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RESUMO – Com 133,7 km² de área de drenagem e situada nas proximidades da cidade de Maceió,
capital do estado de Alagoas, a bacia do Pratagy é de extrema importância para a cidade. Pensando
nisso, este artigo foi desenvolvido com o objetivo de estimar as vazões de referência do Pratagy
para que as suas águas possam ser utilizadas da melhor forma possível. Inicialmente foram
escolhidos e estudados dados de precipitação e vazão em 06 rios com características semelhantes a
do rio em estudo. A partir desses dados se decidiu utilizar como base para a estimativa das vazões
de referência os dados do rio Mundaú. Foi também executado um estudo demanda no rio Pratagy,
depois foi feito o confronto entre demanda e oferta estimada do rio. Com base nesse confronto foi
percebido que um problema de conflito de uso de água poderá acontecer em breve, pois a
disponibilidade futura do rio será menor que a demanda.
ABSTRACT – The basin of Pratagy River is one of the most important water resource for Maceió-
AL. It drains a 133,7 km2 area located at the neighborhoods of Maceió. That basin provides the city
with the most of drinking water. However, the information about the reference outflow in the river
is not available. This paper presents an estimative of references outflow in Pratagy basin aiming to
give the necessary information to the water management. Precipitation and flow data was collected
and analyzed for 06 basins with similar characteristics. The data of Mundaú basin was chosen for
calculation of references outflow at Pratagy basin. That choice was conduced considering the
similar characteristics between both basins. The references outflow (water availability) was
compared with the water use and water demand in Pratagy basin. It was shown that there is no
water enough to all forecasted uses in the basin. So, a conflict for water use can appear.
1
Mestrando em Recursos Hídricos e Saneamento na Universidade Federal de Alagoas, Campus A. C. Simões, BR 104
– Norte, km 97, Tabuleiro dos Martins, Maceió-AL, CEP 57072-970
E-mail: risjunior@yahoo.com.br, luizboas@ig.com.br, jclimagrh@yahoo.com.br
2
Professor do Departamento de Águas e Energia do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas,
Campus A. C. Simões, BR 104 – Norte, km 97, Tabuleiro dos Martins, Maceió-AL, CEP 57072-970,
E-mail: caramori@ctec.ufal.br, valmirpedrosa@ctec.ufal.br
CARACTERIZAÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL DA GESTÃO NA BACIA
Rio Pratagy
A escolha dos rios que fariam parte dessas analise seguiu os seguintes critérios:
Rios que fazem parte da Bacia do Atlântico Norte-Nordeste;
Rios que apresentassem, na região de sua bacia, semelhante regime Fluviométrico a
região da bacia hidrográfica do Rio Pratagy;
Rios cujas bacias hidrográficas estivessem, em parte ou em sua totalidade, presentes
no estado de Alagoas;
Rios que apresentassem no mínimo 10 anos de dados históricos confiáveis.
Depois de observadas essas condições chegou-se a uma lista com 06 rios que apresentaram a
seguinte seqüência de dados (Tabela 2).
935055/Passo 39640000/Matriz de
Camaragibe 1956 – 1966 - 1979 – 2001
Camaragibe Camaragibe
936112/São José da 39720000/São José
Caruru 1991 – 2002 1.162 1991 - 2002
Laje da Laje
Coruripe 1036062/Coruripe 1990 – 2002 1.327 39980000/Coruripe 1978 - 2001
Jacuipe 835139/Jacuípe 1989 - 2002 1.546 39580000/Jacuípe 1989 – 1998
936114/Santana do
1991 – 2002 1.285
Mundaú
Mundaú 936113/União dos 39770000/Rio Largo 1974 - 2004
1991 – 2002 1.160
Palmares
935056/Rio Largo 1990 – 2002 1.548
935057/Marechal
1991 – 2002 1.697
Deodoro
Paraíba 936115/ 39870000/Atalaia 1978 - 2002
1991 – 2002 950
Quebrangulo
936111/Viçosa 1989 - 2002 1.191
Fonte: Agência Nacional de Águas
Dados Pluviométricos
Depois de colhidos e analisados, montou-se os gráficos a das figuras 2 a 7, que representam o
regime médio mensal de precipitações nos postos considerados nas análises.
260,0
250,0
240,0
230,0
220,0
210,0
200,0
190,0
180,0
170,0
160,0
150,0
140,0
(mm)
130,0
120,0
110,0
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
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Ju
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Ag
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Ja
ov
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O
Fe
Se
D
(mês)
210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
120,00
110,00
(mm)
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
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M
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m
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Ju
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M
Ja
te
Ou
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v
Fe
Se
No
(mês)
A precipitação média mensal no posto 936112 localizado no município de São José da Laje,
que é margeada pelo o rio Caruru, tem seu valor máximo no mês de Julho com média de 202 mm, e
o seu mínimo no mês de Dezembro com média de 16 mm. A média anual das precipitações neste
posto é de 1.162 mm.
250,00
240,00
230,00
220,00
210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
(mm)
130,00
120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
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Ju
M
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m
em
tu
Ju
Ag
ve
M
Ja
te
Ou
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v
Fe
Se
No
D
(mês)
285,00
270,00
255,00
240,00
225,00
210,00
195,00
180,00
165,00
150,00
(mm)
135,00
120,00
105,00
90,00
75,00
60,00
45,00
30,00
15,00
0,00
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Ju
M
em
m
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tu
Ju
Ag
ve
M
Ja
te
Ou
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v
Fe
Se
No
(mês)
230,00
220,00
210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
(mm)
120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
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M
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Ju
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Ja
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O
Fe
Se
No
D
(mês)
Figura 6 – Pluviometria média mensal nos postos 935056, 936114 e 936113 - Rio Largo, Santana
do Mundaú e União dos Palmares.
A média da precipitação média mensal nos postos 935056, 936114 e 936113 localizados,
respectivamente nos municípios de Rio Largo, Santana do Mundaú e União dos Palmares, que são
margeada pelo rio Mundaú, tem seu valor máximo no mês de Junho com média de 229 mm, e o seu
mínimo no mês de Dezembro com média de 20 mm. A média das médias anuais das precipitações
nestes postos é de 1.331 mm.
240,00
230,00
220,00
210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
(mm)
120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
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D
(mês)
Figura 7 – Pluviometria média mensal nos postos 935057, 936111 e 936115 - Marechal Deodoro,
Quebrangulo e Viçosa.
A média da precipitação média mensal nos postos 935057, 936111 e 936115 localizados,
respectivamente, nos municípios de Marechal Deodoro, Viçosa e Quebrangulo, que são margeada
pelo rio Paraíba, tem seu valor máximo no mês de Junho com média de 238 mm, e o seu mínimo no
mês de Novembro com média de 29 mm. A média anual das precipitações nestes postos é de 1.279
mm.
A partir das figuras 3, 4, 5, 6 e 7 pode-se que as bacias dos rios em estudo apresentam uma
semelhanças no seu regime de precipitações, como por exemplo, os meses em que o volume de
água precipitado é maior são os de Junho, Julho e Agosto, já os meses em que esse volume é menor
são os de Novembro, Dezembro e Janeiro. A partir daí podemos supor que o regime de
precipitações na bacia hidrográfica do rio Pratagy é semelhante a este.
Dados Fluviométricos
Depois de colhidos os dados de vazões e após análise, foi possível traçar os gráficos
mostrados nas Figuras 8 e 9, que representam o regime de vazões médias mensais e de vazões
mensais dos rios selecionados. É possível observar a semelhança e regularidades das vazões.
85,00
80,00
75,00
70,00
65,00
60,00
55,00
50,00
45,00
(m³/s)
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
(mês)
Rio Camaragibe Rio Caruru Rio Coruripe Rio Jacuípe Rio Mundaú Rio Paraíba
2 40,00
2 30,00
2 20,00
2 10,00
2 00,00
1 90,00
1 80,00
1 70,00
1 60,00
1 50,00
1 40,00
1 30,00
(m³/s)
1 20,00
1 10,00
1 00,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
197 3 1 975 1 976 19 78 1 980 1982 19 83 198 5 198 7 1 989 199 1 199 2 1 994 19 96 19 98 199 9 2 001 2 003 200 5
(an o)
Os valores máximos de vazões na maioria dos rios estudados acontecem no mês de Julho,
com exceção do rio Caruru, que tem sua vazão máxima ocorrendo no mês de Junho, já quando se
observa as vazões mínimas, se constata que estas ocorrem entre os meses de Novembro e Janeiro.
Tal característica se explica porque como foi visto nas figuras 3 a 7 as maiores chuvas nas regiões
dessas bacias acontecem nos meses de Junho, Julho e Agosto, justamente a época das maiores
cheias neste rios. Já quando se trata de vazões mínimas acontece o mesmo fenômeno, os meses de
Novembro, Dezembro e Janeiro, que são meses de estiagem nas regiões das bacias, também são os
meses onde as vazões nos rios apresentam seus menores valores.
Assim como para as precipitações, observa-se que o rio Pratagy tem um comportamento em
ralação às vazões semelhante aos demais rios analisados, ou seja, maiores vazões nos meses de
Junho, Julho e Agosto e vazões baixas nos meses de Novembro, Dezembro e Janeiro.
É necessário salientar que apesar da grande importância que o rio Pratagy tem para os
municípios que estão contidos na área da bacia, principalmente o município de Maceió que tem
cerca de 60% de sua área dentro da bacia hidrográfica e que já utiliza as águas do Pratagy para
aumentar a oferta de água para sua população, existem pouquíssimos dados a respeito do rio e de
sua bacia hidrográfica.
Alguns trabalhos prévios foram realizados dentro da área de estudo, como mostra a tabela 3.
Neste estudo, visando a estimativa da disponibilidade hídrica, as vazões médias em cada posto
fluviométrico foram calculadas, e, a partir das séries históricas existentes, obteve-se a curva de
permanência para estes postos (figura 10). A partir da curva de permanência, determinou-se a Q90
para todos os postos. A tabela 4 apresenta os dados de vazão média e Q90 para os postos em análise.
Uma vez que não existem dados fluviométricos na bacia do rio Pratagy, as informações das
bacias em análise serão utilizadas para a determinação da disponibilidade hídrica no rio Pratagy.
1000,00
(m³/s) 100,00
10,00
1,00
0,10
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%
(%)
Rio Camaragibe Rio Caruru Rio Coruripe Rio Jacuípe Rio Mundaú Rio Paraíba
A precipitação média anual na área da bacia hidrográfica do rio Pratagy foi calculada
fazendo-se a média entre as precipitações médias anuais nos municípios de Maceió e Rio Largo que
englobam cerca de 70% da área total da bacia. Os dados a respeito das precipitações médias anuais
nos municípios de Maceió e Rio Largo foram extraídos do estudo sobre “Potencialidades dos
Recursos Hídricos das Bacias dos Rios Pratagy e Meirim”, realizado por Carvalho (2001).
Segundo Carvalho (2002), a demanda total para a área da bacia hidrográfica do Rio Pratagy é
de cerca de 3,596 m³/s, e que destes são efetivamente consumidos cerca de 0,761 m³/s. A Tabela 6
mostra cada tipo de uso e sua respectiva demanda e consumo.
3
Segundo Carvalho(2002) a demanda é a quantidade de água que é requerida para atender as necessidades de uma
determinada atividade, incluindo perdas e desperdícios.
4
Segundo Carvalho(2002) consumo é a parte da demanda que é efetivamente utilizada na atividade.
Dessedentação de animais 0,001 0,0008
Irrigação 3,036 0,759
Total 3,596 0,761
A partir do levantamento de dados coletados na SEMARHN (2005), foi constatado que estão
cadastrados no setor de Outorgas de Direito de Uso da Água, dois pedidos de outorga, que totalizam
uma demanda hídrica de 4,10 m3/s, sendo 0,50 m3/s para irrigação (já outorgado) e 3,60 m3/s para
abastecimento humano (em análise). Porém, podemos observar que estes valores não coincidem
com os valores de demanda hídrica apresentados nos estudos de disponibilidade e demanda hídrica
da bacia do rio Pratagy, realizados por Carvalho (2002).
Adotaremos como demanda para fins de planejamento na bacia do rio Pratagy, a solicitada à
SEMARHN, a partir dos pleitos de pedido de outorga, ou seja, 4,10 m3/s, e como demanda atual a
estimada por Carvalho (2002), igual a 0,761 m3/s.
Tabela 8 – Balanço Hídrico utilizando a Vazão Q90%, para a demanda prevista para fins de
outorga de direito de uso da água.
Disponibilidade (m3/s) Demanda Prevista (m3/s) Balanço Hídrico
Bacia Hidrográfica
(A) (B) (A) – (B)
Rio Pratagi (na Foz) 1,203 4,100 (2,897)
De acordo com a tabela 7 foi verificado que atualmente são consumidos 63,26% da vazão que
o rio pode vir a disponibilizar caso as vazões do mesmo sejam regularizadas, mas já quando se
analisa os dados presentes na tabela 8 constata-se que futuramente, com o aumento da demanda,
esta ultrapassará a oferta hídrica do rio em cerca de 340,81%.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
AGRADECIMENTOS
Externamos nossa gratidão, aos nossos professores doutores nas suas respectivas cadeiras de
atuação: Cleuda Custodio Freire, Nelia Henriques Callado e Rosangela Sampaio Reis.
BIBLIOGRAFIA