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Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática

Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

IDENTIFICAÇÃO DE CLASSES DESCONHECIDAS EM SINAIS DE SONAR PASSIVO ATRAVÉS DE COMPONENTES


PRINCIPAIS

RODRIGO MORAIS GUEDES*, JOÃO B. DE O. E SOUZA FILHO*

*Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, Unidade Maracanã


Av. Maracanã 229, Maracanã
Rio de Janeiro, RJ, Brasil

EMAILS: RODCAVALERA@BOL.COM.BR, JSOUZA@CEFET-RJ.BR

Abstract Automatic Contact Classification System (ACCS) is a useful decision support tool for sonar operators to identify
threats during submarine operation. Novelty Detection System (NDS) is an important complementary tool to recognize contacts
belonging to unknown classes to which special attention should be dispensed for him. This work analyses the development on an
unknown class recognition system based on principal components. A new scheme using principal components specialized on
known classes is developed to identify novelty. Using real data, acquired in an acoustic ray, the proposed system achieves an av-
erage efficiency of recognition of unknown classes of 62.9%, which represents an expressive result.

Keywords Passive sonar, Novelty Detection, PCA, Decision Support Systems, Pattern Recognition

Resumo Sistemas de classificação automática de contatos (SCAC) constituem uma importante ferramenta de apoio à decisão
para operadores de sonar na identificação de ameaças durante a operação de submarinos. Sistemas de detecção de novidades
(SDN) são uma importante ferramenta complementar para o reconhecimento de contatos pertencentes a classes desconhecidas,
para as quais atenção especial deve ser por ele dispensada. Esta trabalho analisa o desenvolvimento de um sistema de identifica-
ção de classes desconhecidas utilizando componentes principais. Um novo esquema utilizando componentes principais especia-
lizadas nas classes conhecidas é desenvolvido para a identificação de novidades. Utilizando dados reais, obtidos em raia acústi-
ca, o sistema proposto apresenta uma eficiência média de identificação de novas classes de 62,9%, o que representa um resulta-
do expressivo.

Palavras-chave Sonar passivo, Detecção de novidades, PCA, Sistemas de Suporte a Decisão, Reconhecimento de Padrões

seados em técnicas de Inteligência Computacional [3,


4, 5].
1. Introdução Face às restrições de ordem prática, econômica
e política, bem como a riqueza dos cenários ambien-
Sistemas de sonar passivo são comumente utili- tais e condições operativas, sistemas de classificação
zados por submarinos em atividades operacionais de automática de contatos, quando aplicados em cená-
ronda desempenhadas pela Marinha do Brasil para a rios reais, deparar-se-ão, provavelmente, como em-
proteção da costa do país. Diferentemente do sonar barcações desconhecidas, que podem pertencer, in-
ativo, o sonar passivo apenas registra os sons capta- clusive, a novas classes, visto a impossibilidade de
dos do ambiente de entorno do submarino, dificul- suas bases de desenvolvimento contemplar todas as
tando a identificação do submarino por outras possí- classes e os cenários operativos possíveis.
veis embarcações inimigas. Assim, adicionalmente a um sistema de classifi-
cação automática de contatos, é de extrema relevân-
A operação do sonar passivo é realizada por cia, em cenários de operação real, um sistema de
uma pessoa treinada, conhecida como operador de identificação de novidades que sinalize ao operador
sonar, que identifica e analisa os ruídos captados no de sonar quando um evento não pertença a uma das
entorno do submarino, identificando e classificando classes com as quais o sistema de classificação foi
possíveis contatos através de suas características de desenvolvido e, portanto, para o qual, a indicação do
sonoridade peculiares, as quais são referidas como contato mais provável deve ser vista com cautela,
assinaturas acústicas. evitando-se assim um possível ataque a uma embar-
A tarefa de classificação de contatos não é trivi- cação inofensiva, bem como a situação contrária.
al, face ao grande número de contatos possíveis, as Em virtude da complexidade dos sinais en-
questões ambientais associadas e a responsabilidade volvidos, sua alta-dimensionalidade, o número ex-
intrínseca da tarefa. Deste modo, razoável esforço pressivo de eventos disponíveis na base de dados,
vem sendo aplicado no desenvolvimento de ferra- bem como a necessária operação em tempo real de
mentas complementares às análises LOFAR (LOw sistemas de apoio à decisão no âmbito de sonar pas-
Frequency Analysis and Recording) [1] e DEMON sivo, a técnica de Análise de Componentes Principais
(DEMOdulated Noise) [2], em especial no que tange (PCA) se mostrou atrativa para o problema, visto sua
sistemas de classificação automática de contatos ba- eficácia na compactação com retenção de informação
relevante à caracterização dos dados [6], bem como

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custo computacional compatível com a operação em ~


através da decomposição de R em autovalores e
tempo real do sistema. autovetores. Deste modo, os componentes principais
Usualmente, detectores de novidades baseados
em PCA são baseados no erro de reconstrução come- correspondem aos autovetores e1 ... e N associados
tido na reconstrução do evento de entrada para um aos autovalores 1 ... N , ordenados de forma de-
dado número de componentes principais. Assim, caso
este erro seja superior a dado limiar, o evento é con- crescente, isto é: 1 > 2 >...  N .
siderado pertencente a uma classe desconhecida.
Ainda que este procedimento seja simples, costuma
ser bem sucedido [7], ainda que em problemas menos 3. Detecção de Novidades por PCA
complexos e de dimensionalidade mais reduzida.
A proposta deste artigo é desenvolver e analisar A capacidade de identificar conceitos novos a
um sistema de identificação de classes desconhecidas medida que dados, normalmente provenientes do
em sinais de sonar passivo baseada em componentes mundo real, são recebidos, recebe, na área de Apren-
principais. Três detectores de novidades baseados em dizado de Máquina (AM), a denominação de Detec-
PCA são propostos e tem seu desempenho compara- ção de Novidade (DN) ou Novelty Detection [9].
do utilizado dados reais. Diferentes problemas de variadas áreas empre-
A estrutura do artigo é a que se segue: inicial- gam detectores de novidades, a saber: identificação
mente, tem-se uma rápida abordagem da técnica de de falhas em máquinas [10], identificação de novos
análise de componentes principais. Posteriormente, é tópicos em textos [7], reconhecimento de objetos em
descrita como a detecção de novidades pode ser rea- vídeos e a segmentação de dígitos manuscritos [11].
lizada utilizando componentes principais, as propos- A detecção de novidades é, usualmente, um
tas analisadas neste trabalho, bem como o indicador problema complexo, não havendo um critério univer-
proposto para a definição da complexidade dos de- sal e ótimo. Assim, o desempenho das variadas técni-
tectores de novidade propostos. Em seguida, tem-se cas disponíveis [12] é usualmente dependente do
uma descrição da base de dados. Por fim, são apre- problema e das especificidades da base de dados uti-
sentados os resultados, as conclusões e agradecimen- lizada para seu desenvolvimento.
tos. As três modalidades de detectores aqui conside-
rados serão apresentadas a seguir. Em seguida, o pro-
2. PCA cesso de dimensionamento dos mesmos será discuti-
do.
A Análise de Componentes Principais ou Prin-
cipal Component Analysis (PCA) [8] é um método 3.1 Detector de Novidade Único
estatístico que se utiliza de uma transformação orto-
gonal para converter um conjunto de observações de A detecção de novidade baseada em PCA é,
variáveis possivelmente correlacionadas em um novo normalmente, baseada no erro de reconstrução, que é
conjunto de observações com variáveis descorrelaci- obtido através da compactação e descompactação dos
onadas. eventos de entrada num conjunto finito de componen-
Esta transformação possui uma interpretação tes PCA.
geométrica interessante, tendo em vista que a produ- Seja W, de dimensão N x P, cujas colunas são
ção destas novas variáveis de faz pela projeção dos definidas pelas componentes principais extraídas para
dados em direções conhecidas como componentes um conjunto de dados conhecidos. Note que P é usu-
principais. Estas direções são ortogonais entre si e almente muito menor que N e deve ser sintonizado
possuem a propriedade de maximizar a variância das para máxima eficácia, conforme será descrito poste-
projeções dos dados, logo resultam numa compacta- riormente. O erro de reconstrução obtido para um
ção linear ótima em termos do erro médio quadrático vetor de entrada genérico x segundo esta proposta é
[6]. dado por:
Adicionalmente, como a maior parte da variân- 2
cia das projeções se concentra em um pequeno núme- e  (I  WW T )(x  μ) (1)
ro de componentes, a PCA permite uma redução ex-
onde μ corresponde a média dos dados extraída no
pressiva do quantitativo de variáveis utilizado. Seja
uma matriz de dados X, cujas colunas representam as processo produção das componentes principais.
variáveis; e as linhas, os eventos de interesse (um Para a identificação de novidades, caso o valor
total de M exemplares). Os componentes principais de e seja superior a um limiar arbitrário (), identifi-
são derivadas da matriz de correlação experimental ca-se o evento como novidade. O pressuposto desta
~ técnica é que como as componentes principais são
dos dados ( R ), definida por:
ótimas no sentido da representação linear dos dados,
~ 1 o erro obtido quando o detector é submetido a even-
R (X  μ X )T (X  μ X ) (1) tos de classes desconhecidas tende a ser maior do que
M 1 aquele obtido para aqueles de classes conhecidas, isto

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é, aquelas sob as quais foram extraídas as componen- se vencedora é calculado, explorando-se, no entanto,
tes deste detector. a especialização nas classes conhecidas.

3. 2 Detector de Especializado
3.3 Dimensionamento dos Detectores de Novidade
Visto que a eficácia do detector baseado em
PCA está diretamente relacionada à qualidade de Dois parâmetros fundamentais e interdependen-
representação das classes de dados, a adoção de de- tes na operação dos detectores anteriormente apre-
tectores especializados, isto é, considerando compo- sentados são: o número de componentes principais
nentes extraídas exclusivamente para cada classe adotadas e o limiar de decisão.
conhecida, ou mesmo, para subclasses e partições Considerando um número arbitrário de compo-
correspondentes, pode levar a um melhor mapeamen- nentes de principais e, inicialmente, duas classes
to e, consequentemente, a uma melhor eficácia. (uma conhecida e outra desconhecida), a distribuição
Assim, supondo um problema de K classes co- da variável de decisão do detector possui formato
nhecidas, pode-se considerar a extração de compo- similar ao apresentado na Figura 1, comportando-se,
nentes principais para cada classe isoladamente, re- naturalmente, como um detector binário [8]. Por con-
sultando na produção de erros de reconstrução con- sequência, para o limiar indicado, tem-se uma proba-
forme as equações: bilidade de detecção (PD) da classe conhecida e de
2 reconhecimento da classe desconhecida (PDN): o
e1  (I  W1W1T )(x  μ1 ) primeiro definido pelo quantitativo de eventos da
 (2) classe conhecida que produz uma saída abaixo do
2 limiar; enquanto o segundo, por aqueles da classe
eK  (I  WK WKT )(x  μ K ) desconhecida que originam uma saída acima do limi-
onde W1 a WK são matrizes cujas colunas são defi- ar.
nidas pelas componentes principais extraídas para
cada classe, bem como μ1 a μ K são os vetores mé-
dios de cada classe.
Note que cada classe pode utilizar um dado nú-
mero de componentes, porém, para uma maior sim-
plicidade, nesta proposta foi considerada uma mesma
complexidade para todas elas, a qual foi ajustada por
validação cruzada.
Dois critérios foram considerados para a utiliza-
ção dos erros especializados no processo de identifi-
cação de novidades: Figura 1: Distribuição da variável de decisão da saída do detector
para a classe conhecida e desconhecida.
a) Critério de Erro Mínimo:
Da observação da Figura 1, pode-se perceber
Neste caso, para cada um dos K erros produzi- que para cada valor de limiar escolhido, tem-se um
dos, identifica-se o menor deles, que será comparado par PD e PDN. De posse de vários valores de limiar,
com o limiar arbitrado para a identificação de novi- é possível traçar uma curva, aqui referida como de
dades. Este critério pressupõe que o detector mais qualidade do detector de novidade, cuja área com o
adequado para a identificação de um vetor como no- eixo pode ser utilizada com medida de qualidade, a
vidade é aquele que melhor representa o próprio ve- semelhança da curva ROC [13], conforme ilustrado
tor, isto é, o que produz o menor valor de erro. na Figura 2Erro! Fonte de referência não encon-
trada.. Numa situação ideal, a área desta curva seria
b) Critério do Centróide Mais Próximo: 1, representando 100% de PD e PDN.

Segundo este critério, primeiro, identifica-se a


classe mais provável da qual o evento é proveniente.
Para esta identificação se considera a menor distância
ao centro de cada classe, que corresponde, portanto,
aos vetores μ1 a μ K . Após, produz-se apenas o erro
associado à classe vencedora, que é comparado com
o limiar associado à identificação de novidade.
Como principal vantagem deste método em rela-
ção à proposta anterior, tem-se o custo computacio-
nal inferior, visto que apenas o erro associado à clas-

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de referência não encontrada., também utilizada


em outros trabalhos [14].

Figura 3: Cadeia de pré-processamento. Extraído de [14].

Segundo esta cadeia, o sinal adquirido (fre-


quência de amostragem de 22,05 kHz) é dividido em
Figura 2: Curva de qualidade de um detector de novidades arbitrá- janelas de 4096 amostras, que não apresentam super-
rio (Vide texto). posição, o que corresponde a um trecho com, apro-
ximadamente, 186 ms de duração.
Num problema com múltiplas classes conheci- Cada janela espectral é submetida a um janela-
das e desconhecidas, a generalização da área da cur- mento de Hanning [15], que possui o objetivo de
va de qualidade do detector para mais que 2 classes minimizar os efeitos espectrais do recorte do sinal.
não é trivial. Assim, uma possibilidade é adoção da Posteriormente, o módulo de sua transformada
área média das curvas de qualidade, definida por: de Fourier é determinado. Dos 4096 valores disponí-
veis, são considerados os primeiros 557, os quais
1
am 
n A nB
 a
iA jB
i, j (3)
cobrem a faixa de 0 a aproximadamente 3 kHz, pos-
suindo uma resolução de, aproximadamente, 5,4 Hz
por ponto espectral. Esta faixa de frequência foi es-
onde A e B representam o conjunto de índices associ- colhida por concentrar as informações mais relevan-
ados as classes conhecidas e desconhecidas; n A e tes a respeito das máquinas em operação no interior
nB , o número de elementos dos conjuntos A e B e dos contatos [16].

ai , j representa área da curva de qualidade para o par Na sequência, os pontos espectrais são submeti-
de classes de índice i e j. dos ao algoritmo TPSW (Two-Pass Slit Window)
Deste modo, através da área média das curvas [17], o qual estima o ruído de fundo do ambiente de
de qualidade para cada componente, é possível pro- medição, já que este não contribui, de forma signifi-
duzir uma figura de mérito para o detector em função cativa, para a classificação. Os parâmetros utilizados
do número de componentes principais adotadas, es- foram N = 50, P = 4 e α = 20, sendo a escolha basea-
colhendo-se, assim, um número de componentes que da e, resultados apresentados em [16].
maximize a área desta curva ou que represente um Finalmente, é realizada uma normalização do
compromisso interessante entre complexidade e efi- espectro resultante para que este apresente energia
ciência. unitária, o que resulta entre 2432 (classe A) até 7075
Uma vez definido o quantitativo de componen- (classe E) janelas espectrais.
tes, define-se o limiar de decisão de novidade, consi-
derando-se uma probabilidade mínima de detecção 5. Resultados
das classes conhecidas arbitrária.
Para o desenvolvimento, dimensionamento e
4. Base de dados avaliação dos detectores de novidade baseados em
PCA, a base de dados foi dividida, classe-a-classe,
Este projeto se utilizou uma base de dados dis- em 3 conjuntos: desenvolvimento, validação e teste:
ponibilizada pelo Instituto de Pesquisas da Marinha o primeiro, destinado a extração das componentes; o
do Brasil (IPqM) [14], o IPqM. segundo, para a definição do número de componentes
Esta base é constituída pelo ruído irradiado de e do limiar de novidade; e, por fim, o terceiro, para
25 navios pertencentes a 8 classes distintas, contendo estimar o desempenho final. Os eventos foram divi-
de 2 a 5 navios cada uma. Um total de 263 corridas didos aleatoriamente entre os conjuntos, segundo as
de prova obtidas em raia acústica (ambiente de medi- seguintes proporções aproximadas: 70% (desenvol-
ção controlado, com número finito de variáveis moni- vimento), 10% (teste) e 20% (validação).
toradas) está disponível. Em cada corrida, o navio Das 8 classes disponíveis, foram escolhidas me-
percorre a raia acústica se deslocando em condições tade como conhecidas (A,B,C e H); e a outra metade,
de maquinaria e operação constantes. Cada navio como desconhecidas (D, E, F e G), em concordância
realiza ainda diferentes corridas, cada uma em uma com trabalhos anteriores.
condição operativa diferente. O dimensionamento dos 3 detectores sob
Os sinais adquiridos foram pré-processados a avaliação foi baseado análise da curva média de
partir da cadeia apresentada na Figura 3Erro! Fonte qualidade do detector por número de componentes,
juntamente com a curva de qualidade do detector

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individual de cada classe, ambas derivadas com base


no conjunto de validação. Para os detectores
especializados, uma mesma complexidade foi
escolhida para cada classe.
Na Figura 4 são apresentadas apenas as curvas
médias de qualidade do detector, sendo também
indicadas as complexidades escolhidas para cada
enfoque sob avaliação. Para o detector único, a
escolha foi de 75 componentes; para o especializado
baseado em erro mínimo, 142; e, para o especializado
baseado em centróide, 200.
Figura 5: Gráfico relacionando os valores de detecção das classes
conhecidas (PD) e de reconhecimento de classes desconhecidas
(PDN) por valor de limiar.

De posse dos resultados da Figura 5, foram es-


colhidos os seguintes limiares: 0,1567; 0,16; 0,1714 e
0,1853, considerando os valores de 60%, 70%, 80%
e 90% como de detecção mínima de classes conheci-
das.
A avaliação final do detector de novidades foi
baseada no conjunto de teste. Na Figura 6 são exibi-
dos os valores de detecção das classes conhecidas
(PD) por valor de detecção mínima, ou seja, de limiar
de detecção de novidades escolhido. Adicionalmente,
Figura 4: Valores da área média sob a curva de qualidade do de- o valor médio de PD para as 4 classes conhecidas é
tector versus o número de componentes para os diferentes detecto- exibido em cada caso.
res sobre avaliação.

Através da curva, pode-se perceber que o


detector de melhor desempenho é o especializado
baseado em erro mínimo, tanto pelo valor de área
obtido (0.782) quanto pelo número de componentes
envolvido (75), o que se traduz, claramente, em
menor esforço computacional.
Para a definição do limiar de decisão de novi-
dade foram utilizadas as curvas de detecção de clas-
ses conhecidas (PD) e de reconhecimento de classes
desconhecidas (PDN) versus o limiar de decisão de
novidade. Foram considerados 4 valores possíveis de Figura 6: Valores de detecção de classes conhecidas por valor de
detecção mínima (70% a 90%), buscando-se, portan- detecção mínima arbitrado.
to, inferir o desempenho do detector em diferentes
cenários operativos possíveis, contemplando, portan-
to, diferentes valores de falso-positivo quanto a de- Analisando a Figura 6, pode-se perceber que as
tecção de novidade. classes associadas aos piores valores de probabilida-
Na Figura 5 são exibidas as respectivas curvas, de detecção são as classes H e B. Para as demais,
juntamente com os limiares escolhidos para cada considerando os limiares utilizados, é possível obter
valor de detecção mínima. uma probabilidade de detecção superior a 80%. De
forma coerente, as probabilidades associadas a estas
classes mais problemáticas estão sempre superiores à
probabilidade de detecção mínima estabelecida.
Verifica-se, ainda, que as classes B e H são
aquelas que tendem a ser, mais frequentemente, tidas
erroneamente como novidade (falso-positivo).
Na Figura 7 são exibidos os valores de reconhe-
cimento de classes desconhecidas (PDN) por valor de
detecção mínima, bem como o valor médio para 4
classes desconhecidas.

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simples da especialização não é garantia de sempre


ser o melhor desempenho. A forma como esta espe-
cialização é considerada, portanto, é relevante, de-
vendo ser investigada em maior profundidade. Foi
possível obter, no entanto, um reconhecimento médio
de novas classes de 62,9%, considerando uma detec-
ção de classes conhecidas superior a 70%, para o
simples critério de erro mínimo.
Como trabalhos futuros, pretende-se: investigar
a produção de detectores ainda mais especializados,
baseados na clusterização das classes; investigar me-
canismos para a fusão dos modelos especializados,
bem como explorar diferentes complexidades para
Figura 7: Valores de detecção de classes conhecidas por valor de cada detector especializado.
detecção mínima arbitrado.

É possível observar que a medida que o valor de Agradecimentos


detecção mínimo é aumentado, reduz-se o
reconhecimento de novidades, conforme esperado. O Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em
pior desempenho quanto ao reconhecimento de Engenharia Elétrica (PPEEL) do CEFET-RJ pela
novidades é obtido para a classe D, seguida pela oportunidade de realizar esta pesquisa e ao IPqM
classe G. (Instituto de Pesquisas da Marinha) pela disponibili-
Supondo-se um PD mínimo de 70%, que zação da base de dados.
representa um bom compromisso entre a detecção de
classes conhecidas e o reconhecimento de novas
classes, tem-se uma probabilidade de identificação de
novidades igual ou superior a 60%, excetuando-se a
classe D; e média de 62,9%, que é um resultado Referências Bibliográficas
bastante satisfatório.
[1] Soares-Filho, W., “Classificação do ruído irradi-
ado por navios usando redes neurais.”, Phd the-
6 Conclusão sis, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
COPPE/UFRJ, 2001.
Neste trabalho foi apresentada uma proposta
metodológica para o desenvolvimento de um sistema [2] Lourens, J., Preez, J. D., “Passive sonar ML esti-
de identificação de classes desconhecidas baseada em mator for ship propeller speed", IEEE Journal of
componentes principais utilizando sinais de sonar Oceanic Engineering, v. 23, n. 4, pp. 448{453,
passivo. 1998.
Dois enfoques principais foram contemplados:
uma baseada na extração única de componentes prin- [3] Souza Filho, J. B. O. ; Guedes, R. M. ; Gesualdi,
cipais para todas as classes; e outra, que se baseou A. R. . “Classificadores Multi-classe de Contatos
numa extração PCA individualizada por classe. Para por Curvas Principais”. In: X Simpósio
esta última, dois critérios de decisão foram conside- Brasileiro de Automação Inteligente - SBAI
rados: o erro mínimo e o centroide mais próximo. 2011, 2011, São João Del Rei. Anais do X
Pode-se observar que, para todos os casos anali- Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente,
sados, o detector é significativamente sensível a esco- 2011.
lha do quantitativo de componentes e do limiar de
detecção de novidades. [4] Souza Filho, J. B. O. ; Seixas, José Manoel de .
Dos três enfoques considerados, observa-se que “Classificação Neural Classe Escalável de Sinais
o critério baseado na caracterização individual por de Sonar Passivo”. In: XIX Congresso Brasileiro
classe e erro mínimo possui desempenho significati- de Automática, 2012, Campina Grande. XIX
vamente superior aos demais. Este resultado era espe- Congresso Brasileiro de Automática, 2012. v. 1.
rado, tendo em vista que a especialização tende a p. 1-6.
prover uma melhor representação de cada classe, o
que, em tese, poderia tornar o detector mais seletivo [5]Rocha, G. G. M. ; Souza Filho, J. B. O. ;
quanto a novidades. Gesualdi, A. R. ; SEIXAS, José Manoel de .
Como pode-se observar o critério especializado “Otimização Genética de Curvas Principais para a
baseado em centroide apresentou o pior desempenho, Classificação de Contatos”. In: X Congresso
podendo desta forma ser verificado que o uso puro e Brasileiro de Inteligência Computacional (X

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CBIC), 2011, Fortaleza. Anais do X Congresso


Brasileiro de Inteligência Computacional (X
CBIC), 2011.

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[10]Martins Marçal, Rui Francisco, “Um Método


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