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Grafias

DO ESPAÇO
imagens da educação geográfica contemporânea

Valéria Cazetta & Wenceslao M. de Oliveira Jr | orgs.


DIRETOR GERAL
Wilon Mazalla Jr.
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Willian F. Mighton
COORDENAÇÃO DE REVISÃO E COPYDESK
Alice A. Gomes
REVISÃO DE TEXTOS
Bruna Oliveira Gonçalves
Paola Maria Felipe dos Anjos
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Fabio Diego da Silva
Tatiane de Lima
CAPA
Paloma Leslie
IMAGEM DE CAPA
Cena do filme ‘As Vilas Volantes – o verbo contra o vento’

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Grafias do espaço : imagens da educação


geográfica contemporânea / Valéria Cazetta &
Wenceslao M. de Oliveira Jr., orgs.. --
Campinas, SP : Editora Alínea, 2013.
Vários autores.
Bibliografia.
1. Cartografia 2. Educação visual 3. Geografia -
Estudo e ensino 4. Imagens 5. Linguagem
cartográfica 6. Prática de ensino I. Cazetta,
Valéria. II. Oliveira Júnior, Wenceslao M. de.

12-14717 CDD-910.7
Índices para Catálogo Sistemático
1. Educação pela imagens e suas geografias :
Educação geográfica 910.7
ISBN 978-85-7516-596-6

Todos os direitos reservados à

Editora Alínea
Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campinas-SP
CEP 13023-191 - PABX: (19) 3232.9340 e 3232.0047
www.atomoealinea.com.br

Impresso no Brasil
Capítulo 3
Política e Potência das
Imagens Cartográficas na Geografia
Gisele Girardi1

1. Introdução
O tema “Política e potência das imagens cartográficas na
geografia”2 é bastante amplo e permite múltiplas entradas (e também
múltiplas saídas). Temos como horizonte buscar compreender como
as imagens cartográficas realizam sua política, ou seja, como agem no
mundo e criam, assim, geografias.
O foco escolhido para análise é um dos campos de efetivação
dessa política, que é o âmbito do conhecimento geográfico formal, isto é,
a abordagem de tais imagens nos processos de produção de saberes com
fundamentos geográficos no ambiente formativo e seus desdobramentos.

1. Ao meu pai, Irineu Girardi, cuja presença, ausência e memória atravessaram a produção
deste texto.
2. Política das Imagens foi o tema proposto para a mesa-redonda no II Colóquio
Internacional Educação pelas imagens e suas Geografias (São Paulo, 2011) e Potência
das imagens cartográficas na Geografia foi o enfoque escolhido para debater sobre o
tema.
70 Gisele Girardi

Tem-se como base, portanto, uma perspectiva de Cartografia Geográfica,


campo que se encontra em processo de consolidação, de discussão e de
sistematização e tem nos lançado mais para questões epistemológicas
que técnicas, o que nos leva à busca pela requalificação do conteúdo
da(s) disciplina(s) “Cartografia” nos arranjos curriculares da formação
em Geografia: o momento formativo privilegiado para discutirem-se
as potencialidades e os limites da produção cartográfica nos fazeres
geográficos (Girardi, 2003).
Desse ponto de vista é que serão apontados alguns caminhos
possíveis de potencialização das imagens cartográficas na Geografia,
com amparos no campo da Cartografia Crítica (Crampton; Krygier,
2006; Kitchin; Perkins; Dodge, 2009) e em obras de Deleuze e Guattari
(1995, 1997), que provocam ao se apropriarem do termo cartografia
para filosofar, ao transformarem a própria cartografia em conceito,
em método e, ao mesmo tempo, nos convidarem para outros olhares
acerca desta técnica. É dessa matriz que tomamos os termos “território”,
“devir minoritário” e “linhas de fuga”, oportunamente trabalhados, para
alinhavar o que se pretende por em discussão.
A argumentação organiza-se em dois grandes blocos. No primeiro,
denominado “Cartografia na Geografia: território em desfazimento”,
busca-se delinear ganhos e perdas de potência das imagens cartográficas
na Geografia, tendo como suporte processos históricos que envolveram
a disciplina. A análise recai no modo pelo qual tais processos se
desdobram na constituição de novos territórios e os mecanismos que
levam à permanência de políticas espaciais conservadoras, com ênfase
na ideia de representação. No segundo bloco, denominado “Linhas de
fuga: potências para a Cartografia Geográfica”, serão apontadas algumas
possibilidades do devir minoritário da cartografia na Geografia.

2. Cartografia na Geografia: território em desfazimento


Fazer mapas é uma prática humana e política, desde sua origem
na história da humanidade. No entanto, parte-se, aqui, de uma aborda­
gem histórica recente, coincidente com o período no qual há significativo
Política e Potência das Imagens Cartográficas na Geografia 71

aumento da produção e disseminação de imagens cartográficas, o que


responde, em grande medida, à aceleração do mundo ocidental. O foco
são as maneiras pelas quais as imagens cartográficas foram constituídas
e constituíram mundos, num movimento de aumento e diminuição de
potência, variando conforme o contexto mais amplo na sociedade e,
particularmente, no âmbito da ciência geográfica.
O marco de referência inicial tomado é o pós Segunda Guerra
Mundial, porque, naquele contexto, haveria um adensamento de elementos
que nos permite pensar a potência da imagem cartográfica. Petchenik
(1983) situa, nesse contexto, a emergência dos mapas de pequena escala
para propósitos especiais, os cartogramas, mapas temáticos e sua linguagem
visual, voltados a instrumentalizar tomadas de decisão rápidas. Segundo
a autora, tais produtos nascem da conjunção entre a existência de bases
cartográficas (cartas topográficas) advindas do avanço técnico dos meios
de levantamento, especialmente fotografias aéreas, e a disponibilidade de
dados censitários e de levantamentos de recursos naturais. São as mesmas
bases sobre as quais Hartshorne (1969) assenta sua ideia de uma geografia
nomotética. Nessa conjuntura que podemos compreender a obra de Bertin
(1967) e sua defesa da monossemia da imagem cartográfica.
Essas produções foram gestadas no âmbito de uma atividade
planejadora/estratégica de territórios, o que, por muito tempo, foi uma
via relevante de engajamento social do geógrafo. Como nos explica
Moraes (1997), o planejamento era uma nova função posta para as
ciências humanas pelas classes dominantes e um instrumento de domi­
nação a serviço do Estado burguês. No momento em que se valoriza esse
instrumento, abre-se campo de trabalho para os geógrafos – e muitos vão
lidar com a produção de mapas temáticos.
Tais referências são tomadas como indicadores relevantes para
compreender o enraizamento dessa perspectiva no aprendizado do que
é “cartografia” nos cursos de formação em Geografia no Brasil, que até
hoje persiste – ainda que em crise – nas estruturas curriculares.
Também marca o referido período o descolamento institucional da
Geografia e da Cartografia que tem, de um lado, a crise paradigmática da
Geografia e, de outro, um campo amplo de possibilidades tecnológicas
multidisciplinares e, ao mesmo tempo, corporativas. Ressalta-se que o
72 Gisele Girardi

incremento técnico-tecnológico também se amplia e aprofunda-se nesse


período, fruto, em primeira instância, da Guerra Fria. Multiplicam-se
as especialidades tecnológicas, universo do qual a Geografia participa
muito timidamente.
Há, nesse momento, conforme aponta Lukinbeal (2010), um
regime escópico para a Cartografia já estabelecido desde a Renascença:
o projecionismo e sua ortogonalidade, articulado com a escala (e com
o sistema métrico decimal), constituindo um modo “natural” do olhar
cartográfico.
Esse conjunto de fatores implicaram num ganho de potência
política das imagens cartográficas no mundo ocidental capitalista
e, simultaneamente, em uma perda de potência de tais imagens na
Geografia. Em outras palavras, há um ganho técnico e uma concomitante
perda epistemológica. São duas faces de um mesmo processo político
espacial. É com esse pano de fundo que se compõe o que, aqui, chamamos
de território da cartografia geográfica brasileira até os anos 70 e 80.
Trazemos, ainda, a ideia de território de Deleuze e Guattari como conjunto
de referências relativamente estáveis, com contornos definidos (ainda que
flexíveis), por meio do qual é possível se reconhecer e se mover com
segurança. Um espaço para se mover, conforme Rolnik (2007).
O território estável, com contornos definidos, que foi a Cartografia
para a Geografia no passado, está em processo de desfazimento. Os
rompimentos dos limites desse território foram sendo promovidos por
vários fatores: os desdobramentos institucionais, políticos e episte­
mológicos do movimento de renovação da Geografia, a introdução das
geotecnologias em vários âmbitos da vida social e as implicações disso
no mercado e na profissão; as mudanças nas políticas educacionais,
inicialmente com a universalização do ensino básico (Lei 5.692/71) e,
posteriormente, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN 9.394/96).
Assim, na virada do século XX para o século XXI, nós, pes­
quisadores da Cartografia na Geografia, habitávamos esse território
em desfazimento pelos fatores institucionais, políticos, ideológicos e
epistemológicos mencionados. Obviamente, tal desterritorialização só
faz sentido se mirada no interior das estruturas de ensino e pesquisa da
Política e Potência das Imagens Cartográficas na Geografia 73

própria Geografia. Fora dela, como dizem Crampton e Krigyer (2006), a


Cartografia é um riquíssimo campo indisciplinado e, ao mesmo tempo,
transdisciplinar.
A indisciplina a que os autores se referem se ancora na emergência
de práticas imaginativas de mapeamento, ou seja, de usos sociais do mapa
em várias esferas da vida e na crítica à política do mapeamento, como, por
exemplo, os mecanismos de controle das informações e os paradigmas
com base nos quais os mapas são construídos. A transdisciplinaridade
desdobra-se, basicamente, do processo de disseminação de práticas
carto­gráficas em várias áreas do conhecimento científico pela facilidade
de acesso a dados e a aplicativos computacionais e traduz-se no desen­
volvimento de capacidades de mapeamento cada vez mais onipresentes e
móveis (Crampton; Krigyer, 2006, p. 15).
Duas vias de revalorização (duas reterritorializações principais)
da Cartografia na Geografia eram apontadas na virada do século: o
ensino de geografia, desdobrado na Cartografia Escolar e a aplicação
das geotecnologias (na pesquisa, no ensino e nas atividades técnicas)
(Girardi, 2003). Tais vias são confirmadas na atualidade com base na
análise dos grupos de pesquisa em cartografia na Geografia no Brasil3
(Girardi, 2011), cujos resultados parciais se encontram na Tabela 1.

Tabela 1. Grupos de Pesquisa CNPq que lidam com a cartografia na Geografia


em relação ao universo dos Grupos de Pesquisa em Geografia.
% de Grupos de
Grupos de Pesquisa Número de Grupos
Pesquisa em
em Geografia de Pesquisa em
Área Geografia que
registrados no Geografia que lidam
lidam com
CNPq com Cartografia*
Cartografia
Educação 32 5 16
Geociências 33 27 82
Geografia 189 47 25
Total 254 79 31
* Levando-se em consideração as palavras-chave, os objetivos e os produtos dos Grupos de Pesquisa.
Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional). Acesso em
abril de 2011. Dados coletados e organizados por Girardi, 2011.

3. Levantamento realizado em abril de 2011 para composição de um estado-da-arte da


cartografia na geografia brasileira, apresentada no IX Enanpege (Encontro Nacional
da Associação de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia) e publicado na revista da
Anpege (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia).
74 Gisele Girardi

É importante que se tenha cautela e que se tomem esses dados


como indícios e não como definitivos em relação às áreas. É histórica
a luta da área de Geografia para ajustes nas estruturas do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é
incorreto, por exemplo, afirmar que, hoje, todos os grupos de pesquisa
cuja ênfase é Geografia Física se concentram na área de Geociências.
Contudo, a análise pormenorizada das informações revela, ainda, essa
tendência.
Com fundamento na análise do modo de condução das pesquisas
identificadas nesses levantamentos, podemos sintetizar um quadro
geral da problemática da cartografia na geografia, colada com as várias
noções de espacialidade presentes na área, atualmente. A diferença
de encaminhamentos entre as áreas clássicas “Geografia Física” e
“Geografia Humana”, por esse olhar, se intensificam (Figura 1).

Produção
cartográfica

Dissenção Acoplamento

noções de espaço sincronia


relativo ou de coerente em
espaço como Estudos de que os fenômenos
simultaneidade geografia naturais de
dinâmica modo geral
“humana” “física” são abordados

Espaço cartesiano
modo clássico da
espacialidade cartográfica

Figura 1. Espacialidades da Geografia e sua relação com a espacialidade


cartesiana da Cartografia.4

4. Diagrama originalmente produzido para apresentação na mesa-redonda “Representações


espaciais: em busca de um caminho”, no XIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física
Aplicada, realizado no período de 06 a 10 de Julho de 2009, na Universidade Federal de
Viçosa-MG.
Política e Potência das Imagens Cartográficas na Geografia 75

É possível entender os ganhos e perdas de potência das imagens


cartográficas nas diferentes vias de efetivação dos estudos geográficos,
o que configura resistências a novas abordagens [em que o acoplamento
já está dado (e funciona)] e desafios (nos quais a dissensão está posta). A
ideia de representação (de mapa como representação do espaço) nisso se
evidencia, questão a que nos ateremos brevemente.
A expressão “representar o espaço”, na Geografia, é comumente
utilizada como sinônimo de “mapear”. Os mais rigorosos usam o termo
“representar cartograficamente o espaço” quando se referem à construção
de mapas, evidenciando ser esse o processo de uma das linguagens de
que a Geografia se apropria. Esse, particularmente, é um discurso muito
forte no âmbito do ensino da Geografia. Nos Parâmetros Curriculares
Nacionais de Geografia para as séries iniciais, por exemplo, o título “A
representação do espaço no estudo da Geografia” é dado a um texto que
aborda, eminentemente, a linguagem cartográfica.
O uso genérico do termo representação na Geografia carece de
aprofundamento na reflexão em virtude de sua característica polissêmica.
Vai da ideia de representação como substituta da realidade, passa pela
ideia de representação como evocação mimética da realidade e chega no
outro extremo à negação da possibilidade de representação, indicando
ser apropriado falar de apresentação, pois as coisas não existiriam por
si mesmas, mas somente a partir de um sujeito que lhes desse existência
pela sua observação, pelo seu pensamento, pela sua descrição.
Essas ideias são discutidas em outras áreas do conhecimento,
como na Semiótica (nos estudos de Winfried Nöth e Lúcia Santaella), na
Ciência da Cognição (nos estudos de Humberto Maturana e Francisco J.
Varela) e na Filosofia (nas obras de Maurice Merleau-Ponty, de Jacques
Derrida e de Michel Foucault), somente para citar algumas áreas e alguns
autores que se debruçaram sobre a temática.
Na produção geográfica são encontradas indicações sobre várias
dessas concepções, interessando, aqui, a possibilidade de a cartografia
ser uma representação do espaço. Nos estudos de “geografia humana” as
noções de espaço relativo ou de espaço como simultaneidade dinâmica
(Massey, 2008) rompem com o espaço cartesiano, que é o modo clássico
da espacialidade cartográfica. Esse mesmo espaço cartesiano, por outro
76 Gisele Girardi

lado, é confortável aos estudos da geografia física, por conta da sincronia


coerente em que os fenômenos naturais, de modo geral, se manifestam.
Há uma longa tradição na cartografia em fazer corresponder o
espaço terrestre com o espaço do mapa, desde, pelo menos, Robinson e
Petchenik, que em seu livro The nature of maps, de 1952, afirmavam que
o mapa seria o único sistema que, inerentemente, expressa o conceito
“onde” e “usa espaço para representar espaço”. Esse foi um paradigma
para a Geocartografia até que o segundo “espaço” da expressão foi
colocado em cheque pela ciência geográfica e, com ele, a sua possibilidade
de representação.
Discussões e problematizações sobre mapas enquanto repre­
sentações já estiveram presentes em vários eventos, especialmente
naqueles dedicados à cartografia no ensino da Geografia. São
significativos os trabalhos de Tomoko Paganelli, no Primeiro Colóquio
de Cartografia para Crianças (Rio Claro, 1995), de Ângela Katuta, no I
Simpósio Íbero-americano de Cartografia para Criança (Rio de Janeiro,
2002) e de Wenceslao Machado de Oliveira Júnior, no VI Colóquio de
Cartografia para Crianças e Escolares e II Fórum Latino-americano de
Cartografia para Escolares (Juiz de Fora, 2009).
Paganelli (1995) apontou, naquele momento, o risco de a
cartografia infantil sobre os lugares, a título de educação geográfica,
transformar-se num primeiro instrumento de alienação da criança em
relação ao espaço, processo causado quando a realidade é substituída
pela representação. A autora buscou articular a teoria de construção da
noção de espaço na criança de Jean Piaget aos termos da tríade conceitual
que propõe Henri Lefebvre para a compreensão da produção do espaço.
Espaço de representação é um desses termos que se refere ao vivido (o
espaço produzido e modificado no tempo, por meio do uso, carregado
de símbolos e significados, o espaço real e imaginado); representação
do espaço é outro termo e refere-se ao concebido (o espaço planejado,
burocrático, abstrato e representado em mapas); o terceiro termo é a
prática espacial, referente ao percebido (o espaço real, usado).
A menção a este trabalho é relevante, pois há certa recorrência
em se utilizarem argumentos e práticas da construção da noção do
espaço na criança (referencial piagetiano) como se fossem a mesma
Política e Potência das Imagens Cartográficas na Geografia 77

coisa que a produção cartográfica pela criança enquanto procedimento


de compreensão geográfica. Ao fazer isso, a autora evidencia a distinção
entre o espaço como noção e o espaço como categoria. Sem dúvida, há
intersecções importantes entre ambos, mas, ao que parece, somente a
primeira tem merecido atenção dos pesquisadores da cartografia escolar
e, nesse caminho, a alfabetização cartográfica enquanto aquisição de
habilidades de elaboração de mapas, como conteúdo separado dos demais
conteúdos geográficos, pode caminhar para o que a autora já apontara
como primeiro processo de alienação escolar.
Em seu trabalho, Katuta (2002) afirma que a representação não
é substituta da realidade, mas evocação mimética, ou seja, figurações
possíveis, num conjunto de múltiplas possibilidades (p. 4), mas, por outro
lado, em suas investigações, identificou que representações gráficas
e cartográficas são, em geral, ensinadas separadamente do conteúdo
geográfico e, frequentemente, são utilizadas para descrever e não para
entender o espaço. Há, assim, o empobrecimento das possibilidades e
a afirmação da clássica correspondência espaço cartográfico/espaço
geográfico.
Em contraponto às ideias expressas pelas autoras citadas,
continua sendo muito comum na literatura da área, particularmente
naquela derivada de eventos científicos e em obras de caráter didático­
‑pedagógico, o uso das expressões cartografia e representação do espaço
geográfico como sinônimos, com suas sutis variações (representação
gráfica, representação espacial).
As citadas autoras, ainda que tenham colocado em questão a
essência da atividade cartográfica no âmbito da educação geográfica,
não rompem com a ideia de representação, o que Oliveira Jr. (2009) o faz
com vigor. Assim, o autor aborda a questão:

[...] os mapas, que são superfícies lisas, colocam a realidade


espacial como sendo uma superfície lisa, fazem-na funcionar assim
em nossa imaginação do espaço. Ao denominar esta superfície
lisa, o mapa, de representação, dá-se o caráter de verdade ao
gesto cultural que buscou apreender a realidade. Em outras
palavras, torna-se verdadeiro enquanto realidade aquilo que era
verdadeiro enquanto linguagem, enquanto cultura. O artifício da
78 Gisele Girardi

palavra – e da ideia de – representação é tornar aquilo que é


um gesto cultural na manifestação da realidade por si mesma; é
desta forma que vemos o mapa como sendo o espaço, como se
ele, o espaço, se manifestasse diante de nós em forma de mapa.
Com este artifício, desaparecem as mãos humanas, as vontades
humanas da obra que elas realizaram. Desaparece, portanto, a
política (p. 1).

Ainda que extraídas do campo específico da educação em


Geografia, as ideias anteriormente expostas acerca da representação
são importantes para situar as perspectivas nos novos territórios da
cartografia geográfica brasileira, já mencionados, e seus agenciamentos
constitutivos. É um olhar lançado aos paradigmas que sustentam a
prática cartográfica no interior da produção geográfica em suas variadas
manifestações.

O território “Geotecnologia”
No que se refere à produção acadêmica, há uma colagem muito
evidente das produções nesse território com os termos (e práticas) de
planejamento, análise e gestão territorial, regional, ambiental, da saúde.
Desdobram-se em proposições para zoneamento (ambiental, ecológico­
‑econômico, urbano e outros), mapeamento de unidades (de paisagem,
geomorfológicas), modelagem e “cenarização”. Há um engajamento
regular dos grupos de pesquisa dessa área de atuações com setores da
administração pública e do mercado, sob as formas de transferência
tecnológica, consultorias e atividades afins, com a justificativa geral da
instrumentalização para tomada de decisões.
Subjaz às cartografias produzidas, nesse campo, uma noção do
espacial como superfície de uma completa horizontalidade, simultaneidade
completa na qual todas as interconexões já tenham sido estabelecidas (Massey,
2008, p. 160-161). A maior parte das aplicações geotecnológicas opera
com a mesma métrica, a da geometria euclidiana, que dá expressão
para essa noção de espacialidade estável e já posta, disponível para a
descoberta. O paradigma representacional é, portanto, hegemônico
nesse território.
Política e Potência das Imagens Cartográficas na Geografia 79

Os conceitos e categorias geográficas de escala, território, região


e paisagem são, recorrentemente, abordados em tais produções, em
grande medida para fundamentar ou justificar a própria aplicação geotec­
nológica.
Compõe, também, o agenciamento desse território, as disciplinas
de graduação e pós-graduação nos cursos de Geografia, amplamente
voltadas à habilitação para a utilização de ferramentas computacionais
para aplicações específicas e a emergência de eventos especialmente
voltados para a discussão da temática (normalmente acompanhados por
“feiras tecnológicas”).

O território “Ensino de Geografia”


A conformação desse território está amplamente vinculada às
mudanças na política educacional brasileira promovida pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, particularmente em seus
desdobramentos nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a educação
básica. O pré-território caracterizava-se por desenvolvimentos pontuais
na pesquisa do uso de mapas no ensino de Geografia (com destaque
para as professoras Lívia de Oliveira e Maria Elena Simielli) e por uma
sub ou não utilização de mapas em situações de escolarização formal,
desdobradas em grande medida de deficiências formativas e de mudanças
paradigmáticas no âmbito do ensino decorrentes do movimento de
renovação da Geografia. Os Parâmetros Curriculares Nacionais colocam
a linguagem cartográfica no centro da discussão pedagógica, amplamente
amparada nas teorias da construção da noção de espaço na criança, de
Jean Piaget.
A necessidade de capacitação de professores da educação básica em
atendimento às demandas dos PCN, a produção de material cartográfico
para o ensino de Geografia (como os materiais de apoio didático em
Cartografia, os atlas escolares e os atlas municipais) contribuíram com
a valorização da área como campo de pesquisa geográfica. Inclui-se
nessa modalidade a produção em cartografia tátil. A dinamização da área
é também revelada pela crescente produção acadêmica, em número de
teses defendidas nos últimos anos.
80 Gisele Girardi

O crescimento institucional e acadêmico é um fator de estabi­


lização e, ao mesmo tempo, um campo de promoção à própria dester­
ritorialização desse território sendo precisamente isso que compõe sua
dinâmica. No campo teórico, muito da produção nele realizada consiste
ainda numa adaptação, para o ensino, do campo maior da Cartografia na
Geografia, portanto, constituída sobre as mesmas bases. O paradigma
representacional é ainda majoritário no campo do ensino, o que pode
ser observado na maneira pela qual se constroem, metodologicamente,
as estratégias de elaboração e uso de mapas em situação escolar. A
passagem da última etapa de construção da noção de espaço na criança
como condição para adentrar o universo da linguagem cartográfica, que
são as relações euclidianas, opera para estabilizar a geometria euclidiana
do mapa como se fosse a natureza das imagens cartográficas. Somado
a isso, as escalas que são valorizadas nas diferentes séries (ou anos) do
ensino (local, estadual, regional, nacional, mundial) são acompanhadas de
mapas que, antes de tudo, legitimam enunciados político-administrativos
como recorte privilegiado da Geografia, conforme foi apontado por
Oliveira Jr. (2009).
Podemos, assim, verificar que os campos de revalorização dos
mapas na geografia brasileira contemporânea, os novos territórios, se
assentam dominantemente na concepção representacional da cartografia.
Há uma noção de espaço conservadora nesse âmbito, que é a do espaço­
‑superfície, do espaço “antes”, natural e dado, disponível para a captura
por imagens e estas como portadores daquele.

3. Linhas de fuga: potências para a Cartografia Geográfica


Kitchin, Perkins e Dodge (2009) apresentam dois principais
campos de fundamentos ontológicos e epistemológicos da cartografia: o
representacional (o mapa é uma tradução gráfica de um mundo existente)
e o pós-representacional (o mapa cria mundos tanto quanto o mundo
cria mapas). Isso implica noções distintas de espacialidade e de prática
cartográfica. Nos territórios da cartografia geográfica analisados, há a
predominância da valorização da localização de fenômenos na superfície
Política e Potência das Imagens Cartográficas na Geografia 81

terrestre. Assim, os fenômenos, mesmo os sociais, compõem a “natureza”


daquele ponto ou recorte e esse fato permite que sejam “representados”
nos moldes clássicos da Cartografia pautada na geometria euclidiana, por
que lhes impomos sincronias. O paradigma representacional sustenta,
assim, o discurso e a prática hegemônica da Cartografia na Geografia na
atualidade. Essa, portanto, é a que se apresenta como Cartografia maior.
O conceito de maior em Deleuze e Guattari não tem o sentido
de mais importante, numérica, ou, dimensionalmente, superior, mas sim,
de estabilização, hegemonização, constância, metro padrão que serve
para medir-se a si mesmo (Deleuze; Guattari, 1995). O menor é o que
promove a variação e faz desestabilizar e expandir o maior e, assim, o
devir é sempre a característica da minoridade. A Cartografia menor é,
então, esse movimento da crítica, da criação, da incorporação do maior
para fazê-lo dizer outra coisa, de desestabilização do representacional.
As linhas de fuga são essas vias de desestabilização.
No território da Geotecnologia, tais linhas podem ser identificadas
pelas atividades de mapeamento participativo (negociação do tipo de
base, de fonte, de informação e de saída gráfica com os atores envolvidos
no espaço considerado) e colaborativo (compartilhamento da produção
cartográfica em plataformas virtuais de fontes abertas).
A literatura internacional tem atribuído a essas práticas e as esses
praticantes a alcunha de Neogeografia e neogeógrafos. Segundo Turner
(2006) Essencialmente, Neogeografia diz respeito às pessoas usando e criando
seus próprios mapas, em seus próprios termos e, combinando elementos de
um conjunto de ferramentas existente (p. 03). E, segundo Szott (2006),
Neogeografia é

um conjunto diversificado de práticas que operam fora, ou


paralelamente, ou de modo semelhante às práticas de geógrafos
profissionais. Em vez de clamar por padrões científicos, as
metodologias de neogeografia tendem para o intuitivo, expres­
sivo, pessoal, absurdo, e/ou artístico, mas podem ser apenas
aplicações idiossincráticas de técnicas geográficas ‘reais’. Isso
não quer dizer que estas práticas não tenham utilidade para as
ciências cartográficas/geográficas, mas somente que elas geral­
mente não estão em conformidade com os protocolos da prática
profissional (apud Graham, 2010, p. 425).
82 Gisele Girardi

Também podem ser entendido como linhas de fuga desse território


o uso de fundos de mapas com outras métricas que não a geometria
euclidiana (como é o caso da produção de anamorfoses) (Dutenkefer,
2010; Tobias, 2011).
Tais linhas de fuga parecem-nos ser possíveis vias políticas de
desestabilização desse território, contudo, ainda são bem pontuais. De
modo geral, estão a produzir mundos (na interface com as artes, no
ativismo político), mas ainda não são tão presentes na prática geográfica,
estando, ainda, bastante agrilhoadas à rigidez da Cartografia maior.
No território do Ensino de Geografia, linhas de fuga têm sido
constituídas nas interfaces das pesquisas com outras áreas do conhe­
cimento escolar, haja vista a potência interdisciplinar das pesquisas em
educação, e com proposições ligadas à centralidade da cultura, que se
desdobram no entendimento da Cartografia como uma das linguagens
geográficas, compartilhando com outras linguagens, potenciais e
problemáticas.
Valorizações de modos de ver em vez da captura e transformações
desses modos nas estruturas rígidas da Cartografia maior são suas
principais potências, o que implica redirecionar o campo do ensino de
geografia para o da educação geográfica. Da mesma maneira, ênfases
na criação de fissuras e deslizamentos da linguagem cartográfica, tanto
no modo de produzir imagens como na forma de lê-las, apresentam-se
como potências. Fazer fotografias funcionarem como mapas (Vargas
et al., 2011; Marquez, 2009) e fazer mapas funcionarem como rizomas
(Lama, 2009; Del Casino Jr.; Hanna, 2006), são algumas possibilidades.

4. Palavras finais
Buscamos, neste texto, trazer à reflexão elementos da política
das imagens cartográficas focando, como campo privilegiado da
discussão, o ambiente formativo da Geografia. Amparando-nos nas
ideias de Deleuze e Guattari, procuramos identificar os territórios
da Cartografia Geográfica na atualidade, entendendo suas origens,
constituições hegemônicas e linhas de fuga, na quais encontramos
Política e Potência das Imagens Cartográficas na Geografia 83

a potência de produção de novos pensamentos e novas práticas na


cartografia geográfica.
Tais linhas de fuga não são estanques aos territórios dos quais se
originaram enquanto argumento neste texto. Cruzam-se e, essa fluidez,
em diálogo com a geografia contemporânea, é salutar para fazer mover
o pensamento e iluminar novas práticas, quiçá compor novos percursos
formativos.
Tomo, assim, à guisa de conclusão, as palavras de Ruy Moreira
extraídas de um texto no qual clama pela reconstrução da linguagem
cartográfica na centralidade da prática geográfica, afirmando que é hora
de se criar uma cartografia geográfica que seja constituída com base em
novos conceitos da Geografia e não somente das medidas matemáticas.
Assim, o autor conclui seu texto e, com ele, concluímos o nosso:

Precisa-se de uma cartografia que tome a geografia como


ciência da reflexão da forma de coabitação social que se deseja
para homens plurais. Como o olhar que ajude a compreender as
relações sociais, econômicas, culturais e de poder político das
nossas sociedades em termos espaciais e da coabitação como
forma de vida, de modo a contribuir para que em cada canto seja
mais humana e mais justa. Que tome as categorias da diferença
e da unidade (diversidade e padrão) como o conteúdo básico da
construção espacial das sociedades, e por meio delas ofereça à
sociedade o universo linguístico-conceitual que pede todo olhar
crítico-construtivo sobre o mundo (Moreira, 2004, p. 185).

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