — Relativamente às atividades mencionadas no nú-
d) A desagregação, por período de tributação a que mero anterior, os municípios cobram os preços previstos
respeita, do imposto referido nas alíneas anteriores. em regulamento tarifário a aprovar.
5 — O regulamento tarifário aplicável à prestação pe-
los municípios das atividades mencionadas nas alíneas a)
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, no
a c) do n.º 3 observa o estabelecido no artigo 82.º da Lei da
caso da derrama, a AT disponibiliza, de forma permanente,
Água, aprovada pela Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro, e
à ANMP e a cada município, sendo a informação atuali-
no regulamento tarifário aprovado pela entidade reguladora
zada até ao último dia útil dos meses de julho, setembro
dos setores de abastecimento público de água, de sanea-
e dezembro:
mento de águas residuais e de gestão de resíduos sólidos.
a) O número de sujeitos passivos de IRC com sede em 6 — Cabe à entidade reguladora dos setores de abasteci-
cada município e o total do respetivo lucro tributável; mento público de água, de saneamento de águas residuais
b) O número de sujeitos passivos com um volume de e de gestão de resíduos sólidos:
negócios superior a € 150 000 e o total do respetivo lucro a) Emitir recomendações sobre a aplicação do disposto
tributável sujeito a derrama, por município; no regulamento tarifário do regulador, bem como nos n.os 1,
c) O número de sujeitos passivos com matéria coletável 4, 5 e 7;
superior a € 50 000 e o total do respetivo lucro tributável b) Emitir recomendações sobre a aplicação dos critérios
sujeito a derrama. estabelecidos nos estatutos da referida entidade reguladora
e nos artigos 20.º a 23.º do Decreto-Lei n.º 97/2008, de
3 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1, a AT comunica 11 de junho;
ainda a cada município, até 31 de maio de cada ano e c) Informar, nos casos de gestão direta municipal, de ser-
com referência a 31 de dezembro do ano anterior, o valor viço municipalizado, ou de empresa local, a assembleia mu-
patrimonial tributário para efeitos do IMI de cada prédio nicipal e a entidade competente da tutela inspetiva de qual-
situado no seu território, indicando quais os prédios isentos. quer violação dos preceitos referidos nas alíneas anteriores.
4 — A AT disponibiliza a cada município, até ao final
de julho de cada ano, os dados agregados do número e 7 — Sem prejuízo do poder de atuação da entidade
montante exequendo dos processos de execução fiscal que reguladora em caso de desconformidade, nos termos de
se encontrem pendentes e que sejam relativos aos impostos diploma próprio, as tarifas municipais são sujeitas a parecer
municipais e derrama municipal. daquela, que ateste a sua conformidade com as disposições
legais e regulamentares em vigor.
Artigo 20.º 8 — Salvo disposições contratuais em contrário, nos
Taxas dos municípios
casos em que haja receitas municipais ou de serviços muni-
cipalizados ou de empresas locais provenientes de preços e
1 — Os municípios podem criar taxas nos termos do demais instrumentos contratuais associados a uma qualquer
regime geral das taxas das autarquias locais. das atividades referidas no n.º 3 que sejam realizadas em
2 — A criação de taxas pelos municípios está subordi- articulação com empresas concessionárias, devem tais re-
nada aos princípios da equivalência jurídica, da justa re- ceitas ser transferidas para essas empresas, pelo montante
partição dos encargos públicos e da publicidade, incidindo devido, até ao último dia do mês seguinte ao registo da
sobre utilidades prestadas aos particulares, geradas pela cobrança da respetiva receita, devendo ser fornecida às
atividade dos municípios ou resultantes da realização de empresas concessionárias informação trimestral atualizada
investimentos municipais. e discriminada dos montantes cobrados.
Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013 5505

Artigo 22.º b) O produto de cobrança de taxas, nomeadamente pro-


Cooperação técnica e financeira
venientes da prestação de serviços pelas freguesias;
c) O rendimento de mercados e cemitérios das freguesias;
1 — Não são permitidas quaisquer formas de subsídios d) O produto de multas e coimas fixadas por lei, regu-
ou comparticipações financeiras aos municípios e fregue- lamento ou postura que caibam às freguesias;
sias por parte do Estado, dos institutos públicos ou dos e) O rendimento de bens próprios, móveis ou imóveis,
serviços e fundos autónomos. por elas administrados, dados em concessão ou cedidos
2 — Pode ser excecionalmente inscrita na Lei do Or- para exploração;
çamento do Estado uma dotação global afeta aos diversos f) O produto de heranças, legados, doações e outras
ministérios, para financiamento de projetos de interesse liberalidades a favor das freguesias;
nacional a desenvolver pelas autarquias locais, de grande g) O produto da alienação de bens próprios, móveis
relevância para o desenvolvimento regional e local, cor- ou imóveis;
respondentes a políticas identificadas como prioritárias h) O produto de empréstimos de curto prazo;
naquela Lei, de acordo com os princípios da igualdade, i) O produto da participação nos recursos públicos
imparcialidade e justiça. determinada nos termos do disposto nos artigos 38.º e
3 — O Governo e os Governos Regionais dos Açores e seguintes;
da Madeira podem ainda tomar providências orçamentais j) Outras receitas estabelecidas por lei ou regulamento
necessárias à concessão de auxílios financeiros às autar-
a favor das freguesias.
quias locais, nas seguintes situações:
a) Calamidade pública; 2 — O disposto no artigo 22.º, no âmbito da cooperação
b) Municípios negativamente afetados por investimentos técnica e financeira, aplica-se às freguesias.
da responsabilidade da administração central ou regional;
c) Circunstâncias graves que afetem drasticamente a Artigo 24.º
operacionalidade das infraestruturas e dos serviços muni-
Taxas das freguesias
cipais de proteção civil;
d) Reconversão de áreas urbanas de génese ilegal ou pro- 1 — As freguesias podem criar taxas nos termos do
gramas de reabilitação urbana, quando o seu peso relativo regime geral das taxas das autarquias locais.
transcenda a capacidade e a responsabilidade autárquica 2 — A criação de taxas pelas freguesias está subordinada
nos termos da lei. aos princípios da equivalência jurídica, da justa repartição
dos encargos públicos e da publicidade, incidindo sobre
4 — A concessão de auxílios financeiros às autarquias utilidades prestadas aos particulares ou geradas pela ati-
locais em situações de calamidade pública é regulada em vidade das freguesias.
diploma próprio, designadamente no âmbito do Fundo de
Emergência Municipal.
5 — A concessão de qualquer auxílio financeiro e a ce- CAPÍTULO III
lebração de contrato ou protocolo com as autarquias locais
são previamente autorizadas por despacho dos membros Repartição de recursos públicos
do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e das
autarquias locais, a publicar no Diário da República. Artigo 25.º
6 — São nulos os instrumentos de cooperação técnica e Repartição de recursos públicos entre o Estado e os municípios
financeira e de auxílio financeiro celebrados ou executados
sem que seja observado o disposto no número anterior. 1 — A repartição dos recursos públicos entre o Estado
7 — O Governo publica trimestralmente, no Diário da e os municípios, tendo em vista atingir os objetivos de
República, uma listagem da qual constam os instrumentos equilíbrio financeiro horizontal e vertical, é obtida através
de cooperação técnica e financeira e de auxílio financeiro das seguintes formas de participação:
celebrados por cada ministério, bem como os respetivos a) Uma subvenção geral, determinada a partir do Fundo
montantes e prazos. de Equilíbrio Financeiro (FEF), cujo valor é igual a 19,5 %
8 — O regime de cooperação técnica e financeira, bem da média aritmética simples da receita proveniente dos im-
como o regime de concessão de auxílios financeiros às postos sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), o
autarquias locais são regulados por diploma próprio. IRC e imposto sobre o valor acrescentado (IVA), deduzido
9 — O disposto no presente artigo aplica-se às empresas do montante afeto ao Índice Sintético de Desenvolvimento
do setor empresarial do Estado. Social, nos termos do n.º 2 do artigo 69.º;
b) Uma subvenção específica, determinada a partir do
CAPÍTULO II Fundo Social Municipal (FSM), cujo valor corresponde às
despesas relativas às atribuições e competências transferi-
Receitas das freguesias das da administração central para os municípios;
c) Uma participação variável de 5 % no IRS, deter-
Artigo 23.º minada nos termos do artigo 26.º, dos sujeitos passivos
Receitas das freguesias com domicílio fiscal na respetiva circunscrição territo-
rial, calculada sobre a respetiva coleta líquida das dedu-
1 — Constituem receitas das freguesias: ções previstas no n.º 1 do artigo 78.º do Código do IRS.
a) O produto da receita do IMI sobre prédios rústicos e
uma participação no valor de 1 % da receita do IMI sobre 2 — A receita dos impostos a que se refere a alínea a)
prédios urbanos; do número anterior é a que corresponde à receita líquida
5506 Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013

destes impostos no penúltimo ano relativamente àquele a 2 — A participação geral de cada município no FEF
que a Lei do Orçamento do Estado se refere, excluindo: resulta da soma das parcelas referentes ao FGM e ao FCM.
3 — Os municípios com maior capitação de receitas
a) A participação referida na alínea c) do número anterior; municipais, nos termos dos n.os 1, 2 e 4 do artigo 33.º, são
b) No que respeita ao IVA, a receita consignada, de contribuintes líquidos do FCM.
caráter excecional ou temporário, a outros subsetores das
administrações públicas. Artigo 28.º
3 — Para efeitos do disposto no número anterior, en- Fundo Geral Municipal
tende-se por receita líquida o valor inscrito no mapa de O FGM corresponde a uma transferência financeira do
execução orçamental, segundo a classificação económica, Estado que visa dotar os municípios de condições finan-
respeitante aos serviços integrados. ceiras adequadas ao desempenho das suas atribuições,
4 — Para efeitos do disposto na alínea c) do n.º 1, em função dos respetivos níveis de funcionamento e in-
considera-se como domicílio fiscal o do sujeito passivo vestimento.
identificado em primeiro lugar na respetiva declaração Artigo 29.º
de rendimentos.
Artigo 26.º Fundo de Coesão Municipal

Participação variável no IRS 1 — O FCM visa reforçar a coesão municipal, fomen-


tando a correção de assimetrias, em benefício dos muni-
1 — Os municípios têm direito, em cada ano, a uma cípios menos desenvolvidos, onde existam situações de
participação variável até 5 % no IRS dos sujeitos passivos desigualdade relativamente às correspondentes médias
com domicílio fiscal na respetiva circunscrição territorial, nacionais, e corresponde à soma da compensação fiscal
relativa aos rendimentos do ano imediatamente anterior, (CF) e da compensação da desigualdade de oportunidades
calculada sobre a respetiva coleta líquida das deduções pre- (CDO) baseada no índice de desigualdade de oportunida-
vistas no n.º 1 do artigo 78.º do Código do IRS, deduzido des (IDO).
do montante afeto ao Índice Sintético de Desenvolvimento 2 — A compensação por desigualdade de oportunidades
Social nos termos do n.º 2 do artigo 69.º. visa compensar, para certos municípios, a diferença de
2 — A participação referida no número anterior depende oportunidades decorrente da desigualdade de acesso a con-
de deliberação sobre a percentagem de IRS pretendida pelo dições necessárias para poderem ter uma vida mais longa,
município, a qual é comunicada por via eletrónica pela com melhores níveis de saúde, de conforto, de saneamento
respetiva câmara municipal à AT, até 31 de dezembro do básico e de aquisição de conhecimentos.
ano anterior àquele a que respeitam os rendimentos.
3 — A ausência da comunicação a que se refere o nú- Artigo 30.º
mero anterior, ou a receção da comunicação para além
do prazo aí estabelecido, equivale à falta de deliberação Fundo Social Municipal
e à perda do direito à participação variável por parte dos 1 — O FSM constitui uma transferência financeira do
municípios. Orçamento do Estado consignada ao financiamento de des-
4 — Nas situações referidas no número anterior, ou pesas determinadas, relativas a atribuições e competências
caso a percentagem deliberada pelo município seja inferior dos municípios associadas a funções sociais, nomeada-
à taxa máxima definida no n.º 1, o produto da diferença mente na educação, na saúde ou na ação social.
de taxas e a coleta líquida é considerado como dedução 2 — As despesas elegíveis para financiamento através
à coleta do IRS, a favor do sujeito passivo, relativo aos do FSM são, nomeadamente:
rendimentos do ano imediatamente anterior àquele a que
respeita a participação variável referida no n.º 1, desde a) As despesas de funcionamento corrente do pré-es-
que a respetiva liquidação tenha sido feita com base em colar público, nomeadamente as remunerações de pessoal
declaração apresentada dentro do prazo legal e com os não docente, os serviços de alimentação, as despesas com
elementos nela constantes. prolongamento de horário e transporte escolar;
5 — A inexistência da dedução à coleta a que se refere b) As despesas de funcionamento corrente com os três
o número anterior não determina, em caso algum, um ciclos de ensino básico público, nomeadamente as remune-
acréscimo ao montante da participação variável apurada rações de pessoal não docente, os serviços de alimentação,
com base na percentagem deliberada pelo município. as atividades de enriquecimento curricular e o transporte
6 — Para efeitos do disposto no presente artigo, consi- escolar, excluindo apenas as do pessoal docente afeto ao
dera-se como domicílio fiscal o do sujeito passivo iden- plano curricular obrigatório;
tificado em primeiro lugar na respetiva declaração de c) As despesas com professores, monitores e outros
rendimentos. técnicos com funções educativas de enriquecimento cur-
7 — O percentual e o montante da participação variável ricular, nomeadamente nas áreas de iniciação ao desporto
no IRS constam da nota de liquidação dos sujeitos passivos e às artes, bem como de orientação escolar, de apoio à
deste imposto. saúde escolar e de acompanhamento socioeducativo do
ensino básico público;
d) As despesas de funcionamento corrente com os cen-
Artigo 27.º
tros de saúde, nomeadamente as remunerações de pessoal,
Fundo de Equilíbrio Financeiro manutenção das instalações e equipamento e compartici-
1 — O FEF é repartido da seguinte forma: pações nos custos de transporte dos doentes;
e) As despesas de funcionamento dos programas munici-
a) 50 % como Fundo Geral Municipal (FGM); pais de cuidados de saúde continuados e apoio ao domicílio,
b) 50 % como Fundo de Coesão Municipal (FCM). nomeadamente as remunerações do pessoal auxiliar e ad-
Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013 5507

ministrativo afeto a estes programas, transportes e interface 2 — Para efeitos do disposto na alínea b) do número
com outros serviços municipais de saúde e de ação social; anterior, a população de cada município é ponderada de
f) As despesas de funcionamento de programas de promo- acordo com os seguintes ponderadores marginais:
ção da saúde desenvolvidos nos centros de saúde e nas escolas;
g) As despesas de funcionamento de creches, estabeleci- a) Os primeiros 5000 habitantes — 3;
mentos de educação pré-escolar, equipamentos na área dos b) De 5001 a 10 000 habitantes — 1;
idosos, designadamente estruturas residenciais e centros c) De 10 001 a 20 000 habitantes — 0,25;
de dia, nomeadamente as remunerações do pessoal, os d) De 20 001 a 40 000 habitantes — 0,5;
serviços de alimentação e atividades culturais, científicas e) De 40 001 a 80 000 habitantes — 0,75;
e desportivas levadas a cabo no quadro de assistência aos f) Mais de 80 000 habitantes — 1.
utentes daqueles serviços;
h) As despesas de funcionamento de programas de ação 3 — Os elementos e os indicadores para aplicação dos
social de âmbito municipal no domínio do combate à to- critérios referidos nos números anteriores são comunica-
xicodependência e da inclusão social. dos, de forma discriminada, à Assembleia da República,
juntamente com a proposta de Lei do Orçamento do Estado.
3 — As despesas de funcionamento previstas no número
anterior podem, na parte aplicável, integrar a aplicação de Artigo 33.º
programas municipais de promoção da igualdade de gé-
nero, nomeadamente na perspetiva integrada da promoção Compensação associada ao Fundo de Coesão Municipal
da conciliação da vida profissional e familiar, da inclusão 1 — A CF de cada município é diferente consoante
social e da proteção das vítimas de violência. esteja acima ou abaixo de 1,25 vezes a capitação média
nacional (CMN) da soma das coletas dos impostos mu-
Artigo 31.º nicipais referidos na alínea a) do artigo 14.º e da partici-
Transferências financeiras para os municípios pação no IRS referida na alínea c) do n.º 1 do artigo 25.º.
1 — São anualmente inscritos na Lei do Orçamento do 2 — Entende-se por CMN o quociente da soma dos
Estado os montantes e as datas das transferências financei- impostos municipais referidos na alínea a) do artigo 14.º
ras correspondentes às receitas municipais previstas nas pela população residente mais a média diária das dormidas
alíneas a) a c) do n.º 1 do artigo 25.º. em estabelecimentos hoteleiros e parques de campismo.
2 — Os montantes correspondentes à participação dos 3 — Quando a capitação média do município (CMMi)
municípios nas receitas referidas no número anterior, com seja inferior a 0,75 vezes a CMN, a CF assume um valor
exceção da relativa ao FEF, são inscritos nos orçamentos positivo igual à diferença entre ambas multiplicadas pela
municipais como receitas correntes e transferidos por duo- população residente mais a média diária das dormidas em
décimos até ao dia 15 do mês correspondente. estabelecimentos hoteleiros e parques de campismo de
3 — Cada município, através do seu órgão executivo, acordo com a seguinte fórmula:
pode decidir da repartição dos montantes referidos na alí- CFi = (1,25 * CMN − CMMi) * Ni
nea a) do n.º 1 do artigo 25.º entre receita corrente e de ca-
pital, não podendo a receita corrente exceder 90 % do FEF.
em que CMN é a capitação média nacional, CMMi é a ca-
4 — Os municípios informam a DGAL, anualmente,
até 30 de junho do ano anterior ao ano a que respeita o pitação média do município e Ni é a população residente,
orçamento, de qual a percentagem do FEF que deve ser mais a média diária das dormidas em estabelecimentos
considerada como transferência corrente, na ausência da hoteleiros e parques de campismo no município i.
qual é considerada a percentagem de 90 %. 4 — Quando a CMMi seja, em três anos consecutivos,
5 — A DGAL indica, até 31 de agosto de cada ano, os superior a 1,25 vezes a CMN, a CF assume um valor ne-
valores das transferências a efetuar para os municípios no gativo igual a 22 % da diferença entre ambas multiplicadas
ano seguinte. pela população residente, mais a média diária das dormidas
Artigo 32.º em estabelecimentos hoteleiros e parques de campismo de
acordo com a seguinte fórmula:
Distribuição do Fundo Geral Municipal
CFi = 0,22 (1,25 CMN − CMMi) * Ni
1 — A distribuição do FGM pelos municípios obedece
aos seguintes critérios:
5 — O valor global do FCM menos a CF a atribuir aos
a) 5 % igualmente por todos os municípios; municípios, mais as compensações fiscais dos municípios
b) 65 % na razão direta da população, ponderada nos contribuintes líquidos para o FCM é destinado à CDO.
termos do número seguinte, e da média diária de dormidas 6 — O montante definido no número anterior é distri-
em estabelecimentos hoteleiros e parques de campismo, buído por cada município na razão direta do resultado da
sendo a população residente das Regiões Autónomas pon- seguinte fórmula:
derada pelo fator 1,3;
c) 25 % na razão direta da área ponderada por um fator N (índice i) * IDO (índice i) com IDO (índice i) =
de amplitude altimétrica do município e 5 % na razão direta = IDS − IDS (índice i)
da área afeta à Rede Natura 2000 e da área protegida; ou
d) 20 % na razão direta da área ponderada por um fator em que N (índice i) é a população residente no município i,
de amplitude altimétrica do município e 10 % na razão IDO (índice i) é o índice municipal de desigualdade de
direta da área afeta à Rede Natura 2000 e da área protegida, oportunidades do município, IDS é o índice nacional de
nos municípios com mais de 70 % do seu território afeto desenvolvimento social e IDS (índice i) é o índice de de-
à Rede Natura 2000 e de área protegida. senvolvimento social do município i.
5508 Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013

7 — A aplicação dos critérios referidos nos números an- lhe foi afeta, no ano subsequente é deduzida à verba a que
teriores garante sempre a cada município 50 % das transfe- teria direito ao abrigo do FSM a diferença entre a receita
rências financeiras, montante esse que corresponde ao FGM. de FSM e a despesa correspondente.
8 — As transferências a que se refere o número ante- 3 — Para efeitos do disposto no número anterior, a
rior correspondem à soma das participações previstas nas contabilidade analítica por centro de custos deve permitir
alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 25.º. identificar os custos referentes às funções educação, saúde
9 — O cumprimento do disposto no n.º 7 é assegurado e ação social.
pela forma prevista no n.º 2 do artigo 35.º. Artigo 35.º
10 — Para efeitos de cálculo do índice de compensação Variações máximas e mínimas
fiscal (ICF), a coleta do IMI a considerar é a que resultaria
se a liquidação tivesse tido por base a taxa máxima prevista 1 — Da participação de cada município nos impostos do
no Código do IMI. Estado, por via do FEF e do FSM, não pode resultar:
11 — Os valores do índice de desenvolvimento social a) Uma diminuição superior a 5 % da participação nas
nacional e de cada município têm natureza censitária e transferências financeiras do ano anterior para os municí-
constam de portaria do membro do Governo responsável pios com capitação de impostos locais superior a 1,25 vezes
pela área das autarquias locais. a média nacional em três anos consecutivos, nem uma
12 — A determinação do índice de desenvolvimento diminuição superior a 2,5 % da referida participação, para
social consta de decreto-lei. os municípios com capitação inferior a 1,25 vezes aquela
média durante aquele período;
Artigo 34.º b) Um acréscimo superior a 5 % da participação relativa
Distribuição do Fundo Social Municipal às transferências financeiras do ano anterior.
1 — A repartição do FSM é fixada anualmente na Lei 2 — A compensação necessária para assegurar os mon-
do Orçamento do Estado, sendo distribuída proporcional- tantes mínimos previstos na alínea a) do número anterior
mente por cada município, de acordo com os seguintes efetua-se pelos excedentes que advenham da aplicação
indicadores: da alínea b) do mesmo número, bem como, se necessá-
a) 35 % de acordo com os seguintes indicadores rela- rio, mediante dedução proporcional à diferença entre as
tivos às inscrições de crianças e jovens nos estabeleci- transferências previstas e os montantes mínimos garantidos
mentos de educação pré-escolar e ensino básico de cada para os municípios que tenham transferências superiores
município: aos montantes mínimos a que teriam direito.
3 — O excedente resultante do disposto nos números an-
i) 4 % na razão direta do número de crianças que fre- teriores é distribuído de forma proporcional pelos municí-
quentam o ensino pré-escolar público; pios que não mantenham, em três anos consecutivos, a CMN.
ii) 12 % na razão direta do número de jovens a frequen-
tar o 1.º ciclo do ensino básico público; Artigo 36.º
iii) 19 % na razão direta do número de jovens a frequen-
tar o 2.º e 3.º ciclos do ensino básico público; Fundo de Financiamento das Freguesias
As freguesias têm direito a uma participação nos im-
b) 32,5 % de acordo com os seguintes indicadores re- postos do Estado equivalente a 2 % da média aritmética
lativos ao número de utentes inscritos na rede de saúde simples da receita do IRS, IRC e do IVA, nos termos re-
municipal: feridos no n.º 2 do artigo 25.º, a qual constitui o Fundo de
i) 10,5 % na razão direta do número de beneficiários Financiamento das Freguesias (FFF).
dos programas municipais de cuidados de saúde conti-
nuados; Artigo 37.º
ii) 22 % na razão direta do número de utentes inscritos Transferências financeiras para as freguesias
nos centros de saúde concelhios;
1 — São anualmente inscritos na Lei do Orçamento
c) 32,5 % de acordo com os seguintes indicadores re- do Estado os montantes das transferências financeiras
lativos ao número de utentes e beneficiários das redes correspondentes às receitas das freguesias previstas no
municipais de creches, estabelecimentos de educação pré- artigo anterior.
escolar, equipamentos na área dos idosos, designadamente 2 — Os montantes do FFF são transferidos trimestral-
estruturas residenciais e centros de dia e programas de ação mente até ao dia 15 do primeiro mês do trimestre corres-
social de cada município: pondente.
i) 5 % na razão direta do número de inscritos em pro- 3 — Os critérios a ser utilizados no cálculo do FFF de-
gramas de apoio à toxicodependência e de inclusão social; vem ser previamente conhecidos, por forma que se possa,
ii) 12,5 % na razão direta do número de crianças até aos em tempo útil, solicitar a sua correção.
três anos de idade, que frequentam as creches e jardins-
de-infância; Artigo 38.º
iii) 15 % na razão direta do número de adultos com mais Distribuição do Fundo de Financiamento das Freguesias
de 65 anos residentes em lares ou inscritos em centros de
dia e programas de apoio ao domicílio. 1 — A distribuição pelas freguesias dos montantes apu-
rados nos termos do artigo anterior é determinada de acordo
com os seguintes critérios:
2 — Tratando-se de uma transferência financeira con-
signada a um fim específico, caso o município não realize a) Tipologia de área urbana;
despesa elegível de montante pelo menos igual à verba que b) Densidade populacional;
Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013 5509

c) Número de habitantes; terminado ano, um valor negativo inferior a 5 % das recei-


d) Área. tas correntes totais, o qual é obrigatoriamente compensado
no exercício seguinte.
2 — Os tipos de freguesias são definidos de acordo 4 — Para efeitos do disposto no n.º 2, considera-se
com a tipologia de áreas urbanas, aprovada pelo Conselho amortizações médias de empréstimos de médio e longo
Superior de Estatística, nos termos das alíneas c) e h) do prazos o montante correspondente à divisão do capital
artigo 13.º da Lei n.º 22/2008, de 13 de maio. contraído pelo número de anos do contrato, independen-
3 — A ponderação atribuída a cada um dos critérios temente do seu pagamento efetivo.
referidos nos números anteriores é definida em diploma
próprio. Artigo 41.º
4 — Os elementos e os indicadores para aplicação dos
Anualidade e plurianualidade
critérios referidos nos números anteriores são comunica-
dos, de forma discriminada, à Assembleia da República, 1 — Os orçamentos das autarquias locais são anuais.
juntamente com a proposta de Lei do Orçamento do Estado. 2 — A elaboração dos orçamentos anuais é enquadrada
5 — Da distribuição resultante da aplicação dos critérios num quadro plurianual de programação orçamental e tem
constantes dos n.os 1 e 3 não pode resultar uma diminuição em conta as projeções macroeconómicas que servem de
superior a 5 % das transferências do ano anterior para base ao Orçamento do Estado.
as freguesias dos municípios com capitação de impostos 3 — O quadro plurianual de programação orçamental
locais superior a 1,25 vezes a média nacional, nem uma consta de documento que especifica o quadro de médio
diminuição superior a 2,5 % das transferências para as fre- prazo para as finanças da autarquia local.
guesias dos municípios com capitação inferior a 1,25 vezes 4 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, os
aquela média. orçamentos incluem os programas, medidas e projetos ou
6 — A participação de cada freguesia no FFF não pode atividades que implicam encargos plurianuais.
sofrer um acréscimo superior a 5 % da participação relativa 5 — O ano económico coincide com o ano civil.
às transferências financeiras do ano anterior.
7 — A compensação necessária para assegurar o mon- Artigo 42.º
tante mínimo previsto no n.º 5 efetua-se mediante dedução
proporcional à diferença entre as transferências previstas Unidade e universalidade
e os montantes mínimos garantidos para as freguesias que 1 — Os orçamentos das autarquias locais e das enti-
tenham transferências superiores aos montantes mínimos dades intermunicipais compreendem todas as receitas e
a que teriam direito. despesas de todos os seus órgãos e serviços sem autonomia
8 — A distribuição resultante dos números anteriores financeira.
deve ser suficiente para o pagamento das despesas relati- 2 — Em anexo aos orçamentos das autarquias locais
vas à compensação por encargos dos membros do órgão e das entidades intermunicipais, são apresentados, aos
executivo da freguesia, bem como das senhas de presença respetivos órgãos deliberativos, de forma autónoma, os
dos membros do órgão deliberativo para a realização do orçamentos dos órgãos e serviços com autonomia finan-
número de reuniões obrigatórias, nos termos da lei. ceira, bem como das entidades participadas em relação
às quais se verifique o controlo ou presunção do controlo
Artigo 39.º pelo município, de acordo com o artigo 75.º.
Dedução às transferências 3 — Os orçamentos das autarquias locais e das entidades
intermunicipais apresentam o total das responsabilida-
Quando as autarquias locais tenham dívidas reconheci-
des financeiras resultantes de compromissos plurianuais,
das por sentença judicial transitada em julgado ou recla-
cuja natureza impeça a contabilização direta do respetivo
madas pelos credores junto da DGAL, neste último caso
montante total no ano em que os compromissos são as-
reconhecidas por aquelas, pode ser deduzida uma parcela às
transferências resultantes da aplicação da presente lei, até sumidos.
ao limite de 20 % do respetivo montante global, incluindo
a participação variável do IRS, com exceção do FSM, por Artigo 43.º
se tratar de receita legalmente consignada. Não consignação
1 — Não pode afetar-se o produto de quaisquer receitas
CAPÍTULO IV à cobertura de determinadas despesas.
2 — Sem prejuízo do disposto na Lei de Enquadra-
Regras orçamentais mento Orçamental, aprovada pela Lei n.º 91/2001, de 20 de
agosto, alterada e republicada pela Lei n.º 52/2011, de 13
Artigo 40.º de outubro, o princípio da não consignação não se aplica
Equilíbrio orçamental às receitas provenientes, nomeadamente de:
1 — Os orçamentos das entidades do setor local pre- a) Fundos comunitários;
veem as receitas necessárias para cobrir todas as despesas. b) Fundo Social Municipal;
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a c) Cooperação técnica e financeira, nos termos do ar-
receita corrente bruta cobrada deve ser pelo menos igual tigo 22.º;
à despesa corrente acrescida das amortizações médias de d) Empréstimos a médio e longo prazos para aplicação
empréstimos de médio e longo prazos. em investimento ou contraídos no âmbito de mecanismos
3 — O resultado verificado pelo apuramento do saldo de recuperação financeira nos termos dos artigos 51.º e
corrente deduzido das amortizações pode registar, em de- 57.º e seguintes;
5510 Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013

e) Receitas provenientes dos preços cobrados nas situa- c) Mapa das entidades participadas pelo município,
ções referidas no n.º 8 do artigo 21.º. identificadas pelo respetivo número de identificação fis-
cal, incluindo a respetiva percentagem de participação e
Artigo 44.º o valor correspondente.
Quadro plurianual municipal
Artigo 47.º
1 — Atendendo ao disposto no artigo 41.º, o órgão exe-
Regulamentação
cutivo municipal apresenta ao órgão deliberativo municipal
uma proposta de quadro plurianual de programação orça- Os elementos constantes dos documentos referidos no
mental, em simultâneo com a proposta de orçamento mu- presente capítulo são regulados por decreto-lei, a aprovar
nicipal apresentada após a tomada de posse do órgão exe- até 120 dias após a publicação da presente lei.
cutivo, em articulação com as Grandes Opções do Plano.
2 — O quadro plurianual de programação orçamen-
tal define os limites para a despesa do município, bem CAPÍTULO V
como para as projeções da receita discriminadas entre Endividamento
as provenientes do Orçamento do Estado e as cobradas
pelo município, numa base móvel que abranja os quatro
exercícios seguintes. SECÇÃO I
3 — Os limites são vinculativos para o ano seguinte ao Regime de crédito e de endividamento municipal
do exercício económico do orçamento e indicativos para
os restantes. Artigo 48.º
4 — O quadro plurianual de programação orçamental é
atualizado anualmente, para os quatro anos seguintes, no Princípios orientadores
orçamento municipal. Sem prejuízo dos princípios da estabilidade orçamental,
da solidariedade recíproca e da equidade intergeracional, o
Artigo 45.º endividamento autárquico orienta-se por princípios de rigor
Calendário orçamental e eficiência, prosseguindo os seguintes objetivos:
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o a) Minimização de custos diretos e indiretos numa pers-
órgão executivo apresenta ao órgão deliberativo, até 31 de petiva de longo prazo;
outubro de cada ano, a proposta de orçamento municipal b) Garantia de uma distribuição equilibrada de custos
para o ano económico seguinte. pelos vários orçamentos anuais;
2 — Nos casos em que as eleições para o órgão execu- c) Prevenção de excessiva concentração temporal de
tivo municipal ocorram entre 30 de julho e 15 de dezembro, amortização;
a proposta de orçamento municipal para o ano económico d) Não exposição a riscos excessivos.
seguinte é apresentada no prazo de três meses a contar da
data da respetiva tomada de posse. Artigo 49.º
Regime de crédito dos municípios
Artigo 46.º
1 — Os municípios podem contrair empréstimos, in-
Orçamento municipal
cluindo aberturas de crédito junto de quaisquer instituições
1 — O orçamento municipal inclui, nomeadamente, os autorizadas por lei a conceder crédito, bem como celebrar
seguintes elementos: contratos de locação financeira, nos termos da lei.
2 — Os empréstimos são obrigatoriamente denomina-
a) Relatório que contenha a apresentação e a fundamen- dos em euros e podem ser a curto prazo, com maturidade
tação da política orçamental proposta, incluindo a iden- até um ano ou a médio e longo prazos, com maturidade
tificação e descrição das responsabilidades contingentes; superior a um ano.
b) Mapa resumo das receitas e despesas da autarquia lo- 3 — Os empréstimos de médio e longo prazos podem
cal, que inclui, no caso dos municípios, de forma autónoma, concretizar-se através da emissão de obrigações, caso em
as correspondentes verbas dos serviços municipalizados, que os municípios podem agrupar-se para, de acordo com
quando aplicável; as necessidades de cada um deles, obterem condições de
c) Mapa das receitas e despesas, desagregado segundo financiamento mais vantajosas.
a classificação económica, a que acresce, de forma autó- 4 — A emissão de obrigações em que os municípios
noma, o dos serviços municipalizados, quando aplicável.
podem agrupar-se é regulada em diploma próprio.
d) Articulado que contenha as medidas para orientar a
5 — O pedido de autorização à assembleia municipal
execução orçamental.
para a contração de empréstimos é obrigatoriamente acom-
panhado de informação sobre as condições praticadas em,
2 — O orçamento municipal inclui, para além dos men- pelo menos, três instituições autorizadas por lei a conceder
cionados em legislação especial, os seguintes anexos:
crédito, bem como de mapa demonstrativo da capacidade
a) Orçamentos dos órgãos e serviços do município com de endividamento do município.
autonomia financeira; 6 — Os contratos de empréstimo de médio e longo
b) Orçamentos, quando aplicável, de outras entidades prazos, incluindo os empréstimos contraídos no âmbito
participadas em relação às quais se verifique o controlo dos mecanismos de recuperação financeira municipal
ou presunção do controlo pelo município, de acordo com previstos na secção seguinte, cujos efeitos da celebração
o artigo 75.º; se mantenham ao longo de dois ou mais mandatos, são
Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013 5511

objeto de aprovação por maioria absoluta dos membros da não pode ultrapassar, em 31 de dezembro de cada ano,
assembleia municipal em efetividade de funções. 1,5 vezes a média da receita corrente líquida cobrada nos
7 — É vedado aos municípios, salvo nos casos expres- três exercícios anteriores.
samente permitidos por lei: 2 — A dívida total de operações orçamentais do mu-
a) O aceite e o saque de letras de câmbio, a concessão de nicípio engloba os empréstimos, tal como definidos no
avales cambiários, a subscrição de livranças e a concessão n.º 1 do artigo 49.º, os contratos de locação financeira e
de garantias pessoais e reais; quaisquer outras formas de endividamento, por iniciativa
b) A concessão de empréstimos a entidades públicas dos municípios, junto de instituições financeiras, bem
ou privadas; como todos os restantes débitos a terceiros decorrentes de
c) A celebração de contratos com entidades financei- operações orçamentais.
ras ou diretamente com os credores, com a finalidade de 3 — Sempre que um município:
consolidar dívida de curto prazo, sempre que a duração
do acordo ultrapasse o exercício orçamental, bem como a a) Não cumpra o limite previsto no n.º 1, deve reduzir,
cedência de créditos não vencidos. no exercício subsequente, pelo menos 10 % do montante
em excesso, até que aquele limite seja cumprido, sem
8 — A limitação prevista na alínea a) do número ante- prejuízo do previsto na secção III;
rior inclui as operações efetuadas indiretamente através b) Cumpra o limite previsto no n.º 1, só pode aumen-
de instituições financeiras. tar, em cada exercício, o valor correspondente a 20 % da
margem disponível no início de cada um dos exercícios.
Artigo 50.º
Empréstimos de curto prazo 4 — Para efeito de responsabilidade financeira, o in-
cumprimento da obrigação prevista no número anterior
1 — Os empréstimos a curto prazo são contraídos ape- é equiparado à ultrapassagem do limite previsto no n.º 1,
nas para ocorrer a dificuldades de tesouraria, devendo ser nos termos e para os efeitos da Lei de Organização e Pro-
amortizados até ao final do exercício económico em que
foram contratados. cesso do Tribunal de Contas, aprovada pela Lei n.º 98/97,
2 — Sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo ante- de 26 de agosto.
rior, a aprovação de empréstimos a curto prazo pode ser
deliberada pela assembleia municipal, na sua sessão anual Artigo 53.º
de aprovação do orçamento, para todos os empréstimos Calamidade pública
que o município venha a contrair durante o período de
vigência do orçamento. 1 — O limite previsto no n.º 1 do artigo anterior pode
ser excecionalmente ultrapassado pela contração de em-
Artigo 51.º préstimos destinados ao financiamento da recuperação
Empréstimos de médio e longo prazos
de infraestruturas municipais afetadas por situações de
calamidade pública, decretadas nos termos da lei, pelo
1 — Os empréstimos a médio e longo prazos podem ser período máximo de 10 anos e mediante autorização prévia
contraídos para aplicação em investimentos ou ainda para dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das
proceder de acordo com os mecanismos de recuperação finanças e das autarquias locais.
financeira municipal. 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, o
2 — Os investimentos referidos no número anterior município apresenta à DGAL pedido fundamentado com
são identificados no respetivo contrato de empréstimo
e, caso ultrapassem 10 % das despesas de investimento a indicação do montante de empréstimo a contrair, bem
previstas no orçamento do exercício, são submetidos, in- como a previsão do período temporal necessário à redução
dependentemente da sua inclusão no plano plurianual de da dívida total até ao limite legal.
atividades, a discussão e a autorização prévia da assembleia 3 — A DGAL informa os membros do Governo respon-
municipal. sáveis pelas áreas das finanças e das autarquias locais do
3 — Os empréstimos têm um prazo de vencimento pedido apresentado pelo município e instrui o processo com
adequado à natureza das operações que visam financiar, os dados sobre a sua situação face ao limite da dívida total.
não podendo, em caso algum, exceder a vida útil do res- 4 — A decisão de autorização prevista no n.º 1 consta de
petivo investimento, nem ultrapassar o prazo de 20 anos. despacho a publicar no Diário da República e identifica o
4 — Os empréstimos têm um prazo de utilização do montante de empréstimo autorizado, bem como o período
capital máximo de dois anos, não podendo o início da temporal da exceção ao limite da dívida total.
amortização ser diferida para além desse período, salvo 5 — Findo o período da exceção para o empréstimo
nos casos legalmente previstos. referido no n.º 1, caso se mantenha numa situação de in-
5 — As amortizações anuais previstas para cada em- cumprimento do limite da dívida total, o município começa
préstimo não podem ser inferiores a 80 % da amortização
a cumprir a obrigação de redução prevista na alínea a) do
média de empréstimos, tal como definida no n.º 4 do ar-
tigo 40.º. no n.º 3 do artigo anterior até que o referido limite seja
cumprido.
Artigo 52.º 6 — O disposto no n.º 1 não prejudica a obrigação de
redução do excesso prevista na alínea a) do n.º 3 do artigo
Limite da dívida total anterior nos casos em que o município já se encontre a
1 — A dívida total de operações orçamentais do muni- violar o limite da dívida total à data de contratação do
cípio, incluindo a das entidades previstas no artigo 54.º, empréstimo a que alude o presente artigo.
5512 Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013

Artigo 54.º devem ser amortizados até ao final do exercício económico


Entidades relevantes para efeitos de limites da dívida total
em que foram contratados.
2 — As freguesias podem celebrar contratos de locação
1 — Para efeitos de apuramento do montante da dívida financeira para aquisição de bens móveis, por um prazo
total relevante para o limite de cada município, são ainda máximo de cinco anos.
incluídos: 3 — As freguesias podem celebrar contratos de locação
a) Os serviços municipalizados e intermunicipalizados, financeira de bens imóveis com duração anual, renovável
neste último caso, de acordo com o critério previsto no até ao limite de cinco anos, e desde que os respetivos en-
n.º 4 do artigo 16.º da Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto; cargos sejam suportados através de receitas próprias
b) As entidades intermunicipais e as entidades asso- 4 — A celebração de contratos de empréstimos de curto
ciativas municipais, independentemente de terem sido prazo, de aberturas de crédito e de locação financeira com-
constituídas ao abrigo de regimes legais específicos ou pete à junta de freguesia, mediante prévia autorização
do direito privado, de acordo com o critério a estabelecer da assembleia de freguesia ou do plenário de cidadãos
pelos seus órgãos deliberativos, com o acordo expresso das eleitores.
assembleias municipais respetivas, ou, na sua ausência, de 5 — Os empréstimos de curto prazo e as aberturas de
forma proporcional à quota de cada município para as suas crédito são contraídos para ocorrer a dificuldades de tesou-
despesas de funcionamento; raria, não podendo o seu montante exceder, em qualquer
c) As empresas locais e participadas de acordo com os momento, 10 % do FFF respetivo.
artigos 19.º e 51.º da Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto, 6 — Constituem garantia dos empréstimos contraídos
exceto se se tratar de empresas abrangidas pelos setores as receitas provenientes do FFF.
empresarial do Estado ou regional, por força do artigo 6.º 7 — É vedado às freguesias quer o aceite quer o saque
do Decreto-Lei n.º 558/99, de 17 de dezembro, alterado de letras de câmbio, a concessão de avales cambiários, bem
pelo Decreto-Lei n.º 300/2007, de 23 de agosto, e pelas como a subscrição de livranças, a concessão de garantias
Leis n.os 64-A/2008, de 31 de dezembro, e 55-A/2010, de pessoais e reais e a contração de empréstimos de médio e
31 de dezembro, proporcional à participação, direta ou longo prazos, exceto o disposto no n.º 4.
indireta, do município no seu capital social, em caso de 8 — O montante das dívidas orçamentais das freguesias
incumprimento das regras de equilíbrio de contas previstas a terceiros, excluindo as relativas a contratos de emprés-
no artigo 40.º daquela lei; timo de curto prazo ou aberturas de crédito, não pode
d) As cooperativas e as fundações, proporcional à par- ultrapassar 50 % das suas receitas totais arrecadadas no
ticipação, direta ou indireta, do município; ano anterior.
e) As entidades de outra natureza relativamente às quais 9 — Quando o endividamento a fornecedores não cum-
se verifique, de acordo com o n.º 4 do artigo 75.º, o con- pra o disposto no número anterior, o montante da dívida
trolo ou presunção de controlo por parte do município, deve ser reduzido em 10 %, em cada ano subsequente, até
pelo montante total. que o limite se encontre cumprido.
10 — No caso previsto no número anterior, compete ao
2 — As entidades previstas na alínea b) do número an- órgão executivo elaborar o plano de redução da dívida até
terior incluem também as associações participadas não ao limite de endividamento previsto no n.º 7 e apresentá-lo
exclusivamente por municípios, desde que tenham por à assembleia de freguesia para a aprovação.
objeto a prossecução das atribuições e competências destes.
3 — Caso, nas situações referidas nas alíneas c) a e) SECÇÃO III
do n.º 1, sejam entidades intermunicipais ou entidades
associativas municipais a participar no capital ou a deter Mecanismos de alerta precoce e de recuperação financeira
o controlo ou a presunção de controlo sobre entidades municipal
dessa natureza, a respetiva percentagem do endividamento
relevante a imputar a cada município resulta da que lhe Artigo 56.º
corresponde na entidade associativa, de acordo com as Alerta precoce de desvios
regras constantes da alínea b) do n.º 1.
4 — Para efeitos do apuramento da dívida total de cada 1 — Sempre que, na informação reportada à DGAL, a
município não é considerada a dos serviços municipali- dívida total prevista no artigo 52.º atinja ou ultrapasse a
zados e intermunicipalizados, bem como as das entidades média da receita corrente liquida cobrada nos três exercí-
intermunicipais ou entidades associativas municipais que cios anteriores, são informados os membros do Governo
esteja simultaneamente reconhecida na contabilidade do responsáveis pelas áreas das finanças e das autarquias
município ou dos municípios detentores. locais, bem como os presidentes dos órgãos executivo e
deliberativo do município em causa, que informam os res-
petivos membros na primeira reunião ou sessão seguinte.
SECÇÃO II
2 — Sempre que, na informação reportada à DGAL,
Regime de crédito e regras de endividamento das freguesias a dívida total prevista no artigo 52.º atinja ou ultrapasse
1,5 vezes a média da receita corrente líquida cobrada nos
Artigo 55.º três exercícios anteriores, são informadas as entidades refe-
ridas no número anterior, bem como o Banco de Portugal.
Regime de crédito das freguesias
3 — No caso de o município registar durante dois anos
1 — As freguesias podem contrair empréstimos de curto consecutivos uma taxa de execução da receita prevista no
prazo e utilizar aberturas de crédito, junto de quaisquer orçamento respetivo inferior a 85 % são informadas as
instituições autorizadas por lei a conceder crédito, que entidades referidas no n.º 1.
Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013 5513

4 — O alerta referido nos números anteriores é emitido 8 — A sanção prevista no artigo 60.º é aplicável sempre
pela DGAL, no prazo de 15 dias, a contar da data limite do que o município viole a obrigação estabelecida no n.º 3.
reporte de informação constante do artigo 78.º.
5 — Os alertas referidos nos n.os 1 e 2 incluem ainda Artigo 59.º
a evolução do rácio referido no n.º 1 ao longo dos três
Plano de saneamento
exercícios anteriores.
1 — A elaboração do plano de saneamento financeiro
Artigo 57.º inclui a previsão do período temporal necessário à recu-
Mecanismos de recuperação financeira municipal
peração da situação financeira do município, bem como
a apresentação de medidas específicas necessárias para
1 — Os municípios que ultrapassem o limite da dívida atingir uma situação financeira equilibrada, nomeadamente
total previsto no artigo 52.º recorrem aos seguintes meca- nos domínios:
nismos de recuperação financeira, nos termos dos artigos
seguintes: a) Da contenção da despesa corrente, com destaque para
a despesa com o pessoal;
a) Saneamento financeiro; b) Da racionalização da despesa de investimento pre-
b) Recuperação financeira. vista, bem como as respetivas fontes de financiamento;
c) Da maximização de receitas, designadamente em
2 — A adesão aos mecanismos de recuperação finan- matéria de impostos locais, taxas e operações de alienação
ceira é facultativa ou obrigatória consoante o nível de de património.
desequilíbrio financeiro verificado a 31 de dezembro de
cada ano. 2 — Do plano de saneamento deve ainda constar:
3 — Sem prejuízo das situações legalmente previstas,
o Estado não pode assumir responsabilidade pelas obri- a) A calendarização anual da redução do nível da dívida
gações dos municípios e das freguesias, nem assumir os total, até ser cumprido o limite previsto no artigo 52.º;
compromissos que decorram dessas obrigações. b) A previsão de impacto orçamental, por classificação
económica, das medidas referidas nas alíneas do número
Artigo 58.º anterior, para o período de vigência do plano de sanea-
mento financeiro.
Saneamento financeiro
1 — O município deve contrair empréstimos para sa- 3 — O estudo e o plano de saneamento financeiro são
neamento financeiro, tendo em vista a reprogramação da elaborados pela câmara municipal e propostos à respetiva
dívida e a consolidação de passivos financeiros, quando, assembleia municipal para aprovação.
no final do exercício: 4 — O município remete à DGAL cópia do contrato do
empréstimo e do plano de saneamento financeiro, no prazo
a) Ultrapasse o limite da dívida total previsto no ar- de 15 dias, a contar da data da sua celebração.
tigo 52.º; ou 5 — Durante o período do empréstimo o município
b) O montante da dívida, excluindo empréstimos, seja fica obrigado a:
superior a 0,75 vezes a média da receita corrente líquida
cobrada nos três exercícios anteriores. a) Cumprir o plano de saneamento financeiro;
b) Não celebrar novos empréstimos de saneamento fi-
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o nanceiro;
município pode contrair empréstimos para saneamento c) Remeter à DGAL os relatórios semestrais sobre a
financeiro, desde que verificada a situação prevista no execução do plano de saneamento, no prazo máximo de
n.º 1 do artigo 56.º. 30 dias, a contar do final do semestre a que reportam.
3 — Caso a dívida total prevista no artigo 52.º se situe
entre 2,25 e 3 vezes a média da receita corrente líquida co- 6 — Sem prejuízo do disposto na alínea c) do número
brada nos três exercícios anteriores, o município é obrigado anterior, o acompanhamento do plano de saneamento cabe
a contrair um empréstimo para saneamento financeiro ou a ao município, através da elaboração de relatórios semes-
aderir ao procedimento de recuperação financeira previsto trais sobre a execução do plano financeiro pela câmara
nos artigos 61.º e seguintes. municipal e da sua apreciação pela assembleia municipal.
4 — O resultado das operações referidas nos números 7 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, nos
anteriores não pode conduzir ao aumento da dívida total casos de adesão obrigatória ao saneamento financeiro, o
do município. seu acompanhamento cabe à DGAL, através da apreciação
5 — Os pedidos de empréstimos para saneamento fi- dos relatórios referidos na alínea c) do n.º 5, devendo dar
nanceiro dos municípios são instruídos com um estudo conhecimento aos membros do Governo responsáveis pelas
fundamentado da sua situação financeira e um plano de áreas das finanças e das autarquias locais.
saneamento financeiro para o período a que respeita o
empréstimo. Artigo 60.º
6 — Os empréstimos para saneamento financeiro têm Incumprimento do plano de saneamento
um prazo máximo de 14 anos e um período máximo de
carência de um ano. 1 — O incumprimento do plano de saneamento é reco-
7 — Durante o período de vigência do contrato, a apre- nhecido na primeira sessão anual da assembleia municipal,
sentação anual de contas à assembleia municipal inclui, sendo a cópia da deliberação respetiva remetida à DGAL,
em anexo ao balanço, a demonstração do cumprimento do no prazo máximo de 15 dias, e determina a retenção das
plano de saneamento financeiro. transferências a efetuar nos termos do número seguinte
5514 Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013

para pagamento à instituição financeira respetiva ou aos d) A existência de uma direção executiva e de uma co-
credores, conforme a causa de incumprimento invocada. missão de acompanhamento, que incluirão representantes
2 — A retenção prevista no número anterior é precedida do Estado e dos municípios;
de audição do município, sendo efetuada mensalmente pela e) A obrigação de o controlo e fiscalização da gestão do
DGAL e tendo como limite máximo 20 % do respetivo FAM serem exercidos por um revisor oficial de contas;
duodécimo das transferências correntes do Orçamento do f) A previsão de que beneficiam da assistência finan-
Estado não consignadas. ceira através do FAM os municípios que se encontrem nas
3 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1, nos casos de situações previstas no n.º 3 do artigo 58.º e no artigo 61.º;
adesão obrigatória ao saneamento financeiro, o incumpri- g) A existência obrigatória de um programa de ajusta-
mento do plano é de conhecimento oficioso pela DGAL, mento a executar pelos municípios beneficiários de assis-
aquando da apreciação dos relatórios referidos na alínea c) tência financeira;
do n.º 5 do artigo anterior, dando conhecimento aos mem- h) A definição de um regime de acompanhamento téc-
bros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e nico e financeiro contínuo do programa de ajustamento
das autarquias locais, bem como os presidentes dos órgãos municipal e do contrato;
executivo e deliberativo do município em causa, que in- i) A possibilidade de recusa de assistência financeira
formam os respetivos membros na primeira reunião ou pelo FAM, nomeadamente quando o município não re-
sessão seguinte. úna condições para o cumprimento do serviço da dívida;
4 — Os montantes retidos ao abrigo do presente artigo j) Previsão de que o incumprimento das cláusulas con-
são afetos ao Fundo de Regularização Municipal (FRM). tratuais ou do programa de ajustamento municipal constitui
fundamento bastante para a sua resolução.
Artigo 61.º
Recuperação financeira municipal
SECÇÃO IV

1 — O município é obrigado a aderir ao procedimento Fundo de Regularização Municipal


de recuperação financeira municipal sempre que se encon-
tre em situação de rutura financeira. Artigo 65.º
2 — A situação de rutura financeira municipal consi- Fundo de Regularização Municipal
dera-se verificada sempre que a dívida total prevista no
1 — O FRM é constituído pelos montantes das trans-
artigo 52.º seja superior, em 31 de dezembro de cada ano,
ferências orçamentais deduzidas aos municípios, sendo
a 3 vezes a média da receita corrente líquida cobrada nos utilizado para, através da DGAL, proceder ao pagamento
últimos três exercícios. das dívidas a terceiros do município respetivo.
3 — O processo de recuperação financeira determina 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, são
o recurso ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), previsto incluídas no FRM todas e quaisquer verbas que resultem de
no artigo seguinte. retenções nas transferências orçamentais, nomeadamente
as retidas ao abrigo do n.º 2 do artigo 60.º, salvo disposição
Artigo 62.º legal em contrário.
Criação do Fundo de Apoio Municipal 3 — O montante pago nos termos do número anterior
não contribui para a redução a que se refere a alínea a) do
1 — É criado o FAM, pessoa coletiva de direito público, n.º 3 do artigo 52.º.
dotada de autonomia administrativa e financeira.
2 — O FAM rege-se pela presente lei, pelos seus regu- Artigo 66.º
lamentos e, subsidiariamente, pela lei-quadro dos institutos
públicos. Constituição
1 — Os montantes afetos ao FRM, nos termos do n.º 2
Artigo 63.º do artigo anterior, são depositados no IGCP, E. P. E., numa
Objeto do Fundo de Apoio Municipal conta da DGAL, e podem ser aplicados em certificados
especiais de dívida de curto prazo ou em outro instrumento
O FAM tem por objeto prestar assistência financeira aos financeiro equivalente de aplicação de saldos de entidades
municípios que se encontrem nas situações previstas no sujeitas ao princípio da unidade de tesouraria.
n.º 3 do artigo 58.º e no artigo 61.º, mediante a celebração 2 — A DGAL é a entidade responsável pela gestão do
de contrato. FRM, estando, neste âmbito, sujeita às orientações dos
membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças
Artigo 64.º e das autarquias locais.
Regras gerais do FAM
Artigo 67.º
A estrutura, termos e condições de capitalização e fun-
Afetação dos recursos
cionamento do FAM são reguladas em diploma próprio,
que consagra as seguintes regras gerais: 1 — Os montantes deduzidos são utilizados para pro-
a) A definição do capital necessário; ceder ao pagamento das dívidas do município respetivo
b) As fontes de financiamento, que incluem obrigatoria- pela seguinte ordem:
mente a participação do Estado e de todos os municípios; a) Dívidas a fornecedores, vencidas há mais de 90 dias;
c) A previsão que as unidades de participação são re- b) Outras dívidas já vencidas;
muneradas; c) Amortização de empréstimos de médio ou longo prazo.
Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013 5515

2 — Nos 30 dias seguintes ao final de cada trimestre Artigo 69.º


em que tenham existido retenções a que se refere o nú- Transferências do Orçamento do Estado
mero anterior, o município solicita à DGAL a utilização
desses montantes para a finalidade prevista, devendo 1 — As entidades intermunicipais recebem transferên-
o pedido ser acompanhado de informação relativa aos cias do Orçamento do Estado no montante equivalente a:
credores, valores e datas de vencimento das dívidas a a) 1 % do FEF dos municípios que integram a respetiva
pagar, com vista à elaboração de uma listagem cronoló- área metropolitana;
gica das mesmas. b) 0,5 % do FEF dos municípios que integram a respe-
3 — Após confirmação da veracidade e do teor das tiva comunidade intermunicipal.
dívidas pelo revisor oficial de contas ou pela sociedade
de revisores oficiais de contas a que se refere o n.º 2 do 2 — Ao disposto no número anterior acresce um mon-
artigo 77.º, a DGAL procede, até ao limite dos montantes tante para distribuição em função do ISDR resultante da
deduzidos, ao seu pagamento, mediante transferência para dedução de 0,25 % do montante do FEF, determinado nos
a conta do credor ou fornecedor. termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 25.º e de 0,25 % do
4 — Na realização dos pagamentos aos fornecedores montante que caiba a cada município por via da partici-
deve ser respeitada a ordem cronológica das dívidas. pação variável de IRS, nos termos do n.º 1 do artigo 26.º.
5 — A DGAL dá conhecimento ao município das dívi- 3 — O montante previsto no n.º 1 é distribuído de
das a cujo pagamento deve proceder, e, após a sua efeti- acordo com os seguintes critérios:
vação, remete comprovativo da quitação. a) 20 % para premiar as entidades intermunicipais que
6 — Nos casos dos municípios sem dívidas que possam progridam nos resultados do índice de competitividade
ser satisfeitas nos termos do n.º 1, os montantes aí referidos referente ao ano anterior;
são devolvidos nos dois anos seguintes. b) 20 % para premiar as entidades intermunicipais que
progridam nos resultados do índice de sustentabilidade
referente ao ano anterior;
TÍTULO III c) 20 % para premiar as entidades intermunicipais que
Entidades intermunicipais progridam nos resultados do índice de qualidade ambiental
referente ao ano anterior;
Artigo 68.º d) 40 % para premiar as entidades intermunicipais que
progridam nos resultados globais do ISDR referentes ao
Receitas ano anterior.
1 — A entidade intermunicipal dispõe de património e
finanças próprios. 4 — A classificação anual das entidades intermunicipais
2 — O património da entidade intermunicipal é constitu- de acordo com o ISDR é realizada com base nos resulta-
dos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, I. P.
ído pelos bens e direitos para ela transferidos ou adquiridos
(INE, I. P.), no primeiro quadrimestre do ano em que é
a qualquer título.
elaborado o Orçamento do Estado, sendo comunicada à As-
3 — Os recursos financeiros da entidade intermunicipal sembleia da República aquando da apresentação do mesmo.
compreendem: 5 — Para efeitos do disposto no n.º 3, as verbas são
a) O produto das contribuições e transferências dos distribuídas em função do número de entidades que te-
municípios que a integram, incluindo as decorrentes da nham registado uma subida nos resultados de cada índice.
delegação de competências;
b) As transferências decorrentes da delegação de Artigo 70.º
competências do Estado ou de qualquer outra entidade Endividamento
pública;
c) As transferências decorrentes de contratualização 1 — A entidade intermunicipal pode contrair emprés-
com quaisquer entidades públicas ou privadas; timos.
d) Os montantes de cofinanciamentos europeus; 2 — A entidade intermunicipal não pode contrair em-
préstimos a favor dos municípios.
e) As dotações, subsídios ou comparticipações;
3 — A entidade intermunicipal não pode conceder em-
f) As taxas devidas à entidade intermunicipal;
préstimos a quaisquer entidades públicas e privadas, salvo
g) Os preços relativos aos serviços prestados e aos bens nos casos expressamente previstos na lei.
fornecidos; 4 — É vedada à entidade intermunicipal a celebração
h) O rendimento de bens próprios, o produto da sua de contratos com entidades financeiras com a finalidade
alienação ou da atribuição de direitos sobre eles; de consolidar dívida de curto prazo, bem como a cedência
i) Quaisquer acréscimos patrimoniais, fixos ou periódi- de créditos não vencidos.
cos, que, a título gratuito ou oneroso, lhes sejam atribuídos
por lei, contrato ou outro ato jurídico; Artigo 71.º
j) As transferências do Orçamento do Estado, nos termos
Cooperação financeira
do artigo seguinte;
k) Quaisquer outras receitas permitidas por lei. As entidades intermunicipais podem beneficiar dos sis-
temas e programas específicos de apoio financeiro pre-
4 — Constituem despesas da entidade intermunicipal os vistos para os municípios, nomeadamente no domínio da
encargos decorrentes da prossecução das suas atribuições. cooperação técnica e financeira.
5516 Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013

Artigo 72.º elementos de poder e resultado, com base, designadamente


numa das seguintes condições:
Isenções fiscais
i) De poder, como sejam a detenção da maioria do capital
As entidades intermunicipais beneficiam das isenções
ou dos direitos de voto, a homologação dos estatutos ou
fiscais previstas na lei para os municípios. regulamento interno e a faculdade de designar, homolo-
gar a designação ou destituir a maioria dos membros dos
Artigo 73.º órgãos de gestão;
Fiscalização e julgamento das contas ii) De resultado, como sejam o poder de exigir a distri-
buição de ativos ou de dissolver outra entidade.
As contas das entidades intermunicipais estão sujeitas
a apreciação e julgamento do Tribunal de Contas, nos 5 — Presume-se, ainda, a existência de controlo quando
termos da lei. se verifique, relativamente a outra entidade, pelo menos um
dos seguintes indicadores de poder ou de resultado:
TÍTULO IV a) A faculdade de vetar os orçamentos;
b) A possibilidade de vetar, derrogar ou modificar as
Contabilidade, prestação de contas e auditoria decisões dos órgãos de gestão;
c) A detenção da titularidade dos ativos líquidos com
Artigo 74.º direito de livre acesso a estes;
Contabilidade d) A capacidade de conseguir a sua cooperação na rea-
lização de objetivos próprios;
1 — O regime relativo à contabilidade das autarquias e) A assunção da responsabilidade subsidiária pelos
locais, das entidades intermunicipais e das suas entidades passivos da outra entidade.
associativas visa a sua uniformização, normalização e
simplificação, de modo a constituir um instrumento de 6 — Devem ainda ser consolidadas, na proporção
gestão económico-financeira e permitir o conhecimento da participação ou detenção, as empresas locais que,
completo do valor contabilístico do património, bem como de acordo com o artigo 7.º da Lei n.º 50/2012, de 31 de
a apreciação e julgamento das contas anuais. agosto, integrem o setor empresarial local e os serviços
2 — A contabilidade das entidades referidas no número intermunicipalizados, independentemente da percentagem
anterior respeita o Plano de Contas em vigor para o setor de participação ou detenção do município, das entida-
local, podendo ainda dispor de outros instrumentos neces- des intermunicipais ou entidade associativa municipal.
sários à boa gestão e ao controlo dos dinheiros e outros 7 — Os documentos de prestação de contas consoli-
ativos públicos, nos termos previstos na lei. dadas constituem um todo e compreendem o relatório de
gestão e as seguintes demonstrações financeiras:
Artigo 75.º a) Balanço consolidado;
Consolidação de contas b) Demonstração consolidada dos resultados por na-
tureza;
1 — Sem prejuízo dos documentos de prestação de c) Mapa de fluxos de caixa consolidados de operações
contas individuais previstos na lei, os municípios, as en- orçamentais;
tidades intermunicipais e as suas entidades associativas, d) Anexo às demonstrações financeiras consolidadas,
apresentam contas consolidadas com as entidades detidas com a divulgação de notas específicas relativas à consoli-
ou participadas. dação de contas, incluindo os saldos e os fluxos financeiros
2 — As entidades mãe ou consolidantes são o municí- entre as entidades alvo da consolidação e o mapa de endi-
pio, as entidades intermunicipais e a entidade associativa vidamento consolidado de médio e longo prazos e mapa
municipal. da dívida bruta consolidada, desagregado por maturidade
3 — O grupo autárquico é composto por um município, e natureza.
uma entidade intermunicipal ou uma entidade associativa
municipal e pelas entidades controladas, de forma direta 8 — Os procedimentos, métodos e documentos conta-
ou indireta, considerando-se que o controlo corresponde bilísticos para a consolidação de contas dos municípios,
ao poder de gerir as políticas financeiras e operacionais de das entidades intermunicipais e das entidades associativas
uma outra entidade a fim de beneficiar das suas atividades. municipais são os definidos para as entidades do setor
4 — A existência ou presunção de controlo, por parte público administrativo.
das entidades referidas no n.º 1 relativamente a outra enti-
dade, afere-se pela verificação dos seguintes pressupostos Artigo 76.º
referente às seguintes entidades: Apreciação dos documentos de prestação
a) Serviços municipalizados e intermunicipalizados, a de contas individuais e consolidadas
detenção, respetivamente, total ou maioritária, atendendo, 1 — Os documentos de prestação de contas individuais
no último caso, ao critério previsto no n.º 4 do artigo 16.º das autarquias locais, das entidades intermunicipais e das
da Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto; entidades associativas municipais são apreciados pelos seus
b) De natureza empresarial, a sua classificação como órgãos deliberativos, reunidos em sessão ordinária durante
empresas locais nos termos dos artigos 7.º e 19.º da Lei o mês de abril do ano seguinte àquele a que respeitam.
n.º 50/2012, de 31 de agosto; 2 — Os documentos de prestação de contas consolida-
c) De outra natureza, a sua verificação casuística e em dos são elaborados e aprovados pelos órgãos executivos
função das circunstâncias concretas, por referência aos de modo a serem submetidos à apreciação dos órgãos
Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013 5517

deliberativos durante sessão ordinária do mês de junho prestação de contas anuais depois de aprovados, incluindo,
do ano seguinte àquele a que respeitam. sendo caso disso, os consolidados.
3 — Os documentos de prestação de contas das entida- 2 — Para efeitos da prestação de informação dos da-
des referidas no n.º 1, que sejam obrigadas, nos termos da dos sobre a dívida pública, os municípios, as entidades
lei, à adoção de contabilidade patrimonial, são remetidos intermunicipais, as entidades associativas municipais e
ao órgão deliberativo para apreciação juntamente com a as entidades públicas reclassificadas remetem à DGAL
certificação legal das contas e o parecer sobre as mesmas informação sobre os empréstimos contraídos e sobre os
apresentados pelo revisor oficial de contas ou sociedade ativos expressos em títulos de dívida emitidos nos 10 dias
de revisores oficiais de contas, nos termos previstos no subsequentes ao final de cada trimestre e após a apreciação
artigo seguinte. das contas.
3 — Para efeitos de acompanhamento e monitorização
Artigo 77.º do limite da dívida total, os municípios remetem à DGAL
Certificação legal de contas informação necessária, nos 10 dias subsequentes ao final
de cada trimestre e após a apreciação das contas.
1 — O auditor externo, responsável pela certificação
4 — As freguesias ficam obrigadas a enviar à DGAL as
legal de contas, é nomeado por deliberação do órgão delibe-
respetivas contas, nos 30 dias subsequentes à data da sessão
rativo, sob proposta do órgão executivo, de entre revisores
oficiais de contas ou sociedades de revisores oficiais de do órgão deliberativo em que aquelas contas foram sujeitas
contas. a apreciação, bem como os mapas trimestrais das contas,
2 — Compete ao auditor externo que procede anual- nos 10 dias subsequentes ao período a que respeitam.
mente à revisão legal das contas: 5 — Para efeitos de acompanhamento da evolução das
despesas com pessoal, as autarquias locais remetem tri-
a) Verificar a regularidade dos livros, registos contabi- mestralmente à DGAL os seguintes elementos:
lísticos e documentos que lhes servem de suporte;
b) Participar aos órgãos municipais competentes as irre- a) Despesas com pessoal, incluindo as relativas aos
gularidades, bem como os factos que considere reveladores contratos de avença e de tarefa, comparando com as rea-
de graves dificuldades na prossecução do plano plurianual lizadas no mesmo período do ano anterior;
de investimentos do município; b) Número de admissões de pessoal, de qualquer tipo,
c) Proceder à verificação dos valores patrimoniais do e de aposentações, rescisões e outras formas de cessação
município, ou por ele recebidos em garantia, depósito ou de vínculo laboral;
outro título; c) Fundamentação de eventuais aumentos de despesa
d) Remeter semestralmente aos órgãos executivo e deli- com pessoal, que não resultem de atualizações salariais,
berativo da entidade informação sobre a respetiva situação cumprimento de obrigações legais ou transferência de
económica e financeira; competências da administração central.
e) Emitir parecer sobre os documentos de prestação
de contas do exercício, nomeadamente sobre a execução 6 — Para efeitos da troca de informação prevista nas
orçamental, o balanço e a demonstração de resultados alíneas c) a e) do n.º 7 do artigo 12.º, nomeadamente no
individuais e consolidados e anexos às demonstrações que respeita à estimativa de execução orçamental, os mu-
financeiras exigidas por lei ou determinados pela assem- nicípios preparam essa informação e introduzem-na no
bleia municipal. SIIAL até 31 de agosto de cada ano.
7 — A informação a prestar nos termos dos números
3 — No caso dos municípios, a certificação legal de anteriores é remetida por ficheiro constante da aplicação
contas individuais inclui os serviços municipalizados, sem informática fornecida pela DGAL.
prejuízo de deliberação da assembleia municipal, sob pro- 8 — Em caso de incumprimento, por parte das autar-
posta da câmara municipal, no sentido da realização da quias locais e das entidades intermunicipais, dos deveres
certificação legal de contas destas entidades poder ser de informação previstos no presente artigo, bem como
efetuada em termos autónomos, o que também ocorre dos respetivos prazos, são retidos 10 % do duodécimo
quanto aos serviços intermunicipalizados previstos no n.º 5 das transferências correntes no mês seguinte ao do in-
do artigo 8.º da Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto.
cumprimento, sem prejuízo do valor que seja anualmente
4 — Compete, ainda, ao auditor externo pronunciar-se
estabelecido no decreto-lei de execução orçamental.
sobre quaisquer outras situações determinadas por lei,
designadamente sobre os planos de recuperação financeira, 9 — Os montantes a que se refere o número anterior são
antes da sua aprovação nos termos da lei. repostos no mês seguinte àquele em que a entidade visada
passa a cumprir os prazos de prestação de informação,
Artigo 78.º juntamente com a transferência prevista para esse mês.
10 — Para efeitos de acompanhamento da situação
Deveres de informação financeira das autarquias locais pode a DGAL solicitar
1 — Para efeitos da prestação de informação relativa- informação além da referida nos números anteriores.
mente às contas das administrações públicas, os municí- 11 — As disposições do presente artigo são estendidas
pios, as entidades intermunicipais, as entidades associativas mediante portaria dos membros do Governo responsáveis
municipais e as entidades públicas reclassificadas, quando pelas áreas das finanças e das autarquias locais às entida-
aplicável, remetem à DGAL os seus orçamentos, quadro des do subsetor local que tenham natureza e forma de em-
plurianual de programação orçamental e contas mensais presa, fundação ou associações públicas, pela DGAL, se e
nos 10 dias subsequentes, respetivamente à sua aprovação quando estas não integrarem a informação prestada pelas
e ao período a que respeitam, bem como os documentos de autarquias locais e pelas entidades intermunicipais.
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Artigo 79.º 3 — A participação variável no IRS, prevista no ar-


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tigo 26.º, encontra-se abrangida pelas regras previstas no
artigo 35.º, por referência às transferências a efetuar em
1 — Os municípios disponibilizam, quer em formato 2014 e 2015.
papel em local visível nos edifícios da câmara municipal 4 — O Governo deve criar, no prazo de 180 dias após
e da assembleia municipal quer na página principal do entrada em vigor da presente lei, um mecanismo de moni-
respetivo sítio eletrónico: torização futura do impacto das variações das receitas das
autarquias, incluindo nomeadamente o IMI e o IMT.
a) Os mapas resumo das despesas segundo as classi-
ficações económica e funcional e das receitas segundo a
Artigo 82.º
classificação económica;
b) Os valores em vigor relativos às taxas do IMI e de Regime transitório de distribuição do FSM
derrama; 1 — Até que seja fixada na Lei do Orçamento do Estado
c) A percentagem da participação variável no IRS, nos a repartição do FSM referida no n.º 1 do artigo 34.º o mon-
termos do artigo 26.º; tante a distribuir proporcionalmente por cada município
d) Os tarifários de água, saneamento e resíduos, quer o corresponde a 2 % da média aritmética simples da receita
prestador do serviço seja o município, um serviço muni- proveniente do IRS, do IRC e do IVA, o que equivale
cipalizado, uma empresa local, intermunicipal, concessio- às competências atualmente exercidas pelos municípios
nária ou um parceiro privado no âmbito de uma parceria nomeadamente no domínio da educação, a distribuir de
público-privada; acordo com os critérios consagrados no n.º 2 do artigo 30.º
e) Os regulamentos de taxas municipais; da presente lei.
f) O montante total das dívidas desagregado por rubricas 2 — Ficam excluídos do disposto no número anterior os
e individualizando os empréstimos bancários. montantes relativos a financiamento de competências com
financiamento específico através do Orçamento do Estado
2 — As autarquias locais, as entidades intermunici- ou exercidas ao abrigo de protocolos e outras formas de
pais, as entidades associativas municipais e as entidades cooperação contratualizadas entre a administração central
do setor empresarial local disponibilizam no respetivo e os municípios.
sítio eletrónico os documentos previsionais e de presta- Artigo 83.º
ção de contas referidos na presente lei, nomeadamente:
Equilíbrio orçamental
a) A proposta de orçamento apresentada pelo órgão
executivo ao órgão deliberativo; Para efeitos do disposto no n.º 4 do artigo 40.º, no caso
b) Os planos de atividades e os relatórios de atividades de empréstimos já existentes quando da entrada em vigor
dos últimos dois anos; da presente lei, considera-se amortizações médias de em-
c) Os planos plurianuais de investimentos e os orçamen- préstimos o montante correspondente à divisão do capital
tos, os quadros plurianuais de programação orçamental, em dívida à data da entrada em vigor da presente lei pelo
bem como os relatórios de gestão, os balanços e a demons- número de anos de vida útil remanescente do contrato.
tração de resultados, inclusivamente os consolidados, os
mapas de execução orçamental e os anexos às demonstra- Artigo 84.º
ções financeiras, dos últimos dois anos; Regime transitório para o endividamento excecionado
d) Os dados relativos à execução anual dos planos plu-
rianuais. 1 — No caso em que um município cumpra os limites
Artigo 80.º de endividamento na data de entrada em vigor da presente
lei, mas que passe a registar uma dívida total superior aos
Verificação das contas limites previstos no artigo 52.º apenas por efeito da existên-
O Tribunal de Contas, em sede de verificação das contas, cia de dívidas excecionadas constituídas em data anterior
remete a sua decisão aos respetivos órgãos autárquicos, à entrada em vigor da presente lei, não deve o município
com cópia aos membros do Governo responsáveis pelas ser sujeito a sanções previstas na presente lei.
áreas das finanças e das autarquias locais. 2 — Para efeitos do número anterior, consideram-se
dívidas excecionadas as seguintes:
a) Os empréstimos e os encargos com empréstimos
TÍTULO V anteriormente contraídos ao abrigo de disposições legais
Disposições finais e transitórias que os excecionavam dos limites de endividamento;
b) Os empréstimos e os encargos com empréstimos
Artigo 81.º contraídos para a conclusão dos programas especiais de
realojamento (PER) cujos acordos de adesão tenham sido
Receitas próprias celebrados até ao ano de 1995;
1 — A alínea a) do artigo 10.º da Lei n.º 2/2007, de c) As dívidas dos municípios às empresas concessioná-
15 de janeiro, mantém-se, relativamente ao imposto mu- rias do serviço de distribuição de energia elétrica em baixa
nicipal sobre a transmissão onerosa de imóveis, em vigor tensão, consolidadas até 31 de dezembro de 1988.
até 31 de dezembro de 2017.
2 — A partir de 2016 as taxas do IMT são reduzidas 3 — Para efeitos dos números anteriores, apenas rele-
nos seguintes termos: vam as dívidas excecionadas constituídas em data anterior
à entrada em vigor da presente lei e cujos contratos não
a) Em 2016, redução de um terço; sejam objeto de alterações, designadamente nos montantes
b) Em 2017, redução de dois terços. ou nos prazos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 169 — 3 de setembro de 2013 5519

Artigo 85.º artigo, entram em vigor no ano de 2016, tendo como ano
Financiamento das freguesias de referência para a classificação dos índices do ISDR
divulgados pelo INE, I. P., no ano anterior.
1 — O regime de transferências para as freguesias pre-
visto no artigo 38.º inicia a sua vigência no ano de 2016. Artigo 90.º
2 — Nos anos de 2014 e 2015, o montante das transfe-
rências para as freguesias corresponde ao valor transferido Plataforma de transparência
em 2013 ou, em caso de agregação, à soma dos valores O Governo deve criar uma plataforma eletrónica em
transferidos para as freguesias agregadas. sítio na Internet, de acesso público e universal, na qual
é publicada, de modo simples e facilmente apreensível,
Artigo 86.º informação relevante relativa a cada município, designa-
Saneamento e reequilíbrio
damente:

Para os contratos de saneamento e reequilíbrio existentes a) Informação prestada pelos municípios à DGAL ao
à data de entrada em vigor da presente lei, bem como para abrigo dos respetivos deveres de reporte;
os planos de ajustamento previstos na Lei n.º 43/2012, de b) Dados sobre a respetiva execução orçamental;
28 de agosto, aplicam-se as disposições constantes da Lei c) Decisões no âmbito dos respetivos poderes tribu-
n.º 2/2007, de 15 de janeiro, e do Decreto-Lei n.º 38/2008, tários.
de 7 de março, alterado pelo Decreto-Lei n.º 120/2012, de
19 de junho. Artigo 91.º
Artigo 87.º Norma revogatória

Regulamentação do Fundo de Apoio Municipal É revogada a Lei n.º 2/2007, de 15 de janeiro, e o De-
creto-Lei n.º 38/2008, de 7 de março, alterado pelo De-
O diploma complementar previsto no artigo 64.º deve creto-Lei n.º 120/2012, de 19 de junho.
ser aprovado no prazo de 120 dias contados da publicação
da lei.
Artigo 92.º
Artigo 88.º Entrada em vigor
Índice de desenvolvimento social
A presente lei entra em vigor em 1 de janeiro de 2014.
Até a aprovação do decreto-lei a que se refere o n.º 12 do
Aprovada em 29 de julho de 2013.
artigo 33.º mantém-se em vigor o anexo à Lei n.º 2/2007,
de 15 de janeiro. A Presidente da Assembleia da República, Maria da
Assunção A. Esteves.
Artigo 89.º
Promulgada em 22 de agosto de 2013.
Transferências para as entidades intermunicipais
Publique-se.
1 — As regras relativas à transferência de verbas inde-
xadas ao ISDR têm em conta o novo mapa das entidades O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
intermunicipais e das NUTS III. Referendada em 26 de agosto de 2013.
2 — A dedução prevista no n.º 2 do artigo 69.º, assim
como a aplicação dos critérios previstos no n.º 3 do mesmo O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.

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