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net/publication/301794435
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All content following this page was uploaded by Camila C Verbicaro on 03 May 2016.
Abstract
Nature plays an essential role in the mankind existence, since its basic needs come
from natural resources. In this context, this article presents the participatory mapping
as a methodology, which can be extremely considerable when generating quickly
and efficiently georeferenced information regarding location and uses of natural
resources by local populations. The use of a geographyc information system allows
the planner to map, analyze and readily present the information generated by means
of participatory diagnosis. Moreover, the graphic language of maps standardizes, and
consequently enhances, the communication between technicians and dwellers.
Mapping these areas becomes important for daily management, ever since they may
specifically provide a better understanding1 of two palms distribution over twenty
years, the Açaí palm (Euterpe oleracea palm.) and the Miriti palm (Mauritia flexuosa
palm.), which are found as critical resources for the Community of Tauerá de Beja,
Abaetetuba/PA.
1
Aluna do programa de Pós-graduação em Geografia, Universidade Federal do Pará.
² Professo do programa de Pós-graduação em Geografia , Universidade Federal do Pará.
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
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1- INTRODUÇÃO
Um dos maiores problemas e desafios ambientais do século 21 é a
degradação de recursos naturais. O debate sobre crescimento econômico e
degradação dos recursos naturais abrange a questão do gerenciamento de estoques
desses recursos, essa questão permite iluminar a reflexão atual sobre a
complexidade envolvida nas relações de interdependência entre produção social e
reprodução ecológica.
Para garantir a manutenção da vida no planeta deve-se produzir com
sustentabilidade, manejando o ambiente com planejamento e racionalidade. O
planejamento adequado das áreas de desenvolvimento econômico deve ser
considerado ação prioritária para assegurar a proteção dos recursos naturais, o
equilíbrio natural e a produtividade das terras. Neste sentido, há necessidade de
informações sobre os principais recursos disponíveis e a criação de tecnologia que
permitam explorá-los de maneira adequada sem causar degradação ambiental,
gerando emprego e renda para as populações locais.
Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi elaborar uma cartografia do açaí e
do miriti. Também foi mapeada a pressão antrópica que estes recursos sofreram ao
longo de 20 anos. Este mapeamento foi elaborado a partir da percepção moradores
da comunidade de Tauerá de Beja localizados no município de Abaetetuba/PA. O
intuito desse trabalho foi de contribuir com o manejo desses recursos, seu
planejamento racional dentro de uma lógica sustentável, para que a comunidade
possa usar os recursos de maneira sustentável, com rentabilidade e aproveitando
oportunidades de mercado.
2- MATERIAIS E MÉTODOS
A comunidade em estudo, pertence ao município de Abaetetuba e está
localizada (a 1°39'30,129"S 48°51'7,903"W e 1°42'10,386"S 48°49'38,967"W), a uma
distância aproximada de 7 km da sede do municipal (figura 1). Esta comunidade é
fronteiriça as comunidades do Rio Guajará de Beja a nordeste, a comunidade do
Maranhão a sudeste, a comunidade do API a sul e com a comunidade de
Tauerazinho a oeste.
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Sempre que o alvo de interesse fosse alterado, o papel vidro era substituído por um
novo, evitando desta maneira perda de informações.
Dando procedimento ao processo de mapeamento dos principais Recursos
Naturais, foram delimitados os limites da comunidade de Tauerá de Beja a partir da
percepção dos presentes. Uma vez delimitada a área que corresponde a
comunidade em estudo, partiu-se para a delimitação da área de Várzea e Terra-
firme. Em seguida, segundo a visão dos moradores, traçou-se o espaço denominado
de Área Coletiva, vale ressaltar que essa área coletiva é resultado da organização
de alguns moradores locais que ao perceber a intensificação da pecuária na região,
as terras das proximidades estavam sendo adquiridas por fazendeiros, com o medo
de terem a sua terra vendida, por falta de regularização, os moradores elegeram um
representante e buscaram a regularização da terra que a muito tempo já usavam,
que é predominantemente de terra-firme com uma extensão de 81ha, sendo apenas
estabelecida com um título no nome do morador que foi eleito como representante
da comunidade seu Sebastião Costa, aproximadamente 30 famílias moram dentro
dessa área, as outras famílias que não moram dentro da área coletiva possuem
pequenas roças para o cultivo.
Delimitada as áreas de várzea, terra-firme e área coletiva, partiu-se para o
mapeamento dos principais recursos naturais, tais como açaí e miriti, tendo em vista
a importância de registrar a espacialidade destes recursos dentro dos limites da
comunidade de acordo com a percepção dos moradores. Foi definida uma
simbologia no momento do mapeamento para identificar e diferenciar áreas de
ocorrência das palmeiras, gerando assim um mapa da distribuição delas na
comunidade.
Além de mapear a distribuição das palmeiras no ano de 2008 foi preciso
resgatar informações pretéritas, partindo de relatos dos moradores para mapear as
áreas de açaizeiros e miritizeiros no decorres de 10 e 20 anos atrás. Em conjunto
com a comunidade e embasados na lembrança e percepção espacial da mesma,
iniciou-se o mapeamento dos recursos de 10 anos atrás. Relatou-se que somente
um morador possuía área considerável para produção de açaí e que os miritizeiros
eram mais presentes; é nesse contexto que se criou a representação cartográfica da
distribuição espacial do açaí e miriti há 10 anos atrás, a partir das narrativas e da
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Santos (1988) nos fala que os Geógrafos não podem existir senão numa
sociedade dotada de um senso geográfico, esse senso geográfico nos remete a
pensar na percepção espacial, para avaliar essa percepção esse trabalho utilizará
como proposta metodológica o mapeamento participativo que segundo Mwanundu
(2009) argumenta que o mapeamento participativo fornece uma representação
visual valiosa do que uma comunidade percebe como o seu lugar e as
características significativas dentro do mesmo, essas características incluem
representações dos traços físicos naturais, assim como traços socioculturais
conhecidos pela própria comunidade. Mapas são mais do que pedaços de papel.
São histórias, conversas, vidas e canções que ocorrem em um lugar, sendo
inseparáveis do contexto político e cultural no qual são utilizados (Warren, 2004).
O supracitado detém profunda relação com a Geografia Humanística, pois a
mesma, procura um entendimento do mundo humano, através dos estudos das
relações das pessoas com a natureza, do seu comportamento geográfico bem como
seus sentimentos e ideais a respeito do espaço e do lugar (TUAN 1985) e numa
atitude diferente, centraliza no homem, enquanto ser pensante, numa importância
vital, visando a compreender e interpretar os seus sentimentos e entendimentos do
espaço e até mesmo, como simbologia e o significado dos lugares que podem afetar
sua organização espacial. A realidade visível é uma visão do conjunto percebida a
partir do espaço circundante. Não tem, assim, uma existência própria, em si. Ela
existe a partir do sujeito que a apreende: cada pessoa a vê diferentemente de outra,
não só em função do direcionamento de sua observação, como também em termos
de seus interesses individuais (TUAN, 1985).
Segundo Gallais (1977) a análise do espaço vivido é um trabalho difícil, mas
indispensável para chegar a geografia verdadeiramente humana e compreender as
possibilidades de aceitação de qualquer proposta de mudança. É nessa perspectiva
humanista da geografia que se abre esta discussão, que está em busca de valorizar
os mundos particulares de cada indivíduo, relacionando-se com a esfera de mundo-
vivido e seu recorte em espaço vivido. A fenomenologia surge como abordagem
capaz de permear a complexidade do mundo vivido sem destruir seus significados.
Para Mwanundu (2009) o mapeamento participativo é a criação de mapas
pela comunidade local – em muitos casos envolvendo organizações de suporte
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Observa-se nos mapas acima que a presença das áreas de açaí aumentou
consideravelmente de 1988 a 2008, isso se deve ao processo de mudança da
importância do açaí para a renda familiar das pessoas que vivem na comunidade,
além de se tornar um dos principais recursos que compõe a cobertura vegetal de
Tauerá de Beja, em comparação com uma menor incidência de 20 anos atrás, afinal
nesse período o açaí era produzido em maior parte para a subsistência. Com uma
valorização do produto no mercado nacional e internacional no decorrer dos anos, a
produção do fruto vem crescendo desde os anos 90 até os dias atuais.
No caso do Miriti, apesar de ser uma vegetação resistente e que na várzea se
reproduzem facilmente, observou-se que os miritizeiros têm diminuído
continuamente no decorrer dos anos, isso se deve ao processo de “boom” do açaí, e
da falta de conhecimento da importância dessa espécie nesse ecossistema. Alguns
moradores reportam, que quando fazem manejo da floresta, principalmente para a
produção de açaí, deixam apenas os miritizeiros fêmea, com a explicação que são
elas que produzem os frutos, os machos são retirados na hora do manejo junto com
as outras espécies que são competidores do açaizeiro, pois segundo as famílias que
moram na região, o açaizeiro para ser produtivo precisa de luz, logo retiram as
árvores que impedem a entrada de luz no açaizal, isso inclui os miritizeiros machos.
Um dos problemas nessa lógica é que, ao retirar os miritizeiros machos, com o
argumento de que os mesmos não oferecem frutos, os moradores não sabem que a
fêmea para produzir os frutos precisa ter miritizeiros machos próximos, para ocorrer
o processo de polinização. De certa forma, isso representa mais uma ameaça à
persistência da espécie de miriti.
É nesse contexto que as áreas cartografadas servirão eficazmente como
embasamento de informações relacionadas aos principais recursos naturais para a
comunidade de Tauerá de Beja, fazendo com que estas possam ser utilizadas para
um planejamento participativo local, gerenciando ações entre os atores de tomada
de decisão e os facilitadores com o objetivo de atender as necessidades levantadas
e fazer o acompanhamento de medidas corretivas dentro da comunidade.
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse trabalho podemos perceber a importância da realização do
mapeamento participativo para a construção de uma análise espacial e temporal dos
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5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARNS, J F. Gestão Territorial Participativa. Tese defendida no Programa de Pós-graduação
em Engenharia de Produção, UFSC, 2003.
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