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GUIA PARA O

ESTAGIÁRIO-
MONITOR E
PLANETARISTA

Vitória, 2021
O Estágio como monitor e/ou planetarista, se refere ao exercício de
assistência/orientação às aulas/sessões públicas/roteiros temáticos/oficinas,
desenvolvidas nos Centros de Ciência, Educação e Cultura de Vitória (CCEC) pelos
estudantes das Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e/ou privadas que
atuam, em apoio ao Professor-referência que responde técnica e
pedagogicamente pelos CCEC. O monitor deve assumir a postura de mediador
entre a exposição, o conhecimento e o visitante. Para isso é de fundamental que
os estagiários conheçam de forma ampla os conceitos científicos relacionados a
uma determinada mostra (permanente/temporária), ao funcionamento de
equipamentos e às diferentes abordagens dialógicas a partir do perfil do público
em dado momento.

De forma recorrente, o monitor é um estudante que já cursou uma parte do


programa de ensino de graduação, obteve destaque no desempenho e se
disponibiliza a vivenciar a função relacionada à área de formação profissional que
escolheu no campo da educação. São considerados guias que orientam,
ensinam, promovem indagações e questionamentos, despertando curiosidades
no público visitante, de todas as idades, na forma presencial ou online de
atendimento.

A estratégia de seleção de um estagiário-monitor/planetarista no âmbito dos


CCEC, pressupõe numa primeira etapa o cadastro em ficha padrão da
SEME/PMV. Num segundo momento, na entrevista buscamos um perfil
que:tenha entusiasmo para aprender, ensinar e pesquisar; gosta de trabalhar em
equipe, protagoniza, dialoga, recebe bem as pessoas; domina bem o conteúdo
da área de graduação; se propõe ao voluntariado; relaciona-se com desenvoltura
e busca estratégias de equilíbrio das emoções. A ficha de cadastro dos
estudantes classificados nessa etapa interna dos CCEC, passa por análise da
equipe gestora dos CCEC. Posteriormente tramita em diversos setores na
Prefeitura de Vitória, assim como no CIEE e nas Instituições de Ensino Superior,
para outras análises e aprovações.
ÂMBITO DE ATUAÇÃO - CCEC

Os CCEC são espaços museológicos, de educação não formal, que se


constituem em casas da memória, casas da vida e dos conhecimentos do
Capixaba, promovendo a educação ao longo da vida. É locus de encontros, de
estudos e de pesquisa. Se fortalecem como espaços mais próximos da
população, especialmente estudantil que precisam interagir, não só abrir
portas, mas também abrir caminhos. São espaços que propiciam o sentimento
de pertencimento, existência, ou seja, são locais da sensibilidade, das emoções
que os suportes de memória possibilitam. Assumem cada vez mais sua função
social junto à população, fortalecendo ações de popularização da ciência por
meio de vivências e transformação dos saberes.

Os CCEC, por meio da política de estágios da Secretaria Municipal de Educação


(SEME), acolhe estagiários com pagamento de bolsa ou estudante em estágio
curricular apoiando as Instituições de Ensino Superior (IES) no que se refere à
formação pedagógica dos graduandos, assim como a formação científica dos
acadêmicos, considerando a atuação de monitoria como promotora da
formação/consolidação dos saberes propostos por (QUEIROZ et al, 2002):
.
______________________________________
¹A museologia abrange todo um complexo de teoria e práxis que envolve a conservação e o uso da
herança cultural e natural.
² Marandino (2008, p. 15) observa: [...] um museu, por exemplo, poderia ser nomeado como um
espaço de educação não-formal quando o pensamos como instituição, com um projeto de alguma
forma estruturado e com um determinado conteúdo programático. Mas, ao pensarmos sob o olhar do
público, poderíamos considerá-lo como educação formal, quando alunos o visitam com uma atividade
totalmente estruturada por sua escola, buscando aprofundamento em um determinado conteúdo
conceitual [...]. E podemos, ainda sob o olhar do público, imaginá-lo como educação informal, ao
pensarmos em um visitante que procura um museu para se divertir em um final de semana com seus
amigos ou familiares.
Para a legislação brasileira que institui o Estatuto de Museus, Lei nº 11.904, de 14 de
janeiro de 2009 (BRASIL, 2009),
Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins
lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem,
para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e
turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico
ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da
sociedade e de seu desenvolvimento.

Seguindo os parâmetros nacionais, o Guia dos Museus Nacionais (BRASIL, 2011) são
características dos museus:

I - o trabalho permanente com o patrimônio cultural e científico, em suas diversas


manifestações;
II - a presença de acervos e exposições colocados a serviço da sociedade com o objetivo
de propiciar a ampliação do campo de possibilidades de construção identitária, a
percepção crítica da realidade, a produção de conhecimentos e oportunidades de lazer;
III – a utilização do patrimônio cultural e científico como recurso educacional, turístico e
de inclusão social;
IV - a vocação para a comunicação, a exposição, a documentação, a investigação, a
interpretação e a preservação de bens culturais em suas diversas manifestações;
V – a democratização do acesso, uso e produção de bens culturais para a promoção da
dignidade da pessoa humana;
VI – a constituição de espaços democráticos e diversificados de relação e mediação
cultural, sejam eles físicos ou virtuais.
Neste sentido, a Secretaria de Educação - SEME, há três décadas, no contexto do
município de Vitória como integrante do grupo de Cidades Educadoras³, instituiu
como política pública a criação e manutenção de espaços museológicos,
denominados Centros de Ciência, Educação e Cultura - CCEC, quais sejam:

1- Planetário de Vitória, em parceria com a UFES, criado em 1995;


2- Praça da Ciência, criada em 1999;
3- Escola da Ciência Física, criada em 2000;
4- Escola da História e Biologia, criada em 2001;
5- Escola de Inovação, criada em 2020;
6- Centro de Línguas de Vitória, criado em 2020.

___________________________________
³ Vitória é associada à Rede Internacional de Cidades Educadoras desde 2000.
[...] Na Cidade Educadora, a educação transcende as paredes da escola para impregnar toda a cidade. Uma
educação para a cidadania, na qual todas as administrações assumem a sua responsabilidade na educação e
na transformação da cidade num espaço de respeito pela vida e pela diversidade.
[...] Neste contexto, os municípios de todos os países, desde a sua dimensão local, deverão agir como
plataformas de experimentação e consolidação de uma plena cidadania democrática, como promotores de
uma convivência pacífica através da formação em valores éticos e cívicos, do respeito pela pluralidade das
várias formas possíveis de governo democrático e da promoção de mecanismos representativos e
participativos de qualidade. A educação em valores e direitos humanos é mais urgente do que nunca, para
dar sentido, incentivar, traçar um rumo democrático e promover uma convivência serena.
[...] A diversidade é inerente à vida e, obviamente, às cidades dos nossos dias, prevendo-se um aumento
considerável no futuro. Por conseguinte, um dos desafios da Cidade Educadora é promover o equilíbrio e a
harmonia entre a identidade e a diversidade, tendo em conta os diversos contributos das comunidades que
a constituem e o direito de todas as pessoas que nela vivem a sentirem-se reconhecidas pela sua identidade
cultural própria. Para tal, é imperativo lutar contra o racismo e todas as formas de exclusão. O desafio atual é
reconhecer o direito às singularidades sem colocar em risco a construção do que é comum. As Cidades
Educadoras sentem-se portadoras do ideal de inclusão, acolhendo cada pessoa como ela é e convidando-a a
participar num projeto comum de cidade. (Carta das Cidades Educadoras, 2015)
ATIVIDADES EXERCIDAS PELO ESTAGIÁRIO-MONITOR/ PLANETARISTA NOS
CCEC:

O estágio proporciona o autoconhecimento do estudante quanto às suas próprias


potencialidades, tornando-se importante experiência para o desenvolvimento pessoal
e profissional. Tal vivência mostra-se como campo riquíssimo de capacitação e de
reflexão profissional cidadã, pautado na interação direta com colegas, professores e
comunidade, colaborando com a formação profissional crítica, acerca da educação e
sua inserção na dinâmica social e com o exercício de sua futura profissão com maior
cidadania.

Segundo Queiroz(2002) a atuação nos museus e centros de ciência compreende o


desenvolvimento de 5 grupos de competências:

1. Competências gerais - habilidades e conhecimentos que toda a equipe de um


museu deve demonstrar;
2. Competências em museologia - conhecimento e habilidade na aplicação dos
fundamentos intelectuais do trabalho em museus;
3. Competências administrativas - conhecimento e habilidade quanto à teoria e
prática operacional de museus;
4. Competências relativas à programação pública - conhecimento e habilidade para
servir o visitante de museus;
5. Competências quanto à administração da informação e das coleções e
conservação - conhecimento e habilidades para criar, preservar e compartilhar os
recursos do museu.
São Atribuições dos estagiário/monitores e planetaristas:

1. Atuar nas atividades do CCEC ao qual está localizado oficialmente e/ou em um


dos outros CCEC, conforme demanda e necessidade.
2. Atuar junto aos professores-referência acolhendo as diretrizes e orientações em
relação a sua atuação nos vários ambientes dos CCEC, com atenção especial a sua
postura no trato com o público, incluindo o atendimento que efetua nas visitas
guiadas;
3. Acompanhar/realizar os roteiros/sessões/oficinas na forma online e/ou presencial
do CCEC, no qual atua ou para o qual encontra-se temporariamente designado;
4. Estudar os roteiros elaborados e zelar pela integridade e complexidade dos
conhecimentos a serem apresentados ao público;
5. Sugerir adequações e/ou melhorias nos roteiros utilizados, bem como
desenvolver novos roteiros/sessões/oficinas;
6. Pesquisar e sugerir atividades/oficinas de acordo com os temas oferecidos pelos
CCEC;
7. Apresentar os roteiros/sessões/oficinas para estudantes da Educação Básica,
Educação Profissional, Ensino Superior e/ou público em geral, contribuindo para a
divulgação científica;
8. Pesquisar temas atuais relacionados aos CCEC, com objetivo de atender às
curiosidades e indagações de estudantes e/ou público em geral, contribuindo
para a propagação científica;
9. Realizar, quando necessário, atividades de natureza administrativa como: atender
ao telefone, atender o público em geral, fazer agendamento e outros;
10. Auxiliar na recepção das escolas e/ou dos visitantes presentes nas dependências
do espaço, acolhendo-os e conduzindo-os;
11. Cumprir as orientações do professor-referência quanto aos horários de chegada
e saída e organização das escalas de atendimentos do CCEC em que estiver
atuando;
12. Cumprir as orientações da coordenação em relação ao vestuário;
13. Participar de reuniões, formações ou eventos promovidos pelos CCEC, PMV/SEME
ou de interesse de uma das instituições, quando solicitado;
14. Cuidar, manter e zelar pela conservação do acervo do espaço;
15. Manter o ambiente de trabalho organizado, colocando os materiais utilizados no
período de trabalho em seus devidos lugares;
16. Contribuir com a atualização e manutenção das mídias na redes sociais
17. Elaborar sessões/oficinas utilizando programas adequados à especificidade cada
CCEC, como por exemplo shira player, shira universe e stellarium para o Planetário;
18. Auxiliar orientando e socializando sua experiência aos estagiários recém-
chegados;

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE CIDADES EDUCADORAS (AICE). Carta das cidades


educadoras. Acesso em 16/08/2021. https://www.edcities.org/wp-
content/uploads/2020/11/PT_Carta.pdf

BRASIL. Estatuto dos museus. Brasília: Ministério da Cultura, 2009.


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11904.htm

BRASIL. IBRAM. Guia dos museus nacionais, Brasília: Ministério da Cultura. 2011.
Acesso e, 16/08/2021 https://www.museus.gov.br/guia-dos-museus-brasileiros/

MARANDINO, Martha (Org.). Educação em museus: a mediação em foco. São Paulo:


Geenf/FEUSP, 2008.

QUEIROZ G.; VASCONCELLOS M.M.; MENEZES E.; DAMAS E.; KRAPAS S.. Saberes da
mediação na relação museu-escola: professores mediadores reflexivos em
museus de ciências. Rio de Janeiro: IV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM
EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 2003. Acesso em 16/08/2021.
http://abrapecnet.org.br/enpec/iv-enpec/orais/ORAL161.pdf

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