Você está na página 1de 16

ESTIMATIVAS DE OFERTA E DEMANDA HÍDRICAS NO RIO PRATAGY,

UTILIZANDO TÉCNICAS DE REGIONALIZAÇÃO


Silva Júnior, Rubem Izidro da1, Lima, Jamerson Cavalcante de1; Vilas Boas, Luiz Carlos 1, Souza,
Vladimir Caramori Borges de2; Pedrosa, Valmir de Albuquerque2

RESUMO – Com 133,7 km² de área de drenagem e situada nas proximidades da cidade de Maceió,
capital do estado de Alagoas, a bacia do Pratagy é de extrema importância para a cidade. Pensando
nisso, este artigo foi desenvolvido com o objetivo de estimar as vazões de referência do Pratagy
para que as suas águas possam ser utilizadas da melhor forma possível. Inicialmente foram
escolhidos e estudados dados de precipitação e vazão em 06 rios com características semelhantes a
do rio em estudo. A partir desses dados se decidiu utilizar como base para a estimativa das vazões
de referência os dados do rio Mundaú. Foi também executado um estudo demanda no rio Pratagy,
depois foi feito o confronto entre demanda e oferta estimada do rio. Com base nesse confronto foi
percebido que um problema de conflito de uso de água poderá acontecer em breve, pois a
disponibilidade futura do rio será menor que a demanda.

ABSTRACT – The basin of Pratagy River is one of the most important water resource for Maceió-
AL. It drains a 133,7 km2 area located at the neighborhoods of Maceió. That basin provides the city
with the most of drinking water. However, the information about the reference outflow in the river
is not available. This paper presents an estimative of references outflow in Pratagy basin aiming to
give the necessary information to the water management. Precipitation and flow data was collected
and analyzed for 06 basins with similar characteristics. The data of Mundaú basin was chosen for
calculation of references outflow at Pratagy basin. That choice was conduced considering the
similar characteristics between both basins. The references outflow (water availability) was
compared with the water use and water demand in Pratagy basin. It was shown that there is no
water enough to all forecasted uses in the basin. So, a conflict for water use can appear.

Palavras Chave: Rio Pratagy, Regionalização de Vazão, Uso da Água.

1
Mestrando em Recursos Hídricos e Saneamento na Universidade Federal de Alagoas, Campus A. C. Simões, BR 104
– Norte, km 97, Tabuleiro dos Martins, Maceió-AL, CEP 57072-970
E-mail: risjunior@yahoo.com.br, luizboas@ig.com.br, jclimagrh@yahoo.com.br
2
Professor do Departamento de Águas e Energia do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas,
Campus A. C. Simões, BR 104 – Norte, km 97, Tabuleiro dos Martins, Maceió-AL, CEP 57072-970,
E-mail: caramori@ctec.ufal.br, valmirpedrosa@ctec.ufal.br
CARACTERIZAÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL DA GESTÃO NA BACIA

Caracterização da Bacia Hidrográfica do Pratagy


Segundo a Base Cartográfica Digital e Zoneamento do Estado de Alagoas para o
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEMARHN, 2005), a bacia hidrográfica do rio Pratagy
possui área de drenagem de 133,7 km2 e está situada nas proximidades de Maceió, capital do estado
de Alagoas. A bacia limita-se ao norte com a bacia do rio Sapucaí, ao sul com as bacias dos rios
Mundaú e bacias litorâneas do município de Maceió, a oeste com as bacias do Mundaú e
Camaragibe e a leste com a faixa litorânea. Estando compreendida entre as coordenadas extremas
8.941.000 N e 8.970.000 N; e 187.000 E e 213.500 E, a bacia envolve três municípios: Messias,
Maceió e Rio Largo, como é mostrado na figura 1.

Rio Pratagy

Figura 1 – Localização da área em estudo

O rio Pratagy nasce próximo da sede do município de Messias, a uma altitude de


aproximadamente 150 m, tendo 31,2 km de extensão. O seu escoamento se dá no sentido sudeste,
até sua confluência com o Oceano Atlântico. As declividades mais acentuadas ocorrem no trecho
inicial com um desnível de 100 m em seus 6 km iniciais.
Situação das Outorgas na Bacia Hidrográfica do Pratagy
De acordo com os dados levantados no cadastro da Diretoria de Gestão de Recursos Hídricos
da Secretaria Executiva de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Naturais do Estado de Alagoas -
SEMARHN, na bacia hidrográfica do rio Pratagy, existem apenas dois processos (Tabela 1) com
pedido de outorga. O primeiro já foi aprovado, com vazão de 0,50 m³/s, enquanto que o segundo
com valor de 3,60 m³/s se encontra em fase de análise.

Tabela 1 – Processos de outorgas com relação ao rio Pratagy.


Vazão
Nº do Data de Nome do Finalidade do Situação
requerida
processo entrada Manancial uso atual
(m³/s)
397/01 20/08/2001 Rio Pratagy Irrigação Outorgado 0,500
Abastecimento
596/01 24/09/2001 Rio Pratagy Em análise 3,600
humano

Processo de criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Pratagy


O rio Pratagy está inserido na Região Hidrográfica XIII – Pratagy (SEMARHN, 2002), cujo
comitê foi o segundo formado no Estado de Alagoas, com seu processo de mobilização iniciado em
julho de 2003. Em novembro de 2003 foi eleita a Comissão Provisória, através de Audiência
Pública que contou com a participação dos usuários de água da bacia, órgãos federais, estaduais e
municipais e ONG’s locais. Em maio de 2005, tomou posse a primeira diretoria do Comitê da
Região Hidrográfica Pratagy, tendo como Presidente a Dra. Rosângela Reis, professora da
Universidade Federal de Alagoas – UFAL.

Processo de Elaboração do Plano Diretor da Região Hidrográfica do Pratagy


A Região Hidrográfica Pratagy ainda não possui um Plano Diretor de Recursos Hídricos,
estando o mesmo em fase de contratação pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Recursos
Hídricos e Naturais – SEMARHN, com recursos do Banco Mundial, através do Convênio ANA nº
15/2001.

REGIÕES HIDROGRÁFICAS EM ANÁLISE

A escolha dos rios que fariam parte dessas analise seguiu os seguintes critérios:
Rios que fazem parte da Bacia do Atlântico Norte-Nordeste;
Rios que apresentassem, na região de sua bacia, semelhante regime Fluviométrico a
região da bacia hidrográfica do Rio Pratagy;
Rios cujas bacias hidrográficas estivessem, em parte ou em sua totalidade, presentes
no estado de Alagoas;
Rios que apresentassem no mínimo 10 anos de dados históricos confiáveis.

Depois de observadas essas condições chegou-se a uma lista com 06 rios que apresentaram a
seguinte seqüência de dados (Tabela 2).

Tabela 2 – Intervalos de dados Pluviométricos dos rios selecionados para análise.


Postos
Intervalo de Precipitação Postos
Rios Pluviométricos Intervalo de
Fluviométricos
dados média dados
(Código/Município) (Código/Município)

935055/Passo 39640000/Matriz de
Camaragibe 1956 – 1966 - 1979 – 2001
Camaragibe Camaragibe
936112/São José da 39720000/São José
Caruru 1991 – 2002 1.162 1991 - 2002
Laje da Laje
Coruripe 1036062/Coruripe 1990 – 2002 1.327 39980000/Coruripe 1978 - 2001
Jacuipe 835139/Jacuípe 1989 - 2002 1.546 39580000/Jacuípe 1989 – 1998
936114/Santana do
1991 – 2002 1.285
Mundaú
Mundaú 936113/União dos 39770000/Rio Largo 1974 - 2004
1991 – 2002 1.160
Palmares
935056/Rio Largo 1990 – 2002 1.548
935057/Marechal
1991 – 2002 1.697
Deodoro
Paraíba 936115/ 39870000/Atalaia 1978 - 2002
1991 – 2002 950
Quebrangulo
936111/Viçosa 1989 - 2002 1.191
Fonte: Agência Nacional de Águas

Dados Pluviométricos
Depois de colhidos e analisados, montou-se os gráficos a das figuras 2 a 7, que representam o
regime médio mensal de precipitações nos postos considerados nas análises.
260,0
250,0
240,0
230,0
220,0
210,0
200,0
190,0
180,0
170,0
160,0
150,0
140,0
(mm)

130,0
120,0
110,0
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0

o
o

o
iro

o
ril

o
o

to
ro

br

br

br
lh
nh

br
ç

ai
Ab

os
ei

re

ar

em

m
Ju
M

u
Ju
n

Ag
ve

ut
te

e
Ja

ov

ez
O
Fe

Se

D
(mês)

Figura 2 – Pluviometria média mensal no posto 935055 - Passo de Camaragibe.

Os dados do posto pluviométrico 935055 na cidade de Passo de Camaragibe, foram


desconsiderados na continuação deste trabalho, pois apresentaram inconsistências relacionadas à
sazonalidade da precipitação na região em estudo, conforme se observa nos demais postos
analisados.

210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
120,00
110,00
(mm)

100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
iro

o
o
iro

o
o

to

o
r il
ço

ho

br
br
ai

lh

br

br
os
Ab
re

ar
ne

Ju
M

em
m

em
tu
Ju

Ag
ve

M
Ja

te

Ou

ez
v
Fe

Se

No

(mês)

Figura 3 – Pluviometria média mensal no posto 936112 - São José da Laje.

A precipitação média mensal no posto 936112 localizado no município de São José da Laje,
que é margeada pelo o rio Caruru, tem seu valor máximo no mês de Julho com média de 202 mm, e
o seu mínimo no mês de Dezembro com média de 16 mm. A média anual das precipitações neste
posto é de 1.162 mm.

250,00
240,00
230,00
220,00
210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
(mm)

130,00
120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
ir o

o
iro

o
o
o

to

o
ril
ço

ho

br
br
ai

lh

br

br
os
Ab
re

ar
ne

Ju
M

em
m

em
tu
Ju

Ag
ve

M
Ja

te

Ou

ez
v
Fe

Se

No

D
(mês)

Figura 4 – Pluviometria média mensal no posto1036062 - Coruripe.

A precipitação média mensal no posto 1036062 localizado no município de Coruripe, que é


margeada pelo rio Coruripe, tem seu valor máximo no mês de Junho com média de 245 mm, e o seu
mínimo no mês de Dezembro com média de 29 mm. A média anual das precipitações neste posto é
de 1.327 mm.

285,00
270,00
255,00
240,00
225,00
210,00
195,00
180,00
165,00
150,00
(mm)

135,00
120,00
105,00
90,00
75,00
60,00
45,00
30,00
15,00
0,00
iro

o
o
ir o

o
o

to

o
r il
ço

ho

br
br
ai

lh

br

br
os
Ab
re

ar
ne

Ju
M

em
m

em
tu
Ju

Ag
ve

M
Ja

te

Ou

ez
v
Fe

Se

No

(mês)

Figura 5 – da Pluviometria média mensal no posto 835139 - Jacuípe.


A precipitação média mensal no posto 835139 localizado no município de Jacuípe, que é
margeada pelo rio Jacuípe, tem seu valor máximo no mês de Julho com média de 280 mm, e o seu
mínimo no mês de Dezembro com média de 38 mm. A média anual das precipitações neste posto é
de 1.546 mm.

230,00
220,00
210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
(mm)

120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00

o
o
iro

o
o
o
ril
iro

o
ço

br

br
br
nh

r
ai

lh
Ab

os

ub
re

ar
ne

em
Ju
M

em
Ju

Ag
ve

ut
te
Ja

ez
v
O
Fe

Se

No

D
(mês)

Figura 6 – Pluviometria média mensal nos postos 935056, 936114 e 936113 - Rio Largo, Santana
do Mundaú e União dos Palmares.

A média da precipitação média mensal nos postos 935056, 936114 e 936113 localizados,
respectivamente nos municípios de Rio Largo, Santana do Mundaú e União dos Palmares, que são
margeada pelo rio Mundaú, tem seu valor máximo no mês de Junho com média de 229 mm, e o seu
mínimo no mês de Dezembro com média de 20 mm. A média das médias anuais das precipitações
nestes postos é de 1.331 mm.
240,00
230,00
220,00
210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
(mm)

120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00

o
o

o
o
ril
iro

ro
ro

br

br
br
nh

t
lh
ç

ai
Ab

os
ei

ub
ne

ar

em
Ju
M

Ju
r

Ag
M

ut
ve

te

e
Ja

ez
ov
O
Se
Fe

D
(mês)

Figura 7 – Pluviometria média mensal nos postos 935057, 936111 e 936115 - Marechal Deodoro,
Quebrangulo e Viçosa.

A média da precipitação média mensal nos postos 935057, 936111 e 936115 localizados,
respectivamente, nos municípios de Marechal Deodoro, Viçosa e Quebrangulo, que são margeada
pelo rio Paraíba, tem seu valor máximo no mês de Junho com média de 238 mm, e o seu mínimo no
mês de Novembro com média de 29 mm. A média anual das precipitações nestes postos é de 1.279
mm.
A partir das figuras 3, 4, 5, 6 e 7 pode-se que as bacias dos rios em estudo apresentam uma
semelhanças no seu regime de precipitações, como por exemplo, os meses em que o volume de
água precipitado é maior são os de Junho, Julho e Agosto, já os meses em que esse volume é menor
são os de Novembro, Dezembro e Janeiro. A partir daí podemos supor que o regime de
precipitações na bacia hidrográfica do rio Pratagy é semelhante a este.

Dados Fluviométricos
Depois de colhidos os dados de vazões e após análise, foi possível traçar os gráficos
mostrados nas Figuras 8 e 9, que representam o regime de vazões médias mensais e de vazões
mensais dos rios selecionados. É possível observar a semelhança e regularidades das vazões.
85,00
80,00
75,00
70,00
65,00
60,00
55,00
50,00
45,00
(m³/s)

40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
(mês)

Rio Camaragibe Rio Caruru Rio Coruripe Rio Jacuípe Rio Mundaú Rio Paraíba

Figura 8 – Vazões médias mensais nos rios em estudo.

2 40,00
2 30,00
2 20,00
2 10,00
2 00,00
1 90,00
1 80,00
1 70,00
1 60,00
1 50,00
1 40,00
1 30,00
(m³/s)

1 20,00
1 10,00
1 00,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
197 3 1 975 1 976 19 78 1 980 1982 19 83 198 5 198 7 1 989 199 1 199 2 1 994 19 96 19 98 199 9 2 001 2 003 200 5
(an o)

R io C am arag ibe R io C aru ru R io C oruripe R io Jacuíp e R io M u ndaú R io P araíba

Figura 9 – Vazões mensais nos rios em estudo.

Os valores máximos de vazões na maioria dos rios estudados acontecem no mês de Julho,
com exceção do rio Caruru, que tem sua vazão máxima ocorrendo no mês de Junho, já quando se
observa as vazões mínimas, se constata que estas ocorrem entre os meses de Novembro e Janeiro.
Tal característica se explica porque como foi visto nas figuras 3 a 7 as maiores chuvas nas regiões
dessas bacias acontecem nos meses de Junho, Julho e Agosto, justamente a época das maiores
cheias neste rios. Já quando se trata de vazões mínimas acontece o mesmo fenômeno, os meses de
Novembro, Dezembro e Janeiro, que são meses de estiagem nas regiões das bacias, também são os
meses onde as vazões nos rios apresentam seus menores valores.
Assim como para as precipitações, observa-se que o rio Pratagy tem um comportamento em
ralação às vazões semelhante aos demais rios analisados, ou seja, maiores vazões nos meses de
Junho, Julho e Agosto e vazões baixas nos meses de Novembro, Dezembro e Janeiro.

ESTIMATIVA DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA NO RIO PRATAGY

É necessário salientar que apesar da grande importância que o rio Pratagy tem para os
municípios que estão contidos na área da bacia, principalmente o município de Maceió que tem
cerca de 60% de sua área dentro da bacia hidrográfica e que já utiliza as águas do Pratagy para
aumentar a oferta de água para sua população, existem pouquíssimos dados a respeito do rio e de
sua bacia hidrográfica.
Alguns trabalhos prévios foram realizados dentro da área de estudo, como mostra a tabela 3.

Tabela 3 - Trabalhos prévios relacionados à área de estudo, envolvendo a bacia hidrográfica


do Pratagy.
Estudo Ano Tipo Fonte
Estudos de Disponibilidades e Demandas Hídricas no rio
Relatórios de SEMARHN
Pratagy e Meirim 2002
Consultoria UEGP
SEMARHN / PROAGUA
Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do PMM
Litoral Norte de Maceió 2001 Relatório SEMPLA
PMM
Estudo sobre Gerenciamento dos Recursos Hídricos da
PMM
Cidade de Maceió – Alternativas Técnicas e Institucionais 1998 Relatório
SEMPLA
Convênio MMA/SRH/ABEAS/IPMA
Decreto que
IMA
Decreto n° 37.589 de 05 de junho de 1998. 1998 cria a APA
do Pratagy
Fonte: PROÁGUA/SEMARHN/AL

Neste estudo, visando a estimativa da disponibilidade hídrica, as vazões médias em cada posto
fluviométrico foram calculadas, e, a partir das séries históricas existentes, obteve-se a curva de
permanência para estes postos (figura 10). A partir da curva de permanência, determinou-se a Q90
para todos os postos. A tabela 4 apresenta os dados de vazão média e Q90 para os postos em análise.
Uma vez que não existem dados fluviométricos na bacia do rio Pratagy, as informações das
bacias em análise serão utilizadas para a determinação da disponibilidade hídrica no rio Pratagy.
1000,00

(m³/s) 100,00

10,00

1,00

0,10
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%
(%)

Rio Camaragibe Rio Caruru Rio Coruripe Rio Jacuípe Rio Mundaú Rio Paraíba

Figura 10 - Curva de Permanência dos rios selecionados.

Tabela 4 - Vazões Médias e Q90 dos rios selecionados.


Rio Vazões Médias (m³/s) Vazões Q90% (m³/s)
Camaragibe 17,272 4,715
Caruru 3,400 1,000
Coruripe 7,358 2,149
Jacuípe 14,081 5,120
Mundaú 33,701 8,195
Paraíba 25,758 4,990

Admensionalização das vazões pela área


Para a estimativa da disponibilidade hídrica no rio Pratagy, as vazões médias e a Q90 de todos
os postos em análise foram admensionalizadas pela área contribuinte a cada posto. Estas vazões são
apresentadas na tabela 5.
Tabela 5 - Admensionalização dos rios selecionados.
Área de Vazão Vazão Média/Área
Q90% Q90%/Área de
Rio drenagem Média de Drenagem
(m³/s) Drenagem(m³/s/km²)
(km²)* (m³/s) (m³/s/km)
Camaragibe 760,0 17,272 4,715 0,0227 0,0062
Caruru 1.083,0 3,400 1,000 0,0031 0,0009
Coruripe 1.380,0 7,358 2,149 0,0053 0,0015
Jacuípe 725,0 14,081 5,120 0,0194 0,0071
Mundaú 3.900,0 33,711 8,195 0,0086 0,0021
Paraíba 2.520,0 25,758 4,990 0,0102 0,0020
* Valores de áreas de drenagem medidos a partir dos postos de coleta de dados.

Estimativa das vazões de referência para a Bacia Hidrográfica do Pratagy


A disponibilidade hídrica do rio Pratagy estimada em função da vazão média e da vazão Q90,
consideradas como vazões de referência. Após a análise dos dados pluviométricos e fluviométricos
apresentados, decidiu-se estimar as vazões de referência do rio Pratagy tendo como base as
informações do rio Mundaú. Esta decisão foi tomada devido à proximidade das duas bacias
hidrográficas e da semelhança das suas características e comportamento hidrológico.
A determinação das vazões de referência seguiu o seguinte procedimento:
1. dividiu-se os valores das vazões médias e Q90% específicas pela precipitação média
anual da bacia;
2. multiplicou-se o resultado dessa operação pela precipitação média na área da bacia do
Pratagy, sendo encontrados os valores estimados das vazões médias e Q90% específicas
do Pratagy;
3. multiplicou-se esses valores pela área de drenagem da bacia do rio Pratagy, sendo
obtidas então as vazões de referência estimadas do rio Pratagy.

A precipitação média anual na área da bacia hidrográfica do rio Pratagy foi calculada
fazendo-se a média entre as precipitações médias anuais nos municípios de Maceió e Rio Largo que
englobam cerca de 70% da área total da bacia. Os dados a respeito das precipitações médias anuais
nos municípios de Maceió e Rio Largo foram extraídos do estudo sobre “Potencialidades dos
Recursos Hídricos das Bacias dos Rios Pratagy e Meirim”, realizado por Carvalho (2001).

Os resultados obtidos para estas análises são apresentados a seguir:


q1/P1 = q2/P2 (1)
q – Vazão Específicas(m³/s/km²)
P – Precipitação Média Anual (mm)
• Vazões Médias Específicas:
qMundaú/PMundaú = qPratagy/PPratagy
0,0086/1.331 = qPratagy/1.553
qPratagy = 0,0100 m³/s/km²
• Q90% Específicas
qMundaú/PMundaú = qPratagy/PPratagy
0,0021/1.331 = qPratagy/1.553
qPratagy = 0,0025 m³/s/km²
Q = q*Ad (2)
Q – Vazão(m³/s)
Ad – Área de Drenagem(km2)
• Vazões Médias
Qpratagy = qPratagy*Ad Pratagy
Qpratagy = 0,0100*133,7
QPratagy = 1,337 m³/s
• Q90%
Qpratagy = qPratagy*Ad Pratagy
Qpratagy = 0,0021*133,7
QPratagy = 0,281 m³/s

DEMANDAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO PRATAGY

Segundo Carvalho (2002), a demanda total para a área da bacia hidrográfica do Rio Pratagy é
de cerca de 3,596 m³/s, e que destes são efetivamente consumidos cerca de 0,761 m³/s. A Tabela 6
mostra cada tipo de uso e sua respectiva demanda e consumo.

Quadro 6 - Demandas e Consumos no rio Pratagy.


Tipo de uso Demanda (m³/s)3 Consumo (m³/s)4
Abastecimento humano 0,559 0,001

3
Segundo Carvalho(2002) a demanda é a quantidade de água que é requerida para atender as necessidades de uma
determinada atividade, incluindo perdas e desperdícios.
4
Segundo Carvalho(2002) consumo é a parte da demanda que é efetivamente utilizada na atividade.
Dessedentação de animais 0,001 0,0008
Irrigação 3,036 0,759
Total 3,596 0,761

A partir do levantamento de dados coletados na SEMARHN (2005), foi constatado que estão
cadastrados no setor de Outorgas de Direito de Uso da Água, dois pedidos de outorga, que totalizam
uma demanda hídrica de 4,10 m3/s, sendo 0,50 m3/s para irrigação (já outorgado) e 3,60 m3/s para
abastecimento humano (em análise). Porém, podemos observar que estes valores não coincidem
com os valores de demanda hídrica apresentados nos estudos de disponibilidade e demanda hídrica
da bacia do rio Pratagy, realizados por Carvalho (2002).
Adotaremos como demanda para fins de planejamento na bacia do rio Pratagy, a solicitada à
SEMARHN, a partir dos pleitos de pedido de outorga, ou seja, 4,10 m3/s, e como demanda atual a
estimada por Carvalho (2002), igual a 0,761 m3/s.

ESTIMATIVA PRELIMINAR DO BALANÇO HÍDRICO (DISPONIBILIDADE X


DEMANDA)

A partir dos valores estimados de disponibilidade hídrica e as demandas identificadas a partir


dos pleitos dos processos de outorga de direito de uso da água, levantados nos cadastrados coletados
na SEMARHN e dos estudos de Carvalho (2002), é apresentado na tabela 7 o balanço hídrico,
levando-se em conta as atuais retiradas na bacia do rio Pratagy, e na tabela 8, o balanço hídrico,
levando-se em conta os pleitos de pedido de outorgas ainda não aprovados pela SEMARHN.
A disponibilidade hídrica foi considerada como 90% da vazão média, considerando a
possibilidade de regularização das vazões no rio Pratagy.

Tabela 7 – Balanço Hídrico utilizando a Vazão Q90%, para a demanda atual.


Balanço
Disponibilidade(m3/s) Consumo Atual (m3/s)
Bacia Hidrográfica Hídrico(m³/s)
(A)(90% da vazão média) (B)
(A) – (B)
Rio Pratagi (na Foz) 1,203 0,761 0,442

Tabela 8 – Balanço Hídrico utilizando a Vazão Q90%, para a demanda prevista para fins de
outorga de direito de uso da água.
Disponibilidade (m3/s) Demanda Prevista (m3/s) Balanço Hídrico
Bacia Hidrográfica
(A) (B) (A) – (B)
Rio Pratagi (na Foz) 1,203 4,100 (2,897)
De acordo com a tabela 7 foi verificado que atualmente são consumidos 63,26% da vazão que
o rio pode vir a disponibilizar caso as vazões do mesmo sejam regularizadas, mas já quando se
analisa os dados presentes na tabela 8 constata-se que futuramente, com o aumento da demanda,
esta ultrapassará a oferta hídrica do rio em cerca de 340,81%.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A partir dos estudos de regionalização de vazões, foi possível transportar dados de


precipitações e vazões da bacia do rio Mundaú, que apresenta características fisiográficas
semelhantes às da bacia do rio Pratagy, estimando-se as vazões de referência para fins de outorga e
de gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica.
Com as vazões na foz estimadas, e com as demandas hídricas calculadas (atuais e potenciais),
se estabeleceu a correlação entre disponibilidade e demanda, fechando o balanço hídrico, apontando
para um déficit hídrico para a bacia com relação às demandas futuras. Esta informação é de grande
importância para a gestão dos recursos hídricos na bacia, pois aponta para a possibilidade de se
conceder ou não, uma outorga de direito de uso dos recursos hídricos. Este estudo permite também,
que o gestor público analise a hipótese de intervenções com barramentos que visem a otimização no
uso da água na bacia. Além do balanço hídrico entre as demandas (atual e futura) e a oferta, deve-se
também levar em consideração, no gerenciamento dos recursos hídricos da bacia do rio Pratagy, a
vazão ecológica, que é a vazão que garante a vida e as atividades de turismo e lazer a jusante dos
pontos de captação do rio.
Observa-se também que a carência de dados na bacia conduz a incertezas nas estimativas
efetuadas, visto que, por mais semelhança que existam entre bacias, são os dados coletados dentro
da mesma que garantem a confiabilidade das informações geradas, que sejam elas precipitações ou
vazões. Da mesma forma, um maior detalhamento na estimativa das precipitações médias podem
conduzir a resultados mais confiáveis em relação à regionalização.

AGRADECIMENTOS

Externamos nossa gratidão, aos nossos professores doutores nas suas respectivas cadeiras de
atuação: Cleuda Custodio Freire, Nelia Henriques Callado e Rosangela Sampaio Reis.
BIBLIOGRAFIA

AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS (2005). Site oficial: www.ana.gov.br


CARVALHO, G. S. (2002). Estudo sobre a Demanda de Recursos Hídricos nas Bacias
Hidrográficas dos Rios Prataji e Meirim. Maceió-AL, 20 p.
CARVALHO, G. S. (2001). Estudo sobre a Potencialidade dos Recursos Hídricos das Bacias
Hidrográficas dos Rios Prataji e Meirim. Maceió-AL, 49 p.
SECRETARIA EXECUTIVA DE MEIO AMBIENTE, RECURSOS HÍDRICOS E NATURAIS
DO ESTADO DE ALAGOAS - SEMARHN (2002). Base Cartográfica Digital e Zoneamento
para Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Estado de Alagoas. Maceió-AL.
SECRETARIA EXECUTIVA DE MEIO AMBIENTE, RECURSOS HÍDRICOS E NATURAIS
DO ESTADO DE ALAGOAS - SEMARHN (2005). Cadastro Geral de Pedidos de Outorga
de Direito de Uso dos Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos. Maceió-AL
TUCCI, C.E. (2002). Regionalização de Vazões. Porto Alegre-RS, 256 p.
TUCCI, C.E. (2001). Hidrologia – Ciência e Aplicação. Porto Alegre-RS, 493 p.

Você também pode gostar