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1. Introdução
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Artigo apresentado à disciplina de Plataformas e Inovação, no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJor)
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ministrada pela professora Rita Paulino.
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina
(PPGJor/UFSC).
muitas delas buscam informação. Mas o grande volume de informações que circulam
por aí, alavancou a desinformação, principalmente no que diz respeito à doença da
Covid-19. Diversas informações sobre sintomas, tratamentos precoces, eficácia de
vacinas ou não, circulam desde o início da pandemia, gerando a desinformação. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que estamos diante de uma infodemia - por
termos um excessivo volume de informações, relacionados a um determinado assunto.
Com o isolamento social e medidas restritivas impostas em razão da pandemia,
milhares de usuários buscaram entretenimento através das redes e mídias sociais e a
grande parte deles aderiu ao uso do TikTok que tornou-se uma febre no Brasil,
viralizando. Vídeos curtos, criativos e engraçados sobre diversos assuntos circulam por
lá e, sobre a pandemia não é diferente. Mas muitos conteúdos que circulam na
plataforma são desinformantes, o que fez com que a plataforma se atentasse à circulação
da desinformação e tomasse algumas atitudes.
Iniciativas para combater a desinformação, como a formação de um conselho
próprio com pesquisadores e membros da sociedade civil, além da participação da
campanha contra notícias falsas e a desinformação na saúde, promovida pela ONU em
parceria com a Fiocruz e instituto Butantan precisaram ser tomadas em decorrência da
desinformação na plataforma.
O método deste artigo é traçar uma discussão teórica, objetivada nas atitudes
que o TikTok Brasil tem tomado em relação ao problema da desinformação, no contexto
da Pandemia da Covid-19 e se as mesmas, do ponto de vista teórico, são eficazes.
2. O TikTok
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https://wp.ufpel.edu.br/midiars/files/2021/05/Desinformac%CC%A7a%CC%83o-covid-midiars-2021-1.pdf
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https://gente.globo.com/pandemia-e-o-consumo-de-noticias-nas-redes-sociais/
O TikTok, objeto de estudo deste artigo, trata-se de uma mídia social, gratuita,
de origem chinesa que permite a criação e o compartilhamento de conteúdo multimídia
que duram até 60 segundos por parte dos usuários que podem também seguir o perfil de
outros usuários. “É um dos espaços mais comuns de compartilhamento de informação,
conteúdo e conhecimento em rede do momento (MONTEIRO, 2020, p. 11)”,
potencializada pelo período de distanciamento social que vivenciamos. E a ascensão da
mídia social é explicada pela ação dos atores, neste caso usuários do TikTok, em
propagar, replicar, dar visibilidade para determinado conteúdo. Isso segundo Recuero,
Bastos e Zago (2015) é o que faz a mídia emergir.
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https://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/210413-tiktok-notificar-usuarios-videos-desinformacao.htm
Na mesma linha de frear ou ao menos amenizar a desinformação que circula, o
TikTok Brasil anunciou a criação de um conselho consultivo de segurança para discutir
medidas e combater a desinformação, além de tratar temas como eleições, bullying e
discurso de ódio. Através dos membros que se dividem em pesquisadores e líderes da
sociedade social, a plataforma busca construir uma relação de mais confiabilidade com
os usuários, demonstrando responsabilidade e transparência.
Segundo a ONG Media Matters6, através de um relatório divulgado, após
analisar e testar a plataforma, o próprio algoritmo do TikTok estaria disseminando a
desinformação envolvendo assuntos da pandemia da Covid-19. Essa disseminação ainda
segundo o relatório divulgado pela ONG aconteceu por intermédio da página de
recomendação da plataforma. Alguns dos conteúdos desinformantes gerados através da
plataforma abordavam a agilidade da produção de vacinas, colocando em dúvida a
eficácia das mesmas. Grande parte do conteúdo foi gerado através de áudio, por meio do
recurso sounds do aplicativo - que permite o uso de áudios de outros perfis. Outra
medida em relação ao problema da desinformação, foi a retirada do ar de milhares de
conteúdos desinformantes e dificultação do uso da ferramenta sounds, para que os
áudios não fossem localizados com tanta frequência.
Após circular pelo aplicativo conteúdo desinformantes sobre a produção,
eficácia e efeitos colaterais sobre as vacinas, como citado anteriormente, o TikTok
firmou um projeto em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), a
Organização do Todos pela vacina, além do Instituto Butantan, responsável pela
fabricação no Brasil da vacina Coronavac e a Fiocruz, responsável pela fabricação da
vacina Astrazeneca. Através do projeto, a intenção da plataforma é frear a
desinformação e espalhar informação verídica sobre o que diz respeito ao Coronavírus.
Fazem parte do projeto também as iniciativas Verificado e Equipe Halo da ONU, Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Observatório Covid-19, Infovid, Rede
Análise Covid-19, Blogs de Ciência da Unicamp, Projeto Divulgar, Pretty Much
Science e UPVacina.
Para estimular a busca por informações verídicas sobre a pandemia, o TikTok
brasil lançou ainda hashtags: a #InfoCovid e se uniu a #CadaUmDeNós, em que a
ONU busca o reforço da importância de medidas de proteção e vacinas contra a Covid-
19.
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https://oglobo.globo.com/saude/medicina/tiktok-vem-disseminando-desinformacao-sobre-covid-19-vacinas-acusa-
ong-25161967
Preocupado em trazer conteúdo de qualidade e informativo aos usuários, a
plataforma criou uma página exclusiva para conteúdo sobre a Covid-19, onde é possível
encontrar dicas de proteção, cuidados, dúvidas frequentes e mitos sobre o vírus.
Semanalmente, são feitas lives com autoridades de saúde, especialistas e demais
profissionais que atuam no combate a Covid-19.
Comparado a outras redes sociais usadas pelos brasileiros, o TikTok tem postura
mais rígida em relação ao problema da desinformação. A rede social terceiriza o
trabalho de checagem com agências que têm parceria e remove, conforme citamos
anteriormente, os conteúdos que considera impróprio ou inverídico. De acordo com a
co-fundadora Clarissa Millford da academia de TikTokers, em entrevista ao Olhar7
Digitar News, existe esforço da plataforma para evitar propagação da desinformação:
(1) O algoritmo que identifica imagens e áudios desinformantes, (2) o conselho que
avalia os conteúdos e (3) a comunidade do aplicativo que pode denunciar. Segundo
Clarissa, mais de 6 milhões8 de vídeos já foram deletados na plataforma brasileira.
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https://olhardigital.com.br/2021/08/09/internet-e-redes-sociais/cortar-o-mal-pela-raiz-tiktok-ja-deletou-6-milhoes-
de-videos-no-brasil-por-fake-news/
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https://www.tnh1.com.br/noticia/nid/tiktok-ja-deletou-6-milhoes-de-videos-no-brasil-por-fake-news/
Tabela 1 – Eficácia das Medidas adotadas pelo TikTok
7. Referências Bibliográficas
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e terra, 2016. (A era da
informação: economia, sociedade e cultura, v.1).
D’ANCONA, Matthew. Pós Verdade: A nova guerra contra os fatos em tempos de Fake
News. Trad. Carlos Szlak. Barueri: Faro Editorial, 2018.
MANJOO, Farhad. True Enough: Learning to live in a post-fat society. John Wiley & Sons:
New Jersey, 2008.
MONTEIRO, Jean Carlos da Silva. TikTok como novo suporte midiático para a
aprendizagem criativa. RELAEC: Revista Latino-Americana de Estudos Científicos [on line] /
Universidade Federal do Espirito Santo, Universidade do Estado da Bahia, Universidade
Federal do Vale do São Francisco e Universidade Federal da Bahia – Ano 1, 2020, V. 2, p. 05-
20. https://periodicos.ufes.br/ipa/article/view/30795
RECUERO, Raquel; BASTOS, Marco; ZAGO, Gabriela. Análise de Redes para Mídia Social.
Porto Alegre: Sulina, 2015.
RECUERO, Raquel. et. al. Desinformação, mídia social e COVID-19 no Brasil [livro
eletrônico] : relatório, resultados e estratégias de combate. 1. ed. Pelotas, RS : MIDIARS -
Grupo de Pesquisa em Mídia Discurso e Análise de Redes Sociais, 2021. Disponível em:
https://wp.ufpel.edu.br/midiars/files/2021/05/Desinformac%CC%A7a%CC%83o-covid-
midiars-2021-1.pdf. Acesso em: 14. ago. 2021.
TANDOC Jr, Edson; LIM, Zheng; LING, Rich. Defining ‘Fake News’: A typology of
scholarly definitions. Digital Journalism, v.1, n.17, p. 137-153, 2017.
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/21670811.2017.1360143. Acesso em: 06 set.
2021;
TIKTOK. Make Your Day. 2020. Disponível em: https://www.tiktok.com/pt_BR/. Acesso em:
03 set. 2021.