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AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA

EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: UM DIÁLOGO POSSÍVEL?

DIGITAL INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES IN THE EDUCATION OF PEOPLE WITH


DISABILITIES: A POSSIBLE DIALOGUE?

SILVA, Iury Fagundes da1

Grupo Temático 2.
Subgrupo 2.2

Resumo:
O presente trabalho visa refletir sobre a relação entre as Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TDICs) e a educação, em especial das pessoas com
deficiência, mostrando a importância dessa relação nos dias atuais, além de demonstrar
a significância da inserção de recursos tecnológicos nas escolas com fins educativos e a
reação que esses meios provocam dentro do ambiente escolar. Buscou-se debater sobre
essa temática partindo de um olhar que valoriza o avanço tecnológico na área
educacional, bem como discute alguns impactos e benefícios do uso das TDICs no ensino-
aprendizagem de todos os alunos. A pesquisa apresenta-se através de registros
bibliográficos e de natureza qualitativa, objetivando analisar o ensino e as
transformações ocorridas e com vistas às necessidades de mudanças de pensamento e
atitude das práticas pedagógicas, apontando como alternativa para esse processo os
recursos tecnológicos. A pesquisa tem recortes em autores como Vygotsky (1994), Green
(2000), Setzer (2000), Cunha (2010), Valente (1991, 1996), Skliar (2006), Mantoan
(2000), entre outros que deram subsídios para o desenvolvimento do trabalho. Conclui-
se que a inserção da tecnologia na educação, destacando a dos educandos com
deficiência, contribui para a formação e desenvolvimento de todo o alunado, facilita o
acesso às diversas áreas do conhecimento e potencializa o ensino-aprendizagem destes.
Palavras-chave: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação; Pessoas com
deficiência; Ensino-aprendizagem.

Abstract:
The present work aims to reflect on the relationship between Digital Information and
Communication Technologies (TDICs) and education, especially for people with
disabilities, showing the importance of this today, in addition to demonstrating the
significance of the insertion of technological resources in schools for educational
purposes and the reaction that these resources provoke within the school environment.
We sought to debate this theme from a perspective that values technological
advancement in the educational area, as well as discussing some impacts and benefits of
using TDICs in the teaching-learning of all students. The research is presented through
1
bibliographic records and of qualitative nature, aiming to analyze the teaching and the
transformations that have occurred and with a view to the needs for changes in thinking
and attitude of pedagogical practices, pointing out technological resources as an
alternative for this process. The research has clippings by authors such as Vygotsky

1
Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (PROPED/UERJ).
(1994), Green (2000), Setzer (2000), Cunha (2010), Valente (1991, 1996), Skliar (2006),
Mantoan (2000), among others who provided subsidies for the development of work. It is
concluded that the insertion of technology in education, highlighting that of students
with disabilities, contributes to the training and development of all students, facilitates
access to different areas of knowledge and enhances their teaching-learning.
Keywords: Information and Communication Technology; Disabled people; teaching-
learning

1. Introdução
Neste momento de renovação pedagógica, valores e princípios da ação educativa
estão sendo questionados. Sendo assim, novas proposições surgem e é preciso (re)pensar
em seus sentidos e significados para uma ação pedagógica competente e comprometida,
direcionada a uma sociedade mais justa e de melhor qualidade de vida para todos.
Conforme Santi (1999) discorre, em certos momentos, se retomarmos o caminhar da
escola, encontraremos com uma visão tradicionalista do ensino, que acreditava na
capacidade do educando em armazenar informações, pois o mesmo se inseria no mundo a
partir dos conteúdos que alguém lhe transmitisse. Mas, cabe destacar, que com o passar do
tempo esse cenário tradicionalista tem mudado, nos fazendo acreditar em novas
possibilidades de se fazer educação.
Por isso, destaca-se nesse estudo a importância de suscitar na comunidade escolar a
necessidade de mudança, a qual acreditamos ser possível através da arte de ensinar, com
consciência crítica reflexiva. Como propõe Vygotsky (1994), um processo de
desenvolvimento não ocorre se não houver situações de aprendizagem que o provoquem.
Tal pressuposto destaca a necessidade de refletir sobre os prós e contras do ensino
tradicional, a busca de novos caminhos no processo de ensino-aprendizagem e a atuação do
educador como mediador desta nova realidade, principalmente para com as pessoas com
deficiência.
Embora reconheçamos que o uso das tecnologias digitais na educação não seja uma
unanimidade, cada vez mais, autores destacam a importância das mesmas e defendem essa
ideia. D’Ambrosio (2003) salienta que a tecnologia, sozinha, não implica em uma boa
educação, mas que uso adequado desta pode potencializar o ensino-aprendizagem dos
discentes.
Não podemos ignorar que as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação
(TDICs) possuem um enorme potencial para facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos
educandos, em especial, os com deficiência, pois a capacidade de adaptação ao usuário é
amplamente desenvolvida. Desta maneira, a comunicação entre professor e aluno pode ser
melhor compreendida e objetiva, sendo que como salientam Manzini e Deliberato (2006, 2
p.4),

a criança ou jovem que esteja impedido de falar, poderá comunicar-se com


outras pessoas e expor suas ideias, pensamentos e sentimento, se puder
utilizar recursos especialmente desenvolvidos e adaptados para o meio no
qual está inserido.
Completando essa reflexão, Markova (2000) pontua que as pessoas aprendem de
maneiras distintas e possuem tempos diferentes para se apropriarem de um determinado
conteúdo. Logo, o uso das TDICs devem ser centrados no discente e no que o mesmo pode
oferecer, desenvolvendo suas potencialidades. Assim, não é o aluno que deve se adaptar ao
meio, mas o docente oferecer o suporte tecnológico que melhor se adapta a determinado
aluno.
Com isso, torna-se inevitável não pensar no uso das TDICs na educação de pessoas
com deficiência que, diante as necessidades educacionais específicas que apresentam,
necessitam, em certos momentos, de um suporte tecnológico para desenvolver diversas
habilidades.
Nesse panorama, a educação inclusiva sinaliza um novo conceito de educação
especial a partir da Política Nacional de Educação na Perspectiva da Educação Inclusiva
(BRASIL, 2008). Destaca-se que as novas práticas de ensino levem em consideração as
especificidades de cada educando, como suas capacidades. Abordando novos meios e práxis
na perspectiva dessa educação, as TDICs surgem como uma vantagem à educação, por
possuir uma grande quantidade de hardwares e softwares capazes de se adaptarem as
diversidades e particulares dos alunos.
Diante essas reflexões, levantamos a seguinte questão-problema: qual a importância
das TDICs na educação como um todo e, também, para com as pessoas com deficiência?
Em face deste questionamento, este estudo tem por objetivo analisar e discutir
questões a respeito da influência das TDICs na educação, destacando o ensino-
aprendizagem das pessoas com deficiência, além de apresentar um breve percurso histórico
da relação entre tecnologia e educação.
Portanto, por abordar a importância do ato de ensinar/aprender e sua influência
pelas TDICs, o presente estudo justifica-se pela necessidade de analisar e compreender as
vertentes que possam influenciar a qualidade do ensino e permite desenvolver uma postura
crítica e reflexiva deste processo educacional.
A estrutura teórico-metodológica que compôs este estudo, de natureza qualitativa,
foi fundamentada na pesquisa bibliográfica, buscando suporte em autores como Vygotsky
(1994), Green (2000), Setzer (2000), Cunha (2010), Valente (1991, 1996), Skliar (2006),
Mantoan (2000), entre outros. Para tanto, foram consultados livros, revistas pedagógicas,
jornais e artigos científicos, com a pretensão de levantar teorias, interpretações e análises
diversas relacionadas ao tema, bem como construir os próprios argumentos.

2. Um breve olhar histórico sobre a relação entre tecnologia e educação 3


Ao lançar um olhar histórico sob a relação entre educação e tecnologia, que deriva da
palavra “técnica”, percebe-se que não é algo tão novo e tão moderno assim. Se voltarmos às
civilizações clássicas, como os gregos, percebe-se que as relações entre trabalho intelectual
(educação) e trabalho manual (técnica), delimitavam fronteiras e categorias de
conhecimentos, cujo valor e importância determinavam quem você era e a que categoria de
pessoa você pertencia.
Na Grécia, onde se desenvolveu explicações racionais para questões pertinentes à
natureza e ao mundo dos homens, originou-se as definições de teoria (theoreo) e técnica
(techné). “Theoreo, para os gregos, significava ver com os olhos do espírito, contemplar e
examinar sem a atividade experimental. Techné estava ligada a um conjunto de
conhecimentos e habilidades profissionais” (GRINSPUN, 1999, p.49).
Nesse contexto foram observados os conceitos de Platão e Aristóteles sobre o termo
“técnica”. Primeiramente Platão define dando-lhe o significado de uma realização material e
concreta; Aristóteles não foi muito além dessa conceituação, pois, entendia a “técnica”
como um conhecimento prático que objetiva um fim concreto (SILVA, 2012).
Conforme suas origens na Grécia antiga, a tecnologia é o conhecimento científico
(teoria) transformado em técnica (habilidade). Esta, por sua vez, irá ampliar a possibilidade
de produção de novos conhecimentos científicos. “A tecnologia envolve um conjunto
organizado/sistematizado de diferentes conhecimentos científicos, empíricos e até intuitivos
voltados para um processo de aplicação na produção e na comercialização de bens e
serviços” (GRINSPUN, 1999, p.51).
Analisando em um sentido mais amplo, observamos que toda técnica ou recurso
utilizado para realizar alguma operação ou processamento sobre algum tipo de informação
configura uma tecnologia da informação, desse modo justifica-se a relação do termo
informação com os fatos ou dados, geralmente fornecidos a uma máquina.
Vargas (1994) afirma que na atualidade houve um alargamento do significado desse
termo; ele acabou tendo vários enfoques com finalidades diferentes, em busca de solução
para problemas específicos de áreas diferentes. Assim, o termo tecnologia tem sido usado
para designar: a) técnica; b) máquinas, equipamentos, instrumentos, a fabricação, a
utilização e o manejo dos mesmos; c) estudos dos aspectos econômicos da tecnologia e seus
efeitos sobre a sociedade. Segundo o autor ambos os empregos do termo estão
equivocados; para ele, tecnologia no sentido que é dado pela cultura ocidental é a
“aplicação de teorias, métodos e processos científicos às técnicas” (Vargas, 1994, p.225).
Atualmente, é inevitável a associação do termo TDICs com a informática, rede de
computadores, internet, multimídia, banco de dados e outros recursos oferecidos pelo
computador. Todas as demais tecnologias (telefone, rádio, TV, vídeo, áudio, entre outras),
que antes eram utilizadas separadamente, hoje foram todas integradas através do
computador e seus periféricos, como as câmaras de vídeo, impressoras, conexão à Internet,
leitores e gravadores de discos óticos, sistemas de áudio, estações de rádio e TV acessíveis
via Internet, dentre outros (MORAES, 1997).
A Tecnologia da Informação ou a conhecida nova Tecnologia Digital de Informação e 4
Comunicação (TDICs) são resultado da fusão de três vertentes técnicas: a informática, as
telecomunicações e as mídias eletrônicas. Elas criaram um encantamento no meio
educacional, as possibilidades novas, alardeadas pelos teóricos e governos, que oferecem
nesse campo são inúmeras, principalmente em relação aos conceitos de espaço e distância.
Exemplos são as redes de computadores e o telefone celular.
A integração dessas tecnologias tornou possível o armazenamento da informação sob
as mais diversas formas e meios, assim como sua transformação de uma forma em outra
com muita facilidade, desse modo, verificamos que a informação atingiu um status de
extrema relevância para a sociedade contemporânea. A capacidade de armazenar, processar
com velocidade e precisão, e disponibilizar um grande volume de informações, de forma
instantânea e flexível passou a ser um fator crítico de sucesso e até mesmo de sobrevivência
para as organizações (ALBERTIN e ALBERTIN, 2005).
As atividades tecnológicas devem ter seu desenvolvimento entendido em estreita
relação com as determinações sociais, políticas, econômicas e culturais. Essas atividades
constroem uma relação do homem com a natureza. É o esforço humano em criar
instrumentos que superam as dificuldades das barreiras naturais.
Neste aspecto, pode-se afirmar que a história do homem e da técnica estão
entrelaçadas e que a técnica é tão antiga quanto o homem. Ela, a técnica, tem sua origem
com a utilização de objetos naturais que se transformaram em instrumentos. Estes vão se
complexificando no decorrer do processo de construção da sociedade humana.

3. Influências das TDICs na educação


As grandes mudanças que ocorreram na educação e, mais precisamente, na prática
pedagógica, estão de certo modo ligadas às transformações que se deram nos meios de
comunicação, da educação realizada através da oralidade e da imitação ao ensino através da
linguagem escrita, tendo como seu principal suporte o livro impresso e os recursos
computacionais hoje disponíveis.
Para Valente (1996) a sociedade do conhecimento exige um homem crítico, criativo,
com capacidade de pensar, de aprender a aprender, trabalhar em grupo e de conhecer o seu
potencial intelectual. Esse indivíduo deverá ter uma visão geral sobre os diferentes
problemas que afligem a humanidade, como os sociais e ecológicos, além de profundo
conhecimento sobre domínios específicos. Em outras palavras, um homem atento e sensível
às mudanças da sociedade, com uma visão transdisciplinar e com capacidade de constante
aprimoramento e depuração de ideias e ações.
Nesse aspecto Moraes (1997) salienta que o desenvolvimento da sociedade depende,
hoje, da capacidade de gerar, transmitir, processar, armazenar e recuperar informações de
forma eficiente. Por isso, a população escolar precisa ter oportunidades de acesso a esses
instrumentos e adquirir capacidade para produzir e desenvolver conhecimentos utilizando as
TDICs. Isto requer a reforma e ampliação do sistema de produção e difusão do
conhecimento, possibilitando o acesso à tecnologia. Entretanto, o simples acesso à
tecnologia, em si, não é o aspecto mais importante, mas sim, a criação de novos ambientes
de aprendizagem e de novas dinâmicas sociais a partir do uso dessas novas ferramentas. 5

No entanto, a busca por uma compreensão mais ampla sobre a necessidade de


educação e as novas perspectivas na área das TDICs devem permear não somente as
instituições de ensino, mas as políticas públicas de inclusão, tanto social como digital, pois
ambas se completam e seus papéis se fundem na intenção de buscar novas informações e
conhecimentos, sobretudo, da eficácia que a tecnologia traz quanto as suas características
de registro, recuperação e atualização instantânea de informações.
Sendo assim, faz-se necessário a inclusão tecnológica no ensino, pois esta possibilita
aprendermos a colocar em prática novos temas sob novas perspectivas. Além disso, as TDICs
tem sua importância na educação não apenas no tocante ao desenvolvimento do processo
de ensino-aprendizagem, mas também nas mudanças de habilidades sociais dos educandos
e de paradigmas do mundo do trabalho para formar novos profissionais, cuja demanda
requer que a escola busque interatividade e mantenha a implantação de novas tecnologias.
Portanto, as TDICs representam um mecanismo de acesso à informação e também
produção, fazendo-se necessário o domínio do manuseio de softwares como, por exemplo,
editor de texto, planilha eletrônica, software de apresentação e navegadores Web, dentre
outros.

3.1. Um olhar prospectivo sobre as TDICs na educação


A educação precisa ser vista como um processo social de formação humana que se
assenta sobre fundamentos, princípios e diretrizes para norteá-la, dando consistência às
ações educacionais realizadas pelas escolas. Para que toda essa ascensão na formação e
aprendizagem dos alunos aconteça, a sociedade contemporânea sinaliza para a exigência de
uma educação diferenciada, uma vez que a tecnologia está presente nas diferentes esferas
da vida social (DOMINGUES, TOSCHI e OLIVEIRA, 2000).
Nas últimas décadas, o desenvolvimento científico e tecnológico transformou a vida
social e causou profundas alterações no processo produtivo que se intelectualizou e
tecnologizou passando a exigir um novo profissional, mais dinâmico e comunicativo capaz de
se adaptar em diferentes divisões de trabalho.
A formação desse novo profissional exigido no mundo do trabalho precisa e deve
iniciar na escola. Nesse sentido, Domingues, Toschi e Oliveira (2000) defendem que é preciso
integrar na formação básica do aluno, ferramentas tecnológicas como a informática, o uso
da televisão, do vídeo, do rádio, da internet, fazendo-se necessário investir na infraestrutura
das TDICs nas escolas.
Portanto, as TDICs são responsáveis pelo desenvolvimento do educando como
também uma ferramenta auxiliar de outras áreas do conhecimento humano, relevante para
a contribuição de uma melhor qualificação desse aluno.
Collins e Brown (1986) destacam que devido à função do computador registrar e
representar os processos estudados, este pode transformar-se em uma poderosa
ferramenta motivadora ao estudante, pois chama a atenção ao fazê-lo interpretar tais
processos, gerando um aprendizado através da reflexão. A tecnologia se apresenta como um 6
potencial fator para favorecer a aprendizagem, além de obter outros proveitos, como, por
exemplo, a qualificação do próprio corpo docente.
Kozma e Anderson (2002) afirmam que muitas instituições de ensino, nos países em
desenvolvimento, também utilizam de computadores e tecnologias afins como ferramentas
de apoio às atividades de sala de aula e as que ainda não as utilizam deveriam estar bastante
preocupadas com o fato.
Para Green (2000) toda esta discussão sobre o papel das TDICs na educação, indo
desde a utilização básica das mesmas até a função da informática no auxílio à pesquisa, é
recorrente no meio acadêmico. O autor ainda completa que desde o computador até o
wireless e os palmtops, a infusão massiva de instrumentos computacionais e da velocidade
da Internet tem melhorado a natureza do ensino.
Ampliando as considerações sobre este tema, Wang, Wu e Wang (2009), destacam
que o uso das TDICs podem contribuir para incrementar a aprendizagem, notadamente,
quando aliada a um centro de instrução ou laboratório de tecnologia para o estudante.
Setzer (2000) afirma que não há dúvidas de que os computadores aceleram o
desenvolvimento escolar das crianças e dos jovens.
Ainda nesse contexto, Burton e Guam (2006) afirmam que a inserção da tecnologia
nas escolas proporciona a “abertura da mente” do estudante, a partir do momento em que
ele começa a aprender conceitos e técnicas novas, possibilitando o surgimento de boas
oportunidades no futuro social, educacional e profissional.
Nessa perspectiva, a educação assume um papel importante na sociedade em que se
prioriza o desenvolvimento e o domínio de determinadas habilidades. A mesma precisa estar
conectada aos novos espaços de aprendizagem e produção do conhecimento possibilitado
pelas TDICs. Portanto, devemos pensar em uma educação que privilegie as novas
tecnologias, presentes em massa no cotidiano da sociedade atual.

4. O contexto das TDICs na educação especial


Como já sabemos, atualmente, muito se discute sobre as práxis docentes por meio
das TDICs, que além de favorecer determinador comportamentos, traz grande influencia nos
processos de ensino-aprendizagem de todo o educando. Utilizando planejadamente e
adequadamente os meios tecnológicos, pode-se favorecer o desenvolvimento e aprendizado
do aluno com deficiência, contribuindo também para o processo de inserção do mesmo no
âmbito educacional.
Mantoan (2000), educadora e pesquisadora referência em assuntos que abordam a
inclusão de pessoas com deficiência nas escolas regulares, salienta que:

[...] para se tornarem inclusivas, acessíveis a todos os seus alunos, as


escolas precisam se organizar como sistemas abertos, em função das trocas
entre seus elementos e com aqueles que lhe são externos. Os professores
precisam dotar as salas de aula e os demais espaços pedagógicos de
recursos variados, propiciando atividades flexíveis, abrangentes em seus
objetivos e conteúdos, nas quais os alunos se encaixam, segundo seus
7
interesses, inclinações e habilidades [...] (p.02).

Ou seja, as TDICs são recursos altamente estimulantes, instigantes e atrativos para


que o aprendizado dos discentes com deficiência consiga fluir naturalmente, sem criar
traumas para com esses indivíduos nas escolas regulares, além de favorecerem a cooperação
entre os educandos.
Segundo Zulian e Freitas (2001), os ambientes de aprendizagem que se baseiam em
tecnologias, compreendendo o uso da informática, dos computadores, da internet e demais
mecanismos/recursos de linguagens digitais, proporcionam atividades com propostas
educacionais diferenciadas, desafiadoras e interessantes que favorecem a fomentação de
um conhecimento buscado, explorado e questionado pelo aluno, um conhecimento crítico e
proposto de soluções.
Promover uma aprendizagem atrativa, significativa e contextualizada é de suma
importância e necessária em uma proposta inclusiva. Deve-se propiciar ao aluno com
deficiência a oportunidade de interagir, criar, pensar e aprender, dando acesso a todas as
tecnologias que o auxiliem a superar barreiras, a valorizar suas potencialidades e que crie
um ambiente equitativo. Assim, cabe ao docente, utilizar-se destes instrumentos de maneira
responsável e criativa, valorizando a diversidade de cada um, aproximando todos os alunos a
realidade que os cercam.
Sendo assim, a prática docente se desvencilha de seu aspecto limitador, criando
possibilidades, linhas de fuga que favoreçam o ensino. Skliar (2006) afirma que o professor
que trabalhar com a inclusão deve ampliar seu olhar no sentido de que não reproduza uma
prática engessada, realizando a metamorfose de sua experiência docente.
O uso das TDICs na ação docente se configura como um desses meios, sendo
discutido por vários autores, como Valente (1991), por exemplo, no qual destaca a validade
do uso do computador pelos alunos com deficiência. Acredita-se que esse recurso possa
auxiliar os alunos que apresentam necessidades educacionais específicas, independente do
grau destas, pois o aparato tecnológico citado é composto de diversas ferramentas que
podem proporcionar um trabalho lúdico-pedagógico se mediado por um profissional
qualificado.
Valente (1997 apud ZULIAN e FREITAS, 2001) salienta que:

O computador significa para o deficiente físico um caderno eletrônico; para


o deficiente auditivo, a ponte entre o concreto e o abstrato; para o
deficiente visual, o integrador de conhecimento; para o autista, o mediador
da interação com a realidade; e, para o deficiente intelectual, um objeto
desafiador de suas capacidades intelectuais (s/p).

Trouxemos à tona, brevemente, a questão do computador como um recurso


tecnológico importante para o ensino-aprendizagem dos educandos com deficiência, mas
cabe destacar, que as diversas mídias existentes, podem promover situações de
aprendizagem que favoreçam a fomentação do conhecimento de maneira mais colaborativa,
participativa, atrativa e significativa para todos os alunos. 8
Incentivando e promovendo tais situações estaremos colaborando para a busca de
uma escola inclusiva, cooperativa, independente, responsável e comprometida com suas
premissas de formação, assim como Mantoan (2000, p.58) explicita,
[...] em uma palavra, precisamos somar competências, produzir tecnologia,
aplicá-la à educação, à reabilitação, mas com propósitos muito bem
definidos e a partir de princípios que recusam toda e qualquer forma de
exclusão social e toda e qualquer atitude que discrimine e segregue as
pessoas, mesmo em se tratando das situações mais cruciais de apoio às
suas necessidades.

Acreditamos que esta deveria ser a função de todos, desde os profissionais da


educação como de toda a sociedade.
Portanto, não pretendemos traçar “receitas mágicas” para a inclusão escolar,
tampouco criar modelos e formas de ensinar àqueles que possuem uma diversidade na
paisagem corporal e cognitiva, ou formas de aprendizagens diversas. O que tratamos aqui é
pensar a escola como um lugar de encontros de sujeitos, a escola como um território de
potência, onde as TDICs se bem utilizadas podem impulsionar esse processo. Nesse sentido,
é pensar a instituição de ensino enquanto um espaço de todos e para todos, pois se um
lugar não é acessível a todas as pessoas, esse lugar é ineficiente.

5. Considerações finais
Que as tecnologias já fazem parte massivamente em nosso dia a dia, disso nós já
sabemos e temos certeza e, por esse motivo, encontramos nela a oportunidade de utilizá-la
da melhor maneira possível, de forma que as pessoas possam ser beneficiadas.
O presente estudo demonstrou que muitos especialistas defendem o uso da
tecnologia na educação. Enfatizam que é preciso mudar profundamente os métodos de
ensino para promover a capacidade reflexiva, o desenvolvimento da potencialidade dos
educandos, em especial, os com deficiência, ao invés de só utilizar as TDICs como acessório
comum.
Bianchi (2008) destaca que não é simples a inserção de tecnologias na educação, pois
o docente pode usar tais meios para apenas reproduzir velhas práticas pedagógicas.
Portanto, além de incluir o uso das TDICs na educação, é necessário repensar não só as
práticas pedagógicas, mas também a atuação do docente diante a realidade educacional que
vivemos atualmente.
À vista de todos os pressupostos apresentados, enfatizamos a necessidade de viabilizar a
educação através dos recursos digitais, voltamos principalmente para os alunos com
deficiência. Desenvolver este trabalho abordando as TDICs, a educação e a inclusão deste
público foram de suma importância, pois é possível perceber que podemos fazer mais por
uma educação inclusiva e de qualidade por meio dos aparatos tecnológicos. E, acreditamos
que a tecnologia, se bem utilizada, é um excelente recurso de desenvolvimento cognitivo, 9
social e de ensino-aprendizagem para todos os alunos.
Afinal, o caminho continua e o conhecimento não cessa de ser produzido, inventado,
reinventando-se pelos caminhos traçados. Assim, no universo das miudezas vamos tecendo
outro perfil de escola, uma escola adepta ao uso das TDICs, de sujeitos possíveis, que instala
esperança, autoriza sonhos, e nos faz dois, três, quatro, mais do que um.
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