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Reta Final - Geometria Analítica e Algebra Linear (MAT039)

Roteiro de Estudos - Identificação de Cônicas

Os procedimentos acima representam os passos para a identificação de uma cônica,


encontrando também demais informações sobre esta assim como permitindo a
elaboração de um esboço.

Maiores informações sobre os possíveis tipos de cônicas a serem encontrados podem


ser encontrados no link presente no rodapé da página.
O objetivo do algoritmo é, a partir de uma cônica situada no ℜ² , encontrar suas
bases rotacionadas e transladadas a partir de uma rotação (procedimento de
diagonalização) e de uma translação (“completar” quadrados).
A equação geral de uma cônica é dada por ax² + by² + cxy + dx + ey + f = 0 , e sua forma
matricial é dada por X t AX + B X + f = 0 . , sendo X = [x y] , coordenadas da cônica na
base canônica e A e B dadas por:

Para identificar os procedimentos a serem realizados, temos que:


● A cônica sofreu ​rotação quando o termo c ​não é nulo e, dessa forma, a matriz
A ​não​ é diagonal.
● A cônica sofreu ​translação quando os termos d e e ​não são ambos nulos e,
dessa forma, a matriz B ​não​ é nula.

❖ Rotação

➔ Autovalores e Autovetores

‘ Temos que reescrever A de forma que A = P DP −1 , a fim de removermos o


termo em xy . Este procedimento também acarretará a criação de uma base com
autovetores de A , uma base rotacionada em determinado ângulo da canônica.
Exemplo a ser trabalhado: 5x2 − 4xy + 8y 2 + 4 √ 5x − 16√ 5y + 4 = 0 . Nossa matriz A
será:

. Veja que essa matriz é necessariamente simétrica. Como precisamos


preservar as dimensões da cônica, nossa base precisa ser ​ortonormal​. Fazendo o
processo de diagonalização (Veja Diagrama de Diagonalização), obteremos os
autovalores λ = 4 e λ = 9 e os autovetores V 1 = (2/√5, 1/√5) e V 2 = (− 1/√5, 2/√5) . Veja
que os autovetores foram normalizados, ou seja, possuem norma unitária.

➔ Construção de D e P

Perceba que os autovetores parecem ter uma relação entre si. Eles irão compor
a chamada ​matriz de rotação​, uma matriz ortogonal dada por
, sendo θ o ângulo de rotação da base no sentido
anti-horário. Veja que os elementos da diagonal principal precisam ser iguais. Logo,
para sabermos o ​sentido de rotação da nossa base, precisamos posicionar P de
maneira semelhante a esta matriz, e D conforme as posições dos autovetores em P.
Logo, temos:

● Importante! Se a ordem das colunas de D e P forem invertidas, a cônica


não ​mudará. Haverá, no entanto, uma troca entre x e y , e a matriz P
será equivalente a uma matriz de rotação no sentido horário. Por isso, é
recomendado seguir ao padrão acima.

❖ Troca de base

Agora que você encontrou D e P , serão feitas as substituições X ′ = P t X e


X = P X ′ , sendo X ′ = [x′ y ′ ], coordenadas da cônica na nova base. Assim,
temos:

Dessa forma, os termos que multiplicam x’² e y’² são os autovalores de D , e os


que multiplicam x ’ e y ’ (caso existam) são os presentes no vetor resultante do
produto B P . No exemplo da cônica 5x2 − 4xy + 8y 2 + 4 √ 5x − 16√ 5y + 4 = 0 :

Logo, a equação da cônica rotacionada será:

❖ Translação

Caso sua cônica necessite de translação, será aplicado o método de completar


quadrados. O objetivo é eliminar termos em x e y, por meio da seguinte relação:

Essa relação utiliza a propriedade do produto notável quadrado perfeito. Por meio
dessa igualdade, é possível concluir que a = c/2 e b = a² . Aplicando esse método no
nosso exemplo, temos que:
● Importante! Cônicas (parábolas) que já apresentarem a estrutura x² = 4py
ou y ² = 4px , apesar de possuírem termos em x ou y , não necessitam de
translação.

❖ Interpretação

Com a segunda mudança de base efetuada, podemos finalmente interpretar o


que nossa cônica é. Analisando o resultado acima, podemos concluir que se
trata de uma elipse com raio maior 3 e raio menor 2.
Para esboçar a cônica, siga os seguintes passos:
1. Desenhe a ​base orientada por x’’ e y ’’ . Desenhe nesta sua cônica,
orientada conforme sua última equação.
2. Encontre o ponto no qual estará a origem da base x’ e y ’ . Para chegar
nesta base, houve uma translação a partir de x’’ e y ’’ que segue as
equações x’’ = x’ − m e y ’’ = y’ − n . Neste ponto, esboce a ​base
orientada por x’ e y ’ . No nosso exemplo, o ponto que estará nossa
origem possui coordenadas (x’’, y’’) = (− 1, − 2) .
3. Analise a matriz de rotação P . Perceba que P 11 = cosθ e P 21 = senθ . É
possível, por meio dos dois elementos, estimar o ângulo de rotação de
nossa cônica:
a. cosθ > 0 e senθ > 0 ⇒ 0 < θ < π /2
b. cosθ < 0 e senθ > 0 ⇒ π /2 < θ < π
c. cosθ < 0 e senθ < 0 ⇒ π < θ < 3π/2
d. cosθ > 0 e senθ < 0 ⇒ 3π/2 < θ < 2π

Sabendo dessa informação, e lembrando que P representa uma rotação


no sentido ​anti-horário de X para X’ , precisamos desenhar nossa ​base
canônica. Para isso, estime θ e desenhe a base rotacionada no sentido
horário à base orientada por x′ e y ′ . Abaixo, temos à esquerda o esboço da
cônica e à direita o esboço rotacionado de maneira que a base canônica esteja
ortogonal à página.

Caso necessário (se o professor pedir), encontre os focos, diretrizes, vértices e


assíntotas da cônica, indicando tais dados no esboço. Lembre-se de orientar os
valores encontrados conforme a base de X ′′ , não de X .

Danilo Valente
Graduando em Engenharia Elétrica, UFMG
23 de Junho de 2018

(Exemplo retirado de
http://www.mat.ufmg.br/~rodney/notas_de_aula/identificacao_de_conicas.pdf​)

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