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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

POLICIAIS MILITARES
PROTAGONISTAS DA
HISTÓRIA

EDIÇÃO ESPECIAL

Belo Horizonte
2016
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GOVERNADOR DO ESTADO
Fernando Damata Pimentel
COMANDANTE GERAL DA PMMG
Cel PM Marco Antônio Badaró Bianchini
CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA PMMG
Cel PM André Agostinho Leão
CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR
Cel PM Helbert Figueiró de Lourdes
CONSELHO EDITORIAL
Cel PM Eduardo César Reis
Comandante da Academia de Polícia Militar
Cel Ref César Braz Ladeira
Presidente da União dos Militares de Minas Gerais
Ten-Cel PM Welerson Conceição Silva
Comandante da Escola de Formação de Soldados
Ten-Cel Ref João Bosco de Castro
Presidente da Academia de Letras João Guimarães Rosa
Maj PM Eugênio Pascoal da Cunha Valadares
Subcomandante da Escola de Formação de Soldados
1º Ten PM Tyrone da Silva Teixeira
Chefe de Curso da Escola de Formação de Soldados
Revisão Projeto Gráfico e Diagramação
1º Ten PM Tyrone da Silva Teixeira Sd 2ª Cl PM Silva Coelho
Prof.ª Yara Rosa Bruno da Silva Sd 2ª Cl PM Pharlem
Sd 2ª Cl PM Oliveira Paulino Sd 2ª Cl PM Vitor Vieira
Sd 2ª Cl PM Rafael Amaro Capa
Sd 2ª Cl PM Kamila Carvalho Sd 2ª Cl PM Silva Coelho

Pesquisadores
Ten-Cel Ref João Bosco de Castro Sd 2ª Cl PM Michel Lima
Maj PM Eugênio P. da Cunha Valadares Sd 2ª Cl PM Veloso
1º Ten PM Tyrone da Silva Teixeira Sd 2ª Cl PM Marthielle
3º Sgt PM Guilherme de Oliveira Sd 2ª Cl PM Melquiades
Sd 2ª Cl PM Oliveira Paulino Sd 2ª Cl PM Pauliana Coimbra
Sd 2ª Cl PM Rafael Amaro Sd 2ª Cl PM Patrícia do Carmo
Sd 2ª Cl PM Pharlem Sd 2ª Cl PM Batisteli
Sd 2ª Cl PM Silva Coelho Sd 2ª Cl PM Pedro Kauan
Sd 2ª Cl PM Kamila Carvalho Sd 2ª Cl PM Rafaela Guimarães
Sd 2ª Cl PM Niag Silva Sd 2ª Cl PM Rilley
Sd 2ª Cl PM Túlio Corrêa Sd 2ª Cl PM Simões
Sd 2ª Cl PM Pâmela Barbosa Sd 2ª Cl PM Tauane Cristina
Sd 2ª Cl PM Regiane Sd 2ª Cl PM Nemias

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_______________________________________________

Policiais Militares Protagonistas da História. Belo Horizonte: O


P766 Lutador, 2016.
250 p. :il

Edição Especial elaborada por Equipe de Alunos do Curso


de Formação de Soldados /2016.
Contém referências e fotos.

1. Historiografia de Polícia Militar de Minas Gerais. 2.


Biografias de Militares. 3. História - Policiais Militares. I.
Academia de Polícia Militar. II. Escola de Formação de
Soldados. III. Reis, Eduardo César – Cel.PM ( org.). IV. Silva,
Welerson Conceição - Ten-Cel PM (org.)
V. Título.
CDU – 355.48
_______________________________________________
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da APM - PMMG

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Dedicamos esta obra ao policial militar mineiro que


por quase dois séculos e meio tem devotado sua vida à
segurança, à ordem, à lei e à pátria.

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Em Friburgo, à noite, o Coronel Amaral, chegado


àquela cidade com o grosso das tropas, recebia da Junta Provisória,
que assumira o poder, por um de seus membros, um telefonema para
sustar o avanço da coluna. ... Mas, honrando as tradições de
bravura e fidelidade da Força Pública de Minas Gerais, cuja
oficialidade e praças tiveram, ao lado dos não menos valorosos
patriotas, um papel decisivo em uma luta improvisada, o coronel, à
ordem dada, não vacilou em responder intrepidamente:
- Esta coluna só recebe ordens do Presidente
Olegário Maciel! E amanhã entrarei com ela no Rio!
Ao amanhecer do dia seguinte, com efeito, concluindo
uma jornada épica, entrava a Coluna Amaral na Capital do país, a
tempo de intervir para pôr fim a um choque entre a Polícia Militar e
o Corpo de Bombeiros da Guanabara. As forças mineiras
desfilaram pelas ruas da Capital Federal sob aclamações.
[...]
“São os soldados de Minas Gerais!” Eram sim, os
mineiros. Os mineiros que passavam. E redobraram as
aclamações”.
(WALDEMAR PEQUENO apud ANDRADE, 1976)

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Alferes Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) 23
Figura 2 - Fotos Tiradentes 27
Figura 3 - Ten-Cel Francisco de Paula Freire de Andrade 29
Figura 4 - Ten-Cel Francisco de Paula Freire de Andrade 34
Figura 5 - Cel Roberto Drexler 35
Figura 6 - Documentos históricos do Cel Drexler 41
Figura 7 - Cel Afonso Elias Prais 43
Figura 8 - Foto Cel Afonso Elias Prais 46
Figura 9 - Gen Prof José Carlos Campos Christo 47
Figura 10 - Fotos Gen Prof José Carlos Campos Christo 50
Figura 11 - Cel Otávio Campos do Amaral 51
Figura 12 - Medalha Cel Otávio Campos do Amaral 53
Figura 13 - Cel José Vargas da Silva 55
Figura 14 - Placa e Medalha Cel José Vargas da Silva 59
Figura 15 - Cel Fulgêncio de Sousa Santos 61
Figura 16 - Medalha Cel Fulgêncio de Sousa Santos 67
Figura 17 - Cel Antônio de Oliveira Fonseca 69
Figura 18 - Fotos Cel Antônio de Oliveira Fonseca 72
Figura 19 - Coronel Luiz de Oliveira Fonseca 73
Figura 20 - Foto Cel Luiz de Oliveira Fonseca 77
Figura 21 - Cel Edmundo Lery dos Santos 79
Figura 22 - Foto Cel Edmundo Lery dos Santos 81
Figura 23 - Cel João Guedes Durães 83
Figura 24 - Foto Cel João Guedes Durães 86
Figura 25 - Cap Prof João Batista Mariano 87
Figura 26 - MesaMariano FGR 97
Figura 27 - Cel Alvino Alvim de Menezes 99
Figura 28 - Foto Cel Alvino Alvim de Menezes 102
Figura 29 - Cel Juscelino Kubitschek de Oliveira 103
Figura 30 - Fotos JK 107
Figura 31 - Cel Francisco de Campos Brandão 109
Figura 32 - Foto Cel Francisco de Campos Brandão 112
Figura 33 - Cel Egídio Benício de Abreu 113
Figura 34 - Orquestra Sinfônica da PMMG 116
Figura 35 - Cel Manoel José de Almeida 117

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 36 - Fotos Cel Manoel José de Almeida 121


Figura 37 - Cel Vicente Torres Junior 123
Figura 38 - Estandarte do Sexto Batalhão 125
Figura 39 - Cel Pedro Ferreira dos Santos 127
Figura 40 - Livro Biografia Cel Pedro Ferreira dos Santos 133
Figura 41 - Cel José Geraldo Leite Barbosa 135
Figura 42 - Foto Cel José Geraldo Leite Barbosa 141
Figura 43 - Cel Georgino Jorge de Souza 143
Figura 44 - Foto Cel Georgino Jorge de Souza 149
Figura 45 - Cel Argentino Madeira 151
Figura 46 - Fotos Cel Argentino Madeira 154
Figura 47 - Cel Manoel de Assumpção e Souza 155
Figura 48 - Fotos Cel Manoel de Assumpção e Souza 159
Figura 49 - Cel Saul Alves Martins 161
Figura 50 - Fotos Cel Saul Alves Martins 177
Figura 51 - Cel Affonso Heliodoro dos Santos 179
Figura 52 - Fotos Cel Affonso Heliodoro dos Santos 183
Figura 53 - Cel Paulo Penido 185
Figura 54 - Fotos Cel Paulo Penido 189
Figura 55 - Cel Antônio Norberto dos Santos 191
Figura 56 - Livro “Policiamento” Cel Antônio Norberto 194
Figura 57 - Ten-Cel Luiz de Marco Filho 195
Figura 58 - Fotos Ten-Cel Luiz de Marco Filho 198
Figura 59 - Cel José Geraldo de Oliveira 199
Figura 60 - Fotos Cel José Geraldo de Oliveira 203
Figura 61 - Ten-Cel-Prof Oswaldo de Carvalho Monteiro 205
Figura 62 - Foto Ten-Cel-Prof Oswaldo de Carvalho Monteiro 214
Figura 63 - Cel José Ortiga 215
Figura 64 - Fotos Cel José Ortiga 220
Figura 65 - Cel Carlos Augusto da Costa 221
Figura 66 - Centro Odontológico 224
Figura 67 - Cel Vicente Gomes da Mota 225
Figura 68 - Museu dos Militares 229

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALMG Assembleia Legislativa de Minas Gerais


APM Academia de Polícia Militar
BGPM Boletim Geral da Polícia Militar
BI Boletim Interno
BPChq Batalhão de Polícia de Choque
BPTran Batalhão de Polícia de Trânsito
CFO Curso de Formação de Oficiais
CTSP Curso Técnico em Segurança Pública
Cad Cadete
CAO Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (atual
CESP)
CAS Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (atual
CASP)
CASP Curso de Aperfeiçoamento em Segurança
Pública (antigo CAS)
CEGESP Curso de Especialização em Gestão Estratégica
de Segurança Pública
CESP Curso de Especialização em Segurança Pública
CGDoc Centro de Gestão de Documentos
Cia PFem Companhia de Polícia Feminina
CFC Curso de Formação de Cabos
CICOP Centro Integrado de Comunicações
Operacionais
CFS Curso de Formação de Sargentos
CFSd Curso de Formação de Soldados
COPOM Centro de Operações Policiais Militares
COPM Clube dos Oficiais da PMMG
CPC Comando de Policiamento da Capital
CTPM Colégio Tiradentes da Polícia Militar
DEPM Diretrizes de Educação da Polícia Militar
DI Departamento de Instrução
DOPM Diretriz de Operações Policiais Militares
DRH Diretoria de Recursos Humanos
DP Diretoria de Pessoal (atual DRH)

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

EAP Exame de Aptidão Profissional


EB Exército Brasileiro
EFO Escola de Formação de Oficiais
EFSD Escola de Formação de Soldados
EPM Educação de Polícia Militar
EsAEx Escola de Administração do Exército Brasileiro
FAB Força Aérea Brasileira
ICOP Instrução de Conduta Operacional
IGPM Inspetoria Geral das Polícias Militares
PM5 Quinta Seção do Estado-Maior (Seção de
Comunicação Organizacional)
PMMG Polícia Militar de Minas Gerais
POV Posto de Observação e Vigilância
PPC Posto de Policiamento Comunitário
QOE Quadro de Oficiais Especialistas
QOPM Quadro de Oficiais Policiais Militares
QOR Quadro de Oficiais da Reserva
QPE Quadro de Praças Especialistas
QPPM Quadro de Praças Policiais Militares
QPR Quadro de Praças da Reserva
RCAT Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes
RCONT Regulamento de Continências, Honras e Sinais
de Respeito
RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte
RPMont Regimento de Polícia Montada
RUIPM Regulamento de Uniformes e Insígnias da
Polícia Militar de Minas Gerais
Sgt Sargento
UEOp Unidade de Execução Operacional

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

SUMÁRIO

ALFERES JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER (TIRADENTES)


................................................................................................. 23
TEN-CEL FRANCISCO DE PAULA FREIRE DE ANDRADE ... 29
CEL ROBERTO DREXLER ...................................................... 35
CEL AFONSO ELIAS PRAIS ................................................... 43
GEN PROF JOSÉ CARLOS CAMPOS CHRISTO ...................... 47
CEL OTAVIO CAMPOS DO AMARAL .................................... 51
CEL JOSÉ VARGAS DA SILVA............................................... 55
CEL FULGÊNCIO DE SOUZA SANTOS .................................. 61
CEL ANTÔNIO DE OLIVEIRA FONSECA .............................. 69
CEL LUIZ DE OLIVEIRA FONSECA ....................................... 73
CEL EDMUNDO LERY DOS SANTOS .................................... 79
CEL JOÃO GUEDES DURÃES ................................................ 83
CAP PROF JOÃO BATISTA MARIANO .................................. 87
CEL ALVINO ALVIM DE MENEZES ...................................... 99
CEL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA ................... 103
CEL FRANCISCO DE CAMPOS BRANDÃO ......................... 109
CEL EGÍDIO BENÍCIO DE ABREU ....................................... 113
CEL MANOEL JOSÉ DE ALMEIDA ...................................... 117
CEL VICENTE TORRES JUNIOR .......................................... 123
CEL PEDRO FERREIRA DOS SANTOS ................................. 127
CEL JOSÉ GERALDO LEITE BARBOSA ............................... 135
CEL GEORGINO JORGE DE SOUZA .................................... 143
CEL ARGENTINO MADEIRA ............................................... 151
CEL MANOEL DE ASSUMPÇÃO E SOUZA .......................... 155
CEL SAUL ALVES MARTINS ............................................... 161
CEL AFFONSO HELIODORO DOS SANTOS ........................ 179
CEL PAULO PENIDO ............................................................ 185
CEL ANTÔNIO NORBERTO DOS SANTOS .......................... 191
TEN-CEL LUIZ DE MARCO FILHO ...................................... 195
CEL JOSÉ GERALDO DE OLIVEIRA .................................... 199

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

TEN-CEL-PROF OSWALDO DE CARVALHO MONTEIRO .. 205


CEL JOSÉ ORTIGA ................................................................ 215
CEL CARLOS AUGUSTO DA COSTA ................................... 221
CEL VICENTE GOMES DA MOTA ....................................... 225

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

PREFÁCIO.

João Bosco de Castro1

Este Livro precioso contém biografias de trinta e quatro


militares Protagonistas da História da Polícia Militar de Minas
Gerais, a partir de 1775, encabeçados por seu primeiro Comandante-
Geral como primeiro Comandante do Regimento Regular de
Cavalaria da Capitania Real das Minas do Ouro, o jovem Tenente-
Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, incorporado em 1º de
julho de tal ano, um dos notáveis coparticipantes da “Revolução de
Minas” do séc. XVIII, manchada com o indevido nome de
Inconfidência (ou Conjuração?!...) Mineira, e pelo Corifeu-Mor da
dita Revolução, o “Animoso Alferes” Joaquim José da Silva Xavier,
o Tiradentes, incorporado em 1º de dezembro do mesmo ano.
Outras Almenaras Humanas de outros tempos iluminam os
passos respeitáveis de nossa Força Pública da Paz Social e seu
glorioso e profícuo Sistema de Educação Tecnoprofissional gerido
pela altaneira Academia de Polícia Militar do Prado Mineiro –
sucessora deontológica do Corpo-Escola erigido, em 1912-1913,
pelos Suíços Coronel Roberto Drexler e seu filho Capitão Rodolfo
Drexler, contratados e comissionados pelo Presidente do Estado Júlio

1
João Bosco de Castro (1947) é tenente-coronel reformado da PMMG.
Livre-Docente, por notório saber, em Historiografia de Polícia Militar e
História da Polícia Militar de Minas Gerais. Professor de Línguas e
Literaturas Românicas. Professor Titular Emérito de História da Polícia
Militar de Minas Gerais a Oficiais de Saúde (EAdO/2005, 2007 e 2009 –
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação – CPP da Academia de Polícia Militar
do Prado Mineiro – APM Pra.Min.). Autor de Índole Civilizatória da Força
Pública, Raízes da Militaridade Policial Brasileira, O Estouro do Casulo,
Glorioso Tormentório, Luzes do Meganha de Ouro, e Louros sob Espinhos
(Polícia Militar sob Enfoques da Literatura Brasileira...). Integrante do
Instituto Histórico e Geográfico de S. Paulo. Presidente da Academia de
Letras “João Guimarães Rosa” e da Academia Epistêmica de Mesa
“Capitão-Professor João Batista Mariano”.

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Bueno Brandão, da Escola de Sargentos implantada, em 1927, no


Prado Mineiro, pelo Tenente do Exército Nacional José Carlos de
Campos Christo, graças ao tirocínio estadístico do Presidente do
Estado Antônio Carlos Ribeiro de Andrada – Chefe da Aliança
Liberal - , do Instituto Militar e Propedêutico semeado e cultivado
pelo Professor-Complementar João Baptista Mariano em
fertilíssimos canteiros geórgico-epistêmicos de sua Escola Carto-
Topográfica do “Vº B.C.”, em 1929, em Santa Teresa, e de seu Curso
Técnico Militar e Propedêutico também do “Vº B. C.”, em 1932, de
Santa Teresa para o Prado Mineiro, sob os auspícios do insuperável
Bom-DesPatense Presidente-General Olegário Dias Maciel, como
base do Projeto Estratégico-Pedagógico do Departamento de
Instrução do Prado Mineiro, criado, em 3 de março de 1934, pelo
Interventor-Patafufo Benedicto Valladares Ribeiro, o signatário da
promoção do Professor Mariano, primoroso Transformador de
Homens e emérito Precursor do Dê-I, ao posto de Capitão-Professor.
Três desses trinta e quatro Portentos ainda vivem: Coronel
Affonso Heliodoro dos Santos, com seus fulgentes cem anos de
idade, Coronel Antônio Norberto dos Santos, com seus vigorosos
noventa e sete, e Coronel José Ortiga, na lucidez alvissareira de seus
noventa e cinco.
Esta Coletânea de Biografias surge da centelha orientadora
imanente no espírito educativo do Coronel Eduardo César Reis,
Comandante da Academia de Polícia Militar do Prado Mineiro -
notável Gestor de Pessoas -, cujo propósito fundamental renutriu-se
da inteligência e proação do Tenente-Coronel Welerson Conceição
Silva, Comandante da Escola de Formação de Soldados, e da seiva
entusiástica do Subcomandante do mesmo Educandário, Major
Eugênio Pascoal da Cunha Valadares, humanista de berço iluminado
e fina erudição. Regente das mais benfazejas e transformadoras
empreitadas, o Major Eugênio infundiu autodisciplina intelectual no
âmago do dínamo didático do Primeiro-Tenente Tyrone da Silva
Teixeira e de vários Discentes do Curso de Formação de Soldados
deste ano, e, depois de alentar-se com os saberes historiológicos
dominados pelo Coronel César Braz Ladeira — Presidente da União
dos Militares do Estado de Minas Gerais —, particularmente sobre a

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Polícia Militar Mineira e seus Vultos de Especial Grandeza, colheu


os melhores frutos do amanho biográfico decorrente da pesquisa
realizada por jovens Soldados-Alunos acerca de trinta e um dos
Policiais Militares Protagonistas da História arrolados para este
Livro.
Para completar as trinta e quatro Personalidades historiáveis,
escrevi os registros sobre três Próceres: Capitão-Professor João
Baptista Mariano, Tenente-Coronel-Professor Oswaldo de Carvalho
Monteiro e Coronel Saul Alves Martins.
Essa magnífica ideia do Coronel Eduardo César Reis precisa
prolongar-se em outras muitas Coletâneas de Biografias, porque esse
grandioso Empreendimento Historiográfico é necessidade sistêmica
da Polícia Militar de Minas Gerais e seu esplêndido Projeto
Estratégico-Pedagógico fundado nas Ciências Militares da Polícia
Ostensiva, Policiologia, Etiqueta Policial-Militar, Direitos Humanos
e Ciências Jurídicas, não só para divulgar-se interna e externamente,
mas também, e principalmente, para seus ardorosos Servidores e
curiosos Discentes saberem sua História monumentosa, com vistas
em:

1) conhecer as origens dessa exemplar Força Pública da Paz Social e


o processo de sua consolidação institucional e sociocultural;
2) informar-se a respeito do desempenho militar, policial, policial-
militar e socioeducativo da mesma Instituição Preservadora da
Ordem Pública;
3) entender a síntese da autenticidade e legitimidade institucional e
deontológica da Corporação, como Órgão Público civilizatório e
imprescindível ao progresso humanístico, social, político, etnológico,
econômico-financeiro, histórico-sociológico, militar, policiológico e
educacional de Minas Gerais e do Brasil;
4) compreender a relevância de Oficiais e Praças, como Vultos
patrióticos, acadêmicos, artísticos, estratégico-pedagógicos,
pacificadores, políticos e civilizatórios, em favor da Grandeza
Humana contida na Dignidade Policial-Militar e na Utilidade
Sociojúridica indispensáveis à credibilidade eticodeontológica e ao

19
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

renome institucional e político-histórico-sociológico dessa Força


Estadual da Paz Pública;
5) adaptar-se à Etiqueta Policial-Militar sustentada por propósitos
institucionais, preceitos regulamentares e hierárquico-militares,
meios e modos de postura e compostura, e valores
eticodeontológicos propícios à respeitabilidade da Corporação e
respectivos Servidores – civis e militares;
6) qualificar-se intelectual e criticamente para manifestação oral e
escrita sobre a ideologia e ideário, os projetos e realizações, as
perspectivas e tradições da Corporação;
7) amar a Polícia Militar e a Ela devotar-se.
Parabéns ao Coronel Eduardo César Reis, por suas marcantes
realizações como eficiente e operoso Reitor da Nobre Escola do
Prado Mineiro, nossa Universidade da Paz Pública, e por haver
concebido a Ideia Magna de perenizar Policiais Militares
Protagonistas da História mediante proveitosa Pesquisa realizada por
Soldados-Alunos. Isso é maravilhoso e não pode fenecer!
Parabéns ao Tenente-Coronel Welerson Conceição Silva,
pela brilhante condução dos trabalhos desenvolvidos na Escola de
Formação de Soldados com o fito primordial de alentar a
prosperidade pesquísica da História enfeixada nesta valiosa
Coletânea!
Parabéns ao zeloso e inquietante Major Eugênio Pascoal da
Cunha Valadares, pela necessária e inteligente ampliação da Ideia
Magna do Coronel Eduardo César Reis e pela transformação de tal
Sonho em preciosa Realidade, como regente e orientador dos
trabalhos de pesquisa dos quais esta Coletânea de Biografias é o
produto excelso. O Major Eugênio reafirma-se Oficial necessário aos
mais ousados Projetos de conúbio efetivo e proveitoso da Polícia
Militar e seu Patrimônio Educacional com a Comunidade Mineira!
Parabéns ao Primeiro-Tenente Tyrone da Silva Teixeira, por
seu prodigioso trabalho de orientador e regente dos Discentes da
Escola de Formação de Soldados, em prol da sistematização da
pesquisa, redação (e respectiva revisão), diagramação e arte-
finalização dos registros biográficos imprescindíveis à perpetuação
dos Militares Protagonistas da História, do esquadrinhamento da

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

garimpagem intelectual por bibliografias e investigações de campo à


consolidação de dados e publicação deste maravilhoso Livro. O
precioso trabalho realizado pelo Tenente Tyrone engrandece a
credibilidade e o renome da Escola de Formação de Soldados,
especialmente no concerto polimórfico e polissêmico da Academia
de Polícia Militar do Prado Mineiro!
Parabéns – por nota dez com tinta azul! — à notável
Equipe de Alunos do Curso de Formação de Soldados responsável
pela execução de cada etapa do trabalho majestoso do qual esplende
a qualidade total desta Coletânea de Biografias. Esses Discentes são
a “Mão Invisível” da pesquisa e os Polegares da Fornalha do
Fazer e do Pensar, sem os quais a Ideia do Coronel Eduardo, a
brilhante condução desencadeada pelo Tenente-Coronel Welerson e
a Regência Orientadora primorosamente efetivada pelo Major
Eugênio e Tenente Tyrone teriam chovido no molhado. Graças a
esses Discentes, a Historiografia de Polícia Militar insculpida pela
História da Polícia Militar de Minas Gerais ganha mais sumos de
autenticidade e boa-fama. Essa conquista faz a Corporação do
Alferes Tiradentes mais sólida e respeitada!
Louvor e agradecimento ao Coronel César Braz Ladeira –
Presidente da União dos Militares do Estado de Minas Gerais -, por
sua contribuição intelectual de Professor de História e conhecedor
confiável dos Feitos da Corporação e relevância de seus
Protagonistas. Além disso, o Coronel César, como Gestor Principal
da União dos Militares, garantiu saúde logístico-financeira à
publicação deste Livro precioso!
Como indez de outras muitas biografações, esta Coletânea
tem de sair do ninho e chegar a academias e institutos históricos
plantados na amplidão sociocultural e geopolítica de Minas Gerais e
do Brasil, prioritariamente, e de outras plagas dadivosas e
importantes, subsidiariamente, como aquelas onde nasceram nossos
Preceptores Coronel Roberto Drexler e seu filho Capitão Rodolfo
Drexler.
Além disso, esta Coletânea tem de ser esmiuçada por Gente
nossa em leitura sinfrônica: Oficiais e Praças, Professores e Alunos!

21
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Pelo menos isso!...

Belo Horizonte – MG, 20 de setembro de 2016.

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ALFERES JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER


(TIRADENTES)
Por Michel Lima Elpes2
Figura 1 – Alferes Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes)

1746 – 1792

Protomártir da Inconfidência Mineira, o Alferes Tiradentes,


sacrificou-se pelo bem da pátria. Tiradentes também serviu no
Regimento Regular de Cavalaria.
Segundo Bayer (2016)3, Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes, nasceu em 12 de novembro de 1746, na Fazenda Pombal,
cuja localização ficava entre a Vila de São José, hoje a cidade de
Tiradentes, e a cidade de São João Del Rei, em Minas Gerais. Filho
dos pequenos fazendeiros: Domingos da Silva Santos, português, e
da brasileira Maria Antônia da Encarnação Xavier, Joaquim José da

2
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
3
Disponível em: http:// portal- justificando. jusbrasil. com. br / noticias/
328447296/ tiradentes- verdadeiro- heroi- ou- martir- criado

23
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Silva Xavier4 era o quarto filho de sete irmãos. Aos noves anos de
idade, ficou órfão de mãe e aos onze anos, teve que lidar com a perda
de seu pai. Com a morte prematura dos pais, logo sua família perdeu
as propriedades em decorrência de dívidas. Então ele passou a viver
sob a tutela de seu tio e padrinho, Sebastião Ferreira Leitão, cirurgião
dentista de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto.
Antes de chegar ao posto de Alferes5, Joaquim José da Silva
Xavier executou inúmeras profissões civis, entre elas a de minerador,
comerciante, farmacêutico e dentista, profissão que lhe rendeu o
apelido de Tiradentes. Com os conhecimentos que adquirira no
trabalho de mineração, tornou-se técnico em reconhecimento de
terrenos e na exploração dos seus recursos. Em razão disso, foi
convidado a trabalhar para o governo no reconhecimento e
levantamento do sertão sudestino.
No ano de 1780, Tiradentes se alistou para integrar a Tropa
da Capitania de Minas Gerais, sendo nomeado pela rainha D. Maria
I, ao posto de Comandante de Destacamento dos Dragões da Patrulha
do Caminho Novo, principal via de escoamento do ouro mineiro aos
portos do Rio de Janeiro. Em sua jornada, realizou grandes prisões,
porém neste período, motivado pela insatisfação de não conseguir
promoções, se aproxima de grupos rebeldes contra a conduta
portuguesa. Em 1787, Tiradentes pede licença de seus serviços e
deixa o Regimento de Cavalaria Regular.
Após sua saída da cavalaria, Tiradentes mudou-se para o Rio
de Janeiro e, usando de seus conhecimentos, auxiliou na criação de
projetos como os de canalização dos rios Andaraí e Maracanã e em
inúmeras melhorias para o abastecimento da cidade do Rio de
Janeiro. Porém, novamente seus objetivos foram cerceados pela
coroa e seus projetos arbitrariamente vetados.
Tal situação contribuiu ainda mais para sua revolta e, em
razão disso, Tiradentes retornou a Minas Gerais e começou a se
reunir com integrantes do clero e da elite mineira, que também eram

4
Disponível em: http://www.pael.com.br/tiradentes.html
5
De acordo com o modelo herdado do Exército de Portugal, antigamente, a
primeira patente de oficial do Exército Brasileiro era a de Alferes. Na
reforma de 1930, a patente foi substituída pela de segundo-tenente.

24
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

contra a postura portuguesa. Tem início, então, a propagação da ideia


da independência da Capitania Mineira.
Embora não tenha sido o idealizador do movimento, em
virtude de sua influência junto aos moradores da cidade, Tiradentes
teve importante responsabilidade na propagação das ideias
revolucionárias junto ao povo, pois arregimentava adeptos que
compartilhassem de seus pensamentos e que estivessem dispostos a
enfrentar o peso da coroa portuguesa.
Ressalta-se que os apoiadores das ideias de Tiradentes, em
sua maioria, eram grandes proprietários de terra, mineradores e a
integrantes do clero, já Tiradentes era um dos poucos pertencentes à
classe média empobrecida.
No ano de 1788, houve a chegada do novo governador de
Minas Gerais, Luiz Antônio Furtado de Mendonça, e o decreto da
“derrama”, ou seja, cobrança de impostos atrasados para a coroa
portuguesa, situações que contribuíram significativamente para o
aumento da pressão junto à população.
Em busca de novos adeptos para a sua causa, Tiradentes
voltou ao Rio de Janeiro, encontrando-se com o Coronel Joaquim
Silvério dos Reis, homem de grande influência no cenário da época e
que poderia ser de fundamental importância no movimento, pois
possuía inúmeras dívidas com a Coroa portuguesa.

Quando Tiradentes retornou a Minas Gerais, dois


meses depois, deliberou ir parando de fazendas em
fazendas, muitas das quais já conhecia dos seus
tempos de mascate e dentista. Pretendia, como mais
tarde relatou em seus depoimentos, sondar os
fazendeiros sobre a possibilidade de um levante
geral, que tornasse o Brasil uma nação independente.
(LYDIA, 1973, p.65).

Sua busca não atendeu às expectativas e, com medo de


represálias vinda dos portugueses, Joaquim Silvério dos Reis
denunciou Tiradentes ao Governador Visconde de Barbacena, em
troca do perdão de suas dívidas. Em março de 1789, o Visconde
suspendeu a “derrama” e, em seguida, realizou uma série de prisões
dos adeptos ao movimento em Minas Gerais. Tiradentes, que se

25
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

encontrava em viagem licenciada ao Rio de Janeiro, escondeu-se na


casa de um amigo, mas foi descoberto, ao tentar fazer contato com
Silvério dos Reis, e preso em 10 de maio de 1789. Tiradentes, a
princípio, pensou em resistir até a morte, dando a vida em favor da
causa. Mas resignou-se posteriormente, julgando mais sensata a ideia
de se entregar.6
Após a prisão das 34 pessoas mais envolvidas no
movimento, iniciou-se uma investigação e o processo dos acusados,
que durou dois anos. Tiradentes foi acusado de liderar o movimento,
negando em primeiro momento todas as acusações. Porém, ao
término do processo, assumiu a culpa sem acusar qualquer outro
companheiro, como comprovam as atas do processo.
No ano de 1792, foi dado início a publicação das penas dos
inconfidentes, que contava com condenações a morte e exílio.
Porém, algumas horas após as publicações, uma carta de clemencia
encaminhada a Rainha D. Maria I, fez com todas as condenações a
morte fossem passadas ao exílio. Destaca-se que a única exceção foi
Tiradentes, que continuou condenado à pena capital, porém não
como morte cruel, como usualmente era aplicado, mas condenado à
morte por forca, conforme a descrição:

Portanto condenaram o réu Joaquim José da Silva


Xavier, por alcunha o Tiradentes, que foi da tropa
paga da capitania de Minas Gerais, a que com baraço
e pregão, seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar
da forca e nela morra morte natural e para sempre. E
que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e
levada a Vila Rica, onde no mais público lugar será
pregada em um poste alto, até que o tempo a
consuma. E que seu corpo seja dividido em quatro
quartos e que sejam pregados em postes, pelo
caminho de Minas Gerais. (LYDIA, 1973, p. 82).

O Governo tratou de transformar o episódio numa


demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira
encenação. Seu corpo foi esquartejado e, com seu sangue, se lavrou a

6
Disponível em: https://www.ebiografia.com/tiradentes/

26
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

certidão de cumprimento da sentença. Sua cabeça foi exposta em


Vila Rica e seus membros espalhados em postes no caminho entre
Minas e Rio de Janeiro.

Figura 2 - Fotos Tiradentes

27
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

28
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

TEN-CEL FRANCISCO DE PAULA FREIRE DE ANDRADE


Por Niag Barbosa Ferreira Silva7
Figura 3 - Ten-Cel Francisco de Paula Freire de Andrade

1756 – 1808

Nascido no Rio de Janeiro em 1756, o Tenente-Coronel


Francisco de Paula Freire de Andrade foi um jovem militar de alta
patente da Capitania de Minas Gerais. Era filho do segundo Conde
de Bobodela, que governou a Capitania de Minas Gerais
interinamente de 1752 a 1758, sendo oriundo de famílias nobres
portuguesas. Era um homem de grande fortuna e conseguiu aumentar
ainda mais seus soldos através do casamento com Isabel Querubina
de Oliveira Maciel, a filha do Capitão-Mor de Vila Rica, José
Álvares Maciel. Foi também o primeiro Comandante Geral da
Polícia Militar de Minas Gerais, em 1775.
Quando completou doze anos, ingressou na Polícia Militar

7
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

29
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

como cadete no Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro. Aos 20


anos de idade, chegou ao posto de Capitão, ganhando respeito e
notoriedade dos militares na época e alcançando, aos vinte e três
anos, a patente de Major.
Aos vinte e quatro anos foi promovido ao posto de Tenente-
Coronel sendo, de fato, o primeiro Comandante do Regimento
Regular de Cavalaria, tropa paga da Capitania de Minas Gerais, em
1775. A atividade principal desse regimento estava ligada à
imposição do poder da Coroa Portuguesa no que se refere à cobrança
de impostos e ao sossego público.
Com base nos “Autos de Devassa da Inconfidência Mineira”
(ANDRADA, 2016) pode ser visto um pouco do prestígio que
detinha o Tenente-Coronel Francisco de Paula diante das autoridades
da época:
[…] desde os primeiros anos de sua carreira militar
se distinguira nas missões que lhe foram atribuídas,
recebendo elogios tanto do governador de Minas
Gerais, D. Antônio de Noronha, como do Vice-Rei
Marquês de Lavradio. O primeiro, ao remeter para
Lisboa a relação dos oficiais do Regimento de
Cavalaria Regular, constituído em 1775, assim se
expressou a respeito do futuro inconfidente:
'Tenente-coronel Francisco de Paula Freire de
Andrada. Este Oficial era capitão no Regimento de
Cavalaria do Rio Grande; foi incumbido, em
algumas diligências do serviço pelo Marquês Vice-
Rei do Estado e de todas deu boa conta e é muito
aplicado ao serviço'. Considerações no documento
originário do Arquivo Histórico Ultramarino
(ANDRADA, 2016).

Seguindo o mesmo ponto de vista, pode ser levada em conta


a referência concedida pelo Marquês de Lavradio sobre o Tenente-
Coronel ao Vice-Rei do Estado do Brasil, Luís de Vasconcelos e
Souza:

O Comandante da Cavalaria de Minas Gerais é o


Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de
Andrada, muito moço, porém tem comandado as

30
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Companhias que estão debaixo de sua ordem com


muito acerto. (ANDRADA, 2016).

O Tenente-Coronel Francisco de Paula teve intensa


convivência com um Alferes de seu regimento, um dos nomes mais
importantes na história da Polícia Militar de Minas Gerais e do
Brasil, o Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes). Fez carreira na
Força Pública de Minas Gerais e ficou conhecido por sua
importância na Inconfidência Mineira, em 1789: uma tentativa de
revolta debelada pelo governo em que, na então capitania de Minas,
planejou um levante juntamente com Tiradentes.
Esse levante foi um dos mais importantes movimentos
sociais da história do Brasil. Teve como significado a luta do povo
brasileiro pela liberdade e contra a opressão do governo português no
período colonial, lutando contra a execução da “derrama” e o
domínio de Portugal.
Durante algumas décadas do século 18, era grande a fartura
de ouro na região de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto. Portugal
era quem dominava todo esse ouro da região. O momento era de
abusos políticos e cobrança abusiva de altas taxas e impostos. Além
disso, a metrópole havia decretado uma série de leis que
prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial no país e,
principalmente, na região.
Com o passar dos anos, o ouro passou a ter um declínio de
produção e Portugal aumentou a carga de impostos levando a uma
crise no estado mineiro. Não contente com a situação, o Tenente-
Coronel Francisco de Paula Freire aderiu à revolta contra a coroa
portuguesa, ajudou a arquitetar como se daria esse levante sendo que,
a última das reuniões, em agosto de 1788, ocorrera em sua casa.
O levante aconteceria da seguinte maneira: o Tenente-
Coronel Francisco de Paula aguardaria o desenrolar dos
acontecimentos em seu quartel, enquanto Tiradentes, comandando
um pequeno grupo de militantes, iria até o Palácio de Cachoeiro do
Campo, onde renderia a guarda e prenderia o governador Visconde
de Barbacena. Em seguida, o decapitariam. Tiradentes levaria a
cabeça do governador para Vila Rica, onde o Tenente-Coronel
Francisco de Paula, em aparente intuito de ver a balbúrdia na praça

31
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

central de Vila Rica, perguntaria a Tiradentes: "O que é isso? É a


cabeça do nosso governador?" Tiradentes responderia que sim, e
Francisco de Paula redarguiria, "o que querem?". A resposta seria
"Liberdade". Seriam dados vários "Viva à Liberdade". Logo após, a
tropa confraternizaria com o povo e iriam para o palácio do governo,
onde seria instalada a junta provisória com a publicação imediata de
uma declaração de independência. Decidiram também que quem não
aderisse ao movimento passaria a ser considerado inimigo.
A conspiração foi descoberta e Tiradentes foi enforcado em
praça pública. Os outros líderes do movimento foram detidos e
enviados para o Rio de Janeiro, onde responderam pelo crime de
inconfidência (falta de fidelidade ao rei). Freire, junto com os
conjurados participantes do movimento, foi preso, julgado e
condenado à morte. Nesse tempo, morrer na forca era uma
humilhação para toda a família e ele estava bastante descontente com
esse fato.
Porém, contrário à condenação à morte, seu nome foi
incluído na relação dos beneficiados pela carta régia de 15 de
outubro de 1790. Teve a pena convertida em prisão perpétua. Foi
mandado para um presídio em Pedras D’Angola, Moçambique, em
1792 onde recebeu um cargo público durante a prisão, executando
serviços de mecânica e hidráulica para a cidade, uma vez que tinha
algum conhecimento básico da profissão.
Em 1808, escreveu uma carta ao Ministro Dom Rodrigo de
Souza Coutinho pedindo permissão para voltar ao Brasil, porém, em
março desse mesmo ano, sem obter respostas ao seu pedido, acabou
morrendo sem retorno ao seu país de origem.
Em 1936, seus restos mortais foram trazidos ao Brasil e se
encontram no Panteão dos Heróis no Museu da Inconfidência.
No intuito de prestar justa homenagem ao primeiro
comandante de fato da Cavalaria de Minas, a Polícia Militar de
Minas Gerais institui conforme os arts. 1º e 2º, da Resolução n.º
4493, de 23 de agosto de 2016 a medalha “Ten.-Cel. Francisco de
Paula Freire de Andrade”, em comemoração retroativa ao
Bicentenário de fundação da Unidade e também com objetivo de

32
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

enaltecer o nome de um dos protagonistas da história da instituição.8


A canção da Polícia Militar de Minas Gerais traz trechos na
qual referencia a Tiradentes e aos conjurados desse levante contra a
coroa portuguesa, fato que foi de suma importância para Minas
Gerais e para a história do Brasil, remetendo à luta e coragem contra
a opressão sofrida na época.
A história do Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire é
conhecida pelo o episódio da maçã. Conta-se que sua irmã, também
brasileira, entrou em contato com amigos e parentes influentes em
Portugal para tentar anular ou comutar a sentença de morte. Ela
soube, por pessoas próximas do poder, que a pena de morte havia
sido comutada para onze dos implicados e que apenas Joaquim José
da Silva Xavier seria morto na forca.
A irmã do Tenente-Coronel queria fazer com que a notícia
chegasse a ele, mas era uma missão praticamente impossível. Os
inconfidentes estavam incomunicáveis e eram rigorosamente
vigiados. As únicas pessoas que tinham contato com os prisioneiros
eram os carcereiros e os padres.
Para fazer a notícia chegar sem comprometer ninguém, ela
resolveu escrever um bilhete com a notícia da comutação e escondê-
lo dentro de uma maçã. Entregou a fruta a um padre e pediu-lhe para
entregá-la ao Tenente-Coronel.
O padre levou a maçã, mas o Tenente-Coronel, sem saber do
bilhete, pediu que desse a fruta a outro preso, de modo que não
obteve a notícia. Com isso, somente no dia 20 de abril de 1792, eles
souberam que não seriam enforcados.9

8
MINAS GERAIS. Polícia Militar. Resolução 4493, de 23 de agosto de
2016: Aprova o Regimento Interno da Comissão da Medalha Comemorativa
do Bicentenário de fundação do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes,
então Regimento Regular de Cavalaria de Minas. Belo Horizonte:
Comando-Geral. BGPM Nº64, de 23/08/2016. p.15-17.
9
Disponível em: https://www.algosobre.com.br/biografias/francisco-de-
paula-f.-de-andrade.html

33
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 4 - Ten-Cel Francisco de Paula Freire de Andrade

34
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL ROBERTO DREXLER


Por Oswaldo Túlio Corrêa da Cruz10
Figura 5 - Cel Roberto Drexler

A carreira profissional do Coronel Drexler foi marcada por


intensa representação de civismo, lealdade, patriotismo e dedicação à
sociedade mineira. Teve grande atuação na PMMG, sobretudo como
Comandante da Escola de Instrução entre 1912 e 1923, marco inicial
para o desenvolvimento da atual Academia de Polícia Militar.
Os pontos a serem apresentados em seu resgate histórico são
os principais feitos e conquistas, bem como a sua trajetória como
cidadão, militar, membro do exército Suíço e outras funções de
destaque que o fazem ser lembrado e ressaltado ainda nos dias atuais.
Entende-se que o legado deste Oficial é de extrema importância para
a construção dos conhecimentos históricos acerca das principais
figuras que marcaram a Polícia Militar de Minas Gerais.
Roberto Drexler é filho de Edward Drexler e de Eliza
Galliker. Nasceu na comunidade de Luzern, no interior do território
Suíço, onde permaneceu até se mudar para a cidade de Gent, na
Bélgica. Veio para o Brasil em um navio francês, que saiu da cidade
de Marseille, em janeiro de 1912, e desembarcou na cidade do Rio de
Janeiro.

10
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

35
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Em seus mais de 240 anos de existência, a atual Polícia


Militar de Minas Gerais acompanhou as principais modificações
sociais e culturais, e buscou preparar o seu efetivo para melhor
atender toda a população mineira. Dessa forma, ao longo desses
anos, consolidou-se, gradativamente, uma pedagogia policial militar,
precursora da atual Academia de Polícia Militar. Como forma de
alterar os métodos já ultrapassados na área do ensino e melhorar a
qualidade da formação dos militares, o Coronel Drexler foi
contratado para que pudesse colocar em prática o seu método de
ensino e aperfeiçoar o processo de formação no antigo Departamento
de Instrução (DI).
Drexler ficou conhecido entre os policias mineiros como o
“Suíço”, principalmente devido a sua nacionalidade e
particularidades que carregou consigo do seu país de origem,
tornando-se uma de suas marcas registradas. Ele também chegou a
compor o Exército da Suíça, como Capitão, em um dos cantões mais
próximos da Alemanha.
A lei que determinava a vinda do Oficial foi instituída por
Júlio Bueno Brandão, governador do estado de Minas Gerais na
época. No momento em que foi definida a quantidade do efetivo da
polícia para o ano de 1916, regulamentou-se também o capítulo de
Instrução, de acordo com o Decreto nº 4.380, de 11 de maio de 1915.
Entretanto, o Coronel Drexler já se encontrava em Minas Gerais
desde o governo de Delfim Moreira. É importante destacar que, em
1913, o Coronel requereu a contratação de seu filho, Rodolpho
Drexler, para assessorá-lo no trabalho. Desse modo, durante alguns
anos, pai e filho trabalharam juntos para proporcionar melhorias na
Instituição Militar de Minas Gerais.
Durante o período em que atuou na Força Pública mineira, o
Coronel criou no bairro Prado a antiga Escola de Instrução que,
inicialmente, foi composta por três diferentes escolas: Escola de
Graduados, Escola de Recrutas e Escola Tática. Essas criações
serviram como base para a formação do Corpo Escola em 1927, com
o intuito de iniciar um novo período de formação de policiais
militares. Conforme cita o Dr. José Francisco Bias Fortes –
Secretário da Segurança e Assistência Pública –, pelo Corpo Escola

36
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

“deveriam passar todos os recrutas que, depois de instruídos, são


desligados para os diversos batalhões”. O Corpo Escola destinava-se
ao preparo técnico do efetivo da Força Pública. Essas instruções
seriam dadas aos “oficiais e praças, segundo o programa organizado
pelo comandante e aprovado pelo Conselho Técnico”.11
Com a Força Pública dotada de condições materiais e com a
chegada do Instrutor, pôde-se então regulamentar a instrução e dar
início ao processo de formação de Praças e Oficiais. O “Suíço” era
da teoria de que “o heroísmo não é suficiente por si só, a teoria e a
instrução são essenciais”, ou seja, não bastava apenas o ato de
bravura e heroísmo para que se fizesse um bom Soldado, era
necessário possuir uma ótima instrução teórica. Em razão disso, o
Coronel Drexler era julgado por muitos como severo, por exigir
demais de seus comandados, mas, para ele, a disciplina começava de
cima para baixo, dos oficiais superiores para praças e subalternos.
Levando em consideração as reformas proporcionadas pelo
Cel Drexler é importante destacar que:

Ao assumir a direção técnica da Força Pública, o


Coronel Drexler procurou organizar diversos
manuais de instrução. Por sua influência direta foi
promulgado, em 11 de maio de 1915, o Decreto n.°
4380, que tratava das disposições reguladoras da
Instrução na Força Pública. Segundo elas, a instrução
subdividia-se em: moral, intelectual e técnica. Esta
última seria individual, de subdivisão, de unidade e
de corpo. O Coronel Drexler possuía um campo de
ação tão vasto que, além do papel de instrutor na
Escola de Instrução (predecessora do Corpo Escola),
ficara autorizado a intervir nos quartéis. Foi nesta
época que surgiram grandes mudanças nos uniformes
da Força Pública, sendo adotados o culote, perneiras,
borzeguins com cadarço, boné com armação e pala
curta. Na gola da túnica, via-se um cadarço branco,
duplo, tendo por cima o número da Unidade (tudo
segundo o figurino do Exército Alemão). (COTTA,
2006, p.93).

11
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/ wiki/ Academia_ de_Pol %C3
%ADcia_ Militar_ de_ Minas_Gerais

37
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Em 1918, a Polícia de Minas foi classificada como força


auxiliar do Exército brasileiro, por meio do decreto nº 4926, de 29 de
janeiro de 1918. Assim, ocorreu um atrelamento entre as duas forças,
proporcionando uma maior relação e compartilhamento de
informações entre as instituições. A importância do Cel Drexler para
a Força Pública Mineira na época foi tamanha que José Francisco
Bias Fortes, comandante da instituição no ano de 1927, ressaltou a
instrução ministrada pelo “Suíço”: “No terreno dos fatos, porém, fora
cegueira não reconhecer que, depois da retirada do instrutor Roberto
Drexler, nada mais realizamos em favor da continuidade da instrução
militar nos Batalhões da Força Pública”.
O legado proporcionado pelo Coronel Drexler foi de
tamanha importância para a formação dos militares que, após sua
retirada do comando do Departamento de Instrução, os seus métodos
e formas de instruir foram reproduzidos pelos comandantes
subsequentes. No livro “Breve História da Polícia Militar de Minas
Gerais”, do autor Francis Albert Cotta, um trecho que ressalta a
grandeza das realizações do Coronel Drexler destaca:

Ainda em 1927, o Corpo Escola recebeu sua


normatização. Ele se destinaria ao preparo técnico do
pessoal da Força Pública e suas instruções seriam
dadas aos oficiais e praças segundo o programa
organizado pelo Comandante do Corpo Escola e
aprovado pelo Conselho Técnico, observando-se a
legislação militar federal vigente. A instrução dos
oficiais constaria de duas partes: uma essencialmente
prática, consistindo na aplicação dos regulamentos
adotados (do Exército Nacional), e outra teórica,
abrangendo tática de armas, especialmente de
infantaria e cavalaria, conhecimento sobre
organização e administração militar, resolução de
temas táticos na carta de jogo de guerra. As
instruções práticas compreenderiam: a instrução
individual, a da subdivisão e a da unidade (seguindo
o paradigma já estabelecido pelo cel. Drexler). A
instrução individual consistiria em exercícios formais
e de flexionamento, tiro individual, continências
militares, serviço de guarnição e de segurança,
conhecimento e conservação de armamento e

38
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

obrigações do soldado no serviço interno dos


quarteis. (COTTA, 2006, p.97).

Ressalta-se como curiosidade da natureza da personalidade


desse Coronel PM, a exigência para que os batalhões, no momento
de um desfile, passassem de maneira impecável, visto que, os
desfiles militares eram muito apreciados pela população, que
aplaudia os batalhões da Força Pública em frente ao Palácio da
Liberdade, no chamado “passo de ganso” ou cadenciado.
Além da técnica implantada no seio da Força Pública,
Roberto Drexler tinha grande apreço e confiava nos soldados
mineiros, que recebiam as melhores instruções para se formarem
prontos para exercer a função de segurança pública. Alguns
historiadores contam um episódio muito significativo, ocorrido antes
da revolução de 30, quando Drexler não se encontrava mais em
Minas Gerais. O senhor Washington Luiz, pressentindo um cheiro de
fumaça que subia das montanhas, quis saber se a Força Pública
Mineira realmente se encontrava em condições de combate.
Aconselharam-no a chamar o “Suíço”, antigo instrutor, único que
poderia dar informações completas. Depois de ouvir um relato sobre
a disciplina e a bravura dos soldados mineiros, o Presidente
ponderou que a Força Pública não possuía armamentos, então, o
“Suíço” lhe respondeu que aquilo era coisa secundária, pois a
“Polícia Mineira tomava armamento inimigo”.
Podemos observar que grande parte dos métodos de ensino,
supervisão, disciplina, hierarquia, lealdade e civismo, presentes na
Polícia Militar de Minas Gerais nos dias atuais, foram legados
deixados há mais de 100 anos. O Coronel Roberto Drexler não
apenas proporcionou a formação de uma nova base de ensino,
contribuindo de forma singular para o desenvolvimento de uma
polícia com vistas a proteger a sociedade de maneira operacional,
mas com fundamentação técnico-teórica, permitindo a cada policial
atuar dentro de suas atribuições com legalidade e destreza.
As mudanças realizadas por ele na estrutura de ensino e
formação dos soldados, que naquela época eram consideradas
ousadas demais para os padrões vigentes, hoje são ressaltadas e
colocadas em prática pelos responsáveis pela formação dos novos

39
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

soldados mineiros. Diante disso, fica evidente o importante legado


institucional deixado por Drexler que, até nos dias atuais, é lembrado
e cultuado pelos Policiais Militares mineiros, feitos que foram
consagrados nos versos da Canção da Academia de Polícia Militar de
Minas Gerais.

40
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 6 - Documentos históricos do Cel Drexler

41
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

42
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL AFONSO ELIAS PRAIS


Por Nemias Marques Lima Costa12
Rafael Lucas Simões Peixoto13
Figura 7 - Cel Afonso Elias Prais

Nascido em 1892, Afonso Elias Prais é natural de


Uberlândia, cidade situada na região do triângulo mineiro, interior do
estado de Minas Gerais. Filho de Antônio Afonso de Prais e
Honestolda Maria Prais, sua história na Polícia Militar de Minas
Gerais tem início em 4 de junho de 1909, no 1º BPM em Belo
Horizonte. No mesmo ano em que assentou praça nessa Unidade,
Elias Prais foi promovido a Cabo de Esquadra, dando indícios de que

12
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
13
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

43
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

teria uma carreira promissora na então Brigada Policial de Minas


Gerais (COTTA, 2014, p.129).14.
Em 1910, foi transferido e incorporado ao 4º BPM, em Poços
de Caldas, localizado na mesorregião do Sul e Sudoeste de Minas.
Contudo, Elias Prais foi desligado e seguiu para a cidade de Sete
Lagoas, onde foi promovido à graduação de Furriel15.
Posteriormente, assumiu a sargenteação da 4ª Companhia de Poços
de Caldas e, em 1913, foi promovido ao posto de 2º Sargento
amanuense16 da secretaria.
No que parecia ser os “trâmites do destino”, a caminho de
uma história de sucessos na Polícia Militar, Elias Prais seguiu em
ligeira ascensão. Dale Carnegie já dizia que “a melhor maneira de
nos prepararmos para o futuro é concentrar toda a imaginação e
entusiasmo na execução perfeita do trabalho de hoje”. Foi assim, por
meio do desvelo com que se dedicou às atividades militares,
compenetrado nos assuntos que aludem à vida castrense, que Elias
Prais escreveu, nas páginas de sua biografia militar, uma história de
lutas e vitórias. Assim, em 1914, fez parte do Batalhão Escola (atual
Academia de Polícia Militar), mas logo após foi transferido para o
Corpo de Cavalaria, onde foi incluído no 1º Esquadrão e foi
promovido a 1º Sargento.
No dia 20 de outubro de 1915, foi contemplado com o posto
de Alferes depois de ter sido submetido e aprovado em exame de
aptidão. Ingressou finalmente no oficialato em 1920, quando foi
promovido, pelo Presidente de Estado, ao posto de 2º Tenente. Em
1922, Elias Prais foi promovido, por merecimento, ao posto de 1º
Tenente e já como Capitão tornou-se comandante da 1ª CIA do 5º
BPM.
Conhecedor das artes da guerra e autodidata nas ciências
militares, em virtude dos bons serviços prestados em campanhas, o
então Capitão Elias Prais foi condecorado pelo Presidente do Estado
com a medalha “Mérito Militar”. Os anos que seguem 1930 e 1931
são os anos em que foi promovido, respectivamente, aos postos de

14
PMMG, Cel Elias Afonso Elias Prais. Pasta Funcional.
15
Graduação militar superior a cabo e inferior a sargento.
16
O que escreve textos à mão; escrevente, copista, secretário.

44
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Major e Tenente-Coronel, em decorrência da prestação de serviços


de guerra.
No dia 21 de outubro de 1932, o Comandante Geral da
PMMG, através do Boletim Geral nº 244, fez-lhe o seguinte elogio e
agradecimento:

Ao encerrar-se a luta pela ambição e pela falta de


patriotismo de maus brasileiros, luta que abalou o
país inteiro e não poderá ser recordada sem que uma
enorme tristeza invada os nossos corações, sinto-me
no dever de ainda em razão das funções que venho
exercendo de comando das tropas da Força Pública
em operações, dirigir-lhe uma palavra de
agradecimento e de louvor, pela disciplina, bravura e
espírito de sacrifício com que se manteve mais de 2
meses, esquecendo família, interesses e saúde, para
lembrar-se somente do cumprimento do dever por
Minas e pelo Brasil. (BOLETIM GERAL, nº 244 de
21/10/1932).

No dia 03 de julho de 1933, conforme Boletim Geral nº 138


de 27 de junho do mesmo ano, por decreto do Presidente do Estado,
Elias Prais finalmente alcançou o posto de Coronel, também em
virtude da prestação de serviços de guerra e, ao assumir o novo
posto, assume também o comando do 4° BPM.
Foi um dos fundadores e idealizadores da Caixa Beneficente,
atualmente chamada de IPSM (Instituto de Previdência dos
Servidores Militares de Minas Gerais), importante patrimônio da
Polícia Militar de Minas Gerais, pois visa fornecer suporte ao militar
e sua família. A Caixa Beneficente (atual IPSM) figura-se como
órgão imprescindível à manutenção daqueles que lutaram e lutam em
favor da defesa social. Elias Prais assumiu a Diretoria da Caixa
Beneficente interinamente, em 8 de maio de 1937. A criação da
“Caixa Beneficente” demonstrou o alto grau de visão prospectiva, de
preocupação com a segurança e bem-estar da família Policial Militar.
Um marco na carreira deste Coronel foi o dia 19 de outubro
de 1937, quando assumiu o comando do antigo DI, atual Academia
de Polícia Militar de Minas Gerais.

45
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

O Estado Novo (1937-1945), terceira fase do Governo de


Getúlio Vargas, foi implantado com a intenção de conter uma
ameaça comunista no País. Foi redigida uma nova constituição que
ampliou os poderes do presidente, podendo intervir no Legislativo e
Judiciário, e indicar governadores dos estados. Na implementação
desse novo regime político, que, por ser mais rígido que o anterior,
necessitou de ajuda das forças policiais estaduais. Elias Prais, foi um
aliado da União nesta importante transição histórica, sendo em 30 de
novembro de 1937, elogiado pelo Comandante Geral, em nome do
Governador do Estado de Minas Gerais, por haver cooperado com o
Governo da União e com o Exército Nacional, para a implantação
deste novo regimento no País
Durante a Revolução de 1930 e 1932 era o Comandante do
4º BI (Batalhão da Infantaria) em Uberaba e se envolveu em
combates na ponte do Delta sobre o Rio Grande, nas divisas de
Minas Gerais e São Paulo. Além da carreira militar, o Cel Elias Prais
foi vereador na cidade de Belo Horizonte.

Figura 8 - Foto Cel Afonso Elias Prais

46
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

GEN PROF JOSÉ CARLOS CAMPOS CHRISTO


Por Pâmela Camila Claudino Barbosa17
Rilley Adricio de Oliveira18
Figura 9 - Gen Prof José Carlos Campos Christo

Na década de 1920, o Presidente do Estado de Minas Gerais,


Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, criou, como descreve Cotta
(2006), em 1927, a “Escola de Sargentos por influência do Tenente
José Carlos Campos Christo, do Exército Nacional, o qual estava em
comissão na Força Pública” (COTTA, 2006, p. 134). Dessa maneira
o Tenente José Carlos Campos Christo é convocado pela Polícia
Militar Mineira a contribuir com seu conhecimento no
aperfeiçoamento das técnicas de ensino dos Policiais Militares, que
estariam, a partir daí, mais preparados para atuar com
profissionalismo, conhecimento e tecnicidade:

Em 1927, por influência do então-tenente José


Carlos Campos Cristo, do Exército Nacional (que
estava em comissão na Força Pública), o Presidente
do Estado de Minas Gerais, Dr. Antônio Carlos
Ribeiro de Andrada, criou a Escola de Sargentos. O

17
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
18
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

47
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

curso funcionaria na Capital, sob a fiscalização


imediata do Comandante-Geral. Poderiam ser
matriculados na Escola os sargentos e cabos de boa
conduta, com menos de trinta e cinco anos de idade,
aprovados no exame de admissão. O curso, com
duração de dois anos, daria condições às praças de
ser promovidas ao oficialato. Os oficiais que o
desejassem poderiam frequentar a Escola, como
ouvintes, e prestar os exames nas épocas
competentes. O regulamento de 1927 prescrevia, em
seu art. 58, que as “vagas de segundos-tenentes serão
preenchidas por sargentos-ajudantes e primeiros-
sargentos habilitados com o Curso da Escola de
Sargentos”. (WILKIPEDIA, 2016).

Campos Christo foi chefe da Polícia Civil mineira, um dos


mais atuantes da história, e se destacou por sua vitalidade e iniciativa
profissional. Várias mudanças substanciais e inovadoras, que
enalteceram a instituição, marcaram o período de sua gerência, tais
como: a criação da Rádio Patrulha da Guarda Civil, a Organização
administrativa dos serviços policiais, formatura de médicos legistas,
investigadores, peritos, etc19.
Em 1930, Getúlio Vargas assume a presidência do Brasil de
forma atípica, rompendo o “ciclo café com leite”, no qual se
revezavam Presidentes de Minas Gerais e São Paulo. Em 1932 é
deflagrada a Revolução Constitucionalista, com a participação das
polícias de São Paulo e Minas Gerais. Neste conflito, o então 1º
Tenente José Carlos Campos Christo, líder político e militar, atua
diretamente como um dos mentores do Movimento
Constitucionalista. Após o encerramento desta Revolução, José
Carlos Campos Christo é enviado ao exílio a bordo do navio Pedro
I20.
Após o exílio, foi anistiado e reintegrado ao Exército, em
cujas alas continuou até o Generalato, quando foi Secretário de

19
Disponível em: http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br/ 2012/
09/exilados-em-1932.html
20
Disponível em: http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br/
2012/09/exilados-em-1932.html

48
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Estado da Segurança Pública de Minas Gerais, no Governo Bias


Fortes.
A passagem do Professor José Carlos Campos Christo pela
polícia mineira contribui significativamente com a instrução dos
Policiais Militares de Minas Gerais. Em reconhecimento, seu nome
foi imortalizado na canção da Academia de Polícia Militar do Prado
Mineiro, de autoria do Ten-Cel Ref. João Bosco de Castro.

Por Drexter, Campos Cristo e Mariano


Senhores de doutrina Magistral,
Guiado pelo sol cartesiano
Às láureas da semente triunfal
Do Sublime Dê-I, tutor decano
Das bases do saber profissional!
Inseri as noções curriculares
De polícia e teores militares!

ESTRIBILHO;
Os preceitos do alferes ensinas
Aos discentes a paz Social
À pesquisa feraz tu te inclinas,
A extensão exercitas, cabal!
Nobre escola do Prado mineiro;
Livro, espada e ideário altaneiro (...)
(POLICIA MILITAR DE MINAS GERAIS)

49
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 10 - Fotos Gen Prof José Carlos Campos Christo

50
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL OTAVIO CAMPOS DO AMARAL


Por Patrícia Oliveira do Carmo21
Figura 11 - Cel Otávio Campos do Amaral

1885 - 1949

Otávio Campos do Amaral nasceu em Virginópolis (MG) no


dia 7 de novembro de 1885. Filho do fazendeiro Antônio Ferreira
Campos e de Augusta Rebelo do Amaral, Otávio foi casado com
Raimunda Xavier do Amaral.
Otávio Campos do Amaral assentou praça em 1902 no 1º
BPM e esteve a frente da Unidade na segunda metade da década de
20 do século passado. Destacou-se nas diligências contra Antônio
Dó, célebre bandoleiro que aterrorizava cidades e vilas das margens
do Rio São Francisco. Em 1923 pacificou a região da fronteira de
Minas Gerais com o estado da Bahia.

Em 1923, na fronteira entre Minas e Bahia, ocorrera


uma crise entre o latifundiário João Duque e o
governo. A região foi pacificada somente com a
conjugação das forças militares do Exército e da

21
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

51
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Polícia de Minas. Para a região foi enviado o jovem


oficial da Polícia Mineira Otávio Campos do
Amaral. (COTTA, 2006, p.144).

No ano de 1924, como Capitão, em razão de sua bravura e


capacidade de comando, foi comissionado ao posto de Major, com a
finalidade de comandar um Batalhão contra a “Coluna Prestes”. Foi
o único oficial da PMMG comissionado ao posto de Major pelo
Exército Brasileiro. Nas lutas contra a “Coluna Prestes”, sua ação foi
decisiva no comando de um contingente da Força Pública que lutou
no combate de Três Lagoas, se deslocando para a localidade de Posto
Japonês, onde fez o primeiro contato com o inimigo, sustentando o
fogo até a chegada de tropas do 12º RI.

(...) O movimento rebelde grassou tanto em São


Paulo como no Rio Grande do Sul. Sentindo
vencido, em São Paulo, os Revolucionários
retiraram-se rumo a Goiás, lá encontraram a outra
parcela que procedia do sul, sob o comando do
capitão Luiz Carlos Prestes. Essa coluna foi
combatida por tropas mineiras comandadas pelo
major Otávio Campos do Amaral. (COTTA, 2006,
p.144).

Em 1930, com sua tropa, penetrou no Espírito Santo, pelo


Baixo Guandu, ocupando em seguida Vitória, quando então designou
uma junta Governativa para compor o governo estadual até que o
Comando Revolucionário de Getúlio Vargas tomasse a decisão final.
Posteriormente, deslocou suas tropas para o Sul da Bahia e norte do
estado do Rio de Janeiro, expulsando tropas regulares do Triângulo
Mineiro. Durante a Revolução de 1932 comandou a Brigada Sul,
composta pelo 5º Batalhão e por vários batalhões provisórios (Corpo
de Voluntários), sendo um deles o 17º de Voluntários da Pátria.
Eleito Deputado Federal, foi redator de Emenda ao artigo
167 da Constituição de 1934, texto que destacou o papel das Forças
Policiais Estaduais como “reservas do Exército e gozando das
mesmas vantagens a este atribuídas”. Recebeu copiosa
correspondência de todos os Estados da Federação, investindo-o na
qualidade de representante das Forças Policiais Brasileiras. Foi ainda

52
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

comandante e instrutor do “Corpo Escola”, atual Escola de Formação


de Oficiais e fundador da União dos Reformados da Policia Militar
de Minas Gerais hoje União do Pessoal da Polícia Militar.
A medalha do centenário do 1º Batalhão da Polícia Militar
recebe o nome do Coronel Otávio Campos do Amaral que ali
assentou praça e percorreu todos os postos e graduações, tornando-se
o 9º Comandante da unidade. Otávio Campos do Amaral faleceu em
Belo Horizonte no dia 12 de abril de 1949 aos 63 anos.

Figura 12 - Medalha Cel Otávio Campos do Amaral

53
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

54
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL JOSÉ VARGAS DA SILVA


Por Pâmela Regiane Pereira Alves Pedroso22
Rafael Amaro dos Santos23
Figura 13 - Cel José Vargas da Silva

O Coronel José Vargas da Silva eternizou sua atuação, não


somente na Polícia Militar de Minas Gerais, mas contribuiu também
na formação de uma nova sociedade brasileira.
Sua trajetória na Polícia Militar foi repleta de desafios que
exigiram muita técnica. Inúmeras foram as situações desfavoráveis
enfrentadas, seja como Soldado ou Comandante. Cada época exigiu
determinada destreza. Ele eternizou seu nome junto à Academia de
Polícia Militar, dentre vários papéis, ao se tornar o primeiro
Comandante do Departamento de Instrução, hoje Academia de
Polícia Militar, berço da formação dos policiais militares.
Mineiro, nascido no dia 06 de setembro de 1895, em
Curvelo, José Vargas da Silva ingressou como Soldado, na Força
Pública Mineira, em 11 de novembro de 1915, no 1º BPM. Um ano
após seu ingresso, foi promovido à graduação de Cabo de Esquadra.
Já em 1924, foi nomeado Delegado Especial das cidades Pitangui,

22
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
23
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

55
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Bom Despacho, Dores do Indaiá e Luz.24


Dentre os muitos momentos marcantes de sua trajetória na,
então, Força Pública do Estado de Minas (COTTA, 2014, p.124), um
que merece ser destacado foi a sua participação na Revolução de
1932, atuando como Chefe do Estado Maior da “Brigada Lery”,
encarregada de zelar pelo Túnel da Mantiqueira. Embora esse túnel
se figurasse como posição de enorme relevância no conflito, por ser
um ponto estratégico na ferrovia que fazia a ligação entre Minas e
São Paulo, as condições em que batalharam as tropas mineiras não
eram favoráveis. Segundo Francis Albert Cotta:

Se a serra castigava os soldados, com o clima não era


diferente. Além dos resfriados, das gripes e dos
reumatismos, a umidade e a garoa interferiam no
funcionamento dos armamentos e na qualidade das
munições. Afinal, não há pólvora que resista a
permanente exposição à umidade (COTTA, 2014,
p.160).

Havia também problemas quanto à altitude, pois “a região


onde se encontra o túnel apresenta picos elevadíssimos e de difícil
acesso, como o Gomeira (2.010 m), Gomeirinha (1.500 m), Cristal
(1.700 m) e Itaguaré (2.308 m) (COTTA, 2014, p.160)”, sufocando
os soldados em razão do ar rarefeito da região. A despeito de ser uma
região estrategicamente decisiva, o referido túnel desfavorecia os
soldados mineiros em certos aspectos.
O Coronel José Vargas, por sua vez, como exímio belígero
que era, “desatou o nó” das operações militares naquela região
quando, comandando uma tropa regular da Força Pública Mineira, a
partir da fazenda São Bento, ocupou uma pequena parte do território
paulista, de onde surpreendeu as fortificações paulistas em ataques a
golpes de baioneta, conquistando estas fortificações, enfraquecendo
os paulistas e propiciando a retirada deles das demais fortificações
sobre o túnel da Mantiqueira. O conhecido levante constitucionalista,
embora tenha sido, posteriormente, debelado pelas tropas do governo
federal, com a participação decisiva da Força Pública Mineira que

24
PMMG. José Vargas da Silva. Belo Horizonte. 1915-1963.

56
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

não depôs as armas ante a ofensiva paulista, tampouco esmoreceu


frente às intempéries da região da Serra da Mantiqueira, teve como
resultado “várias baixas perdendo, dentre outros, o Tenente-Coronel
Fulgêncio de Souza Santos, ferido mortalmente por um projétil
(COTTA, 2012, p.165).
José Vargas, por meio de sua disciplina e postura
compromissadas e a diuturna dedicação ao serviço, foi Comandante
Geral da Polícia Militar de Minas Gerais, entre 1946 e 195125. No
decorrer desse período, José Vargas mostrou-se solidário às
aspirações de sua tropa. Em que pese fosse o chefe maior da polícia,
apoiou os militares sob sua égide, lutando por aumento nos
vencimentos da época e sendo o idealizador da "Caixa de Assistência
Judiciária", que visava prestar amparo jurídico à tropa nos casos em
que houvesse o cometimento de algum crime durante a execução da
atividade profissional.
Além do zelo pelos militares, José Vargas possuía outras
inclinações. Sua preocupação com o social o motivou a apoiar o seu
Chefe de Gabinete, o então Major, José Manoel de Almeida, na
criação da Escola Caio Martins26, organização de apoio ao menor
abandonado e ao homem do campo. Posteriormente, ainda ingressou
na carreira política como Deputado Estadual, entre os anos 1951 a
1955.
Em reconhecimento a seu empenho como primeiro
Comandante do Departamento de Instrução (DI), atual Academia de
Polícia Militar, o Gabinete Militar do Governador homenageia os
Oficiais no cinquentenário de suas formaturas com a Medalha
Coronel José Vargas27.
Enquanto Comandante Geral, na 1ª grande redemocratização

25
PMMG. José Vargas da Silva. Belo Horizonte. 1915 a 1963.
26
Disponível em: http://www.coped-nm.com.br/ terceiro/ index.php?
option=com_ content&view= article&id= 31:manoel- jose- de- almeida-
fundador- das –escolas –caio -martins- e- relator- da- realidade- brasileira-
do- menor- por- ocasiao- de- seu- centenario&catid=9 :historia- da-
educação & Itemid=28l
27
Disponível em: https://www.policiamilitar.mg.gov.br/ portalpm/
conteudo. action? conteudo=20946 & tipoConteudo=noticia

57
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

do país, surgiram o Colégio Tiradentes da Polícia Militar (CTPM),


Escola Caio Martins, Hospital Sanatório Eugênia Vargas, a União do
Militares de Minas Gerais (UMMG) e o Clube dos Oficiais.
Foi o primeiro oficial combatente da Força Pública a
conseguir o título de graduação na educação superior, como bacharel
em Direito pela Universidade de Minas Gerais, atual UFMG, na
turma de 1943, da qual também fez parte o Ten-Cel Prof. Oswaldo
de Carvalho Monteiro.
José Vargas da Silva, no campo cultural, idealizou e
publicou, de 1946 a 1951, a importantíssima Revista Libertas, com
divulgação de textos literários, filosóficos, educacionais e de
erudição geral.

58
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 14 – Placa e Medalha Cel José Vargas da Silva

59
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

60
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL FULGÊNCIO DE SOUZA SANTOS


Por Niag Barbosa Ferreira Silva28
Figura 15 - Cel Fulgêncio de Sousa Santos

1896 – 1932

Fulgêncio de Sousa Santos nasceu no dia 1º de janeiro de


1896, na cidade de Januária, norte de Minas Gerais e ingressou na
Polícia Militar do Estado de Minas Gerais aos 16 anos de idade, no
3º BPM, na cidade de Diamantina.
Sua história ganhou destaque quando o Coronel partiu, no
dia 9 de julho de 1932, para o sul do estado de Minas Gerais, onde
assumiu comando do 7º Batalhão de Caçadores (atual 7º BPM de
Bom Despacho).
A razão para assumir o comando do batalhão se devia ao

28
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

61
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

período político em que viviam os estados de Minas Gerais e São


Paulo, ante a iminência de nosso Estado vir a ser invadido pelas
forças paulistas, cuja intenção era derrubar o governo provisório de
Getúlio Vargas e promulgar uma Nova Constituição para o Brasil.
Este movimento ficou conhecido como Revolução Constitucionalista
de 1932.
O marco da história do coronel se deu na atuação que teve
junto a sua tropa no Túnel da Mantiqueira, localizado entre as
cidades de Cruzeiro e Passa Quatro. O túnel tem 996 metros de
comprimento e foi usado como local estratégico, constituindo-se uma
frente de batalha importante por se situar na divisa entre os estados
de São Paulo e Minas Gerais.
Na manhã do dia 10 de julho, em São Paulo, a manchete do
jornal era: “Está victorioso, em todo o Estado, o movimento
revolucionário de caráter constitucionalista”29. Nesse mesmo dia, os
soldados paulistas já estavam na região do Túnel, ocuparam Passa
Quatro/MG e dinamitaram várias pontes da via férrea, “o que teria
causado pânico e alarme a muitas famílias”.30.
No Diário Nacional, era anunciado o motivo do movimento:
“Solidário com o General Bertholdo Klinger, o Estado de São Paulo
insurgiu-se contra a ditadura infiel, que ameaça arrastar o país à
anarquia”.31. O Chefe do Estado Maior das tropas revolucionárias na
época fez com que a visão deles sobre o manifesto revolucionário
fosse transmitida em todos os jornais paulistas.
Nesse momento, Getúlio Vargas enviou tropas federais
através de Minas Gerais, com a intensão de reprimir as tropas
Paulistas.
O Presidente do Estado, Olegário Maciel, lançou apoio a
Getúlio Vargas. Por sua vez, a Força Pública de Minas tendo como
Comandante Geral o secretário do interior Gustavo Capanema,

29
O ESTADO DE SÃO PAULO. Anno LVII. N0 19,216. São Paulo,
10/07/32.
30
Manuscritos. Passa Quatro, 14 de junho de 1932.p.II. Museu Histórico da
PMMG.
31
DIÁRIO NACIONAL. ANNO V. No 1,510. São Paulo, Domingo,
10/07/32.

62
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

acatou integralmente as determinações e, assim como pode ser visto


no Relatório de Campanha do Coronel Edmundo Lery Santos32, teve
a divisão em três brigadas ou destacamentos formando o seguinte
mapa da tropa: 1º) Setor do Túnel da Mantiqueira - Comandante Cel
Edmundo Lery Santos. 2º) Poços de Caldas - Cel Otávio Campos do
Amaral. 3º) Triângulo Mineiro - Cel Antônio Fonseca.
O Estado Maior da Brigada Sul (Comandante Cel Edmundo
Lery Santos), procedente de Bom Despacho, contava com 13
integrantes.

1.º Batalhão de Infantaria, (ComandanteTen- Cel


Francisco Campos Brandão), procedente de Belo
Horizonte, contava com 794 integrantes.
2.º Batalhão de Infantaria (Comandante, Major José
Pinto de Souza), procedente de Juiz de Fora, contava
com 445 integrantes.
3.º Batalhão de Infantaria (Comandante Major
Targino Ribeiro de Meirelles), procedente de
Uberaba, contava com 394 integrantes.
7.º Batalhão de Infantaria (Comandante Ten-Cel
Fulgêncio de Souza Santos), procedente de Bom
Despacho, contava com 741 integrantes.
8.º Batalhão de Infantaria (Comandante Major José
Persilva), procedente de Belo Horizonte, contava
com 422 integrantes.

A estratégia mineira consistia em ataques iniciados pela


artilharia. A partir daí, os soldados da infantaria abririam fogo, ao
mesmo tempo procuravam avançar e ocupar as melhores posições.
Na ocasião, Carlos Drummond de Andrade visitou o local da
revolução e retornando a Belo Horizonte, proferiu um discurso da
imagem que registrou visualmente da batalha:

[…] Eu estive diante do Túnel e vi o soldado


lutando. E o soldado não me viu, porque estava
lutando. Estava integralmente lutando. Com o corpo
dentro da terra, tal um bicho inferior, sua cabeça

32
Relatório de Campanha. Cel Edmundo Lery Santos. Quartel do 7º B.I.,
em Bom Despacho, 25/11/32.

63
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

alçava-se à superfície e era como um acontecimento


humano na paisagem da serra. Corpo, cabeça, e fuzil
faziam um só indivíduo e acusavam uma só decisão.
[...]
[...] O olho na alça de mira, o pensamento no alvo, o
mundo para ele era o morro fronteiro, mancha verde,
onde devia haver uma trincheira espiando; a vida
estava inteira naquele instante, e não havia nem
marchas passadas nem caminhadas futuras. Havia
um fuzil, um alvo, um homem e um morro. Tudo era
extremamente simples, nenhuma estilização,
nenhuma contingência e nenhum cálculo. O soldado
estava lutando, estava sinceramente, profundamente
lutando. (DRUMMOND, 1988, p.131-132).

Juscelino Kubistchek integrou o serviço de saúde da Força


Pública, como Capitão. Paulistas e mineiros se enfrentavam por mais
dois meses na Serra da Mantiqueira. Saindo vitoriosos os mineiros.
Diante desse conflito armado entre as tropas federalistas e os
revolucionários paulistas, o Coronel Fulgêncio tombou em combate
frente à tropa, no dia 30 de julho de 1932, atingido por um tiro de
fuzil.
Assim se refere Guilherme A. Barros, autor de “A
Resistência do Túnel”, ao Cel Fulgêncio:

O Coronel Fulgêncio é um vulto expressivo de


militar, cujo semblante enérgico encarna a imagem
da bravura e do heroísmo- símbolo expoente e
característico da Força Pública de Minas.
Pela sua palavra fácil, e austeridade de comando,
conquista a obediência cega de seus comandados.
As lições de civismo, de disciplina e de ordem
elevam tão alto o nome da brava milícia que, vez a
vez, mais dignifica o estado a que serve, com
abnegação e carinho.
A pena que traçar o perfil deste soldado, para ser
imortalizado nas páginas da história, deve ser
embebida em ouro.
A alma deste guerreiro é toda feita de intrepidez,
moldada num caráter firme e temperada com esse
aço de que se compõe o alicerce da brava Milícia de
Tiradentes.

64
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

O Coronel Fulgêncio de Souza Santos morreu como


apóstolo sacrificado no campo de honra. Que
exemplo edificante para aqueles que o viram tombar
na trincheira, e que, antes, lhe ouviram estas
significativas expressões:
'Avante rapazes, para a frente, soldados Mineiros, do
meu Batalhão! ’
Nas páginas da História há de registrar-se este feito,
que, por si só, enobrece uma Corporação, nobilita um
povo, glorifica uma época e imortaliza um herói.
(BARROS, 1933, p.233).

Com isso, deixou naquele dia seu nome gravado como herói
pela lealdade, austeridade de comando e disciplina, com caráter
firme e elevando tão alto o nome dos guerreiros da Polícia Militar de
Minas, dignificando o Estado a que servia, com bravura e coragem.
No dia 13 de setembro, o Comandante Lery foi informado de
que as tropas paulistas haviam se retirado. No dia 29 de setembro,
ocorreu a deposição das armas findando, assim, a Revolução
Constitucionalista, tendo sido exilado em Lisboa seus principais
chefes civis e militares.
Naquela batalha, tombaram cerca de 100 homens, naquele
que seria um dos mais sangrentos capítulos da revolução de 1932. No
total, foram 85 dias de combates, (de 09 Jul a 02 Out 1932),
causando também muitos danos às cidades do interior do Estado de
Minas.
Em 26 de setembro de 1985, foi instituída pelo Decreto n°
24.973 a Medalha do Mérito “Coronel Fulgêncio de Souza Santos”,
com o objetivo de agraciar participantes da Revolução de 1932 bem
como personalidades e instituições que tenham prestado serviços
relevantes à União dos Militares de Minas Gerais.
Em homenagem ao Coronel Fulgêncio, o governo de Minas
Gerais deu seu nome a estação onde ocorrera a batalha, chamando-a
de Estação Cel Fulgêncio, localizada no bairro rural do Registro, no
Município de Passa Quatro.
O dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é
feriado estadual em São Paulo. Os paulistas consideram a Revolução
de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.

65
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

No dia 30 de julho de 1934, foi celebrada, na Matriz de


Sant'Anna, uma missa solene em memória do Coronel Fulgêncio de
Souza Santos e seus intrépidos companheiros mortos no setor do
"Túnel", em Passa Quatro.
Em 23 de outubro de 1936, Lavras viveu um dia de
comoção, quando foi transladado para Belo Horizonte os restos
mortais dos soldados tombados durante a Revolução de 1932 e que
estavam depositados em 22 urnas guardadas dentro da igreja do
Rosário. Nesse dia, foi decretado feriado municipal e uma missa
solene foi celebrada pelo descanso das almas dos soldados mineiros
mortos em combate na serra da Mantiqueira. Um cortejo foi
preparado para levar as urnas até a Estação da Oeste, com o
acompanhamento de várias autoridades e representantes dos
estabelecimentos de ensino de Lavras.

66
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 16 – Medalha Cel Fulgêncio de Sousa Santos

67
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

68
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL ANTÔNIO DE OLIVEIRA FONSECA


Por Kamila Karoline Silva Carvalho33
Figura 17 - Cel Antônio de Oliveira Fonseca

1883 - 1974

Antônio de Oliveira Fonseca nasceu em 17 de junho de


1883, na cidade de Coimbra, em Portugal. Irmão de Luís de Afonso
de Oliveira, que também chegou ao posto de Coronel da PMMG. Pai
de doze filhos, veio para o Brasil em 1900 e neste mesmo ano se
ingressou na Força Pública Mineira. Participou, dentre outras, das
Revoluções de 1924, 1930, e 1932, foi comandante do Batalhão de
Diamantina e Uberaba, atuando de forma eficaz na prestação dos
serviços junto à Força Pública Mineira. Em 1922 o Governo do
Estado de Minas Gerais criou o 5º Batalhão, com o efetivo de 1000
homens, do qual fazia parte o 1º Tenente Antônio de Oliveira

33
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

69
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Fonseca, a unidade foi instalada provisoriamente na ala direita do


quartel de Santa Efigênia. O 5 º Batalhão ostentava uma trajetória
impecável, de forma que se tornou referência da Força Pública
Mineira, e na qual o Presidente do Estado confiava toda a segurança
da cidade Belorizontina. Por ser considerada a unidade de confiança,
o 5º Batalhão seria o escolhido para lutar contra os rebeldes de São
Paulo, entretanto se fazia necessária a sua presença na Capital
Mineira de modo que a ordem pública fosse mantida, a partir desse
momento, iniciou-se a criação do 6º Batalhão para que este fosse
enviado para o combate em São Paulo.
A primeira nota sobre a vida militar do Coronel Fonseca é
encontrada no relatório do Capitão Edmundo Lery, em que
participara da campanha contra a Coluna Prestes, em 1926, onde se
tornou um grande exemplo de combatente. Homem dotado de vigor e
sabedoria, destacou-se de sobre maneira, em 1925, no
“Destacamento do centro”, em Mato Grosso e Goiás.
Em três de abril do mesmo ano, seguindo as ordens do
Comando Geral, ocupando o cargo de Tenente, o Coronel Fonseca
partiu de Januária para Espinosa, Norte de Minas, onde passou por
situações difíceis devido às enchentes do rio Gorutuba, a tropa
marchava dentro d´água, em péssimas condições de alimentação e
saúde, entretanto o Tenente Fonseca continuava a cumprir com
primazia a sua missão e comandava a tropa com vivacidade. Nos
momentos em que ficava impossível a travessia nos rios, o Ten
Fonseca improvisava uma “padiola” e a colocava nas costas dos
soldados para que estes puxassem o caminhão que utilizavam.
Quando a Revolução Constitucionalista de 1932 eclodiu, a
Força Pública de Minas contava com os 7º e 8º Batalhões criados
após a Revolução de 1930, as tropas se dividiram em alguns setores,
mormente no Túnel da Mantiqueira, o comando da Brigada no
Triângulo Mineiro, conhecida como Brigada Fonseca ficou sobe a
responsabilidade do Coronel Fonseca, a qual se destacou na recuada
dos rebeldes na Zona do Triângulo, indo logo após ocupar as cidades
de Barretos e Bebedouro onde ocorreu a apreensão de 46
locomotivas da Mogiano. O Coronel Fonseca exerceu seu dever com
vivacidade, demonstrando frente à tropa o seu espírito de liderança.

70
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

A geração a qual pertenceu este emérito Coronel foi educada


e instruída pelo Coronel Drexler, e embora não tivessem uma Escola
onde fosse possível ter um ensino-aprendizagem de referência,
tornaram-se grandes nomes da Força Pública Mineira.
A luta e coragem do Soldado mineiro são tradicionalmente
reconhecidas. Conhecido pela sua bravura e vigor, o Coronel
Antônio de Oliveira ingressou na Polícia Militar como Soldado e
percorreu todos os postos e graduações. Foi reformado por ter ficado
perdido a visão, mas não perdeu a dignidade e honra militares
atuando em frentes sociais e cívicas. Antônio de Oliveira Fonseca
recebeu medalhas de mérito pela brilhante carreira e por sua luta e
coragem nas Revoluções. Faleceu em 23 de outubro de 1974, em
Belo Horizonte.

71
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 18 – Fotos Cel Antônio de Oliveira Fonseca

72
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL LUIZ DE OLIVEIRA FONSECA


Por Michel Lima Elpes34
Figura 19 - Coronel Luiz de Oliveira Fonseca

O Coronel Luiz de Oliveira Fonseca, nascido em 1885, em


Portugal, era filho de Antônio de Oliveira Fonseca. Era uma figura
ilustre e de personalidade forte que, em sua história, galgou todos os
postos e graduações da PMMG, tendo como principais características
a qualidade em seus serviços prestados e o zelo por sua equipe.
Sua história militar começou em 1903, quando foi incluído
no Quadro de Praças da Corporação, no 1º BPM em Belo Horizonte,
como Soldado. Teve certa dificuldade para se adaptar à vida da
caserna, porém nada que pudesse desviá-lo do de seu foco, tornando-
se assim praça responsável pelo rancho daquela Unidade.
Em janeiro desse mesmo ano, Luiz de Oliveira Fonseca

34
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

73
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

passou a executar uma função muito tradicional e inúmeras vezes


exercida em sua carreira: ser responsável por diligências. Sua
primeira responsabilidade foi a cidade de Sacramento, em Minas
Gerais; a seguir, no mesmo ano, as cidades de Tiradentes e de Pouso
Alegre.
No ano de 1905, Luiz de Oliveira Fonseca passou a
representar algumas responsabilidades jurídicas de averiguação e
investigação na cidade de Dores do Aterrado, onde executou as
funções de arrecadeiro da companhia. Em junho desse ano, passou a
residir em Poços de Caldas e a assumir os trabalhos de policiamento
ostensivo nas cidades de São Sebastião do Paraíso e Ouro fino.
Em janeiro de 1906, por demonstração pura de persistência e
determinação, recebeu o elogio por bravura admirável, em virtude de
abordagens efetivas e qualitativas a desordeiros que há tempos
causavam grande desordem nas cidades.
Em 1907, o até então arrecadeiro passou a ser efetivado por
mais três anos de efetivo serviço, sendo-lhe concedida a graduação
de Cabo de Comando. Nesse mesmo ano, foi homenageado com
elogios por seu aproveitamento em atividades de tiro, e louvado por
sua postura durante as atividades operacionais.
No ano seguinte, passou a fazer parte do quadro de praças da
1ª Companhia, em Poços de Caldas, local onde foi prontamente
elogiado pelo Alferes José Maria Bragança, diante de sua disciplina e
lealdade por serviços e atos apresentados, além de assumir o
comando do destacamento de Vila Nova Rezende, atual cidade de
Rezende, em Minas Gerais.
Em 1909, foi transferido de Poços de Caldas para assumir a
função de Furriel na 4ª Companhia de Polícia, sendo nomeado
comandante do destacamento da cidade de São João Nepomuceno.
Nesse mesmo ano, Luiz de Oliveira Fonseca, agora casado,
novamente foi elogiado pela postura e dedicação às funções militares
sendo assim promovido a 2º Sargento.
O início do ano de 1910 foi muito positivo para o ilustre
personagem, pois se inicia com um fundamental elogio do então
Major Benjamim Ferreira Lopes, pela inteligência, dedicação e zelo
em seus serviços prestados, rendendo-lhe imediatamente a promoção

74
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ao posto de 1ºSargento.
Em 1916, deixou de exercer as funções de 1ºSargento,
quando nomeado Delegado Especial de comarca e, logo em seguida,
passou a assumir as funções de delegado especial na cidade de alto
do Rio Doce.
Em 1919, Luiz de Oliveira Fonseca incorporou também as
funções de delegado especial da cidade de Divinópolis, do município
de Sabará e do distrito da capital, com sede em Barro Preto/ MG.
Em 1920, integrou o quadro de Oficiais, assumindo a
graduação de 1º Tenente e recebendo a incumbência de comandar a
2ª Companhia e permaneceu nessa função até 1925, quando assumiu
um Esquadrão de Cavalaria.
No ano de 1926, já como Tenente-Coronel, Luiz de Oliveira
Fonseca deixou o comando da Cavalaria e, em 1927, assumiu a
função de Ministro da Guerra, para auxiliar nas decisões do período
que findava a então República Velha brasileira, período marcado por
inúmeros conflitos, revoltas e levantes da população.
Conforme relatado na obra de Filho (2005), em virtude do
cenário em que o país se encontrava, durante o inicio da revolução de
1930, diversos levantes envolvendo os estados da Bahia, Espírito
Santo, São Paulo e Distrito Federal, fizeram com que Minas Gerais
entrasse em estado de alerta, reforçando suas fronteiras em uma
estratégia puramente militar, iniciando a tomada de batalhões do
exército militar e o reforço as fronteiras do estado contra opositores a
revolução.
Dentre estas manobras, destacou-se a tomada do 12º
Regimento de Infantaria, com sede em Belo Horizonte, considerado
pelos legalistas como a principal e mais complexa unidade militar a
ser tomada, que só foi conquistada, pelo uso de estratégias bem
definidas, como o envenenamento da água com creolina, e intensas
trocas de tiros, que vieram a exaurir a energia dos combatentes,
tornando assim possível a conquista do Regimento. Neste episódio,
além do auxílio estratégico na conquista do 12º RI, o Tenente-
Coronel foi o responsável pela árdua missão de estruturar e manter o
cerco e fronteira nas guarnições de Ubá e Três Corações.
Em 1930, foi condecorado ao posto de Coronel, em virtude

75
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

dos ilustres serviços prestados nos períodos de Guerra. Como último


e mais grandioso desafio, foi comandante do Destacamento Misto de
Oficiais, atualmente conhecido por Estado Maior, função que
exerceu até outubro de 1931, ano de sua reforma.

76
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 20 - Foto Cel Luiz de Oliveira Fonseca

77
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL EDMUNDO LERY DOS SANTOS


Por Pedro Henrique Veloso da Costa35
Figura 21 - Cel Edmundo Lery dos Santos

Nascido em São José no estado de Santa Catarina e mineiro


de consideração, Edmundo Lery dos Santos é patrono da Academia
de Letras “João Guimarães Rosa” da Polícia Militar de Minas Gerais.
Lery foi o primeiro comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar,
localizado na cidade de Bom Despacho/MG, a quem coube a adoção
de todas as providências para a instalação da unidade e o seu
emprego nas missões que a aguardavam na manutenção da ordem
pública. Na Revolução Constitucionalista deflagrada em 9 de julho
de 1932, o 3º Destacamento Leste, que abrangia a área de Passa
Quatro (região do Túnel da Mantiqueira), ficou sob o Comando do
Cel Lery, que possuía, nesta época, um efetivo de 3.000 homens e
um aparato militar composto por dezenas de metralhadoras pesadas,
mais de 120 fuzis e milhares de fuzis ordinários, sem contar as 18
peças de artilharia do Exército e três carros de assalto.
A missão mais difícil ficou a cargo do Destacamento Leste,

35
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

79
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

sob o Comando do Cel Lery, devido à estratégia de sua posição,


entre os maiores entroncamentos ferroviários do país e as fronteiras
entre o Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Para o cumprimento da missão ele formava seu
Destacamento com Unidades já experientes, sendo reforçado com
alguns Batalhões Provisórios. Sua primeira medida foi estacionar,
entre São Lourenço e Pouso Alto, o 11º Batalhão Voluntários da
Pátria que, posteriormente, foi para Guaxupé pressionar as forças
revoltosas a um recuo para o território paulista.
Com o setor de Passa Quatro dominado, foi dada ao Coronel
Lery a missão de assumir o Comando do Destacamento Centro, da
região de Poços de Caldas.
Após assumir o comando, Lery dividiu a frente de combate
em subsetores, organizando um plano de combate cujo alvo seria as
cidades de Pirassununga, São José do Rio Pardo e São João da Boa
Vista (cidades pertencentes ao Estado de São Paulo) e a recuperação
da área perdida.
Em sua campanha, após vencidos os integrantes da revolta na
região, suas tropas prosseguiram a marcha pelo norte do estado,
atingindo Caracol, Boa Esperança, Barra do Brejo e Lagoa do José
Alves.
Seu maior feito militar se deu numa retirada no 2° BPM, em
Juiz de Fora, na revolução de 1930. Lery preferia a morte do que
conceder a seus inimigos o sabor de ser aprisionado com sua tropa,
pois disse que seria uma “situação que traria vergonha e desânimo
aos nossos valorosos companheiros de armas das demais Unidades
da Força Pública”. O grito que bradou a seus homens em meio ao
combate, dizendo: “Voltem às suas posições, pois um soldado
mineiro não pode ser chamado de covarde!”, até hoje é lembrado e
serve de motivação às novas gerações de Soldados da Polícia Militar
de Minas Gerais.
Com intenção de resguardar a dignidade da então Força
Pública de Minas, Lery teve a audácia de contestar o próprio
Comandante da Divisão, General Jorge Pinheiro, que publicou um
boletim oficial dizendo que o Exército Brasileiro havia vencido a
batalha do túnel, e não a Força Pública mineira.

80
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Devido aos seus grandes feitos em batalhas e contribuição


para a história brasileira, Coronel Edmundo Lery dos Santos é
considerado hoje um dos grandes nomes da Polícia Militar de Minas
Gerais e inspiração para os historiadores das revoluções brasileiras.

Figura 22 - Foto Cel Edmundo Lery dos Santos

81
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL JOÃO GUEDES DURÃES


Por Priscila Marthielle dos Passos Silva36
Figura 23 - Cel João Guedes Durães

1895 – 1978

João Guedes Durães nasceu em 1895, na cidade de “Porto


Salgado”, nome primitivo da atual cidade de Januária-MG. Em
meados de 1911, saiu de sua cidade natal e foi para Belo Horizonte,
pois pretendia assentar-se como praça na Capital do Estado. Anos
mais tarde, obteve o título de Bacharel em Direito. Teve um total de
Força Aérea Brasileira.
No posto de 2º Tenente, serviu no 4º BPM, um Batalhão
estratégico da PMMG à época, era composto por 730 integrantes.
Passados alguns anos, em 1931, foi promovido ao posto de Capitão e
estava no comando da Guarda Palaciana do Governador mineiro,
Olegário Maciel. O cenário da época era de revoluções e crises, com
a presença de um Governo marcadamente autoritário, como ficou
conhecido o Governo Provisório. Em meio ao cenário do Governo
Provisório, o Capitão Durães desempenhou diversas e importantes

36
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

83
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

missões. Uma delas foi a entrega da Mensagem do Comandante


Andrade (prisioneiro dos Revolucionários), quando se cientificou da
Marcha da Revolução. O Comandante resolveu enviar uma
mensagem aos seus ex-comandados, informando-lhes sobre o
Movimento e avisando que os Chefes Revolucionários, em Belo
Horizonte, estavam dispostos a bombardear a Praça de Guerra. Tal
mensagem foi entregue pelo Capitão que, embora arriscando a
própria pele, conseguiu, com glória, cumprir sua missão.

O bravo Oficial da Força Pública levou, enrolado e


bem amarrado às varetas de foguetes de pólvora
seca, todos os boletins até então publicados, algumas
cópias de telegramas e números avulsos de jornais.
Aproximando do flanco direito do Quartel, ao
alcance, quase, das mãos dos adversários, na manhã
de 8, o Capitão Durães conseguiu fazer chegar ao
pátio interno numerosas informações e a mensagem
do Tenente-coronel Andrade. Foi por essa maneira
que os Oficiais do Regimento tiveram notícia do que
se passava no resto do País. (FILHO, p.101, 2005).

Em 18 de agosto de 1931, ainda como Capitão, em um de


seus maiores feitos, impediu e se opôs de forma imutável, categórica
e sistemática, ao golpe desleal da tentativa de deposição do
Governador Olegário Maciel. A tentativa de golpe contra o Governo
de Minas foi interrompida pelo Capitão da Guarda do Governador no
Palácio da Liberdade, durante a noite, quando recebeu um
telefonema do Coronel EB Pacheco, comandante do 12 RI,
consultando o então Capitão sobre a possibilidade de o Coronel
assumir a interventoria de Minas Gerais, já que ele estava com
poderes delegados por Getúlio Vargas. Daí a frase lapidar de João
Guedes: “Se o Senhor vier sozinho e desarmado, será recebido
conforme as regras da boa educação. Se o Senhor vier com a tropa,
será recebido a bala”. Ato contínuo expediu alarme e reorientou a
tropa para resistir aos ataques. Comunicou-se com seu chefe, o
Tenente-Coronel José Vargas da Silva, ficando, a partir daí, a
vontade dos Golpistas frustrada. Foram feitas muitas prisões de
personalidades que aguardavam o “desfecho” positivo para eles nas

84
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

dependências do Hotel Financial.


Portanto, a data de 18 de agosto de 1931 é um marco na
História de Minas Gerais bem como na Polícia Militar pois, graças a
ação diligente, sistemática e enérgica de um Oficial, naquela ocasião,
é que não vingou o pérfido golpe ao Governo de Minas Gerais. Uma
simples atitude impensada poderia ter colocado em xeque o Governo
de Minas, mas o Capitão João Guedes Durães, com suas atitudes,
lealdade e bravura, salvou a dignidade e a honra do povo mineiro.
Figura-se, assim, um dos principais personagens da resistência à
tentativa de golpe contra o Governo de Olegário Maciel.
Em 1935, no posto de Tenente-Coronel, João Guedes Durães
assumiu as funções de Delegado Regional de Polícia, Investigações e
Capturas, o qual abrangia os municípios de Coração de Jesus,
Januária, Brasília de Minas, São Francisco, São Romão, Brejo das
Almas e Montes Claros, sendo a sede nesta última. Já em 1936,
ocorreu, em Caratinga, eleição na Câmara Municipal, devido a
insatisfação do povo diante do autoritarismo da época, emergente
desde a Revolução de 1930. Nesse cenário, o Tenente-Coronel João
Guedes Durães atuou com dignidade e força enérgica, assegurando à
população as garantias que eram indispensáveis ao exercício da
cidadania.
Por suas atuações honrosas e traços inapagáveis da sua
conduta retilínea, enquanto militar da ativa, em 1944, quando já
ocupava o Quadro de Oficias da Reserva, João Guedes Durães foi
nomeado Delegado Especial de Jataí, pelo interventor Pedro
Ludovico, no Estado de Goiás. Sua nomeação trouxe ainda mais
prestígio a sua carreira. Sua função seria combater aqueles que
traziam a desarmonia no seio da sociedade. O Coronel foi recebido
com grande festa pela pacífica cidade de Jataí.
Após atuar no Estado de Goiás, retornou para Minas e, em
1945, participou, juntamente com outros oficiais reformados da
Força Policial, de um ato de solidariedade e apreço ao governador
Benedito Valadares. Este ato ocorreu no Palácio da Liberdade, em
face do momento político da época. O Coronel João Guedes Durães
discursou ao Governador e demonstrou incondicional apoio a este,
que sempre realizou feitos voltados para o interesse de Minas Gerais

85
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

e do Brasil. O Coronel João Guedes também foi um dos fundadores


da União dos Militares de Minas Gerais. Durães faleceu em 1978,
aos 83 anos de idade, com o posto de Coronel reformado da Polícia
Militar.

Figura 24 - Foto Cel João Guedes Durães

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CAP PROF JOÃO BAPTISTA MARIANO


Por João Bosco de Castro37
Figura 25 – Cap Prof João Batista Mariano

João Baptista Mariano é paulista de Guaratinguetá, onde


nasceu em 21 de setembro de 1877. Transferiu-se para Minas Gerais
e firmou-se em Belo Horizonte.
Autodidata, adquiriu conhecimentos diversos, como
Aritmética e Matemática, Geometria, Geografia e Desenho
Geográfico, Corografia - o estudo ou descrição geográfica de um
continente, país, região, município, distrito ou considerável área de
terreno -, Cartografia e Topografia. Zeloso no conhecimento e uso da
Língua Portuguesa, tornou-se professor de Geometria e Matemática,
Topógrafo e Cartógrafo.
Amigo de Sargentos e Oficiais do Quinto Batalhão de
Caçadores Mineiros, sediado no bairro belo-horizontino de Santa

37
Ten-Cel Ref, Presidente da Academia de Letras João Guimarães Rosa.

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Teresa - onde, agora, estão instalados o Colégio Tiradentes Central e


o Décimo Sexto Batalhão da Polícia Militar-, aproximou-se daquela
Unidade, em cujo aquartelamento passou a ministrar, sem
renumeração nem contrato, a tais Graduados e Oficiais aulas de
Cartografia e Topografia, até de Português, Redação e
Conhecimentos Gerais, pois o nível de escolaridade deles era baixo.
Tais discentes interessavam-se mais em aprender Corografia pela
Cartografia e Topografia, principalmente os oficiais, pois a Força
Pública militarista e guerreira nas Artes da Infantaria daquela época
(o professor Mariano começou essas aulas no “Vº.B.C” no fim da
década de 1920 para o início da de 1930) precisava muito de
conhecimentos e habilidades nessas áreas do saber.
João Baptista Mariano foi professor de Saul Alves Martins e
colega de docência de Oswaldo de Carvalho Monteiro no respeitável
Dê-I (ou DI) do Prado Mineiro. De minhas muitas, longas e
proveitosas conversas com meus mestres Coronel Saul e Tenente-
Coronel Monteiro, ao longo de décadas de convivência, obtive ricas
e densas informações acerca do prodigioso João Baptista Mariano.
Sobre Ele, também lucrei em minhas cuidadosas pesquisas no então
Museu Histórico da Polícia Militar (atual Museu dos Militares
Mineiros), quando este ainda era integrante da estrutura do Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação da Academia de Polícia Militar do Prado
Mineiro da qual não poderia nunca ter saído nem nunca deveria sair.
Para encorpar esta biografia, lanço mão dos textos TERMO
DE ABERTURA (lavrado pelo então Tenente-Coronel Márcio
Antônio Macedo Assunção), ACADEMIA EPISTÊMICA
MESAMARIANO (de João Bosco de Castro) e “PRECURSOR?
QUAL O SEU SIGNIFICADO? (do próprio Biografado Professor-
Complementar João Batista Mariano, antes de ser promovido ao
posto de Capitão-Professor).
Começo esta descrição narrativa com a transcrição
exatíssima do último texto, com ortografia da época, sem data, cuja
peça original foi entregue ao Arquivo Público Mineiro, em belíssima
letra manuscrita pelo Biografado.
“Precursor? Qual o seu significado?
Uma breve história necessária.

88
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Velho amigo da Força Pública Mineira, costumava ocorrer


desinteressadamente aos chamados entretendo-me em modo especial
com os Srs. Oficiais ora explicando, ora ensinando certos princípios
que desejavam conhecer.
Assim passaram-se longos anos e a Força Pública, sempre
em prospera paz, aumentava em número, acrescida com a criação de
novos batalhões.
Neste lapso de temo as repúblicas vizinhas viviam em
sobressalto pela perturbação da ordem interna e este mal endêmico
parece que não deixou contagiar o Brasil, que depois de largos anos
desfrutados numa paz amena e construtiva, começou a notar os
pródomos de dissídios e desinteligências sempre mais acentuadas.
Houve afinal também aqui o estouro que durante quatro
lustros degenerou em verdadeiras revoluções; haja vista as de 30 e
32.
O Governo Central nestes transes recorreu à pacata Minas
que não se fez esperar, ocorrendo pressurosa e destemida com o seu
elemento armado.
Nestas demonstrações eloquentes de valor e heroísmo, a
Força Pública experimentou várias vezes as consequências de certa
deficiência de ordem científica e técnica por parte dos oficiais que a
necessidade comissionou sem calcular, no afã, o preparo necessário
individual.
Mal tinha se pacificada a Revolta de 30, quando alguns
oficiais superiores, relembrando os meus serviços prestados no
campo durante a luta passada, me convidaram a dar algumas
explicações num quartel aos comissionados reunidos. Acudi, mas me
convenci logo que estes precisavam de base e esta devia ser fácil e
facilmente intuitiva.
Velho do mettier, apresentei o plano de um curso técnico
militar e propedêutico de uns dois anos ao menos. Foi aprovado e
comecei logo as lições.
Mal tinha dado início as minhas aulas no Vº.B.C. que todas
as unidades da Capital solicitaram o mesmo benefício que estendi
imediatamente a todas não medindo dificuldades e trabalho.
Não descuidando da língua pátria, exigindo simples

89
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

redações, entrei em campo aberto com o estudo da geometria que


simplifquei ao extremo e a tornei distraída e amena com desenhos e
casos curiosos; assim eram chamadas as convenções topográficas e
cartográficas usadas pelo osso exército. Animando sempre com
provérbios clássicos e fatos históricos que encorajavam as turmas,
louvando-lhes incessantemente os esforços, ia colhendo frutos
contínuos que muito me admiravam.
Das simples figuras geométricas regulares com seus cálculos,
entrei nos polígonos irregulares e as turmas que muito se
interessavam com o uso da bússola de mão e das medições a P.D,
entusiasmaram-se com os trabalhos topográficos de campo. As
marchas em conjunto eram todas anotadas escrupulosamente e na
hora de folga nos quartéis, convertiam as longas nessas do rancho em
pranchetas de desenho e lá, sob os meus olhos e do conte, passavam
para o papel as notas e dados da caderneta de campo.
Aos ângulos de marcha seguiram-se os levantamentos de
glebas sob os incentivantes títulos de ofensiva, defensiva, contra-
ataque, etc e diariamete recebia novos esboços cujos traços dia a dia
melhoravam.
Com o progresso conseguido, ainda restava-me a tarefa
árdua da leitura e escrita compreensão das cartas. As escalas
diferentes, curvas de nível, latitudes, longitudes, decrescência valor
métrico de grão, minutos e segundos foram escolhas de pouca monta
em vista da grande emulação que reinava nas turmas. Cada um
queira ser o mais adiatado e gloriava-se quando podia esclarecer
uma dúvida qualquer a um colega.
Assim nesta labuta diária de reduzir ou ampliar quadrículas,
de reproduzir mediante facílimas radiações qualquer trecho de mapa,
de apresentar novos trabalhos sempre mais perfeitos e mais apurados,
num dia feliz pela Força Pública fomos surpreendidos nesta luta
diária pelo então Presidente Olegário Maciel que tinha ido ao Vº.B.C
a apreciar os festejos celebrados em regozijo do 10º aniversário da
fundação do Batalhão (Maio de 1932).
O Presidente Olegário acompanhado pelo Secretário do int
Gust. Capanema e de largo séquito, admirou a preciosa coleção que
lhe apresentei, fruto do esforço e da tenacidade daqueles bravos

90
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

oficiais, mas duvidou a princípio da autencidade, dúvida esta que o


comandante da unidade desmanchou prontamente confirmada a
autencidade de cada trabalho.
O Presidente Olegário admirado de tanto progresso houve
por bem mandar me nomear imediatamente professor complementar
da Força Pública convidando-me em seguida a diversas conferências
em palácio pª estabelecer as bases de um curso de que se beneficia
todos os oficiais e sargentos da Força Pública e criar um D.I aberto a
todos os militares estudiosos. Deste ponto, a história do D.I entra
com a data de 05 de março de 1934 no conhecimento público e os
frutos hauridos pela Força Pública são notórios e publicamente
elogiados.
Desta labuta precusora do D.I é lembrada esta coleção que
traz uma pequena parte, como grata recordação dos princípios
básicos de geometria, convenções e levantamentos topográficos e
cartográficos efetuados durante aquele biênio; como é também a
vida militar, outra coletânea de lições técnico-práticas nos quartéis e
no campo, lições estas que mimeografadas eram entregues aos
alunos.
De todo este bem levado à Força Pública Mineira sempre
agradeço à Divina Bondade que dignou-se abençoar os esforços
unidos e fecudando-os; esforços que pela mútua cooperação
sublinaram tão alto a Força Pública Mineira, que hoje ao lado do
glorioso exército nacional constitui um auxílio eficiente e uma
unidade conceituada e de raro valor.

[Sem local nem data registrados!]


Prof. JB Mariano.

Sobre João Batista Mariano e a visita de Olegário Dias


Maciel ao “VºB.C, em maio de 1932, no ensejo do décimo
aniversário da Unidade. O Batalhão foi criado pelo Decreto MG nº
6.060, de 25 de abril de 1922, mas somente em 9 de maio do mesmo
ano começou a funcionar, com a promoção de seu primeiro
comandante Joviano Wanderley de Mello ao posto de Tenente-
Coronel, cuja Tropa, sem quartel, coabitou com a do Primeiro
Batalhão, nas dependências da Praça Floriano Peixoto, em Santa

91
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Efigênia, até à manhã de 7 de abril de 1924, o Coronel Saul Alves


Martins escreveu, em 6 de junho de 1998, em autêntica e legítima
súmula historiográfica do Quinto:
“(...)
Ao completar dez anos, o povo do bairro Santa
Tereza festejou seu aniversário de modo digno e
ainda ofereceu à Unidade uma bandeira nacional,
feita artesanalmente pela Casa Lucena, ao custo de
um conto, quinhentos e sessenta e seis mil e
trezentos réis. Comprava-se com esta quantia, na
época, um lote de terreno bem situado no Bairro,
amplo e plano. Não posso fugir à tentação de citar
algumas palavras do pequeno orador, de onze anos
de idade, José Satys Rodrigues Valle [futuro Coronel
Valle, colega de CFO (de 1941 a 1943) de Saul e de
Antônio Norberto dos Santos, com os quais apareço
como fundador da Academia de Letras “João
Guimarães Rosa”, da PMMG], que representava a
comunidade durante a entrega do símbolo nacional.
“Além das cores vivas que trazem a recordação
pujante da nossa Pátria, trará esta Bandeira a
recordação dos dignos habitantes do bairro de Santa
Teresa, os quais tem cercado o 5ºBatalhão com
estima atenção e real carinho.
A unidade [o Vº B.C], por seus comandantes, sempre
se preucupou com o ensino.Com efeito, o
coroamento das Escolas Anexas foi a inauguração
em 3 de Julho de 1932 da Escola Complementar
Carto-Topográfica , sob direção do magnífico
professor João Baptista Mariano de saudosa
memória. Foi meu mestre de geometria no Curso de
Formação de Sargentos (CFS), em 1939.”

Fundado em 3 de março de 1934 o DI só começou a


funcionar, com exercício letivo, em 13 de abril do mesmo ano,
quando João Batista Mariano já era Capitão-Professor da Força
Pública.
Por todos esses predicados importantes, esse mineiro-
paulista de Guaratinguetá é o Patrono-Príncipe da Academia
Epistêmica de Mesa “Capitão-Professor João Baptista Mariano”-
MESAMARIANO, gestada no Gabinete do Subcomandante da

92
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Academia de Polícia Militar do Prado Mineiro, de dezembro de 2002


a 1º de julho de 2008, e nascida, na última data, no mesmo Gabinete,
conforme o

“TERMO DE ABERTURA”
Aos vinte e três dias do mês dedicado a Caio Júlio César, do célere-
transfomativo segundo milésimo oitavo do nascimento de Nosso
Senhor Jesus Cristo, no Quartel da Academia de Polícia Militar do
Prado Mineiro, da Milícia do Protomártir Cívico brasileiro, na
Capital destas Minas Gerais, presentes o Ten-Cel João Bosco de
Castro-Assessor do Comandante da APM, Ten-Cel Márcio Antônio
Macedo Assunção-Subcomandante da APM-, Ten-Cel. Ricardo
Santos Ribeiro-Chefe do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da
PMMG-e Maj. PM Cap. Samuel Sérgio Drumond- Padre Capelão da
APM-, abre-se o presente livro, com o qual temos a honra e o prazer
de convidá-lo[ao Coronel Odilon de Souza Couto,Comandante da
APM] a registrar seu ingresso na ACADEMIA EPISTÊMICA DE
MESA ‘PROFESSOR JOÃO BAPTISTA MARIANO’- concebida e
fundada em 1º deste mês consagrado ao Senador-Fundador do
Império Romano-, e compartilhar de um átimo sublime de busca e
acrisolamento do conhecimento empírico (para a memória de nossa
origem e evolução), filosófico (para a compreensão do sentido de
nossa existência e do mundo que nos rodeia), científico (para a
coparticipação na construção de um futuro pacífico) e dogmático
(para o entendimento de que, moralmente, conhecimento sem
sabedoria é coisa nenhuma), nos dias de labuta sacerdotal, das
8h30min às 9h, no Gabinete da Subcomandante desta Instituição de
Educação Superior. Cada signatário deste Termo de Abertura
denomina-se Acadêmico- Fundador deste Areópago Epistêmico e é
diplomado como tal. Os Acadêmicos-Fundadores elegem como
primeiro Presidente desta Oficina de Conhecimento e Sabedoria o
Ten-Cel João Bosco de Castro. Para constar, consolidar e ratificar a
importância de seu engajamento nos propósitos da sabedoria a
serviço do conhecimento, lavra-se este termo que vai assinado pelos
Oficiais-Fundadores do Grupo Academial retroaludido.
[com as assinaturas do Acadêmico-Fundador e Presidente e dos

93
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

outros três Acadêmicos-Fundadores.]”

ACADEMIA EPISTÊMICA MESAMARIANO é título de meu texto


de 28 de julho de 2010 sobre a então recém-instalada Academia
Epistêmica de Mesa “Capitão-Pofessor João Batista Mariano”-
MESAMARIANO.
Por que EPISTÊMICA?!...
Porque aberta a todas as áreas do conhecimento
especialmente às correlatas com as Ciências Militares da Polícia
Ostensiva -, apesar de refratária à discussão emotiva de crença e
convicções político-partidárias.
Epistêmica, por devotar-se à construção de conhecimento de
natureza vária: empírica, religiosa, filosófica, estética, literária,
científica!
Por que CAPITÃO-PROFESSOR JOÃO BATISTA
MARIANO?!...
Porque tal nome corresponde à marca mais ampla do melhor
Obreiro da Fornalha Epistêmica entre os mais zelosos pensadores da
felicidade pública, zênite da Defesa Social, nos domínios de Minas
Gerais!
Ao ser idealizado pelo então Tenente-Coronel Márcio
Antônio Macedo Assunção, Subcomandante da Academia de Polícia
Militar do Prado Mineiro, em 1º de julho de 2008, esse Grêmio
denominava-se Academia Epistêmica de Mesa “Tenente-Coronel
João Bosco de Castro”, em homenagem à qualificação e ao produto
epistêmico desse Oficial(segundo Márcio Assunção, dotado de
“natureza paternal(...), a qual se manifestava no empenho à
orientação, ao esclarecimento, à correção e, sobretudo, à dedicação-
seu público e notório atributo!”), também eleito primeiro Presidente
desse mesmo Sodalício, após tal mandato será dele Presidente de
Honra Vitalício.
Em 23 de julho de 2008, durante reunião acadêmica, João
Bosco de Castro considera-se pequeno para tamanha honraria. Ato
contínuo, o então Tenente-Coronel Ricardo Santos Ribeiro, Chefe do
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da Polícia Militar de Minas

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Gerais, propõe aos outros Acadêmicos Epistêmicos a indicação de


outra pessoa para o batismo patronímico da nascente Academia. Para
tanto, o próprio Tenente-Coronel João Bosco de Castro, na referida
reunião acadêmica, indica aos Confrades o sumoso nome do Capitão-
Professor João Batista Mariano - à unanimidade aprovado! -, mercê
de sua importância para o Sistema de Educação de Polícia Militar de
Minas Gerais, como lúcido mentor e arquiteto estratégico-
pedagógico do Instituto Militar e Propedêutico da Força Pública do
mesmo Estado, em 1932, embrião do legendário Departamento de
Instrução-o Dê-I do Prado Mineiro: a Universidade Mineira das
Ciências Militares da Polícia Ostensiva, atual Academia de Polícia
Militar do Prado Mineiro, metáfora desse encantador bairro belo-
horizontino pela Rua Diábase - aquela por onde ruminava as
melhores e mais crespas filosofias o Amanuense Belmiro Borba, da
Rua Erê, cheio das empáfias verbais articuladas pelo vultoso
Vellosão, também antonomasiado pelo maiúsculo Romancista
montes-clarense da gema Cyro Versiani dos Anjos (secretário-geral
do Palácio da Liberdade e máximo assessor intelectual do
Governador-Interventor Benedito Valladares Ribeiro, sucessor do
insuperável e cuidadoso Olegário Dias Maciel). O Curso Militar e
Propedêutico de João Baptista Mariano, de 1932, encomendado por
Maciel, transfez-se em nosso prodigioso Curso de Formação de
Oficiais - CFO, a partir de 3 de março de 1934.
A tão humana e heroica fé de ofício de João Baptista
Mariano, substanciosamente alimentada com as seivas magnânimas
de seu texto ”Precursor? Qual o seu significado?”, cuja íntegra
sustenta esta sua Biografia, de Professor-Complementar a Capitão-
Professor, fez-me incrustar seu luminoso nome emparelhadaente com
os de Roberto e Rodolfo Drexler, e José Carlos de Campos Christo!-
no primeiro verso da primeira e terceira estrofes de minha Letra
Poética e respectivo Quadro de Escansão dados à Canção da
Academia de Polícia Militar do Prado Mineiro.
Eis alguns trechos de referida Letra Poética:

Primeira Estrofe:
Por Drexler, Campos Cristo e Mariano

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

-Senhores de doutrina magistral,


Guiada pelo sol cartesiano
Às láureas da Semente Triunfal
Do sublime Dê-I, tutor-decano
Das bases do Saber Profissional!-,
(...)

Terceira Estrofe:

De Drexler, Mariano e Campos Cristo


Renovas o estalão professoral,
Humano como o “penso-logo-existo”,
Metódico: sensível-racional,
Austero como o sólido oligisto,
Em prol da Educação Comunial!
Estás, Academia, nos altares
Solenes das Ciências Militares!

O Capitão-Professor João Baptista Mariano é o Excelso


Desbravador e Civilizador da Paz Social Mineira, semeada em
Lisboa, Salvaterra dos Magos, em 24 de janeiro de 1775, e
ressemeada em Cachoeira do Campo de Villa Rica de Nossa Senhora
do Pilar, desde 1º de julho do mesmo ano, pelo Sargento-Mor Pedro
Affonso Galvão de São Martinho, o primeiro Instrutor, como seu
subcomandante, do Regimento Regular de Cavalaria da Capitania
Real das Minas do Ouro, atual Polícia Militar de Minas Gerais, e
deontologicamente assentada, a partir de 1º de dezembro também de
1775, na Lavoura Cívica dos preceitos do “Animoso Alferes”
Tiradentes, o mineiro Joaquim José da Silva Xavier, celebrado no
Estribilho de minha Letra Poética da Nobre Escola do Prado
Mineiro.
Apreciemos tal Estribilho:

Os preceitos do Alferes ensinas


Aos Discentes da Paz Social,
À pesquisa feraz tu te inclinas,

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

A extensão exercitas cabal!

Bis! Nobre Escola do Prado Mineiro:


Livro, e Espada, e Ideário Altaneiro!

Esses preceitos foram redisseminados, principalmente entre


1929 e 1932, em favor do “D.I.”, por seu Precursor, o Capitão-
Professor João Baptista Mariano.

Belo Horizonte-MG, 6 de setembro de 2016.

Figura 26 – MesaMariano FGR

Engenho armorial criado e desenhado pelo Ten.-Cel. João Bosco de Castro

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PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL ALVINO ALVIM DE MENEZES


Por Pedro Henrique Melquiades Carvalho38
Figura 27 - Cel Alvino Alvim de Menezes

1898 - 1969

Filho de José Alvim de Menezes e de Maria Alvim de


Menezes, Alvino Alvim de Menezes nasceu em 15 de abril de 1898
(outra fonte cita 1895). Foi incorporado, ainda adolescente, na
Polícia Militar de Minas Gerais. Seu destino seria a banda de música
da Polícia Militar, entretanto ingressou na PMMG no 2º BPM, no dia
30 de julho de 1912, um ano depois de a unidade ter sido instalada da
cidade de Juiz de Fora.39
Senhor de uma carreira invejável na Polícia Militar, Alvino
Alvim passou por todas as graduações e postos da corporação. No

38
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
39
PMMG, Alvino Alvim de Menezes. Pasta Funcional, 1898 -1969.

99
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

que concerne ao oficialato, iniciou como 2º Tenente em 6 de abril de


1922; em 27 de julho de 1927, chegou a 1° tenente; foi promovido a
Capitão por merecimento no ano de 1930; tornou-se Major em 29 de
janeiro de 1931, por serviços de guerra; Tenente-Coronel em 6 de
junho de 1932 e, por fim, conquistou o posto máximo da corporação
em 24 de junho de 1933, novamente em razão de serviços de guerra.
Exerceu o cargo de Delegado Especial dos Municípios de
Cataguases, Palma, Muriaé, São Manuel, Rio Branco, Ubá,
Barbacena e foi Delegado de Capturas, com jurisdição em Jequery,
Rio Branco, Caratinga, Ponte Nova e Abre Campo.
Realizou curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO), do
Departamento de instrução da Força Pública, em 1935. Também
comandou interinamente o 2° BPM e exerceu o cargo de Delegado
Especial em Juiz de Fora e, em comissão, o cargo de Prefeito do
Município de Mariana, cumulativamente ao cargo de Delegado
Especial do mesmo município em 1930.
Em 1932, organizou o 9º BPM em Barbacena (Batalhão que,
sob comando do Coronel Fulgêncio, na Revolução de 30, cercou o
11º Regimento de Infantaria, conhecido como Regimento de
Montanhas) e o comandou no Sul de Minas, assumindo, em seguida,
o comando do Destacamento de Direita da Brigada Amaral.
Durante a revolução Paulista de 1932, no posto de Tenente-
Coronel, assumiu um dos três setores de combate que estavam sob o
comando do Coronel Lery contra os paulistas.
Foi também Assistente Militar do Sr. Dr. Carlos Luz, quando
secretário do Interior. Já no advento da Lei Federal 192, de 17 de
janeiro de 1936 (lei que reorganiza, pelos Estados e pela União, as
Polícias Militares sendo consideradas reservas do Exército),
encontrava-se no cargo de Chefe do Estado-Maior da Força Pública.
Foi nomeado Comandante-Geral e tomou posse no dia 9 de março de
1936. Foi o primeiro Comandante Geral da PMMG fardado, após o
ciclo de Comandantes civis da Primeira República. 40
Em sua época de comando, houve um período bastante
fecundo e próspero. Seus anos no comando da Polícia Militar

40
PMMG, Alvino Alvim de Menezes. Pasta Funcional, 1898 -1969.

100
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

representaram o renascimento dos ideais dos sonhadores de quartel


do 1° BPM, em 1916. Era tido como calmo e sorridente com seus
subordinados; possuía um grande espírito de justiça, protegendo
aqueles que precisavam e, de maneira justa, analisava as promoções
dos subordinados com desvelo, valorizando cada um conforme seus
merecimentos.
Dentre vários empreendimentos, destaca-se a construção de
um novo Hospital Militar, pois o antigo, datado de 1914, já não
comportava a demanda da época. Portanto, colocou seus esforços
para construir um novo hospital, que comportasse os doentes e
necessitados. O prédio ficou pronto em fevereiro de 1940, situado à
Avenida do Contorno, considerado por ele mesmo como a maior
realização de seu comando. A construção terminou quando já se
encontrava na reserva. Também obteve papel fundamental para a
criação do Museu da Força Policial, que era um de seus sonhos, pois
se preocupava em preservar viva a memória e a história da
corporação.
Alvino Alvim foi exonerado após um longo período de
permanência e reconstrução que marcaria a sua presença à frente da
Corporação que perdurou até 18 de setembro de 1943. Seu sucessor
foi o Coronel Vicente Torres Júnior.
Faleceu no dia 9 de setembro de 1969, em consequência de
um episódio vascular cerebral, aos setenta e um anos. Era casado
com Josefina de Menezes e deixou sete filhos maiores de idade:
Lucília, Hilda, Áurea, Efigênia, Jandira, Alvino e Hélio.
Em sua homenagem, foi criado o prêmio FGR “Coronel
Alvino Alvim de Menezes” – de Ciências Militares, instituído pela
Fundação Guimarães Rosa41, que confirma a importância e seriedade
de um trabalho que visa à valorização da excelência de obras
escritas, com importância para o desenvolvimento e consolidação das
ciências militares aplicáveis à Defesa Social.

41
Disponível em: http://www.fgr.org.br/ arquivos/ premio_ coronel_
alvino_ alvim_ meneses.pdf
Disponível em: http://fgr.org.br/ concursos- culturais/ premio- fgr- coronel-
alvino- alvim- de- menezes- de- ciencias- militares/

101
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 28 – Foto Cel Alvino Alvim de Menezes

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA


Por Pedro Henrique Melquiades Carvalho42
Figura 29 – Cel Juscelino Kubitschek de Oliveira

1902 – 1976

Juscelino Kubitschek de Oliveira, ou simplesmente JK,


nasceu na histórica cidade de Diamantina, Minas Gerais, no dia 12
de setembro de 1902, num casarão colonial localizado situado à rua
Direita. Filho de João César de Oliveira (1872 - 1905), falecido em
10 de janeiro de 1905, vítima de tuberculose, e Júlia Kubitschek43
(1873 - 1971), professora que, após a morte do marido, não se casou
novamente, dedicando-se inteiramente à criação dos filhos: Maria da
Conceição (1901) e JK, que tinha o apelido de Nonô.
Após terminar o primário, aos doze anos de idade, foi estudar
no seminário diocesano de Diamantina, e aos 15 anos de idade
concluiu o curso de Humanidades, área que historicamente é voltada
para o conhecimento crítico sobre os mais diversos assuntos, como
filosofia, cultura e economia, lidando com valores que norteiam as
sociedades44. Após isso começou a estudar por conta própria e, com a
ajuda de alguns professores, estudou inglês e francês. De origem e

42
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
43
Disponível em: http://www.projetomemoria.art.br/ JK/ verbetes/ julia_
kubitschek.html
44
Disponível em: http://www.vunesp.com.br/guia2011/humanidade. html

103
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

situação financeira simples, JK não se destacava dos demais e era


tido como um jovem comum.
Em 1919, fez um concurso para telegrafista na agência
central da cidade de Belo Horizonte. Por não possuir a idade mínima
de 18 anos na época, conseguiu de forma forjada um registro que
datava seu nascimento em 1900. Sua nomeação, porém, só saiu em
maio de 1921. Em 1920, mudou-se para a capital mineira, onde
estudava e se mantinha com auxílio financeiro de sua genitora. Em
1922, fez o vestibular na Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais, formando-se em 1927. Posteriormente, em
1930, especializou-se em Urologia, em Paris. Casou-se com Sarah
Lemos, em 1931, tendo a conhecido há alguns anos em uma festa.
Com ela teve duas filhas: Márcia Kubitschek, nascida em 22 de
outubro de 1943, e Maria Estela Kubitschek, adotada em 1947,
quando tinha 5 anos, na cidade de Belo Horizonte.
Antes da carreira política, ingressou, em 1931, na Polícia
Militar de Minas Gerais como Capitão-médico, servindo como
médico das tropas mineiras que lutavam contra os paulistas na Serra
da Mantiqueira, durante a Revolução Constitucionalista de 1932.
Conforme se lê na História do Brasil, essa revolução consistiu em um
conflito entre o Estado de São Paulo e o Governo Vargas. Ainda
durante o conflito, JK ganhou a simpatia dos militares ao salvar uma
paciente em estado grave, com a ajuda de um veterinário e de uma
freira; paciente esta que um superior hierárquico se recusara a
atender. Posteriormente, um inquérito seria aberto contra esse
superior, porém JK teve piedade e pediu que o superior não fosse
punido. O Tenente-Coronel Magalhães Goes, chefe do Serviço de
Saúde da Força Pública, relatou os seguintes elogios ao até então
Capitão Juscelino Kubitschek:

Cirurgião do Hospital Passa-Quatro – temperamento


de slavo, calmo, modestíssimo, em extremo
disciplinado, resistência de aço para, num só dia,
socorrer mais de 40 feridos, sem se esfaltar, foi a
grande revelação do Serviço de Saúde. Mostrou-se
um ótimo cirurgião, um improvisador de meios para
uma boa assistência aos grandes feridos de guerra,
com impecável educação, inteligência e maneira

104
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

discreta. O seu elogio pode ser resumido,


transportando-se para aqui o pedido dos oficias do
Exército que, ao partirem para frente, solicitavam
terem-no como cirurgião, no caso de ferimento em
combate. (COTTA, 2006, p. 171).

Na PMMG, JK chegou ao posto de Coronel médico. Nesse


período, tornou-se amigo do político Benedito Valadares que, ao ser
nomeado interventor federal em 1933, nomeou Juscelino como seu
chefe de gabinete. É a partir desse período (1934) que inicia sua
carreira política, sobretudo quando foi nomeado chefe da Casa Civil
de Minas Gerais. Ainda, em 1934, JK foi eleito deputado federal pelo
Partido Progressista e exerceu o mandato até o fechamento do
Congresso, no dia 10 de novembro de 1937, com o golpe do Estado
Novo. Também foi prefeito de Belo Horizonte (1940-1945), onde
ficou conhecido como "prefeito furacão", pelas grandes mudanças e
projetos realizados em seu mandato.
Nas eleições que ocorreram em dezembro de 1945, foi eleito
deputado federal para a Assembleia Nacional Constituinte, pelo
Partido Social Democrático (PSD), com 26.293 votos, ficando em
terceiro lugar. Juscelino, com a esposa e a filha Márcia, mudaram-se
para a então Capital Federal, Rio de Janeiro, na rua Sá Ferreira, em
Copacabana.
Em 22 de abril de 1946, tornou-se deputado federal pela
segunda vez, discursou sobre a necessidade de se atender a
população mais carente e de se realizar uma política de conteúdo
social, com o objetivo de elevar a qualidade de vida da população.
Sua oratória destacava-se das demais. (SODRÉ, 1960). Seus
discursos eram impactantes e bem elaborados, fazendo com que se
destacasse nos bastidores da política com boas articulações.
Ficou até 1950 no cargo de deputado, com uma repercussão
positiva mais uma vez; chegou ao governo de Minas Gerais em 1951.
Durante seu governo no Estado, implantou um sistema de metas,
com objetivos a serem alcançados através do slogan "Energia e
Transporte".
JK obteve êxito como Governador de Minas Gerais e
alcançou mais um destaque positivo pelo país. Nesse momento,

105
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

resolveu se tornar candidato à Presidência da República, com o apoio


do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB).
No dia 4 de abril de 1955, JK deu início à sua campanha
presidencial pela coligação PSD-PTB, em Jataí, Goiás, onde
prometeu construir a nova capital do país: Brasília. Como candidato,
apresentou um discurso desenvolvimentista, cujo lema era "crescer
cinquenta anos em cinco", e um audacioso "Programa de Metas",
cumprido integralmente. Foi eleito com 36% dos votos, assumindo a
Presidência da República em 31 de janeiro de 1956. Com
administração marcada por um cunho modernizador e
desenvolvimentista, o país crescia a uma média de 7,9% ao ano.
Contudo, também houve um grande aumento das dívidas, bem como
um aumento significativo da inflação nos governos posteriores.
Seu governo inaugurou uma era pós-Getúlio Vargas,
conseguindo criar uma imagem positiva de mudança, com o
surgimento de músicas e modas de bossa-nova, abriu as rodovias
transregionais que uniram todas as regiões do Brasil, estimulando o
uso de automóveis e desestimulando o uso de ferrovias. A
manutenção do regime democrático gerou uma boa estabilidade
política, houve grandes industrializações, principalmente no Sudeste
e na Capital, o que gerou muitos empregos na época e propiciou um
clima de confiança e de esperança no futuro entre os brasileiros.
Após seu mandato como Presidente, ainda foi eleito senador,
pelo Estado de Goiás. Com o início do Movimento Militar de 1964,
JK teve seus direitos políticos cassados e partiu para o exílio no dia
14 de junho de 1964. Viveu em Nova Iorque e Paris até regressar ao
Brasil em 1967, quando se voltou para a iniciativa privada e para a
vida literária. Publicou a obra Meu Caminho para Brasília - livro de
memórias em três volumes, em que o próprio Juscelino conta sua
história de superação e vitória desde a infância até chegar à
Presidência da República.
Membro da Academia Mineira de Letras, foi candidato à
Academia Brasileira de Letras, porém perdeu para o escritor
Bernardo Ellis. Juscelino faleceu em 22 de agosto de 1976, em um
trágico acidente automobilístico na via Dutra, quando JK ia de carro,

106
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

conduzido por Geraldo Ribeiro (seu motorista desde o primeiro dia


como prefeito de Belo Horizonte, em 1940), e foi atingido por trás
por um ônibus, fazendo com que o carro perdesse o controle e
batesse de frente com uma carreta, perto da cidade de Resende, no
Estado do Rio de Janeiro.

Figura 30 - Fotos JK

107
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

108
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL FRANCISCO DE CAMPOS BRANDÃO


Por Pauliana de Almeida Coimbra45
Figura 31 - Cel Francisco de Campos Brandão

O Coronel Francisco de Campos Brandão, filho do Coronel


Pedro de Jorge Brandão, foi comandante do 1º BPM durante a
Revolução de 1932, também conhecida como Revolução
Constitucionalista ou Guerra Paulista, ocorrida no Estado de São
Paulo, que tinha por objetivo derrubar o Governo Provisório de
Getúlio Vargas e a convocação de uma Assembleia Nacional
Constituinte.
A história da Revolução Constitucionalista de 1932 é ampla
e multifacetada. O início do movimento foi no dia 09 de julho de
1932, destacando-se, portanto, os confrontos do setor do Túnel da
Mantiqueira, pois ali se travou um dos mais decisivos embates entre
as forças paulistas e mineiras. A Serra da Mantiqueira constituiu-se

45
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

109
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

em baluarte por sua posição estratégica, principalmente no que diz


respeito à malha da Estrada de ferro Sul de Minas.46
Como comandante do 1º Batalhão de Infantaria em Passa-
Quatro, participou ativamente das intervenções militares e dos
combates naquele teatro de operações que contou com
aproximadamente 794 destemidos soldados. A estratégia mineira
consistia em ataques iniciados pela artilharia. A partir daí, os
soldados da infantaria abririam fogo de metralhadora, ao mesmo
tempo procuravam avançar e ocupar as melhores posições.
O levante começou em 9 de julho de 1932, depois que quatro
estudantes que protestavam foram mortos por tropas do governo em
23 de maio de 1932. Após a morte dos jovens, um movimento
chamado MMDC (das iniciais dos nomes de cada um dos quatro
estudantes mortos, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) começou.
A quinta vítima, Alvarenga, também foi baleada naquela noite, mas
morreu meses depois.47
Os combates mais importantes se deram na região do Túnel
da Mantiqueira, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, pois era
considerado um ponto militar estratégico de grande importância. Os
paulistas, que tinham avançado por território mineiro e recuado,
ocupavam o túnel, a fronteira, e algumas elevações próximas.
As tropas fiéis à ditadura, naquele setor, eram comandadas
pelo então Coronel Cristovão Barcelos, cujo Quartel General ficava
em Passa Quatro e constavam de uma parte do 10º RI, que ocupava
posições fronteiras ao túnel e vários batalhões de infantaria da Força
Pública Mineira, que se colocavam em leque diante do túnel.
No alto da Serra da Mantiqueira, num local conhecido com
Garganta do Embaú, ocorreram combates violentos, com intuito de
dominar aquele ponto estratégico, bem como o túnel da estrada
férrea, o que permitiria o controle do acesso ao sul de Minas por
ferrovia. Os paulistas invadiram a cidade mineira de Passa-Quatro,

46
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/ wiki/ Revolu% C3% A7% C3%
A3o_ Constitucionalista_ de_ 1932
47
Disponível em: http://www.militar.com.br/ modules.php ?name= Historia
&file =display&jid=108

110
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

que foi posteriormente tomada por tropas leais ao Governo Vargas.48


Neste importante acontecimento histórico do Brasil, que traz
reflexos até os dias de hoje, estava envolvido, em diversas frentes de
batalha, este policial militar mineiro. Com bravura, destemor e
inteligência, preencheu as linhas áureas da história da Pátria com
seus feitos de elevada importância.
Em 1937, comandou o 5º BPM e recusou-se a ser
comandado por um oficial do Exército Brasileiro, seu subalterno, que
seria comissionado ao posto de Coronel da Força Pública Mineira.
Neste período, o 5º BPM faria parte de uma Guarnição Militar que se
deslocaria para Juiz de Fora, a fim de combater as possíveis
resistências ao Golpe de Estado de Getúlio Vargas, que instalaria,
como instalou de fato, a Ditadura do Estado Novo.
Por causa deste ato, foi destituído do Comando do 5º BPM,
por ordem do Governador Benedito Valadares, assumi o posto o
Major subcomandante, Antônio Pereira da Silva. Como Tenente-
Coronel, fez parte do Corpo de Bombeiros da Força Pública de
Minas Gerais, de 3 de maio de 1931 a 01 de setembro de 1931.
Já na reserva, durante o período de transição da ditadura de
Getúlio Vargas para o Governo Democrático de 1946, o Coronel
Francisco de Campos Brandão foi reconvocado para a ativa e
assumiu o Comando da Força Pública Mineira, até o Estado ser
juridicamente organizado, quando passou o comando para o Coronel
José Vargas da Silva.49

48
Disponível em: http://www.militar.com.br/ modules.php? name=Historia
&file=display &jid=247
49
Disponível em: http://horadepreservar.blogspot.com.br/2010/
12/batalha-do-tunel-da-mantiqueira.html

111
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 32 - Foto Cel Francisco de Campos Brandão

112
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL EGÍDIO BENÍCIO DE ABREU


Por Pauliana de Almeida Coimbra50
Figura 33 - Cel Egídio Benício de Abreu

1906 – 1961

O início do século XX foi marcado por uma tensão


ideológica que gerou como consequência conflitos bélicos entre as
Nações Europeias devido às alianças imperialistas. Esse conflito
refletiu significativamente na história do Brasil, que construíra sua
ideia de república e abandonara a monarquia. Neste contexto, nasce o
Coronel Egídio Benício de Abreu, filho de Joaquim Benício e Maria
Egídio de Abreu, em 06 de julho de 1906, no Município de
Inconfidência, Minas Gerais.
Em 12 de novembro de 1926, o Coronel Egídio foi incluído
na Força no 1º BPM e, em seguida, foi designado para a banda de
música. Durante sua trajetória pela instituição, seguiu em diligência

50
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

113
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

para várias cidades mineiras, como Curvelo, Serra da Piedade,


Diamantina, Sabará, Bom Despacho dentre muitas outras,
alcançando o posto de músico de 1ª classe em 12 de maio do ano
seguinte.
Foi incorporado à Escola de Instrução do Batalhão Escola
em 7 de maio de 1927, período em que participou da reforma
pedagógica e da ampliação da atividade policial promovida pelo
Coronel Drexler que, um ano mais tarde trouxe uma nova
normatização referente ao corpo escolar (decreto nº 7.712, de 16 de
junho de 1927).
Em sua trajetória, recebeu inúmeros elogios e promoções por
merecimento, sejam por eficiência, pelo devotamento à Pátria,
disciplina, honestidade, resignação e bravura, colocando-o, assim,
nas filas dos mais resolutos e leais da corporação, representando o
alto respeito e valorização da Polícia Militar Mineira. Comandou
unidades importantes estrategicamente, à época, para a Polícia
Militar, como o 7º BPM, em Bom Despacho.
Como Comandante Geral, manteve-se apegado aos padrões
que lhe orientaram a existência, evidenciou suas mais elementares
atitudes como o amor à Polícia Militar e a dedicação às atividades a
que se entregava.
O Coronel Egídio era músico instrumentista (clarinetista) e
gostava de participar de grupos musicais e de se apresentar na capital
mineira. Com esse intuito, costumava reunir músicos das unidades da
capital para se apresentar em solenidades e eventos da Polícia Militar
de Minas Gerais. Esses músicos eram chamados de “Conjunto
Orquestral” e sobreviveu por aproximadamente 6 anos. (ARAÚJO
LACERDA, 2010).
Posteriormente, em 1948, o Coronel Egídio resolveu
organizar a Orquestra Sinfônica e, para este fim, transferiu
definitivamente para o Departamento de Instrução, em agosto de
1948, dezoito músicos oriundos do Batalhão de Guardas, Quinto,
Sexto e Décimo Batalhões, assim como da Companhia Independente
de Muzambinho. Esse primeiro grupo era regido e comandado pelo

114
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Subtenente Alonso Sales Pereira.51


Contudo, nessa organização inicial, os instrumentistas de
cordas eram insuficientes, a solução encontrada foi criar a Escola de
Formação Musical (EFM), em 26 de outubro do mesmo ano, com o
objetivo de suprir a demanda de músicos para a orquestra, assim
como completar as bandas que foram desfalcadas com a vinda de
músicos para o DI.
Para a condução da Orquestra, o Coronel Egídio convidou o
maestro Sebastião Viana, cujo nome consta como professor e solista
na Orquestra de 1937. Em 1949, Sebastião Viana era assistente de
Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, e veio para reger a primeira
apresentação da Orquestra. Após a apresentação, Viana retorna ao
Rio de Janeiro. Entretanto, atendendo definitivamente ao convite da
Polícia Militar de Minas Gerais, decide voltar a Minas e assumir a
Orquestra.
É importante ressaltar que hoje a Orquestra Sinfônica é
composta por militares que, além da música, participam de inúmeros
projetos com o objetivo de expandir a educação musical da
população e principalmente dos jovens carentes, com ênfase na
contenção do avanço da criminalidade e manutenção da ordem
pública.
A Orquestra Sinfônica da Polícia Militar de Minas Gerais é
um grupo de elevado nível técnico de músicos que cultivam o
espírito de amizade e, com satisfação, buscam enaltecer o nome e
reconhecimento da corporação.52 Além disso, os músicos integrantes
possuem o dever constitucional de exercer a função Policial Militar
em qualquer situação, em busca da manutenção da paz social e
garantia dos direitos fundamentais ao cidadão mineiro. (ARAÚJO
LACERDA, 2010).
Fazer segurança por meio da música é uma atividade que
facilita a aproximação da comunidade com a Polícia Militar,
aproveitando da melhor forma os serviços que a corporação oferece.

51
MINAS GERAIS. Policia Militar. Orquestra Sinfônica. História da
Orquestra Sinfônica na PMMG. Belo Horizonte, autor desconhecido.
52
NOROESTE, Conexão. Orquestra Sinfônica da PMMG fará apresentação
em Unaí, Assessoria de Comunicação Organizacional 28º BPM, 2012.

115
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Atualmente, a Polícia Militar conta com uma Orquestra Sinfônica,


uma Orquestra Show e 19 bandas de música atuantes na capital
mineira e no interior do Estado.
A Orquestra Sinfônica da Polícia Militar de Minas Gerais é a
única Orquestra Sinfônica militar da América Latina, destacando o
garbo, a dedicação, a disciplina e o comprometimento como fatores
primordiais para o seu crescimento, manutenção, credibilidade e
admiração da sociedade pela Polícia Militar Mineira

Figura 34 – Orquestra Sinfônica da Polícia Militar de Minas Gerais

116
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL MANOEL JOSÉ DE ALMEIDA


Por Pâmella Regiane Pereira Alves Pedroso53
Figura 35 - Cel Manoel José de Almeida

1910 – 1988

Manoel José de Almeida, filho de José Antônio de Almeida e


Rita Dias de Almeida, nasceu no dia 23 de setembro de 1910, na
cidade de Januária. Em 02 de janeiro de 1929, ingressou na Polícia
Militar de Minas Gerais e, mesmo com pouca experiência, foi
empenhado em um momento histórico e marcante: a Revolução de
193054. Nessa intervenção, fazia parte da tropa do 3º BPM em
Diamantina. Nessa Missão foi empenhado, de acordo com Centro de
Pesquisa de História Contemporânea da Fundação Getúlio Vargas,
na tomada da cidade baiana Cariranha55. Sua atuação foi tão célebre

53
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
54
PMMG. Manoel José de Almeida. Belo Horizonte. 1929 a 1959.
55
Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/ sites/ default/ files/ verbetes/ primeira-

117
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

que lhe rendeu a ascensão ao cargo de Anspeçada - graduação de


praça superior a Soldado, mas inferior a Cabo, não mais vigente na
atualidade.
Em 1932, Cel Almeida foi transferido para a região do
Triângulo Mineiro, em virtude da necessidade de proteger as
fronteiras estaduais durante a Revolução Constitucionalista de São
Paulo56.
Sua disciplina e empenho permitiram que ele concluísse, em
1934, o Curso da Escola de Sargentos de Infantaria do Exército, no
Rio de Janeiro57, e, posteriormente matriculou-se no Curso de
Formação de Oficiais. Em dezembro de 1936, foi declarado
Aspirante a Oficial e seguiu para Barbacena. Sua atuação
profissional rendeu-lhe a função de Delegado Especial, em 1939, nas
cidades de Alfenas, Machado e Areado.
Em 1941, casou-se com a professora Márcia, que atuou
como sua incansável e efetiva companheira nos projetos sociais que
viria desenvolver posteriormente. Essa união lhe rendeu seis filhos:
Maria Coeli, Cláudio Antônio, Fernando José, Maria Ângela, João
Lincoln e Rita Heloísa. Após o casamento, mudou-se para o Rio de
Janeiro, onde concluiu o Curso de Educação Física do Exército.
Depois, especializou-se em Psicologia Educacional e Pedagogia.58
Após esse período de investimento intelectual no Rio de
Janeiro, o Cel Almeida retornou a Minas Gerais para servir no
gabinete do Chefe de Polícia, Major Ernesto Dorneles. Em 1946,
propôs uma série de reformulações visando ao melhor
aprimoramento técnico-profissional dos militares, ao introduzir o
ensino de Direito Penal e de diversas técnicas modernas de
investigação na formação dos membros da Força Pública59. Ainda

republica/ ALMEIDA,%20 Manuel%20de.pdf


56
Disponível em: http://centenario manoel de almeida. blogspot. com. br/
57
Disponível em: http://www.fgv.br/ cpdoc/ acervo/ dicionarios/ verbete-
biografico/ manuel- jose- de- almeida
58
Disponível em: http://www.fgv.br/ cpdoc/ acervo/ dicionarios/ verbete-
biografico/ manuel- jose- de- almeida
59
Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/ sites/ default/ files/ verbetes/ primeira-
republica/ ALMEIDA,%20 Manuel%20 de.pdf

118
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

voltado para a área educacional, apoiou e lutou, juntamente com o


Cel Argentino Madeira, na época Tenente, pela criação de uma
unidade escolar direcionada aos dependentes militares, o Ginásio
Tiradentes (atual Colégio Tiradentes da Polícia Militar de Minas
Gerais), que se tornou realidade em 1949.
Ainda na década de 40, o Cel Manoel chefiou o Gabinete do
então Comandante Geral, Coronel José Vargas, que havia lhe dado a
incumbência de ir visitar a Fazenda Santa Tereza – localizada em
Esmeralda – utilizada apenas para a manutenção de semoventes, com
o fito de averiguar a possibilidade de usar essa propriedade como
abrigo para menores carentes abandonados e fonte de auxílio para a
população rural local60. E em 1948, com ajuda da Dona Márcia
Almeida e do Governador Milton Soares Campos, foi fundada a
Granja Escola Caio Martins, atualmente conhecida como Fundação
Caio Martins. Além de oferecer um lar para jovens desamparados, a
Granja concedia tanto o ensino primário quanto o ensino
profissional, proporcionando a eles uma nova perspectiva de vida e
esperança de um futuro melhor, sob preceitos cristãos e escoteiristas.
Vale ressaltar que, nos dias atuais, essa instituição possui seis centros
educacionais localizados em: Januária, Buritizeiro, Esmeralda,
Juvenília, São Francisco e Riachinho, mostrando que a iniciativa e o
trabalho árduo do Coronel Almeida renderam muitos frutos e
geraram reflexos positivos resistentes ao fator tempo61.
Entre 04 de janeiro de 1950 a 02 de maio de 1952, o Coronel
Almeida foi Comandante do Departamento de Instrução e sua
atuação deu destaque à reformulação do currículo dos oficiais,
acrescentando disciplinas diversificadas como: Sociologia, Economia
política, Criminalística e Criminologia62. A partir de 1955, estreou na

60
Disponível em: http://www.coped-nm.com.br/ terceiro/index.php?
option=com_content& view=article &id=31:manoel- jose- de -almeida-
fundador- das- escolas- caio- martins- e- relator- da- realidade- brasileira-
do- menor- por- ocasiao- de- seu- centenario& catid=9 :historia- da-
educacao & Itemid=28
61
Disponível em: http://fucam.mg.gov.br/ index.php/ 2014- 09- 18- 18-
04- 12 /2014- 09- 29 -12 -41 -29
62
Disponível em: http://www.jairlandes.com/ pagina3l.htm

119
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

vida política mineira como Deputado Estadual e atuou nesse cargo


até 1959. Nesse ínterim, apresentou projetos em prol da construção
da Hidrelétrica de Três Marias e Usina Hidrelétrica de Pandeiros -
importante para os municípios pertencentes ao norte e noroeste do
estado mineiro63. Além disso, de acordo com site da Fundação
Getúlio Vargas64, foi presidente e membro das comissões de
Educação e Cultura e de Ordem Social da Assembleia Legislativa
mineira. Em seguida, elegeu-se Deputado Federal, por cinco vezes
consecutivas, atuando, então, na Câmara dos Deputados, de 1959 a
1978. Nesse intervalo, deu enfoque maior para o homem do campo,
através da luta pela implantação do Serviço Social Rural e inclusão
da região norte-mineira na Sudene, a fim de trazer maiores recursos
para o desenvolvimento dessa área tão castigada pela seca, conforme
Melo (2014)65.
Sua atuação política o fez participar de várias Comissões,
quais sejam: do Polígono das Secas (1974); Educação e Cultura
(1974-1975); Fiscalização Financeira e Tomada de Contas (1975);
Orçamento e de Serviço Público e Comissão de Construção,
Ampliação e Reforma de Prédios Escolares, na qual atuou como
Diretor, em 197966. Sua incansável luta pela igualdade social e
contribuição para o progresso da coletividade foi interrompida no dia
09 de maio de 1988, com a morte desse ilustre combatente.

63
Disponível em: http://joaonavesdemello.blogspot.com.br/ 2014 /01/
manoel- almeida- um- patriota.html
64
Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/ sites/ default/ files/ verbetes/ primeira-
republica/ ALMEIDA,%20 Manuel%20 de.pdf
65
Disponível em: http://joaonavesdemello.blogspot.com.br/ 2014/ 01
/manoel- almeida- um- patriota.html
66
Disponível em: http://www.coped-nm.com.br/ terceiro/ index.php?
option=com_content& view=article& id=31: manoel- jose- de- almeida-
fundador- das- escolas- caio- martins- e- relator- da- realidade- brasileira-
do- menor- por- ocasiao- de- seu- centenario& catid=9 :historia- da-
educacao& Itemid=28

120
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 36 - Fotos Cel Manoel José de Almeida

121
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

122
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL VICENTE TORRES JUNIOR


Por Patrícia Oliveira do Carmo67
Figura 37 - Cel Vicente Torres Junior

Em 21 de abril de 1915, o Coronel Vicente Torres Junior


ingressou na Força Pública Mineira no 3º Batalhão em Diamantina,
como soldado, e logo começou a se destacar positivamente. Recebeu
diversos elogios, principalmente pela garbosidade evidenciada
durante as formaturas, sendo promovido, em um curto espaço de
tempo, a cabo da esquadra e a sargento. Empregou-se como auxiliar
instrutor do Batalhão e foi muito elogiado por sua boa vontade aliada
a uma notável competência e facilidade de transmitir o ensino.
Galgou o oficialato em 1921, incorporado a Companhia
Expedicionária e como recompensa pelos valiosos serviços prestados
em defesa da ordem pública foi promovido ao posto de 1º Tenente.

67
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

123
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Nos anos de 1924, 1925 e 1926 participou de diversas intervenções


policiais militares em São Paulo, Bahia e Mato grosso. Sobre essas
intervenções, o Padre Luiz de Marco Filho destaca:

A primeira delas, que contou com a participação da


então Força Pública Mineira, foi a crise de 1924, que
culminou com o Início da Revolução Mineira cujos
líderes oposicionistas ao Governo [...]. Em 1925
reiniciou-se as atividades guerrilheiras, tornando
necessária uma nova Mobilização de Tropas
Mineiras do 5º BI, que compôs um grande efetivo,
com o objetivo de atingir o Estado do Mato Grosso e
repelir os revoltosos. No ano de 1926, estas mesmas
Forças ameaçaram o Governo Brasileiro, chegando a
penetrar na Bahia. O governo de Minas mobilizou,
então, uma tropa de, aproximadamente, 600 homens,
que partindo para o Norte fez parte da Coluna Gen
Mariante, que teve o seu trabalho complicado, não só
pelas “facções” de Siqueira Campos como, também,
pelos “Grupos” organizados por mal feitores que,
dizendo-se colaboradores do governo, praticavam
saques pelas cidades por onde passavam. As Tropas
Mineiras lutaram na Bahia, Sergipe e Pernambuco.
(Pe. Luiz de Marco Filho, p.56)

Quando ocupava o posto de Tenente-Coronel, comandou


entre 1938 e 1943 o 4º Batalhão em Uberaba e o 6º Batalhão ainda
em Belo Horizonte, vindo a falecer uma década depois, em 23 de
agosto de 1955.
Foi Comandante Geral da Polícia Militar de Minas Gerais,
mas não permaneceu por muito tempo, porque se sentia incomodado
com as carências materiais da tropa, fato que o levou a solicitar sua
demissão do posto de Comandante ao Governador Benedito
Valadares Ribeiro, sob o argumento de que “não comandaria tropa
calçada de alpargatas”.
Sendo considerado disciplinado e um exímio disciplinador,
veio a falecer em 23 de agosto de 1955 vítima de um insulto cerebral.

124
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 38 – Estandarte do Sexto Batalhão

125
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

126
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL PEDRO FERREIRA DOS SANTOS


Por Patrícia Oliveira do Carmo68
Figura 39 - Cel Pedro Ferreira dos Santos

1914 – 2000

Pedro Ferreira dos Santos, sétimo filho de Laudelina Ferreira


dos Santos e João Francisco dos Santos, nasceu prematuro, em 24 de
dezembro de 1914, em Brazópolis/MG. Desde cedo, trabalhou para
ajudar a família, porém nunca deixou os estudos para o segundo
plano. Seu pai e seus irmãos já notavam que Pedro era diferente, pois
era um líder nato, corajoso, destemido e proativo. Era bom na arte de
caçar, pescava os maiores peixes, nas lutas de rua sempre obtinha o
triunfo. Pedrinho, como era chamado, com apenas 15 anos, já se
mostrava um exímio belígero.

68
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

127
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Naquele tempo, meados de 1920-1930, o país atravessava


uma nova fase política, chegava ao fim a “política do café-com-
leite”. Pelos cantos da cidade de Guaxupé/MG, muito se falava sobre
uma revolução em que tropas federais de São Paulo invadiriam
Minas Gerais. De fato, a Revolução estourou em 1930.
Seu pai, o então Sargento João, comandante do
Destacamento Policial de Guaxupé, se desdobrava não só em recrutar
homens para reforçar a segurança como também em
táticas/estratégias de proteção da cidade.
Pedrinho, sentindo de perto estourar os combates, viu um
soldado desertor abandonando sua farda e não pensou duas vezes:
pegou a farda, escondeu-a em um local estratégico, disse para sua
mãe que iria pegar lenha quando, na verdade, foi para o quartel e
armou-se. Assim, a guarnição ganhava mais um combatente que,
mesmo sem treinamento ou instrução, se manteve forte, aguerrido,
socorreu companheiros, arrastou mortos e combateu.
Pedrinho foi tido como desaparecido; seus pais chegaram a
imaginar que estivesse morto. Apenas quando o noticiário informou
o recuo das tropas Paulistas e a extraordinária vitória sobre eles é que
a esperança renasceu. Juntamente com a notícia da vitória, a notícia
destacou a atuação de um jovem soldado, que estava sendo festejado
como um herói. Para a surpresa de todos, esse jovem era Pedro.
Sabendo do paradeiro de seu filho, o Sargento João ficou
furioso e foi ao encontro de Pedrinho, certo de que o repreenderia.
Todavia, os antigos sargentos, cabos e soldados intercederam em
favor do menino, dizendo que João Francisco deveria sentir orgulho
da atitude de seu filho. Assim, Pedro Ferreira dos Santos, em outubro
de 1930, teve seu batismo de fogo. O garoto fora incluído no efetivo
e impressionou a todos os mais antigos com sua facilidade no
aprendizado e com o manuseio de armamentos e explosivos.
Após 1930, Pedro passou por um momento de lapidação
policial no qual foram instruídas as simbologias militares, como o
amor à pátria, princípios de hierarquia, disciplina, honestidade e
aulas de Ordem Unida. Aprendeu, na teoria e na prática, as
abordagens policiais, prisões, relacionamento com cidadãos e
imobilização de resistentes. Destacando-se no curso e fomentando o

128
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

desejo de ir para um destacamento policial, atuou como monitor da


Escola de Recrutas, realizando tarefas de suma importância, tais
como: mapeamento do batalhão e auxiliar de instrutor. Devido ao
bom desempenho em suas funções, recebeu vários elogios pessoais
de diversos superiores. Ao praticar patrulhas aos finais de semana,
viu com seus próprios olhos as mazelas e as podridões do mundo.
Assistiu à violência alheia e atos truculentos, conluios sujos e
subornos.
Prestou exame para Cabo e foi aprovado. Logo em seguida,
com apenas 17 anos, estudou com afinco para o exame de 3º
Sargento, sendo também aprovado.
O país começou a passar por um novo cenário político, ainda
martirizado pela Revolução de 1930, agora desencadeando um novo
movimento: a Revolução Constitucionalista, em 1932.
Vendo o novo rumo que estaria por vir, Pedrinho
manifestava sua vontade de combater novamente e decidiu que
tomaria a atitude de solicitar ao então Comandante. Afonso Elias
Prais, a permissão para se juntar às tropas combatentes. Esta
iniciativa rendeu-lhe o comando de um Grupo de Combate composto
de 15 combatentes, 14 armados de fuzil de repetição, e um de arma
de fogo coletivo.
Em outubro de 1932, Pedrinho assinalou mais um triunfo em
sua carreira militar e, mais uma vez, viu o povo ovacionar seus
combatentes durante o “desfile da vitória”, com apenas 17 anos,
ostentando orgulhosamente a divisa de 3º Sargento.
Em 1933, Pedrinho, o Sargento Pedro, completara seus 18
anos, era incrível, um veterano dos combates. O Brasil estava
sacudido por novos tempos, a constituinte se instalara e, enquanto
Pedrinho ia assimilando a dialética do momento histórico, iniciou-se
então a reestruturação da Força Pública Mineira. A notícia de que
uma escola de elevado nível seria montada no Prado Mineiro se
propagava rapidamente.
Pedrinho, juntamente com outros 60 Sargentos, apresentou-
se para testes físicos no quartel do exército para se profissionalizar
na área de Educação Física. Após várias etapas, foi escolhido para
ingressar na Escola de Educação Física do Exército Nacional, na

129
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

cidade do Rio de Janeiro. Era um curso pesado, em horário integral,


com muitas desistências pelo caminho; mas, persistente que era,
concluiu com méritos o curso e retornou para Belo Horizonte em
1935.
Ao chegar em Belo Horizonte, Pedrinho foi classificado para
ser Monitor de Educação Física no recém-criado Departamento de
Instrução – DI, ficando com uma turma do CFO 1 e outras turmas do
Curso de Sargento. Almejando o oficialato, em 1936 Pedro ingressou
na turma do Curso de Formação de Oficiais, aos 21 anos. Devido a
sua experiência com a vivência na escola e também à facilidade em
instruir alunos, Pedro foi o destaque de sua turma, sendo nomeado
líder e também ajudando os demais na tarefa de “monitor de turma”.
Mantendo-se íntegro e dedicado ao curso, Pedrinho optou
por não frequentar as “zonas boêmias” de Belo Horizonte, assim
como faziam os demais amigos cadetes. Também não quis nenhum
envolvimento sério com nenhuma mulher, apenas se encontrava com
algumas, conversava, se divertia e nada mais. Era cauteloso, discreto,
não se envolvia com mulheres da vida, pois tinha pretensão de
construir uma família.
Neste contexto, conheceu Adalgisa, apaixonou-se por ela e a
pediu em casamento ao Comandante Coronel Edmundo Lery dos
Santos - fato concretizado em 1937. Formou-se Cadete em 1938,
com 24 anos.
Pedro admirava o trabalho investigativo, por isso desejava
ser promovido a 2º Tenente para exercer o cargo de Delegado
Especial de Polícia. Para tanto, dedicou-se a obras e manuais que
tratavam do trabalho investigativo, bem como estudos do Código
Penal e Código Processual Penal. Pedrinho já se sentia preparado
para assumir tal cargo, mas ainda era aspirante, fato que o impedia de
ser Delegado Especial de Polícia. Todavia, por meio da designação
do Comandante Torres, do 6º BCM, pronunciou sua nomeação para
Delegado de Polícia no município de Itambacuri/MG.
Como Delegado de Polícia, Pedrinho “arregaçou as mangas”
e foi com afinco para o trabalho. Prendeu armas de fogo e facas
daqueles que as ostentavam. Solucionou homicídios, desenterrou
cadáveres para autópsias, recolhia provas, prendeu estupradores,

130
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ladrões de gados e acabava com os baderneiros, resultando em um


ótimo trabalho para aquela cidade. Os juízes, promotores e
advogados de Teófilo Otoni estavam cada vez mais surpreendidos,
vislumbravam as táticas inovadoras utilizadas por Pedro e também a
sua eficiência, ao demonstrar ser um policial completo.
Pedrinho, mesmo dispondo de poucos recursos para o
desempenho de seu trabalho, se desdobrava para que essas faltas
fossem supridas de outra maneira. Para tanto, estudou preceitos de
criminalísticas, medicina legal e o corpo humano. Planejava suas
ações para agir no momento certo. Antecipava-se frente aos delitos e,
em algumas ocasiões, agia até desarmado. Não havia nenhum
criminoso que ficasse impune.
Devido ao bom desempenho e eficiência de seu trabalho em
Itambacuri, Pedro foi convidado para uma nova missão. Em meados
de 1947, uma cidade começava a crescer, se tornar um polo
comercial e industrial. Governador Valadares surgia como uma
cidade atrativa para todos os tipos de gente e, com isso, muita
podridão se instalava por lá. A pedido do Prefeito Abílio Rodrigues
Patto, Pedro assumiu a Delegacia Especial deste município.
Logo, Pedrinho proibiu os jogos de bilhar, impôs um
controle rígido sobre os cabarés e pensões de mulheres. Entretanto,
parte da população e também dos políticos foi contra tais medidas,
solicitando a saída de Pedro de Governador Valadares, ficando no
cargo apenas alguns dias na cidade.
Capitão na década de 1950, Pedro era um ícone para
Segurança Pública. Seus métodos eram primados segundo a Lei, era
justo, obtinha boa persuasão, não utilizava de violência arbitrária,
pois tinha bom diálogo para convencimento de rendição dos
infratores.
Em 1958, o Capitão Pedro Ferreira pediu exoneração do
cargo de Delegado Especial de Capturas, pois visava a promoção de
posto no âmbito militar, visto que estava congelado neste posto
devido ao cargo que exercia. Sendo assim, em 1960, por ato do
Governador do Estado, Pedro é promovido a Major por tempo de
serviço. Neste mesmo ano, Pedrinho recebeu uma condecoração do
Presidente da República, com a Medalha do Mérito Policial.

131
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Novamente o então Major Pedro foi designado ao cargo de Delegado


Especial de Capturas, com jurisdição em todo o estado de Minas
Gerais. Deixou o posto na ativa novamente, agora transferindo-se
para a reserva e com a patente de Tenente-Coronel. Em 1981, por
força da Lei nº 8.070 daquele ano, que agraciava os remanescentes
das revoluções de 24, 30 e 32, foi promovido a Coronel.
Nascido em uma família pobre, mas de boas convicções.
Seguindo os passos do pai e dos irmãos, compôs desde cedo a
corporação policial militar. Fazia o que amava, e fazia com zelo,
dedicação. Batalhou por crescimento na carreira. Estudou, se
aperfeiçoou e se tornou formador de policiais, forjando-os com o
melhor conhecimento e motivação para a profissão. Um homem de
visão, consciência, íntegro, mantendo-se firme e resoluto diante das
desordens da época, sempre vislumbrava a paz social e a harmonia
entre as pessoas.
Trouxe tranquilidade à população dos Vales do Rio Doce,
São Mateus, Mucuri e Jequitinhonha. Crimes de difícil resolução
eram solucionados por Pedro, trazendo a justiça para aqueles que a
mereciam. Personalidades políticas da época o agraciavam,
solicitavam seus trabalhos e, muitas vezes, o procuravam
pessoalmente.
Com uma carreira inigualável na Polícia Militar, Pedro
Ferreira dos Santos é referência de como um policial deve ser. O
amor pelo trabalho, o empenho demonstrado ao longo de sua
jornada, sua contribuição na formação de novos policiais são provas
do quanto Pedro foi importante para a instituição policial militar.
Pedro desempenhou o trabalho investigativo, solucionou diversos
tipos de crimes, fazendo valer a lei, capturou infratores por diversas
cidades do estado de Minas Gerais. Suas palavras tinham força, eram
ouvidas e atendidas. Seu nome ecoava por onde passava, e as pessoas
o admiravam. Todos sabiam que, onde ele estivesse, a impunidade
não vigorava.

132
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 40 – Livro-Biografia Cel Pedro Ferreira dos Santos

133
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

134
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL JOSÉ GERALDO LEITE BARBOSA


Por Rafael Batisteli Gonçalves69
Figura 41 - Cel José Geraldo Leite Barbosa

1916 – 1980

O Coronel José Geraldo Leite Barbosa, nascido em 15 de


fevereiro de 1916, em Manga/MG, ingressou ao quadro de praças da
Força Pública Mineira em 1933, aos 17 anos, iniciando-se sua
carreira como policial militar. Foi corneteiro, passando a ordenança
de Secretário de Batalhão, em 1933.
Em 1934, foi aprovado com excelente nota para o posto de
Cabo de Esquadra e foi transferido para o Batalhão de Lavras. Em
Lavras, foi elogiado pelos serviços prestados na construção de
estradas e conduta relevante no trabalho operacional. Elogiado pelo
alto grau de disciplina e brilhantismo que deu em comemoração à
data da Batalha de Riachuelo, e juramento a bandeira pelos recrutas

69
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

135
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

que terminaram os períodos de instruções ministrados por ele. Em


1935, foi promovido a 3º Sargento, ingressando ao Curso de
Aperfeiçoamento de Sargentos no recém-criado Departamento de
Instruções – D.I, em Belo Horizonte/MG.
José Geraldo Leite Barbosa, após o aperfeiçoamento na
Escola de Sargentos, retornou para seu Batalhão de origem, o 8º
Batalhão de Caçadores Mineiros, sonhando em tornar-se um Oficial
da Força Pública Mineira. Em 1939, após um período de estudos e
dedicação, foi aprovado para o Curso de Formação de Oficiais, sendo
este concluído em 1941, com 30 anos de idade, destacando-se no
posto de 1º classificado.
Em 1945, o Cel José Geraldo Leite Barbosa foi lotado na
região de Mantena. Esse era um território que passava por um
momento conturbado na história do Brasil, onde ocorria um conflito
armado por disputas de terras entre Minas Gerais e Espírito Santo.
Esse embate foi chamado de “A Guerra do Contestado”. Nesse
período, o Coronel Leite Barbosa ocupava o posto de 2º Tenente e,
devido a seu bom desempenho, foi designado Delegado de Polícia,
sendo um dos responsáveis por impor a lei e mediar a quebra da
ordem que se alastrava pela região de Mantena. Sua função era
desenvolver um trabalho junto com sua tropa para desarmar parte da
população que habitava algumas vilas e povoados da região, pois,
naqueles lugares, havia grandes incidências de crimes contra a vida.
Para tanto, sua tropa percorria várias regiões do Contestado,
mediante planejamento e metas a serem cumpridas, contando com a
participação ativa de seu líder nessas diligências. Apesar da firmeza
em suas atuações, o Coronel era também um conselheiro e
apaziguador de conflitos, buscava orientar e estabelecer o equilíbrio
entre a comunidade, além de ser um exímio líder para sua tropa.
Devido a sua inteligência emocional, tinha pleno domínio das
situações adversas; sabia dosar sua força sobre cada ocorrência, sem
ato truculento ou violência arbitrária.
Nessa época, as funções de “Delegado Especial de Polícia e
Delegado de Capturas” eram atribuídas a alguns oficiais da Força
Pública Mineira devido ao déficit de profissionais qualificados
(Bacharéis em Direito, Delegados, Investigadores e Peritos) pois,

136
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

nesse período, a Polícia Civil não tinha sido instituída, sendo, até
então, denominada de Chefia de Polícia. Esses Delegados eram
designados pelo Governador ou pelo Chefe de Polícia para atuar em
regiões críticas, onde era necessária a presença do Estado para impor
a lei e por “ordem na casa”.
Ainda no posto de 1º Tenente, foi designado, a pedido do
Governador, para tal cargo e, mesmo tendo força e poder, devido a
sua personalidade, imbuído de serenidade e equilíbrio, soube
contornar as situações adversas do conflito do Contestado de forma
pacífica, mas não deixando de impor sua firmeza frente às situações
críticas que necessitavam de um possível uso de força.
Leite Barbosa era um grande líder para sua tropa e seus
comandados. Sempre que assumia uma “Delegacia de Polícia”,
procurava saber detalhes sobre seus auxiliares e também sobre o
destacamento que iria desempenhar seus trabalhos. Para a condução
de seus homens, tornava-se amigo deles, procurava conhecer seus
defeitos, seus anseios, suas relações familiares e demais
características. Com essa atitude, buscava alcançar a confiança de
seus subordinados e prepará-los para o trabalho, usando seus defeitos
como exemplos a serem superados e ajustados. Inseria neles energia
e vibração, motivação para o trabalho e também disciplina, mediante
ações fiscalizadoras para identificar os indisciplinados, os desonestos
e os viciados. Gratificava seus policiais pelas metas alcançadas com
dispensas e elogios.
Como líder, buscava sempre a perfeição visto que, por
assumir posição de proeminência no pelotão, seus erros seriam muito
destacados e, por conseguinte, poderiam tomar proporções que
comprometeriam a disciplina e a qualidade da tropa. Entendia
também que a polícia deveria se aproximar mais da comunidade,
uma vez que era aquela oriunda desta. Para tal, escreveu um livro,
em 1966, que se tornou um manual para aplicação de suas ideias,
Polícia Educativa. Nele, Leite Barbosa frisava que a Polícia Militar e
a Polícia Civil deveriam atuar em conjunto, sempre servindo à
comunidade e suprindo suas necessidades. Na época, havia um temor
dos cidadãos para com a polícia ou o receio de vingança por parte
dos malfeitores, o Coronel buscava retirar esse ranço ou temor,

137
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

procurando transmitir segurança e salientando que a arma mais


eficaz para o combate ao crime é a cooperação das pessoas.
Em Mantena, região consagrada pelo conflito do Contestado,
o Coronel Leite Barbosa atuou severamente para aproximação da
comunidade com a polícia. Neste contexto, realizou várias palestras
educativas e orientadoras; abordou assuntos que assolavam aquela
região, como prostituição, pessoas suspeitas, conquistadores baratos,
famílias desestruturadas e o uso abusivo de bebidas alcoólicas.
Informava-lhes sobre os casos solucionados e esclarecidos e dizia
sempre que a polícia continuava empenhada para redução da
criminalidade que havia naquela localidade, além de sempre
agradecer o apoio da comunidade, destacando-a como peça
fundamental nesses resultados.
O mesmo trabalho realizado na região de Mantena, o
Coronel Leite Barbosa, Oficial Delegado, desempenhou em
Governador Valadares, em meados de 1950. Nessa época, esta
cidade era conhecida como “Texas Brasileiro”, devido aos altos
índices de criminalidade. Chamou a população, discursou em
autofalantes, aproximou da polícia aquela acuada comunidade que
sofria com a impunidade. Em menos de um mês, os efeitos foram
surgindo. Os infratores logo sentiram de perto que a lei chegara à
região. Muitos foram presos e outros foram embora para outros
lugares.
Atuou também nas cidades de Nova Lima, Diamantina,
Caratinga e Muriaé. Usando o método de interação com a
comunidade, os resultados positivos começaram a surgir. Não
importava qual era o desafio a ser enfrentado ou os problemas que ali
existiam, sua arte de fazer polícia era aplicada nas regiões; a
confiança era adquirida pelo povo e a tranquilidade pública era
mantida. Agia dentro dos princípios éticos, com autoridade, porém
sem violência, procurava ser respeitado, mas não temido. Cumpria
com seu dever com seriedade e imparcialidade; servia a todos, sem
distinção de raça, cor ou situação financeira. Relacionava-se bem
com as demais autoridades, em busca de medidas que auxiliassem
seu trabalho. Não era bajulador, não se rebaixava para conseguir
favores.

138
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Outra passagem importante do Coronel José Geraldo Leite


Barbosa foi frente a um possível conflito político entre a Esquerda e
a Direita, em meados de 1960, na cidade de Belo Horizonte. O
Brasil, passava por uma instabilidade política devido à renúncia do
então Presidente Jânio Quadros, bem como a ida de João Goulart
(Jango) para a China, se deparou com uma ameaça comunista, visto
que, na época, o mundo estava em plena “Guerra Fria”. Nesse
momento, surgiu a figura de Leonel Brizola, Governador do Rio
Grande do Sul, como voz de resistência de uma possível intervenção
militar, que defendia a posse de Jango, então Vice-presidente.
Leonel Brizola discursava por todos os cantos do Brasil e,
por onde passava, sempre arrastava multidões para ouvi-lo e acatar
as suas ideias. Quando noticiaram que Brizola discursaria em Belo
Horizonte, os simpatizantes de Direita pretendiam impedir a todo
custo a sua aparição.
Segundo o Coronel Klinger, em seu livro Nas Trilhas da
Liderança, o Batalhão de Guardas e o 5º BPO foram empenhados
para garantir a segurança de Brizola e também para que o comício
fosse realizado sem maiores problemas, ou seja, sem conflito entre os
lados.
O ambiente estava tenso. A polícia militar estava pronta para
agir caso necessário. Eis que, no meio desse ambiente aparece a
figura do Coronel Leite Barbosa, então Major da Polícia Militar.
Bom solucionador de conflitos que era, com sua persuasão,
convenceu Brizola a não discursar e a não erguer qualquer bandeira
de movimentos “radicais”, apaziguando todo tipo de conflito entre a
Esquerda e a Direita. Mais uma vez, a figura do Coronel se destacou
como um grande mediador de crises, provando que, com violência ou
qualquer ato atentatório à ordem pública, nada se resolve.
O Cel Geraldo Leite Barbosa faleceu em 10 de outubro de
1980, sem deixar herdeiros, mas deixou uma história inigualável para
a Polícia Militar e o Estado de Minas Gerais. Seus estudos e
conhecimentos militares servem de base para muitas doutrinas
aplicadas ao treinamento e ao serviço das polícias; além dos livros
escritos Aspecto Policial de Mantena e Polícia Educativa, ambos
escritos quando estava ativo no serviço de policial militar. Excelente

139
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

policial que era, irrepreensível em sua conduta, foi um dos


memoráveis Coronéis que, mesmo em um tempo em que os conflitos
eram resolvidos no famoso “olho por olho, dente por dente”,
procurava o bem-estar de todos, dissuadindo as partes para um
acordo. Mestre na arte de “fazer polícia”, grande líder para sua tropa
e bom marido, possuía como principal característica a lealdade
àqueles que estavam ao seu lado.

140
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 42 - Foto Cel José Geraldo Leite Barbosa

141
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

142
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL GEORGINO JORGE DE SOUZA


Por Rafaela Ferreira Guimarães70
Figura 43 - Cel Georgino Jorge de Souza

1918 – 2004

Recontar a história do Coronel Georgino Jorge de Souza é


também uma forma de agradecimento aos tantos bons serviços
prestados à sociedade mineira. É uma singela forma de não deixar
que a história se apague ao longo do tempo e permitir que as
próximas gerações tenham conhecimento dos responsáveis pelo
desenvolvimento desta atual Instituição.

70
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

143
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Georgino Jorge de Souza nasceu na cidade de Guanambi,


sudoeste e interior da Bahia, filho do Tenente Jorge Francisco de
Souza e Sabrina Francisca de Souza71. Georgino Jorge de Souza,
durante sua infância, foi vítima de preconceitos raciais na escola,
porém isso nunca o impediu de buscar seus ideais; menino muito
estudioso, foi motivo de muito orgulho para toda a sua família.
No dia 25 de janeiro de 1935, ingressou na Polícia Militar de
Minas Gerais como soldado, aos 16 anos e 4 meses. Seu primeiro dia
na caserna foi agitado. Ao se dirigir, à época, ao Departamento de
Instrução, hoje Academia de Polícia Militar (APM), para ser
encaminhado ao Regimento de Cavalaria, se sentiu assustado com o
novo ambiente. Assinou o Termo de Engajamento, no qual se
comprometia a servir por 3 (três) anos na corporação e pautar-se
continuamente nos princípios éticos e morais.
Como relatou em seu livro, “Reminiscências de um Soldado
de Polícia”, em sua primeira noite no alojamento, chorou no
travesseiro; era uma nova realidade, em uma cidade grande e cheia
de novos desafios pela frente. Nessa mesma noite, foi acordado por
um barulho de cano de ferro nas cabeceiras das camas, o que mais
tarde ele descobriu ser a famosa alvorada militar.
Seu instrutor era o Cabo Abel, nome este do qual ele nunca
se esqueceu. Foram dias de muito ardor e cansaço, principalmente
nas aulas de educação física, mas que contribuíram de forma
benéfica para o seu crescimento e amadurecimento como militar. Ali
se iniciava uma carreira brilhante de um jovem que lutou contra
preconceitos e cresceu na vida.
Ainda como Soldado, serviu em parceria com os Soldados
Hermes e Anastácio, no antigo 6º Batalhão de Caçadores Mineiros,
comandado pelo Coronel Apolino Alves Coelho, que impunha
disciplina rígida, pois para o Coronel Apolino, a falta de disciplina
era considerada pecado grave, ou seja, qualquer atitude contrária aos
preceitos militares seria severamente punida.
Iniciou o Curso de Formação de Oficiais em 1940, com

71
SOUZA, Georgíno Jorge de. Título: Reminiscências de um Soldado de
Polícia. 1996 - Montes Claros – MG: Editora Gráfica Silveira Ltda. 1 º
edição. 319 páginas.

144
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ações marcadas por entusiasmo, disciplina e garbosidade. Devido ao


histórico favorável na Polícia Militar, em 1942, ainda como aspirante
a oficial, foi lhe confiada à instrução de uma Escola de recrutas, em
Diamantina, tornando-o referencial para todos os discentes, uma vez
que lhe era um líder nato, que impulsionava seus novos alunos.
Sua extraordinária carreira como docente foi reconhecida
com a insígnia de Professor Emérito da Universidade Estadual de
Montes Claros – medalha que, ao longo dos anos, veio se juntar a
tantas outras, como a Medalha de Honra da Inconfidência (por
méritos cívicos), a Medalha de Prata Santos Dumont, todas as
Medalhas de Mérito Militar (bronze, prata e ouro) e a Medalha
Alferes Tiradentes.72
Exerceu os cargos de Delegado Especial de Polícia em 68
cidades mineiras, entre 1943 a 1958; Subchefe da 4ª Seção do Estado
Maior Geral da Polícia Militar de Minas Gerais e de Comandante do
10º Batalhão de Infantaria da PMMG, sediado em Montes Claros,
sempre bem articulado e possuidor de bom conhecimento. Fato
interessante era sua compaixão com os menos favorecidos. Para
aqueles Soldados que não podiam pagar um advogado que
defendesse suas causas, ele o fazia sem cobrar nada pelos serviços
prestados. Atuou também como presidente da Ordem dos Advogados
do Brasil e do Rotary Clube em Montes Claros.
Está registrada na biografia do Cel Georgino em páginas de
destaque sua passagem como comandante do 10º BPM com sede em
Montes Claros. Em sua assunção de Comando, ainda como Major,
escreveu de forma emocionante no Boletim de número 271:

Ao assumir o Comando desta unidade, as minhas


palavras são de paz e evocação. Apologista do
trabalho, conclamo a todos para as obras que
proponho realizar, quais soem ser uma inarredável
defesa das tradições de nossa gloriosa Corporação,
numa busca permanente do senso de Justiça e da
Disciplina. O trabalho construtivo, objetivando
colocar nosso Batalhão em pleno destaque no
concerto de seus coirmãos, merecerá prioritária

72
Disponível em: http://mariaribeiropires.blogspot.com.br/2014

145
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

atenção. Para tanto será construído ainda que a custa


de grandes sacrifícios, o nosso Quartel, ao mesmo
tempo que o nível técnico profissional da tropa,
passará por acurado estudo e aprimoramento. Na
medida da limitação de minhas forças, especial
atenção será dedicada ao aperfeiçoamento de nossas
atividades sociais. A defesa da família e dos bons
costumes alicerçados na moral sadia e cristã será
resoluta e intransigente. (SOUZA, 1996, p.300-301)

Em meados de 1964, já no Comando do 10º Batalhão, em


Montes Claros; estava empenhado na construção do quartel, um
magnífico projeto do então Capitão Engenheiro Nonato. Obviamente
que as verbas e as mãos de obra eram escassas nesse período,
portanto toda a mão de obra utilizada na construção do quartel foram
as dos próprios soldados, sendo que até mesmo os tijolos utilizados
foram produzidos pelos militares.
Ainda em 1964, como Tenente-Coronel participou do
Movimento de 1964, sempre com bravura e coragem nas suas
atitudes, toda tropa comandada por ele se inspirava em sua pessoa e
o respeitavam por seu militarismo. Serviu com lealdade e respeito,
conforme trecho de sua biografia.

O quartel já estava quase concluído e nuvens de


guerra sobrearam o país. Minas se levantaria em
armas contra o presidente João Goulart. Vamos que
vamos, instruir esse povo para a briga. E em duas
semanas, estávamos prontos para o que desse e
viesse. Minha gente, isto é um fuzil com que vocês
vão lutar. Tudo se resume em matar o inimigo e não
deixar que eles matem vocês. Empreguem bem a
arma e aproveitem o terreno. (SOUZA, 1996, p.152).

Passou por todos os postos e graduações na PMMG e foi


promovido a Coronel em 21 de abril de 1964. Em 1965 foi
transferido para a reserva remunerada com 30 anos de efetivo
serviço. Em seu último Boletim, este de número 03 e de caráter
especial, se despede de seus companheiros e irmãos de farda de

146
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

forma emocionante e, como sempre, amável. Abaixo trecho de sua


carta de despedida:

Homens do 10º BI, digo-vos hoje o meu adeus. Aqui,


nesta singela solenidade, à sombra sagrada da
Bandeira, cujas dobras se agitam aos ventos do nosso
sertão agreste, aqui nossos caminhos se separam.
Partis para novas e heróicas arrancadas, onde vos
aguarda, adejando sobre o lampejo de vossas
baionetas, a visão embriagadora da Glória. Eu volto
para casa, carregando comigo as recordações de
nossas lutas, as lembranças da jornada que fizemos
juntos, satisfeito convosco. Nunca me esquecerei de
vós. Nunca se apagará de meu coração, a imagem de
vosso arrojo e da vossa constância e coragem sem
limites. Pois não tenho ainda bem nítida a presteza
com que sempre cumpristes as minhas ordens?Pois
não me orgulho de vossa firmeza e lealdade
inalteradas? Quero que saibais com a mais absoluta
das certezas que muito vos estimo e vos respeito. E
mesmo nos momentos em que na faina do Quartel
vos parecia menos amigo, não estavam diminuídos
em mim, tais respeito e estima. Pela grandeza de
Minas e do Brasil, muito lutamos e muito sofremos.
Nossas caminhadas que se iniciaram na tarde de 16
de dezembro de 1961, ramificaram-se em um sem
número de direções, que vão do sangue de nossos
companheiros derramado nos Destacamentos em
defesa da Lei e da Ordem ao duro trabalho da
construção de nosso Quartel. Desde as diligências da
rotina policial-militar a impetuosidade com que vos
lançastes sobre a Capital da república no Movimento
Revolucionário de 31 de março. Paracatu, Brasília e
Unaí são os nomes que inscrevestes em vossa
Bandeira para sempre. Orgulhei-me da marcha forte
de nosso Batalhão no Eixo Monumental de Brasília e
os que nos viam passar, curvavam-se reverentes ante
os herdeiros e defensores de quatro séculos de
Liberdade. Nós, os Montanheses, sempre fomos
livres. Convosco regresso agora da própria Capital
de Minas, onde nossa Bandeira drapejou mais
gloriosa do que nunca, invencível nos desfiles
militares, como nos entreveros dos machos. Juntos
marcharíamos contra qualquer inimigo, vencendo

147
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

qualquer obstáculo e repetindo sempre a Ponte do


Rio São Marcos. Adeus, meus queridos amigos,
companheiros de mil aventuras.
Estais acima de qualquer louvor, mas, mesmo assim,
em lembrança deste dia, mando consignar em vossos
assentamentos, um elogio e um agradecimento a
todos vós, pela lealdade, coragem, disposição,
galhardia e amizade que me demonstrastes durante
todo o meu comando. Adeus! Ainda uma vez,
homens do meu sempre lembrado 10º BI. Cerrai
fileiras em torno da Bandeira e do novo Chefe. Ele,
também vos conduzirá pela estrada da Honra e do
Dever. E com pensamento em Minas, no Brasil e em
Deus, prossegui em vossa luminosa caminhada,
pontilhando-a de sucessivas vitórias. Na minha casa,
encontrareis quem chore nas vossas tristezas e vibra
convosco nas vossas alegrias. Uma vez mais adeus!
(SOUZA, 1996,p.305-307).

O Coronel Georgino Jorge de Souza é um vulto expressivo


de militar, cujo semblante enérgico encarna a imagem da bravura e
do heroísmo, símbolo expoente e característico da Polícia Militar de
Minas Gerais, lenda viva em todas as instituições por onde passou e
junto a toda sociedade mineira.

148
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 44 - Foto Cel Georgino Jorge de Souza

149
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

150
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL ARGENTINO MADEIRA


Por Rafaela Ferreira Guimarães73
Figura 45 - Cel Argentino Madeira

1917 – 2001

A educação sempre foi a base da construção de uma nova


sociedade. Somente o conhecimento é capaz de promover efetiva
reestruturação do Estado. Primeiro, deve-se pensar a nível
institucional quais as possíveis melhorias podem ser aplicadas. E foi
da visão futurística do Coronel Argentino Madeira que se iniciou a
história do Colégio Tiradentes.
O Coronel Argentino Madeira permitiu que muitos se
beneficiassem do conhecimento, assim como se fosse fonte para a
alma e todos estivessem sedentos. O conhecimento é o único bem
que não podem nos roubar. Pode o inimigo tentar valer-se contra a
tropa, mas as técnicas e táticas adquiridas estão intrínsecas em cada
combatente. O conhecimento é um bem permanente.
Desta maneira, promover conhecimento é solidificar a base
de toda uma Instituição que tem como seus pilares a Hierarquia e a
Disciplina. É produzir novas maneiras de fazer com que o mundo
evolua.
O Coronel Argentino Madeira, nascido no dia 05 de abril de

73
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

151
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

1917, natural do município Desterro do Melo, interior do Estado de


Minas Gerais e filho de Cândido Madeira dos Reis e Maria Madeira
de Oliveira, ingressou na PMMG no dia 16 de março de 1937, em
pleno Estado Novo, sob o governo do presidente Getúlio Vargas,
ingressou na Polícia Militar de Minas Gerais, na cidade de
Barbacena, ainda como soldado, o Coronel Argentino Madeira. Um
homem de pensamentos inovadores e sempre voltado para a justiça;
observou que nenhum integrante da Polícia Militar estudava no
Colégio Estadual da cidade, que abrigava somente as elites locais.
Incomodava também ao jovem militar, o baixo nível cultural dos
instrutores, mesmo quando a instrução era especificamente militar74.
Em 1946, após concluir o Curso de Formação de Oficiais, o
Aspirante Argentino Madeira retornou à Barbacena e trabalhou na
fundação do 9º BPM, denominado Escola Regimental, onde ele
mesmo ministrava as aulas. Ainda em 1946, já transferido para Belo
Horizonte e servindo no Estado-Maior da Polícia Militar (EMPM),
matriculou-se na Faculdade de Filosofia. Nesse período, a ideia da
criação de um ginásio destinado aos servidores da Polícia Militar e
seus dependentes começou a ganhar adeptos, embora muito
combatida.
O objetivo era oferecer educação escolar aos militares e seus
dependentes. Estava dado o primeiro e mais importante passo, pois,
em 1951, o Ginásio Tiradentes se transformaria em “Colégio
Tiradentes”. Seu primeiro diretor foi o professor e advogado Carlos
Porfírio dos Santos, sucedido na época pelo Tenente PM Argentino
Madeira, que permaneceu no cargo até 28/06/1971, dedicando duas
décadas de relevantes serviços à comunidade escolar.
Durante sua carreira militar, recebeu medalhas por seu
desempenho exemplar, tais como: medalha de Mérito Militar bronze,
prata e ouro e também a medalha Santos Dumont. Foi promovido ao
posto de Coronel em 1965 e, no mesmo ano, foi designado ao cargo
de diretor do Colégio Tiradentes. O empenho do Coronel Argentino
Madeira para a criação e continuidade do colégio foi tão importante
que uma das unidades dos colégios faz referência ao seu nome, o

74
PMMG, Argentino Madeira. Pasta Funcional, 1937-1994.

152
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Colégio Tiradentes da PMMG Argentino Madeira – Unidade Santa


Tereza.
Galgou todos os postos e graduações na Polícia Militar de
Minas Gerais, tornando-se aspirante em 1943. Passou pelos postos de
2º e 1º Tenente, nos anos 1947 e 1949, respectivamente. Como
Capitão, em 1953, foi muito elogiado pelos seus superiores da época
e foi promovido a Major por merecimento em 1959. Mas sua
aspiração militar foi adiante, foi Tenente-Coronel em 1962 e, mais
tarde, alcançou o posto máximo de Coronel.
Seu legado permanece até os dias de hoje, pois o Colégio
Tiradentes tem local de destaque no cenário estadual e nacional, por
seus resultados positivos na educação.

153
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 46 - Fotos Cel Argentino Madeira

154
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL MANOEL DE ASSUMPÇÃO E SOUZA


Por Rafael Oliveira Paulino75
Figura 47 - Cel Manoel de Assumpção e Souza

1915 – 1984

O Coronel Manoel de Assumpção e Souza nasceu em 10 de


fevereiro de 1915, em Guaxupé, Minas Gerais, e faleceu em 18 de
setembro de 1984 aos 69 anos. Em 1932, como Soldado, ingressou
na Polícia Militar de Minas Gerais. Ocupou o posto de 2º Tenente em
21 de maio de 1935, de 1º Tenente em 05 de agosto de 1940, de
Capitão em 05 de outubro de 1944, de Major em 09 de agosto de
1946, de Tenente-Coronel em 21 de julho de 1950 e Coronel em
setembro de 1955. Foi Comandante do antigo DI, até tornar-se

75
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

155
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Comandante Geral da PMMG no período de 1955 a 1961. Homem


de fé e ação abnegou-se em favor da instituição, buscando
sedimentar novas ideias e a evolução de métodos de trabalho.
Manoel de Assumpção e Souza teve sua carreira profissional
marcada por seu comando no antigo DI e, posteriormente, pelo
Comando Geral da PMMG, de 25 de agosto de 1955 a 01 de
fevereiro de 1961, durante a gestão do governador José Francisco
Bias Fortes.
Segundo Cotta (2006), no livro Breve História da Polícia
Militar de Minas Gerais, no dia 14 de abril de 1955, o Comandante
Geral Manoel de Assumpção e Souza, implantou a Companhia de
Policiamento Ostensivo, em que a Polícia Militar “exerceria suas
finalidades essenciais, mantendo a ordem e realizando um trabalho
preventivo”.
As palavras do Comandante Geral, à época eram:

[...] a ordem não é para prender nem para praticar


violência. Prisão só em último caso. Os policiais
exercerão ação preventiva, socorrendo, aconselhando
e orientando o povo. Precisamos de homens
instruídos, educados, que saibam tratar com o povo,
a fim de que possam adquirir bom conceito na
opinião pública. (Cotta, 2006, p.189).

Foi durante seu comando que, em 1956, como relata Jader


Oliveira (2009) em sua pesquisa “No tempo mais que perfeito: vida e
sonhos de Belo Horizonte nos anos 50”, a exemplo do Rio de
Janeiro, a Polícia Militar mineira desenvolveu duplas com o objetivo
de manter a ordem nas ruas. No Rio de Janeiro, elas haviam sido
denominadas de Cosme e Damião, mas em Minas foram batizadas de
Castor e Pollux, “em homenagem aos filhos gêmeos de Zeus, da
mitologia grega. Entretanto, acabaram virando Cosme e Damião
também, por serem os dois santos levantinos mais facilmente
identificáveis” (OLIVEIRA, 2009).
Artigo publicado no Diário de Minas, no dia 21 de agosto de
1956, também ressalta o episódio.

156
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Com presença de autoridades civis e militares,


iniciou-se ontem às 18 horas, o policiamento
ostensivo na parte urbana da cidade e nos bairros da
Barroca, Lourdes, Santo Agostinho e outros
(Jurisdição do 2º Distrito Policial) pela Unidade do
Batalhão de Polícia de Guardas. Os policiais, a
exemplo dos “Cosme e Damião” do Rio, atendem,
provisoriamente, pelo nome de “Castor e Pollux ”, e
se submeteram a treinamento especial (quatro
meses). Antes a unidade se formou na Praça Sete,
sendo submetida a inspeção pelo titular da Secretaria
de Segurança Pública, Sr. Paulo Pinheiro Chagas, e o
comandante da Polícia Militar Coronel Manuel
Assunção e Souza. (WINDSON, 2008).

Outro feito de sua época foi o início das obras da Capela de


São Sebastião dos Militares. Segundo Patrícia Fabiano (2014), no dia
04 de maio de 1955, foi realizada a solenidade da pedra fundamental
da Capela de São Sebastião, porém a obra não evoluiu além dos
alicerces, somente vindo a ser finalizada durante as décadas de 60 e
70. É então no dia 04 de maio de 1959, com a presença do
governador Bias Fortes e do Comandante Geral, Coronel Manoel de
Assumpção e Souza, que “é lançada definitivamente a pedra
fundamental da capela de São Sebastião dos Militares (FABIANO,
2014)”.76
Foi sob a gestão do Coronel Manoel de Assumpção que
ocorreu a inauguração, em Montes Claros, do Décimo Batalhão de
Infantaria (10º BI) da Polícia Militar de Minas Gerais, sob o
comando do Tenente-Coronel Geraldo Batista, em 1956. Como relata
Lázaro Francisco Sena, “além do Comandante Geral e do primeiro
Comandante da Unidade, estiveram presentes o Cel José Meira
Júnior, Chefe do Estado Maior Geral, e grande comitiva de Oficiais,
representando os diversos órgãos da Corporação.”. (SENA, 2011).77
Em seu comando ocorreu a assinatura da lei n. 1803, de 14

76
Disponível em: https://issuu.com/ oapostolo são judas/ docs/ o_ ap__
stolo_ edi____ o_ de_ fevereiro__
77
Disponível em: http://www.ihgmc.art.br/revista_volume8.htm

157
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

de agosto de 1958, pelo governador José Francisco Bias Fortes, que


equiparou os ganhos de ativos e reservistas.78
Em 1958 o Coronel Manoel, à época Comandante Geral,
esteve presente no momento marcante em que ocorrem as
inaugurações dos novos prédios do DI (Departamento de
Investigação) e DOPS, em Belo Horizonte. Nesse ano são criados
dois Departamentos de ponta, com a construção de modernos prédios
para atender as novas necessidades da polícia investigativa. “A
polícia abria frente a um novo tipo de atuação na área de
investigações especializadas. Dentro da mesma filosofia de
modernização da polícia, também era inaugurado o prédio de linhas
modernas, na Avenida João Pinheiro, onde se instalava o DET, atual
DETRAN.”.79

78
"Em 1958, os saudosos Governador Bias Fortes e o Comandante-Geral da
PM, Cel. Manuel Assumpção e Souza, reuniram-se com os Inativos da
PMMG e 'sacramentaram' a PARIDADE de vencimentos com o pessoal da
Ativa.". (DA SILVA, 2010).
79
Disponível em: http://www.cyberpolicia.com.br/ index.php/ historia/
decadas/ 164- primeiras- decadas%23

158
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 48 - Fotos Cel Manoel de Assumpção e Souza

159
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

160
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL SAUL ALVES MARTINS


Por Ten.-Cel. João Bosco de Castro80
Figura 49 - Cel Saul Alves Martins

1917 – 2009

Ao cálido meio-dia de 1º de novembro de 1917, na zona


rural de Januária ─ MG, nos domínios do Peruaçu, pela “estrada
velha do Pandeiro”, em direção à sede do referido Município norte-
mineiro, a jovem Senhora Maria Moreira Martins, aos seis meses de
gravidez, apeia de pachorrenta mula-baia-soqueteira, sob o sol
cáustico do primeiro-verão barranqueiro, para dar à luz rebento
macho com menos de seiscentos gramas de massa corpórea, aos
olhos atônitos do Pai, o fazendeiro Justino Alves Martins, conhecido
como Gobira.
Lambida a cria, o casal continua com ela a pequena viagem
até Januária, onde lhe dá o primeiro conforto de “berço esplêndido”:
uma caixa de sapatos.
Como provável homenagem ao primeiro Rei dos Israelitas, o

80
Ten-Cel Ref, Presidente da Academia de Letras João Guimarães Rosa.

161
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

minúsculo menino ─ de Futuro Maiúsculo ─ recebe o nome de Saul


─ do Hebraico Sha’úl: o Desejado, o Esperado, o Implorado, o
Suplicado, o Pedido...
Já marcado de Saul Alves Martins no batistério e registro
civil, o pequerrucho volta aos buritizais da olga ribeirinha da
Família, de onde, em poucos dias, retorna à Januária semiurbana, em
busca de melhores situações de vida indispensáveis a quem ainda não
pesava nem um quilo, mas já se prenunciava dono de fecunda e
benfazeja inteligência, caráter ilibado e austero, pessoa de bons-
modos e melhores-feitios, a bem de exemplar lhaneza e vasta
utilidade sociocultural. Tinha de ser professor e militar de polícia (as
duas mais estressantes profissões deste complicado Orbe!),
humanista e poeta, apreciador sublime das congadas e da
emblemática dança de são gonçalo, ensaísta da sabedoria jeje-nagô e
folclorólogo. Educador e pacificador, acima de tudo!
E esmera-se em todos esses importantíssimos e necessários
misteres!
Em um de seus primorosos e apreciáveis sonetos, o Poeta
Saul Alves Martins resume seus primeiros dias de vida.

“Autobiografia I.

Não longe de Goiás nem da Bahia,


Em pleno chapadão norte-mineiro,
Foi lá, precisamente ao meio-dia,
No chão da estrada velha do Pandeiro,

Que vim à luz, me opondo à biologia,


Pois se deu de novembro no primeiro,
E pelas contas de mamãe seria
Em princípios do mês de fevereiro.

O ponteiro das eras navegava


Sobre o século vinte e se abeirava
Do número dezoito, indiferente.

162
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Levaram-me, com toda a segurança,


Da caixa de sapatos à balança,
Eu nem pesava um quilo propriamente.”

Dos catorze versos decassílabos dessa maravilha metafórica,


dez ostentam-se heroicos ─ pelas tônicas incidentes nas sexta e
décima sílabas métricas ─, três semi-heroicos ─ em razão de tônicas
assentadas nas quarta, sexta e décima sílabas métricas ─, e um,
apenas um, o sétimo, traz a marca melódica de decassílabo sáfico ─
por suas tônicas nas quarta, oitava e décima sílabas métricas. O verso
decassílabo heroico apropria-se mais à mensagem épica. O
decassílabo sáfico ornamenta, mais adequadamente, a expressão
lírica, sentimental, delicada, afetiva, meiga, veludosa, adocicada ou
amarga, amorosa ou trágica: o desfecho do mais-sentir e menos-
pensar, a desrazão! Enlevo com desvelo!...
Mercê do “regime duro” da “sábia mamãe”, Saul Alves
Martins, levado por Ela mesma a Manoel Ambrósio, é o primeiro
nome da primeira lista dos candidatos à primeira turma do incipiente
Curso Normal de Januária, na qual o primeiro aluno matriculado só
podia ser aquele menino minúsculo de Futuro Maiúsculo, filho da
rigorosa Dona Maria Moreira Martins com o Sô Justino Gobira:
“Quem chega primeiro bebe água limpa!” E a tal Dona Maria Pra
Tudo não esperava a água sujar-se: arregaçava as mangas para ajudar
a todos. A segunda inscrição no mesmo Curso Normal Januarense de
1934, também ungida com “água limpa”, corresponde à Senhora
Dona Adélia Gonçalves Lisboa, colega de sala de Saul, ao longo de
todo o Curso Normal, aluna inteligente e estudiosa, mãe de ilustres
Oficiais da Força Pública Mineira: Coronéis Zílton Ribeiro do
Patrocínio e Zéder Gonçalves do Patrocínio, e Capitão Zenílton
Kléber do Patrocínio.
Com poucos dias de serviço militar, Saul entrara na Polícia
Militar em 9 de outubro de 1937, sem os arrochos preparatórios da
Escola de Recrutas, uma das fortunas do Corpo-Escola do Velho
Drexler, o Pré-Soldado Saul Alves Martins, semidatilógrafo e bem-
arejado como Professor Primário, com boa-lábia lírica de poemador
requintado, arranja bela namorada residente na Rua Turfa do Prado

163
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Mineiro, perto de seu quartel.


Já ia tudo bem-encaminhado, mas, de repente, a donzela não
quis mais o namoro. E expôs seu único motivo ao moço, já tocado
pelos zelos de Cupido: Ela soube ser milico seu encantador Saul, e
seus finos dotes não eram de moça para namorar soldado! Ora
essa!... Triste e remoído com aquela decisão da menininha de
redoma, Saul Alves Martins, em 2 de dezembro de 1937, ainda sob
os óleos ferventes de seus malcompletos vinte anos de idade,
compõe-lhe fulminante e maravilhoso soneto.
Apreciemo-lo!:

“Resposta de Soldado.

Mulher infame, descarada e louca,


Sempre nojenta, de misérias cheia,
Teu rosto bruto e de vergonha pouca,
Vê-lo-ei roçando a mais imunda areia.

A saliva que flui da tua boca


É repulsiva, pegajosa e feia.
Tens cava a voz, desafinada e rouca,
E infecto é o sangue que tu tens na veia.

Corpo de fera, coração maldito,


Não quero ouvir teu cavernoso grito,
Mulher mal-educada, impura e vã.

Anda, filha de bruxa, segue adiante,


Estrada afora, qual judeu errante,
Cumprindo a sorte que te deu Satã.”

Tal soneto, cuja única menção a coisas castrenses está no


título, abafa qualquer equívoco sobre a harmoniosa relação entre o
militar e a literariedade bem-tecida e bem-sentida. Soneto de
verdade, trabalhado e bem-burilado, cuidadosamente urdido e
transcinzelado, em versos decassílabos sáficos graves (com exceção

164
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

do décimo primeiro e décimo quarto, de terminação aguda).


Majestoso arranjo de rimas predominantemente ricas, ora alternadas,
ora paralelas, mediante vocabulário simples mas de alta
expressividade, transmite a sugestão de desgosto e repulsa de jovem
Soldado barranqueiro por desnamorada moçoila topetuda e nojenta,
presunçosa e despolida, cuja mãe deve ter influído nos arroubos
preconceituosos daquela enfatuada princesinha da Rua Turfa, pois o
primeiro verso do segundo terceto de Resposta de Soldado reserva-
lhe afetuoso e merecido mimo:
“Anda, filha de bruxa, segue adiante (...)”...
Em dezembro de 1940, Saul fora aprovado nos vestibulares
ao sonhado Curso de Formação de Oficiais do mesmo Dê-I do Prado
Mineiro, no qual se matricula em 1º de fevereiro de 1941. Alçado a
Aspirante a Oficial, no fim de 1943, transfere-se para o Sétimo
Batalhão de Caçadores Mineiros, sediado na Vila Militar de Bom
Despacho, regido pela translúcida inteligência do Tenente-Coronel
José Antônio Praxedes, um dos mais humanos civilizadores do
Centro-Oeste Mineiro. No Sétimo de Bom Despacho, o célebre
Machado de Prata, Saul desempenha-se de muitos cargos e encargos
atribuíveis a Oficial Subalterno. Lá, nosso Maiúsculo Barranqueiro,
nos miolos dos sessenta e três hectares das glebas do Batalhão,
cheias de feracíssimos olhos-d’água, constrói a primeira piscina de
Bom Despacho: importante centro de esporte e congraçamento de
Militares com respectivas Famílias e Comunidade Civil. Também na
Vila Militar de Bom Despacho, o Aspirante Saul Alves Martins, com
o erudito e dinâmico Tenente José Geraldo Oliveira ─ aquele
Coronel Comandante-Geral do Movimento Revolucionário de
1964─, renova e reviça o Plano Estratégico-Pedagógico da Escola
Regimental do Machado de Prata, Educandário Militar pronto para o
refino tecnoprofissional e humanístico das Praças, especialmente de
Cabos e Soldados, e aberto ao Preparo Cívico e Social de Escoteiros
e Lobinhos.
Promovido a Segundo-Tenente, em 1946, Saul retorna a Belo
Horizonte, onde completa suas reinações terrenas, como Oficial,
Professor, Pesquisador, Poeta, Ensaísta, Antropólogo, Historiador e
Folclorólogo.

165
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Na Educação de Nível Superior, Saul titulara-se como:


1) Bacharel em Ciências Sociais (Universidade Federal de
Minas Gerais, em 1957);
2) Licenciado em Ciências Sociais (Universidade Federal de
Minas Gerais, em 1959);
3) Doutor em Ciências Sociais, na linha de pesquisa de
Antropologia (Universidade Federal de Minas Gerais: curso iniciado
em 8 de maio de 1968 e concluído, com defesa pública de tese, em
14 de dezembro de 1970).
Saul Alves Martins ilumina as seguintes Casas de Erudição e
Cultura:
1) Comissão Mineira de Folclore (como o mais jovem de
seus vinte e oito folcloristas fundadores, em 19 de fevereiro de 1948,
sob a batuta do mais velho ─ eleito Presidente ─ Aires da Mata
Machado Filho, em cujos repetidos mandatos Saul se faz Secretário,
até 21 de agosto de 1985, quando se elege Presidente, para um único
mandato, ao fim do qual se eleva à láurea de Presidente de Honra, até
seu derradeiro suspiro, em 10 de dezembro de 2009);
2) Associação Nacional dos Escritores;
3) Academia de Letras Municipais do Brasil;
4) Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais;
5) Societé Internationale d’Éthmologie et de Folklore
(Paris, França);
6) Centro de Folclore de Piracicaba;
7) Comissão Cearense de Folclore;
8) Associação Brasileira de Folclore;
9) Academia Itajubense de Letras;
10) Academia Juiz-forana de Letras;
11) Academia Conquistense de Letras;
12) Comissión Internacional Permaniente de Folklore
(Buenos Aires, República Argentina);
13) Instituto Histórico de Niterói;
14) Instituto de Estudos de Folclore;
15) Comissão Paulista de Folclore;
16) Academia de Letras “João Guimarães Rosa”, da Polícia
Militar de Minas Gerais (fundador, em 21 de agosto de 1995, e

166
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Presidente do respectivo Conselho Superior, da instalação, em 5 de


outubro de 1995, a 2 de dezembro de 2005, a partir de quando se
notabiliza como Presidente Emérito do Conselho Superior).
Em 3 de março de 1949 ─ quando se comemorava o décimo
quinto aniversário do altivo Departamento de Instrução, o Dê-I, ou
DI ─, o ainda Segundo-Tenente Saul Alves Martins escreve a letra
poética da Canção do DI, com arranjo musical insculpido pelo então
Comandante da dita Escola Militar, o humanista de larga erudição
versado nas Artes de Euterpe, Tenente-Coronel Egydio Benício de
Abreu, o notável Jequitaí.
Em 6 de setembro de 1982, pela Resolução PMMG nº 1051,
a letra poética da Canção do DI, de 3 de março de 1949, transforma-
se em letra poética da Canção da Polícia Militar de Minas Gerais,
para a qual se preserva a totalidade musical do arranjo empartiturado,
em 1949, pelo Coronel Jequitaí. Em 1982, o já Coronel Saul Alves
Martins retrabalha, por vontade expressa do então Comandante-
Geral, apenas o Estribilho da Canção do DI:

“Quem não se orgulha de ti,


Ó DI?!
És o luzente arrebol,
O farol,
Que o passado dos bravos mantém
E nos leva à conquista do bem!”,

para torná-lo, com as mesmas cadências, o Estribilho atual de sua


letra poética da Canção da Polícia Militar de Minas Gerais:

Os passos desses heróis


São faróis
Que segurança nos dão
E razão,
Seguiremos e cada vez mais
Paz queremos em Minas Gerais!”

Como Tenente e Capitão, Saul exerce o cargo de Delegado

167
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Especial de Polícia em certos rincões mineiros, dentre os quais o


Município de João Monlevade, onde ombreia com o jovem Promotor
de Justiça Luiz Carlos Abritta ─ Trovador e Poeta sublime como
nosso Maiúsculo Barranqueiro ─ os misteres da proteção pública
daquela Comarca.
Este respeitável Biografado escreveu e publicou as seguintes
Obras:
I ─ Livros:
1) A Dança de São Gonçalo. Edições Mantiqueira. Belo
Horizonte, 1954.
2) Canção da Terra (poesia). Edição do Autor. Belo
Horizonte, 1955. 2ª Edição: Editora O Lutador (com orelhas-prefácio
por João Bosco de Castro). Belo Horizonte, 1998.
3) Os Jogos Infantis e as Cantigas de Roda. Edição do
Centro Regional de Pesquisas Educacionais. MEC-INEP. Belo
Horizonte. 1962.
4) Antônio Dó. 1ª Edição: Imprensa Oficial. Belo Horizonte.
1969. 2ª Edição: Interlivros. Belo Horizonte. 1979. 3ª Edição: SESC-
MG. Belo Horizonte. 1996. Observação: Este Livro é base de roteiro
para longa-metragem em cores, de circuito comercial.
5) Os Barranqueiros. Centro de Estudos Mineiros da UFMG.
Belo Horizonte. 1969.
6) Contribuição ao Estudo Científico do Artesanato.
Imprensa Oficial. Belo Horizonte. 1973.
7) Folclore em Minas Gerais. 1ª Edição: MEC-FUNARTE-
INF. Rio de Janeiro. 1982. 2ª Edição: Editora da UFMG. Belo
Horizonte. 1991.
8) Folclore: Teoria e Método. Edição da Secretaria de
Estado da Cultura de Minas Gerais. Imprensa Oficial. Belo
Horizonte. 1986.
9) O Misterioso Número Três. Edições Carranca. Belo
Horizonte. 1987.
10) Congado: Família de Sete Irmãos. SESC-MG. Belo
Horizonte. 1988.

168
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

11) Panorama Folclórico. SESC-MG. Belo Horizonte. 2004.


Edição dedicada a Maria das Graças Azevedo Castro e João Bosco
de Castro.
II ─ Opúsculos:
12) Artes e Ofícios Caseiros: Separata da Revista do
Arquivo Público Mineiro, CLXIV.
13) O Artesanato no Serro. Edição da Secretaria de Estado
do Trabalho e Cultura Popular de Minas Gerais. Imprensa Oficial.
Belo Horizonte. 1964.
14) Uma Oficina em Cada Lar. Edição da Secretaria de
Estado do Trabalho e Cultura Popular de Minas Gerais. Imprensa
Oficial. Belo Horizonte. 1964.
15) A Indústria Caseira em Pitangui. Edição da Secretaria
de Estado do Trabalho e Cultura Popular de Minas Gerais. Imprensa
Oficial. Belo Horizonte. 1966.
16) Proteção ao Artesanato. Edição da Secretaria de Estado
do Trabalho e Cultura Popular de Minas Gerais. Imprensa Oficial.
Belo Horizonte. 1966.
17) O Museu e a Pesquisa Artesanais. Editora da Academia
Patense de Letras. Patos de Minas. 1969.
18) O Artesanato na Região de Barreiras (nota prévia).
Campus Avançado da UFMG. Conselho de Extensão. Barreiras.
Bahia. 1973.
19) Arte e Artesanato Folclóricos. MEC-FUNARTE-CDFB.
Rio de Janeiro. 1976.
20) Arte Popular Figurativa. Edições Carranca. Belo
Horizonte. 1977.

Em 1951, a Federação das Academias de Letras do Brasil ─


Rio de Janeiro, RJ ─ considera Flores do Campo, de Saul Alves
Martins, um dos dez melhores sonetos daquela época.
Em 1959, o opúsculo Artes e Ofícios Caseiros recebe da
Discoteca Pública Municipal de São Paulo relevante prêmio em
dinheiro, com o qual Saul remobila sua residência.
Como Tenente-Coronel e Comandante do Quinto Batalhão
de Infantaria, ainda sediado no Aquartelamento da Praça Duque de

169
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Caxias, no Bairro de Santa Teresa, Saul Alves Martins conduz sua


briosa e histórica Unidade, em abril de 1964, de Belo Horizonte ao
Rio de Janeiro, como integrante da Coluna Mineira confiada ao
Coronel Antônio de Pádua Falcão, a partir de Juiz de Fora. Naquele
momento belicoso e delicado, Saul confirma-se Comandante
verdadeiro, legítimo, exemplar e maiúsculo: orientador, corajoso,
humano, líder austero, lúcido e aberto ao diálogo, amoroso e
compreensivo, respeitável por respeitador ─ sobretudo, em relação a
seus comandados, em clima de reciprocidade grandiosa e
edificante─, consolador e conselheiro, justo e disciplinado-
disciplinador, sempre escorado pelos poderes da linguagem do bom-
exemplo, bem ao modo cuidadoso das quatro “grandes verdades”
ensinadas pelo Padre-Mestre Antônio Vieira:
“Primeira ─ Não deixes que ninguém saia da tua presença
desconsolado, e serás amado.”
“Segunda ─ Não deixes que o grande oprima o pequeno, e
serás tido por justo.”
“Terceira ─ Não deixes nenhum trabalho sem prêmio, e serás
bem-servido.”
“Quarta ─ Para falta leve, castigo pesado, e serás
respeitado.”
No início de 1965, ainda antes de a Polícia Militar ser
Corporação de fato policial-militar, deontologicamente afeita à
Polícia Ostensiva e à Preservação da Ordem Pública, o Quinto
Batalhão, mesmo à sombra do Exército Estadual, já mostrava ao
Povo a índole policial-militar do Comandante Saul. Em janeiro e
fevereiro daquele ano, a Câmara Municipal de Belo Horizonte e a
Assembleia Legislativa de Minas Gerais firmaram “votos de
congratulações com o Tenente-Coronel Saul Alves Martins,
Comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, pela inauguração do
posto de identificação civil, à Rua Tamoios, e pelo dinamismo que
imprimiu ao serviço de policiamento ostensivo na Capital”.
No posto de Coronel, Saul exerce o cargo de Diretor de
Pessoal – nome preferível ao atual de Recursos Humanos –, até o dia
31 de outubro de 1967, véspera de seu quinquagésimo aniversário
natalício, quando se transfere para o Quadro de Oficiais da Reserva,

170
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

mas continua seus labores de magistério, pesquisa e orientação, com


afinco e entusiasmo, na Academia de Polícia Militar do Prado
Mineiro (até o fim de 1984) e Universidades Federal de Minas
Gerais e Santa Maria, a atual Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais. Paralelamente a tudo isso, compõe diversas bancas de
avaliação acadêmica, nas ditas Escolas e em muitas outras, ao longo
de Minas Gerais, Amazonas, Ceará, Pará, Bahia, Mato Grosso do
Sul, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, especialmente para
julgamento de dissertações e teses de mestrandos e doutorandos.
Em 2 de agosto de 2008, a Academia de Letras “João
Guimarães Rosa” da Polícia Militar de Minas Gerais, sob minha
presidência, confere-lhe o título de “Príncipe dos Folclorólogos
Brasileiros”, em sessão festiva, não só para reconhecê-lo como tal,
mas também para louvar-lhe o incansável trabalho oferecido ao
estudo e ensino da Sabedoria do Grande Número, mediante palestras,
seminários e cursos livres cunhados e lecionados pelo fecundo e
precioso Educador ainda vivo nas páginas dadivosas de suas Obras
sobre o Folclore e a Folclorologia. Como homenagem a seu Livro
Folclore: Teoria e Método, ofereço-lhe meu Poema de Exaltação da
Cultura, na seguinte forma:

“CARPE DIEM...”
“...nec minimum credula postero”.
(Horácio, Odes, Livro I, 11,8.)

De João Bosco de Castro


Ao Poeta-Antropólogo-Folclorólogo Saul Alves Martins.

A mão burila o gênio,


Em razão do polegar
─ Dedo que firma convênio
Entre o fazer e o pensar ─,
Motivo da habilidade
Do ser humano (é virtude
Tão limpa quanto a verdade!):
Entalha o berço e o ataúde,

171
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Do alicerce à cumeeira
Edifica a habitação,
Planta a roça criadeira
De beleza e nutrição!

A vida expira!... O polegar renova


A fecunda e sensível lucidez.
A carne azeita o esterco em funda cova.
O amor recria a vida e inventa a vez
De enfeitar co’esperanças o poente
E melhorar os ares a quem pensa.
A mão transforma o cérebro doente
Em fulgor de feliz rerrenascença:
Afável, proativa e construtora,
Qual mãe de mil prodígios sobre a Terra,
Ela jamais se mostra aterradora,
Embora, em prol da paz, enfrente a guerra!

A mão burila a poesia,


Como a engenhou Camões,
E esculpe graça e harmonia,
Como Euclides n“Os Sertões”...
O polegar põe jeitinho
De oficina e bela norma
No lavor de Aleijadinho,
A divinumana forma:
Deusas ondulam madeixas
De anjinhos cujas vergonhas
Fazem xixi nas bochechas
Dos profetas de Congonhas!...

Em seu Antônio Dó, verdadeiro tratado de Etnopoliciologia


─ estudo de Antropologia Cultural das patrulhas de captura contra o
nefasto Código do Sertão ─ e de História da Polícia Militar de Minas
Gerais, Saul infunde em polícia militar de qualquer rincão
pindoramuara motivo de reflexão sobre a qualidade

172
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

eticodeontológica do serviço de defesa social, mediante polícia


ostensiva e preservação da ordem pública, prestado pelo Estado ao
Povo. Esse Código do Sertão, infelizmente ainda atuante em
paragens de Minas Gerais e do Brasil, esfola o ideário do século
XXI, apesar de descrito e narrado por outras muitas e conspícuas
Excelências, a par de Saul: Benefredo de Sousa (em Estórias... ou
História do Sete-Orelhas?!...), Brasiliano Braz (em São Francisco
nos Caminhos da História), Affonso Arinos de Mello Franco (em
Pelo Sertão, no conto A Esteireira), Mário de Ascensão Palmério
(em Chapadão do Bugre), João Guimarães Rosa (em Noites do
Sertão, e Grande Sertão: Veredas), Graciliano Ramos de Oliveira
(em Vidas Secas), José Américo de Almeida (em A Bagaceira), José
Lins do Rego (em Fogo Morto), Rachel de Queirós (em Lampião),
João Ubaldo Ribeiro (em Sargento Getúlio), Dinah Silveira de
Queirós (em A Muralha), João Bosco de Castro (em O Mandachuva
e no conto Zebedeu-Cafuçu ou Conversa de Capitães), Petrônio Braz
(filho do Megatério Brasiliano Braz, em Serrano de Pilão Arcado: a
Saga de Antônio Dó). Saul cuida desse gravíssimo assunto,
cientificamente. As outras Excelências, exceto Brasiliano Braz,
metaforicamente, pelo manejo da sugestão expressiva, como convém
aos engenhos da mentira épica da Arte da Palavra a serviço da
recriação da verdade histórica. Antônio Dó é verdade histórica!
Saul Alves Martins é verbetado em algumas Obras graúdas:
1) Dicionário de Folcloristas Brasileiros, de Márcio Souto-
Maior ─ Recife, 1999, p. 106;
2) Vultos do Folclore Brasileiro, de Hitoshi Nomura ─
Governo do Estado do Rio Grande do Norte, agosto de 2001, p. 111-
112;
3) Folkloristas e Instituciónes Folklóricas Del Mundo, de
Félix Colúccio ─ Buenos Aires, 1951, p. 61 (com fotografia na p.48-
A);
4) Dicionário de Escritores de Brasília, de Napoleão
Valadares: Brasília, 2003, p. 151, 152;81

81
Dedicado, entre sete pessoas, a Saul Martins.

173
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

5) Pensamentos da Literatura Brasileira, de Napoleão


Valadares: Brasília, 2002;
6) Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara
Cascudo ─ 2ª edição: Rio de Janeiro, 1962 (na página XVIII ─ fim
do parágrafo, Saul Alves Martins é tido como colaborador de
Câmara Cascudo);
7) Enciclopédia Barsa ─ letra D: verbete Dança de São
Gonçalo.
A Capoeira, como dança, luta e grito de guerra – às vezes,
como grito de denúncia de aproximação da polícia, à moda carioca
do “papai lêlê seculorum” cantarolado pelos Capoeiristas dos
morros, na dolência mista de fado e lundu, à chegada sempre trágica
do terrível Major Miguel Nunes Vidigal e seus amáveis Chibateiros,
de acordo com o esplêndido Manoel Antônio de Almeida, em seu
romance Memórias de um Sargento de Milícias ─, foi introduzida
em Minas Gerais, como objeto de atenção antropológica,
principalmente em Belo Horizonte, nas décadas 1970-1980, pelo
Professor Saul Alves Martins. Na mesma época, também por
esforços intelectuais do Professor Saul e sua colega Maristela
Thristão, Belo Horizonte organizou e instalou na Avenida Afonso
Pena sua Feira de Artesanato, transmudada em Feira Hippie ─ ainda
ativa, mas descaracterizada: nem de artesanato, nem hippie. O
primeiro diretor dessa Feira de Artesanato foi o Professor Antônio de
Paiva Moura, discípulo de Saul nas Ciências Sociais e na Comissão
Mineira de Folclore.
Eu e Saul visitávamos um ao outro, rigorosamente em nossos
aniversários, desde 1989. Em 1º de novembro, sempre lhe fui à
residência, com algum mimo, para abraçá-lo e à Dona Julinda, cujos
confeitos e quitutes muito me agradavam. Em 31 de janeiro, Ele e
sua querida Julinda nunca deixaram de prestigiar-me, em minha
residência, com expressivos presentes, para abraços e conversas
amoráveis, e um pedaço de bolo, após salgadinhos com guaraná,
servidos por minha querida Maria das Graças. Em 31 de janeiro de
2009, dia de meus sessenta e dois, Eles não me visitaram. Tentei
descobrir a causa daquela ausência. Recebi disso justificativas
delicadas.

174
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Voltei a visitar meu Mestre. Notei-o desmemoriado e


reticente. Entristeceu-me a razão da ausência, narrada pelo próprio
Saul. Ele havia batido a cabeça no banheiro, em queda acidental. Não
procurara recursos médicos nem informara nada sobre o infortúnio a
ninguém. Nem à Dona Julinda, nem às Filhas, nem a Familiares, nem
a Amigos.
Deixara de participar de suas apreciadas reuniões acadêmicas
e socioculturais. Enclausurara-se.
Mantive-lhe minhas visitas habituais.
Em meados do segundo semestre daquele ano, por volta do
fim de setembro, início de outubro, Ele sofrera outra queda, quando
se acompanhava de Dona Julinda, na escadaria térrea externa do
Diamond’s Malls, onde tomavam seu almoço. Batera a cabeça, outra
vez, com mais complexa gravidade.
Atendido pelo SAMU, passara por tratamento no Hospital
Felício Rocho, durante algumas semanas. De lá, seguiu para o
Hospital da Polícia Militar, onde o visitei, reiteradas vezes. Em tal
Nosocômio, em 1º de novembro de 2009, com bolo de noventa e
duas velas, Saul não percebeu minha visita nem se deu conta da
presença de Dona Julinda e sua filha Jiçara. Triste aniversário! ...
Continuei a visitá-lo, até receber de Jiçara, aos quarenta
minutos após a meia-noite de 9 para 10 de dezembro de 2009, a
cinérea notícia. Nosso Abaetê-Tapejara (honroso apelido concedido
por Mim a Saul) cumprira sua rota e assumira, de seu último leito no
Hospital da Polícia Militar, o “outro lado do caminho”, da banda de
lá da Terceira-Margem do Léthys, onde os Mestres se congraçam nas
cátedras supremas do Hemisfério da Sabedoria Eterna.
À tarde daquele mesmo dia, no Velório 1 do Cemitério do
Bonfim de Belo Horizonte, proferi-lhe, a custo, mas com imensa e
carinhosa honra, epicédio oral e emotivo, em nome de nossa
respeitável Academia de Letras “João Guimarães Rosa”, da Polícia
Militar de Minas Gerais.
O féretro do Coronel Saul Alves Martins estava coberto, até
à entrada na cova mortuária, com o Estandarte altivo de sua querida
União do Pessoal da Polícia Militar.
Em 25 de fevereiro de 2010, instalei, como Presidente, a

175
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Academia Epistêmica de Mesa “Capitão-Professor João Batista


Mariano” – MESAMARIANO, vinculada à Fundação Guimarães
Rosa, de cuja Cadeira Epistêmia nº 7 Saul Alves Martins é Patrono
altivo, ocupada pela Acadêmica Epistêmica Jiçara Martins Fernandes
dos Santos, filha caçula de tão engenhoso Patrono.
Em 2010, também por meio de indicação minha à
competente Assembleia-Geral Extraordinária, o Coronel-Poeta Saul
Alves Martins – Acadêmico In-aeternum remanescente da Cadeira
Areopagítica nº 30, patroneada pelo Brigadeiro-Antropólogo José
Vieira Couto de Magalhães – imortaliza-se como Areopagita-Patrono
da Cadeira Areopagítica nº 18 de nossa valorosa Academia de Letras
“João Guimarães Rosa”, da Polícia Militar de Minas Gerais.
Desde 21 de agosto de 2010, o Coronel Saul Alves Martins,
meu Sempre-Orientador, fulgura na situação notável de meu Patrono,
com todas as honras, na Cadeira nº 2 da Academia Militar Brasileira
de Letras Estratégicas.
Em 23 de agosto de 2010, a Academia de Letras “João
Guimarães Rosa”, da Polícia Militar de Minas Gerais, sob minha
presidência, instituiu a Medalha Cultural “Acadêmico Saul Alves
Martins”, conferida, anualmente, no início do mês de outubro, a
Acadêmicos e Personalidades merecedores de reconhecimento e
premiação por seu excelso desempenho dignificador do Estalão
Cultural e Ideário Acadêmico.
Tenho a honra feliz de ser o Idealizador de tal Medalha e o
Autor dos respectivos Engenhos Armoriais – do desenho ao
artesanato-modelo, com descrições de componentes relevantes, dessa
Láurea escomunal.
Ainda hoje, converso bastante com meu Abaetê-Tapejara
Januarense, no esplendor ontológico de suas melhores lembranças
cósmicas de herdeiro dos sagrados ofícios de Manoel Ambrósio
Alves de Oliveira e Coronel Edmundo Lery Santos, e de Aires da
Mata Machado Filho e Coronel José Vargas da Silva!

Belo Horizonte – MG, 22 de agosto de 2016.

176
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 50 - Fotos Cel Saul Alves Martins

177
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

178
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL AFFONSO HELIODORO DOS SANTOS


Por Eugênio Pascoal da Cunha Valadres82
Rafael Oliveira Paulino83
Figura 51 - Cel Affonso Heliodoro dos Santos

1916

Affonso Heliodoro dos Santos nasceu em Diamantina, no dia


16 de abril de 191684, porém foi registrado um dia depois. Teve uma
infância árdua visto que, ao completar sete anos de idade, seu pai, o
Tenente José Heliodoro, faleceu durante uma operação na cidade de
Salinas. Por conseguinte, Affonso Heliodoro começou a trabalhar
informalmente como engraxate e vendedor de doces, no propósito de
auxiliar no sustento da mãe e dos seis irmãos85.
Aos 10 anos, Affonso Heliodoro iniciou sua carreira

82
Maj PM, Subcomandante da Escola de Formação de Soldados.
83
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
84
Nascido no dia 16 abril, registrado em 17 de abril de 1916, mas seu
aniversário é comemorado no dia 18 de abril.
85
Fatos registrados sobre esse período de sua vida encontram-se em sua
obra "Rua da Glória", 2ª edição de 2002 pela Editora Thesaurus.

179
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

profissional, com seu primeiro emprego de ajudante em uma fábrica


de doces. Após completar 14 anos, começou a trabalhar na Padaria
Globo na função de balconista. Logo se tornou caixa e
posteriormente gerente da empresa.
Em 1933, aos 17 anos, ingressou na Força Pública Mineira
(como era denominada a Polícia Militar nesse período) e, desde o
primeiro contato com a Instituição, mostrou-se comprometido e
proativo. Seu empenho era tão notório que seus superiores
hierárquicos o promoveram a auxiliar de escrita sem a realização
prévia do curso. Como militar dedicado que era, ingressou no curso
de Cabo; em seguida, o de Sargento e logrou o quinto lugar nos
testes para se tornar Oficial.
Foi justamente o seu ingresso na Força Pública que o fez ter
contato com Juscelino Kubitschek, não somente por este ter sido
Capitão-Médico da Polícia Militar de Minas Gerais, mas sim por
Affonso Heliodoro ser Ajudante de Ordem do Coronel Vicente
Torres Júnior, um grande amigo da família de JK. Nesse período,
Juscelino já estava atuando ativamente na política mineira e ocupava
o cargo de Prefeito de Belo Horizonte.
O Coronel Affonso Heliodoro foi nomeado Chefe do
Gabinete Militar (1951-1956) quando Juscelino Kubitschek assumiu
o Governo de Minas. Fato este que amplia a relação de amizade que
eles nutriam um pelo outro e que duraria até a morte do ex-
presidente, em 1976.
O Coronel da Polícia Militar exerceu, durante a presidência
de Kubitschek, o cargo de Terceiro subchefe do Gabinete Civil da
Presidência da República (1957-1961), órgão de importância
estratégica para JK, ao qual se vinculavam os ministérios da
Agricultura, do Trabalho e o DASP (Departamento Administrativo
do Serviço Público). Dirigiu também o Serviço de Verificação das
Metas Econômicas do Governo (SVMEG) (1957-1961) e o Serviço
de Interesses Estaduais (SIE) (1956-1961). Heliodoro se fez presente
ao lado de Juscelino na construção do Palácio das Mangabeiras –
residência oficial do governo de Minas Gerais após o fechamento da
área residencial do Palácio da Liberdade – e participou da
idealização do Museu da República no Rio de Janeiro.

180
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Além dessas atividades, o Coronel Affonso participou


diretamente das campanhas eleitorais de Kubitschek para a
Presidência da República em 1955 e para o Senado Federal em 1961,
estando engajado em todas as etapas da construção de Brasília86.
Em 1981, com a ajuda da Senhora Sarah Kubitschek, foi
criado o Memorial JK, que consiste em um espaço físico montado
para divulgar a história e carreira do ex-presidente, e cuja direção
ficou a cargo do Coronel Affonso Heliodoro por dezesseis anos.
Posteriormente, passou a atuar na área cultural como presidente do
Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHG-DF), que
tem por objetivo preservar e divulgar a história da Capital Federal.
Sua estrutura conta com um museu, um auditório e uma biblioteca,
além de uma exposição permanente de fotografias, recortes de
jornais e outros materiais que ilustram e documentam a história local.
Affonso Heliodoro possui como características marcantes a
erudição, dedicação ao trabalho e personalidade afável. Além da
conhecida lealdade, que o fez amigo de diversos políticos, militares e
diplomatas pelos inúmeros lugares em que passou. Na crônica
“Lendo Gibran” de sua obra “Um copo de cerveja” já é possível
notar essa qualidade de um dos grandes nomes da PMMG, partícipe
e testemunha da história do país:

"Lendo Gibran
Ao querido amigo Cel Affonso, que me assistiu
como um CIRINEU na escalada dura dos caminhos
difíceis, o abraço de agradecimento e amizade de
Juscelino Kubitscheck, Rio, 16.10.75.
Lendo hoje Gibran Kalil Gibran, encontrei, quase no
fim do livro, o capítulo ‘SIMÃO DE CIRENE - o
que carregou a cruz’. O presidente Juscelino
dedicou-me um de seus livros e comparou-me ao
Cireneu, aquele que ajudara o Cristo a carregar sua

86
Em reportagem do Correio Braziliense destaca-se: “Affonso Heliodoro é
a história viva do Brasil contemporâneo. Presidente do Instituto Histórico e
Geográfico do DF, é autor de seis livros e foi o Guardião do Plano de Metas
de JK, que tinha como meta síntese a construção de Brasília”. Disponível
em: http:// www. cliptvnews. com. br /antaq/ intranet/
amplia.php?id_noticia=136547

181
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

cruz.
Sei quão pesada foi a cruz imposta ao meu amigo.
Não pelo peso do madeiro ‘feito choupo embebido
pelas chuvas do inverno’. Mas pela enormidade do
peso da ingratidão, da iniquidade do ato, da violência
do gesto, do afastamento da pátria, dos amigos, da
família. O peso insuportável da maldade, da inveja.
A humilhação da retirada de seu nome da lista dos
cidadãos brasileiros. Seu afastamento da participação
na vida nacional deste Brasil que ele tanto amou.
Não sei quanto pude ajudá-lo no seu Calvário. Sei
que estive ao lado dele todas as horas, todos os
momentos que precederam ou que marcaram suas
‘quedas’, até o momento final de sua morte.

Hoje estou no seu Memorial velando por sua


memória. Ali sinto ainda aquela força e aquele
conforto de estar ao seu lado. Sinto que não foram
em vão sua luta e seu suplício. Seu nome, suas
idéias, seu exemplo ainda nos dão a esperança de
dias melhores para o Brasil. O Brasil como ele quis e
com o qual sonhou.
Sim, eu o ajudei a carregar a cruz, ele mesmo o
disse. E, como Jesus ao Cireneu, ele por sua vez
falou: Bebes também desta taça? então beberás
comigo à sua borda, até o fim do tempo". Como
Simão, o Cireneu, eu digo: ‘Agora, o Homem, cuja
cruz carreguei, tornou-se minha cruz’. Mas, ainda
como aquele que o destino colocou ao lado da maior
Figura da Humanidade, também diria se me
perguntassem: Carrega a cruz deste homem? Eu
responderia: Sim, até o fim do meu caminho."
(SANTOS, 2001).87

O Coronel Affonso Heliodoro, além de possuir todo esse


histórico de dedicação profissional, é também poeta, escritor, pintor,
gestor e palestrante. Sua forma de conduzir a vida revela que a
proatividade é o segredo da juventude. É o último representante vivo
da equipe presidencial de Juscelino Kubitschek e é considerado um
dos maiores nomes da polícia militar de Minas Gerais.

87
SANTOS, Affonso Heliodoro dos. Lendo Gibran. In: Um copo de
cerveja. Brasília: Verano Editora, 2001.

182
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 52 - Fotos Cel Affonso Heliodoro dos Santos

183
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

184
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL PAULO PENIDO


Por Kamila Karoline Silva Carvalho88
Figura 53 - Cel Paulo Penido

Paulo Penido nasceu em Belo Horizonte, na Rua da Bahia,


no dia 06 de agosto de 1912, filho de Manoel Teixeira de Magalhães
Penido e Francisca Jardim Penido (PENIDO, 2000). Nessa época, o
Brasil passava por uma séria crise, firmava-se a política do café com
leite, um arranjo político que vigorou na República Velha, da qual
faziam parte as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Outro fato
importante que marca essa data é o apogeu do descobrimento do
avião, pelo também mineiro Santos Dumont. O Coronel Paulo
Penido conviveu direta e intensamente com as pequenas aeronaves.
Em 1918, Penido perdeu o seu pai, Manoel Penido, o qual
também foi um grande homem na Polícia Militar, foi o primeiro
dentista desta instituição. O Coronel Penido viveu por muito tempo
no bairro Funcionários, onde ele mesmo relata ter sido uma infância

88
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

185
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

alegre haja vista que o apelidou por “bairro frondoso”. Era um bairro
nobre, destinado ao funcionalismo público, nos limites da Avenida
de Contorno. Em 1927, foi matriculado no Ginásio Santo Antônio,
em São João Del-Rei, onde gostava de se dedicar a alguma atividade
relacionada à Botânica e à Zoologia. Por vezes, foi tido como
irrequieto na escola, mas sempre produtivo e com um olhar à frente
do seu tempo.
Foi em Belo Horizonte que ele nasceu, passou a infância e a
maior parte de sua vida. Serviu ao Exército com garra e dedicação e
chegou ao posto de Major. Em 10 de setembro de 1948, o Coronel
Penido casou-se com Nilza Menezes, com quem teve quatro filhos.
Inteligente, criativo e sábio, o Cel Penido construiu sua casa aos
poucos, demorou quatro anos, ele mesmo foi o arquiteto, o
engenheiro e o pedreiro.
Deixou o Exército a fim de seguir os passos do pai na Polícia
Militar de Minas Gerais, onde ocupava o posto de Coronel. Em 1937,
o Cel Penido formou-se em Medicina pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Exemplo de humanidade e paixão pela medicina, ele
atendia, todas as manhãs no Mercado Municipal de Belo Horizonte,
gratuitamente. Ocupou o posto de diretor do Hospital Militar, na
melhor fase de sua carreira e foi reconhecido como o melhor
administrador do HPM.
Além de ser um grande nome no âmbito militar, o Coronel
Paulo Penido destacou-se com maestria na aviação Mineira, sendo
um dos fundadores do Aeroclube de Minas Gerais, em 1936. A
disciplina, a ética e o espírito proativo sempre se fizeram presentes
na vida do Coronel que conquistou, em 1936, em poucas horas de
teste – pois tinha vasto conhecimento sobre os aviões e voos - o
primeiro brevê de piloto aviador internacional conferido pelo
Aeroclube de Minas Gerais; neste havia escrito: “Piloto aviador
internacional n. 323”.
Penido participou ativamente da Revolução de 1930 como
integrante da Coluna Contreiras, no Rio Grande do Sul. Segundo
Silveira (1991) o Coronel também participou da Revolução de 1932,
ao integrar o Batalhão Gabriel Marques do Exército Brasileiro, e da
Revolução de 1964. Serviu na Segunda Guerra Mundial, em 1943,

186
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

no posto de 2º Tenente, momento em que foi destacado para o litoral


do Nordeste, onde tem passagens relevantes. Penido lutou de forma
ímpar por Minas Gerais e pelo Brasil e foi o responsável pela
segurança médica dos Soldados integrados aos Batalhões. A sua
determinação e astúcia chegou, por vezes, a assustar muitas pessoas.
No final de 1939 e no decorrer dos anos de 1940, em que
vigorava a ditadura Vargas, o governador do Estado, Benedito
Valadares, o escolheu para ser o interventor na cidade de Rio
Vermelho, onde ficou por três anos como prefeito. Entre os marcos
deixados, estão a construção da prefeitura e o campo de aviação, fato
raro naquela época. Também foi interventor na cidade de Tiros, no
Alto São Francisco,
No ano de 1945, já ocupando o posto de Major, Penido foi
convidado pelo governo, através do delegado do Instituto Brasileiro
de Desenvolvimento Florestal, a fazer parte da comissão para mudar
o Código Florestal. Em 1967, já como o Coronel PM Médico, foi
nomeado, pelo presidente do Chile, doutor Eduardo Frei, cônsul
honorário do Chile em Minas Gerais, como ministro de fé – ato de
diplomata de carreira. E no ano de 1984, foi condecorado com a
Orden de Bernardo O´Higgins, uma das maiores condecorações do
Chile.
O Jardim Zoológico de Belo Horizonte, fundado pelo então
prefeito Américo Rennée Gianetti, foi idealizado e dirigido pelo Cel
Penido por quinze anos, sendo reconhecido em toda a cidade como
um grande ecologista.
O Coronel Penido foi diretor da Faculdade Livre de
Odontologia de Minas Gerais, hoje extinta, e professor da Faculdade
de Farmácia e Odontologia da UFMG, onde ficou reconhecido como
educador a ser seguido. Foi também diretor-geral da Faculdade de
Agrimensura, desde 1967 e, neste ano, seu vice-presidente. Fundou e
foi o primeiro diretor do Instituto de Criminologia de Minas Gerais.
O Coronel Paulo Penido foi um militar exemplar, digno de
honras e méritos militares. Dirigiu com maestria o Hospital da
Polícia Militar. Foi o criador e idealizador das medalhas “Coronel

187
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Fulgêncio”, “Mérito Militar”, entre outras. Entre diversas


homenagens o Coronel Paulo Penido foi condecorado com inúmeras
medalhas durante a sua vida.

188
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 54 - Fotos Cel Paulo Penido

189
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

190
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL ANTÔNIO NORBERTO DOS SANTOS


Por Rilley Adricio de Oliveira89

Figura 55 – Cel Antônio Norberto dos Santos

1919

O Coronel Antônio Norberto dos Santos nasceu em 1919, na


cidade de Abaeté/MG, filho de José Honório de Paula e Maria da
Conceição de Paula. Ingressou na Polícia militar de Minas Gerais no
primeiro dia de outubro de 1938, na cidade de Governador
Valadares-MG. Em 02 de março de 1940, foi aprovado em concurso
para iniciar o Curso de Formação de Sargentos (CFS).
A Segunda Guerra Mundial chegava ao apogeu do avanço
Alemão, com tropas dominando Paris, quando, em 1941, o Coronel
Norberto matriculou-se no CFO (Curso de Formação de Oficiais),
mais um salto importante para sua carreira e para a história da Polícia
Militar de Minas Gerais.

89
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

191
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Séculos atrás a ideologia que o ser humano é livre para fazer


aquilo que sua consciência desejar, era criada quando o modo de
pensar muda em ocasião da frase ecoada; “O ser humano é livre para
fazer escolhas”, destacava o filósofo Jean Jacques Rousseau, na
França do Século XVIII (WOKLER, 2012, p. 45). Dessa maneira,
podemos ser livres para fazer todas as escolhas possíveis e
imagináveis, desde que dentro da condição legal. Fazendo uso dessa
liberdade, em 1943, o então cadete do CFO foi elogiado por seu
Comandante pela participação em uma marcha até a cidade de
Sabará/MG - uma demonstração do seu compromisso militar.
Comportamento tão exemplar que lhe rendeu, durante toda a sua
carreira, inúmeras condecorações, como um novo elogio do
Comandante, em 1945, na ocasião de um desfile realizado em
homenagem ao Governador Benedito Valadares.
Coronel Norberto foi empregado como instrutor de novos
Soldados que ingressavam na instituição e recebeu um terceiro
elogio em 1957, por ocasião do desfile de 7 de setembro. Foi
agraciado com a Medalha da Inconfidência “Santos Dumont”90
(1964), exerceu importantes funções na Polícia Militar de Minas
Gerais, como a de Chefe do Estado Maior.
Ao ser declarado Aspirante a Oficial foi transferido para a
cidade de Juiz de Fora, onde está instalado o 2º BPM, local em que
serviu até 1946, ano em que retornou à Capital Mineira.
Em 1949, o Coronel Norberto foi promovido a 1º Tenente,
por merecimento, seguindo, nesse momento, para Aimorés-MG,
como delegado especial. Internamente, no Brasil ainda de Getúlio
Vargas, ele é promovido ao Posto de Capitão, por merecimento
(1953), e em 1956 transferido para o 5º B.I. Na década de 1960, o
Coronel Antônio Norberto dos Santos foi promovido ao posto de
Major.
A compreensão do serviço do Policial Militar é circundada
pelo poder e pelo conhecimento de como, onde e qual a maneira de

90
A Medalha da Inconfidência foi criada em 1952 e é a maior comenda
concedida pelo Estado de Minas Gerais. A premiação é anual e possui
quatro designações: Grande Colar, Grande Medalha, Medalha de Honra e
Medalha da Inconfidência.

192
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

atuar promovendo a segurança pública da comunidade de maneira


justa, com coragem, destemor e prudência. Neste sentido, o Coronel
Norberto identificou alguns lapsos na atuação policial militar mineira
levando-o a lançar, em 1961, a obra “Policiamento”, resultado de um
trabalho excelente, que proporcionou maior tecnicidade ao serviço
Policial Militar. Desse modo, o seu feito converte-se em um marco
intelectual da história da Polícia Militar de Minas Gerais, pois ainda
é referenciado e rememorado nos dias atuais, uma vez que conseguiu
congregar toda a essência da técnica policial militar na época.
A década de 1960 ainda lhe designou alguns feitos, como a
atuação na revolução de 1964, a mais importante da história recente
do Brasil, consolidando sua competência profissional ímpar em
1965. O Oficial, neste período, foi designado para comandar o 8º
BPM e, posteriormente, foi promovido ao posto de Coronel.
Em 16 de Outubro de 1968, aos 49 anos, o Coronel Norberto
transferiu-se para os quadros da reserva remunerada da PMMG.
Assim seu empenho e conhecimento mudaram significativamente a
história operacional da Policia Militar de Minas Gerais.
Atualmente, o Coronel Antônio Norberto dos Santos possui
noventa e sete anos de idade e reside em sua terra natal – Abaeté-
MG.

193
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 56 – Livro “Policiamento” Cel Antônio Norberto

194
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

TEN-CEL LUIZ DE MARCO FILHO


Por Rilley Adricio de Oliveira91
Figura 57 – Ten-Cel Luiz de Marco Filho

1920 - 2014

O Tenente-Coronel Luiz de Marco Filho nasceu em 1920, na


cidade mineira de Congonhas. É descendente de família
tradicionalista italiana e filho de Luiz de Marco e Sílvia Castiglione
de Marco.
Durante a revolução de 1930, Luiz de Marco, com 10 anos,
já assistia aos grandes acontecimentos da história da pátria e
ovacionava os soldados do exército brasileiro que lutaram contra a
Força Pública Mineira Policial, correndo até o quartel e aclamando
os nacionais.
Ao ingressar no seminário, aos 21 anos, contou com o apoio

91
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

195
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

da família, internando-se e despojando-se de vaidades e egoísmos


humanos, a serviço de Deus e do próximo. Com 38 anos, em 1958,
ingressou na Polícia Militar de Minas Gerais como graduado
assemelhado, uma espécie de condição especial devido ao fato de
não estar em idade para ingresso na carreira militar.
Continuou a exercer papel de fundamental importância na
Instituição Militar Estadual, durante os anos seguintes como, por
exemplo, sendo co-fundador do Museu Histórico da Polícia Militar
de Minas Gerais. Este museu era um riquíssimo e vasto acervo
documental e iconográfico, que até hoje revela grande conhecimento
e amor pela Polícia Militar de Minas Gerais. Na função de professor
e “Capelão” do departamento de instrução (DI), na atual Academia
de Polícia Militar e no Colégio Tiradentes da Polícia Militar, recebeu
vários elogios dos Diretores dos Comandantes Gerais.
Luiz de Marco Filho participou da guerrilha da serra do
Caparaó92, contribuindo significativamente com o movimento.
Mesmo não podendo portar arma de fogo, suas contribuições,
teológica e social, deram respaldo psicológico e moral aos Soldados
para enfrentar a diuturna batalha. O mesmo ocorreu na revolução de
1964, na qual, como consta em sua ficha interna, apresentava-se
também a serviços de orientação psico-mistico, cujo empenho e de
extremada importância social:

Dezembro: (1963) a 16, pelo BCG 235, conforme ata


assinada pelo Exmo. Sr governador do estado em

92
Considerada a primeira guerrilha contra a ditadura militar no Brasil. Dois
anos depois da Revolução de 1964, apoiados por Leonel Brizola, então
exilado no Uruguai, tentaram estabelecer um foco na serra do Caparaó, na
divisa entre Espírito Santo e Minas Gerais. Uma tentativa de recriar, no
Brasil, uma Sierra Maestra, uma guerrilha como a cubana, que a partir de
um pequeno grupo bem articulado promoveu uma revolução. Além da
perseguição militar e policial, enfrentaram sua inexperiência para
sobreviver no ambiente inóspito escolhido para a ação, a desconfiança dos
camponeses – que tentaram, sem nenhum sucesso, arregimentar – e as
divergências internas, quando o idealismo dos primeiros instantes
progressivamente vacilou. Em 1º de abril de 1967 os guerrilheiros foram
capturados, numa emboscada organizada pela PM mineira (COSTA, 2007)

196
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

data de 15 do c/mês, foi reconduzido, no uso de suas


atribuições e de conformidade com o s único do art
3º do decreto lei nº2046, de 12/02/47, pelo prazo de
03 anos, a partir de 29/04/63, no serviço de
assistência religiosa da policia militar, com funções
nas unidades e serviços da capital, com direito a
côngrua correspondente aos vencimentos do posto de
capitão.93

Sua atuação neste movimento foi tão significativa, que lhe


rendeu uma medalha.
Seu empenho em instalar o Museu da Polícia Militar
demonstra seu desvelo e dedicação a esta instituição. Um museu
pensado e produzido em detalhes com finalidade de preservar a
memória, a experiência, a história da Polícia Militar, acompanhado
de seus símbolos e fundadores em um grande acervo histórico com
peças e espaços significativamente escolhidos a dedo.
A ética, em sinergia com a responsabilidade social,
competência e doutrinação teológica e profissional, permitiu que
Tenente-Coronel Luiz de Marco Filho realizasse seu trabalho da
melhor maneira possível. Assumindo, com responsabilidade e
esmero, a posição social que lhe foi conferida pela sociedade civil e
militar, celebrou casamentos, batizados, missas em ações de graça,
além de ser pacificador de almas. Tudo isso o tornou perpétuo nas
reminiscências do povo e o figurou entre os grandes Capelães
Militares. A sua história é contínua e presente nos corredores, salas
de aula e memórias da Polícia Militar de Minas Gerais, uma vez que
suas contribuições para a instituição foram de intenso valor.
Por fim, segundo a historiadora Mary Del Priore, "A história
de vida de uma pessoa pode nos descrever uma série de eventos,
ocorrências, episódios, lances e sentimentos. Para a História, uma
história de vida pode guardar tudo o que uma sociedade representa”
(DEL PRIORE, 2014, p. 5) dessa maneira, o Tenente-Coronel Luiz
de Marco Filho representa, a partir de sua história e do seu
compromisso com a sua instituição, a história dela mesma.

93
PMMG. Tenente-Coronel Luiz de Marco Filho. Pasta Funcional. 1938-
1984.

197
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 58 - Fotos Ten-Cel Luiz de Marco Filho

198
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL JOSÉ GERALDO DE OLIVEIRA


Por Priscila Marthielle dos Passos Silva94

Figura 59 – Cel José Geraldo de Oliveira

1914 - 1984

José Geraldo de Oliveira nasceu em Bom Despacho, em 16


de outubro de 1914. Filho de Leopoldina Teixeira de Oliveira e
Martinho Herculano de Oliveira, conviveu com seus nove irmãos em
sua terra natal; sua família era tradicional com profundas raízes
históricas na cidade de Bom Despacho. Fez curso secundário em
Congonhas do Campo, no Colégio dos Padres Redentoristas. Era um
cidadão patriota e fervoroso cristão. Aos dezenove anos de idade,

94
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

199
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

transferiu-se para Holanda, em 1933, onde cursou Filosofia. Os


padres redentoristas, percebendo que ele não tinha aptidões para ser
padre e fizeram com que José Geraldo retornasse ao Brasil, em 1935.
No mesmo ano em que retornou ao Brasil, foi contratado
como 2º Tenente Professor da Escola Regimental do 7º Batalhão e
exerceu essa função até o ano de 1937. Em junho de 1937,
exonerando-se do 7º Batalhão, assentou praça, no Departamento de
Instrução. Casou-se com Maria Marques Diniz, aos 22 anos de idade,
com a qual teve 11 filhos.
Em 1938, matriculou-se no Curso de Formação de Oficiais,
na graduação de 3º Sargento. Logo após, foi promovido de Aspirante
a Oficial. No decorrer de sua carreira, sempre buscou aperfeiçoar-se
e prestar um serviço de qualidade para o Estado. Foi promovido ao
posto de Capitão no mesmo ano em que se formou no curso de
Direito pela UFMG, em 1948. Além disso, foi promovido, em 1956,
pelo Governador do Estado de Minas Gerais, Dr. José Francisco Bias
Fortes, ao posto de Tenente-Coronel. A outra promoção, agora a
Coronel, ocorreu em 1961, em ato outorgado pelo Governador do
Estado de Minas Gerais, Dr. José Magalhães Pinto.
Foi nomeado para exercer a função de Comandante Geral da
Polícia Militar de Minas Gerais em 29 de março de 1962 e
empossado dia 30 de março de 1962, permanecendo no cargo até o
ano de 1966. Por fim, recebeu medalhas e condecorações de Mérito
Militar, Hermes Fonseca, Pacificador, Grande Medalha da
Inconfidência, Medalha de Ouro de Mérito Militar, dentre várias
outras.
Enquanto Comandante Geral da Polícia Militar de Minas
Gerais (1962), em sua primeira conversa com o governador
Magalhães Pinto, recebeu a missão clara de preparar a Polícia Militar
para enfrentar a situação pela qual o país se encontrava. A partir
daquele momento, iniciou um extenso trabalho de preparação.
Percorreu centenas de municípios mineiros a fim de alinhavar os
espíritos de oficiais e praças para a providencial missão da Polícia
Militar. O Coronel ficou orgulhoso, pois sentia que, mais do que um
Comandante da PMMG, surgia, dentro de si, uma missão de maior
importância. Estava convencido de que se tratava de uma Revolução

200
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

e aceitou a missão com o pensamento voltado para o ditado romano


“saluspopuli, suprema lex est”: “a salvação do povo é a lei suprema”.
Em abril de 1964, sob o comando do Coronel José Geraldo, a
tropa da PMMG havia duplicado, crescendo em unidade de
pensamento e em disciplina hierarquizada. Para se ter uma dimensão,
o Exército contava com um efetivo de 4 mil homens em todo o
Estado; efetivo, em sua maioria, rapazes que cumpriam o serviço
militar obrigatório. Nesse contexto, o Coronel José Geraldo de
Oliveira, sabia que, pela disciplina de sua tropa caberia a esta um
importante papel na Revolução, que se avizinhava.
Durante dois anos, o Coronel José Geraldo de Oliveira
preparou a Polícia para uma Revolução que vencesse a corrupção e a
subversão do Brasil. O Coronel se tornou um dos mais importantes
líderes dos militares do movimento de 1964.
Terminado o movimento militar que depôs o presidente João
Goulart, o novo presidente, o General Castelo Branco, exigiu que o
Comando da Polícia Militar de Minas Gerais fosse exercido por um
capitão do Exército, nomeado pelo governo federal. Ao saber da
ordem feita, o Coronel José Geraldo respondeu que não aceitaria
ingerências na Corporação e, em seguida, posicionou sua tropa,
colocando-a de prontidão, declarando ainda que, se necessário, a
utilizaria para enfrentar quem quer que quisesse usurpar os direitos
da histórica Polícia Militar.
Diante da resistência, as autoridades federais foram
aconselhadas a deixar o estado de Minas Gerais, pois o Coronel, à
frente da Corporação, era destemido e, além disso, possuía o apoio
do governo de Minas e da população. Por precaução, o conselho foi
seguido. Durante o período da ditadura militar, apenas os estados de
Minas Gerais e Rio Grande do Sul não foram geridos por oficiais do
Exército. No estado de Minas Gerais, foi graças à resistência e
bravura do Coronel José Geraldo de Oliveira.
Sua atuação como policial militar foi memorável para a
história da Corporação e, quando transferiu-se para a reserva
remunerada da PMMG, foi eleito e cumpriu consecutivamente dois
mandatos (1951-1955) de deputado estadual na Assembleia
Legislativa de Minas Gerais, pelo PRP (Partido da Representação

201
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Popular). Em 27 de abril de 1966, pela Lei estadual 4141, foi criado


um Projeto de Lei, posteriormente transformado em Lei normativa,
que autorizava o Governo do Estado a receber, em doação, o imóvel
de propriedade do Coronel José Geraldo de Oliveira, localizado em
Juatuba, no município de Mateus Leme.

A doação objeto do artigo anterior condiciona-se à


destinação do imóvel para uso do Serviço de Saúde
da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais,
devendo ali ser instalado um centro de repouso, cura
e readaptação de oficiais e praças da mencionada
Corporação, assim como de suas famílias. (MINAS
GERAIS, LEI ESTADUAL 4141/66, ART.2º)

O Coronel José Geraldo de Oliveira preparou a Polícia


Militar de Minas Gerais em sua totalidade, tanto para as atividades
rotineiras quanto para enfrentar a revolução instalada à época e, sua
atuação foi memorável dentro da Corporação. Foi um comandante
resoluto em todas as suas ações além de ter sido um dos líderes da
Revolução de 1964.

202
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 60 – Fotos Cel José Geraldo de Oliveira

203
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

204
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

TEN-CEL-PROF OSWALDO DE CARVALHO MONTEIRO


Por Ten.-Cel. João Bosco de Castro 95
Figura 61 – Ten-Cel-Prof Oswaldo de Carvalho Monteiro

1908-2009

Oswaldo de Carvalho Monteiro nasceu em Bom Sucesso -


MG, em 29 de dezembro de 1908, filho de José Carlos de Carvalho e
Wolfanga Monteiro de Carvalho.
Em 3 de setembro de 1910, ficou órfão da mãe, falecida aos
28 anos de idade, por sérias complicações de parto, quando lhe
nascia Francisco, seu quarto filho. Por isso, Oswaldo, o Vadico, foi
criado pelos avós maternos, Martiniano de Souza Monteiro e
Estephânia de Castro Monteiro, na Fazenda do Monte Formoso,
Distrito de Conceição da Boa Vista, atual Município de Recreio –
MG. Os três outros irmãos menores de Oswaldo foram criados pelos
bisavós maternos, Francisco Ferreira Júnior e Mecia Cândida de
Castro Ferreira, em Belo Horizonte – viridente e minúscula Capi-

95
Ten-Cel Ref, Presidente da Academia de Letras João Guimarães Rosa.

205
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

tal –, para onde, aos sete anos, também veio o pequeno Vadico, para
a adequada educação formal. Iniciou-a no Grupo Escolar Barão do
Rio Branco, aos cuidados da grande Educadora Benvinda de
Carvalho, a respeitável Mestra cujo nome ornamenta importante Rua
do Bairro Santo Antônio.
Aqui, Oswaldo de Carvalho Monteiro fez os exigentes e
rigorosos exames preparatórios, trabalhou e, em 8 de dezembro de
1933, bacharelou-se pela Faculdade de Direito da Universidade [do
Estado] de Minas Gerais – a sublime “Casa de Afonso Pena” – , atual
Universidade Federal de Minas Gerais. Também se bacharelava
naquela turma o então Tenente-Coronel José Vargas da Silva, o
primeiro Oficial Combatente da renomada Força Pública Mineira a
titular-se em Curso Superior e, provavelmente por tal prodígio,
designado primeiro Comandante do Departamento de Instrução,
instalado na Rua Diábase, nº 200, no Bairro do Prado, em 3 de março
de 1934, onde e quando já fumegavam as Fornalhas Humanísticas da
Escola de Sargentos e Instituto Militar e Propedêutico da mesma
Força Pública.
Durante três anos, o Doutor Vadico advogou em sua Terra
Natal, de onde, em julho de 1937, retornou a Belo Horizonte, onde
residiu na Rua Cura D’Ars, nº 1137, na Barroca, até seu falecimento,
em 15 de julho de 2009, aos cem anos, seis meses e dezessete dias de
idade.
Casado com Ana de Sousa Vieira Monteiro, com ela teve
duas filhas: Heby – mãe de Marcos e Estefânia – e Júnia – mãe de
Bernardo e Henrique.
Oswaldo de Carvalho Monteiro trabalhou incansavelmente.
Foi nomeado para o cargo de Professor do Departamento de
Instrução da Força Pública (hoje, Academia de Polícia Militar) de
Minas Gerais, em ato de 16 de maio de 1941, “com vencimentos,
direitos, regalias e demais vantagens do posto de capitão”, para
lecionar, com liberdade de cátedra, Processos Administrativos e
Disciplinas relacionadas com o Direito Constitucional, o Penal e o
Processual, comum e militar, aos Discentes do Curso de Formação
de Sargentos, Cursos de Formação de Oficiais e Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais.

206
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Participou da Assessoria Jurídica do Gabinete do


Comandante-Geral da Polícia Militar de Minas Gerais, de 1968 a
1971, quando se transferiu compulsoriamente para a reserva, no
posto de Tenente-Coronel-Professor Honorário, em 15 de setembro
de 1971.
Em 3 de agosto de 1971, por ato firmado pelo Governador
Rondon Pacheco, foi nomeado Procurador do Tribunal de Justiça
Militar do Estado de Minas Gerais, cargo no qual se empossou em 2
de setembro de 1971, com efetivo exercício até 2 de julho de 1982,
quando o Ministério Público Militar, por força da Lei nº 8222, da
mesma data, mediante unificação, passou a integrar o Ministério
Púbico Estadual. A partir de então, com base em tal Lei, optou
Carvalho Monteiro por aposentar-se como Procurador de Justiça do
Ministério Púbico Estadual de Minas Gerais.
Mesmo aposentado, continuou profícuas labutas no Conselho
Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais,
Instituto dos Advogados de Minas Gerais, Caixa de Assistência dos
Advogados de Minas Gerais, Clube Recreativo Forense e Associação
Mineira do Ministério Público.
Advogou, com eficiência e garra, em Belo Horizonte, até
meados de 2004, quando contava saudáveis noventa e seis anos e
ainda, lucidamente, com muito gosto, dirigia seu automóvel pelas
impiedosas ruas, avenidas e praças da Capital das Alterosas.
Em 1944, como Capitão-Professor do Departamento de
Instrução da Força Pública de Minas Gerais, o Mestre Oswaldo de
Carvalho Monteiro, no ardor militarista do Exército Estadual
Mineiro e aos influxos nazifascistas da Segunda Guerra Mundial
celebrados pelo Caudilho Getúlio Dornelles Vargas, publicou o
denso e revolucionário Livro Noções de Instrução Policial, quando a
retrógrada infantaria do sabre e baioneta e do fuzil ordinário 1908
arremedava coisas de polícia nos rincões mineiros, ungidos pelo
Código do Sertão, Delegado-Calça-Curta, Refrega-“Caicavalama” e
outros despautérios repressivos e medonhos desfechados, com
ignorância e coragem, pelo Soldado de Polícia policialmente obtuso
e ossudamente comandado por autoridades incompatíveis com a
Felicidade Pública, à moda esquipática daquele amoral e imoral

207
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

“soldado amarelo”, notável antipolícia fardado, subserviente e


analfabeto, símbolo da malfeitura, tristemente descrito no épico
“Vidas Secas”, de Graciliano Ramos de Oliveira.
Graças a esse taludo Noções de Instrução Policial, o Coronel
Oswaldo de Carvalho Monteiro compõe a Bateria Intelectual dos
Onze Fundadores da Academia de Letras “João Guimarães Rosa”, da
Polícia Militar de Minas Gerais, idealizada pelo Coronel Ary Braz
Lopes e efetivada pelo Coronel Edgar Soares, no Cube dos Oficiais,
na tarde substanciosa de 21 de agosto de 1995. Desses Onze,
Carvalho Monteiro é o Decano, aos oitenta e sete anos de idade; Eu,
o Caçula, aos quarenta e oito. Eu e Ele construímos esse pioneiro
areópago literário representativo de força militar no Brasil,
juntamente com os Coronéis Affonso Heliodoro dos Santos, Antônio
Norberto dos Santos, Ary Braz Lopes, Carlos Alberto Carvalhaes,
Geraldo Tito Silveira, Klínger Sobreira de Almeida, Jair Barbosa da
Costa, José Sattys Rodrigues Valle e Saul Alves Martins.
Sobre esse Livro inovador, em meu O Estouro do Casulo, de
1998, publiquei:

Uma vigorosa luz de modificação no seio da Milícia


Mineira – na época em que ela era mais exército
estadual que órgão prestador de serviços de Polícia:
muito mais à mercê do Poder Político,
principalmente do Poder Executivo, que em
benefício do Povo pagador de impostos – foi a
publicação de “NOÇÕES DE INSTRUÇÃO
POLICIAL”, em 1944, pelo Doutor Oswaldo de
Carvalho Monteiro (...). Num ambiente
cristalizadamente militar, o Professor Carvalho
Monteiro teve a coragem de editar, nas oficinas da
Imprensa Oficial de Minas Gerais, a expensas
próprias – o Comando Superior de nossa Milícia
alegou-lhe falta de recursos financeiros para aquele
empreendimento! –, mil e quinhentos exemplares
[em papel de folha de bananeira, por ser o mais
barato] de seu revolucionário compêndio profissional
sobre o exercício da atividade de policiamento. Dada
a lume naquele ano de 1944, tal Obra constituiu
valioso fundamento a instrutores das diversas
unidades e, principalmente, a alunos dos cursos de

208
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

formação de oficiais e sargentos do brioso


Departamento de Instrução do Prado Mineiro, além
de ter merecido largos elogios de comandantes das
Polícias Militares do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio
Grande do Sul e de autoridades da Magistratura
Mineira, dentre as quais um juiz que festejou aquela
produção intelectual como “livro de cabeceira”.
A edição de “NOÇÕES DE INSTRUÇÃO
POLICIAL”, na efervescência militarista inoculada
pela doutrina contagiante do Coronel Roberto
Drexler, o Suíço, na Força Pública de Minas Gerais –
autêntico e legítimo exército estadual –, em 1944,
quando se respiravam fuligens nazifascistas da
Segunda Guerra Mundial, garante ao laborioso
Doutor Oswaldo de Carvalho Monteiro a distinção
elevada de Precursor da Policiologia em Minas
Gerais.

Sobre esse portentoso Livro, o Coronel Ricardo Santos


Ribeiro publicou Resenha de Importante Livro Sobre Polícia, em
março de 2009, nas páginas 48 e 49 da Revista Academia de Polícia
Militar 75 Anos 1934-2009, da qual transcrevo:

“O livro intitulado “Noções de Instrução Policial” é


de autoria de Oswaldo de Carvalho Monteiro,
publicado em 1944 pela Imprensa Oficial.
O autor é Ten.-Cel.-Prof. do então Departamento de
Instrução (DI) da Força Pública de Minas Gerais,
advogado, Fundador da Academia de Letras João
Guimarães Rosa, além de outros títulos.
(...)
Apesar de ter sido escrito por um professor do
Departamento de Instrução, o livro constitui obra
tanto para os integrantes da Força Pública, como para
a Polícia Civil, e encerra em seu bojo um verdadeiro
protocolo de atuação das duas instituições com os
contornos peculiares da época.
Assim, na obra vislumbra-se claramente o papel de
cada uma, sem perder a relação harmoniosa entre
ambas.
(...)
O título da obra é inadequado, pois ela não se dedica
a somente noções de polícia e policiamento, mas a

209
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

conteúdos essenciais e profundos destinados à Força


Pública e seus policiais. É um trabalho extenso,
porém de qualidade, didático principalmente quanto
à sua compreensão. Apesar de ter sido escrito na
primeira metade do século passado, o livro é atual do
ponto de vista policiológico, principalmente quanto
aos aspectos filosóficos e de fazimento de polícia.
Sua leitura deve ser contextualizada, em face da
evolução das leis e de determinados aspectos
jurídicos.
Esse Livro deve ser lido por policiais, militares ou
civis, sejam alunos ou não, e por todos aqueles que
se dedicam à pesquisa de polícia, pois apresenta ricas
e proveitosas contribuições para a policiologia,
historiografia, ciências sociais, psicologia, além de
ser humanizante’’.

Em 19 de dezembro de 2008, a Academia de Letras “João


Guimarães Rosa” coirmanou-se com a Academia de Polícia Militar
do Prado Mineiro e seu próspero Centro de Ensino de Graduação, em
cerimônia acadêmico-militar de celebração centenária de nascimento
– pleno em 29 daquele mês – do Tenente-Coronel-Professor
Oswaldo de Carvalho Monteiro, ainda vivo, lúcido e presente a todos
os atos de tão justa e expressiva solenidade. Em rito
humanisticamente heroico e tradicional, as três Coirmãs renderam ao
Venerando Policiólogo caloroso preito de gratidão e reconhecimento
por seus vitoriosos e ferazes cem anos de vida profícua, trinta dos
quais de efetivo magistério policiológico oferecidos à preservação da
ordem pública e à felicidade mineira – de 1941 a 1971, em colenda
Cátedra do legendário Departamento de Instrução, esculpido e
estruturado pelo Colosso Humano contido no Professor-
Complementar João Batista Mariano, alçado ao posto de capitão –, e
por seus proveitosos conteúdos de saberes e sabedoria dedicados,
como lúcido e zeloso Decano, ao pioneiro Sodalício de Letras
vinculado à Vida Castrense no Brasil. Entre suas substanciosas
atividades no dadivoso Departamento de Instrução e as
desenvolvidas como Acadêmico Efetivo-Fundador do mencionado
Sodalício, mostram-se inesquecíveis aquelas com as quais o
Professor Monteiro reforçou a Deontologia Policial-Militar por sua

210
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

flamejante autoridade epistêmica de Proclamador do Direito no cargo


de Procurador de Justiça Militar de Minas Gerais.
Isso tudo serve para exalçar Oswaldo de Carvalho Monteiro
à eminência de Professor Emérito, Jurista Magistral, Policial Militar
Valoroso e Varão Insigne e Impecável! Isso tudo enobrece e
imortaliza um Homem, porém nada disso particulariza tanto a
imagem soberba e inatacável do Coronel-Professor Oswaldo de
Carvalho Monteiro quanto a densidade qualitativa de seu Livro
Noções de Instrução Policial. Trata-se de produção intelectual
inauguradora da Propedêutica Policial – espantosamente
revolucionária – porque endereçada ao ensino das Coisas de Polícia e
ministrada a Discentes e Profissionais essencialmente afeitos aos
labores primorosos daquela paradoxalmente Veneranda e Estulta
Infantaria do Exército Estadual, em ambiência tumultuária e
desprovida do mais singelo esforço de bibliografia policial.
Ainda hoje encafuado em sua única edição-tiragem – a
Polícia Militar nada faz para a sonhada e atualizada republicação,
enquanto a Fundação Guimarães Rosa detém, escaneada, a versão de
1944 à disposição de pesquisadores –, esse Livro soergue-se
portentoso, quanto a seu conteúdo tecnoprofissional,
humanisticamente pedagógico e prestável - afora o respectivo
cabedal de preceituário jurídico - e formalmente bem-qualificado -
porque redigido segundo os cânones eruditos da Língua Portuguesa e
aos moldes vernaculares da elegância frásica, tais os méritos de
engenhos e técnicas imprescindíveis ao exercício da Polícia
Administrativa e à aplicação do Policiamento Ostensivo, mesmo
antes de esse recurso de proteção pública receber atenção e
metodologia educacionais e sociopolíticas.
Além de bom conselheiro, pacifista e pacificador, esse
notável e produtivo Arquiteto dos Teores Policiais pensados no
animoso Departamento de Instrução do Prado Mineiro, e por tal
Escola difundidos, era requintado apreciador da música erudita e de
filmes de faroeste. De ambas essas modalidades culturais, em discos,
cedês, fitas e devedês, ele tinha coleções raras e cobiçadas.
Desse renomado Precursor da Policiologia, além de seu bem-
aclamado Livro, há dissertações de bom sumo, como “Ministério

211
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Público Junto à Justiça Militar de Minas Gerais” - publicada nas


páginas 71-76 de Velha Guarda - Novos Tempos, v.II, da União do
Pessoal da Polícia Militar, Belo Horizonte –MG, dezembro de 1988
– e “Cláusula Rebus Sic Stantibus” – publicada pelo Instituto dos
Advogados de Minas Gerais, Revista Forense e Revista dos
Tribunais.
Para homenageá-lo, em 22 de novembro de 2008, ofereci-lhe
um de meus sonetos:

DEÃO–JEQUITIBÁ.

Ao centenário natalício de Oswaldo de


Carvalho Monteiro, dono de sabedoria e
lhaneza, claro e dadivoso como a Verdade!

Jequitibá frondoso e hospitaleiro!


Dentre os mais nobres troncos da Floresta
Dos Saberes, refulges sobranceiro
Contra a podreza insana – a mais funesta

Praga enfiada em cerne alvissareiro!


Jequitibá fibroso! Eis tua festa:
Prevenir o furor-do-carpinteiro
E a entrada do caruncho em qualquer fresta!

Retíssimo Titã!... Senhor das Grimpas!


Com teu severo tom, vela e preserva
O Bácaro-Maior! ... Tu és o espelho

No qual se miram as razões mais limpas,


Nutridas nos Manjares de Minerva!
Deão-Jequitibá: seiva e conselho!...

Na Entrevista publicada na página 3 do Informativo Ano I,


Nº3 – julho de 2002, do Instituto dos Advogados de Minas Gerais,

212
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Oswaldo de Carvalho Monteiro à pergunta “As discussões [no


IAMG](Instituto dos Advogados de Minas Gerais) eram muito
polêmicas?” responde:

“O Dr. Caio Mário da Silva Pereira chegou e lançou


se era aplicável no nosso Direito a Cláusula “rebus
sic stantibus”. Perguntei ao Dr. Agenor de Sena o
que era aquilo, e ele disse que nunca tinha ouvido
falar. O Desembargador Vilas-Boas falou que era
baseado na teoria da imprevisão. E era só isso. O
professor Mílton Campos pediu adiamento.
Prorrogou-se, e eu fui buscar saber o que era. Hoje é
coisa corriqueira, mas naquela época não se aplicava,
não era prevista no Código Civil. Nas bibliotecas eu
não achava nada.
Mas na Secretaria do Interior achei um tese e fiz um
trabalho, li, gostaram e foi aprovado. Em português,
quer dizer “e se as coisas mudarem?”. É a teoria da
imprevisão do contrato. Naquele tempo era uma
novidade. Tanto que meu trabalho foi publicado na
Revista Forense, na Revista dos Tribunais. Eu
questionei o Caio Mário, e ele falou que jogou
aquele tema, porque era muito complicado. Ninguém
queria mexer com isso, e eu é que fui desvendar o
assunto.”

Quando tive de escolher meu Prócere e meu Patrono


Epistêmicos na Academia Epistêmica de Mesa “Capitão-Professor
João Batista Mariano” – MesaMariano, senti-me naquele dilema
conhecido como sinuca de bico, apesar de Eu não conhecer nem
praticar nada referente a essa modalidade esportiva. Para Prócere, Eu
queria Luís Vaz de Camões e Padre Antônio Vieira; para Patrono,
Oswaldo de Carvalho Monteiro e Saul Alves Martins. Como a cada
Cadeira Epistêmica da MesaMariano só se atribui um lumeeiro para
a situação de Prócere, e outro para a de Patrono, encarapitei-me na de
Número Três, fulgentemente arrimada sobre o Prócere Padre
Antônio Vieira e o Patrono Tenente-Coronel-Professor Oswaldo de
Carvalho Monteiro. Ainda bem!, principalmente porque as luzes de
Saul Alves Martins redobram-se mais adocicadamente para a
patronia dos misteres urdidos por sua filha Jiçara Martins Fernandes

213
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

do Santos, senhora das efluências de nossa respeitável Cadeira


Epistêmica Nº 7, folclorologicamente guarnecida pelo Prócere Luís
da Câmara Cascudo, ao lado de seu Patrono-Pai Saul Alves Martins.
Diluído tal dilema, fundado na equivalência de titãs, muito
me honra ter como Patrono da Cadeira Nº 3 da Academia Epistêmica
de Mesa “Capitão-Professor João Batista Mariano” – MesaMariano o
valoroso Jurista e Policiólogo Oswaldo de Carvalho Monteiro,
querido e respeitável Deão-Jequitibá, também Patrono da Cadeira
Areopagítica Nº19 da Academia de Letras “João Guimarães Rosa”,
da Polícia Militar de Minas Gerais.
Belo Horizonte – MG, 1º de setembro de 2016.

Figura 62 – Foto Ten-Cel-Prof Oswaldo de Carvalho Monteiro

214
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL JOSÉ ORTIGA


Por Oswaldo Túlio Corrêa da Cruz96
Figura 63 - Cel José Ortiga

1921

Ser policial militar envolve, muitas vezes, adaptar-se ao


ambiente. É questão de sobrevivência saber lidar com as diversidades
de cada ambiente. A Polícia Militar possui lugar para pessoas com as
mais diferentes habilidades e, para estes, ser policial militar é algo
singular.
Além de tirocínio, algumas características são inatas a esses
profissionais. Mas o que verdadeiramente move cada policial é a
vontade de ajudar ao próximo e, em conjunto, construir uma
sociedade melhor.
O Coronel José Ortiga nasceu em 27 de junho de 1921, na
pequena cidade de São Francisco, no norte de Minas Gerais. Filho de
Antônio Gomes Ortiga e Alzira Cunha, se casou com Maria
Auxiliadora Ortiga e com ela teve três filhos, Aroldo Ortiga,
professor do Colégio Tiradentes de Belo Horizonte, Alcione Maria
Ortiga e Luiz Antônio Ortiga, já falecido.

96
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

215
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

José Ortiga, antes de exercer a função de policial militar,


gostava de trabalhar como desenhista, fazia pinturas e artes plásticas
e acreditava que a sua vocação era realmente essa. Entretanto foi
incentivado pelo seu primo, que era Capitão da Força Pública
mineira e trabalhava no prédio do Comando Geral em Belo
Horizonte, a escolher a Polícia Militar. O parente afirmava que nessa
função ele teria maiores possibilidades de se promover na carreira e
que seria melhor para a sua família. Após o ingresso na Instituição, o
Coronel percebeu que ser policial era realmente o melhor para sua
vida pessoal e profissional, apaixonando-se pela Força Pública.
Antes de iniciar sua trajetória na Polícia Militar, o Coronel
fez parte do Exército Brasileiro, em 1940, e recebia os jovens civis
na Companhia Quadros, Infantaria do Barro Preto, local onde serviu
durante um ano até conseguir baixa.
Em setembro de 1941, ingressou na Polícia Militar como
Soldado no 6º BPM, localizado no bairro Santo Antônio, lotado na
Seção de Identificação do Serviço de Investigações, sob o Registro
Geral n° 210.465. Desde o seu início na Polícia Militar de Minas
Gerais, se destacou entre os demais militares por sua enorme
capacidade de comando, o que o credenciou a ocupar os cargos de
maior relevância dentro da instituição. Dessa forma, ao analisar a
trajetória profissional do Coronel Ortiga, podemos destacar os
seguintes momentos: Curso de Cabo, em 1942; Curso de Sargento,
em 1943; Curso de Oficiais, em 1944; Aspirante a Oficial, em 1946;
2º Tenente, em 21 de abril de 1949; 1º Tenente, em 21 de abril de
1952; Capitão, em 21 de abril de 1957; Major, em 10 de outubro de
1960; promovido a Tenente-Coronel, em 1º de março de 1963, e
Coronel, em 1967.
Quando declarado Aspirante a Oficial, o Coronel José Ortiga
foi convidado para ser instrutor de Soldados no Departamento de
Instrução e ajudar na formação dos novos policiais militares. Como
2º tenente, passou a exercer a função de Secretário de Ensino do DI,
em 1952. Em decorrência do seu destaque profissional, como 1º
Tenente foi convocado pelo Coronel Affonso Heliodoro dos Santos,
Chefe do Gabinete Militar do Governador do Estado de Minas
Gerais, para trabalhar na casa do Governador Juscelino Kubistchek.

216
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

No Gabinete Militar, desenvolvia o papel de Ajudante de Ordens do


Governador e também atuava como assistente do cerimonial do
Governo. Em 1954, se matriculou na faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e formou-se
bacharel em 1958.
Serviu no Gabinete Militar do Governador de Minas Gerais
durante seis anos e saiu de lá como Major, em 1961. Após isso, foi
exercer a função de Chefe de Gabinete do Chefe do Estado Maior da
PMMG, que à época, era o Cel Afonso Barsante dos Santos. De lá,
foi convocado pelo Comandante Geral para ser Diretor Geral do
Ensino do Departamento de Instrução e, depois, Comandante
Interino do Departamento de Instrução.
No ano de 1963, foi promovido ao posto de Tenente-Coronel
e foi designado para ser Comandante do Departamento de Instrução.
Nesse mesmo ano, foi aos Estados Unidos fazer um curso de polícia
e ficou lá durante seis meses. Em 1965, o personagem deixou o
Comando da Academia de Polícia Militar e foi designado como
assistente militar do Secretário de Segurança Pública, cujo titular era
Joaquim Ferreira, que intermediava os conflitos entre os delegados
especiais de polícia e o secretário da Segurança Pública. Ele era
subordinado funcionalmente ao Secretário de Segurança Pública e,
sobre o aspecto administrativo-disciplinar, era subordinado ao
Comandante Geral. O Coronel José Ortiga exerceu, durante vários
anos na década de 60, a função de Comandante do Departamento de
Instrução (DI), a atual Academia de Polícia Militar. Função essa que
realizou de maneira memorável e que o fez ser considerado um dos
melhores comandantes da época, uma vez que inseriu no sistema de
ensino do DI métodos eficientes para a formação dos melhores
alunos. Em 11 de fevereiro de 1966, conforme o BCG n° 30, em ato
assinado pelo Governador do Estado, o então Tenente-Coronel José
Ortiga foi nomeado para a função de Assistente Militar do Secretário
de Segurança Pública, sendo transferido para o Quartel General e
deixando de exercer, temporariamente, a função de Comandante do
DI. 97

97
ORTIGA, José. Entrevista concedida a Oswaldo Túlio Corrêa da Cruz.
Belo Horizonte, 10 mai. 2016.

217
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Em 1967, foi promovido ao cargo de Coronel e exerceu a


função de Diretor de Policiamento Militar do Estado, estabelecendo
um vínculo direto com o Comando Geral. Posteriormente, em 1968,
foi convocado pelo Governador do Estado, Israel Pinheiro da Silva,
para exercer a função de Comandante Geral. Na época, existiam
Coronéis mais antigos que Cel Ortiga, porém o Governador queria
um comandante que estivesse à frente da Polícia Militar de Minas
Gerais durante todo o seu período de Governo.
O Coronel Ortiga possui em seu currículo o curso de
Formação de Oficiais (CFO), Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais
(CAO), realizado em 1951, e Curso de Aperfeiçoamento na
International Police Services Academy.
Como Comandante Geral, o Coronel Ortiga foi responsável
por diversas mudanças no panorama da instituição militar mineira.
Dentre essas, destacam-se: criação do Estatuto do Pessoal da Polícia
Militar, em 1969; criação da medalha de Mérito Profissional;
Decreto Estadual nº 11.317, que instituía a Fundação Tiradentes, em
1968; criação do RDPM (Regulamento Disciplinar da Polícia Militar
de Minas Gerais); criação do Batalhão de Trânsito, em 1970;
instalação do 14º BPM. Além disso, o Coronel Ortiga promoveu a
construção de casas, em Venda Nova, para os Soldados, e
apartamentos para os Oficiais, por meio da Fundação Tiradentes.
Tais feitos memoráveis o qualificam como um dos protagonistas da
história da Polícia Militar de Minas Gerais.98
Após exercer a sua função como Comandante Geral, por ato
publicado em 21 de setembro de 1971, em conformidade com o
inciso I do artigo 136, da Lei n° 5, de 16 de outubro de 1969, o
Coronel José Ortiga foi transferido para o Quadro de Oficiais da
Reserva (QOR).
O Coronel José Ortiga acreditava na necessidade de se
formar policiais militares como homens de bem e realmente capazes
de exercer as suas funções para a sociedade. Dentre suas várias frases
emblemáticas, uma das que mais se destacam é: “O dever da
Academia de Polícia Militar é de primeiro formar o homem para,

98
ORTIGA, José. Entrevista concedida a Oswaldo Túlio Corrêa da Cruz.
Belo Horizonte, 10 mai. 2016.

218
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

depois, formar o Comandante”. Dessa forma, fica evidente que o


Coronel Ortiga nunca mediu esforços para realizar os melhores feitos
para a Polícia Militar mineira. Como Comandante, promoveu a
formação de Soldados que são referência na segurança pública; os
seus feitos se perpetuam no tempo e, nos dias de hoje, são ressaltados
e lembrados como feitos memoráveis para a história da Polícia
Militar de Minas Gerais.

219
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 64 - Fotos Cel José Ortiga

220
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL CARLOS AUGUSTO DA COSTA


Por Pedro Kauan Costa Rodrigues99
Figura 65 - Cel Carlos Augusto da Costa

O Coronel Carlos Augusto da Costa, natural da cidade de


Formiga, Minas Gerais, nasceu no dia 17 de outubro de 1930, filho
do casal Norberto Evaristo da Costa e Helena Botrel Costa.
Ingressou na Polícia Militar de Minas Gerais na década de 1940; em
17 de dezembro de 1950, concluiu o Curso de Formação de Oficiais
e, no dia seguinte, foi declarado Aspirante a Oficial, sendo lotado no
1º Batalhão de Polícia Militar. Como Oficial subalterno e
intermediário, além de servir no 1º BPM, em 1953 iniciou seu
trabalho como ajudante de Ordens do Comandante Geral e, a partir
de 1960, Delegado Especial de Polícia.
O Oficial participou ativamente do Movimento
Revolucionário de 31 de março de 1964, quando foi elogiado

99
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.

221
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

publicamente pelo Governador do Estado de Minas Gerais devido


aos excelentes serviços prestados. Em 03 de março de 1965, iniciou
o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) e, em 27 de janeiro
de 1966, foi promovido por merecimento ao posto de Major. No dia
02 de fevereiro do mesmo ano, foi condecorado com a Medalha de
Mérito Militar de Grau Prata. Como Oficial Superior, foi designado
pelo Comando Geral da PMMG Adjunto Administrativo da
Secretaria do Comando Geral.
Em 21 de abril de 1968, foi promovido, por merecimento, ao
posto de Tenente-Coronel e, no ano seguinte, passou a trabalhar no
Gabinete Militar do Governador de Minas Gerais. Em 01 de janeiro
de 1976, foi promovido ao posto de Coronel e designado para a
função de Diretor de Segurança Especializada, cargo responsável
pelos serviços especializados de Minas Gerais.
Foi o 2º Comandante do Batalhão de Trânsito em 1970,
sucedendo ao primeiro e fundador Coronel Ary Brás Lopes. Quando
Comandante do Batalhão de Trânsito, foi vítima de um acidente
rodoviário, no qual faleceu sua primeira esposa e um filho. O
Coronel, gravemente ferido na região abdominal, ficou sob cuidados
médicos por mais de seis meses. Convalescente, foi indicado a
assumir uma vaga como Juiz Militar do Tribunal de Justiça Militar,
de onde saiu para assumir o Comando Geral da Polícia Militar de
Minas Gerais, durante o governo de Antônio Aureliano Chaves de
Mendonça.
Em maio de 1977, ainda na função de Comandante Geral, o
Coronel Carlos Augusto da Costa determinou a formação de um
grupo de estudos para verificar a viabilidade de se implantar uma
clínica central (centro odontológico) e policlínicas periféricas em
Belo Horizonte. Nasce, então, o embrião daquilo que mais tarde
ficaria conhecido como Centro Odontológico.100
O Centro Odontológico ocupou o espaço de um antigo
galpão (Avenida do Contorno, nº 3300, bairro Santa Efigênia, em
Belo Horizonte) o qual possuía a destinação de subsistência, espaço
onde os militares da época conheciam como “mercearia”. A antiga

100
Disponível em: https://www.policiamilitar. mg. gov. br/ conteudoportal/
uploadFCK/ portalnoticias/ 10042015084616742.pdf

222
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

subsistência foi desativada e liquidada em meados de 1978, dando


lugar ao Centro Odontológico da Polícia Militar. 101
O Coronel Carlos Augusto da Costa transferiu-se para a
reserva remunerada da PMMG em 03 de dezembro de 1981,
conforme ato assinado pelo Comandante Geral da época:

O Coronel PM Comandante Geral da Polícia Militar


do Estado de Minas Gerais, no uso da competência
que lhe foi delegada pelo artigo 19, inciso II, no
Decreto nº 18663, de 25 de agosto de 1977 e, de
conformidade com a alínea “d”, inciso II do artigo
139 da Lei nº 5301, de 16 de outubro de 1969,
resolve reformar na Polícia Militar, o nº 18784-9
Coronel PM Carlos Augusto da Costa, do Quadro de
Oficiais da Reserva.102

O Coronel Carlos Augusto da Costa foi digno de medalhas


como: Euclides da Cunha (destinada aos que prestaram relevantes
serviços à literatura, língua portuguesa, artes, difusão e apoio à
cultura brasileira no Brasil e no exterior) em 17/11/1975, Comenda
Ordem da Águia em 24/09/1977, Medalha Alferes Tiradentes em
11/10/1977 (a mais alta comenda da Polícia Militar de Minas Gerais,
concedida a autoridades civis e militares que se destacaram por suas
atuações junto à sociedade), e a Medalha Cruz de Ferro, essa
entregue diretamente pelo Governador do Estado de Minas Gerais
em 18/11/1977.

101
Disponível em: https://www.policiamilitar. mg. gov. br/ conteudoportal/
uploadFCK/ portalnoticias/ 10042015084616742.pdf
102
PMMG. Coronel Carlos Augusto da Costa. 1949-1985. Pasta Funcional.

223
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Figura 66 - Centro Odontológico

224
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CEL VICENTE GOMES DA MOTA


Por Pedro Kauan Costa Rodrigues103
Figura 67 - Cel Vicente Gomes da Mota

1927 - 2014

O Coronel Vicente Gomes da Mota nasceu na cidade de


Jequitaí, Minas Gerais, no dia 30 de janeiro de 1927, filho do casal
Vicente Crisóstomo e Augusta Gomes da Mota104. Ingressou na
Polícia Militar de Minas Gerais no dia 11 de março de 1949,
integrando o 8º BPM em Lavras. Ainda como aluno do CFO, foi
elogiado pelo Comandante da Unidade e pelo Comandante Geral
pela participação no desfile do Centenário de Juiz de Fora.
Em 17 de dezembro 1951, o Coronel Vicente concluiu o
CFO em 10º lugar e foi classificado no 1º BPM, onde recebeu mais
elogios, desta vez do Comandante, Cel Melquiades Líbano Horta,
pelo desempenho magnífico e pela grande compreensão do seu

103
Sd 2ª Cl PM, discente do CFSD/2016.
104
Disponível em: http://www.ummg.org.br/index.php/medalhas/53-
principal/1088-necrologio-cel-pm-qor-vicente-gomes-da-mota

225
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

dever, espírito de sacrifício, amor e liberdade.


Em meio a tantos elogios que conseguiu em sua carreira
honrosa, destaca-se o que recebeu do Comandante Geral da Polícia
Militar de Minas Gerais, Cel Nélio Cerqueira Gonçalves, pela sua
ativa participação na ruptura da barragem da Pampulha, em abril de
1954. Foi designado, no dia 27 de novembro de 1957, para comandar
a Guarda do Palácio Governamental, em substituição ao Primeiro
Tenente Décio Pereira da Silva. Em dezembro do mesmo ano, foi
divulgada uma nota do Gabinete do Governador em elogio ao
Primeiro Tenente Vicente Gomes da Mota:

Ao tirar o 18.785, 1º Ten Vicente Gomes da Mota do


comando da 3ª Cia, para utilizá-lo em outras funções,
pelas quais devem passar todos os Tenentes do
Batalhão. Não me posso furtar ao prazer que sinto
neste momento de consignar um caloroso elogio ao
Ten. Mota, pela maneira excepcional que se houve
no desempenho dessas funções por muito tempo.
Oficial discreto disciplinado e disciplinador, culto e
honrado, digno, honesto, trabalhador incansável e
instrutor eficiente, administrador seguro e chefe
justiceiro, deixou na 3ª Cia os marcos indeléveis de
sua personalidade de soldado de escalão Comandante
da Companhia, excepcional, deverá retornar essas
funções, tão logo se veja desobrigado do rodizio a
que estou submetendo os oficiais subalternos da
Unidade. Este elogio deve constar integralmente nos
assentamentos do Ten. Mota e aí ficarão. Digo ficara
tão bem como a velha expressão da honestidade de
nossos avós: “o seu a seu dono”.105

No dia 24 de abril de 1959, por ato assinado pelo


Governador do Estado de Minas Gerais, foi promovido a Capitão.
Realizou na década de 1960 um Curso de especialização na França,
onde colheu subsídios para a administração Policial Militar. Formou-
se em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e
dominava perfeitamente os idiomas francês e inglês.
No posto de Tenente-Coronel, assumiu comando no 5º BPM,

105
PMMG. Coronel Vicente Gomes da Mota. 1949-1971. Pasta Funcional.

226
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

sediado em Belo Horizonte, sendo o sucessor do Major Miguel


Carlos Leandro. Também comandou o 10º BPM, em Montes Claros,
e o 8º BPM, em Lavras. Foi o primeiro Delegado da Polícia Federal
em Minas Gerais, entre 02 de novembro de 1966 a 19 de maio de
1967. Foi Chefe do Gabinete Militar do Governador Rondon
Pacheco e, neste mesmo governo, assumiu a função de Chefe do
Estado Maior.
Em 03 de novembro de 1972, foi designado Comandante
Geral da Polícia Militar de Minas Gerais. No período em que
Comandou a PMMG, institucionalizou, através de resolução do
Comando Geral, o “Dia do Pessoal da Reserva e Reformados da
PMMG” e, a partir de 1973, esta data ficou definitivamente incluída
no Calendário Oficial da PMMG e da União dos Militares de Minas
Gerais (UMMG), antiga União dos Reformados, ocasião em que as
Medalhas “Coronel Fulgêncio de Souza Santos” e “Dever
Cumprido” (esta última destinada aos militares que completam trinta
anos de permanência na reserva remunerada ou reformados na
PMMG) são solenemente outorgadas. O Coronel Vicente Gomes da
Mota ainda foi Diretor Geral do Instituto de Previdência dos
Servidores Militares de Minas Gerais (IPSM).
Fundou, no dia 3 de outubro de 1974, o Museu Histórico da
Polícia Militar de Minas Gerais, quando ainda era o Comandante
Geral, conseguindo um espaço para abrigar peças importantes do
acervo da Corporação. Quando fundado, ficou na Academia de
Polícia Militar (APM), situada à Rua Diábase, Bairro Prado, Belo
Horizonte. Com o tempo, se juntou ao museu obras do Corpo de
Bombeiros Militar e foi preciso um espaço maior. Então, o museu foi
transferido para a Rua dos Aimorés, 698, no Bairro Funcionários, em
Belo Horizonte, e teve o nome alterado para Museu dos Militares
Mineiros.
O Coronel Vicente foi condecorado com honrarias como a
Medalha “Mérito Tamandaré”, concedida pelo Ministro de Estado da
Marinha, em Brasília, em 10 de maio de 1971; Medalha da
Inconfidência, concedida pelo Governador do Estado de Minas
Gerais, em 21 de abril de 1974; título de Cidadão Honorário de
Itumirim, enquanto Comandante do 8º BPM, em Barbacena;

227
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

Medalha do Aleijadinho, concedida pela Prefeitura de Ouro Preto,


em 18 de novembro de 1974.
O Coronel Vicente Gomes da Mota permaneceu no comando
Geral da Polícia Militar de Minas Gerais até o dia 18 de março de
1975 e, nesta data, foi transferido automaticamente para a reserva
remunerada da PMMG.
Faleceu em 17 de novembro de 2014, deixando um exemplo
de honradez, seriedade, correção e espírito de justiça na Polícia
Militar de Minas Gerais. Era casado com a Sra. Neusa de Aquino
Fonseca da Mota; deixou cinco filhos e dez netos.

228
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

Figura 68 - Museu dos Militares

229
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

230
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

POSFÁCIO

"A camaradagem é o espírito de companheirismo -


sentimento que cresce entre os pequenos grupos
de indivíduos que vivem e trabalham juntos.
O espírito de corpo é o orgulho do soldado nas tradições
de sua unidade e na determinação dele próprio honrá-las".
Marechal Montgomery

Vive no leito da história do Brasil, de onde a PMMG


rubrica sua presença com honra e denodo desde a Colônia,
esplêndida legião de vultos memoráveis. Exemplos que falam por si
só.
É possível divisar pelo tempo que alcança quase dois
séculos e meio, nas fileiras da Força Pública Mineira, líderes,
intelectuais, professores, policiais combatentes, comandantes
militares - soldados capazes de empreendimentos visionários,
determinados essencialmente pela vontade e coragem, espírito
público e sentimento de dever, lealdade e dedicação.
A Academia da PM, responsável pela educação e irradiação
da doutrina policial militar para a Corporação, o é por decorrência, e
de modo ainda mais grave, guardiã da tradição da Polícia Militar.
Manter vivos tradição e valores, especialmente pela digna e
respeitosa reverência à memória daqueles que ajudaram a construir e
moldar majestosamente a história, é tarefa decisiva e perpétua, se
quisermos manter vivos estes mesmo valores e tradições, fugindo
assim aos processos de decadência social e moral sempre em curso.
A cada geração compete redescobrir ou reverenciar os
elementos que vivificam e fortalecem a tradição. É preciso revitalizar
crenças e regenerar valores, matéria-prima espiritual da jornada de
existência das grandes nações ou corporações despertadas ao destino
de protagonistas de seu tempo. E o respeito a estes grandes homens,
evocando atuações, feitos, fatos e exemplos, é pedra angular neste
desiderato. Que a obra presente, embora singela, possa servir de guia
a estudos mais aprofundados sobre nosso passado institucional, por

231
PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

intermédio das admiráveis biografias aqui sintetizadas, e, de modo


inspirador, revelar às gerações futuras, exemplos de patriotismo,
bravura, visão, coragem, disciplina, lealdade e honra no dever.

EDUARDO CÉSAR REIS, CORONEL PM


COMANDANTE DA ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

232
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

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