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A Desinformação no TikTok durante a Pandemia da Covid-191

Vitória Peraça Ferreira2

Resumo: O aplicativo chamado TikTok se popularizou ainda mais durante a pandemia


da Covid-19, tornando-se um dos mais baixados do mundo. A mídia social traz diversas
potencialidades para difundir conteúdo, inclusive o conteúdo informativo. Desde o
início da pandemia da Covid-19, diversas notícias circulam pelas plataformas de mídias
sociais, entre elas informações sobre o vírus, sintomas da doença, tratamento e vacinas.
A desinformação, assim como em outras plataformas, se faz presente no TikTok que
durante a pandemia, é usado também para espalhar desinformação sobre as vacinas, por
exemplo. Circunstância esta que fez com que a plataforma tomasse iniciativas para
combater a desinformação. Entre as medidas adotadas pela mídia social está a formação
de um conselho próprio com pesquisadores e membros da sociedade civil, além da
participação da campanha contra notícias falsas e a desinformação na saúde, promovida
pela ONU em parceria com a Fiocruz e instituto Butantan. A ideia deste artigo é traçar
uma discussão teórica do ponto de vista metodológico, para identificar as atitudes que o
TikTok Brasil tem tomado em relação ao problema da desinformação, no contexto da
Pandemia da Covid-19 e se as mesmas, do ponto de vista teórico, são eficazes.

Palavras-chave: desinformação; covid-19; mídia social; pandemia; tiktok.

1. Introdução

Em fevereiro de 2020 surgia na China um vírus até então desconhecido,


responsável por contaminar em massa a população. Em pouco tempo, o vírus da Sars-
CoV-2 se espalhou mundialmente, e um mês mais tarde a Organização Mundial da
Saúde (OMS) declarou a pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus. De lá
pra cá, nos distanciamos do convívio social, das escolas, dos trabalhos, usamos
máscaras, álcool em gel e aguardamos a vacina. As redes sociais e mídias sociais não
ficam de fora desse processo, pois são desde então responsáveis por aproximar as
pessoas nesse período de distanciamento social e, é através das redes e mídias que

1
Artigo apresentado à disciplina de Plataformas e Inovação, no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJor)
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ministrada pela professora Rita Paulino.
2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina
(PPGJor/UFSC).
muitas delas buscam informação. Mas o grande volume de informações que circulam
por aí, alavancou a desinformação, principalmente no que diz respeito à doença da
Covid-19. Diversas informações sobre sintomas, tratamentos precoces, eficácia de
vacinas ou não, circulam desde o início da pandemia, gerando a desinformação. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que estamos diante de uma infodemia - por
termos um excessivo volume de informações, relacionados a um determinado assunto.
Com o isolamento social e medidas restritivas impostas em razão da pandemia,
milhares de usuários buscaram entretenimento através das redes e mídias sociais e a
grande parte deles aderiu ao uso do TikTok que tornou-se uma febre no Brasil,
viralizando. Vídeos curtos, criativos e engraçados sobre diversos assuntos circulam por
lá e, sobre a pandemia não é diferente. Mas muitos conteúdos que circulam na
plataforma são desinformantes, o que fez com que a plataforma se atentasse à circulação
da desinformação e tomasse algumas atitudes.
Iniciativas para combater a desinformação, como a formação de um conselho
próprio com pesquisadores e membros da sociedade civil, além da participação da
campanha contra notícias falsas e a desinformação na saúde, promovida pela ONU em
parceria com a Fiocruz e instituto Butantan precisaram ser tomadas em decorrência da
desinformação na plataforma.
O método deste artigo é traçar uma discussão teórica, objetivada nas atitudes
que o TikTok Brasil tem tomado em relação ao problema da desinformação, no contexto
da Pandemia da Covid-19 e se as mesmas, do ponto de vista teórico, são eficazes.

2. O TikTok

Castells (2016) coloca como fundamental à compreensão do ambiente técnico e


social que propicia a rápida disseminação de informação, por entender que vivemos
conectados através da sociedade em rede. Essa nova sociedade descrita pelo autor
surgiu de um processo de ordens distintas - que acabaram conectando-se com as novas
possibilidades do mundo pós-moderno.
O autor localiza a sociedade em rede em um momento em que as relações se
estabelecem através da capacidade de processamento da informação e de geração de
conhecimento por meio da internet. Meio este que passou a ser a base tecnológica para a
forma organizacional da era da informação através da sua estrutura em rede que por
meio de seus nós interconectados, permite a comunicação globalizada nas redes sociais
e mídias sociais entre os atores que nelas estão representados.
Mídias sociais são as plataformas que têm sua principal função ancorada no
compartilhamento de conteúdo. Paulino et. al. (2020), com base nos pressupostos de
Blackshaw (2006), Gruzd et al. (2012) Kaplan e Haenlein (2010), Xiang e Gretzel
(2010), Bruns (2015) , Otieno e Matoke (2014) trabalha a ideia de uma mídia ser
considerada social quando há capacidade de suportar conteúdo gerado pelos próprios
usuários em formato de status, vídeos, texto e imagens. E ainda quando existe meios
para o envolvimento dos membros em forma construção da comunidade, colaboração,
participação, compartilhamento e vinculação por meio de outros meios.
De acordo com o relatório de pesquisa do Midiars3 sobre desinformação, mídia
social e Covid-19- a mídia social é um dos canais mais utilizados para o consumo de
informação no Brasil. Na mesma linha, uma pesquisa realizada pela Globo4 mostra que
as mídias sociais são os canais preferenciais na busca por informações e notícias sobre a
pandemia e assuntos correlatos.
Para criar conteúdo no TikTok é preciso se apropriar das ferramentas que o
aplicativo disponibiliza como formatos, filtros, áudios e músicas, como a figura abaixo.
E é possível em poucos passos compartilhar o conteúdo.

Figura 1 – Página Inicial de Produção de Conteúdo do TikTok

Fonte: Arquivo Pessoal

3
https://wp.ufpel.edu.br/midiars/files/2021/05/Desinformac%CC%A7a%CC%83o-covid-midiars-2021-1.pdf
4
https://gente.globo.com/pandemia-e-o-consumo-de-noticias-nas-redes-sociais/
O TikTok, objeto de estudo deste artigo, trata-se de uma mídia social, gratuita,
de origem chinesa que permite a criação e o compartilhamento de conteúdo multimídia
que duram até 60 segundos por parte dos usuários que podem também seguir o perfil de
outros usuários. “É um dos espaços mais comuns de compartilhamento de informação,
conteúdo e conhecimento em rede do momento (MONTEIRO, 2020, p. 11)”,
potencializada pelo período de distanciamento social que vivenciamos. E a ascensão da
mídia social é explicada pela ação dos atores, neste caso usuários do TikTok, em
propagar, replicar, dar visibilidade para determinado conteúdo. Isso segundo Recuero,
Bastos e Zago (2015) é o que faz a mídia emergir.

3. A Desinformação na Pandemia da Covid-19

As discussões em torno da desinformação, que abrange as notícias falsas, pós-


verdade e bolhas de informação tem crescido fortemente nos últimos tempos,
mobilizando diversas esferas da sociedade, já que a desordem informativa classificada
por Wardle e Derakhshan (2017), atinge a todos, nos fazendo vivenciar a era da
desinformação. Os autores compreendem essa desordem informativa por meio de três
conjunturas: misinformation – informação compartilhada sem intenção; disinformation
– informação falsa compartilhada de forma intencional para gerar detrimento;
malinformation – informação verdadeira, que pode gerar detrimento e mesmo assim é
divulgada.
Fallis apud Zattar (2017) concentram esforços em nos mostrar a desinformação a
partir de três conjunturas também: desinformação não é uma informação acidentalmente
enganosa; desinformação é informação; desinformação é uma informação enganosa.
Em 2020, o mundo todo foi surpreendido pela chegada da pandemia da Covid-
19, que fez e continua fazendo milhares de vítimas e registrando números de casos no
Brasil, com o atraso da vacinação da população. As discussões que até então envolviam
a desinformação passaram também a envolver a Covid-19 e assuntos relacionados. Por
se tratar de um vírus desconhecimento em um primeiro momento, a desinformação se
alastrou nas redes sociais.
No início do período pandêmico nos deparamos com diversas informações nas
redes e mídias sociais, palco confortável para circular este tipo de informação, devido às
dinâmicas que envolvem não só de produção de conteúdo, mas de compartilhamento.
Vimos surgir receitas caseiras de como combater e prevenir o vírus, circular notícias
falsas sobre as vacinas alterarem o DNA humano, que os termômetros infravermelhos
causavam doenças cerebrais e a cloroquina e ivermectina como tratamento para Covid-
19 – medicamento que não tem eficácia científica comprovada, entre tantas outras.
A população vulnerável e assustada com a chegada da nova doença e mais tarde
de novas variantes, está desde então, extremamente exposta à desinformação que circula
em grande escala. Mas as notícias que por aí circulam, podem ter peculiaridades
próprias e nem sempre são totalmente falsas.
No que diz respeito às notícias falsas que fazem parte do universo
desinformativo, podemos dizer que elas se aproximam muito do conteúdo e formato
jornalístico, produzido por jornalistas profissionais e segundo Tandoc Jr., Lim e Ling
(2017), as mesmas podem ser sátiras; propagandas; publicidade; fabricadas;
manipuladas; paródias;
Essas notícias, ainda podem ser potencializadas pela presença da cultura da Pós-
Verdade que ajuda a propagar a desinformação. A discussão sobre a Pós-Verdade
explodiu ainda em 2016 com a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos
EUA e com a saída do Reino Unido da União Europeia - “Brexit” e desde então tem
perdurado em nossa sociedade. Ainda em 2016, foi escolhida palavra do ano pelo
dicionário de Oxford e definida como circunstâncias nos quais os fatos objetivos tem
menor influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e crença pessoal.
D’ancona (2018, p. 34) afirma que a “Pós-Verdade não é a mesma coisa que
mentira. A verdade é questão de crença, em que a necessidade emocional sobrepuja a
adesão à verdade (p. 39)”, portanto os fatos tornam-se irrelevante. O que realmente
importa em casos de Pós-Verdade é ver a sua crença pessoal confirmada naquela
informação. O conceito de Pós-Verdade vai de encontro com o que Manjoo (2008)
aponta como “exposição seletiva”, quando a mente humana tende a selecionar as
informações mais alinhadas com seu comportamento, atitudes e crenças, e rejeita o
contraditório.
Desde que a temática da desinformação veio a tona, tornou-se debate não só na
sociedade, mas na academia e em cursos de comunicação também, principalmente de
jornalismo, pois vai na contramão dos processos informativos e da função social do
jornalismo que é informar. “É urgente que os agentes públicos, instituições e estados
engajem-se em ações que combatam a desinformação não apenas na mídia social, mas
também na mídia tradicional” (RECUERO et. al. 2021, p. 35). A autora aponta ainda
em relatório sobre desinformação, mídia social e Covid-19 no Brasil, sugestões para
atacar o problema: “criação de campanhas massivas urgentes contra a desinformação;
investimento em letramento digital; fomento ao debate amplo e público sobre temas
complexos; atuação mais efetiva das plataformas; responsabilização de agentes públicos
na propagação e legitimação da desinformação; ações por parte dos veículos
jornalísticos para evitar que sejam compartilhados como desinformação (RECUERO et.
al. 2021, p. 35 a 37).”

4. O TikTok e a Desinformação no Contexto Pandêmico

Neste artigo, o foco se dá diante da desinformação no TikTok - plataforma que,


através dos conteúdos gerados pelos seus usuários, é palco para circular desinformação
sobre a Covid-19 e assuntos correlatos como sintomas, tratamento, vacinas, efeitos
colaterais e eficácias das vacinas. Segundo o site de tecnologia TecMundo5, só nos
primeiros seis meses de pandemia, o TikTok removeu cerca de 29 mil vídeos com
informações falsas ou parcialmente falsas da plataforma. Paralelo a esse cenário,
cientistas, especialistas, jornalistas e parte dos profissionais da área da saúde vem
buscando esclarecer e fornecer informações apuradas, checadas e com base científica à
sociedade.
Na página inicial, milhares de conteúdos circulam diariamente, muitos deles
desinformantes. O fato desta grande circulação de conteúdo fez com que a plataforma
tomasse atitudes no segundo ano de pandemia. Por meio de um anúncio, em fevereiro
deste ano, a rede social informou que já removia conteúdos falsos avaliados pelos
checadores de fatos que tem parceria, mas que precisaria ir além, em razão do grande
volume de conteúdo, pois nem tudo é checado na plataforma. Desde então, os vídeos
que não são checados ou com análise inconclusiva, recebem um selo da própria
plataforma, alertando os usuários sobre a possibilidade de o conteúdo ser
desinformativo. Além disso, a plataforma notifica o autor do vídeo, mostrando uma
mensagem de advertência em razão do conteúdo não ser verificado. Em caso de
tentativa de compartilhamento, uma nova mensagem aparece, informando e
questionando o compartilhamento. Se o usuário optar por compartilhar mesmo assim, a
distribuição do vídeo é reduzida. A mensagem que sinaliza que pode conter
desinformação, também aparece aos demais usuários.

5
https://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/210413-tiktok-notificar-usuarios-videos-desinformacao.htm
Na mesma linha de frear ou ao menos amenizar a desinformação que circula, o
TikTok Brasil anunciou a criação de um conselho consultivo de segurança para discutir
medidas e combater a desinformação, além de tratar temas como eleições, bullying e
discurso de ódio. Através dos membros que se dividem em pesquisadores e líderes da
sociedade social, a plataforma busca construir uma relação de mais confiabilidade com
os usuários, demonstrando responsabilidade e transparência.
Segundo a ONG Media Matters6, através de um relatório divulgado, após
analisar e testar a plataforma, o próprio algoritmo do TikTok estaria disseminando a
desinformação envolvendo assuntos da pandemia da Covid-19. Essa disseminação ainda
segundo o relatório divulgado pela ONG aconteceu por intermédio da página de
recomendação da plataforma. Alguns dos conteúdos desinformantes gerados através da
plataforma abordavam a agilidade da produção de vacinas, colocando em dúvida a
eficácia das mesmas. Grande parte do conteúdo foi gerado através de áudio, por meio do
recurso sounds do aplicativo - que permite o uso de áudios de outros perfis. Outra
medida em relação ao problema da desinformação, foi a retirada do ar de milhares de
conteúdos desinformantes e dificultação do uso da ferramenta sounds, para que os
áudios não fossem localizados com tanta frequência.
Após circular pelo aplicativo conteúdo desinformantes sobre a produção,
eficácia e efeitos colaterais sobre as vacinas, como citado anteriormente, o TikTok
firmou um projeto em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), a
Organização do Todos pela vacina, além do Instituto Butantan, responsável pela
fabricação no Brasil da vacina Coronavac e a Fiocruz, responsável pela fabricação da
vacina Astrazeneca. Através do projeto, a intenção da plataforma é frear a
desinformação e espalhar informação verídica sobre o que diz respeito ao Coronavírus.
Fazem parte do projeto também as iniciativas Verificado e Equipe Halo da ONU, Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Observatório Covid-19, Infovid, Rede
Análise Covid-19, Blogs de Ciência da Unicamp, Projeto Divulgar, Pretty Much
Science e UPVacina.
Para estimular a busca por informações verídicas sobre a pandemia, o TikTok
brasil lançou ainda hashtags: a #InfoCovid e se uniu a #CadaUmDeNós, em que a
ONU busca o reforço da importância de medidas de proteção e vacinas contra a Covid-
19.

6
https://oglobo.globo.com/saude/medicina/tiktok-vem-disseminando-desinformacao-sobre-covid-19-vacinas-acusa-
ong-25161967
Preocupado em trazer conteúdo de qualidade e informativo aos usuários, a
plataforma criou uma página exclusiva para conteúdo sobre a Covid-19, onde é possível
encontrar dicas de proteção, cuidados, dúvidas frequentes e mitos sobre o vírus.
Semanalmente, são feitas lives com autoridades de saúde, especialistas e demais
profissionais que atuam no combate a Covid-19.
Comparado a outras redes sociais usadas pelos brasileiros, o TikTok tem postura
mais rígida em relação ao problema da desinformação. A rede social terceiriza o
trabalho de checagem com agências que têm parceria e remove, conforme citamos
anteriormente, os conteúdos que considera impróprio ou inverídico. De acordo com a
co-fundadora Clarissa Millford da academia de TikTokers, em entrevista ao Olhar7
Digitar News, existe esforço da plataforma para evitar propagação da desinformação:
(1) O algoritmo que identifica imagens e áudios desinformantes, (2) o conselho que
avalia os conteúdos e (3) a comunidade do aplicativo que pode denunciar. Segundo
Clarissa, mais de 6 milhões8 de vídeos já foram deletados na plataforma brasileira.

5. Resultados, Discussões e Análises

Vimos no decorrer do artigo as medidas que o TikTok tomou em relação a


desinformação, principalmente no período da pandemia da Covid-19. O primeiro
objetivo deste artigo se cumpre quando conseguimos elencar essas atitudes tomadas
pela plataforma.
A fim de responder o segundo objetivo deste estudo: identificar se as
mesmas são eficazes, partiremos dos pressupostos de Recuero et. al. (2021, p. 34 a
37), sobre as sugestões citadas para combater a desinformação.
Por isso, na tabela abaixo, feita com base nos conceitos da autora, poderemos
identificar se as medidas tomadas pelo TikTok são eficazes do ponto de vista
teórico.

7
https://olhardigital.com.br/2021/08/09/internet-e-redes-sociais/cortar-o-mal-pela-raiz-tiktok-ja-deletou-6-milhoes-
de-videos-no-brasil-por-fake-news/
8
https://www.tnh1.com.br/noticia/nid/tiktok-ja-deletou-6-milhoes-de-videos-no-brasil-por-fake-news/
Tabela 1 – Eficácia das Medidas adotadas pelo TikTok

Acima podemos identificar conforme a tabela com os pontos ligados, as ações


que do ponto de vista teórico, tomadas pelo TikTok podem ser consideradas eficazes. O
fomento ao debate amplo e público sobre temas complexos como saúde e vacinas e a
criação de espaços acessíveis a esses debates acontece através das lives semanais,
hashtags de cunho informativo e o site com conteúdo específico sobre Covid-19.
Outra sugestão que se aplica é a atuação mais eficiente das plataformas em
adotar medidas que ajudem a reduzir a circulação de desinformação como o estímulo de
consumo de conteúdo verificado, o monitoramento de conteúdo desinformante, alertas
sobre esses conteúdos, diminuição do alcance de publicações que contenham conteúdo
desinformante ou a exclusão das mesmas. Outro ponto que se aplica, é a existência de
campanhas de combate à desinformação, aliado a instituições e autoridades oficiais, que
alcance grande parte da população. Recentemente, o TikTok anunciou parceria com a
Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização do Todos pela vacina, além do
Instituto Butantan, a Fiocruz e demais instituições.
6. Considerações Finais

A desinformação como vimos, é um problema sério que a sociedade enfrenta.


Pessoas de diferentes gêneros, raças, classes sociais e graus de escolaridade estão
propensos a se depararem com uma notícia desinformante e ainda compartilharem,
intensificando o problema.
Vimos a intensificação desse problema com a chegada da infodemia, em que
uma notícia falsa, fora de contexto, manipulada, entre outras formas que vimos no
decorrer deste artigo, podem trazer riscos sérios à saúde das pessoas, ainda mais no
contexto pandêmico que estamos vivendo. As tentativas de buscar informação nas redes
e mídias sociais nem sempre podem ser satisfatórias, já que nelas circulam milhares de
notícias diariamente e a maioria das pessoas não checa e nem cruza as informações que
lê na internet.
Não há ser imune à desinformação, mas devemos ter cuidados básicos como
verificar a fonte, não compartilhar a informação sem conferir a sua veracidade – hoje,
agências de checagem ajudam neste processo de verificação. É preciso ir além do
conteúdo visto/lido.
O TikTok, palco de entretenimento durante a pandemia por trazer conteúdos
leves, curtos e engraçados sobre diversos assuntos, também é palco da desinformação.
Através da mídia social foram identificados milhares de conteúdo envolvendo assuntos
da Covid-19 e o objetivo deste artigo se cumpre quando podemos elencar as ações que o
aplicativo tomou em relação ao problema que aflige a sociedade. A criação do conselho
consultivo de segurança para discutir medidas e combater desinformação; a dificultação
do uso de uma ferramenta do aplicativo; a parceria com projeto da ONU e demais
instituições; o estímulo a hashtags informativas sobre proteção, prevenção e vacinas;
criação de página exclusiva destinada a informações sobre cuidados, vacinas, dúvidas
frequentes e mitos sobre a Covid-19; lives com especialistas; ferramenta de denúncia de
conteúdo inverídico; e algoritmo que identifica imagens e áudios desinformantes, nos
mostram de certa forma uma preocupação da plataforma em relação à desinformação.
Recuero et. al (2021), em recente relatório apontou sugestões para atacar o
problema da desinformação no Brasil, e podemos perceber, através dele, que três
sugestões apresentadas pela autora se aplicam nas medidas que o TikTok tem tomado
em relação ao problema da desinformação, no que se refere ao período pandêmico da
Covid-19.
Portanto, podemos afirmar que as medidas apresentadas pelo TikTok em relação
a desinformação são eficazes, do ponto de vista teórico. Pois através da intensificação e
implementação destas ações, conseguiremos ao menos frear e amenizar a circulação
desse conteúdo desinformante, principalmente por estamos diante de uma infodemia, o
que acaba impactando duplamente a sociedade, pois não existe somente a pandemia da
Covid-19, existe uma pandemia de informações - infodemia.

7. Referências Bibliográficas

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