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581-20 - HP04015376239462
Sanfona para Iniciantes - Abordagem Prática
Introdução
◦ Pra que serve essa apostila?
◦ Quem é Lucas Batalha?
◦ Adquirindo uma sanfona
◦ Manutenção
Primeiros passos
◦ A forma ideal de se aprender
◦ Aprendendo de forma prática
Leitura de cifras
◦ O que são cifras
◦ As letras
◦ Os símbolos
◦ Os acordes
◦ Exemplo
O mapa do teclado
◦ Organização das notas
Notas e Acordes
◦ Diferença entre notas e acordes
◦ O que é sustenido e bemol?
◦ O que é tom e semitom?
◦ O que é oitava?
◦ Abaixo ou acima?
◦ Numeração dos dedos
◦ Composição dos acordes maiores
◦ Composição dos acordes menores
◦ Diferença de sonoridade no ouvido!
◦ Inversões de acordes
◦ Mudando o tom da música
Lucas Batalha
Ao contrário de um livro físico, que você compra na biblioteca e pode emprestar a apenas uma pessoa por
vez, este arquivo é digital e poderia ser replicado muito facilmente. Pode ser copiado infinitas vezes. Então você não
deve compartilhar com seus amigos e nem mesmo disponibilizar para download. Além disso, essa apostila é fruto de
longos trabalhos e estudos e, como todo trabalho, precisa ser valorizado.
Essa apostila foi criada para orientar aos sanfoneiros iniciantes que vão aprender a sanfona de forma
prática e sozinho. Há vários caminhos possíveis, mas vou clarear um bom caminho com atalhos para o sucesso no
aprendizado. Ainda aqui na introdução, dou uma certa orientação sobre escolher e adquirir uma sanfona e dar a
manutenção necessária. Mais pra frente já começo a falar sobre como aprender sanfona com uma abordagem prática.
Além disso, essa apostila já traz um bom material para começar a tocar: leitura de cifras, formação dos
acordes, mapa da organização dos baixos da sanfona, junção das duas mãos, etc. Então vai servir muito bem tanto a
quem nunca pegou na sanfona quanto àquelas pessoas que já tem sua sanfona e já começaram a tocar há pouco
tempo.
Lembrando que nosso instrumento possui muitos nomes e apelidos. Gosto de tratar carinhosamente por
Sanfona, mas entenda que é o mesmo que Acordeon, Acordeão, Cordeona, Gaita, Gaita de Fole, Concertina, Fole,
Harmônica, etc.
Consegui minha primeira sanfona no final do ano de 2016. Faz muito pouco tempo. Fui aprendendo tudo
completamente sozinho de lá pra cá, aplicando o conhecimento sobre música que eu já vinha trazendo do violão que
toco desde os 10 anos de idade. Cheguei a um ponto com a sanfona em que não dava mais para evoluir sozinho e
precisava de muito mais. Então comecei a estudar e levar muito a sério minha sanfona e desde esse momento minha
visão da vida mudou completamente, graças à música e esse nosso instrumento tão bonito e complexo.
Me considero ainda um iniciante, porque faz relativamente pouco tempo que comecei na sanfona. Mas o
interessante é que, depois de um tempo de estudos, descobri meu dom de ensinar. Acho que herdei a habilidade do
meu pai que é um ótimo professor: as pessoas me pediam ajuda e diziam que só conseguiam entender as coisas a
partir de mim, porque consigo simplificar tudo de forma muito prática. Então passei a colocar vídeos no Youtube
para ajudar mais pessoas e o canal foi um sucesso. Meu foco é sempre ajudar aos iniciantes na sanfona. Hoje, além
de tocar sanfona em shows, dou aulas particulares para todo o Brasil, criei esta primeira apostila e em breve meus
próprios cursos de sanfona.
Fique à vontade para entrar em contato comigo sempre, ajudo a todos como posso:
Facebook: facebook.com/lucasbatalhasanfoneiro
Instagram: instagram.com/lucasbatalhasanfoneiro
Youtube: youtube.com/lucasbatalhasanfoneiro
Whatspp: chat.whatsapp.com/2yvnDHVjEiw3j81qDz96U5
Qual sanfona devo comprar? Qual a melhor sanfona pra aprender? Qual a melhor marca de sanfona?
Melhor comprar sanfona com poucos baixos ou compro logo de 120 para aprender?
Cada sanfoneiro responderia de uma forma diferente a essas perguntas. Mas tentando te ajudar, posso dar
dicas rápidas segundo minha experiência. Sanfona é um instrumento caro então, se você quer começar a tocar, a
melhor sanfona com certeza é aquela que você pode ter! De qualquer forma, veja minhas sugestões e opiniões...
Sugiro que procure adquirir uma sanfona com pelo menos 80 baixos, que assim poucas notas vão faltar e
você vai poder tocar qualquer música. Por outro lado, se adquirir uma sanfona com menos baixos, vai ter trabalho
pra aprender algumas músicas, algumas tonalidades, alguns acordes. Quanto a marcas fabricantes, as sanfonas
italianas são conhecidas por boa qualidade, mas veja bem, não é só porque tem selo da Itália que é sanfona boa e
também não são só as italianas que são boas. Algo que precisa ser lembrado é que existe muito estelionato e
falsificação, então tome bastante cuidado, desconfie de preços muito baixos e mostre a um amigo que tenha mais
Mas o mais importante pra quando for comprar uma sanfona: veja a quantidade de baixos, a
quantidade de vozes no teclado e nos baixos, a quantidade de registros, a qualidade do palhetamento, o peso, se
possui ou não captação (eletrificação) e qual sua qualidade, se o fole está justo e com boa pressão, se alças e correia
estão boas, etc, e mais um ponto decisivo: é importante ver a sanfona por dentro e ela tem que estar limpa, bonita de
se ver, sem ferrugem e sujeira, sem partes apodrecendo, sem sinais de umidade!
Antigos sanfoneiros já me disseram: “um bom sanfoneiro escolhe sua sanfona como se estivesse
escolhendo sua esposa”! É verdade e o mesmo vale também para as sanfoneiras.
Manutenção
Minha sanfona estragou, e agora? Tudo bem! É normal e vai acabar acontecendo.
Só tome cuidado: não tente consertar as coisas sozinho se não tem experiência no assunto: procure o quanto
antes um bom luthier de sanfona (que costumamos chamar de afinador), senão um probleminha pode ficar muito
pior.
São vários os problemas que podem acontecer com sua sanfona: desafinação, vazamento de ar, palhetas
quebradas, vozes chiando, teclas estragadas, problemas nos registros, etc. E praticamente tudo o que se vai fazer
numa sanfona é trabalhoso, exige experiência e conhecimento, e pode custar caro! Se vai começar a tocar agora ou
já está tocando há algum tempo, com certeza é importante conhecer um luthier de confiança na sua cidade ou
próximo a ela.
O mapa da sanfona
Veja abaixo as partes componentes da sanfona que mais interessam a você que vai tocá-la.
1) Baixaria: Esse é o nome que usamos informalmante para referência à placa de baixos. Os botõezinhos
levam esse nome porque têm as notas mais graves da sanfona (notas de BAIXA frequência). E, assim como
naquele instrumento da banda que chamamos de baixo ou contra-baixo, que pode ser o elétrico ou o
acústico, os baixos da sanfona vão fazer um acompanhamento durante toda a música (quase sempre!). Nos
baixos costumamos usar a mão esquerda e ela terá praticamente o mesmo trabalho do baixista da banda.
2) Teclado: O teclado é associado às melodias (os solos), mas também está sempre complementando os baixos
na harmonia (os acordes e acompanhamento da música). Costumamos usar no teclado a mão direita.
3) Registros: São esses botões acima das teclas ou dos baixos. Os registros alteram uma configuração interna
na mecânica da sanfona, indicando por onde o ar deve passar e quais palhetas devem soar e quais devem
ficar em silêncio. Assim mudam o timbre do instrumento, tornando-o por exemplo mais grave ou mais
agudo, mas não mudando notas (um Lá continua sendo sempre um Lá). Os registros podem imitar sons de
outros instrumentos, como Clarinete, Saxofone, Órgão, etc.. Existem os registros da baixaria, que estão
logo ao seu lado, ao alcance da sua mão esquerda, e que alteram somente o timbre dos baixos. E também
existem os registros do teclado, que estão também ao seu lado e alteram somente o som do próprio teclado.
Algumas sanfonas mais simples não possuem registros.
4) Fole: O fole é o pulmão da sanfona! O som é produzido quando se abre ou se fecha o fole e,
Sobre o Fole
A maioria das pessoas não dá a devida atenção ao estudo do fole. Então vai ficar aqui meu alerta para que
você se preocupe com ele tanto quanto se preocupa em aprender os baixos e o teclado!
O fole precisa ser aberto e fechado sempre com cuidado, devagar. Produzindo somente o som necessário
pra que o som seja bem ouvido. Esse é o segredo inicial e depois você deverá aprender sobre técnicas relacionadas
apenas ao fole.
Forçar demais o fole vai estragar todo o conjunto de peças da sua sanfona e, em especial, as palhetas de aço
que produzem o som final. Elas são de aço, são relativamente fortes, mas poderão quebrar se não forem usadas
corretamente.
Quando terminar uma música e precisar fechar o fole, lembre-se de não simplesmente forçá-lo pra fechar
apertando algumas teclas ou baixos. Ao alcance da sua mão esquerda, do lado esquerdo da sua sanfona, quase abaixo
da correia, existe um botão sozinho separado dos outros. Esse botão é usado como uma válvula que permite que o ar
saia de dentro do fole sem precisar acionar nenhuma tecla do teclado ou baixos. Use-o pra fechar o fole sem
produzir som e inclusive sua sanfona agradece!
Creio que uma forma ideal para se aprender qualquer instrumento seja em uma escola de música. Numa
boa escola existem professores especializados e experientes com um roteiro de estudos pré-definido para qualquer
aluno de qualquer nível, passando pelo importante estudo teórico da música e por muitas técnicas, que formam uma
base para a evoução.
Essa pode ser considerada uma forma ideal porque garante que o aluno terá sucesso no estudo, na minha
opinião. Porém, escolas e professores não são acessíveis a todos! A maioria das pessoas precisam aprender sozinhos,
de forma prática.
Minha função é facilitar a vida daqueles que estudam sozinhos! Por isso nos próximos tópicos pretendo
dar uma direção para os estudos.
Aprender de forma prática para a maioria das pessoas se resume a tirar músicas, seja confiando na
habilidade do ouvido, ou vendo alguém e copiando, ou ainda assistindo a alguém ensinar como tocar a música. A
maioria das pessoas que querem aprender simplesmente procura vídeos na internet com sanfoneiros ensinando como
tocar músicas da sua preferência. Isso pode funcionar pra algumas pessoas, mas também pode ser muito ruim.
Antes de aprender a tocar músicas, é melhor conhecer primeiro algumas técnicas: as notas, os acordes
básicos, um pouco de escalas, um pouco de arpejos, a organização dos botões do baixo, alguns ritmos básicos, etc.
Assim na hora de tirar uma música, o sanfoneiro só precisará ouví-la e identificar quais as técnicas que são
utilizadas, e ao se desenvolver bem vai conseguir tirar músicas de ouvido com mais facilidade. E praticamente tudo
isso está disponível na internet: alguma coisa será difícil de encontrar, de confiar, de compreender, mas é possível.
Por isso criei essa apostila como guia para os estudos de alguém que precisa ou quer aprender a sanfona de
forma prática.
Cifras são uma representação criada para identificar em cada música os acordes usados na mesma. São
letras e símbolos colocados juntos com a letra de uma música representando os acordes em cada momento da
música. Cada cifra corresponde a um acorde e deve ser colocada logo acima da palavra (da letra da música) do
momento em que o acorde deverá ser tocado.
Aqui vou ensinar somente a parte mais básica sobre cifras. As mais complexas você poderá ignorar no
início, tocando apenas os acordes mais simples. Mas futuramente você precisará se preocupar com eles. Vou usar as
cifras mais à frente nesta apostila, então entenda bem como funcionam antes de passar pra frente.
As letras
As letras usadas são de A até G. Elas representam as notas dó, ré, mi, fá, sol, lá, si. Mas preste atenção, a
letra A não representa a nota Dó. Veja abaixo na tabela:
Letra Nota
A Lá
B Si
C Dó
D Ré
E Mi
F Fá
G Sol
Os símbolos
Os símbolos mais simples usados nas cifras são apenas m, b, #, º. São só esses que vocês verá por aqui e, se
você é iniciante, só esses serão suficientes por um tempo. Então se você se deparar com algo diferente, por
enquanto, poderá ignorar e tocar apenas o acorde mais simples.
Símbolo Significado
m Menor
b Bemol
# Sustenido
º Diminuto
7 c/ Sétima
Observação: pode ser que você não saiba o que significam essas palavras, mas vamos aprender mais à
frente, agorinha mesmo.
Os acordes
Na imagem a seguir você verá as cifras da música Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Muitas vezes as cifras
vêm com a informação da tonalidade da música e também os acordes usados na introdução separadamente ou até
mais detalhes que isso, mas outras vezes não.
As cifras não costumam mostrar informações como o andamento da música, nem sobre qual o seu ritmo,
nem sobre o tempo de duração de cada acorde, nem sobre efeitos ou dinâmica (por exemplo volume mais baixo ou
mais alto), nem mesmo sobre a melodia. Algumas podem trazer anotações sobre isso mas, geralmente, a informação
contida nas cifras é só sobre qual acorde é tocado em cada momento. Na cifra acima, por exemplo, você pode
visualizar o seguinte:
Diferentemente dos baixos da sanfona, as notas no teclado são colocadas em sequência. Nas teclas brancas
temos todas as notas naturais e nas teclas pretas temos as notas bemóis e sustenidos! Tudo bem se você não sabe o
que é isso, mais à frente vamos explicar.
Logo abaixo temos o mapa das notas no teclado. Esse é o teclado que encontramos numa sanfona de 120
baixos, ele começa em uma nota Fá e termina em uma nota Lá. Se a sua sanfona tiver menos botões, muito
provavelmente terá menos teclas no teclado também. Veja como as notas estão dispostas no teclado da sanfona de
120.
Nas sanfonas de 80 baixos, existem duas teclas a menos no início e duas a menos no fim, então elas
começam em um Sol grave e vão até um Sol mais agudo. Também existem sanfonas com mais teclas, mas são bem
mais raras.
Nota e acorde são duas coisas diferentes! Quando você aperta apenas uma tecla do teclado da sanfona e
puxa o fole, você ouve o som de uma nota; e quando você aperta duas ou mais teclas do teclado, você ouve o som
de um acorde. Simples assim.
Para formar os acordes usados pra tocar as suas músicas no teclado, há dois caminhos:
Você pode decorar um por um, vendo vídeos pela internet ou vendo em alguma apostila
Ou compreender como se forma cada acorde em vez de decorar um a um.
Se você optar por decorar os acordes, terá um problema: você nunca vai conseguir decorar todos os acordes
que existem, porque são praticamente infinitos! Você não vai conseguir se lembrar de cada um deles quando for
tocar uma música. E além disso, não vai entender o quanto é fácil saber quais as notas que compõem qualquer
acorde existente.
O mais certo a se fazer é compreender a formação dos acordes. Logo abaixo já vou te explicar como se
formam os acordes básicos, que são os maiores, os menores e também os acordes com sétima. Os demais não são tão
importantes para você iniciante e, depois que você compreende os básicos, ficará fácil aprender os mais complexos.
Quando criança, aprendemos na escola a falar apenas as sete notas: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si. Porém, não são
só sete notas que existem. Essas são apenas as notas naturais. A música como conhecemos hoje utiliza doze notas.
Acontece que entre uma nota e outra existe mais uma: é como se fosse o valor 1,5 que existe entre os números 1 e 2.
Elas são chamadas de acidentes, mas quase não ouvimos falar esse nome. E atenção, não confunda as coisas: são
notas normais, comuns, usadas como outra qualquer, não há nada especial nelas!
Pra identificar bem rápido, é só olhar para o teclado, elas são as teclas pretas. Pra falar dessas notas,
usamos as palavras sustenido ou bemol. Quando usamos o nome “sustenido”, nos referimos a uma nota que está
uma tecla à frente (meio tom acima, depois falaremos sobre isso); e quando usamos o nome “bemol”, significa uma
tecla pra trás (meio tom abaixo).
Assim, a nota que está entre o dó e o ré é o Dó Sustenido! Ou podemos chamá-la também de Ré Bemol. E,
como você já percebeu: Dó Sustenido (C#) e Ré Bemol (Db) são a mesma coisa, ou seja, são dois nomes que damos
a uma mesma nota. E isso acontece com todas as outras:
C# é o mesmo que Db
D# é a mesma nota que Eb
F# é igual a Gb
G# é a mesma coisa de Ab
A# é igual a Bb
Atenção: olhando para o teclado você poderá perceber que não existem teclas pretas entre B e C e o mesmo
acontece entre E e F, e assim você chega a conclusão de que não existe E# e nem B# (o mesmo vale para Fb e Cb).
Na verdade até existem mas, como Mi Sustenido é o mesmo que Fá (uma tecla à frente), você não verá alguém usar
E# em uma cifra! Então pode considerar mesmo que não existem.
Um tom corresponde no teclado à distância de duas teclas. Assim, olhando para o teclado, você pode dizer
que entre o C e o D existe a distância de um tom, ou seja, a nota C somada com um tom resulta na nota D. Também
posso ver que, por exemplo, entre A e B existe um tom. O mesmo vale para F# e G#, pois basta andar duas teclas à
Já o semitom corresponde à metade de um tom, então significa a distância de apenas uma tecla. De C para
C#, por exemplo, existe apenas meio tom, então podemos dizer que só tem um semitom. O mesmo vale para C# e D,
também para E e F, ou para B e C.
Também podemos dizer que entre C e E existem dois tons. Ou que entre E e B existem três tons e meio, que
é o mesmo que sete semitons.
O que é oitava?
Ouvimos muito dizerem “uma oitava acima”, ou “uma oitava abaixo”, ou ainda “aquele teclado possui
cinco oitavas”. Mas o que quer dizer oitava?
Sem entrar em detalhes, explicando na prática, uma oitava é o intervalo que você percorre no teclado
saindo de uma nota X até chegar novamente nessa mesma nota X porém mais aguda. É a distância de 12 teclas do
teclado, contando as pretas e as brancas. Na imagem abaixo por exemplo, temos três notas Dó marcadas: a verde, a
azul e a vermelha. Podemos dizer que a nota Dó marcada em verde está uma oitava abaixo da azul, e também que a
azul está uma oitava acima da verde. Além disso, a nota Dó marcada em verde está duas oitavas abaixo da vermelha,
ou que a vermellha está uma oitava acima da verde.
Observando o teclado de uma sanfona de 120 baixos, vemos que ela começa em uma nota Fá. Percorrendo
a mão para baixo, descendo uma oitava, passamos por uma outra nota Fá. Com mais uma oitava, outro Fá. E com
mais outra, chegamos ao último Fá. Depois dele ainda temos as notas F#, G, G# e A. Sendo assim, podemos dizer
que a sanfona de 120 baixos possui 3 oitavas + 4 notas.
Abaixo ou acima?
Lendo o que eu disse sobre oitavas, você pode ter se perguntado: Mas quando eu desço a mão pelo teclado,
de um Dó que está mais acima até o próximo Dó que está mais abaixo, estou uma oitava acima? Não deveria estar
uma oitava abaixo porque eu desci a mão?
Na verdade, quando você desce a mão pelo teclado as notas ficam mais agudas. Quando você sobe as notas
ficam mais graves. E o correto a se dizer é que uma nota mais grave está abaixo de uma aguda. E também vice-
versa: notas agudas estão acima das notas graves.
Isso porque as notas são ondas sonoras e as mais agudas têm frequência de onda mais alta e notas mais
graves têm frequência mais baixa. Daí vem a ideia de dizer “acima” ou “abaixo”. Esses são os termos corretos a
utilizar.
Você já deve saber e inclusive é algo bem intuitivo, mas preciso explicar aqui pra não ficar dúvidas. Abaixo
você vê o desenho da sua mão direita e a numeração de cada dedo. Vamos enumerar de 1 a 5 cada dedo da sua mão
porque às vezes precisamos dizer quais os dedos corretos a se utilizar em determinados momentos - é o que
chamamos de digitação. O seu polegar é o número 1 e o mesmo vai valer para a sua mão esquerda.
Os acordes maiores
Os acordes maiores básicos são formados por três notas. Por isso muitas vezes ouvimos alguém chamando
essas notas de tríades.
Para todos os acordes maiores, qualquer que seja ele, haverá uma formação específica. É um padrão para
formar um acorde maior. Foca bem nessa palavra: padrão! Vou explicar primeiro só com o acorde de C, que é o dó
maior, e depois para os outros maiores.
Pra formar o acorde de Dó Maior, iniciamos com a nota Dó. Essa é a nota fundamental do acorde de Dó
Maior:
Pra finalizar, a terceira nota a apertar é a nota que estiver três teclas à frente da segunda. Nesse caso
vamos passar pelo F, pelo F# e vamos chegar ao G. Então pronto! O sol é a terceira nota que temos que
apertar pra completar a tríade do acorde de Dó Maior. Vai ficar assim:
É legal observar que você pode também usar a parte debaixo do teclado (fica à direita aqui no desenho) e
apertar as mesmas notas porém lá embaixo, na região mais aguda do teclado. O som será mais agudo mas o
acorde é o mesmo. Nesse caso o acorde foi colocado uma oitava acima do anterior. Olha só:
Ok! E agora? Você já sabe como se forma o acorde de Dó Maior. Esse é o primeiro acorde que
aprendemos. Você aprendeu o padrão pra formar um acorde maior, que é:
A nota fundamental
A nota que estiver 4 teclas à frente dela
A nota que estiver 3 teclas à frente dela
Agora você vai aplicar esse padrão para todas as outras notas e descobrir como são formados os acordes
maiores! Você vai tentar e descobrir sozinho, no teclado da sua sanfona, e depois vai voltar aqui e ver se acertou!
Vou colocar todos os outros aqui abaixo pra você conferir.
Ré Maior:
Nota fundamental: D
Mais 4 teclas à frente: F#
Mais 3 teclas à frente: A
Mi Maior:
Nota fundamental: E
Mais 4 teclas à frente: G#
Mais 3 teclas à frente: B
Sol Maior:
Nota fundamental: G
Mais 4 teclas à frente: B
Mais 3 teclas à frente: D
Lá Maior:
Nota fundamental: A
Mais 4 teclas à frente: C#
Mais 3 teclas à frente: E
Até aqui já foram os principais acordes maiores, mas não todos! Ainda falta descobrir os acordes sustenidos
maiores (ou também bemóis). Como eles serão menos usados por você no início, não vou colocar todos eles aqui,
mas para descobrir cada um deles basta seguir o padrão e não tem erro! Por exemplo: o acorde de Fá Sustenido
Maior (F#) ficará: F#, A#, C# - é interessante observar que ele é igualzinho ao acorde de Fá Maior porém todas as
notas estão uma tecla à frente (meio tom acima), justamente porque é um Fá Maior com Sustenido.
Os acordes menores
Os acordes menores são muito parecidos com os maiores: o que muda de um para o outro é uma única nota.
A diferença entre o acorde maior e o menor está na segunda nota da tríade. Essa nota deve ser trocada por uma tecla
para trás (meio tom abaixo). Pegue aí agora sua sanfona e toque no teclado algum acorde maior que você já
aprendeu e faça o seguinte: volte uma tecla para trás na segunda nota da tríade que você está apertando! Veja o
exemplo a seguir.
No Mi Maior a segunda nota da tríade é um Sol Sustenido:
Feito isso, você já sabe quais são todos os acordes menores! Basta seguir ao padrão do acorde menor ou
senão apenas colocar o acorde maior e voltar o segundo dedo uma tecla pra trás (meio tom abaixo). Então faça aí
agora todos os acordes menores que você puder e já vá se acostumando com eles. Uma coisa importante a se
observar é a diferença de sonoridade entre esses acordes e vamos falar sobre isso!
Esse é um ponto importantíssimo para treinar o ouvido: se atente à diferença entre os sons dos acordes.
Faça isso sempre que for tocar ou ouvir uma música. Como você já conhece agora os acordes maiores e os menores,
vamos falar sobre eles.
Existe uma diferença muito forte na sonoridade de um acorde menor para um acorde maior. Antes que eu
explique, faça novamente o seguinte: toque um acorde maior qualquer e depois coloque o segundo dedo da tríade em
uma tecla meio tom abaixo. Na hora você deverá perceber que o som ficou triste! Isso mesmo!! Os acordes
menores têm sonoridade triste. Voltando para o acorde maior você perceberá logo que o som fica mais alegre.
Essa diferença é crucial e você precisará perceber na hora de tirar, tocar ou ouvir uma música. As músicas
mais tristes quase sempre são tocadas em tons menores. Mas atenção: isso não quer dizer que músicas mais tristes
terão somente acordes menores e músicas alegres terão mais acordes maiores. O que existe sempre é uma
combinação entre eles.
Invesões de acordes
Em muitas músicas você verá a sequência de acordes C, F e G, por exemplo. Se no teclado você precisa
tocar esses três acordes maiores em sequência, um depois do outro, sua mão direita vai precisar trabalhar demais.
Tente fazer agora na sua própria sanfona e verá que para passar de C para F, sua mão precisa se deslocar muito.
Nesse caso, será que haveria algo para ajudar? Veremos...
Você já aprendeu que as notas que formam o acorde de Dó Maior são C, E, G. Essa é a tríade desse acorde
maior. Então sempre que você quer tocar esse acorde, usa dedo 1 no C, dedo 2 no E e dedo 4 no G, por exemplo.
Correto?
Sim, correto. Mas sabia que você pode também inverter a ordem das notas a utilizar e o acorde vai
continuar o mesmo? Sim! Você pode tocar o mesmo acorde de Dó Maior com duas outras possiblidades de
combinação:
Percebeu que as notas são as mesmas e só mudaram a ordem? É isso mesmo. E o acorde continua o mesmo.
Ele soa praticamente igual ao normal.
No primeiro caso - com E, G, C nessa ordem - dizemos que o acorde está na primeira inversão. E no
segundo caso - com G, C, E - o acorde está na sua segunda inversão. Esse é o básico que precisa ser aprendido por
enquanto sobre as inversões e são só essas as duas possíveis inversões possíveis para esses acordes que vimos com
tríades. Futuramente você ainda deverá aprender muita coisa, mas não se preocupe ainda com isso.
Viu como as inversões foram úteis pra você agora? Não precisa mais deslocar tanto a sua mão pra mudar de
acorde! Ainda haveria outras diversas possibilidades pra tocar a mesma sequência de acordes, inclusive variando a
sonoridade e percorrendo todo o teclado. Então fica aqui minha sugestão: pegue firme nisso pra treinar! Comece
pelo seguinte: descubra todas as inversões de todos os acordes que você já aprendeu!
Algumas músicas são tocadas em um tom muito alto, difícil de cantar, ou então muito difícil de tocar, por
exemplo. Isso são motivos pra que alguém queira tocar a música em outra tonalidade. Para isso precisamos saber
como mudar o tom de uma música.
É importante reparar uma coisa! Sabemos que entre a nota Dó está um tom acima da nota Ré. O mesmo
acontece com os acordes, isto é, o acorde de Ré Maior está um tom acima do Dó Maior. O que você precisa
observar é o seguinte: veja que cada nota que compõe o acorde de Ré Maior está exatamente um tom acima das do
Dó Maior! A primeira nota da tríade é D, um tom acima da nota C. A segunda é F#, um tom acima do E. A terceira é
A, um acima do G. Isso acontece para todos os acordes e, inclusive, quando você for mudar o tom de uma música,
basta seguir à mesma lógica.
Pra mudar o tom de uma música basta alterar por igual todas as notas e todos os acordes da mesma. Então
se uma música está muito baixa para sua voz e você quer aumentar um tom, é só subir um tom em todos os acordes
dela. Onde era C vai ficar D, onde era Dm vai ficar Em, onde era G7 vai ficar A7, e assim por diante.
Por outro lado, se você quer abaixar dois tons em uma determinada música, vai acontecer o seguinte: onde
havia um E vai ficar C, onde havia C#m vai ficar Am, onde havia B7 vai ficar C7.
Ou também se você quiser subir apenas meio tom em uma música, também é possível: onde estava um G
vai ficar G#, onde estava Em vai ficar Fm, onde estava um Am7 vai ficar A#m7, onde estava C#º vai ficar Dº e
assim por diante.
Os baixos da sanfona têm a mesma função de um baixo elétrico. Em uma banda comum, popular, o baixista
é quem toca as notas mais graves da música. E o que ele toca é sempre um acompanhamento que dá o tempo da
música e também a harmonia. Sem um baixista, as músicas ficam muito mais pobres, mais vazias, com menos
preenchimento. E o mesmo acontece se o sanfoneiro souber tocar suas músicas apenas no teclado.
Muitos sanfoneiros costumam chamar o painel de botões dos baixos da sanfona de baixaria. As notas e
acordes na baixaria não são posicionados de forma sequencial como acontece no teclado. Aliás, a primeira coisa a
observar é que não existem somente notas nos baixos: também tem acordes prontos! Como assim? E por que isso?
Existe um tipo de sanfona que possui apenas notas na baixaria, então para formar um acorde é necessário
apertar vários botões ao mesmo tempo. Para tocar o acorde de Dó Maior, por exemplo, é preciso pressionar os
botões do C, do E e do G ao mesmo tempo. Isso traz muito mais dificuldades e, por esse motivo, esse tipo de
sanfona é raridade. Nossas sanfonas comuns de hoje em dia possuem acordes prontos na baixaria. Assim, usando um
dedo só, você consegue tocar um acorde com pelo menos três notas, como se apertasse simultaneamente três botões.
A sanfona de 120 baixos, como você sabe, possui 120 botões. Eles estão dispostos em 20 linhas com 6
fileiras. Abaixo temos um desenho do mapa da baixaria de 120.
Em cada linha, temos notas e acordes referentes a uma nota específica. Vamos escolher a linha central da
baixaria pra conferir, nela está a fileira do Dó, marcado em amarelo. Na sua sanfona, esse botão tem uma marcação
especial, pra que você encontre passando o dedo sem olhar. Nessa linha:
A segunda coluna é a primeira coisa que você deve observar, pois nela está a nota fundamental. Então
olhando pra segunda coluna, você sabe quais acordes estarão presentes nessa fileira. Na linha do Dó, o
botão da segunda fileira é a própria nota Dó (não acorde, apenas a nota dó).
Logo abaixo, na terceira coluna da mesma fileira, estará o acorde maior (marcado com o sinal de mais).
Como estamos na linha do Dó, o acorde é o Dó Maior.
Na quarta coluna, estará o acorde menor (marcado com o sinal de menos). No nosso caso, então, é o acorde
de Dó Menor.
Na quinta coluna, temos o acorde maior com sétima (marcado com o número 7). Então será o acorde de Dó
com Sétima.
E na sexta e última coluna, estará o acorde diminuto (marcado com a letra d). Então teremos o Dó
Diminuto. Na verdade é um acorde menor com sexta, mas ele é muito parecido com o diminuto, passa
despercebido pela maioria das pessoas e um sanfoneiro iniciante não precisará se preocupar com isso de
Agora faça essa mesma análise para as demais linhas da baixaria. Por exemplo na linha do Mi: a primeira
fileira tem o Sol Sustenido, na segunda tem a nota Mi, na terceira tem o acorde de Mi Maior, na quarta tem o acorde
de Mi Menor, na quinta tem o acorde de Mi Maior com Sétima, na sexta tem o Mi Diminuto. Repare que o G# que
estará ali na primeira fileira é justamente a segunda nota da tríade que você aprendeu do acorde de Mi Maior.
Agora pronto, falamos sobre a organização das fileiras. Mas e as linhas, como são organizadas? Também
existe uma organização muito interessante nas linhas. Olhe agora mesmo na baixaria, quem está ao lado direito da
nota Dó? É a nota Sol. E sabe por quê? A nota sol é a terceira nota da tríade de Dó Maior. Agora sim parece mágica
né? Então este é o padrão da baixaria:
Logo acima da nota fundamental, estará a segunda nota da tríade do acorde maior
Logo à direita da nota fundamental, estará a terceira nota da tríade do acorde maior
Isso vai funcionar pra qualquer nota que seja, porque esse é o padrão da organização da baixaria inteira e
funciona para sanfonas de 120 baixos, ou de 80, ou também de 60, ou de 48, também de 32 e até mesmo as
de 140 baixos (raridade mas existem)
Cuidado: a baixaria da sanfoninha de 8 baixos é organizada de forma diferente
A baixaria não é tão difícil quanto pode parecer: esses padrões vão facilitar muito a sua vida quando
estiver tocando. Uma coisa interessante para você perceber que fica como exercício para o ouvido: toque o C na
baixaria e também no teclado e perceba que ambos realmente produzem a mesma nota (a não ser que a sanfona
esteja muito desafinada). Depois faça a mesma coisa para outras notas e também para diferentes acordes!
Quantidade de baixos
Legal, entendi! E nas sanfonas com menor quantidade de botões, como fica? Logo abaixo você verá o mapa
de uma outra baixaria. Essa é a disposição das notas e acordes numa sanfona de 80 baixos. Veja que a única
diferença para a de 120 é que faltam alguns botões, ou seja, o padrão de organização é igual. Reparando bem, a
sanfona de 80 baixos não possui a sexta fileira - dos acordes diminutos - e também lhe faltam duas linhas à direita e
duas à esquerda (no mapa) - que são respectivamente C#, G#, B e Gb.
Costumamos usar uma numeração para inidicar os dedos com facilidade. Veja abaixo no desenho. Essa é a
sua mão direita mas a ideia é a mesma para a outra, seu polegar é sempre o dedo 1.
Os dedos que usamos na baixaria são 2, 3, 4 e 5. O seu dedo 1, polegar, também poderá ser usado no futuro,
mas é uma técnica bastante avançada e por um bom tempo você não vai se preocupar com ele.
A melhor posição para os dedos na baixaria é usando sempre o seu dedo 4 sobre a nota fundamental. Então
quando pegar sua sanfona, coloque seu dedo 4 sobre a nota dó. Encontre-a pelo tato, usando a marcação especial
sobre o botão dessa nota. Tendo o dedo 4 sobre a nota Dó, você poderá com os dedos 2 e 3 alcançar os demais
botões das outras fileiras dessa linha do Dó. E na primeira fileira, onde está aquela segunda nota da tríade do acorde
maior, quem toca é o dedo mais próximo dela mesmo, o seu dedo 4. Já na nota que está a direita, que se você se
lembra bem é a terceira nota da tríade, também será utilizada muitas vezes e quem toca nela é seu dedo 2.
Muitas pessoas, até mesmo sanfoneiros profissionais, utilizam o dedo 3 em cima da fundamental em vez do
4. Minha opinião, que confirmei com outros grandes sanfoneiros, é de que o melhor a se usar é sim o dedo 4 sobre a
fundamental. Com ele você percebe rapidamente um ganho: você alcança com mais facilidade o acorde com sétima
e o diminuto. Usando o dedo 3 você terá mais dificuldade e poderá perder agilidade. Além disso futuramente, na
execução de escalas na baixaria, linhas de baixo mais complexas, mudanças de acordes mais distantes, é com o dedo
4 que você terá melhor performance. Mas essa é apenas uma opinião adquirida após um bom tempo de estudo,
existem outros argumentos.
Xote
Todo ritmo, tocado em qualquer instrumento, possui uma divisão rítmica. Mas como estamos aprendendo
tudo na prática, de forma simplificada, não vou complicar. Vou te explicar brevemente como funciona isso no xote.
Coloque um xote para ouvir. Pode ser, por exemplo, a música Vida de Viajante. Enquanto você ouve, tente
acompanhar o ritmo e as batidas. Prestando atenção aos instrumentos de percussão pode ser mais fácil. Veja como a
percussão segue sempre um padrão que fica repetindo durante toda a música. Em alguns momentos há uma variação
pra tornar a música menos repetitiva, por exemplo na entrada do refrão. Mas o padrão continua se repetindo. Agora
tente acompanhar esse padrão contando 1 e 2. Repita junto com a música: 1, 2, 1, 2, 1, 2, 1, 2. Deu certo? Você
acabou de descobrir que o ritmo do xote pode ser dividido em 2 tempos e por isso se trata de um ritmo chamado
binário!
Na sanfona, o padrão da execução do Xote na baixaria que vou te passar aqui, simplificadamente, possui
apenas 2 toques. Esse padrão vai ficar se repetindo durante toda a música. Você muda os acordes mas o padrão se
repete. Aliás, é por isso que a baixaria da sanfona não é algo tão difícil quanto pode parecer. Pelo contrário, vai se
tornar muito fácil quando treinar bastante.
O padrão do xote que vou te passar é o mais simples possível, vai usar apenas 2 botões. Você vai ficar
apenas na linha da nota Dó. Como o xote pode ser dividido em 2 tempos, a sequência que você vai tocar também
possui só 2 toques:
Primeiro toque: Dedo 4 toca no botão da nota Dó (segunda fileira, botão marcado)
Segundo toque: Dedo 3 toca no botão do acorde de Dó Maior (terceira fileira, logo abaixo)
Agora repete mil vezes até ficar automático!
Com esse padrão tocando apenas nesses botões, você está tocando o xote apenas em Dó Maior. Se você
agora deslocar sua mão para a linha acima dela - chegando na linha do Sol - e executar a mesma sequência, vai tocar
um xote em Sol Maior. No meio de uma música, a sua mão vai se deslocar muitas vezes para alcançar outros
acordes necessários, às vezes maiores, outras vezes menores, outras vezes com sétima. Mas por enquanto meu
intuito é de instruir em como começar, mais à frente veremos como continuar com esse treinamento e evoluir.
Diferentemente do xote, o ritmo da valsa se divide em 3 tempos. É por isso um ritmo chamado ternário.
Mas é importante observar primeiro antes de sair tocando, então faça o seguinte: coloque agora para escutar a
música Saudade de Matão. Se você se atentar bastante ao ritmo da música, vai reparar que o padrão da execução
desse ritmo pode ser acompanhado contando os número de 1 a 3. Então conte acompanhando a música: 1, 2, 3, 1, 2,
3, 1, 2, 3, 1, 2, 3. Se você se encaixar certinho na contagem, vai compreender na prática que esse ritmo se divide
realmente em 3 tempos.
Então o ritmo da valsa segue o padrão de 3 tempos. Obviamente por este motivo, vou te ensinar um padrão
de 3 toques na baixaria para se tocar uma valsa. Vou usar o padrão mais fácil possível:
Primeiro toque: Dedo 4 toca no botão da nota Dó (segunda fileira, botão marcado)
Segundo toque: Dedo 3 toca no botão do acorde de Dó Maior (terceira fileira, logo abaixo)
Terceiro toque: Repete o mesmo do segundo toque (repete o Dó Maior)
Agora repete mil vezes também até ficar tudo automático!
Essa parte é muito importante e vale para qualquer ritmo e qualquer estudo!
Você sabe o que é o metrônomo? É uma ferramenta usada para marcar ritmo. Ela fica repetindo o som de
um clique de tempos em tempos. Você configura de quanto em quanto tempo ela deve reproduzir esse som e ela
segue o ritmo sem acelerar nem desacelerar. Se você quer ouvir um clique a cada segundo, ela emitirá o som
exatamente de 1 em 1 segundo, que corresponde a exatamente 60 bpm - ou seja, 60 batidas por minuto.
Mas pra quê isso? Em toda música que você for tocar e também sempre que for tocar ou treinar um ritmo
qualquer, você precisará seguir a um compasso específico. O que quero dizer é que você não pode no meio de uma
música dar um toque antes da hora e nem mesmo depois da hora. Você não pode acelerar o andamento e nem mesmo
desacelerar. Para isso você pode contar com a ajuda de um metrônomo.
No início dos seus estudos, tendo ainda pouca prática, é preciso usar um metrônomo bem devagar. Por
exemplo: configure o metrônomo em 60 bpm (1 toque por segundo) e, a cada toque do metrônomo, dê um toque na
baixaria. Seja o ritmo que for, você dará um toque a cada segundo. Esse é um andamento lento e vai te ajudar a
aprender o baixo já seguindo a um padrão rítmico, sem acelerar nem desacelerar. É preciso ter paciência e começar
bem devagar, pra depois, aos poucos, aumentar o compasso.
E se eu não tenho metrônomo? Bom, basta pesquisar metrônomo na internet e encontrará um aplicativo
para seu celular. O uso é muito fácil. Mas eu quis mesmo falar sobre isso aqui pra você se atentar:
É preciso manter um ritmo, um só andamento, como se fosse um relógio: se você se atrasar em um toque
ou se adiantar em outro, ficará errado
Mesmo que não tenha um metrônomo para acompanhar, mantenha o ritmo em sua cabeça: mantenha o
foco!
No início é preciso tocar tudo bem devagar, ter paciência: quanto mais devagar estiver tocando, mais rápido
vai aprender
Aos poucos aumente o seu próprio andamento, mas nada rápido demais: é melhor tocar bonito e devagar do
que tocar rápido mas ficar feio
Esse é um detalhe muito importante para tocar sanfona e que poucas pessoas percebem! Faz parte da
didática que eu uso com os alunos e bato muito nessa tecla: a mão esquerda tem que ser automática. Ela precisa
trabalhar autonomamente, automaticamente, sem que você precise se esforçar ou se preocupar com ela. O que quero
dizer é que sua atenção tem que estar 90% voltada somente ao teclado, enquanto 10% ou menos estará voltada ao
acompanhamento nos baixos. Ao tocar, seu foco é no teclado! A baixaria vai executar apenas o acompanhamento da
música, pelo menos enquanto você for iniciante, então o correto é que você se preocupe com ela o menos possível
quando estiver tocando. Na verdade, falo da sua mão que comanda os baixos, muito provavelmente seja mesmo a
esquerda.
Mas como assim? Como faço pra deixar a mão esquerda automática? Fácil: repetição! Quando for
aprender um novo ritmo nos baixos, que pode ser por exemplo, uma Vaneira, passe horas em cima da sanfona
executando apenas isso na sua mão esquerda. Vai chegar um momento, quando sua mão estiver completamente
automática, em que você vai conseguir tocar a mão esquerda andando, conversando, assistindo televisão, mascando
chiclete, passeando com o cachorro, assobiando, cantando. E quando você chegar nessa fase, estará com certeza
pronto para começar a tocar qualquer música nesse ritmo usando corretamente as duas mãos na sanfona!
Juntar as mãos é uma tarefa difícil para o iniciante. O primeiro passo, como já disse, é fazer com que sua
mão responsável pela baixaria esteja automática. Isso exige bastante treino e tempo de prática. Um outro ponto que
pode te ajudar bastante é executar exercícios. Vou passar aqui um exercício. Esse exercício é bem simples mas pode
te ajudar muito e consiste nos seguintes passos:
Na baixaria, você vai tocar um xote em Dó Maior conforme ensinei aqui na apostila
Lembre-se que o xote tem 2 toques somente: no Dó e no Dó Maior
Repita o xote dessa forma até que ele esteja bem fácil, ou seja, automático
Abra o fole devagar até chegar ao final e depois feche devagar, vai repetindo isso tocando o
mesmo xote e sempre no mesmo compasso, até ficar bem fácil
Feita a parte da baixaria! Agora esqueça os baixos e faça um exercício apenas no teclado:
Você vai tocar agora a mesma coisa que já sabe fazer com cada mão, mas precisa haver uma
Baixaria Teclado
Dó Dó
Dó Maior Ré
Dó Mi
Dó Maior Ré
Dó Dó
Dó Maior Ré
Dó Mi
Dó Maior Ré
Agora vou te falar sobre o que você vai precisar estudar daqui pra frente. Como organizar seus estudos em
uma sequência. Pode ser difícil de encontrar um bom material para cada tópico desses mas quase tudo estará por aí
na internet.
Acordes
Você já aprendeu por aqui bastante coisa importante sobre os acordes e já aprendeu como formar qualquer
acorde maior e menor. Se você leu direitinho e compreendeu bem, saberá como formar as tríades de todos os acordes
maiores e menores possíveis. Mas esse é só o primeiro passo, você já percebeu que existem vários outros tipos de
acordes.
Escalas
Escalas são uma sequência de notas. Praticamente qualquer sequência de notas pode ser chamada de escala.
Mas há escalas bem conhecidas e também muito utilizadas em muitas músicas. Se você não conhece ao menos as
escalas maiores e menores, fica quase impossível tirar uma música de ouvido. Terá que recorrer apenas à tentativa e
erro, descobrindo nota por nota, e pode até funcionar mas vai ser muito difícil e demorado. Além disso, a execução
de escalas é um ótimo exercício para os dedos.
Então a primeira coisa a saber, depois dos acordes, são escalas maiores. E não só no teclado, mas também
nos baixos. Não é coisa difícil de se encontrar e é extremamente importante.
Depois das maiores, é importante aprender as escalas menores harmônicas e melódicas. Não vou entrar em
detalhes por aqui mas saiba que são importantes e deixe aí anotado para aprender futuramente também.
Ritmos e Levadas
São muitos os ritmos que você terá que aprender na sanfona daqui pra frente. Já te passei a parte básica
sobre o Xote e a Valsa, mas isso é apenas o início. Sobre esses dois ainda há uma infinidade de variações a aprender.
Para cada ritmo que você for aprender, terá que estudar alguns padrões e variações possíveis na baixaria e
também diversas bases para acompanhamento, ou levadas, usando também o teclado. As levadas podem ser bem
simples ou também chegar a níveis bastante avançados, até mesmo nos ritmos que consideramos mais fáceis.
São vários os ritmos a aprender para tocar músicas brasileiras. Vou enumerar os principais numa pequena
lista, em uma ordem que sugiro a você que siga para ir aprendendo aos poucos, do iniciante ao mais avançado:
Xote
Valsa
Guarânia
Toada
Baião
Vaneira
Forró
Esses ritmos já te darão um extenso repertório de músicas brasileiras, desde o sul até o norte do país. Mas
não se engane: isso também é só o começo.
Uma coisa importantíssima a se aprender é campo harmônico. Pesquise inicialmente sobre o campo
harmônico maior, que é o mais simples e essencial. A ideia básica sobre o campo harmônico é conhecer quais os
acordes que se combinam entre si. Com esse conhecimento você vai estar apto a tirar muitas músicas de ouvido com
muito mais facilidade.
Repertório
Seria muito chato ficar meses e meses estudando acordes, escalas e técnicas com a sanfona sem pegar
nenhuma música pra tocar. Por isso a didática que prefiro seguir com meus alunos é de intercalar os estudos técnicos
com algumas músicas. Mais especificamente, vejo que é bastante produtivo quando, logo após finalizar o estudo de
alguma técnica qualquer, o sanfoneiro volta seu foco para alguma música que exige bastante daquela técnica e das
outras as quais já tenha por ventura aprendido também.
Então pra facilitar sua vida, vou deixar uma pequena lista das primeiras músicas a aprender na sanfona.
Mas lembre-se que é muito importante aprender, antes delas, algumas técnicas como o ritmo nos baixos, as notas, os
acordes. Essas músicas que sugiro podem até ser difíceis, mas se procurar ajuda elas podem se tornar mais fáceis. O
canal Lucas Batalha do YouTube tem vídeos com versões simplificadas.
Asa Branca
Mocinhas da cidade
Sala de Reboco
Esperando na Janela
Estrada da Vida
Boiadeiro Errante
Minha Serenata
Espero sinceramente que você tenha aprendido muito com este material. Se for dada a atenção necessária,
com certeza será um grande aprendizado. E além desse há muita coisa a complementar na prática nas minhas aulas
gratuitas no canal Lucas Batalha, no Youtube.
E também fique de olho! Além das minhas aulas particulares, estou lançando novos Cursos de Sanfona
bem diferentes do tradicional, com uma didática verdadeiramente prática, fácil e que funciona de verdade! Você
precisará aprender muita coisa ainda e ter o acompanhamento do professor é essencial para a constante evolução e
por te fazer seguir pelo caminho mais curto para isso.
Sinta-se à vontade para entrar em contato comigo sempre! Faço o possível para ajudar sempre a todos que
me procuram. Você vai me encontrar através dos links abaixo:
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Só pra te lembrar mais uma vez: se atente aos direitos autorais! Este material não deve ser compartilhado,
distribuído, vendido ou disponibilizado para download sem a prévia autorização formal do autor.
Eu sou Lucas Batalha Sanfoneiro e te deixo aqui um agradecimento especial e um grande abraço!
Lucas Batalha