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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO
PROF. DR. TIAGO VIEIRA CAVALCANTE

ANTONY LEVIR DOS SANTOS MELO

RESENHA DO ARTIGO:
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA GEOGRAFIA NEOPOSITIVISTA NO BRASIL

FORTALEZA
2021
No artigo em questão, o professor José Carlos Godoy Camargo, que
atualmente leciona na faculdade Estadual Paulista Júlia Mesquita Filho e o professor
Dante Flávio da Costa Reis Júnior que é associado do Departamento de Geografia
da Universidade de Brasília, com um caráter mais demonstrativo-explicativo do que
crítico, demonstram a evolução da chamada “Nova Geografia” ou também como é
chamada “Geografia teorética e quantitativa”, expondo os principais órgãos que
propagaram essa nova vertente da geografia, seus interesses e suas
aplicabilidades. A nova quantitativa, teve seu pontapé inicial quando estudiosos da
área se revoltaram quanto a geografia tradicional, ou seja, a mais empírica, ligada a
segmentação, comparação, tal qual a de Humboldt. No contexto, não era mais do
interesse da população por um estudo mais tradicional, visto posto que o fim da 2ª
guerra mundial abalou completamente os moldes da economia e da sociedade,
sendo fundamental o corte do cordão umbilical da geografia tradicional. Agora, com
o crescimento e ascensão da agricultura intensiva, que ao contrário da extensiva
utiliza bem mais produtos químicos e tecnologia de ponta, foi um dos principais
destaques e objeto de estudo da geografia agrária. Já vemos aqui um leve
desaparecimento da descrição dos ambientes, como era comum na vertente
passada. O Estado teve que adotar medidas que auxiliasse o processo de êxodo
rural - que teve seu estopim devido as novas modificações estruturais econômicas -
fornecendo a cidade condições viáveis à nova carga populacional que agora obtinha.
Esse foi o grande papel e desafio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), organizar, sistematizar, tabelar, datar, quantificar a demanda da massa. Na
década de 60 houve uma matematização do estudo como um todo e também o
englobamento do “fisicismo” na geografia. Termologias que eram empregadas em
outras searas, agora são impugnadas no âmbito geográfico, como por exemplo:
entropia; estado reacionário.
As pesquisas que buscavam pela excepcionalidade já não eram do interesse, pelo
contrário, era criticada pelos neopositivistas. A geografia física, na geomorfologia, foi
a mais contemplada com a quantificação, com os “índices morfométricos”.
Diferentemente na geografia humana, onde a imprevisibilidade do ser humano é um
fator que impede o andamento do estudo. Essas prerrogativas foram determinantes
para diversas críticas a nova teorética, já que os profissionais que eram contrários
relatavam que não era satisfatório e prudente englobar características de uma
população específica baseada somente em levantamentos estatísticos, ou seja, não
poderia determinar que um bairro em questão só era pobre por conta de seus
habitantes fazerem parte de uma migração pendular, por exemplo. E também pelo
seu excesso de normatização. Diversos nomes internacionais ajudaram a disseminar
conhecimentos matemáticos-estatísticos bem como fisicistas dos conceitos variantes
da nova onda de pensamento, desde estadunidenses à africanos, fazendo visitas,
ministrando cursos. Tal engajamento foi o fator resultante na internacionalização da
geografia brasileira. Brasileiros também foram ao exterior em busca de
aperfeiçoamento. Um dos principais nomes que lideraram o processo de munir o
IBGE com novos métodos de análise quantitativa foi Speridião Faissol. O mesmo,
sempre endossava o cuidado na aplicação dessas técnicas, sempre procurando
evitar demasias, excessos, temendo o acontecimento de prerrogativas falsas,
paradigmáticas. E por último, entretanto, não menos importante, temos o professor
Antonio Cristofoletti, da faculdade de Rio Claro (UNESP), foi um dos primeiros a
atentar-se sobre as mudanças que ocorrera na geografia, tornando-se um dos
principais difusores da Geografia neopositivista.
REFERÊNCIAS
CAMARGO, José Carlos Godoy; REIS JÚNIO, Dante Flávio da Costa.
Considerações a respeito da geografia neopositivista no Brasil, Rio Claro, v. 29,
ed. 3, p. 355-382, 2004.

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