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Pela fé, Miriã se arriscou a conversar com a princesa, para salvar a vida de seu irmão e
assim promoveu também a libertação de Israel do domínio dos egípcios.
Pela fé, Débora saiu ao lado de Baraque para a batalha e, com a ajuda de Jael, teve a
coragem de lutar contra o capitão Sísera pela liberdade do seu povo.
Pela fé, a menina escravizada contou a sua patroa sobre o profeta Eliseu, fazendo com que
seu patrão, Naamã, fosse curado de uma doença mortal.
Pela fé, Agar andou no deserto com seu filho pequeno e viu o anjo que lhe anunciou a
salvação perto do poço.
Pela fé, Rute deixou seu povo e sua história, para seguir com sua sogra para uma nova terra
e fez parte da linhagem de Davi.
Pela fé, Abigail colocou leite e alimentos sobre um burrinho e foi ao encontro de Davi, para
acalmar o coração dele por causa da loucura de seu marido, Nabal.
Pela fé, Dorcas usou suas agulhas para costurar roupas e sonhos para as mulheres de sua
cidade e sua falta foi tão sentida que as mulheres oraram por sua ressurreição.
Pela fé, Maria, ainda adolescente, aceitou o desafio de ser a mãe do salvador, negando-se a
si mesma e arriscando sua vida e seu casamento pela missão mais sublime de todas.
E que mais direi? Certamente, me faltará tempo necessário para referir o que há a respeito
de Sara, Rebeca, Raquel, Lia, Maria Madalena, Júnia, Priscila, Tamar, Raabe, Trifena e
Trifosa, Ninfa, Lídia, Evódia e Síntique, Joana, a Sunamita, Hulda, Ana, Eunice, Loide, as
parteiras do Egito, as babás do palácio real, Suzanna Wesley, Martha Watts, Anna Francis,
de todas as professoras, educadoras, missionárias, cuidadoras, presidentes de sociedades,
pregadoras, hospedeiras, mães, tias, avós, as quais, por meio da fé, subjugaram reinos,
praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a
violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se
poderosas em guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros, salvaram crianças e
povos, testemunharam de Cristo, forjaram caráteres. Algumas foram torturadas, não
aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição...
Todas estas tiveram bom testemunho de sua fé, mas não obtiveram, contudo, a
concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para
que elas, sem nós, não fossem aperfeiçoadas.
Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas,
desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o autor e
consumador da fé, Jesus! (Hideide Brito Torres)
“Quem sabe se não foste elevada a rainha para tal tempo como este?” (Ester 4.14)
A história de Ester parece uma daquelas típicas narrativas de princesa de contos de fadas. A
menina órfã de pai e mãe, criada pelo tio na simplicidade e pobreza, de repente é escolhida
entre muitas para ser rainha. Morar no palácio, viver do bom e do melhor, ao lado do
charmoso rei... mas não é bem assim. O rei é perverso, as condições de vida não são boas, o
povo é oprimido.
Mas Ester também não é a típica princesa. Observo com sobriedade que Mordecai, o tio,
não a deixa recair nos estereótipos esperados. Ele a empodera com palavras, atitudes e
cobranças bastante sérias. E a coloca diante da pergunta fundamental: “Quem sabe?”
Nós, mulheres metodistas, também recebemos um chamado de Deus, como Ester. Podemos
nos esconder atrás das ideias prontas ou podemos perguntar: “Quem sabe?” e descobrir
nosso lugar de servir no Reino de Deus. Servir a todas as pessoas, mas de modo especial
servir às outras mulheres. Desenvolver relações afetuosas e de apoio. Romper os ciclos de
culpabilização e violência. Romper com o esperado e irromper com a vida plena do Reino
de Deus.
Muitas mulheres cristãs são vítimas da violência dentro de casa. De relações injustas no
trabalho. De maus tratos e abusos verbais por parte de patrões. De questões culturais
enraizadas. Não caia no discurso fácil: “Ela mereceu”. “Ela deve ter feito alguma coisa”.
“Isso é vitimismo”. Cuidado com esses termos que escravizam a mulher e reforçam
preconceitos. Ao invés disso, seja a discípula de Jesus que diz: “Ninguém te condenou?
Nem eu te condeno. Vá e não peques mais” (João 8.10). Seja imitadora de Jesus, cujo
ministério era sustentado por mulheres (Lc 8.1-3). Sustente outras mulheres, de todo jeito
que puder. Ame sua irmã, sua semelhante, sua igual.
Você, homem, seja como Mordecai. Não limite, mas impulsione. Não se prenda aos
estereótipos, mas liberte. “Quem sabe?” você tenha uma Ester em sua vida: uma mãe, uma
irmã, uma filha, uma esposa, uma amiga... Ou uma Maria, uma Joana, uma Madalena, uma
Pérside, uma Vasti, uma Ana... Seja lá o nome que ela tiver, “é para um tempo como esse”
que Deus a chamou. E sendo ela rainha ou plebeia, em qualquer condição social ou
econômica, é na cooperação entre homens e mulheres comprometidos com Deus e os
valores do Seu Reino, que não é deste mundo, gente como Mordecai e Ester, que este tempo
e lugar podem se tornar, pouco a pouco, “o novo céu e a nova terra nos quais habita a
justiça” (2Pe 3.13).
08 de março: dia de luta, reflexão e ação. Dia Internacional da Mulher.
Bispa Hideide Brito Torres
Oitava Região Eclesiástica
"Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por
herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e
destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos
de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te
hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-
te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes
meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. (Mateus 25:34-40)
Já estive muitas vezes nos hospitais e em prisões. Para mim, de toda a tarefa pastoral em
específico, essas duas são as mais difíceis. Esses dias, fiquei com a minha filha no hospital
por uma semana. Na enfermaria de um hospital público, na UTI de um hospital particular.
Nesses dias, vi pela madrugada as macas passando em frenesi pelo corredor, o vigia
gritando: "Ponham as máscaras, gente, vigiem os pacientes! Vamos passar com alguém com
Covid por aqui." E a maca passava, todo mundo vestido com roupas como nos filmes de
pandemia. A seguir, o pessoal da limpeza vinha esfregando paredes, portas... Depois, com a
transferência para o outro hospital, que atendia pelo nosso plano (a dificuldade de fazer o
plano funcionar vale um texto à parte), colocaram minha filha na UTI para monitorar. Na
porta, escreveram: prevenção. Todas as vezes em que as enfermeiras, médicos e outros
profissionais apareciam, eles se paramentavam todos, porque ninguém sabia se havíamos ou
não sido contaminadas na enfermaria. Isso é muito chocante e mexe com a gente.
Também mexe com a gente ver a morte. Duas pessoas morreram na UTI nos dois dias em
que fiquei lá. Uma morreu no plantão do meu marido. Atravessar o corredor para ir ao
banheiro e ver aquelas pessoas, a maioria velhinha, cheia de tubos e monitores, mesmo
testemunhando o zelo do pessoal médico e da enfermagem, corta o coração da gente. Vem o
medo e o desejo de Deus nos levar num rápido ataque cardíaco. É uma não-vida, de algum
modo. Mas isso também é outra conversa. Dizem que escrevo muito... ah, se vocês
soubessem o tanto que eu penso!
Enfim... tudo isso para dizer que no hospital não gostamos de ir para não perceber nossa
fraqueza inerente e nosso potencial para morrer. Na prisão não gostamos de ir porque,
mesmo que neguemos, os presos e presas são nossa outra face, o que poderíamos ser. E
também não queremos ver isso. O mesmo ocorre com quem tem fome, com quem tem sede,
com quem está nu, com quem é estrangeiro. São gentes que refletem no espelho de nossos
temores, de nossas sombras. Atender às necessidades delas como o Rei determina é um
profundo sair de si mesmo, de negar a si mesma.
Mas os benditos e benditas são os/as que fazem o que as desafia. Fazem o que não querem
fazer, negando suas naturezas, por um princípio superior. São benditos e benditas do Pai
porque imitam o Rei. Esse Rei que desce do trono, abdica da glória e também se torna o
que, se a gente pensar bem, ninguém na posição dele iria querer ser. Jesus teve fome, teve
sede. Jesus ficou nu naquela cruz (eu te lembro que aquele paninho enrolado é coisa pudica
da iconicidade cristã, mas é fake... rs...). Jesus foi estrangeiro no Egito, em Samaria... de
fato, ele era estrangeiro em toda parte, porque seu Reino nem era deste mundo! Jesus foi
preso. E sim, embora os Evangelhos não relatem, é provável e quase certo que pelo menos
uma dor de barriga ou de dente ele deve ter sofrido na vida. Ou não foi gente, certo?
Sim, os benditos e benditas do Pai são aqueles e aquelas que estão dispostos e dispostas a
viver como o Rei, a agir como o Rei e a estar onde e do modo como o Rei esteve. Esses
dias, eu tive mais uma prova, na minha carne, de que é muito difícil. Muito difícil mesmo.
Que alívio chegar em casa, por causa da minha filha e por minha causa também. Que
sensação de escape! Mas não posso ser bendita assim.
Esses dias eu vejo gente desse lado e daquele se engalfinhando e defendendo reinos deste
mundo, que nada valem e passarão, enquanto os que têm fome, sede, falta de roupa, doença
e crimes nas costas continuam sem ouvir a Palavra da Redenção e sem receber a visita dos
benditos e benditas do Pai, que podem mudar tudo. Estamos longe da bênção. É melhor a
gente mudar a rota antes que quem precise dessa visita sejamos nós.
(Bispa Hideide Brito Torres.- Igreja Metodista)
"Rispa (2 Samuel 21) é "toda mãe que vê seus filhos mortos antes do tempo por razões de
Estado, sejam eles em tempo de paz ou em guerra. Tudo o que resta para ela é preservar a
dignidade da sua memória e viver para testemunhar e pedir contas aos governantes do
mundo". (Jonathan Magonet). Davi matou os filhos de Saul para satisfazer a uma situação
estatal. Num acordo com os gibeonitas, o corpo de sete homens, provavelmente jovens,
ficaram pendurados não por um dia ou dois, mas, de acordo com os relatos bíblicos, por um
período de cinco meses.
Por cinco meses, Rispa viu o cadáver dos filhos se deteriorando no tempo e lutou contra
aves de rapina e feras. Eu penso nos meninos e meninas mortos desde há muito. O rabino
Magonet tem razão. Depois que os filhos morrem, as mães precisam lutar contra as aves de
rapina que procuram todos os podres que porventura houverem para menosprezar aquela
morte. A criança estava no lugar errado; a mãe deixou a criança brincar na rua; a mãe não
devia ter levado a criança para a casa da patroa; a criança era aviãozinho de traficante; a
mãe era prostituta.
As mães precisam lutar contra as feras: poderes governamentais que não indenizam e nem
ao menos pedem perdão; advogados e criminalistas que prendem o pobre imigrante que só
queria arrumar uma namorada na nova terra e acaba com um tiro no corpo e uma pena nas
costas; os 80 tiros de fuzil que a gente ainda não entendeu como pode uma coisa dessa... o
medo, maior das feras que nos ataca nesses dias bicudos.
Eu imagino Rispa no alto daquele monte. Por cinco meses, ela deve ter desmaiado sozinha
como as mães que receberam seus filhos mortos ou toparam com eles na esquina,
ensanguentados. Rispa deve ter gritado como aquele pai ao enterrar seu menino que estava
em casa, brincando. Rispa deve ter odiado e dito palavras de ordem e ameaçado quebrar
tudo. E deve ter sido vista como traidora do rei ungido. A Bíblia guardou Rispa para nos
mostrar que o problema da gente também reside a limitar qualquer problema a uma moeda
de dois lados. No mínimo, todo problema é um cubo, uma pirâmide. Tem dois, três, vinte
lados. Muitos podem estar certos e muitos podem estar errados ao mesmo tempo. Por isso, o
diálogo e o amor seguem sendo as únicas armas verdadeiramente vitoriosas e nunca usadas.
O diálogo e o amor conseguem dar razão ao filho mais velho e ao filho mais novo ao
mesmo tempo e ainda assim priorizar quem precisa mais naquele momento.
O diálogo e o amor evitam a secura, a morte da esperança, a depressão social e a angústia.
Mas tem gente que não quer diálogo. Tem gente que ignora a morte, que faz pouco caso da
dor, que coloca isso na normalidade.
Cinco meses e Davi não ouviu esse grito. A resiliência tem que ir muito além. Rispa sacode
os braços para as aves e acende fogueiras contra as feras. E ainda lida com as chuvas, com a
seca... cinco longos meses.
Então, Davi não tem mais como negar a ela a justiça de enterrar seus filhos. O protesto
começa a incomodar o palácio. É dito a Davi o que uma concubina estava fazendo. Um
protesto na periferia, fora da cidade, incomodando porque a injustiça começa a doer em
todo mundo.
Filhos sepultados e a praga que estava sobre a terra se aplacou. É estranho. Se fosse
realmente só por causa dos gibeonitas, não era para a praga ter cessado quando os filhos de
Rispa e Merabe morreram? Mas não. A praga cessou quando a justiça veio para os
desprezados filhos da concubina e da princesa destronada. A praga cessou quando o rei saiu
do seu trono, ausentou-se das suas representações de grandeza, desceu do cavalo e sepultou
os que morreram por causa do trono. Aí a praga cessou. Só aí a praga cessou..." (Bispa
Hideide Brito Torres)
"De que tipo de pessoas a igreja precisa? A Igreja precisa de pessoas com discernimento,
que reconheçam que a vergonha de um ministério não exige a condenação de todos os
outros. O inimigo quer que os santos comecem a desacreditar uns dos outros e a sufocar a
obra de Deus perante um mundo cheio de espírito crítico. Satanás, e não Deus, é o autor da
confusão. (...)
A igreja também precisa de pessoas devotadas a Jesus Cristo. Sei que parece um chavão;
mas haverá maneira melhor de expressar a ideia? A pergunta que dirigiu a Pedro, Jesus faz
a nós hoje: "Amas-me mais do que estes?" (Jo 21.15). A coisa mais relevante sobre o povo
de Deus não é que amemos as almas perdidas ou mesmo os irmãos no Senhor. O mais
importante é que amemos a Jesus Cristo. Somente então é que estamos aptos a alimentar
suas ovelhas, cuidar do seu rebanho e combater os lobos. "Reavivamento é a renovação do
amor da igreja por Jesus Cristo, escreveu Van Havner. "Amamos a nós mesmos, amamos a
nossa turma e pode ser que amemos nosso fundamentalismo, mas não amamos ao Senhor".
(Wiersbe, Warren. Crise de integridade, p. 100-101)
Venha antes que o inverno chegue (2Tm 4.21, com base no sermão de Sundo Kim,
bispo metodista na Coreia do Sul)
Paulo escreveu a Timóteo, pouco antes de sua morte, por decapitação, em Roma, para
que o seu amigo íntimo e discípulo viesse visitá-lo, trazendo livros e uma capa, antes do
inverno. Em meio ao pedido, suplica para que ele venha depressa, reclama do abandono
de amigos, da perseguição dos inimigos e da solidão ocasionada pela enfermidade de
uns e envio de outros ao campo missionário. Os livros deviam ser queridos, a capa, no
frio da prisão, necessária, mas Paulo precisava mesmo era do amigo. Segundo Kim,
estudiosos do NT entendem que Timóteo, porém, chegou tarde demais. Procurando
pelas prisões pelo amigo, qual teria sido sua reação ao perceber que Paulo já se tinha ido
para sempre? Nunca saberemos. Mas para nós, hoje, esse pedido - Venha antes do
inverno - possui ao menos três vertentes importantes...
1. Dê ajuda antes que o inverno chegue. Haverá tempo que aquele pedido feito por
alguém não poderá mais ser atendido. Esteja presente, dê o seu melhor, esteja disponível
a quem precisa, antes que o inverno chegue.
2. Demonstre gratidão antes que o inverno chegue. Agradeça às pessoas que fizeram a
diferença em sua vida. Deixe quem foi importante saber que você reconhece. Valorize
as pessoas significativas. Porque sua palavra de gratidão pode ser necessária a elas hoje.
Amanhã pode ser muito tarde.
3. Responda a Deus antes que o inverno chegue. Deus tem chamados a você que são
sistematicamente recusados. Oportunidades que não são acolhidas. Responda "no tempo
que se chama hoje", atenda à convocação divina. Antes que você esteja em idade
avançada, com doenças debilitantes, com situações insuperáveis... enfim, antes que o
inverno chegue.
Nada machuca, fere ou incapacita mais que o remorso. Deus quer prevenir em nós as
dores que esse sentimento provoca. Devemos atentar que os avisos divinos colaboram
para nosso bem. Então, antes que o inverno chegue, faça o que é mais importante.
Atenda ao chamado urgente. "Venha depressa"!
Todas as reações:
92Aglaé Pinto de Souza, Antonio Carlos Santos e outras 90 pessoas