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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

BANCADA DIDÁTICA PARA MANUTENÇÃO


PREDITIVA UTILIZANDO ANÁLISE DE VIBRAÇÕES

RAÍSSA MARADJA KADYDJA SILVA


NATAL- RN, 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

BANCADA DIDÁTICA PARA MANUTENÇÃO


PREDITIVA UTILIZANDO ANÁLISE DE VIBRAÇÕES

RAÍSSA MARADJA KADYDJA SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Engenheira Mecânica, orientado pelo
Prof. Dr. João Bosco da Silva.

NATAL - RN
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

BANCADA DIDÁTICA PARA MANUTENÇÃO


PREDITIVA UTILIZANDO ANÁLISE DE VIBRAÇÕES

RAÍSSA MARADJA KADYDJA SILVA

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso

Prof. Dr. João Bosco da Silva ___________________________


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Orientador

Prof. Dr. Fabio Dalmazzo Sanches ___________________________


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno

Prof. Esp. Karllyammo Lennon de Souza ___________________________


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Externo

NATAL, 11 de dezembro de 2018.


i

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais Maria do Socorro e Deusdete, que com
muito esforço me permitiram vencer e me tornar a pessoa que hoje sou. Meu irmão
Mikhail, em quem sempre me espelhei e tomei como exemplo a seguir e me fez
gostar do universo da engenharia.
ii

Agradecimentos

Agradeço a Deus, minha família e pessoas queridas por sempre me darem


forças e motivos para continuar seguindo em frente, ensinando a nunca desistir e
sempre lutar pelos meus objetivos.

Ao meu orientador Prof. Dr. João Bosco da Silva, que me estimulou e


contribuiu para o sucesso deste trabalho.

Ao meu professor Karllyammo Lennon por todo o conhecimento ensinado.

A todos que direta e indiretamente contribuíram para o sucesso deste


trabalho.
iii

Silva, R. M. K. Bancada didática para manutenção preditiva utilizando análise de


vibrações. 2018. 49 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2018.

Resumo
Este trabalho tem o propósito de elaborar uma bancada didática composta por elementos
mecânicos diversos, que será utilizada para realização de atividades práticas sobre o
estudo e a simulação das falhas mais comuns presentes em máquinas rotativas, baseado
na análise de vibrações, a qual se dará a partir de ensaios na bancada montada em
laboratório fazendo uso de um acelerômetro e um coletor e analisador de dados que
armazenará as informações as quais serão, posteriormente, interpretadas com o auxílio
de um software específico para este fim. Ao observar a presença de frequências
características de determinadas falhas mecânicas, diagnósticos poderão ser realizados,
bem como planejar a manutenção da mesma. Este tipo de procedimento, que pode ser
repetido periodicamente, permite acompanhar o status da máquina e verificar se alguma
das frequências característica de falha está surgindo ou aumentando de magnitude. O
trabalho também se propõe a apresentar os passos e os métodos utilizados para
desenvolver a análise das falhas, fornecendo embasamento teórico e prático, bem como
testificar a eficácia da análise ao aplicá-la em ensaios de bancada e compará-los com os
resultados esperados pela literatura.

Palavras-chave: Bancada, Análise de Vibração, Manutenção.


iv

Silva, R. M. K. Didactic workbench for predictive maintenance using vibration


analysis. 2018. 49 p. Conclusion work project (Graduate in Mechanical Engineering) -
Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2018.

Abstract

This papper has the purpose of elaborating a didactic workbench composed of several
mechanical elements, which will be used to perform practical activities on the study and
simulation of the most common faults present in rotary machines, based on the vibration
analysis, which will be done by tests assembled in the laboratory, making use of an
accelerometer and a collector and data analyzer that will store the information which will
later be interpreted using a specific software for this purpose. When observing the
presence of characteristic frequencies of certain mechanical faults, diagnoses can be
made, as well as planning the maintenance of the same. This type of procedure, which can
be repeated periodically, allows monitoring the status of the machine and checking if any
of the fault characteristic frequencies are appearing or increasing in magnitude. The
papper also proposes to present the steps and methods used to develop fault analysis,
providing theoretical and practical background, as well as to testify the effectiveness of the
analysis when applying it in bench tests and comparing them with the results expected by
the literature.

Keywords: Workbench, Vibration Analysis, Maintenance.


v

Lista de Ilustrações

Figura 1 – Classe de sinais. (a) Sinal de tempo contínuo. (b) Sinal de tempo discreto.
......................................................................................................................................4

Figura 2 – Representação de número complexo no eixo real e imaginário.................5

Figura 3 – Conversão de sinal no domínio no tempo para domínio da frequência


utilizando FFT...............................................................................................................7

Figura 4 – Representação de sinal modulado em amplitude.......................................8

Figura 5 – Representação de sinal modulado em frequência......................................9

Figura 6 – Tipos de desalinhamento. (a) paralelo, (b) angular, (c) combinado..........13

Figura 7 – Desbalanceamento causando excitação excessiva devido presença de


folga............................................................................................................................15

Figura 8 – Bancada experimental...............................................................................16

Figura 9 – Inversor de frequência WEG CFW08........................................................17

Figura 10 – Acelerômetro piezoelétrico utilizado para coleta.....................................18

Figura 11 - Direções de medição de vibração em um mancal de rolamento.............19

Figura 12 – Coletor e analisador de vibrações ROZH 802.........................................20

Figura 13 – Interface inicial do software MRS3000....................................................21

Figura 14 – Interface de trabalho do MRS3000.........................................................22

Figura 15 – Rolamento 1205 EKTN9/C3 com bucha e arruelha de trava..................24

Figura 16 – Evidência do procedimento de alinhamento...........................................25

Figura 17 – Resultado do alinhamento do conjunto motor/eixo.................................26

Figura 18 – Da esquerda para direita: Imagens antes e depois do alinhamento de


polias..........................................................................................................................27

Figura 19 – Rotor com massa de desbalanceamento................................................28

Figura 20 – Forma de onda do mancal de rolamento................................................31

Figura 21 – Gráfico de envelope de demolução com sinal de impacto na gaiola......32

Figura 22 – Gráfico de envelope de demodulação com bandas laterais...................32

Figura 23 – Gráfico de envelope de demodulação após ajuste do rolamento...........33


vi

Figura 24 – Gráfico de tendência em aceleração (g) do rolamento inspecionado.....34

Figura 25 – Envelope de demodulação do redutor de velocidades...........................35

Figura 26 – Sinal no tempo em aceleração do redutor de velocidades.....................35

Figura 27 – Espectros em aceleração dos pontos de (a) entrada e (b) saída do


redutor........................................................................................................................36

Figura 28 – Espectros em velocidade indicando excitação das polias e correias......37

Figura 29 – Espectro em velocidade indicando redução do sinal de vibração das


polias e correias.........................................................................................................38

Figura 30 – Gráfico de tendência em velocidade (mm/s)...........................................39

Figura 31 – Espectro em velocidade (a) antes do alinhamento; (b) após


alinhamento................................................................................................................40

Figura 32 – Espectro de vibração em velocidade do acoplamento excêntrico..........41

Figura 33 – Gráfico de tendência do alinhamento......................................................41

Figura 34 – Espectro em velocidade do rotor sem desbalanceamento.....................42

Figura 35 – Espectro em velocidade do rotor desbalanceado...................................43

Figura 36 – Espectro de vibração do mancal com folga de base...............................44

Figura 37 – Espectro de vibração do mancal após ajuste de folga............................44

Figura 38 – Gráfico de tendência do valor global de vibração...................................45


vii

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Especificações do acelerômetro…………………………………………….19

Tabela 2 Especificações do coletor e analisador de vibrações……………………….20

Tabela 3 – Severidade de vibração em velocidade…………………………………….29


viii

Sumário

Dedicatória....................................................................................................... i

Agradecimentos .............................................................................................. ii

Resumo ......................................................................................................... iii

Abstract.......................................................................................................... iv

Lista de Ilustrações ......................................................................................... v

Lista de Tabelas ........................................................................................... vii

Sumário ........................................................................................................viii

1 Introdução .................................................................................................... 1

1.1 Objetivo geral ........................................................................................ 1

1.2 Objetivo específico ................................................................................ 1

2 Revisão Bibliográfica ................................................................................... 2

2.1 Manutenção Preditiva............................................................................ 2

2.2 Transformada Rápida de Fourier (FFT) ................................................ 3

2.3 Sinal no Tempo e na Frequência .......................................................... 4

2.3.1 Domínio do Tempo ......................................................................... 4

2.3.2 Domínio da Frequência .................................................................. 5

2.4 Fase e Magnitude ................................................................................. 5

2.5 Analisador de Espectro ......................................................................... 6

2.6 Modulação de Sinais ............................................................................. 7

2.6.1 Modulação de Amplitude (AM) ....................................................... 7

2.6.2 Modulação de Frequência (FM) ...................................................... 8

2.7 Análise de Falha em Máquinas Rotativas ............................................. 9

2.7.1 Análise de Engrenagem ............................................................... 10

2.7.2 Análise de Rolamento ................................................................... 10

2.7.3 Desbalanceamento ....................................................................... 12

2.7.4 Desalinhamento ............................................................................ 12


ix

2.7.5 Transmissão por Correia .................................................................. 13

2.7.6 Folga Mecânica ............................................................................ 14

3 Desenvolvimento ....................................................................................... 16

3.1 Acionamento da bancada.................................................................... 17

3.2 Aquisição de dados ............................................................................. 18

3.2.1 Acelerômetro ................................................................................ 18

3.2.2 Coletor e analisador de vibração .................................................. 20

3.3 Software de análise ............................................................................. 21

3.4 Ensaios de bancada ............................................................................ 22

3.4.1 Rolamentos .................................................................................. 24

3.4.2 Alinhamento motor-eixo ................................................................ 25

3.4.3 Alinhamento de polias .................................................................. 26

3.4.4 Ajuste de folgas ............................................................................ 27

3.4.5 Ajuste de tensionamento das correias .......................................... 27

3.4.6 Redutor de Velocidades ............................................................... 27

3.4.7 Simulação de desbalanceamento ................................................. 27

4 Resultados e Discussões........................................................................... 29

4.1 Análise de Rolamentos ....................................................................... 30

4.2 Análise de Engrenagens (redutor de velocidades) .............................. 34

4.3 Polias e correias .................................................................................. 37

4.4 Alinhamento ........................................................................................ 39

4.5 Desbalanceamento ............................................................................. 42

4.6 Folgas ................................................................................................. 43

5 Conclusões ................................................................................................ 46

6 Referências................................................................................................ 48
1

1 Introdução

Para que os diversos setores industriais consigam acompanhar o mercado


mundial de forma competitiva é necessário que se mostrem mais eficientes, fazendo
o uso de tecnologias mais modernas e eficazes capazes de aumentar sua produção,
qualidade e também reduzam os custos, oferecendo assim produtos e serviços que
atendam às diversas exigências dos consumidores, elevando a sua participação de
mercado (MISES, 2009).

Dentre as diversas tecnologias de diagnóstico, a análise de vibração tem um


papel importante na identificação de sintomas que levam a defeitos e falhas, tal
tecnologia permite a previsão futura de uma provável parada da máquina devido à
impossibilidade de operar com as especificações desejadas. A análise de vibração
pode oferecer muitas vantagens para os setores industriais, dentre as quais é
possível citar a redução de falhas, redução de custos, aumento da vida útil das
maquinas, entre muitos outros.

Com base nestas ideias, a motivação deste trabalho é estudar os resultados


obtidos na análise da bancada experimental e compará-los com o que se encontra
na literatura, demonstrando na prática que os defeitos mais comuns observados nas
máquinas rotativas apresentam uma assinatura vibratória característica, tornando-os
mais fáceis de serem diagnosticados e resolvidos, quando interpretados
corretamente.

1.1 Objetivo geral

Elaborar uma bancada didática dispondo de diferentes elementos


mecânicos, com a finalidade de realizar testes de coleta e análise de vibrações,
simulação de defeitos, bem como a elaboração de diagnósticos e prognósticos.

1.2 Objetivo específico

Elaborar de forma clara e objetiva, a partir dos testes e das análises de


vibração, um guia teórico e prático para detecção e correção de defeitos, indicando
as características de cada um e as respectivas medidas a serem tomadas para a
correção.
2

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Manutenção Preditiva

Empresas de todo o mundo estão sempre buscando maneiras de reduzir


custos de operação e melhorar a produtividade de seus equipamentos, para que
isso aconteça, é necessário fazer uma boa gestão das máquinas e adotar a
manutenção que traga os melhores resultados.

A manutenção preditiva consiste em realizar o acompanhamento das


variáveis ou parâmetros que indicam a condição dos equipamentos, de maneira
sistemática e utilizando instrumentação adequada, com objetivo de definir de
maneira precisa o momento certo de intervir na máquina (SILVA, 2012). Logo, é
possível predizer a ocorrência futura de uma determinada falha, determinar
antecipadamente a necessidade de substituição de peças, diminuindo assim o
tempo de máquina parada e consequentemente aumentar a disponibilidade dos
equipamentos, que é o maior objetivo da manutenção em si.

A prática de manutenção preditiva reduzirá significativamente as ocorrências


de manutenções corretivas, que normalmente, ocorrem quando o equipamento falha
de maneira aleatória. A seguir estão listados alguns dos principais benefícios da
manutenção preditiva para a indústria de modo geral.

 Aumento da segurança operacional e disponibilidade dos equipamentos,


diminuindo riscos de acidentes e paradas inesperadas.
 Diminuição do custo e do prazo de paradas, uma vez que há o conhecimento
antecipado do defeito a ser corrigido.
 Redução de danos em partes secundárias causados por quebra de
equipamentos em operação.

Tendo em vista que, a manutenção preditiva necessita de um investimento


inicial relativamente elevado, o que pode levar a conclusão de que é uma prática
que não oferece compensação, estudos detalhados mostram que aquelas indústrias
que fazem uso de tal prática obtêm resultados muito satifatórios, sendo hoje
3

considerada a principal forma de levantamento de dados e parâmetros para a


prevenção e correção de falhas nos equipamentos.

2.2 Transformada Rápida de Fourier (FFT)

A Transformada Rápida de Fourier (FFT) é um algoritmo bastante eficiente


para calcular a Transformada Discreta de Fourier (DFT), sendo de grande
importância para diversas operações como, por exemplo, o processamento digital de
sinais. Fazendo uso da periodicidade de senos, é possível reduzir significativamente
a quantidade de cálculos necessários para realizar a DFT. De maneira simplificada,
o funcionamento da FFT se dá através da divisão das informações da série a ser
transformada em séries cada vez menores, e estas em outras menores a serem
transformadas. Por fim, todas as pequenas divisões são combinadas de tal maneira,
terminando com a DFT de cada uma delas. A função abaixo demonstra a FFT a
partir da DFT:

𝑁−1 𝑁−1
𝑘
−𝑖2𝜋𝑛
𝐹𝑛 = ∑ 𝑓𝑘 𝑒 𝑁 = ∑ 𝑓𝑘 𝑊 𝑘𝑛 , 𝑛 = 0, … , 𝑁 − 1
𝑘=0 𝑘=0

Reduzindo o número de cálculos necessários de 2N² para N.

Na prática a FFT converte uma função que está no domínio do tempo para o
domínio da frequência, separando os harmônicos presentes no sinal, dessa forma é
possível detectar as respectivas frequências e amplitudes desses harmônicos bem
como a frequência dominante, SPAMMER (2009).

Com essas informações é possível utilizar a FFT para capturar anomalias


nos sinais no domínio da frequência que facilmente passariam despercebidos nos
sinais no domínio do tempo, sendo de grande utilidade na prática de análise
vibratória de máquinas rotativas.
4

2.3 Sinal no Tempo e na Frequência

2.3.1 Domínio do Tempo

Os sinais que são definidos para todos os instantes de tempo são chamados
de sinais de tempo contínuo, no entanto, aqueles sinais definidos apenas em alguns
instantes são chamados de sinais de tempo discreto (HIGUTI e KITANO, 2003). O
sinal senoidal apresentado na Figura 1(a) é o sinal de tempo contínuo, e o sinal da
Figura 1(b) é um sinal de tempo discreto, visto que estão definidos apenas para
alguns instante de tempo, podendo este sinal ser obtido por meio da amostragem do
sinal de tempo contínuo.

Figura 1 – Classe de sinais. (a) Sinal de tempo contínuo. (b) Sinal de tempo
discreto.

Fonte: Higuti e Kitano (2003) e editada pelo autor.

É possível representar matematicamente um sinal através de uma função de


uma ou múltiplas variáveis. Para o sinal no tempo contínuo utiliza-se a variável
independente que representa o tempo, t, entre parênteses como, por exemplo, y(t).
Quanto ao sinal de tempo discreto, comumente a variável independente é indicada
por n ou k, entre colchetes, como por exemplo, y[n] ou y[k], onde n e k são números
inteiros.
5

2.3.2 Domínio da Frequência

O domínio da frequência determina a análise das funções matemáticas em


relação à frequência, contrastando com a análise no domínio do tempo. A resposta
em frequência é o resultado da resposta do sistema em estado estacionário, ou em
regime permanente, podendo, na prática, ser aplicada a qualquer tipo de sinal,
inclusive os não periódicos.

2.4 Fase e Magnitude

Sinais como ondas sonoras e ondas eletromagnéticas são sempre descritos


no domínio da frequência como uma função complexa, composta de parte real e
parte imaginária. De forma simples, isso pode ser interpretado da seguinte maneira:
a amplitude da onda, em determinada frequência, é representada pela magnitude do
número complexo correspondente, e a fase do sinal é dado pelo ângulo em relação
ao eixo real. A Figura 2 a seguir mostra de forma esquematizada essa relação.

Figura 2 – Representação de número complexo no eixo real e imaginário

Fonte: Elaborada pelo autor.

Onde a amplitude é dada por:

𝑧 = √𝑥² + 𝑦² (1)
6

Enquanto a fase corresponde a:

𝑦
𝛼 = tan−1 𝑥 (2)

2.5 Analisador de Espectro

O analisador de espectro é, basicamente, um aparelho que recebe um sinal


no tempo, e por meio da FFT, disponibiliza ao usuário informações da frequência. É
bastante utilizado na física e engenharia, sendo o aparelho responsável por efetuar
o registro das vibrações das estruturas por meio de sensores ou captadores
colocados em pontos estratégicos das máquinas. Esses sensores transformam a
energia mecânica de vibração em sinais elétricos. Esses sinais elétricos são, a
seguir, encaminhados para os aparelhos registradores de vibrações ou para os
aparelhos analisadores de vibrações, como também são chamados.

Em seguida, os dados coletados no analisador podem ser interpretados por


especialistas, obtendo-se um diagnóstico complete da máquina, seja ela velha ou
nova. Os níveis de vibrações podem ser representados de diversas maneiras, sendo
a representação espectral a mais utilizada, em que a amplitude da vibração está
diretamente relacionada com a frequência.

Abaixo a Figura. 3 ilustra como o sinal obtido pelo analisador de espectro é


obtido no domínio do tempo e transformado para o domínio da frequência, para que
posteriormente possa ser interpretado.
7

Figura 3 – Conversão de sinal no domínio no tempo para domínio da


frequência utilizando FFT.

Fonte: NTiAudio (2017)

2.6 Modulação de Sinais

É importante conhecer alguns fundamentos de modulação para poder


identificar de forma correta os sinais de excitação obtidos durante as análises.

A partir do momento que um sinal é captado pelo sensor e transferido para o


aparelho analisador, comumente vem misturado com outros sinais ou está
modificado por algum processo de modulação. É necessário escolher a maneira
adequada de separá-los para que sejam associados às causas que o geram. Os
sinais dinâmicos simplesmente se misturam, porém são facilmente separados
através do processo de FFT. O processo de dados de vibração favorece a
sobreposição dos sinais, surgindo formas diferentes de modulação. Neste trabalho
trataremos da Modulação de Amplitude (AM) e Modulação de Frequência (FM).

2.6.1 Modulação de Amplitude (AM)

A modulação AM consiste na utilização de uma onda de alta frequência,


chamada de portadora, e uma onda de baixa frequência, chamada de modulador,
que representa o sinal que se deseja transmitir. Na prática, a modulação AM associa
8

os dois sinais por um processo de soma, o resultado é uma onda com a mesma
frequência da onda portadora, porém a amplitude varia de acordo com a amplitude
da onda a ser transmitida, gerando um sinal modulado.

Figura 4 – Representação de sinal modulado em amplitude.

Fonte: SENAI CIMATEC, 2003

2.6.2 Modulação de Frequência (FM)

Neste caso, também existe a onda portadora de alta frequência e o sinal


modulador que se deseja transmitir, sendo o resultado é um sinal modulado de
amplitude idêntica a da onda portadora e frequência variável de acordo com o sinal
modulador. O espectro FM possui algumas características particulares:

 Infinitas bandas laterais que variam em torno da frequência portadora,


indicando maior severidade do defeito
 A análise se torna mais difícil devido a modulação FM não ser linear;
 Dependendo do valor do índice de modulação, a portadora pode ter amplitude
nula.
9

Figura 5 – Representação de sinal modulado em frequência.

Fonte: SENAI CIMATEC, 2003

Sendo (a) onda portadora; (b) onda moduladora e (c) o sinal modulado.

2.7 Análise de Falha em Máquinas Rotativas

As máquinas são compostas de elementos mecânicos variados. As peças


que sofrem excitação podem vibrar de tal maneira, que transmitem essa vibração às
demais peças as quais estejam acopladas, o resultado disso é um complexo de
frequências que caracterizam o sistema.

Toda máquina rotativa possui o que é chamado de assinatura vibracional,


que consiste na vibração produzida quando a mesma opera em condições normais e
não emitem sinais de defeitos, esse tipo de informação é importante para que se
possa fazer um comparativo entre as condições em que a máquina está boa e as
condições em que a máquina apresenta falhas em desenvolvimento. Sempre que
alguma parte constituinte do sistema mecânico sofre alteração devido ao desgaste,
trinca, folga ou outro defeito, ocasionará a alteração ou o surgimento de novas
10

frequências. Segundo Marçal (2000), cada tipo de falha mecânica de uma máquina
em operação produz uma resposta em frequência específica, que nas condições
normais de funcionamento, alcança uma amplitude máxima que dependerá de quão
grave é a falha.

2.7.1 Análise de Engrenagem

Engrenagens são parte constituinte de um grande número de mecanismos,


máquinas e equipamentos que possuem a finalidade de transmitir movimento e
potência entre esses mecanismos. Tratando-se da análise de vibração em
engrenagens, dependerá de alguns fatores divididos em três áreas que afetam de
forma diferente os sinais observados nos sistemas de engrenagem (SENAI
CIMATEC, 2003), essas áreas são:

 Projeto: Abrange geometria, tipo de engrenagem, materiais utilizados, carga


unitária, entre outros;
 Fabricação: Envolve a qualidade do elemento, acabamento superficial,
desbalanceamento residual, alinhamento, entre outros;
 Operação: Diz respeito às condições de operação, rotação, lubrificação,
modo de montagem, ressonância natural, entre outros.

Neste tipo de análise, a manutenção preditiva visa detectar os defeitos mais


comuns em engrenagens e seus sistemas, que são:

 Desbalanceamento;
 Desalinhamento;
 Dentes danificados;
 Turbulência no filme de lubrificante
 Mudança de torque;
 Problema de transmissão.

2.7.2 Análise de Rolamento

A análise das irregularidades nos rolamentos pode ser efetuada através da


medição de vibrações de um equipamento em operação, utilizando o analisador de
espectro, para medir a magnitude da vibração, no qual os resultados obtidos
determinam as causas dos defeitos.
11

Estes defeitos estão diretamente relacionados com o desgaste dos


componentes constituites do elemento. As vibrações são oriundas da passagem dos
elementos rolantes sobre tais irregularidades, que causam choques cuja amplitude
depende do estado do rolamento, e estão tipicamente entre 1 kHz e 20 kHz (SENAI
CIMATEC, 2003). As respostas vibratórias possuem pequenos níveis absolutos, mas
apresentam grande quantidade de energia, logo é recomendável acompanhar a
evolução espectral dos rolamentos utilizando medições em aceleração,
preferencialmente. Os defeitos mais comuns em rolamentos são devidos as
seguintes causas:

 Sobrecarga
 Lubrificação deficiente
 Presença de particulados no lubrificante
 Rolamento inadequado para função
 Fadiga do material
 Desbalanceamento
 Variações bruscas de temperatura

Quando os rolamentos apresentam defeitos, geram sinais de vibração bem


característicos, tanto em aspecto como em frequência. Tendo conhecimento da
velocidade de rotação do eixo e as dimensões das partes constituintes, é possível
obter facilmente as frequências fundamentais dos elementos rolantes, pista interna,
gaiola e pista externa. As respectivas equações são demonstradas abaixo.

𝑑 𝑑 2
𝑓𝑏𝑎𝑙𝑙 = 𝑓 (1 − (𝐷) 𝑐𝑜𝑠²𝛽) Frequência do elemento rolante (BSF);
2𝐷 0

𝑁𝑓0 𝑑
𝑓𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 = (1 + 𝐷 𝑐𝑜𝑠𝛽)Frequência da pista interna (BPFI);
2

𝑓0 𝑑
𝑓𝑔𝑎𝑖𝑜𝑙𝑎 = (1 − 𝐷 𝑐𝑜𝑠𝛽) Frequência da gaiola (FTF);
2

𝑁𝑓0 𝑑
𝑓𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 = (1 − 𝐷 𝑐𝑜𝑠𝛽) Frequência da pista externa (BPFO);
2

Sendo:

d = diâmetro do elemento rolante (mm);

D = diâmetro primitivo do rolamento (mm);


12

N = número de elementos rolantes;

β = ângulo de contato do rolamento;

𝑓0 = frequência de rotação do eixo (Hz).

2.7.3 Desbalanceamento

É definido como uma distribuição não uniforme de massa em torno da linha


de centro da máquina rotativa que resulta em uma força centrífuga. Este defeito
apresenta elevados níveis de amplitude de vibração em 1x a rotação da máquina
desbalanceada, sendo assim, um defeito bastante destrutivo devido à grande
quantidade de energia que aumenta com o quadrado da rotação da máquina.

Devido às pequenas imperfeições nos processos de fabricação, montagem,


não homogeneidade do material e outros fatores, é normal que exista um
desbalanceamento residual em cada máquina que dificilmente será totalmente
eliminado, no entanto, é importante que este residual se encontre em níveis
aceitáveis pela norma ISO 20816-1 para que se possa garantir o funcionamento
adequado da máquina.

2.7.4 Desalinhamento

Cada máquina possui uma linha de centro a qual fica posicionada no centro
do eixo. O desalinhamento, problema tridimensional, ocorre quando não há o
alinhamento entre a linha de centro da máquina motora e a linha da máquina
movida, provocando forças de reações nos mancais de rolamentos e acoplamentos,
HATCH & FAHY [199-]. PodeM ocorrer de três formas: paralelo, angular e
combinado.
13

Figura 6 – Tipos de desalinhamento. (a) paralelo, (b) angular, (c) combinado.

Fonte: SENAI CIMATEC, 2003. Editada pelo autor.

O tipo de desalinhamento mais encontrado em máquinas rotativas é o


combinado, visto que existem fatores diversos que influenciam para o surgimento
desse problema, como por exemplo:

 Mudanças de temperatura: máquinas de grande porte levam horas para


atingir a temperatura de operação, ou temperatura ambiente em caso de
desligamento. Esse fator influencia na dilatação térmica, ou seja, caso uma
máquina tenha sido alinhada a frio ela poderá atingir valores de
desalinhamento fora da tolerância quando atingir a temperatura de operação.
 Fundação: pode causar mudanças na posição das máquinas ao longo do
tempo, é ideal que as máquinas estejam posicionadas sobre uma base
inercial bastante rígida.
 Ancoragem: deterioração do material, por ação química ou eletroquímica,
aliado aos esforços mecânicos.

O desalinhamento provoca altas amplitudes de vibração, podendo ser


notado nos sentidos radial e axial, sendo responsável por falhas destrutivas em
rolamentos, acoplamentos, eixos e rotores.

2.7.5 Transmissão por Correia

Neste tipo de transmissão é possível identificar diferentes defeitos que


podem estar associados à condição da correia ou polias.

Correia gasta ou folgada: Quando a correia se encontra folgada ocorrerá


deficiência na transmissão da rotação, provocando deslizamento relativo entre
correia e polias, causando aquecimento e consequentemente desgaste do
componente.
14

Polia excêntrica: É um defeito semelhante ao desbalanceamento, porém o


sinal de excentricidade se manifestará em 1x a rotação da polia excêntrica, sendo
mais evidente no mancal mais próximo ao defeito.
Ressonância de correia: Pode causar grandes amplitudes se a frequência
natural da correia se aproximar ou igualar a frequência da polia motora ou movida. A
frequência natural da correia pode ser alterada pela tensão ou comprimento da
correia e pode ser detectada soltando a correia e observando a resposta, ou por
meio de cálculos.
Desalinhamento de polias: O desalinhamento entre polias produz grandes
vibrações em 1x rpm da polia motora ou movida e predominantemente na direção
axial. O aparecimento das frequências das polias motora ou movida dependerá do
ponto em que as medições forem tomadas. Após o alinhamento é comum que o
sinal de rotação do eixo acionador predomine no espectro.

2.7.6 Folga Mecânica

Folgas mecânicas consistem na ausência ou deficiência de rigidez do


equipamento e aparecem quando existem trincas, parafusos soltos, desgastes, entre
outros motivos.

É importante destacar que folgas não são forças de excitação, a vibração


excessiva pode existir devido a uma folga, mas, a folga não é a verdadeira causa da
vibração. Alguma força de excitação causada por um desbalanceamento ou
desalinhamento, por exemplo, poderá estar presente causando a vibração no
sistema.
15

Figura 7 – Desbalanceamento causando excitação excessiva devido


presença de folga

Fonte: SENAI CIMATEC, 2003. Editada pelo autor


16

3 Desenvolvimento

Com apoio do professor orientador e do Laboratório de Manufatura, foi


desenvolvida a bancada didática utilizada neste trabalho que se encontra disponível
no Grupo de Estudos de Tribologia e Integridade Estrutural da UFRN. A Figura 8
apresenta a bancada que foi desenvolvida com a finalidade de estudar o
comportamento dinâmico dos equipamentos e componentes mecânicos nela
presentes, simular defeitos e suas respectivas correções. A mesma será
posteriormente utilizada no ensino da disciplina de Vibrações Mecânicas com a
finalidade de apresentar aos alunos um pouco sobre a dinâmica das máquinas
rotativas e seus componentes, bem como sevir como ferramenta prática no
aprendizado sobre coleta e análise de vibrações e elementos de máquinas.

Figura 8 – Bancada experimental

Fonte: Elaborada pelo autor


17

Todos os elementos destacados na bancada experimental estão descritos


abaixo:
1. Motor elétrico WEG 5 CV.
2. Redutor de velocidades de engrenagens cônicas helicoidais.
3. Polia motora, 95 mm.
4. Polia movida, 65 mm.
5. Mancais de rolamento SN 505 (rolamento 1205 EKTN9/C3)
6. Rotor.
Como elementos de transmissão tem-se o acoplamento flexível tipo garra e
as correias lisas com perfil trapezoidal, especificação 3L 280.

3.1 Acionamento da bancada

O motor de indução é acionado por meio de um inversor de frequência que


permite controlar a frequência de rotação e mantê-la constante durante todo o
ensaio, além de atuar como rampa de aceleração no momento da partida, reduzindo
o desgaste dos componentes. A Figura 9 apresenta o inversor de frequência
utilizado no controle e acionamento do motor.

Figura 9 – Inversor de frequência WEG CFW08


18

3.2 Aquisição de dados

Conhecidos todos os equipamentos e componentes mecânicos da bancada


e o sistema de acionamento da mesma, é necessário descrever os itens que
compõem a instrumentação utilizada na aquisição de dados, junto ao software de
análise que será utilizado.

3.2.1 Acelerômetro

O tipo piezoelétrico é o mais utilizado para aplicações em análise de


vibrações. É composto por uma cerâmica ferroelétrica polarizada artificialmente que
utiliza a vibração para gerar uma tensão elétrica proporcional à aceleração do
movimento vibratório. A piezoeletricidade é conhecida como a capacidade, que
alguns cristais apresentam, de gerar energia elétrica quando são submetidas a uma
força mecânica, como a vibração ou agitação, por exemplo. Além de obter sinais de
aceleração, também é possível obter parâmetros de deslocamento e velocidade do
sinal. A Figura 10 apresenta o modelo de acelerômetro utilizado.

Figura 10 – Acelerômetro piezoelétrico utilizado para coleta

Fonte: Catálogo RONDS


19

A Tabela 1 traz as especificações do acelerômetro utilizado na aquisição dos


dados.

Tabela 1 – Especificações do acelerômetro.


Ítem Especificação
Modelo RH 103
Tecnologia Piezoelétrico
Fabricante Rozh
Escala de frequência 0,5 até 12 kHz
Sensibilidade 100 mVg
Tensão 12V DC
Peso 81g
Fonte: Catálogo RONDS

Os dados de vibração foram coletados nos mancais dos equipamentos, nas


direções horizontal, vertical e axial. Os dados foram coletados nos parâmetros
velocidade (mm/s - rms) e aceleração (g – pico e g – pico a pico). A Figura 11
apresenta uma ilustração das direções de medição de vibração em um mancal.

Figura 11 - Direções de medição de vibração em um mancal de rolamento.

Fonte: Elaborada pelo autor.


20

3.2.2 Coletor e analisador de vibração

Este equipamento tem como principais funções receber, processar e


armazenar os sinais de vibração obtidos pelo acelerômetro e transformá-los em
espectros e formas de ondas que serão posteriormente transferidos para um
software de análise e monitoramento específico. A Figura 12 apresenta o modelo de
coletor utilizado.

Figura 12 – Coletor e analisador de vibrações ROZH 802

Fonte: Rozh

As especificações do coletor de vibrações são mostradas na Tabela 2.

Tabela 2 - Especificações do coletor e analisador de vibrações

Ítem Especificação
Modelo Rozh 802
Canal 1: vibração (ICP acelerômetro), tensão (± 21 V AC ou DC)
Canais Canal 2: vibração (ICP acelerômetro), tensão (± 21 V AC ou DC),
Tacho canal
Transdutor Acelerômetro, velocidade, deslocamento, tensão transdutor
Análise de
frequência 40 kHz (Dual Channel máxima: 20 kHz)
máxima
Médias 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128
Linhas 400, 800, 1600, 3200, 6400, 12800
Comunicação USB 2.0
Fonte: Rozh e elaborada pelo autor
21

3.3 Software de análise

Neste trabalho foi utilizado o software MRS3000 que é vinculado ao modelo


do coletor de vibrações Rozh. A Figura 13 apresenta a interface de abertura do
programa.

Figura 13 – Interface inicial do software MRS3000

Fonte: Elaborada pelo autor

Inicialmente é necessário que o usuário crie um banco de dados com nome


e informações que o identifiquem.
Na área de trabalho apresentada na Figura 14, foi criada a árvore de
máquinas da bancada que é composta por motor elétrico, dois mancais e uma caixa
de redução, este último foi dividido em ponto de entrada e ponto de saída para
facilitar a análise. Por fim, em cada máquina foram configurados pontos de coleta
nas três direções, horizontal, vertical e axial, e nos parâmetros de deslocamento,
velocidade e aceleração. O passo-a-passo detalhado para configuração completa do
banco de dados esta disponível no manual de usuário do ROZH MRS3000.
22

Figura 14 – Interface de trabalho do MRS3000

Fonte: Elaborada pelo autor

Após finalizar configuração, o banco de dados é transferido para o coletor e


está pronto para realizar a aquisição dos dados de vibração.
Ao fim da aquisição, os dados coletados são transferidos do coletor para o
software e analisados por meio de espectros, formas de onda e outras técnicas que
serão detalhadas neste trabalho.

3.4 Ensaios de bancada

Os ensaios de bancada foram divididos em duas partes. Primeiro foram


coletados dados de vibração no motor, nos mancais e na caixa de redução com a
finalidade de mapear as frequências características do sistema associadas aos
diversos componentes mecânicos e os defeitos nela existentes, as quais foram
distinguidas entre si no espectro por meio de cálculos matemáticos. Fazendo uso do
inversor de frequência, observou-se que em torno de 28 Hz a bancada apresentou
sinal de vibração bastante acima do comum. Abaixo estão listadas as frequências
mapeadas na bancada.
23

1. Motor/eixo: 58,33 Hz
2. Polia motora: 58,33 Hz
3. Polia movida: 84,60 Hz
4. Engrenagem motora (entrada do redutor, 30 dentes): 84,60 Hz
5. Engrenagem movida (saída do redutor, 13 dentes): 194,3 Hz
6. Engrenamento (GMF): 2500 Hz

Nesse primeiro instante também foi possível obter o escorregamento do


motor elétrico, que é obtido calculando-se a diferentre a frequência de rotação
configurada no inversor de frequência e a rotação nominal especificada pelo
fabricante, logo:
58,125 Hz x 60 seg = 3487,5 RPM é a rotação que sai do motor.
Sendo 3500 a rotação nominal especificada pelo fabricante, tem-se que:
3500 RPM – 3487,5 RPM = 12,5 RPM ou 0,21 Hz de escorregamento do motor. Isso
ocorre devido a diferença de velocidade entre o rotor e o campo de indução girante.
Por meio de cálculos, conhecendo dados do elemento, é possível também
calcular a frequência das correias (Fc), de acordo com a sequinte equação:

𝐷𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑙𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟𝑎 𝑥 𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑥 𝜋


Fc =
𝑁𝑥𝐿

Em que N representa a quantidade de correias e L representa o


comprimento da correia.
Resolvendo a equação:

95𝑥58,33𝑥𝜋
Fc = = 31,1 Hz
2𝑥280

No segundo momento, conhecendo as frequências características dos


componentes é possível determinar com exatidão que tipos de defeitos estão
presentes no conjunto e realizar as devidas correções com o intuito de deixar a
bancada numa condição ajustada, ou seja, em condições normais com a menor
presença possível de defeitos. Nesta análise foram detectados os seguintes defeitos
a serem corrigidos.
24

1. Desalinhamento entre eixo e motor (angular e paralelo)


2. Desalinhamento de polias
3. Deficiência de fixação nas bases (folga)
4. Correia folgada
5. Defeito nos rolamentos dos mancais
6. Defeito nas engrenagens do redutor de velocidades

Conhecendo os defeitos existentes na bancada, é hora de efetuar as


devidas correções para que a bancada fique em condição ajustada.

3.4.1 Rolamentos

Como descrito anteriormente, os mancais que apoiam o eixo apresentam


rolamentos autocompensadores de duas carreiras de esferas com furo cônico,
especificação 1205 EKTN9/C3. A fixação do componente ao eixo se dá por meio de
uma bucha lisa cônica com rosca e arruela de trava. Devido à indisponibilidade de
um componente novo para substituição, foi realizada uma desmontagem para
retirada de sujeira e graxa envelhecida, depois de limpo o componente foi
relubrificado e remontado na extremidade do eixo para que o mesmo não opere em
balanço.

Figura 15 - Rolamento 1205 EKTN9/C3 com bucha e arruela de trava

Fonte: Catálogo SKF.


25

3.4.2 Alinhamento motor-eixo

Esse procedimento, como o próprio nome diz, consiste em efetuar o


alinhamento entre o motor e o eixo. O instrumento utilizado nessa operação é o
alinhador a laser da FixturLaser. A Figura 16 apresenta a evidência do alinhamento
a laser realizado na bancada, a correção do desalinhamento consiste em deslocar o
motor na base, inserindo ou removendo calços, até que o instrumento indique
valores aceitáveis que são definidos pelo próprio instrumento de acordo com as
informações inseridas nas configurações, tai como rotação, distãncia sentre sensors,
e distância entre os pés do motor. Neste procedimento não foi possível remover
nenhum calço, visto que não existia nenhum, a correção ficou limitada aos
movimentos laterais do motor.

Figura 16 – Evidência do procedimento de alinhamento.

Fonte: Elaborada pelo autor

A Figura 17 apresenta o resultado do procedimento de alinhamento, devido


limitações na movimentação do motor sobre a bancada não foi possível obter
valores ideais de alinhamento, fato este que também é prejudicado devido à
excentricidade do acoplamento, porém foi possível obter melhora em relação ao
estado inicial.
26

Figura 17 – Resultado do alinhamento do conjunto motor/eixo.

Fonte: Elaborada pelo autor.

3.4.3 Alinhamento de polias

Aqui é utilizado o alinhador de polias modelo 7420-1000 da EZ ALIGN. A


Figura 18 apresenta a evidência do alinhamento de polias realizado na bancada nos
instantes antes e depois do procedimento, respectivamente. O procedimento
consiste em fixar uma base em cada polia e mover o redutor sobre os trilhos até que
a linha do laser formado na base coincida com o gabarito, ou seja, centralizado e
alinhado.

Figura 18 – Da esquerda para direita: Imagens antes e depois do alinhamento de


polias

Fonte: Elaborada pelo autor.


27

3.4.4 Ajuste de folgas

Corrigir a deficiência de fixação dos elementos parafusados à base inercial


consiste em eliminar as folgas existentes nas bases dos suportes, simplesmente
realizando o aperto dos parafusos de fixação, neste caso, a limitação encontrada foi
a respeito da base que não oferece condições para que os parafusos fiquem
rigidamente fixados, havendo sempre a existência de folgas residuais.

3.4.5 Ajuste de tensionamento das correias

Correias de perfil liso realizam a transmissão de movimento por meio de


atrito, logo, é necessário que exista um tensionamento adequado para que a mesma
não opere folgada ou excessivamente tensionada. Na primeira situação, folgada, a
correia irá deslizar sobre as polias causando deficiência de transmissão e desgaste
prematuro. Na segunda situação, o tensionamento excessivo reduzirá a vida útil da
correia e dos rolamentos dos eixos das polias.

3.4.6 Redutor de Velocidades

O redutor de velocidades utilizado na bancada experimental é composto por


um trem com duas engrenagens cônicas helicoidais. A engrenagem de entrada
possui 30 dentes e a engrenagem de saída possui 13 dentes. Para funcionar de fato
como um redutor de velocidades a entrada deveria estar posicionada no eixo da
engrenagem de 13 dentes, no entando, devido questões de espaço e acomodação
da caixa na bancada ela foi montada de forma invertida, porém isso não é um
problema para a análise tendo em vista o objetivo inicialmente estabelecido. Não
foram realizadas modificações internas no redutor para evitar o comprometimento
das engrenagens, ficando limitado apenas à coleta e análise da condição destes
componentes.

3.4.7 Simulação de desbalanceamento

Com objetivo de demonstrar qual o comportamento de uma máquina na


presença do desbalanceamento, foi utilizado uma massa de aproximadamente 15
28

gramas parafusado ao rotor apresentado na Figura 19 para simulação do defeito. A


massa de desbalanceamento foi colocada a uma distância de aproximadamente 5
centímetros do centro.

Figura 19 – Rotor com massa de desbalanceamento

Fonte: Elaborada pelo autor


29

4 Resultados e Discussões

Neste tópico serão apresentados e discutidos os resultados obtidos nos


teste realizados na bancada experimental, demonstrando de forma clara e objetiva
como analisar os gráficos e efetuar um diagnóstico preciso da condição do
equipamento inspecionado.

Em teoria, utiliza-se a norma ISO 20816-1:2016: Vibração mecânica –


Medição e avaliação da vibração da máquina – Parte 1: Diretrizes gerais, que
estabelece condições e procedimentos gerais para a medição e avaliação de
vibração em máquinas rotativas. Na Seção 6 encontra-se a Tabela 3 que apresenta
valores de referência para vibração em velocidade, classificando as máquinas em
diferentes níveis de condição: Bom, satisfatório, insatisfatório e inaceitável, e seus
respectivos limites variam de acordo com a classe da máquina analisada. Neste
trabalho a máquina rotativa utilizada encontra-se inserida na Classe 1 – pequenas
máquinas, são estas máquinas de até 15 kW de potência (20 CV).

Tabela 3 – Severidade de vibração em velocidade

Fonte: ISO 20816-1:2016

Por outro lado, é importante ressaltar que, na prática, a norma não pode ser
utilizada como uma verdade absoluta, servindo apenas como uma orientação, uma
30

vez que, os níveis de vibração das máquinas variam de acordo com as condições de
operação e processo as quais estão submetidas, ou seja, uma máquina que seja
analisada de acordo com a norma encontre-se numa condição insatisfatória pode na
realidade ser considerada em condição boa ou satisfatória, dependendo das
condições citadas anteriormente. Logo, a análise de vibração de máquinas requer
conhecimendo e um olhar mais crítico por parte do analista, além de um bom
conhecimento a respeito da máquina e seus componentes mecânicos

4.1 Análise de Rolamentos

Rolamentos são, sem dúvida, um dos principais componentes presentes em


qualquer sistema rotativo, são responsáveis por suportar as cargas e esforços
solicitados e ainda garantir a continuidade do funcionamento do sistema.
Rolamentos de esferas são muito comumente utilizados em máquinas com alta
rotação que necessitam de suportar elevadas cargas radiais, sendo na sua maioria
limitados à aplicação de cargas radiais.

Um rolamento que apresente um de seus componentes danificado (gaiola,


pista externa, pista interna ou elemento rolante), sempre indicará sinais de impacto,
pois, cada vez que um elemento passar passar pelo defeito ocorrerá um sinal de alta
frequência, devido à grande quantidade de energia contido no impacto em um curto
intervalo de tempo.

A Figura 20 apresenta a forma de onda, sinal no tempo, do mancal de


rolamento antes de se realizar o ajuste. É possível identificar uma modulação em
amplitude do sinal que indica impactos de alta frequência no elemento devido à
severidade dos defeitos presentes.
31

Figura 20 – Forma de onda do mancal de rolamento

Fonte: Elaborada pelo autor.

As Figuras 21 e 22 a seguir apresentam os graficos da técnica chamada


envelope de demodulaçao, bastante útil na análise e identificação de defeitos em
rolamentos. O gráfico da Figura 21 apresenta o gráfico da técnica de envelope com
um filtro passa-banda entre as frequências de 800 até 2400 Hz sendo possível
identificar a repetição dos impactos no rolamento inspecionado com amplitudes de
0,20g, valor esse considerado elevado levando em consideração o tamanho do
rolamento. Observa-se os picos que indicam impacto no rolamentos, os mesmos
coincidem quase que perfeitamente com a frequência da gaiola (FTFI), isso significa
que o desgaste ou defeito está localizado na gaiola do rolamento.

A justificativa para a escolha da faixa de frequência selecionada é que a


maioria das frequências de rolamentos ficam situadas entre esses valores, nessa
faixa também é possível verificar deficiência de lubrificação, caso exista, que
caracteriza-se pelo descolamento das linhas do gráfico do eixo horizontal, formando
o que chama-se de carpete.
32

Figura 21 – Gráfico de envelope de demolução com sinal de impacto na


gaiola

Fonte: Elaborada pelo autor

O gráfico da Figura 22 apresenta o mesmo sinal apresentado na imagem


anterior, porém enfatizando a presença de bandas laterais na frequência de rotação
do rolamento, isso quer dizer que o defeito do componente está modulando, ou seja
variando, com a rotação do mesmo. Na imagem também é possível observar com
mais clareza a formação do carpete.

Figura 22 – Gráfico de envelope de demodulação com bandas laterais

Frequência de banda
lateral 59,3 Hz

Fonte: Elaborada pelo autor


33

Após realizar a correção do problema no rolamento e efetuar nova coleta de


vibração é possível verificar que o sinal de vibração apresentou grande redução em
relação ao valor inicial, resultando em amplitudes de 0,005g.

Figura 23 – Gráfico de envelope de demodulação após ajuste do rolamento

Fonte: Elaborada pelo autor.

A redução do defeito se torna mais evidente no gráfico de tendência, que


apresenta o valor global obtido em cada inspeção. Observa-se uma redução de
2,78g para 0,98g, indicando que o rolamento passou de uma condição de alerta para
uma condição aceitável, de acordo com a norma ISO 20816-1.
34

Figura 24 – Gráfico de tendência em aceleração (g) do rolamento


inspecionado.

Antes = 2,8g

Depois = 0,98g

Fonte: Elaborada pelo autor

4.2 Análise de Engrenagens (redutor de velocidades)

Não foram realizadas mudanças internas no redutor de velocidades, sendo


assim, esta análise limita-se à interpretação dos gráficos obtidos na fase inicial
indicando que tipo de falhas foram detectadas.

A Figura 25 apresenta o gráfico da técnica de envelope de demodulação,


bastante útil também para análise de engrenagens, nele é possível visualizar com
clareza os impactos que ocorrem entre os dentes das engrenagens com amplitude
de 1,6g, valor elevado que indica folga excessiva entre os dentes, gerando impacto
em alta frequência sempre que um dente encontra o outro.
35

Figura 25 – Envelope de demodulação do redutor de velocidades

Fonte: Elaborada pelo autor

Os impactos tornam-se ainda mais evidentes analisando o sinal no tempo


em aceleração do redutor. É possível observar que existe a repetição dos impactos
que se destacam na imagem, o intervalo entre cada repetição coincide com a
frequência de rotação da engrenagem de entrada, 84 Hz. Este fato indica que a
engrenagem em questão apresenta-se em um estado mais avançado de desgaste.

Figura 26 – Sinal no tempo em aceleração do redutor de velocidades


Intervalo de repetição = 84 Hz.

Fonte: Elaborada pelo autor


36

A Figura 27(a) e 27(b) apresentam, respectivamente, os espectros em


aceleração dos pontos de entrada e saída do redutor de velocidades. Em ambas as
imagens, observa-se a frequência de engrenamento, GMF, com presença de bandas
laterais nas frequências de rotação das engrenagens de entrada e saída,
evidenciando a presença de folga excessiva entre os dentes das engrenagens.

Figura 27 – Espectros em aceleração dos pontos de (a) entrada e (b) saída


do redutor

(a)

GMF com banda lateral de 84 Hz

GMF com banda lateral de 193 Hz

(b)

Fonte: Elaborada pelo autor


37

4.3 Polias e correias

Nas polias houve redução significativa na excitação das frequências de


defeito após o ajuste do alinhamento e do tensionamento da correia. Neste caso, as
limitações existentes foram devido a baixa mobilidade da caixa de redução sobre a
bancada e a ausência de um tensor capaz de oferecer um melhor ajuste da tensão
das correias, fator este que também influenciaria no esforço imposto aos mancais de
rolamentos. Porém, foi possível obter redução significativa nos níveis de vibração.

Figura 28 – Espectros em velocidade indicando excitação das polias e


correias

Frequência das correias.

Amplitude = 1,36 mm/s

Frequência da polia motora.

Amplitude = 3,4 mm/s

Frequência da polia movida.

Amplitude = 1,34 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor


38

Após realizado o alinhamento das polias e efetuada nova coleta de dados,


observa-se significativa redução das amplitudes de vibração, como comentado
anteriormente. Neste caso o sistema saiu de uma condição insatisfatória para uma
condição considerada satisfatória, de acordo com a ISO 20816-1.

Figura 29 – Espectro em velocidade indicando redução do sinal de vibração


das polias e correias.

Frequência da correia.

Amplitude = 0,90 mm/s

Frequência da polia motora.

Amplitude = 2,0 mm/s

Frequência da polia movida.

Amplitude = 0,95 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor


39

O gráfico de tendência apresenta a redução do nível global de vibração em


velocidade medidos antes e depois de efetuados os ajustes citados anteriormente.

Figura 30 – Gráfico de tendência em velocidade (mm/s)

Antes = 5,5 mm/s

Depois = 4,4 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor

4.4 Alinhamento

De acordo com o que foi citado no desenvolvimento, a correção do


alinhamento entre o eixo e o motor ficou limitado devido à baixa mobilidade do motor
sobre a bancada no sentido lateral, também somados ao fato de existir
excentricidade no acoplamento entre as partes. Sendo assim, obteve-se baixa
redução nos valores de vibração associados ao desalinhamento, saindo de uma
condição inaceitável para condição de insatisfatório, de acordo com a ISO 20816-1.

As Figuras 31(a) e 31(b) apresentam, respectivamente, os espectros em


velocidade indicando os sinais de vibração antes e depois do ajuste do
desalinhamento. Este defeito se caracteriza no espectro pela predominância da
rotação da máquina acompanhada de harmônicas que alternam de amplitude, tanto
no sentido radial quanto no sentido axial.
40

Figura 31 – Espectro em velocidade (a) antes do alinhamento; (b) após alinhamento.

(a)

Frequência de
desalinhamento.

Amplitude = 11,62 mm/s

(b)

Sinal após correção

Amplitude = 7,62 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor

Apesar de haver redução da amplitude do sinal, ainda é possível observar a


presença de harmônicos do defeito, indicando que o mesmo ainda não se encontra
em um nível adequado para o bom funcionamento da máquina a longo prazo.

A excentricidade do acoplamento é apresentada na a Figura 31, nesse


defeito a rotação da máquina predomina no espectro e surgem harmônicos que
alternam de amplitude, melhor visualizado no sentido radial horizontal.
41

Figura 32 – Espectro de vibração em velocidade do acoplamento excêntrico.

Sinal de excentricidade
com presença de
harmônicas da rotação

Fonte: Elaborada pelo autor

Figura 33 – Gráfico de tendência do alinhamento

Antes = 9,4 mm/s

Depois = 7,7 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor


42

4.5 Desbalanceamento

Segundo comentado no desenvolvimento, o defeito de desbalanceamento foi


simulado no rotor inserindo uma massa de desbalanceamento, sendo assim, não
ocorreu nenhuma ação corretiva a respeito.

No espectro o desbalanceamento sempre aparece em 1x a rotação da


máquina sem presença de harmônicos, caso apareçam, esses harmônicos indicam
que o desbalanceamento está acompanhado de outro defeito, caso bastante comum
devido à grande quantidade de energia que pode estar presente no
desbalanceamento, podendo provocar folgas, desgastes de transmissões,
desalinhamentos e falha prematura de rolamentos. Resumindo, o desbalanceamento
é um defeito bastante destrutivo para máquinas rotativas.

Figura 34 – Espectro em velocidade do rotor sem desbalanceamento

Sem desbalanceamento

Amplitude = 1,8 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor

Observa-se que, inicialmente, a máquina apresenta condição satisfatória e


que o sinal residual presente no espectro poderia ser reduzido realizando um
balanceamento para refinamento. No entanto, não se faz necessário para este
trabalho.
43

Com a adição da massa de desbalanceamento e nova aquisição de dados,


torna-se evidente o aumento da amplitude na frequência de rotação da máquina,
evidenciando o desbalanceamento do conjunto que encontra-se em condição
insatisfatória, de acordo com norma ISO 20816-1.

Figura 35 – Espectro em velocidade do rotor desbalanceado

Com desbalanceamento

Amplitude = 4,7 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor

4.6 Folgas

De acordo com o que foi comentado no desenvolvimento, as folgas de base


se tornaram um problema mais difícil de solucionar devido à impossibilidade de
apertar os parafusos de fixação nos trilhos da bancada, no entando, com algum
esforço foi possível obter redução satisfatória no sinal de vibração e a máquina
passou de uma condição insatisfatória para condição satisfatória, de acordo com
tabela da norma ISO 20816-1.
44

Figura 36 – Espectro de vibração do mancal com folga de base

Sinal de folga na base

Amplitude = 2,7 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor

É comum folgas provocadas por deficiência de fixação apresentarem a


caracterísitica de “escadinha” no espectro de velocidade, normalmente a rotação da
máquina predomina com presença de harmônicas com amplitudes decrescentes,
sendo mais bem visualizado na direção vertical.

Figura 37 – Espectro de vibração do mancal após ajuste de folga

Sinal após ajuste

Amplitude = 1,6 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor


45

Apesar da redução de amplitude do sinal de vibração para níveis aceitáveis,


esse defeito poderia ser melhor resolvido se a bancada oferecesse condições para a
realização do ajuste adequado, no entando, para este trabalho resultado é
satisfatório, de acordo com norma ISO 20816-1.

Figura 38 – Gráfico de tendência do valor global de vibração

Antes = 2,75 mm/s

Depois = 2,4 mm/s

Fonte: Elaborada pelo autor


46

5 Conclusões

Os procedimentos executados sobre a bancada e os resultados obtidos nas


análises de vibração apresentaram-se satisfatórios, baseado na norma ISO 20816-1
utilizada, demonstrando de forma objetiva como identificar os defeitos mais comuns
presentes em máquinas rotativas, sendo possível observar seus respectivos efeitos
tanto no domínio do tempo quanto no domínio da frequência.

A manutenção preditiva utilizando a análise de vibrações é um estudo muito


importante para o monitoramento de equipamentos, principalmente aqueles em que
a continuidade do funcionamento é um fator crítico, tornando possível a elaboração
de diagnósticos e prognósticos que evitam quebras e falhas inesperadas. É
extremamente importante destacar a necessidade de se realizar a correta
configuração dos pontos de coleta antes da inspeção da máquina, pontos
configurados de forma errada podem facilmente mascarar defeitos e gerar
problemas sérios em relação aos equipamentos. Sendo assim, é comum que em
muitos casos juntamente com a análise de vibração ocorra inspeção por termografia
infravermelha para garantir mais ainda a confiabilidade dos resultados obtidos.

Apesar das limitações que surgiram durante a execução dos testes, os quais
foram descritos e comentados anteriormente, foi possível obter resultados bastante
interessantes capazes de gerar significativo embasamento teórico e prático para
aqueles que desejarem aprender um pouco sobre tal assunto.

Melhorias futuras podem ser implementadas com a finalidade de melhorar a


prática de simulação e correção de defeitos, como por exemplo, proporcionar aos
componentes mecânicos maior mobilidade, especialmente o motor elétrico. Outra
opção de melhoria é a instalação de sensores fixos montados nos mancais, esses
sensores ficam conectados à uma caixa a qual fica instalada na parede, permitindo a
coleta dos dados de vibração fora do contato com a bancada, evitando que o
operador fique próximo de partes móveis perigosas.

Assim como a bancada, este trabalho é uma contribuição para os alunos do


curso de Engenharia Mecânica que servirá de guia para a prática e o aprendizado
sobre manutenção preditiva utilizando análise de vibrações, oferecendo também a
47

oportunidade de conciliar conhecimentos com disciplinas de elementos de máquinas,


tribologia e mecânica dos sólidos.
48

6 Referências

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com arduino e processing aplicado a manutenção de máquinas elétricas. 2016.
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