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UCL – Centro Universitário Celso Lisboa


Psicologia – 1° Período (Manhã)
Alunas: Carolina Rua e Débora Domingos

Resenha Crítica do Artigo Científico Sentidos e significados atribuídos por homens ao vivido
na pandemia da COVID-19

O artigo Sentidos e significados atribuídos por homens ao vivido na pandemia da


COVID-19 foi escrito por Anderson Reis de Souza, Doutor em enfermagem e saúde pela
UFBA, Aline Macêdo de Queiroz, Doutora em enfermagem pela UFBA, Raíssa Millena Silva
Florêncio, Doutora em enfermagem pela UFBA, Gilson Vieira Alves, Docente em Ciências
Humanas na Universidade do Estado da Bahia, Larissa Chaves Pedreira, Pós-doutora em
Ciências Humanas e Elizabeth Teixeira, Doutora em Desenvolvimento de Ciências Sócio
Ambientais, publicado pela Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2021;55:e03763.
No artigo os autores tomam como referência as considerações de Martin Heidegger a
respeito dos conceitos básicos da teoria fenomenológica de Ser-aí e Daisen.
Sobre estes conceitos seguem definições de Reynolds, Jack (2012) apud Carrasco, Bruno
(2018):

“Heidegger sugere que o Dasein é o ente particular, ou entidade, que deve ser
investigado a fim de compreendermos o ser. Isso, porque o Daisen é o único ente que
pode levantar a questão acerca do seu próprio ser, que está envolvido com seu próprio
ser, e, de um modo um pouco sinônimo, para quem sua própria existência está em
questão.”

Simplificadamente para Nunes, Benedito (2004) apud Carrasco Bruno (2018) Daisen é
o ente que compreende o ser, o que significa compreendê-lo em sua existência e entender a
existência como possibilidade sua, de ser ou de não ser si mesmo.
Para Souza, A. R. et al. (2021) a pandemia de COVID-19 vem provocando profundas
transformações nos modos de ser e estar-aí principalmente em pessoas do sexo masculino, no
geral cisgêneros (que se identificam em diversos aspectos ao gênero atribuído ao nascer) que
pautados em estudos sobre o tema identificaram que esse grupo populacional se encontra mais
suscetíveis a infecção, sintomas severos com piores desfechos clínicos e maior possibilidade de
transmissão para pessoas próximas.
Percebem a partir desse fenômeno a necessidade de investigação sobre como os homens
se mobilizam para cuidar da saúde e buscam compreender os sentidos e significados atribuídos
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por este grupo ao período vivido na pandemia de Covid -19 visando responder a questão central:
Como os homens significam a experiência vivida na pandemia da Covid-19?
A pesquisa foi realizada de forma qualitativa através do envio de formulários
estruturados no Google Forms e os interessados na participação captados através de vias digitais
(Instagram, Facebook e Whatsapp). O formulário continha duas partes: Parte 1. Características
Sociodemográficas e de saúde dos participantes e Parte 2. Questões abertas relacionadas ao
fenômeno investigado, a saber: Como você tem vivenciado a Pandemia de Covid-19? A
Pandemia de Covid-19 trouxe-lhe alguma repercussão e/ou comprometimento? Caso tenha
ocorrido alguma repercussão e/ou comprometimento, conte-nos o que você fez para superar o
ocorrido?
Ao todo 400 homens responderam a pesquisa, todos estes residindo no Brasil quando
ela foi aplicada.
Os dados foram tratados a partir do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) que segundo
Souza, A. R. et al. (2021) é um método indutivo que permite acessar a construção do
pensamento coletivo e desvelar as generalidades sobre o fenômeno investigado.
Apesar da coleta ter sido realizada em ambiente virtual o que limita o aprofundamento
da pesquisa, os autores apresentaram dados que apontam que o estado de angústia e o medo da
morte provocaram transformações e abertura dos entrevistados frente a novas possibilidades.
Tais como: a busca por um novo significado na vida, por um novo estado de saúde elevando a
sensação de bem-estar, superação, reaproximação com a família e solidariedade (Souza, A. R.
et al., 2021).
Em contrapartida nos dados coletados os entrevistados apresentaram dificuldades
relacionadas à preocupação com a disseminação da doença, sua mortalidade, principalmente
em familiares com doenças crônicas e a situação de ter que lidar com o desejo sexual, visto que
a libido aparentava aumentar durante esse período.
Em todo caso a conclusão da pesquisa aponta a necessidade de uma nova compreensão
do ser-homem, pois demonstrou precisar de cuidado, o qual está para além do físico (Souza, A.
R. et al., 2021).
Inserindo nesse diálogo o contexto de configuração patriarcal no qual o Brasil está
estabelecido o “ser-homem” pré-pandêmico revelava características propagadas via senso
comum que o colocavam em um lugar de força perante as dificuldades da vida e distante da
fragilidade feminina. Esse lugar poderia evidenciar a baixa frequência com que o homem cuida
da saúde. Segundo o Ministério da Saúde apud Reis, Augusto (2019) três em cada dez homens
não tinham o hábito de ir ao médico.
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Considerando os conceitos fenomenológicos da angústia frente ao medo da morte e na


abertura de possibilidades como estratégia de ressignificação da própria vida, o momento
pandêmico expôs a todos a essas circunstâncias e pode ter de fato promovido a mudança no ser-
homem conforme apresentado no artigo Sentidos e significados atribuídos por homens ao
vivido na pandemia da COVID-19.
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REFERÊNCIAS

SOUZA, AR, Queiroz AM, Florêncio RMS, Alves GV, Pedreira LC, Teixeira E. Sentidos e
significados atribuídos por homens ao vivido na pandemia da Covid-19. Rev Esc Enferm USP.
2021;55:e03763. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2020046403763

CARRASCO, Bruno. Daisen e ser-aí. Site Existo, 2018. Disponível em: https://www.ex-
isto.com/2018/06/dasein-ser-ai.html. Acesso em: 25.10.2022.

Por que Homens Vivem Menos? Site Faculdade de Medicina UFMG, 2019. Disponível em:
https://www.medicina.ufmg.br/por-que-homens-vivem-menos/. Acesso em 25.10.2022.

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