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Decisões importantes do TCU sobre instrumentos de repasses

1 Alteração unilateral do objeto de convênio

Para fins de responsabilização perante o TCU, considera-se erro grosseiro (art. 28 do


Decreto-lei 4.657/1942 - Lindb) a execução de objeto conveniado em desacordo com o plano de
trabalho aprovado pelo concedente.
Acórdão 6.486/2020-Primeira Câmara | Relator: VITAL DO RÊGO

Alterações no local de execução e nas especificações do objeto pactuado, sem a devida


aprovação do órgão repassador dos recursos, não são falhas de caráter formal e, embora possam
não caracterizar débito, sujeitam o gestor ao julgamento pela irregularidade das contas e à
aplicação da multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992.
Acórdão 6.274/2014-Primeira Câmara | Relator: JOSÉ MUCIO MONTEIRO

O gestor convenente é responsabilizado ao alterar os planos de trabalho aprovados, sem


prévia autorização, assumindo o risco de insucesso na execução do convênio.
Acórdão 7.402/2012-Segunda Câmara | Relator: JOSÉ JORGE

2 Saque em espécie e não comprovação de nexo causal

A emissão de cheques nominais à própria entidade beneficiária dos recursos do convênio


e o saque em espécie impedem a comprovação do nexo causal entre os recursos transferidos e as
despesas realizadas.
Acórdão 204/2022-Plenário | Relator: AUGUSTO NARDES

O saque em espécie da conta específica de convênio compromete o estabelecimento do


nexo de causalidade entre a movimentação bancária e as despesas efetuadas para a consecução do
objeto pactuado, não permitindo a comprovação da regular aplicação dos recursos federais
repassados, o que enseja a irregularidade das contas, com imputação de débito e aplicação de
multa aos gestores responsáveis.
Acórdão 6.886/2020-Segunda Câmara | Relator: MARCOS BEMQUERER

3 Inexecução total ou parcial de objeto de convênio

A omissão do prefeito sucessor em concluir obra paralisada em gestão anterior, havendo


recursos financeiros do convênio disponíveis para tal finalidade, ou em adotar as medidas
pertinentes para resguardar o erário enseja sua responsabilização solidária por eventual débito
decorrente da não conclusão do objeto conveniado.
Acórdão 4.382/2020-Segunda Câmara | Relator: MARCOS BEMQUERER e Acórdão
4.828/2018-Segunda Câmara | Relator: AROLDO CEDRAZ

Os órgãos concedentes, na análise das prestações de contas, devem fundamentar


tecnicamente as conclusões acerca da execução física dos convênios, descrevendo o impacto de
eventuais inexecuções parciais para a utilidade do objeto conveniado, justificando desse modo a
imputação de débito integral ou parcial aos responsáveis.
Acórdão 7.125/2019-Segunda Câmara | Relator: RAIMUNDO CARREIRO

Em regra, nos casos de tomada de contas especial instaurada por inexecução parcial do
objeto do convênio, a quantificação do dano ao erário deve levar em consideração o percentual
das realizações físicas das obras e serviços constantes do plano de trabalho, a existência de nexo
de causalidade entre a execução física e a financeira e, ainda, o grau de utilidade da parte
executada para o público a ser beneficiado pela avença.
Acórdão 3.429/2014-Primeira Câmara | Relator: WEDER DE OLIVEIRA

4 Desvio de finalidade ou de objeto de convênio

O desvio de objeto se configura quando o convenente, sem autorização prévia do


concedente, executa ações não previstas no plano de trabalho da avença, mas, em alguma medida,
preserva o fim a que se destinam os recursos. O desvio de finalidade ocorre quando os recursos
são aplicados em finalidade diversa daquela anteriormente pactuada ou ainda quando o escopo
específico da avença não é atendido em decorrência de irregularidades na execução do ajuste.
Acórdão 1.798/2016-Primeira Câmara | Relator: MARCOS BEMQUERER

Nos casos de desvio de objeto, desde que mantida a finalidade do gasto, o débito pode ser
afastado, sem prejuízo do julgamento pela irregularidade das contas com aplicação de multa.
Acórdão 4.437/2020-Segunda Câmara | Relator: AUGUSTO NARDES e Acórdão 1.007/2014-
Primeira Câmara | Relator: WEDER DE OLIVEIRA

5 Ausência de aplicação dos recursos no mercado financeiro e falta de devolução de


saldo ao concedente

É cabível a imputação de débito pela ausência de aplicação dos recursos do


convênio no mercado financeiro, sem que se caracterize bis in idem, quando o período em
que se deixou de auferir renda com a aplicação financeira for anterior à data de ocorrência do
débito principal.
Acórdão 5088/2018-Segunda Câmara | Relator: AUGUSTO NARDES e Acórdão
2534/2016-Primeira Câmara | Relator: JOSÉ MUCIO MONTEIRO

Os saldos de convênios e contratos de repasse, enquanto não utilizados, devem ser


aplicados no mercado financeiro.
Acórdão 2.726/2012-Segunda Câmara | Relator: MARCOS BEMQUERER

6 Despesas fora da vigência do convênio

É possível considerar como falha formal a execução de despesas fora da vigência


do convênio, em situações em que reste comprovado que os dispêndios contribuíram
para o atingimento dos objetivos pactuados.
Acórdão 18396/2021-Segunda Câmara | Relator: RAIMUNDO CARREIRO e Acórdão
8.300/2020-Segunda Câmara | Relator: ANA ARRAES

Embora configure irregularidade, considera-se, em caráter excepcional, não haver débito


em decorrência de despesas realizadas fora da vigência do convênio, mormente quando
relacionadas a seu objeto, em situações em que reste comprovado que o pactuado foi devidamente
cumprido.
Acórdão 2.307/2017-Segunda Câmara | Relator: JOSÉ MUCIO MONTEIRO

7 Pagamento de servidor ou empregado público

É vedado o uso de recursos de transferências voluntárias para pagamento de


pessoal de ente da Federação, ainda que decorrente de contrato por tempo
determinado.
Acórdão 2.588/2017-Plenário | Relator: VITAL DO RÊGO
A utilização de recursos de convênio para o custeio de despesas próprias do convenente
viola as disposições do instrumento.
Acórdão 1710/2015-Primeira Câmara | Relator: BENJAMIN ZYMLER

8 Caracterização de fraude

A apresentação de nota fiscal adulterada com o objetivo de simular a execução de


despesas do convênio, ainda que de baixa materialidade, constitui irregularidade grave e enseja a
aplicação da penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança no âmbito da Administração Pública Federal (art. 60 da Lei 8.443/1992) .
Acórdão 368/2018-Plenário | Relator: WALTON ALENCAR RODRIGUES e Acórdão
491/2017-Plenário | Relator: AUGUSTO NARDES

A empresa contratada que concorreu para o dano ao erário ao emitir documentos fiscais
e recibos sem a correspondente prestação dos serviços, para dar aparência de regularidade à
execução do convênio, deve ser responsabilizada solidariamente com o gestor público, nos termos
do art. 16, § 2º, da Lei 8.443/1992.
Acórdão 6.107/2017-Primeira Câmara | Relator: BRUNO DANTAS

9 Omissão no dever de prestar contas

A não comprovação da boa e regular aplicação de recursos federais em face da omissão


no dever de prestar contas, além de obrigar o gestor omisso a restituir os valores aos cofres
públicos por presunção de dano, constitui grave inobservância do dever de cuidado no trato com
a coisa pública, revelando a existência de culpa grave, passível de aplicação de penalidade, uma
vez que se distancia do que seria esperado de um administrador minimamente diligente, o que
caracteriza erro grosseiro a que alude o art. 28 do Decreto-lei 4.657/1942 (Lindb) , incluído pela
Lei 13.655/2018.
Acórdão 1.643/2022-Segunda Câmara | Relator: BRUNO DANTAS e Acórdão
8.879/2021-Primeira Câmara | Relator: BENJAMIN ZYMLER

10 Execução de convênio em mais de uma gestão

A responsabilidade do prefeito sucessor fica caracterizada quando, com recursos


garantidos para tal e sem justificativa de inviabilidade, não retomar obra iniciada e não acabada
pelo seu antecessor, por implicar desperdício de recursos públicos e contrariar o princípio da
continuidade administrativa.
Acórdão 1.947/2022-Primeira Câmara | Relator: BENJAMIN ZYMLER e Acórdão
5.867/2021-Segunda Câmara | Relator: AROLDO CEDRAZ

SÚMULA TCU 230: Compete ao prefeito sucessor apresentar a prestação de contas


referente aos recursos federais recebidos por seu antecessor, quando este não o tiver feito e o
prazo para adimplemento dessa obrigação vencer ou estiver vencido no período de gestão do
próprio mandatário sucessor, ou, na impossibilidade de fazê-lo, adotar as medidas legais visando
ao resguardo do patrimônio público.

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