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controle de
qualidade em
análises clínicas
Karina Pires Reis
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Conforme Santos e Zanusso Junior (2015), os laboratórios clínicos têm a missão
de produzir resultados confiáveis de exames, pois uma análise laboratorial bem
realizada contribui para a preservação e/ou a restauração da saúde do paciente
e agrega valor à assistência médica, otimizando a qualidade do serviço prestado.
Para que seja possível monitorar e controlar fontes de erros, os laboratórios devem
realizar o controle absoluto sobre todas as etapas do processo, desde o primeiro
contato com o paciente até a emissão do laudo.
Portanto, a realização do controle de qualidade é imprescindível na rotina
laboratorial. Controle de qualidade são técnicas e atividades operacionais em-
pregadas para monitorar a execução dos requisitos da qualidade especificada,
de acordo com Santos e Zanusso Junior (2015). Para desenvolver um sistema
2 Introdução ao controle de qualidade em análises clínicas
Indicadores de qualidade
Os fatores que demonstram o desempenho das análises realizadas no la-
boratório devem ser conhecidos, monitorados e avaliados constantemente.
Veja a seguir os quatro principais indicadores utilizados para determinar a
confiabilidade de um teste laboratorial.
Erro de laboratório: é a falha de uma ação planejada que não se completou como
foi proposta, ou o uso de um plano incorreto para alcançar uma meta, que pode
ocorrer em qualquer parte do ciclo de laboratório (desde o pedido da análise até
o laudo de resultados e sua interpretação) e a reação aos erros.
(ANDRIOLO et al., 2013). Os erros aleatórios não podem ser previstos nem
evitados, segundo Xavier, Dora e Barros (2016), pois ocorrem ao acaso e,
portanto, não podem ser corrigidos. Em geral, acontecem durante a fase de
processamento e manipulação da amostra. A magnitude do erro aleatório,
também denominado imprecisão, pode ser caracterizada por meio de medidas
sucessivas de uma mesma amostra para um mesmo parâmetro (ANDRIOLO
et al., 2013).
Erro total — O erro total corresponde à soma do erro aleatório com o erro
sistemático. A Figura 1 demonstra graficamente os tipos de erros descritos.
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Figura 1. Erros encontrados em análises clínicas. À esquerda, está o valor real. A diferença
entre a média dos valores encontrados e o valor real reflete a inexatidão (erro sistemático),
enquanto a variação dos valores em torno do valor médio reflete a imprecisão (erro aleatório).
A soma dos erros sistemático e aleatório resulta no erro total.
Fonte: Adaptada de Xavier, Dora e Barros (2016).
Calibradores e controles
Calibradores
Calibradores são soluções com concentrações definidas e conhecidas utili-
zadas na calibração dos equipamentos do laboratório. Durante a calibração,
o profissional responsável programa o instrumento com a concentração de
cada analito, de acordo com as informações fornecidas no folheto do kit
fornecido com o calibrador. O equipamento então mede o calibrador e ajusta
a leitura para corresponder aos valores fornecidos e passa a utilizá-los como
referência (LABNETWORK, 2019). Todos os equipamentos e instrumentos de
medição requerem calibração, pois a exatidão pode ser avaliada e mantida
por meio da calibração do equipamento (DAGNINO et al., 2019).
Podem ser utilizados para realizar a calibração:
Controles
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 302 da Anvisa, Brasil
(2005, documento on-line), a amostra controle é o “Material usado com a
finalidade principal de monitorar a estabilidade e a reprodutibilidade de um
sistema analítico nas condições de uso na rotina.” As amostras controle são
utilizadas exclusivamente para fins de controle da qualidade e não devem
ser usadas na calibração. Elas não têm uma concentração exata como os cali-
bradores, e apresentam um valor médio de concentração e faixa de variação
permitida. As amostras controle servem para monitorar a precisão por meio
da reprodutibilidade das leituras. Também são utilizadas na verificação da
integridade da calibração dos equipamentos.
Os controles são testados ao mesmo tempo e da mesma forma que as
amostras dos pacientes (WHO, 2011). Recomenda-se que a passagem dos con-
troles seja periódica, pelo menos uma vez ao dia ou conforme a recomendação
do fabricante, a fim de mensurar a precisão e a exatidão dos analisadores.
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Calibradores Controles
Água reagente especial (special reagent water, SRW) — É a água livre de DNA-
ses e RNAses. Por isso, é indicada para utilização nas técnicas moleculares.
As especificações de pureza da SRW são semelhantes às da CLRW. A contagem
de unidades formadoras de colônias bacterianas (UFCs/ml) deve ser inferior a
10. Quanto ao material particulado, o filtro no final da purificação deve remover
partículas com diâmetro superior a 0,22 µm. Para o carbono orgânico total,
o nível aceito deve ser inferior a 50 ng/g (MENDES et al., 2011).
Referências
ABNT. AMN ISO/TS 22367: redução do erro através da gestão de riscos e melhoria
contínua. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
ANDRIOLO, A. et al. (coord.). Diretriz para a gestão e garantia da qualidade de testes
laboratoriais remotos (TLR) da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina
Laboratorial (SBPC/ML). Barueri: Minha Editora, 2013.
ANDRIOLO, A. et al. (coord.). Recomendações da sociedade brasileira de patologia
clínica/medicina laboratorial (SBPC/ML): fatores pré-analíticos e interferentes em
ensaios laboratoriais. Barueri: Barueri: Minha Editora, 2018.
BASQUES, F. W. A. A água como reagente. Labtest, 2016a.Disponível em: https://www.
labtest.com.br/wp-content/uploads/2016/11/A_Agua_Como_Reagente.pdf. Acesso
em: 3 fev. 2021.
BASQUES, J. C. Usando controles no laboratório clínico. Labtest, 2016b. Disponível em:
https://labtest.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Usando_Controles_no_Labora-
torio_Clinico.pdf. Acesso em: 3 fev. 2021.
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Leituras recomendadas
FLEURY. Sensibilidade e especificidade. Fleury Medicina e Saúde, 2020. Disponível
em: https://www.fleury.com.br/noticias/precisao-diagnostica. Acesso em: 3 fev. 2021.
LORENZO, C. P. B. et al. Métodos de purificação da água para laboratório. Enciclopédia
Biosfera, v. 15, n. 28, p. 1077-1092, 2018. Disponível em: http://www.conhecer.org.br/
enciclop/2018B/BIO/metodos2.pdf. Acesso em: 3 fev. 2021.
MENEZES, M. E. Diagnóstico laboratorial do coronavírus (SARS-CoV-2) causador
da COVID-19. SBAC: Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, 2020. Disponível em:
https://www.sbac.org.br/blog/2020/03/30/diagnostico-laboratorial-do-coronavirus-
-sars-cov-2-causador-da-covid-19/#:~:text=Um%20%C3%BAnico%20resultado%20
n%C3%A3o%20detectado,influenciar%20o%20resultado%20do%20exame. Acesso
em: 3 fev. 2021.
SANTOS, C. S. S. et al. Controle de qualidade no Laboratório de Análises Clínicas na
Fase Analítica: a segurança dos resultados. Brazilian Journal Health Review, v. 3, n. 4,
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