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JATAÍ
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JATAÍ
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DEDICATÓRIA
Dedico essa tese as pessoas que acreditam em um mundo melhor, aqueles que
acreditam que outro mundo é possível e lutam por mais igualdade, solidariedade
e por justiça para as pessoas mais excluídas. Dedico ainda para pessoas que
defendem e lutam por verdadeira inclusão na educação em todos os níveis.
Dedico também para todos os meus familiares, pares da universidade,
acadêmicos que são e foram meus alunos, das instituições sociais que integro e
especialmente para meus pais, esposa e filhos; todos estes tiveram que conviver
com minha constante ausência, e às vezes presença parcial, ou mesmo com
minha presença aflita, desatenta e temperamental durante todo esse processo de
construção da tese.
E por fim dedico a todas as pessoas que de alguma maneira tiveram participação
na construção dessa tese.
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The thesis analyzes cooperativism in the context of its origin, and its influence on
the socio-spatial organization in the municipality of Iporá. The objective of this
research was to understand how the cooperatives act in the organization of the
municipality of Iporá. The thesis demonstrates that the cooperatives in the
municipality of Iporá influence the organization of the municipal space. The thesis
demonstrates that there is some relationship between the built space and
cooperativism. The work is also a theoretical contribution related to cooperativism
and the relationship between cooperativism and socio-spatial organization.
Cooperativism is a system that interferes with all scales of space organization,
being able to change and intervene at the local, regional and national level. From
the data obtained in the field and based on theoretical reflections, it was possible
to verify that the cooperative system is an element of change in the municipality of
Iporá, especially in the last decades. It should also be noted that the Iporá space is
especially organized based on milk production, however, there are current
changes that make spatial reorganization possible through cooperativism. It is an
analytical-interpretative research, based on the processing and analysis of data
and information, available and collected in the field, in order to explain the context
in which cooperativism is inserted in the socio-spatial organization of the
municipality of Iporá.
LISTAS DE FIGURAS
LISTA DE FLUXOGRAMAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE MAPAS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................27
10 – REFERÊNCIAS ..........................................................................................449
27
28
1
Existe exceção nesse caso para as empresas de capital aberto, que são aquelas que colocam ações
disponíveis ao mercado, geralmente negociadas na Bolsa de Valores. Porém, mesmo o processo de
acumulação permitindo atender o coletivo, continua não sendo igualitária a distribuição, o que as torna
diferentes das cooperativas.
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respectivos cooperados. Neste mesmo sentido, é preciso que fique bem claro
que o cooperativismo não é uma organização ou fenômeno que não visa ganhos
financeiros, mas esses ganhos não devem vir antes do bem-estar social.
O cooperativismo no Brasil – Faz-se importante rememorar que,
juntamente com o processo da Revolução Industrial, no ano de 1844, em
enfrentamento à exploração imposta por meio do capitalismo, é que surgem as
primeiras iniciativas de organização cooperativista no mundo; as experiências
vivenciadas na Europa, especialmente na Inglaterra, serviram de exemplo para a
difusão-expansão cooperativista, inclusive para que a mesma chegasse ao Brasil.
Porém, somente em 1889 é que foi registrada a primeira cooperativa brasileira,
que atuava no segmento de consumo, no município de Ouro Preto - Minas Gerais
(PINHO, 1982). Posterior à implantação dessa cooperativa, muitas outras foram
surgindo, inclusive em segmentos diferentes, voltadas especialmente para o
cooperativismo de crédito e agropecuário.
Nas primeiras décadas do século XX no Brasil ocorreram sucessivos
resultados econômicos negativos, que serviram como indutores de condições
para proliferação de cooperativas. Salienta-se que em 1908 ocorreu a queda do
PIB per capita de 6,3%. No período de 1930 e 1931 ocorreu a queda de
exportações do café, num patamar de 65%. Em 1942, a inflação chegou a 16,2%
(IPEA, 2015). Esse momento de crise inflacionária ocorreu dentre os diversos
fatores, em função da baixa produção industrial, que, por consequência, acabou
provocando um aumento de excedente de mão de obra. A partir das sucessivas
crises brasileiras que historicamente sempre ocorreram, muitas pessoas foram se
organizando em grupos cooperativistas ou associativistas, como forma de
enfrentar as dificuldades vivenciadas; portanto, muitos grupos se organizaram
com o objetivo de buscar novas alternativas de sobrevivência, especialmente de
natureza econômica, para melhorar as condições de vida e para promover um
novo modelo de desenvolvimento econômico que fosse mais justo e inclusivo.
Como se observa mesmo em situação de crise, concomitantemente, ocorre um
aumento de cooperativas no Brasil; e como isso ocorre e outros dados serão
explorados na discussão desta tese.
Entre os anos de 1929 e 1950, muitas cooperativas “coloniais” foram
criadas pelos imigrantes que objetivavam eliminar os intermediários que
comercializavam os produtos agrícolas; esse período ficou conhecido como a era
romântica do cooperativismo. Posteriormente, com forte incentivo do Estado,
32
se que nesse mesmo período foram criadas outras duas cooperativas sendo uma
em Itaberaí e outra na fazenda Córrego Rico, localizada entre Itaberaí e Inhumas.
Houve muitas tentativas de organização de cooperativas, destacando-
se as que eram voltadas para o ramo de consumo, agropecuária e crédito rural.
Porém, a maioria se configurou como tentativas frustradas, de vida curta. O
governo até que realizava muitas ações no sentido de incentivar o surgimento
e/ou a criação de cooperativas; a Constituição do Estado de Goiás oferecia
imunidade tributária para as cooperativas e realizava atividades de formação e
assistência aos interessados. Muitas cooperativas surgiram no período que
compreende os anos de 1949 a 1960, contudo, muitas estavam atreladas ao
Estado, fato que de certa forma influenciava negativamente na independência e
liberdade das mesmas. Entretanto, algumas cooperativas foram sendo
reorganizadas e se desenvolveram ao ponto de pleitearem a criação de uma
associação das cooperativas, criada no estado de Goiás no ano de 1956,
denominada União das Cooperativas no Estado de Goiás – UCEG (SOCBEG,
2016).
A partir de 1970 o cooperativismo goiano passou a contar com
importante estruturação de muitas cooperativas. Mas foi em meados de 1980, que
o cooperativismo em Goiás se estabeleceu mais rapidamente, chegando a um
total de 90 cooperativas. Sequencialmente, foi lançado o “Plano Integrado de
Desenvolvimento do Cooperativismo Goiano”, que foi importante para a
integração das cooperativas goianas e para a expansão do cooperativismo
goiano. De tal modo, Goiás foi marcado pela mecanização e pela modernização
rural, processo que influenciou no aumento das exportações; consequentemente,
muitos produtores e trabalhadores viram no cooperativismo uma oportunidade
para se organizarem e potencializarem seus ganhos (SOCBEG, 2016).
Muitas foram a ações, dentre as quais se pode destacar que em 1987,
foi realizada uma importante parceria com a Associação Goiana de Imprensa,
que, na ocasião, realizou o concurso para premiar os melhores trabalhos
jornalísticos com o tema “A importância do cooperativismo no desenvolvimento
socioeconômico”. Um pouco posteriormente, mas precisamente em 2006, o
número de cooperativas já tinha aumentado significativamente, chegando a 193
cooperativas registradas na Organização de Cooperativas Brasileiras de Goiás,
somando 87.941 associados-cooperados. Essas cooperativas eram distribuídas
de acordo com seus ramos de atuação da seguinte forma: “[...] agropecuário era o
de maior destaque, com 53, seguido pelo crédito (29), trabalho (28), saúde (24),
34
2
O mesmo faz parte da referida cooperativa desde a sua fundação, já integrou diversos movimentos sociais
do município de Iporá, foi vereador, e é um dos responsáveis pela gestão de programas como o PAA e o
PNAE. Entrevista concedida em 10 de novembro de 2016.
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rurais. De acordo com Lima (2016), mais de 80 % das propriedades rurais têm, no
máximo, 100 hectares, e Carvalho (2014, p. 12) afirma que em Iporá “a maioria
dos produtores são agricultores familiares por possuírem pequenas propriedades
e utilizarem mão de obra familiar”. Diante desse contexto, a pesquisa proposta
buscou demonstrar se há uma relação entre a organização espacial de Iporá e o
cooperativismo e, em havendo, como ela se dá. Assim, entende-se que a tese
dessa pesquisa é a de que o cooperativismo ou as ações das cooperativas
participam na organização sócio-espacial do município de Iporá.
Contextualizações estruturais da pesquisa – A partir da busca de
compreensão das relações de influência do cooperativismo, é salutar destacar
que a Geografia procura compreender as formações sócio-espaciais,
contextualizadas nas suas contradições. E por entender que a realidade que
envolve a formação do cooperativismo no município de Iporá é importante para
compreender a organização espacial, especialmente nos últimos 15 anos, se
motivou fazer essa investigação como proposta de tese no Programa de Pós-
Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás, hoje Universidade
Federal de Jataí-UFJ, dentro da linha de pesquisa: Organização e Gestão do
Espaço Rural e Urbano do Cerrado Brasileiro.
Objetivou-se nesta pesquisa compreender em que medida o
cooperativismo participa da produção e da organização espacial no município de
Iporá, dentro de uma lógica produtiva e competitiva no contexto regional.
Portanto, se buscou analisar a dinâmica espacial por meio das
experiências de cooperativismo no município de Iporá, identificando o papel do
cooperativismo na produção/organização espacial do município. Por fim, verificou-
se que o cooperativismo é um fenômeno que produz uma maior solidariedade na
organização sócio-espacial no município de Iporá.
Esta pesquisa justifica-se por sua relevância, pois busca saber em que
medida há alguma relação entre o espaço construído e o cooperativismo e ainda
suprir considerável deficiência teórica relativa ao assunto, especialmente no
município proposto para o estudo. Além disso, procura demonstrar que existem
diversas pesquisas nesse mesmo viés abordado, mas se diferencia por
demonstrar a realidade, contribuindo geograficamente com esse fenômeno
(cooperativismo) que já existe, mas que pode auxiliar na organização do espaço
em Iporá, podendo, ainda, contribuir para melhorar a compreensão da realidade
local.
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(1998, p.27) realizam sobre estes objetos; não entre estes especificamente,
mas para as quais eles servem de intermediários. Os objetos
ajudam a concretizar uma série de relações. O Espaço é resultado
da ação dos homens sobre o próprio Espaço, intermediados pelos
objetos, naturais e artificiais [...]
Santos [...] algo dinâmico e unitário, onde se reúnem materialidade e ação
(2008, p. 46) humana. O Espaço seria o conjunto indissociável de sistemas de
objetos, naturais ou fabricados, e de sistemas de ações,
deliberadas ou não. À cada época, novos objetos e novas ações
vêm juntar-se às outras, modificando o todo, tanto formal quanto
substancialmente.
FONTE: Oliveira (2018) adaptado de Santos (1978, 1986, 1996, 1998, 2008).
formas espaciais. O espaço representado através das formas espaciais pode ser
apresentado em três pontos, uma tríade, como se vê no Quadro 3:
A partir dessa colocação, é preciso ressaltar que numa sociedade de classe não
se deve culpabilizar as pessoas mais pobres e marginalizadas como responsáveis
pelas suas próprias pobrezas e miséria, porque essa é uma condição de
exploração imposta. Diante disso, as ações de se ajudarem mutuamente se
relacionam à condição de sobrevivência. Outra questão é o fato de que as ações
de inclusão, de solidariedade e de enfrentamento à exploração e à exclusão, por
mais eficientes e por mais que se ampliem e se efetivem, jamais eliminará todas
as situações de exploração e exclusão, porém, podem amenizá-las e diminuí-las
com o passar do tempo.
Existem diversas formas de manifestação e materialização da
exclusão. Dentre os exemplos de exclusão, pode-se citar a exclusão verbal, que
se materializa e se constitui por décadas, aliás, séculos, por meio de piadas
preconceituosas sobre gays, nordestinos, mulheres, negros e outros. Nesse
sentido, percebe-se que, mesmo inconscientemente, o espaço constituído e
construído tem atuação constante sobre as pessoas.
A cidade é bastante complexa e interessante como exemplo de
entendimento, em razão de que, por meio de seus objetos culturais e até naturais,
é capaz de possibilitar o convívio entre diferentes tipos de pessoas, fato que
possibilita a mudança de concepção e a necessidade de realizar ações que levem
à superação da exclusão por meio da convivência. Mas, nesse mesmo espaço,
existem as tensões em função das discordâncias ideológicas.
Na cidade também se potencializa a visualização de diversas situações
que remetem ou decorrem da exclusão. Um exemplo está nos bairros que têm
melhor infraestrutura, em que para ocupá-los é necessária uma quantidade mais
vultosa de dinheiro, permitindo assim a ocorrência da ocupação somente pelo
segmento social mais elitizado; em contrapartida, existem os bairros desprovidos
de infraestrutura, que acabam sendo ocupados pelas pessoas mais excluídas e
com menor acesso ao capital financeiro. Outro bom exemplo são os elevadores
de condomínios ou de prédios, diferenciados pelo acesso e pelas condições de
beleza e acabamento, em que o patrão ou os proprietários usam um tipo de
elevador, e o empregado, o serviçal, deve utilizar outro elevador.
Igualmente, é possível citar inúmeras outras situações de segregação e
exclusão, facilmente detectadas através do desmazelo e descuidado por parte do
Estado com relação aos espaços públicos, de lazer e convívio coletivo, em
detrimento do surgimento-substituição de novos ambientes, porém privativos e
limitados apenas a uma pequena parcela elitizada da sociedade.
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todos.
Cooperativismo Sistema que considera estar a solução do Dicio
problema social na generalização e (2018)
desenvolvimento da cooperação; cooperativismo.
Cooperativismo [...] o conceito de cooperativismo consiste na Cooperforte
sistematização da prática colaborativa, enfatizada (2018)
como filosofia, princípios e valores. Desse modo,
fazer parte de uma cooperativa é ser
colaborativo, tanto com a sociedade em geral
quanto consigo mesmo. A premissa de que a
união faz a diferença pode ser percebida em
vários aspectos sociais, como o voluntariado e as
iniciativas de inclusão social, quanto
empresariais, como as cooperativas de crédito e
trabalho, além da ascensão da economia
colaborativa.
Cooperação [...] é uma ação que decorre de um ato de Reisdorfer
vontade política de pessoas que passam a se (2014)
identificar a partir de necessidades ou interesses
comuns, em um determinado contexto social.
Passam a pensar e agir de uma forma articulada
e esclarecida, associando-se em um propósito: a
realização de seus objetivos.
Cooperar [...] é agir ou trabalhar junto com outro ou outros Michaelis
para um fim comum; colaborar. Agir (2018)
conjuntamente para produzir um efeito; contribuir.
Unir-se a outros com o objetivo de obter
benefícios econômicos comuns.
Cooperar Prestar cooperação, operar simultânea ou Aurélio
coletivamente; colaborar. (2018)
Cooperar [...] Meio para alcançar um objetivo comum. Sebrae
Para isso, é preciso trabalhar em conjunto. (2017)
Cooperar Operar juntamente com alguém; contribuir Dicio
ajudando, auxiliando outras pessoas; colaborar, (2018)
Ex: todos cooperam para o desenvolvimento
intelectual; depois de muita insistência para o
projeto, o prefeito acabou cooperando.
Cooperar De acordo com o latim cooperor, - aris. Prestar Priberam
cooperação. Operar simultânea ou coletivamente; (2018)
colaborar. Palavras relacionadas: Cooperação,
cooperado, colaboração, cocriar, cooperativismo,
sinergia, cooperativismo.
Cooperativa Etimologia (origem da palavra cooperativa). Do Dicio
francês coopérative; forma Der. de coopératif. (2018)
Sociedade cujo capital é formado pelos
associados, não sujeita à falência, e que tem a
finalidade de somar esforços para atingir
objetivos comuns em benefício de todos.
Cooperativa É uma organização constituída por membros de Sebrae
determinado grupo econômico ou social que (2017)
objetiva desempenhar, em benefício comum,
determinada atividade. As premissas do
cooperativismo são: Identidade de propósitos e
63
Precursores-historiadores do cooperativismo
George Jacob Holyoake 1817-1906 Foi uma referência na atuação junto ao
cooperativismo voltado para os
trabalhadores. Tendo, portanto,
publicado diversas obras, dentre as
quais cita-se: “History of the Rochdale
Pioneers”, publicado em 1857, outra
obra, publicada em 1875, foi “The
History of Co-operation in England” e em
1891 publicou “The Co-operative
Movement of To-day”.
Grozmoslav Mladematz -
Responsável por contar a história do
cooperativismo que se consolidou na
década de 1930 e estudioso sobre a
formação da doutrina cooperativista.
Dentre os livros publicados se evidencia
o “Historia de las Doctrinas
Cooperativas” publicado em 1969.
George Davidovic -
Dentre suas obras, destaca-se o livro
publicado em 1976, em Espanhol,
intitulado: “Hacia un Mundo
Cooperativo”.
Preceptores/doutrinadores
Charles Gide 1847-1932 Foi autor de diversas obras, dentre as
quais destaca-se “Consumers‟Co-
Operative Societies” (1921) e
“Productive Co-operation In France”
(1899). Tinha o sonho de criar uma
República Cooperativa. Foi uma
referência para o cooperativismo de
consumo. De tal modo propôs
inicialmente fundar armazéns de
atacado com grande porte e realizar
vendas em grande escala. Foi um dos
organizadores no processo de
sistematização da doutrina do
Martha Beatrice Potter 1858-1943 cooperativismo.
Webb
Britânica socialista e historiadora que
contribuiu para a formulação da teoria
econômica e política do cooperativismo.
Escreveu muitas obras, dentre elas, cita-
se: “The co-operative movement in
Great Britain” (1891), além de diversas
obras públicas em parceria como: “The
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formada por tecelões. A cooperativa ficava numa rua conhecida como “Beco do
Sapo”, que se localizava no bairro de Rochdale, em Manchester, na Inglaterra
(HOLYOAKE, 1933).
Muitos erros e acertos comumente ocorrem no início ou na criação de
uma cooperativa; assim, para evitar erros ou fracassos, os trabalhadores tecelões
(pioneiros de Rochdale) definiram trabalhar com vendas de maneira leal e
honrada, ou seja, desprovidos de enganação ao cliente, sem confrontação aos
lucros e somente com as vendas à vista. Inicialmente, o propósito cooperativista
dos pioneiros de Rochdale, que se embasava em fundamentações socialistas, fez
com que eles não obtivessem incentivos e nem apoio por parte do governo, da
igreja e nem dos industriais; qualquer apoio e incentivo dessas instituições só
aconteceu posteriormente, por meio da evidenciação de que o que se propunham
atendia aos ideais da economia de mercado capitalista (HOLYOAKE, 1933).
uma menção à natureza, que nos fornece a ideia de extensão da vida. Os “dois
pinheiros” remetem à memória de palavras como cooperação, solidariedade e
união. Além disso, seu formato intenciona a perspectiva de crescimento, ou seja,
de subir cada vez mais. Com relação ainda ao “pinheiro”, tem-se a memória de
que essa árvore, pela sua durabilidade e resistência, quer referenciar
perseverança, vitalidade, fecundidade e imortalidade, especialmente por que é
capaz de se multiplicar e sobreviver mesmo em solos de pouca fertilidade. A “cor
amarela” faz uma alusão ao sol, que nos dá a ideia de energia, luz, calor e
riqueza.
Objeto simbólico do cooperativismo também é a bandeira. O francês e
socialista Charles Fourier é um dos idealizadores da bandeira do cooperativismo;
inicialmente, a mesma tinha uma relação com o arco-íris, em que foram utilizadas
as sete cores, remetendo à ideia de união da diversidade. Mas, somente após a
tentativa de Bernardot de criar e oficializar uma bandeira única do cooperativismo
é que, posteriormente, por intermédio de Charles Gide, na cidade de Gante, na
Bélgica, no ano de 1932, o Comitê Executivo da ACI acatou a proposta de criação
de uma bandeira. Porém, essa bandeira comumente era confundida em função da
semelhança com bandeiras de outros movimentos sociais. Assim, no ano de
2001, em Roma (Itália), foi realizada uma reunião administrativa da ACI, ficando
definida, na ocasião, a criação de uma nova bandeira (CHAVES, 2008).
No quadro 10, podem-se verificar essas bandeiras:
1° logomarca
2° logomarca
3° logomarca
FONTE: Oeste Goiano, (2016, 2018); Arquivo da COOMAFIR (2019). Organizado por
Oliveira (2018).
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Cooperado desde a o primeiro ano de fundação da COOPERCOISAS. Entrevista concedida em 13 de abril
de 2020.
4
Cooperada desde na COOMAFIR. Faz parte também de uma associação que se encontra meio paralisada.
Entrevista concedida em 10 de abril de 2020.
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utópico, mas sim como proposição real, que se propôs como contraposição à
exploração capitalista.
Vivemos em uma sociedade organizacional (MORIN, 2003), nesse
sentido se evidencia que existem muitas organizações com capacidade de
influenciar e organizar culturas, modo de agir, assim como as relações sociais
vivenciadas no dia a dia. O cooperativismo vivenciado através das cooperativas é
um exemplo desse tipo de intervenção.
Não é difícil citar exemplos de cooperativas que atuaram ou continuam
atuando como agentes de organização da produção, como negociador, regulador
de preços, e como organizadora do espaço social. Citam-se algumas
cooperativas que inclusive podem ser classificadas como entre as maiores
cooperativas do mundo, a Crédit Agricole Group, Groupe Caisse D‟Epargne; no
Brasil se destaca a Copersucar, Coamo, Cocamar, Coopavel. Também
classificadas entre as maiores do Brasil e como referência de atuação no estado
de Goiás cita-se a Comigo e Unimed Goiânia (Cooperativa de Trabalho Médico).
O cooperativismo tem princípios bem definidos e que oferecem
significativo aporte para estruturação de ação para qualquer que seja a
cooperativa, independentemente do ramo de atuação. Fato esse verificado nessa
seção.
Porém, contraditoriamente por meio de algumas cooperativas se
constata no contexto atual que a prática e a atuação de muitas delas acabam por
servir como instrumento do capital. Existe, portanto, um significativo contingente
de trabalhadores que são agrupados por meio de diversas cooperativas para
oferecer força de trabalho subordinada aos interesses do capital; assim, acabam
se sujeitando ao aumento da exploração, o que demonstra a incapacidade de
promover resistência ao capital.
Ressalta-se ainda que esta realidade de exploração da força do
trabalho e submissão às regras do mercado, dentre outras contradições
constatadas no cooperativismo, nem sempre é visível e de fácil assimilação pelos
trabalhadores, pois a ilusão de não ser subordinado a um patrão e ser autônomo
colabora significativamente para que não se perceba a dependência e a
subordinação ao mercado, que, nesse caso, evidencia-se por meio de um
capitalista que admite ser comprador de serviços, livre de qualquer compromisso
trabalhista.
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5
Destaca-se que 45,5% da população do continente europeu no contexto atual são cooperadas em uma
cooperativa. Já a Ásia conta atualmente com 1,9 milhão de cooperativas. E de cada sete pessoas que existem
no mundo, uma é cooperada em uma cooperativa. (CENSO GLOBAL, 2014).
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6
As crises ocorridas no século XIX provocaram a degradação e a exploração do trabalhador; e se
evidenciaram através de formas variadas, dentre elas, cita-se: as condições insalubres, precárias e sub-
humanas ocorridas nas indústrias de transformação de produtos manufaturadas e de matéria-prima. Houve
ainda a incorporação de crianças e mulheres no ambiente trabalhista insalubre, sem garantias de proteção
social, e que ainda exigia extensas jornadas de trabalho, por uma oferta de baixíssimos salários
(GUIRALDELLI, 2004)
Trabalhadores viviam situação de muita pobreza, trabalhavam cerca de 17 a 18 horas diárias e viviam em
condições precárias; ainda pagando muito caro por vestes e alimentos (REISDORFER, 2014).
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Doutrina de cunho político e econômico que relaciona questões ou elementos do sistema capitalista a
questões-elementos de outros sistemas, ou seja, basicamente ajunta ao capitalismo políticas públicas de
cunho social, com objetividade de promover o bem-estar social.
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No princípio da humanidade, havia uma unicidade orgânica entre o homem e a natureza, em que o ritmo de
trabalho e da vida dos homens associava-se ao ritmo da natureza. No contexto do modo de produção
capitalista, este vínculo é rompido, pois a natureza, antes um meio de subsistência do homem, passa a
integrar o conjunto dos meios de produção do qual o capital se beneficia. (OLIVEIRA, 2019, p. 5).
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Palavra semelhante, porém, diferente de valorização. Refere-se à atribuição de valor de algo ou de
reconhecimento. Também, pode ser entendida como a indicação de qualidade e/ou importância de alguma
coisa.
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(...) empreendedorismo cooperativo refere-se ao processo em que sujeitos movidos por valores de mútua
ajuda e propensos a compartilhar os benefícios alcançados de maneira conjunta, promove a criação de um
empreendimento para construir soluções a problemas sociais e econômicos, que sejam afins aos membros
deste empreendimento, e fazem a gestão do mesmo com base nos princípios do cooperativismo (ZUCATTO;
SILVA, 2014, p.6).
Veja mais outros completos e outros pontos de vistas sobre empreendedorismo cooperativista em: Skurnik e
Vihriälä (1999), Mc Intyre, Bergonsi e Fortin (2004), Vanderlei e Gil (2006), Bijman e Doorneweert (2008) e
em Diaz-Foncea e Marcuello (2013).
14
Por cooperativa empresa ou empresa cooperativa entende-se que a mesma deve ser embasada “(...) em
valores de ajuda mútua, responsabilidade, solidariedade, democracia e participação. Tradicionalmente, os
cooperados acreditam nos valores éticos de honestidade, responsabilidade social e preocupação com o
próximo” (BRASIL, 2012, p.12); ressalta-se ainda que toda cooperativa tem o caráter de uma empresa de
domínio coletivo e deverá os cooperados ter controle sob a mesma de forma compartilhada e democrática.
Veja mais sobre cooperativa empresa em PANZUTTI e outros (2019) “Gestão cooperativa: eficiência
empresarial x associação de pessoas”; ver também em Sousa e outros (2018) “Temos que saber que a
cooperativa é uma empresa diferente”.
15
Trata-se de uma cooperativa que presa por resultados comuns a todos os cooperados, porém, o foco da
mesma é significativamente voltado para a gestão, para as possibilidades de produtividade e de ganhos
articulados.
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Modificação na sociedade decorrente da globalização não ocorre de forma padronizada e nem acontece em
todos os lugares simultaneamente; a remodelação da sociedade torna-se oriunda de como se domina ou se
utiliza as tecnologias, ou seja, de como se incorpora e se utiliza as mesmas (CASTELLS, 2000).
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De acordo com Abreu et al. (2008), por meio de uma cooperativa é possível que tanto os cooperados como
também a comunidade se organizem e obtenham desenvolvimento econômico e social. Destaca-se ainda que
os principais beneficiários são as organizações associativas de produtores rurais, os produtores e também os
trabalhadores em geral.
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Vice-presidente da OCB
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Diretor-presidente da Coopeavi – Cooperativa Agropecuária Centro Serrana
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Nesse caso específico refere-se a um recorte territorial composto por vários municípios.
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bem claro que cada região ou local não são fechados em si, mas têm
características próprias, possuem uma cultura, um estrutura econômica, uma
política própria e uma história, sendo essas particularidades e identidade fatores
que exigem autenticidade e criação própria de meios ou mecanismos para se
desenvolverem, não sendo possível copiar ou utilizar um planejamento já aplicado
ou utilizado em outra região/localidade. Portanto, é imprescindível que os
agentes, lideranças e gestores de cada lugar conheçam bem as potencialidades e
fraquezas de cada local, para que possam planejar e agir no sentido de promoção
do desenvolvimento.
Portanto, o envolvimento de entidades, comunidades e atores locais no
processo de desenvolvimento do local é muito importante. Ressalta-se que eles
deverão sempre considerar os elementos ou aspectos culturais, históricos e
naturais no planejamento das ações e de alternativas de desenvolvimento.
Cabe aqui dizer que existem muitas e divergentes teorias de
desenvolvimento, porém, o desenvolvimento local é comumente percebido como
um processo que ocorre de dentro para fora, em que a população é impactada
pela melhoria da qualidade de vida e pelo dinamismo econômico. Portanto, o
mesmo ocorre a partir da ativa participação social – popular – em que,
frequentemente, as entidades locais, a exemplo das cooperativas, têm papel
fundamental no processo de organização e desenvolvimento, mostrando a
relação direta existente entre cooperativismo e desenvolvimento local.
Para que de fato ocorra o desenvolvimento de um local, a sociedade
precisa sempre ocupar a centralidade de uma possível transformação, no sentido
de que a mesma tem o ser humano como sujeito desse processo, e que é dotado
de possibilidades, interesses e anseios. A participação da comunidade também é
fator primordial na construção do desenvolvimento local; nesse caso, a
cooperatividade é muito importante na construção de qualquer processo de
desenvolvimento, porém, é evidente que o Estado, assim como os agentes
governamentais e a globalização, tem grande relevância na ascensão do
desenvolvimento de um local, contudo, deve-se destacar que os agentes civis,
privados e/ou cooperativos passam a ter muita significância ao se considerar
novas referências na interpretação do que é o desenvolvimento. Nesse sentido,
um dos principais propulsores do desenvolvimento é o capital social, que coexiste
a partir das relações sociais, solidificadas através da participação, das relações
de confiança, da democracia e também da cooperação. É bom lembrar que a
cooperação surgiu como predicado das relações sociais, que se evidenciaram por
120
Pode-se entender que o futuro pode ser bem mais promissor quando o
caminho é feito com união. As pessoas, os grupos organizados e as
comunidades em comunhão adquirem mais confiança e podem superar barreiras
em prol das conquistas dos objetivos almejados. Esse é o intuito do
cooperativismo discutido no Brasil, modelo socioeconômico que aspira ao
129
7.000
6.800
6.600
6.400
6.200
6.000
5.800
5.600
5.400
2000 2010 2018
da União, dos estados e dos municípios são os que mais compram produtos e
serviços no Brasil.
Em face do exposto, a OCB, para representar o cooperativismo
brasileiro, pauta seu desempenho em princípios importantes como trabalho
democrático, transparência, qualidade atribuída às atuações e ações do
movimento, focalizando os resultados e também a comunicação e a parceria com
diferentes organizações. Mesmo com dificuldades, conflitos, crises políticas,
sociais e econômicas, tende a prosseguir agindo de forma ética, participativa,
tentando impetrar sempre a importância e a contribuição do movimento para a
sociedade brasileira, bem como para o mundo e ainda conseguir a visão de que o
cooperativismo signifique pela sua competitividade, integridade e capacidade de
promover progressos e prosperidade aos cooperados.
créditos a um público em geral e detém uma clientela que não possui interferência
sobre os rumos da instituição, já nas cooperativas a liberação de créditos precisa
ser feita somente aos cooperados e são formadas por pessoas, as quais são
sócias e donas que compartilham das decisões de gestão.
Com relação aos órgãos sociais, nas cooperativas eles funcionam da
seguinte forma: a Assembleia Geral é o órgão superior de uma cooperativa,
sendo que todos os cooperados fazem parte de sua formação e têm direito a um
voto de importância igualitária. Dessa forma, os responsáveis por eleger a
diretoria, escolher os conselheiros e também definir as políticas de repartição dos
resultados são todos os cooperados.
21
Este programa foi criado pelo governo Federal do Brasil no ano de 1995. E tinha entre
seus objetivos oferecer melhor atendimento aos agricultores da agricultura familiar,
especialmente oferecendo crédito, para produção, com juros baixos e com melhor
carência.
150
22
O referido programa de suplementação alimentar teve sua origem no ano de 1954, mas
precisamente no fim do governo de Getúlio Vargas. Porém seu registro ocorreu no ano
de 1955 através do Decreto de N° 37.106, que na ocasião se subordinava ao Ministério
da Educação – MEC; de acordo com o referido Decreto o mesmo foi denominado como
Campanha da merenda escolar. Já a denominação como PNAE ocorreu no ano de 1979.
Salienta-se que muitas alterações ocorreram no formato desse programa, o que inclusive
possibilitou definir uma margem de compra de alimentos oriundos da agricultura familiar.
23
Esse é um programa que teve dentre suas intencionalidades o atendimento ao
programa Fome Zero que buscava implantar um conjunto de políticas públicas, gerando
empregos, dinamizando o comércio local e aumentando a produção alimentícia. O PAA
foi, portanto, criado no ano de 2003, a partir da Lei 10.696, que data o dia 02 de julho,
citada no art. 19. Tendo como principal objetivo incentivar a produção de alimentos via
agricultura familiar e facilitar o acesso à alimentação.
151
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
1990 1995 1997 2002 2008
18000
16000
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
2000 2002 2005 2010 2017 2019
FONTE: Organizado por Oliveira (2021), adaptado da OCB-GO (2004, 2011, 2019 e
2020).
aumentando para quase 7 milhões em 2006. Sete anos depois esse número
aumentou muito, já atingindo mais de 11 milhões, somando-se mais de 13
milhões de pessoas cooperadas em 2017 e em apenas dois anos depois esse
número aumentou em mais de 2 milhões.
Sabendo que cooperativa consiste em ser uma forma de agregação de
pessoas independentes com objetivos e atividades comuns e que trabalha com a
finalidade de gerar benefícios iguais a todos/as os/as cooperados/as é que esse
número cresce ainda mais, chegando, portanto a mais de 15 milhões e meio de
cooperados no ano de 2019.
Nesse viés demonstrativo de crescimento, especialmente pela via do
aumento do número de cooperados. Verifica a seguir no mapa ilustrativo
disponibilizado no anuário 2020 da OCB, que os cooperados registrados na
referida organização já ultrapassaram o total de 15 milhões e meio. Veja o mapa
1:
157
24
Modelo de estatuto de sociedade cooperativa de acordo com código civil/2002,
aprovado pela lei nº 10.406/2002, bem como pela lei nº 5.764/1971. O mesmo foi
elaborado pelo Valor Consulting de acordo com orientação da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo – Fiesp, pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo -
Ciesp, em parceria com escritório regional da Junta Comercial do Estado de São Paulo –
Jucesp.
161
400
350
300
250
200
Empregados nas
cooperativas (em
150 milhares)
100
50
0
2002 2006 2010 2014 2018
Essa informação nos permite dizer que a ação das mulheres consiste
em ser um fator planejado quanto ao desenvolvimento social, pois a mulher vem
ocupando inúmeros espaços como o de constituir sustentação do bem estar das
famílias e das comunidades.
A participação de mulheres nas cooperativas tem ganhado força. Em
1995 a ACI Internacional constituiu o Programa de Ação Regional para as
Mulheres da América Latina e do Caribe. A partir de então, a ACI ressaltou a
relevância da atuação das mulheres no cooperativismo. Isso é determinante na
fala de Daller (2010), que assumiu a presidência da ACI em 1997, declarando
que: “A Aliança Cooperativa Internacional, consciente da importância do papel da
mulher nas atividades cooperativas, está agora empenhada em ampliar sua
participação em todas as categorias de cooperativas e no sistema cooperativista
mundial.”.
Ainda neste sentido, “promover a igualdade de gênero nas
cooperativas é e deve ser cada vez mais uma estratégia do mesmo
desenvolvimento cooperativo” (MARCONE, 2009b, p. 26).
163
25
Produtora de artesanato, moradora rural, no município de Diorama. Entrevista concedida em 15 de janeiro
de 2021.
166
26
Feirante esposa de cooperado da COOMAFIR; realiza venda de conservas em três feiras livres do
município e também na porta de casa. Entrevista concedida em 04 de junho de 2019.
167
desafios para empreender no Brasil diz respeito à viabilização, por parte do governo,
de um ambiente de negócios favorável aos investimentos. Neste sentido, acreditamos
serem fundamentais as medidas de simplificação tributária, responsabilidade fiscal,
combate à corrupção, desburocratização das atividades econômicas e de retomada de
investimentos em infraestrutura e logística, dentre diversos outros desafios para a
recondução econômica do país. Propostas: Simplificação tributária e responsabilidade
fiscal; Desburocratização e melhoria do ambiente de negócios; Qualificação profissional
e promoção social; Investimento em infraestrutura e logística; Proteção e melhoria da
qualidade do meio ambiente; Estímulo a instituições eficazes, responsáveis e
transparentes; Segurança pública.
27
Mestre Osório Raimundo de Lima era escrivão; foi morador do Distrito de Rio Claro e foi importante
articulador político; também foi quem lavrou a ata de criação do povoado conhecido por Itajubá, que logo
nos anos seguintes se tornou o município de Iporá.
28
Quinca Paes e Odorico eram coronéis, que tinham boa parte das terras onde está situado o município de
Iporá.
179
dia 19 de novembro, pela Lei Estadual nº 249. Nessa ocasião, já tinha um total de
14.043 habitantes e 1.220 eleitores aptos a votar; porém, a instalação do mesmo
só ocorreu no ano de 1949, no dia 01 de janeiro, ocasião em que foi
desmembrado do município de Goiás Velho29. Sequencialmente, nesse mesmo
ano, foi realizada a eleição para definição de quem seria prefeito e também para a
escolha dos vereadores (OLIVEIRA, 2014).
A superfície do município de Iporá tem uma área de 1026 km²,
entretanto, é salutar destacar que nem sempre essa foi à área territorial ocupada
pelo referido município. Até o ano de 1958 havia uma extensão bem maior, que
era de 2.490 km² (IBGE, 2020), como se verifica no mapa 2:
29
Atual Cidade de Goiás.
180
FONTE: Sistema Estadual de Informação Geográfica (SEIG, 2000). Organizado por Alves
(2019)
FONTE: Sistema Estadual de Informação Geográfica (SEIG, 2000). Organizado por Alves
(2019)
183
Oeste. Conta com o Ribeirão Santa Marta e o Ribeirão Santo Antônio, com o
córrego Tamanduá e vários outros de menor porte. Ainda é banhado por dois
importantes rios, o Rio Caiapó e o Rio Claro. O município está localizado a 216
km de Goiânia (capital do Estado de Goiás) e tem como principal via de acesso à
capital a GO-060, tendo ainda outras significativas vias de acesso como: GO-174,
GO-221 e GO-320 (OLIVEIRA, 2014).
No mapa 5 são apresentadas as principais rodovias de acesso ao
município de Iporá em relação ao Estado de Goiás.
185
FONTE: Sistema Estadual de Informação Geográfica (SEIG, 2000). Organizado por Alves
(2019)
passam por Iporá, é possível obter importante acesso a várias direções do Estado
de Goiás, e consequentemente obter acesso a vários outros municípios situados
em outras regiões.
30
Segundo o entrevistado ele foi um dos prefeitos de Iporá que vivenciou o momento de
maior aumento da população do município e foi um dos articuladores para receber os
benefícios citados como importantes para Iporá atrair moradores de outros municípios.
Entrevista concedida em 05 de fevereiro de 2021.
188
FONTE: IBGE (1940, 1960, 1970, 1980,1991, 2000, 2010); adaptado por Oliveira (2018).
rural e foram morar na zona urbana. De acordo com um dos moradores 31 de Iporá
que vive no município há quase 60 anos “(...) foi nesse período que a gente via
caminhões de mudança todos os dias chegando, o povo das cidades vizinhas
queria viver melhor, queria mais conforto e ter um emprego. Eles vinham da
cidade, mas a maioria vinha da roça”. Assim se verifica que muitas pessoas que
viviam na zona rural e principalmente em municípios vizinhos, se mudaram para a
zona urbana, mas, ao invés de fazerem esse processo de forma interna ao
município, fizeram a migração intermunicipal rural-urbano, ou seja, saída da zona
rural de seu município e foi para a zona urbana do outro município, no caso em
questão o município de Iporá. Mas sem esse tipo de especificação entre zona
urbana e rural pode-se dizer que o principal motivo então se deve ao fato de que
muitas pessoas deixaram de morar nas cidades circunvizinhas para irem morar
em Iporá, pois acreditavam que teriam melhores possibilidades de trabalhar e
consecutivamente obter uma vida melhor (OLIVEIRA, 2019). Verifique a seguir
(gráfico 7) os gráficos que detalham esse movimento populacional entre o período
de 1970-2020.
31
Mudou-se para Iporá no ano de 1961, veio do município de Araguari, estado de Minas
Gerais; na ocasião veio acompanhado de sua esposa já falecida e seus nove filhos.
Entrevista concedida em 08 de março de 2021.
190
FONTE: IBGE (1970, 1980, 1991, 2000, 2010, 2018, 2019 e 2020); organizado por
Oliveira (2021) e adaptado dos dados do Instituto Mauro Borges (2018) e de Chagas
(2014).
32
Prefeito em dois mandatos não consecutivos. Entrevista concedida em 03 de maio de
1999.
192
33
Vereador no mandato de 2016-2020 e reeleito para o mandato de 2021-2024.
Entrevista concedida em 14 de janeiro de 2021.
193
34
O mesmo ficou conhecido pelo seu posicionamento ideológico, pois era um militante político muito
influente e defensor da implantação do comunismo. Registra-se ainda que em 1920 ficou muito conhecido no
Brasil por liderar a Coluna Prestes.
196
Oeste Goiano, e é um dos mais atrativos por ter uma significativa quantidade de
hospitais, escolas, universidades, lojas, comércios, atividades culturais, dentre
outros. Conjecturas como as citadas remetem ao entendimento de que existe uma
relação intensa entre Iporá e os municípios de seu entorno; a referida relação
permite a Iporá a condição de centralidade, que é importante para a atuação
cooperativista, especialmente no sentido de acessar os municípios da referida
região.
Como já especificado, o município de Iporá ocupa certa centralidade
microrregional. Fato que também pode ser evidenciado a partir de fundamentação
embasada no IBGE, instituto que realizou no ano de 2007 um estudo sobre as
regiões de influência dos municípios brasileiros, estudo que ficou conhecido como
REGIC-2007, e que possibilita uma profunda análise sobre a hierarquia urbana
brasileira. Levou-se em conta variados fatores, dentre os quais se cita o nível de
estrutura hierárquica dos centros urbanos. Foram delimitados quatro níveis de
hierarquia urbana, com até três subníveis para cada, ficando assim definido:
35
O Brasil tem 556 cidades que são classificadas como Centro de Zona. Salienta-se que
elas têm menor porte de atuação, restringindo-se apenas a sua área imediata.
199
FONTE: Rosa (2017); Oeste Goiano (2016). Organizado por Oliveira (2019).
FONTE: Oeste Goiano (2015, 2018), Arquivo prefeitura de Iporá (2018 e 2019);
Organizado por Oliveira (2021).
36
De caráter estadual e nacional que vem de outros munícipios para atuar em Iporá.
203
39
Proprietário de um dos maiores hospitais da microrregião; o mesmo vendeu algumas propriedades rurais
para investir no referido hospital. Entrevista concedida em 23 de março de 2020.
206
que a mesma tem a estrutura de uma UTI. E que para sanar definitivamente a
necessidade de uma UTI o hospital fez uma parceria com uma UTI no município
de São Luís de Montes Belos.
Com relação à atuação religiosa, a mesma é bastante expressiva na
vida da população de Iporá e dos demais municípios circunvizinhos. Muitas
pessoas participam de igrejas diversas, com intensa devoção. Algumas igrejas do
município de Iporá realizam eventos de grande porte, com muito potencial de
mobilização e junção de pessoas. Um exemplo disso é a Romaria de Nossa
Senhora Auxiliadora, que tradicionalmente ocorre sob a responsabilidade de
festeiros, famílias romeiras e grupos de pastorais. Num total de trinta noites é
celebrada essa devoção Mariana, em que se reza o terço e, em seguida, têm-se
leilões de “prendas” doadas pelos participantes. Comumente, participam mais de
mil pessoas por noite. Outro exemplo é a Assembleia de Deus de Iporá, que
realiza o Encontro da União de Mocidades das Assembleias de Deus
(UMADEGO). Esse evento reúne durante o período de carnaval cerca de 3.000
pessoas, dentre os mesmo a maioria são jovens, que vêm de mais de vinte e
cinco municípios da região do Oeste Goiano. A Figura 14 traz uma amostra de
alguns prédios e/ou templos religiosos e atividades correlatas.
40
Participante de uma igreja localizada na comunidade do Taquari. É membro de uma associação e
recentemente se tornou cooperado. Entrevista concedida em 04 de maio de 2020.
41
O mesmo é cooperado, antes da cooperativa era associado na associação da Jacuba; o mesmo é também
romeiro. O mesmo se considera um romeiro, por fazer uma peregrinação católica anual; em Iporá ocorre
anualmente a Romaria de Nossa Senhora Auxiliadora com duração de 30 noites; em cada noite ocorre a
reza do terço com cantorias e orações, em seguida, os leilões que são doados pelos participantes.
Entrevista concedida em 23 de maio de 2020.
208
42
Cooperado há quase seis anos. Foi militante da Pastoral da Juventude – PJ e também da CEB´s. Entrevista
concedida em 23 de maio de 2020.
43
Comunidades Eclesiais de Base trata-se de comunidades organizadas a partir da Igreja Católica que
surgiram especialmente a partir de 1970 e tinha como referência a Teologia da Libertação.
209
FONTE: Oeste Goiano (2013, 2018); Arquivo UEG (2014, 2018). Organizando por
Oliveira (2019)
44
Os cursos ou serviços citados são oferecidos na microrregião de Iporá de forma exclusiva no município de
Iporá. Com exceção do município de Caiapônia, os demais municípios limítrofes a Iporá também não contam
com a oferta de nenhum desses cursos.
45
Cooperado, membro de uma associação e participa na igreja católica rural. Entrevista concedida em 23 de
maio de 2020.
46
Cooperado, desde o início da criação da cooperativa COOMAFIR. Entrevista concedida em 20 de maio de
2020.
47
Cooperado produz exclusivamente leite. Entrevista concedida em 20 de maio de 2020.
211
48
Cooperada, produz artesanatos e cria animais de porte pequeno, participa da igreja e de uma associação.
Entrevista concedida em 25 de fevereiro de 2020.
212
49
Trata-se de banco que oferece serviços que são exclusivos; de modo que essa é a única agência da
microrregião; o que remete ao entendimento de que a mesma colabora para a ocorrência de centralidade de
Iporá.
213
50
Funcionário do SICOOB e aluno egresso da UEG. Entrevista concedida em 30 de junho de 2021.
51
Essa cooperativa conta com participação de cooperados de Iporá e município limítrofes, mas tem atuação
marcante especialmente em função da loja de vendas aberta ao atendimento também de clientes não
cooperados.
52
Funcionário da COMIGO. Utiliza os serviços do SICOOB, da Unimed e pretende se tornar cooperado,
para entregar o leite da produção na COOMAFIR
216
53
Mahbub ul Haq é um economista paquistanês.
217
muitas críticas com relação às suas limitações e aos possíveis erros de cálculo.
Mas, mesmo assim, é importante dizer que o IDH é muito utilizado por governos
para direcionar recursos e para aferir em quais áreas deve concentrar
investimentos. É muito utilizado também por empresas para planejar
investimentos em um determinado local.
Partindo dessa breve contextualização sobre o IDH, entende-se que
existem diversos outros métodos de avaliação das condições de vida da
população de um local, porém, constata-se que mesmo sendo bastante criticado,
o método tem méritos relevantes para a função que foi criado. É ainda muito
utilizado, como falado anteriormente, e, além disso, é adotado por organismos
internacionais de grande relevância. Assim, a seguir (figura 18) apresenta-se uma
breve contextualização do município de Iporá a partir do IDH. Veja na Figura 18
um comparativo do IDH geral das últimas três décadas.
218
54
No Século XIII já se registra o surgimento do capitalismo que decorreu da formação de algumas
cidades de cunho comercial.
Relevante ainda salientar que o Brasil e seu território nunca estiveram sob outros modos
de produção que não o capitalismo.
225
Quando se tem uma área com uma certa deficiência para atender,
seja de serviços ou produtos, surge a necessidade da criação de
cooperativas. O que fomenta é a união das pessoas em cima de
uma ideia. Daria para fazer cooperativas em todas as áreas de
atividades. (MARINELLI; CASSIO, 2016, p. 1).
55
Os treze ramos do cooperativismo brasileiro são: 1 - Cooperativas educacionais, 2 -
Cooperativas agrícolas ou agropecuárias, 3 - Cooperativa de crédito, 4 - Cooperativas de
consumo, 5 - Cooperativas habitacionais, 6 - Cooperativas de infraestrutura, 7 - Cooperativas de
Produção, 8 - Cooperativas de mineração, 9 - Cooperativas de saúde, 10 - Cooperativas sociais
ou Especiais, 11 - Cooperativas de trabalho, 12 - Cooperativas de turismo e lazer, 13 -
Cooperativas de Transporte.
56
No estado de Goiás são nove ramos atuantes: 1 - Cooperativas de Consumo, 2 - Cooperativas
de Crédito, 3 - Cooperativas Educacionais, 4 - Cooperativas habitacionais, 5 - Cooperativas de
produção, 6 - Cooperativas de saúde, 7 - Cooperativas de Trabalho, 8 - Cooperativas de
Transporte, 9 – Cooperativas Agrícolas.
57 De acordo com dados da OCB-GO (2017), as cooperativas agropecuárias juntas somam um
capital social de R$ 1,04 bilhão, têm 30.879 associados e empregam 5.296.
242
200.000
150.000
100.000
50.000
0
2006 2009 2016 2018
FONTE: OCB-GO (2018), dados do ano de 2017, organizado por Oliveira (2018).
1200
1000
800
600
400
200
0
1970 1975 1980 1985 1995 2006
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0-20 (MICRO) 21-50 (PEQUENA) área de 51-200 área de 201-1000 área de +1000
(MÉDIA) (GRANDE) (MUITO GRANDE)
58
A medida para alqueires a que se refere nessa pesquisa, refere-se ao alqueire goiano que equivale a 10.000
braças quadradas (4,84 hectares).
249
59
Cooperado da COOMAFIR, oriundo da agricultura familiar. Produz leite, mas também junto com
a esposa que não é cooperada produzem algumas verduras e ainda criam galinhas e porcos.
Entrevista concedida em 25 de setembro de 2020.
253
verduras e a cria de animais, como porco e galinha, e que assim poderá vender
esse tipo de produto também para a cooperativa. Esse depoimento se evidencia
como um aspecto interessante; pois se trata de uma pessoa com emprego na
cidade que está viabilizando sua permanência na propriedade rural com base em
uma atividade que dependerá diretamente da participação na cooperativa. Trata-
se, portanto de uma interferência na dinâmica sócio-espacial.
Também é relevante destacar nessas informações obtidas por meio do
referido cooperado que houve um aumento pela procura de produtos produzidos
por produtores da agricultura Familiar. Segundo o mesmo, muitos produtores já
não produzem mais como antigamente, disse ainda que há muitas pessoas sendo
resgatadas pela cooperativa para voltarem a produzir e para, inclusive,
produzirem com possibilidade de maior variedade. Verifica-se essa questão
abordada a partir da produção de aves e suínos (ver gráfico 13):
para entender porque houve aumento de procura para esse tipo de produto; com
certeza, não existe apenas uma variável para essa explicação, porém, o fato de
ter reduzido a produção local é uma importante justificativa para o aumento da
demanda, ou seja, aumentou o número pessoas, enquanto a produção diminuiu.
Quanto à intervenção da cooperativa no sentido de incentivar o
aumento e a produção com mais variedade, vê-se que um argumento que tem
sido bastante utilizado junto aos produtores diz respeito aos programas
acessados pela cooperativa. O Programa do PNAE é um deles, a cooperativa tem
acesso à compra direto do produtor para fornecer às escolas. Nesse sentido, o
cooperado já inicia a produção com a certeza de quem é o comprador.
Analisando esses dados e especialmente os depoimentos anteriores
pode-se dizer que a referida cooperativa tem influenciado na prática de
organização dos produtores do município de Iporá. Além disso, tem utilizado a
agricultura familiar como modelo de estruturação e organização dos cooperados,
sequencialmente, tem organizado o processo de venda e de logística de produção
do leite dos cooperados, e ainda os influencia para que ocorra a produção de
hortifrútis e de animais de pequeno porte como forma de incremento de renda e
de variabilidade produtiva.
Verifica-se, a seguir (mapa 10), o mapa hidrográfico e altimétrica do
município de Iporá:
256
Iporá é banhado pelo Rio Claro e pelo Rio Caiapó, e por dois ribeirões,
sendo: Ribeirão Santo Antônio e Ribeirão Santa Marta; é cortado também por
pequenos córregos, como o Córrego Tamanduá.
O município de Iporá é bastante privilegiado do ponto de vista
hidrográfico; possui significativa quantidade de nascentes e de cursos de água,
especialmente perenes, com ótima distribuição por todo o território do referido
município. Esse fato é bastante significativo para a produção de hortifrútis e para
257
60
O referido cooperado produz em média 200 litros de leite ao dia. É cooperado e membro da
diretoria da COOPROL e é associado também ao Sindicato Rural de Iporá, Diorama e Israelândia.
Entrevista concedida em 09 de agosto de 2020.
61
A referida cooperada mora em fazenda localizada a cerca de quase vinte quilômetros do
perímetro urbano de Iporá; trata-se de cooperada que tem produção bastante variada, de produtos
259
como verduras, derivados do leite e animais caipira de pequeno porte. A mesma vende parte de
sua produção também na feira livre, realizada semanalmente na 4ª feira, localizada no setor Padre
Cícero. Entrevista concedida em 05 de agosto de 2021.
62
Definiu-se por entrevistar seis produtores de hortaliças. Sendo que três destes produzem na
zona rural e os outros três produzem no perímetro urbano; nem todos são cooperados. Cinco dos
entrevistados são do sexo masculino e uma do sexo feminino. O produtor que tem propriedade
mais distante da zona urbana está localizado a cerca de 20 km do perímetro urbano. Entrevista
realizada entre os dias 09 a 16 de abril de 2020.
260
B
90 83,3 83,3 83,3
80 66,5 66,5
70
60
50
40 33,3
30
20
10
0
Vende para Vende em feiras Vende no Produz em Produz em Tem ajudante
cooperativa livres comércio local propriedade ou propriedade ou ou funcionário
(supermercados em terreno em terreno
e outros) próprio arrendado
C
70 66,5 66,5
60
49,9 49,9
50
40
30 23,3 23,3
20
10
0
Obtém renda Obtém renda Faixa etária Faixa etária Tempo de Tempo de
média de 1 a média de 4 a 41 a 50 anos 51 anos ou trabalho trabalho
3 salários 6 salários mais 10 a 20 anos 21 a 30 anos
mínimos por mínimos por
mês mês
FONTE: Agência Goiana de Transporte e Obras Públicas (2012). Adaptado por Alves
(2020).
63
Produtor associado à COOPERCOISAS; é cooperado desde o início da referida cooperativa.
Entrevista concedida em 16 de janeiro de 2021.
64
A entrevistada é cooperada na COOMAFIR e faz parte da diretoria da mesma. A mesma tem
uma produção bastante diversificada, produz atualmente: frango caipira, ovos, queijo, leite, rãs,
coelhos e cultiva: seringueiras, guariroba, banana, dentre outros. Entrevista concedida em 03 de
junho agosto de 2020.
65
A entrevistada trabalha com a produção e a venda de conservas e o esposo também é
cooperado, só que em outra cooperativa. Entrevista concedida em 15 de outubro de 2020.
263
daqui”. A cooperada ainda salientou que: “(...) como Iporá é uma referência
regional, a quantidade de pessoas de municípios vizinhos por aqui é muito
grande, isso também facilita vender os nossos produtos”. E completou: “dizem até
que Iporá é a capital do Oeste Goiano, tem exagerados que fala em até capital do
universo”. Depoimentos como esses levam a entender porque entre os populares,
expressões como as citadas corriqueiramente, e entre os comerciantes a maioria
faz questão de oferecer tratamento especial aos moradores de municípios
circunvizinhos. E também porque existem inclusive livros e diversos artigos que
colocam o município de Iporá como uma referência regional.
Diante desse contexto, é possível afirmar que existem alguns
elementos que justificam o que foi citado anteriormente, porém, o que se tem de
mais concreto é que o acesso rodoviário é um facilitador de locomoção, de
distribuição e também de acesso. Tais fatores são importantes elementos para
justificar porque o município é considerado uma centralidade regional; claro que
esse não é o único fator. Em conclusão, salienta-se também que esses subsídios
físicos e culturais sempre foram e continuam sendo fundamentais para o
cooperativismo local. São ainda importantes para que se facilite a questão de
logística, e para a ampliação do acesso tanto de cooperados de outras regiões
como também do público possível de consumidores, pois, como foi exposto por
um dos cooperados66 da COOMAFIR, morador da Bugre: “Eu vendo muito para
Goiânia e para Barra do Garças”.
Acrescentou ainda “(...) vendo tapetes, queijos, frango e ovos caipira;
vendo quase tudo pra fora, pois tenho quem me ajuda com a venda nessas
cidades; sempre envio os produtos tudo pela transportadora ou pelo ônibus”. O
mesmo disse que os produtos são vendidos por um preço melhor nesses
municípios citados. E afirmou ainda que as pessoas que fazem transporte
particular são muitas, quando é necessário enviar com mais urgência, eles
entregam no local indicado. Verifica-se que as vendas externas são realizadas no
formato individual, nesse caso em específico tudo é organizado pelo próprio
produtor. Mas ele destacou que a renda aumentou consideravelmente após ter se
inserido na cooperativa. Antes de ser cooperado o mesmo tinha a média
renda/mensal de R$ 2.000,00 e passou para quase R$ 4.000,00 ao mês, após se
tornar cooperado. A principal justificativa se deve ao fato de que a cooperativa
66
Cooperado há quase quatro anos. Além de participar da cooperativa, participa também de uma
igreja na zona rural. Entrevista realizada em 05 de junho de 2020 e em 19 de janeiro de 2020.
264
7.4.1 - SICREDI
67
Funcionário do SICREDI há quase 12 meses. Entrevista concedida em 14 de fevereiro de 2020.
266
68
Produtor rural, mora na Fazenda Buriti. Entrevista concedida em 20 de março de 2021.
69
Produtor rural mora na fazenda Jacuba, município de Amorinópolis e tem propriedade também
na Fazenda Santa Marta. Segundo o mesmo, a esposa tem uma pequena propriedade no
município de Palestina, mas essa está alugada para produção de soja. Entrevista concedida em
14 de janeiro de 2020.
70
É uma feira de tecnologia direcionada para atender ao produtor rural. Atualmente, é considerada
a maior desse segmento no Centro-Oeste. É uma feira com mais de 40.000 metros quadrados,
268
que conta com exposição de máquinas agrícolas, veículos variados, sementes modificadas
geneticamente, produtos para trato animal, dentre outras tecnologias. A mesma tem geralmente
duração de quase uma semana, e é realizada no município de Rio Verde-GO.
71
Cooperado, criador de gado para engorda e de gado leiteiro. Entrevista realizada em 22 de
2018.
72
Alqueires goiano.
269
73
Criador de gado leiteiro e de peixes. Morador da Fazenda Santa Marta. Entrevista realizada em
22 de 2018.
270
74
Morador no distrito de Goiaporá, município de Amorinópolis. Trata-se de produtor da agricultura
familiar, tem arredada uma chácara que se encontra no município de Iporá. Entrevista concedida
em 15 de agosto de 2019.
75
Médico, agropecuarista e cliente da Comigo há quase quatro anos. Entrevista concedida em 30
de novembro de 2020.
76
Agricultor familiar, morador na Fazenda Jacuba; disse que é cliente na loja Comigo desde
quando a mesma iniciou o atendimento em Iporá. Entrevista concedida em 10 de dezembro de
2020.
271
77
A mesma congrega a participação de 21 cooperativas Unimed, dentre elas, cita-se: Unimed
Oeste Goiano (Iporá), Unimed Cerrado, Unimed Palmas, Unimed Jataí, Unimed Rio Verde e
Unimed Goiânia.
272
78
Loja de manutenção e venda de carros de um dos cooperados do SICOOB e da COMIGO .
273
no setor Central. Continua em um prédio alugado, mas que atende melhor à atual
necessidade de uma agência de atendimento.
Em Goiás, o SICOOB conta com 109.858 cooperados e tem um total
de 2.697 agências espalhadas pelo Brasil. Em Iporá, o SICOOB tem realizado
ações significativas de marketing a fim de promover o aumento do número de
cooperados.
79
Trata-se da Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar - PRONAF; é o documento de identificação do agricultor ou da agricultora familiar. O
mesmo pode ser obtido, por exemplo, através de uma cooperativa ou de qualquer outra instituição
que obtenha credenciamento junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Dentre as funções
empregadas, uma é a que a DAP serve para que o agricultor familiar tenha acesso às políticas
públicas de incentivo à produção e também a geração de renda. Além ainda de ser exigida no
INSS para concessão de aposentadoria ao referido produtor.
277
80
Cooperado, morador da zona rural, participante em comunidade religiosa. Entrevista realizada
em 12 de novembro de 2020.
81
Esposa de um cooperado, filiada na associação da comunidade rural, membro da coordenação
de comunidade religiosa. Entrevista realizada em 12 de novembro de 2020.
278
dos contornos do bairro rural, evidenciado a partir das atividades de ajuda mútua,
das reuniões religiosas e ainda das atividades folclóricas. Assim,
82
Cooperado; produtor de leite (produz em média 140 litros ao dia). Também tem dois tanques de
produção de peixe, e ainda produz alimentos como: mandioca e banana. Cria alguns porcos e
279
galinhas, mas apenas para consumo próprio. É participante ativo da vida religiosa. Entrevista
realizada em 05 de novembro de 2020.
83
É líder comunitário e desenvolve função estratégica na igreja. Sempre participou da vida
religiosa; o mesmo é morador dessa comunidade citada há mais de 25 anos. É filiado na
associação e também é cooperado. Entrevista realizada em 29 de março de 2020.
84
É cooperada, já foi filiada na associação e é participante da igreja local, localizada na
comunidade onde mora. Entrevista realizada em 15 de outubro de 2020.
85
Cooperada e líder religiosa. Entrevista realizada em 10 de outubro de 2020.
280
86
Cooperado, já foi filiado à associação; já foi militante da Pastoral da Juventude e também do
movimento de Cebs. É também filiado partidário. Entrevista realizada em 20 de maio de 2020.
87
Cooperado, produtor da agricultura familiar. Produz 200 litros de leite em média por dia. Produz
também frutas como mexerica, banana, abacate, laranja e pequi. E tem uma pequena produção
de cana de açúcar, guariroba e mandioca. Entrevista realizada em 30 de março de 2020.
88
A CEBs (Comunidades Eclesiais de Bases) surgiu ligada ao alicerce da Igreja Católica por
incentivo da teologia da libertação. As décadas de 1970 e 1980 marcaram a evidenciação dessa
organização no Brasil e também na América Latina. A base de orientação é a utilização de leituras
bíblicas articuladas com a realidade vivida no que concerne às questões sociais, políticas e
culturais. A teoria de interpretação utilizada é o método Ver-Julgar-Agir. Cita-se ainda que a
conferência de Medellín em 1968 e a conferência de Puebla no ano de 1979 foram importantes
281
91 Gerardus Adrianus Wiro Van Vliet (...), nascido na Holanda, na aldeia de Snelrewaard, na
cidade de Oudewater, província de Utrecht, em 13 de maio de 1927, Padre Wiro foi ordenado
sacerdote da Congregação São Paulo da Cruz no dia 7 de setembro de 1942, contexto de
conflitos no continente europeu em virtude da II Guerra Mundial (1939-1945).
A princípio, Padre Wiro veio morar em Anicuns e: “(...) no dia 07 de janeiro de 1964, vindo de
Anicuns, Padre Wiro se instalou em Iporá”. (...) Dono de grande inteligência e profundamente
comprometido com o viés social do evangelho, Padre Wiro se notabilizou pela disposição pastoral
em favor dos mais pobres e por sua capacidade de sintetizar, a partir de seu lugar religioso, as
dinâmicas sociais de um país que se preparava, ao longo da década de 1980, para ingressar em
uma nova ordem democrática”. “(...) Aqueles que conviveram com o Padre Wiro assinalam sua
amabilidade, seu ânimo conciliador e seu senso de justiça social”. Pertencente a um contexto
histórico e religioso particular, o da democratização e o da inscrição do pensamento social católico
no espaço público brasileiro, é possível acrescentar, com base nos boletins supracitados, que
Wiro foi um crítico dos arranjos sociais e de poder e certamente um indivíduo corajoso já que
algumas de suas publicações denunciavam episódios de violência, desigualdade e conflitos no
campo”. “O sacerdote dedicou grande parte de sua vida à formação de jovens católicos dotados
de uma espiritualidade socialmente engajada. Inspirado pela Teologia da Libertação, Padre Wiro
acreditava que a “opção pelos pobres” deveria sustentar uma identidade religiosa em afinidade
com as demandas da jovem democracia brasileira e com a realidade de Iporá e região, em
especial. Dono de uma personalidade afável, o sacerdote se notabilizou pelo cuidado com o
próximo e com aqueles que viviam em situação de vulnerabilidade. Wiro defendia uma
espiritualidade comunitária (...)”. (SILVEIRA, 2019, p.1)
92
Padre Florisvaldo Saurin Orlando (1952 – 1997), conhecido por Padre Floris. Dedicado
especialmente à juventude, Floris deixou uma importante marca nos corações daqueles com quem
conviveu. Sua atuação em nossa região aconteceu no contexto de esperança prodigalizada pela
redemocratização do Brasil, por volta da metade da década de 1980. Naquele tempo, os jovens de
nossa região também engendravam novas expectativas de vida a partir do que a modernidade de
melhor e mais substancial lhes oferecia, em especial, a educação, a cultura da participação
política e as artes. Artesão de uma espiritualidade criativa, que se orientava pela “opção
preferencial pelos pobres”, Floris se dedicou à formação de moças e moços da classe
trabalhadora de Goiás, inclusive de nossa região, e do Brasil. Sua preocupação era estimular
naquela juventude o cultivo de uma espiritualidade colaborativa, inclusiva, comunitária, alegre,
autônoma, disposta aos estudos e consciente de que a justiça social, tema corrente no contexto
da Assembleia Constituinte, tinha também um significado evangélico. “(...) Floris teve um
importante papel na modernização da mentalidade política, no âmbito da atuação popular e
democrática em nossa região. Como religioso, o sacerdote defendeu uma espiritualidade que ia
além do culto religioso e que fosse capaz enriquecer as relações sociais cotidianas e as
disposições políticas em favor do acolhimento e da valorização da dignidade das pessoas,
especialmente da classe trabalhadora”. (SILVEIRA, 2019, p.1)
283
93
Contador, membro da igreja católica local. Entrevista concedida em 14 de janeiro de 2021.
94
Participou da Pastoral da Juventude, é ministro da eucaristia na igreja católica; é também
cooperado em cooperativa local e externa, e também é membro do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Iporá.
286
95
Verifica-se que o trabalho de formação nesse período foi bastante intenso. Era coordenado por
um grupo de assessores composto por quase 20 pessoas, e contavam também com cerca de 30
lideranças juvenis e comunitárias vindas das comunidades urbanas e rurais de Iporá, também de
municípios limítrofes. Nesse período, registrou-se a realização de duas escolas de formação para
jovens, duas escolas de formação para lideranças, encontros mensais de formação e de
articulação de lideranças comunitárias, duas escolas de educadores, e quatro tardes da juventude.
Também eram realizados anualmente encontros celebrativos como: Semana da Cidadania, Dia da
juventude, Dia do estudante, Campanha da fraternidade, Grito dos excluídos, dentre outros.
Salienta-se que todos esses encontros ou eventos celebrativos eram previamente
(antecipadamente) preparados com cerca de três a cinco encontros de formação. Em um desses
encontros, intitulado Dia da Juventude, foi realizada uma caminhada jovem em Iporá, na ocasião,
os jovens saíram em passeata pelas ruas da cidade carregando cartazes, faixas, entoando gritos e
palavras de ordem por mais direitos para a juventude e por justiça social para as pessoas mais
excluídas. O evento contou com a participação de mais de três mil jovens, conta o cooperado, ex
militante da PJ.
287
96
Tratam de cooperativas nascidas ou idealizadas a partir de movimentos locais e de
pessoas do local, em contraposição às que foram tratadas na seção anterior.
290
FONTE: Oliveira (2021); Dados obtidos a partir de entrevistas realizadas com diretores e
cooperados em cooperativas locais. Entrevistas realizadas nos dias 05 de fevereiro de
2019, 24 de maio de 2020 e 14 de janeiro de 2021.
97
Programa economia solidária sustentável na América do sul
295
Nota-se nesse mapa que duas dessas cooperativas têm sua sede de
funcionamento fixada no perímetro rural, enquanto as demais se encontram
localizadas no perímetro urbano, especialmente no setor Central da Iporá. De tal
maneira, verifica-se que o SICOOB e o SICRED são cooperativas de crédito,
portanto, a localização centralizada é um facilitador para o atendimento ao público
em ambas as agências bancárias.
A UNIMED também está localizada no setor central e similarmente às
duas anteriores, essa localização do escritório de atendimento ao público facilita o
acesso; além de se encontrar nas proximidades das clínicas, consultórios e
hospitais conveniados. A COOPROL e a COMIGO estão localizadas no perímetro
rural, mas muito próximas ao perímetro urbano; a distância do mesmo é de cerca
de apenas 3 km. O local atual de funcionamento são terrenos próprios, que
oferecem boa condição para atendimento aos fornecedores.
A COOMAFIR no momento ainda tem seu escritório de funcionamento
localizado no setor central; trata-se de uma casa alugada e adaptada para
funcionamento da cooperativa, porém, a mesma é bastante limitada quanto ao
espaço necessário para as atuais necessidades. Ressalta-se que logo nos
próximos dias já existe previsão de mudança de local, sendo que a mesma
deverá se estabelecer em sede própria, na saída para o município de Arenópolis.
O local de funcionamento é bastante amplo e oferece espaço para ampliação das
atividades.
FONTE: Oliveira (2021), adaptado dos dados da EasyCoop (2015), Oeste Goiano (2016)
e entrevista realizada em 27 de outubro de 2020.
2021
2.010
2018
2010
Gráfico 19 - Preço médio do litro de leite pago ao produtor entre os anos de 2010 a
2021
FONTE: Oliveira 2021, adaptado de Canal Rural (2019), Cepea (2013), Scot consultoria
(2021).
por terceirizar a coleta do leite, que passou a ser realizada diretamente pela
própria Italac.
Ainda em diálogo com um dos funcionários da COOPROL, ele relatou
que a prestação de contas é algo tratado com bastante seriedade na cooperativa;
a diretoria é cuidadosa com relação a isso, pois sabe que tratar a questão
financeira com zelo é uma forma de obter crédito e confiabilidade junto aos
cooperados. A prestação de contas anual é realizada geralmente no mês de
março. As sobras somam ao incremento do capital da cooperativa e servem para
novos investimentos, porém, quando por acaso um cooperado resolve sair da
cooperativa ele obtêm o direito de assim que pedir desligamento acessar as suas
sobras e a cota investida, que são repassadas de forma parcelada de acordo com
o previsto em estatuto. Para uma das cooperadas da COPROL: “(...) é importante
essa forma de organização da cooperativa, para quê os cooperados sintam
confiança na mesma”. De acordo com a funcionária que cuida do setor
administrativo, “(...) quando um cooperado quer deixar à cooperativa, ele tem que
fazer uma carta pedindo a desfiliação e registrá-la no cartório. Feito isso é só
aguardar os procedimentos previstos no estatuto”.
Para a referida funcionária, esse processo organizado de entrada e de
saída na cooperativa é um importante princípio, pois, com isso se pretende
oferecer segurança aos cooperados. Para ela, o zelo para com os cooperados e
com a produção de leite é essencial. Disse que existem muitas possibilidades de
crescimento da cooperativa, mas tudo é realizado com bastante planejamento e
muita cautela, para que seja evitada a ocorrência de erros. Atualmente, a
cooperativa não tem nenhuma dívida e conta com dinheiro em caixa. Possui uma
sede (escritório) própria bem estruturada, ao lado há a casa para o zelador, tendo
também um galpão com quase 300 metros quadrados, e uma área territorial bem
localizada, muito próxima ao perímetro urbano, que se limita com a GO-060.
Existem alguns projetos em análise que podem aumentar a renda da cooperativa,
inclusive abrindo campo de atuação; um deles é a construção de um salão para
eventos, outro projeto é construção de uma fábrica de ração.
Para se tornar um cooperado na COOPROL, além da aquisição da
cota-parte para se integralizar, é preciso ser produtor de leite, e também precisa
ser o responsável pela produção vendida à cooperativa, pois são realizados
testes diários quanto à qualidade do leite, e caso seja detectada alguma suspeita
de irregularidade, é feita uma análise mais detalhada do produto, que inclusive é
passível de punição, caso se confirme irregularidade. A qualidade do leite é fator
312
decisivo para definição do preço pago por litro de leite. Nesse sentido, o valor
pago pelo litro de leite para o produtor é especificado com bastante clareza, para
que o mesmo entenda as regras para obtenção de um preço melhor.
O valor do leite é definido por três critérios na cooperativa, como se
verifica a seguir (Fluxograma 16):
99
Entrevista concedia em 10 de agosto de 2020.
314
100
Entrevista concedia em 10 de agosto de 2020.
315
carregadas com torta de algodão, cada uma com mais de 35.000 kg. Ao se
analisar esse dado se constata que esse aspecto é importante, pois impacta na
redução do custo, logo, poderia ser potencializado pela cooperativa para estimular
a adesão de novos cooperados. Neste sentido, a manutenção de ações como
essa pressupõe que poderá despertar interesse de produtores para se tornarem
cooperados.
Para um dos cooperados101 que está na cooperativa desde a sua
fundação, a mesma tem desenvolvido uma ação de intervenção muito importante
e ainda tem mostrado capacidade para crescer muito, porém, a sua atuação já é
muito significativa: “(...) essa cooperativa influência no modo e manejo de
produção; pois eles fazem um acompanhamento rigoroso da produção,
auxiliando, orientando e exigindo a melhoria da qualidade de nosso produto”. E
acrescentou que: “(...) o nosso local, o nosso espaço de produção foi e é
impactado pela organização da cooperativa, porque ela passou a ser decisiva
principalmente na negociação do preço do leite”. Para ele, há seis aspectos
fundamentais decorridos da cooperativa, que são (ver fluxograma 18):
101
Entrevista realizada no dia 07 de junho de 2020.
316
102
Entrevista realizada no dia 04 de junho de 2020.
103
Nesse tipo de situação a cooperativa através de parceria com transporte terceirizando faz a coleta do leite.
318
104
Entrevista realizada no dia 17 de julho de 2020.
105
Entrevista realizada no dia 19 de junho de 2020.
327
FONTE: Oliveira (2021) adaptado dos dados de Sousa (2016, p. 110 a 113).
projeto financeiro para desenvolver projetos dessa envergadura, assim como foi
citado anteriormente.
O Banco Comunitário Pequi tem como prioridade a realização de
empréstimo para a comunidade local, a juros bem baixos se comparados aos
bancos regulares. Outra prioridade é promover a circulação da moeda social que
tem circulação limitada ao município de Iporá. A seguir a figura 31 apresenta o
material de divulgação do Banco Pequi e as respectivas cédulas de moeda social,
o Pequi:
Economia Solidária. Ele conta com um espaço para exposição e venda de alguns
produtos oriundos da agricultura Familiar. O referido espaço também abriga o
escritório da COOPERCOISAS e tem servido como local de apoio físico para
produtores.
Nessa questão, ainda foi notado que os feirantes que ganham acima de
R$3.000,00 são os que também produzem leite como parte da renda. De acordo
com um dos feirantes, a renda dele teve uma boa melhora: “antes minha renda do
mês em torno de R$ 2.500,00, mas desde quando eu passei a vender as minhas
coisinhas aqui, eu aumentei a renda em quase R$ 1.000,000 por mês”,
acrescentou ainda que a esposa aumentou a produção de frango caipira e
também de ovos: “ela também venda mais de R$ 1.000,00 por mês”.
Quando à residência, vê-se que 55% dos entrevistados moram na zona
urbana, enquanto os demais moram na zona rural. Dentre os que moram na zona
urbana, 85% deles trabalham com a produção rural, na agricultura familiar. Ainda
de acordo com os entrevistados, 72% têm a feira como a principal fonte de
arrecadação.
A feira da Agricultura Familiar e da Economia Solidária tem ao todo em
média 25 bancas, sendo que em algumas bancas há a presença de mais de um
feireiro, na maioria dos casos, são cônjuges, em alguns casos, tem a presença de
um/a filho/a. Ainda com relação à origem, verifica-se que dois deles disseram ser
artesãos, os outros vinte e um se identificaram como agricultores familiares.
357
Ele era ainda muito experiente para articular projetos para a cooperativa. E
quando faleceu estava envolvido na execução de diversos projetos ligados ao
governo Federal, além disso, “(...) atuava incentivando a troca de experiências
entre os agricultores familiares. Era ainda facilitador na promoção de debate
sobre a organização e comercialização dos produtos da agricultura familiar”
(LIMA, 2013, p. 1). Seguia a linha da teologia da libertação e era um defensor da
Economia Solidária como forma de organizar a sociedade, especialmente a
Agricultura Familiar, e com esse posicionamento ideológico orientava e
influenciava o caminhar da COOPERCOISAS.
Salienta-se que esses aspectos citados são as principais explicações
para a fragilização da COOPERCOISAS; nesse mesmo sentido, a perda de
cooperados também foi ruim para a continuidade das ações e projetos da
cooperativa. Mas, em oposição, nem tudo foram perdas, pois dos cooperados que
saíram, a maioria contribuiu muito para a organização de novas cooperativas e
também para a estruturação de muitas instituições sociais.
Ao analisar as informações e os dados referentes à atuação da
COOPERCOISAS, entende-se que a criação de um rótulo ou selo como forma de
demarcar os produtos dos seus cooperados foi estrategicamente importante para
o fortalecimento e a expansão comercial, e obviamente importante para o
aumento das vendas concomitante com a agregação de valor.
Já com relação ao envolvimento de cooperados, especialmente para
assumirem tarefas comuns, esse é atualmente bastante frágil. Mas é importante
ressaltar que muitos cooperados têm possibilidade de contribuir muito assumindo
as funções necessárias, pois se trata de uma cooperativa que muito investiu em
formação e capacitação, especialmente por meio de parcerias como já bem
especificado. Muitos dos membros dessa cooperativa possuem qualificação
necessária e suficiente para resgatar e também implementar novos projetos.
Como confirmado, contatou-se que a COOPERCOISAS teve e tem
potencial, inclusive evidenciado anteriormente, para contribuir na organização do
espaço produzido em Iporá.
Entende-se, ainda, que a mesma tem como principais contribuições
para a organização do espaço: * a produção de hortifrútis através dos cooperados
oriundos da agricultura familiar, * a produção de artesanato e cultura por meio de
artesãos e artistas, * tem o local de apoio e fomento para exposição e vendas de
produtos da agricultura familiar, * as parcerias para realização de cursos para
formação e capacitação de seus cooperados, e também para a comunidade não
361
FONTE: Oliveira (2021), dados obtidos a partir de entrevistas realizadas com diretores da
COOMAFIR. Entrevista concedida nos dias 05 de 14 de junho de 2020.
do acesso aos incentivos das políticas públicas. Assim, mesmo sendo uma meta
do cooperativismo a melhoria de vida de seus cooperados e da comunidade, não
se pode limitar tal intencionalidade ou meta à mera questão econômica, pois uma
cooperativa oferece bem mais do que isso.
FONTE: Silva (2016), Sousa (2016), Oeste Goiano (2014) e através de entrevista
realizada com um dos fundadores da COOMAFIR. Entrevista concedida em 19 de janeiro
de 2021.
FONTE: IBGE (2017), Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan/GO; organizado por Oliveira (2021)
371
FONTE: Oliveira 2020, adaptado de Silva (2016), Sousa (2016), e através de entrevista
com membro da diretoria atual. Entrevista concedida em 19 de janeiro de 2021.
106
Membros da diretoria atual. Entrevista concedida em 12 de fevereiro de 2021.
373
FONTE: Oeste Goiano (2014); Sousa (2016); e através de entrevista com membro da
diretoria atual. Entrevista concedida em 19 de janeiro de 2021.
107
Entrevista com membros da diretoria atual. Concedida em 11 de fevereiro de 2021.
375
Homens
Mulheres
108
Membros da diretoria atual. Entrevista concedida em 11 de janeiro de 2021.
378
FONTE: Oliveira (2021). Dados obtidos através de entrevistas com membros da diretoria
atual. Entrevista concedida em 11 de janeiro de 2021.
379
FONTE: Oliveira (2021); Dados obtidos através de entrevistas com membros da diretoria
atual. Entrevista concedida em 11 de fevereiro de 2021.
A maioria dos cooperados tem uma propriedade privada de terra, que tem
o tamanho variável entre 3 e 4 alqueires. De acordo com membro 109 da diretoria
da COOMAFIR esse perfil representa cerca de 60% dos cooperados. Verificamos
in loco que também existe entre os cooperados alguns que preferem arrendar a
terra, primeiro por não ter condições de comprar e segundo em razão de que não
109
Entrevista com membros da diretoria atual; concedida em 11 de fevereiro de 2021.
380
precisam ficar muitos anos na mesma terra, condição que possibilidade sempre
procurar uma terra que esteja em boas condições de produzir.
não faltam exemplos sobre esse tipo de ação, assim, dentre os vários exemplos
conferidos, foram selecionados três deles, que evidenciam essa questão,
conforme Figura 37:
FONTE: COOMAFIR (2014); EMBRAPA (2014); Oeste Goiano (2017). Organizado por
Oliveira (2021)
FONTE: Oliveira (2020); organizado a partir de dados obtidos por meio de entrevista
realizada com sócio fundador e membro da diretoria. Entrevista concedida nos dias 05 de
14 de junho de 2020.
3.800 produtores e uma produção de mais de 217 milhões de litros de leite no ano de
2017. Com seus 22 anos de vida a CENTROLEITE se projeta entre as maiores empresas
de captação e comercialização de leite do país, ocupando a nona posição no ranking das
"Maiores Empresas de Laticínios - Brasil 2014". (FONTE: LEITE BRASIL, CNA/Decon,
OCB/CBCL e EMBRAPA/Gado de Leite). Sua proposta de trabalho é moderna e
inovadora, desempenhando o papel de empresa "virtual". Sua força e seu sucesso
ultrapassam as estruturas de concreto e a sofisticação dos equipamentos de
processamento de leite. Estão plantados na determinação e na união das cooperativas e
seus associados que acreditaram no sucesso desta parceria e hoje podem vislumbrar os
resultados.
FONTE: Arquivo da CENTROLEITE (2020).
110
Entrevista com membros da diretoria atual; concedida em 11 de janeiro de 2021.
394
FONTE: Arquivo COOMAFIR; carta publicada nas redes sociais oficiais da cooperativa.
Figura 47 - Valores pagos pelo PNAE comparado aos valores pagos no CEASA/GO
e produção disponibilizada ao PAA.
FONTE: Oliveira (2021) adaptado dos dados de: (SOUSA 2016); COOMAFIR (2014) e
por meio de entrevista realizada com membro da diretoria atual. Entrevista concedida em
19 de janeiro de 2021.
Por meio dos dados nota-se que esse programa no edital do ano de
2013 permitia o limite de vendas por unidade familiar equivalente a R$ 4.500,00;
já no ano seguinte, no novo edital, esse valor foi reajustado para R$ 6.000,00; em
2019, o valor atingiu R$ 8.000,00. A partir desse período não houve novos
reajustes. Ressalta-se que a cada alteração desse valor muito se é comemorado,
especialmente por parte dos produtores da agricultura familiar.
Ainda de acordo com esse fluxograma, e a partir especificamente
dessa única ação, evidencia-se a intervenção da COOMAFIR em diversos
404
caso do leite. Ele destacou ainda que o valor pago pelos produtos hortifrútis é
bem melhor do que o valor pago na CEASA. A diferença chega a ser assustadora,
conta o mesmo, e disse que o PNAE paga uma média de 100% a 300% a mais do
que se é pago na CEASA/GO.
Ainda de acordo com o mesmo, o PAA permitiu vivenciar boas
experiências no processo de organização dos produtores locais e
respectivamente da comercialização. A COOMAFIR foi beneficiária desse
programa por aproximadamente cinco anos; durante a efetivação do mesmo, se
constatou (ver fluxograma 35):
FONTE: Oliveira (2021); Dados obtidos a partir de entrevista realizada com dois
cooperados beneficiários do PAA; entrevista concedida em 03 de janeiro de 2021. E
através de entrevista realizada com membros da diretoria da COOMAFIR; entrevista
concedida em 11 de fevereiro de 2021.
407
FONTE: Oliveira (2021); Dados obtidos a partir de entrevista realizada com dois
cooperados beneficiários do PAA; entrevista concedida em 03 de janeiro de 2021. E
através de entrevista realizada com membros da diretoria da COOMAFIR; entrevista
concedida em 11 de fevereiro de 2021.
408
111
Entrevista realizada com membros da diretoria da COOMAFIR; entrevista concedida em 11 de
fevereiro de 2021.
409
FONTE: Oliveira (2021); dados obtidos a partir de entrevista realizada com membros da
diretoria da COOMAFIR; concedida em 11 de fevereiro de 2021.
FONTE: Arquivo COOMAFIR (2014, 2016); Oeste Goiano (2018); Organizado por
Oliveira (2021).
Saber planejar e organizar a produção é Antes eu não parava para pensar direito
muito importante; isso eu aprendi bem. sobre o preço que custa a produção; às
Até para saber controlar melhor o tempo, vezes eu tinha prejuízos e não sabia fazer o
para não ficar só trabalhando. cálculo.
Eu consegui perceber que mesmo minha É uma forma de preparar melhor o produtor
propriedade sendo pequena é possível para produzir; é uma forma de capacitar.
produzir muito mais.
Foi possível entender que a gente que é Os ensinamentos são bons pra gente
mais roceiro, mais simples, também tem entender como usar esses equipamentos
valor. Que a nossa produção é de novas tecnologias. Eles necessitam de
importante para todos, até para continuar muitos cuidados, mas ajuda muito na
a vida. produção.
Fonte: Oliveira (2021); dados obtidos a partir de entrevista concedida em 17 de janeiro
de 2021.
somente para tomar o produtor de leite e não ofereciam nenhuma segurança: “(...)
por que só era mantido esse preço por apenas em média de uns três meses, em
seguida já rebaixa o valor, e muitas vezes começavam a pagar muito menos”.
Outra situação praticada era: “(...) quando o tanque de leite já estava cheio e não
cabiam mais, eles condenavam a qualidade do leite, somente para não levar o
leite”. Diante dessas situações foi feito um acompanhamento mais intenso aos
cooperados no intuito de orientá-los sobre essa concorrência desleal e
irresponsável. E também foi se evidenciado que os lacticínios não cuidavam dos
produtores, por exemplo, quando as estradas ficavam ruins, principalmente em
época de chuva, logo eles eram abandonados. Já a cooperativa tem o
compromisso de buscar o leite, independente da situação, inclusive quando
ocorre falta de energia elétrica.
Buscou-se também junto à cooperativa mais alguns dados que
evidenciam a participação da mesma na organização sócio-espacial, incluindo a
participação de controle na questão do leite, a exemplo do que foi especificado
anteriormente. Obteve-se, a partir disso, acesso à folha de pagamento referente
ao período de janeiro a maio de 2019, e assim se evidenciam os dados referentes
à produção de leite (ver gráfico 29):
FONTE: Oliveira (2021), adaptado dos dados de Sousa (2016); Silva (2016), COOMAFIR
(2020).
112
Entrevista com membros da diretoria atual. Entrevista concedida em 11 de fevereiro de 2021.
417
Figura 50: Nova sede da COOMAFIR em fase de acabamento e ao lado o local onde
será a agroindústria
113
Cooperado há quase oito anos. Produtor de leite e verduras. Entrevista concedida em 10 de junho de 2020.
429
específicas que definem o que é uma cooperativa, e essas leis são importantes
também para a estrutura da cooperativa”. Adicionou ainda que: “(...) as leis
nacionais principais são a medida provisória de 24.08.2002, de número 2.168-40,
a Lei de número 5.764 que define a política nacional de cooperativismo e os
artigos 1093 a 1096 do código Civil brasileiro”. Para o mesmo, conhecer essas
leis e agir de acordo com elas é importante para o desenvolvimento da
cooperativa.
Ainda se evidenciou que a estrutura funcional de cada cooperativa
pesquisada demonstrou ter relação direta com a capacidade de prestação de
serviços, e que o número de cooperados registrados em cada cooperativa
também tem relação com essa questão já citada. Outro ponto relevante é a
similaridade entre as cooperativas pesquisadas no que se refere ao interesse em
realizar prestação de serviços relacionada à produção que se obtêm e de melhor
estruturar o modo de produção, venda e distribuição de produtos oriundos dos
cooperados atendidos.
Salienta-se, ainda, que os resultados obtidos via cooperativas pelos
cooperados é sempre proporcional ao valor da operação, da realização individual
por cada cooperado. Por exemplo, cada cooperado ganha de acordo com o que
produz. Já com relação ao capital social, esse é diferente, tem sempre o caráter
coletivo, como em qualquer outra cooperativa. A definição quanto ao uso das
sobras também é por meio do formato coletivo, todos participam na decisão,
geralmente realizada nas assembleias.
De acordo com um dos cooperados da COOPROL, e morador na
Fazenda Pé de Pato, a cooperativa tem uma ótima estrutura para atender aos
cooperados, disse ainda que sempre teve um bom atendimento por parte dos
funcionários e diretores da cooperativa; acrescentou ainda que na cooperativa ele
sempre encontrou atendimento e orientação diferenciada de qualquer outro local,
diferente demais até das empresas locais.
Enquanto isso, a agricultora familiar, cooperada da COOPERCOISAS,
disse que: “(...) a cooperativa teve um papel fundamental para viabilizar um
melhor relacionamento social e humano entre os cooperados”. Também foram
realizadas várias ações importantes, como as Feiras de economia solidária, que
permitiram, além da exposição de produtos, uma ampliação do acesso da
cooperativa à comunidade.
Compreende-se assim que o cooperativismo local em Iporá é um
importante organizador do espaço e que o mesmo continua se evidenciado por
430
que o fato de não se criar logo de forma direta uma cooperativa é por entender
que o processo de organização e estruturação da associação vai melhor qualificar
e preparar os membros da mesma para se inserirem em um novo processo, que é
o de transformação e fundação de uma cooperativa.
Nessa mesma perspectiva de entender as relações cooperativistas do
município de Iporá, em diálogo com uma das articuladoras Também da referida
associação, a mesma disse que: “a Associação Viver da Terra já tem uma
diretoria e os associados colaboram mensalmente uma contribuição no valor de
R$ 10,00. Mas essa contribuição atualmente está suspensa em função da
pandemia.” Relatou que a associação ainda não se encontra registrada em
cartório, mas possui inclusive livro de ata, e tem registradas as primeiras
iniciativas realizadas no ano de 2017. Disse também que a prestação anual de
contas é realizada nas assembleias e que tem muitos projetos importantes em
andamento. Um dos mais importantes é a Feira ZAP, que surgiu a partir de uma
feira física, a Feira da Agricultura Familiar e da Economia Solidária, que é
realizada semanalmente às quintas feiras, como se constata na Figura 51:
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
114
1 alqueire goiano = 4,84 hectares
444
ao contrário. Verificou-se ainda que existam cooperativas locais e que cada uma
delas apresenta particularidades específicas oriundas das condições locais e
também advindas de sua própria organização. E que essas cooperativas, além de
organizarem parte significativa do processo de produção local, têm
desempenhado importante função de organização dos produtores em seu espaço,
assim como de suas relações.
Observou-se que por meio das referidas cooperativas sucedeu
importante mudança na forma de produzir e também nas relações de trabalho
entre os seus cooperados. Ainda se constatou que as lideranças, ou seja, os
gestores das cooperativas locais conhecem as bases que fundamentam o
cooperativismo, mas que existe, de forma evidente, a necessidade de melhor
zelar pelos princípios cooperativistas, pois eles são parte importante das garantias
de melhoria do processo de produção.
Através das cooperativas locais se constatou o acesso oferecido a
muitos cooperados para obtenção de formação para qualificação do modo
produtivo; nesse caso, houve melhorias que foram precedidas de boas práticas
com base na sustentabilidade, mas não somente com relação à questão
econômica, porém, também, relacionadas aos princípios de cuidar melhor do
próximo, de promover mais solidariedade e de conservar o meio ambiente. Vale
então lembrar que esses resultados têm relação direta com o modelo de produção
e organização ocorrido por meio da Agricultura Familiar e esta, por sua vez, tem
relação com o modo de ocupação e apropriação ocorrido especificamente no
município de Iporá, principalmente, nos primeiros anos de municipalização. Esses
fatos foram detalhados anteriormente na pesquisa.
O cooperativismo evidenciado no município de Iporá não traz
benefícios somente para os cooperados, mas para a sociedade em geral. De
acordo com uma das visitantes [5] da feira da Agricultura Familiar e da Economia
Solidária: “(...) comprar direto do produtor, esses produtos que tem a marca das
cooperativas é muito relevante. Pois aqui não se compra somente o produto, mas
um valor agregado”. Acrescentou ainda: “a produção coletiva realizada pelas
cooperativas nos oferece mais segurança de um alimento de melhor qualidade e
a certeza de que estamos investindo nosso dinheiro em toda a comunidade”. E
disse: “(...) cinco pontos é exclusivamente reflexo das cooperativas, a melhoria da
qualidade dos produtos, as novas formas de produção, o jeito de organizar a
produção e os produtores, o preço dos produtos e a estruturação das vendas”.
447
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