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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

PREDIAIS
Curso Técnico em Eletrotécnica – Campus Curitiba
Prof. Rafael Nishimura
2022
ILUMINAÇÃO DE INTERIORES
Histórico
▪ Em 1802, Sir Humphry Davy inventou
a lâmpada a arco voltaico, em que a
eletricidade fluía entre duas peças de
carbono conectadas em alta tensão.
▪ Outros 21 inventores construíram
lâmpadas incandescentes antes
de Thomas Alva Edison, que foi
primeiro a construir a primeira
lâmpada incandescente
comercializável em 1879, utilizando
uma haste de carvão (carbono) muito
fina que, aquecida acima de
aproximadamente 900 K, passa a
emitir uma luz amarelada e fraca,
semelhante à luz emitida por uma
vela. A eficiência luminosa era de 1,4 Lâmpada a arco Lâmpada incandescente
lm/W. voltaico. de Edison.
A luz e a visão
O olho humano consegue distinguir
cores, entre os comprimentos de onda,
que vão de 380 nm a 700 nm. Este
intervalo no espectro de luz
corresponde à luz branca ou visível, que
é uma parte muito pequena do espectro
eletromagnético.
Apesar de serem invisíveis ao olho Espectro eletromagnético.
humano, as radiações infravermelhas e
ultravioletas possuem diversas
aplicações, existindo, portanto,
lâmpadas que produzem radiações fora
do espectro visível.

Espectro visível.
As radiações infravermelhas possuem aplicações na medicina, na indústria (secamento
de tintas), em residências (aquecimento) e bélicas (mísseis sensíveis a calor).
As radiações ultravioletas podem ser usadas como germicida, em sistemas de
segurança para identificação de marcas (papel-moeda), desodorização de ambientes,
fotografia, etc.

Conceitos
Temperatura de cor
É uma analogia entre a cor da luz
emitida por um corpo de prova
metálico aquecido até a
temperatura especificada em
Kelvin e a cor da luz emitida por
diversos tipos de lâmpadas.
Índice de reprodução de cores (IRC)
Quanto mais próximo este índice for mais próximo de 100 (luz solar), mais fielmente as
cores dos objetos serão vistas pelo olho humano.
Tabela 27 – IRC e aplicações.
IRC Aplicações
IRC ≥ 80 Indústrias têxteis, gráficas ou de tintas, galerias de arte, museus, hospitais,
joalherias, residências e restaurantes.
60 ≤ IRC < 80 Indústria leves, escritórios, escolas e magazines.
IRC < 60 Ruas, canteiros de obras, estacionamentos.

Fluxo luminoso (Ø)


É a quantidade total de luz visível que uma fonte luminosa irradia.
Unidade: lúmens (lm)

Iluminância ou iluminamento (E)


É a relação entre o fluxo luminoso e a área em que a luz incide.
Unidade: lux.
onde:

E= Ø = fluxo luminoso (lm);
S S = área (m²).
Tabela 28 – Níveis de iluminamento. O iluminamento pode ser medido por um
Situação Iluminância (lux) instrumento chamado luxímetro.
Dias ensolarados 20.000 a 100.000
Noite de lua cheia 0,25
Luz das estrelas 0,01

Eficiência luminosa ou rendimento (η)


É dada pela relação entre o fluxo luminoso (lm) e a potência consumida (W).
Unidade: lm/W.

η=
P
onde:
Ø = fluxo luminoso (lm);
P = potência consumida (W).
Lâmpadas
Lâmpada incandescente
O princípio de funcionamento se baseia na
circulação de corrente através de um fio de
tungstênio espiralado provocando sua
incandescência.

Lâmpadas halógenas
São lâmpadas incandescentes, nas quais, visando a melhoria da eficiência luminosa,
adiciona-se um gás halógeno (iodo ou bromo).

Cápsula Palito Dicróica Parabólica Refletora


Lâmpadas de descarga
São lâmpadas que emitem luz pela excitação de um gás ionizado quando submetido à
corrente elétrica.
Tipos:
▪ Fluorescente;
▪ Mista;
▪ Vapor de mercúrio;
▪ Multivapor metálico;
▪ Vapor de sódio.

Lâmpadas fluorescentes: possuem em seu interior vapor de mercúrio (ou argônio) em


baixa pressão. Quando esse gás é excitado por uma corrente elétrica ele emite
radiação ultravioleta (invisível). Para torná-la visível, o bulbo é recoberto por um pó
com cristais de fósforo. Necessita de equipamentos auxiliares, como reator e starter,
este último, cada vez mais em desuso.

Tubular Circular Compacta Compacta


com reator sem reator
integrado integrado
Tabela 29 – Informações técnicas de lâmpadas fluorescentes T5.
Tabela 30 – Informações técnicas de lâmpadas fluorescentes T10 e T8.
Outras lâmpadas de descarga

Lâmpada mista: consiste de um tubo de descarga preenchido com vapor


de mercúrio em série com um filamento de tungstênio. Não necessita de
reator. Disponível apenas em 220 V.

Lâmpada de vapor de mercúrio: composta por um tubo de quartzo, tendo


em cada extremidade um eletrodo de tungstênio, no qual se dá a
descarga. Necessita de reator. Disponível apenas em 220 V.

Lâmpada de vapor de sódio: composta por um tubo de descarga de óxido


de alumínio e preenchido por uma mistura de sódio e mercúrio. Necessita
de reator e ignitor. Podem ser de baixa ou de alta pressão. Disponível
apenas em 220 V.

Lâmpada de multivapor metálico: é um tipo particular de lâmpada a


vapor de mercúrio em que são adicionados iodeto de índio, tálio e sódio.
Possuem alta eficiência energética e excelente reprodução de cores.
LED
O LED (diodo emissor de luz) nada mais é do que um diodo que, adequadamente
polarizado, emite luz. Apresenta como vantagem a longa vida útil (até 50.000 horas),
baixo consumo de energia, eficiência de até 210 lm/W e baixa emissão de calor.

Tabela 31 – Informações técnicas de lâmpadas tubulares de LED.


Tabela 32 – Comparativo entre lâmpadas.
Rendimento Vida
Tipo IRC Aplicação Observações
(lm/W) útil (h)
Iluminação Não necessita de
Incandescente 15 100 1.000 residencial e equipamentos
comercial auxiliares
Iluminação Necessita de
Halógena 25 100 2.500 decorativa e de transformador se a
destaque tensão for de 12 V
Iluminação Necessita de
Dicroica 25 100 4.000 decorativa e de transformador se a
destaque tensão for de 12 V
Tabela 32 – Comparativo entre lâmpadas (cont.).
Rendimento Vida
Tipo IRC Aplicação Observação
(lm/W) útil (h)
Locais que necessitem
Não necessita de
de uma grande
equipamentos
Mista 25 62 9.000 quantidade de luz, não
auxiliares
se preocupando com a
eficiência do sistema
Vapor de Galpões industriais, Necessita de
55 40 16.000
mercúrio iluminação pública reator
Iluminação pública e
Necessita de
Vapor de sódio 120 25 32.000 locais que priorizem a
reator e ignitor
eficiência do sistema
Iluminação comercial,
fachadas, monumentos, Necessita de
Vapor metálico 95 85 20.000
galpões industriais e reator e ignitor
esportiva (estádios)
Tabela 32– Comparativo entre lâmpadas (cont.).
Rendimento Vida
Tipo IRC Aplicação Observação
(lm/W) útil (h)
Iluminação comercial,
Fluorescente Necessita de
65 70 7.500 residencial, industrial,
comum reator
etc.
Iluminação comercial,
Fluorescente Necessita de
100 85 24.000 residencial, industrial,
especial reator
etc.
Iluminação comercial,
Fluorescente Necessita de
65 80 8.000 residencial, industrial,
compacta reator
etc.
Em geral, não
Iluminação comercial,
necessitam de
LEDs 210 90 50.000 residencial, industrial,
equipamentos
etc.
auxiliares

Luminárias
Têm por função proteger as lâmpadas, orientar o fluxo luminoso, manter uma boa
conexão elétrica e mecânica entre as lâmpadas e dispositivos auxiliares e, em alguns
casos, efeito decorativo.
Equipamentos auxiliares
Reatores: são dispositivos utilizados para proporcionar a partida das lâmpadas de
descarga e controlar o fluxo de corrente no seu circuito. Podem ser eletromagnéticos
ou eletrônicos.
Ignitores: têm por função fornecer um pulso de tensão que ionize os gases
internamente ao tubo de arco da lâmpada.
Transformadores: utilizados em lâmpadas que possuem tensão diferente da rede.

Reator eletrônico.

Ignitor. Transformador.
Iluminância de interiores
Para que os ambientes sejam iluminados adequadamente é necessário que o
projetista adote os valores estabelecidos pela NBR ISSO/CIE 8995-1.
Tabela 33 - Iluminância por ambiente, tarefas e atividades.

Tipo de ambiente, tarefa ou atividade E (lux)


Escritórios
Arquivamento, cópia, circulação etc. 300
Escrever, teclar, ler, processar dados 500
Desenho técnico 750
Estações de projeto assistido por computador 500
Salas de reunião e conferência 500
Recepção 300
Arquivos 250
Tabela 33 - Iluminância por ambiente, tarefas e atividades (continuação).
Tipo de ambiente, tarefa ou atividade E (lux)
Varejo
Área de vendas pequena 300
Área de vendas grande 500
Área da caixa registradora 500
Mesa do empacotador 500
Biblioteca
Estantes 200
Área de leitura 500
Bibliotecárias 500
Construções educacionais
Salas de aula, salas de aulas particulares 300
Salas de aulas noturnas, classes e educação de adultos 500
Sala de leitura 500
Quadro negro 500
Salas de desenho técnico 750
Salas de ensino de computador 500
Salas dos professores 300
Para outros ambientes, consultar a NBR ISO/CIE 8995-1.
Método dos Lúmens
É baseado na determinação do fluxo luminoso necessário para se obter um
iluminamento médio desejado no plano de trabalho.
S∙E
∅T =
Fu ∙ F d
onde:
ØT = fluxo luminoso total (lm);
S = área (m²);
E = iluminância (lux);
Fu = fator de utilização;
Fd = fator de depreciação.

Fator de utilização
O fator de utilização depende dos seguintes fatores:
▪ Da lâmpada e da luminária;
▪ Da área e da geometria do recinto;
▪ Dos fatores de reflexão das superfícies (teto, parede e piso).
A influência da área e da geometria do local é dada pelo fator do local (K) ou pela
razão das cavidades do recinto (RCR):

C∙L 5 · H · (L + C)
K= RCR =
(C + L) ∙ H L·C

onde:
C = comprimento (m);
L = largura (m);
H = distância entre a luminária e o plano de
trabalho.

Devem ser considerados ainda os fatores de


reflexão do teto, das paredes e do piso. Representação do pé direito útil.

Tabela 34 – Fatores de reflexão.


Superfície Branco Claro Médio Escuro
Teto 70 50 30 -
Parede 50 30 10 -
Piso - - - 10 ou 20
Sabendo-se o fator K, as refletâncias de teto, paredes e piso, o fator de utilização é
determinado consultando-se as tabelas a seguir.
Tabela 35 – Fatores de utilização – CVPM

2x16W e 2x32W - Sobrepor

2x16W e 2x32W - Embutir


Tabela 36 – Fatores de utilização – RUBI

2x16W e 2x32W - Sobrepor

2x16W e 2x32W - Embutir


Tabela 37 – Fatores de utilização – LHT-05E

Luminária LHT-05E, 37W, 3730 lm.

Fator de depreciação
Corresponde ao quanto de perda de fluxo luminoso existe no sistema dependendo do
período de manutenção.
Tabela 38 – Fatores de depreciação.
Ambiente Período de manutenção
2.500 h 5.000 h 7.500 h
Limpo 0,95 0,91 0,88
Normal 0,91 0,85 0,80
Sujo 0,80 0,66 0,57

Quantidade de luminárias
A quantidade de luminárias é dada por:
∅T
N=
∅L

onde:
N = quantidade de luminárias;
ØT = fluxo total (lm);
ØL = fluxo da luminária (lm).
Distância máxima entre luminárias
De uma maneira geral, a distribuição da luz é satisfatória quando o espaçamento entre
as luminárias é:
𝑑 ≤ 1,5 𝐻
onde:
d = distância entre as luminárias (m);
H = distância entre luminária e o plano de trabalho (m).

A distância entre a luminária e a parede deve ser a metade da distância entre


luminárias.
Exercícios resolvidos
1. Calcule o número de luminárias de uma sala de aula e faça o esboço da distribuição
destas sabendo que:
▪ Idade dos usuários: inferior a 40 anos;
▪ Velocidade e precisão: importante;
▪ Refletância do fundo da tarefa: 30%;
▪ Dimensões (C x L x H’) = 9m x 6m x 3m;
▪ Altura do plano de trabalho = 0,80 m.
▪ Luminária RUBI-S com 2 lâmpadas TLDRS32W-S84-ECO;
▪ Teto branco, paredes brancas e piso escuro;
▪ Ambiente normal com período de manutenção a cada 7.500 h.

Solução
E = 300 lux (tab. 33)
Fator do local (K):
𝐶∙𝐿 9∙6
𝐾= = = 1,64
(𝐶 + 𝐿) ∙ 𝐻 (9 + 6) ∙ 2,20
Tabela 36 – Fatores de utilização – RUBI
Fatores de reflexão (tab. 34):
Teto: 70%
Paredes: 50%
Piso: 10%
(751)

Pela tab. 36, Fu = 0,60


Pela tab. 38, Fd = 0,80

𝑆∙𝐸 54 ∙ 300
∅𝑇 = = = 33.750 𝑙𝑚
𝐹𝑢 ∙ 𝐹𝑑 0,60 ∙ 0,80
Fluxo da lâmpada = 2700 lm (tab. 30)
∅𝑇 33750
𝑁= = = 6,25 ≈ 8 𝑙𝑢𝑚𝑖𝑛á𝑟𝑖𝑎𝑠 (4 𝑥 2)
∅𝐿 2 ∙ 2700
Distância máxima entre luminárias: 9,0 6,0
𝑋= = 2,25 𝑚 𝑌= = 3,00 𝑚
d ≤ 1,5 ∙ H 4 2
d ≤ 1,5 ∙ 2,2 𝑋 𝑌
= 1,125 𝑚 = 1,50 𝑚
d ≤ 3,30 m (OK) 2 2
1,500
3,000
1,500 1,125 2,250 2,250 2,250 1,125
2. Repetir o exercício anterior utilizando a luminária LHT-05E da Lumicenter, 37W,
3730 lm. Tabela 37 – Fatores de utilização – LHT-
05E
Solução
5 ∙ 𝐻 ∙ (𝐶 + 𝐿) 5 ∙ 2,20 ∙ (9 + 6)
𝑅𝐶𝑅 = = = 3,06
𝐶∙𝐿 9∙6
Fatores de reflexão (tab. 42):
Teto: 70%
Paredes: 50%
Piso: 20%

Pela tab. 37, Fu = 0,64


Pela tab. 38, Fd = 0,80
𝑆∙𝐸 54 ∙ 300
∅𝑇 = = = 25.962 𝑙𝑚
𝐹𝑢 ∙ 𝐹𝑑 0,78 ∙ 0,80
∅ 𝑇 27000
𝑁= = = 6,96 ≈ 8 𝑙𝑢𝑚𝑖𝑛á𝑟𝑖𝑎𝑠 (4 𝑥 2)
∅𝐿 3730
Distância máxima entre luminárias: 9,0 6,0
𝑋= = 2,25 𝑚 𝑌= = 3,00 𝑚
d ≤ 1,5 ∙ H 4 2
d ≤ 1,5 ∙ 2,2 𝑋 𝑌
= 1,125 𝑚 = 1,50 𝑚
d ≤ 3,30 m (OK) 2 2
1,500
3,000
1,500 1,125 2,250 2,250 2,250 1,125

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