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UNIFACS

DESIGN, HABILITAÇÃO EM COMUNICAÇÃO


O VISUAL COM ÊNFASE EM MÍDIAS DIGITAIS

LORENA DOS SANTOS FERNANDES

PROCESSOS DA LÍNGUAGEM GRÁFICO VISUAL

Salvador
2012
LORENA DOS SANTOS FERNANDES

PROCESSOS DA LÍNGUAGEM GRÁFICO VISUAL

Trabalho apresentado à Universidade


Salvador, como requisito parcial para
obtenção de crédito na matéria Processos
da linguagem gráfico visual, sob orientação
do docente Maurício Cunha.

Salvador
2012
ARGUMENTO

AS AVENTURAS DE JULIETTA

Lá estava ela, pequena e sorridente. A minúscula garota se encontrava


sentada no chão da sala, brincando com seus brinquedos – por mais redundante
que isso pareça. Casinha de boneca, ursinho de pelúcia, castelo da princesa, o
príncipe, etc [¿] A janela toda aberta, o sol penetrava a sala iluminando todo o
ambiente. A menina brincava como se nada mais importasse na vida, a não ser
aquilo. Sua mãe estava na cozinha, preparando o almoço.
- Julietta. – ouviu. Era uma voz baixa e fina. Ela olhou ao redor, mas nada viu.
De novo. A voz repetiu seu nome. A garota coçou a cabeça, confusa, nada ainda. –
Aqui embaixo. - a pequenina abaixou a cabeça curiosa e o viu. Finalmente. Era um
ratinho, mas um rato muito bem apessoado, sim. Vestia-se como um lorde, um
príncipe, tinha uma espada fina pendurada no cinto. Seus olhos brilharam, nunca
havia visto tal criaturinha. – Eu vim lhe buscar, princesa.
Princesa, eu¿ Ela se perguntou confusa. Abaixou a cabeça, observando o
próprio traje, apenas para confirmar a si mesma o quão camponesa era, comparada
a ele, e então teve uma surpresa incrível. Suas roupas haviam se transformado um
lindo vestido, com um tutu parecido com o de uma bailarina. Ela levantou-se
sorridente e girou no ar. Era realmente uma princesa. E então, ouviu um barulho.
Um som agressivo, gutural, monstruoso.
O senhor rato gritou, apontando seu pequeno dedinho para algo atrás dela.
Era um dragão. Ela apenas viu a sombra deste, e ele aparentemente soltava fogo.
Julietta fez uma expressão alarmada e seguiu o rato, que já havia saído correndo. O
ambiente ao redor deles já não era mais o mesmo. Estavam em um labirinto
colorido. Corriam por entre os corredores, sempre a frente da sombra do dragão que
soltava fogo. Como vamos escapar¿, se perguntava a menina, sempre que via sua
vida por um fio, por causa da aproximação do monstro.
E assim, começou a perseguição. O monstro corria atrás deles, como se sua
vida dependesse disso. E eles fugiam, já que suas vidas realmente dependiam
disso. Ao saírem do labirinto, se depararam com uma floresta. Densa e perigosa,
mas não havia tempo para pensar. Eles já haviam partido para dentro desta.
Gigantes, duendes, elfos e ursos se juntaram ao dragão na perseguição. Mas,
quando Julietta e o Senhor Rato chegaram ao limite da floresta, o único que
continuou seguindo-os foi o grande monstro soltador de fogo.
Um castelo. Foi a seguinte coisa que viram. Era enorme, rodeado por jardins
lindos. Mas não tiveram muito tempo para apreciar a vista. Afinal, estavam fugindo.
E assim, prosseguiram. Invadiram o castelo. Havia um casamento ocorrendo ali.
Uma princesa e um príncipe. Mas não podiam parar. Causaram o maior tumulto ao
passar por entre os dois, justamente na hora do beijo final. Os convidados os
encararam sem entender. Mas não podiam cessar a corrida. Tinham que seguir.
Seguir sempre. Até conseguiram sair da festa com alguns doces para a viagem.
Pularam a grande janela da capela e foram parar no jardim dos fundos. O
ratinho já estava no ombro da garotinha, os dois corriam descontroladamente por
entre as plantas. Até que chegaram num circo. Era enorme, vermelho, parecia
mágico. Eles entraram na “cabana”, havia um espetáculo acontecendo. Mas, como
sempre, não podiam parar. Passaram pelo elefante enfeitado, pelos trapezistas, pela
corda bamba, curtiram, riram, brincaram, mas o dragão não saia do encalço deles.
Por mais que quisessem ficar ali para sempre, eles não podiam. Tinham de
prosseguir.
Ao passarem por debaixo do fundo do toldo do circo, Julietta e o pequeno rato
amigo se viram de frente para um belíssimo jardim, todo feito de doces. Cascatas de
chocolate, rios de leite condensado, árvores de picolé, nuvens de algodão doce,
moitas de balas. Quão gostoso não seria parar ali, descansar, comer muitos doces.
Voltar a correr só quando estivessem de barriga cheia, quiçá nem voltar a correr.
Mas o dragão não os dava descanso. Lá ia ele, atrás dos dois aventureiros,
destruindo tudo – os doces, oh doces – que passava na sua frente. Adeus balas,
chocolate, leite, biscoitos. Os dois apenas continuaram correndo, já quase sem
fôlego.
- Princesa, temos que alcançar o príncipe! Só ele pode nos salvar! – o ratinho
disse, na sua voz infantil e, ao mesmo tempo, firme, com a mão direcionada para
algo à frente deles. Onde eles poderiam encontrar o príncipe¿, Jullieta se perguntou.
E então os viu. Havia uma comitiva, quase no horizonte. Muitos cavalos, uma
carruagem belíssima, eles seguiam através de uma ponte que ligava duas
montanhas. O príncipe! Eram realmente eles. Mas quando viu o que teriam de
atravessar, ela ficou abismada, mas não mais abismada do que quando percebeu o
bafo quente do dragão atrás de si. Deu um grito, pulando, e saíram correndo de
novo.
Quando percebeu, já não estava em terra firme e sim debaixo d’água. Os dois
tinham pulado no rio, onde caía uma cachoeira enorme, precisavam atravessar o rio
e subir a montanha para conseguir alcançar a comitiva do príncipe. O dragão não
pulou na água, mas ficou sobrevoando o local até que eles saíssem. Enquanto isso
os dois nadavam no fundo da água como se não precisassem de ar para viver.
Sereias lhes acenavam as mãos, outras as barbatanas. Algumas colocaram alguns
colares de algas no pescoço dela, e outras lhe fizeram cosquinhas com a cauda.
Julietta queria ficar mais tempo lá embaixo, brincar com as sereias, os peixinhos e
observar os corais era divertido – o Senhor Rato não podia concordar menos com
isso e a puxava pela manga freneticamente, principalmente depois de perceber o
olhar faminto de um filhote de tubarão para cima dele. A menina bufou irritada, mas
subiu junto com ele. Olharam para cima e lá estava o dragão, sobrevoando acima da
cabeças deles, e lá estava o grande paredão de rochas a escalar.
Só faltava a montanha, para a sorte deles. Pena que não era lá uma
montanha muito agradável, nem muito fácil de subir. Mas não havia muita escolha, e
eles subiram. Ora ou outra confundiam um galho com uma cobra ou uma lagartixa
que repousava sobre ele, ou pisavam em uma pedra solta, ou tinham que se desviar
de um feche assustador de fogo. Mas eles continuavam subindo e subindo em
direção ao céu, que, aliás, já estava coberto por um roxo alaranjado belíssimo.
Estava tarde e o príncipe indo embora. Chegaram, finalmente. Havia uma estrada de
terra e mais à frente a caravana dele. Julietta gritou ofegante. A carruagem parou e
o príncipe saiu, observando sem entender a menina. Então ele avistou o dragão, fez
uma expressão valente se prostrou na frente da menina e sacou a espada da
bainha.

O pai borrifou o spray contra baratas no inseto, que estava perigosamente


perto da filha, e ele morreu. Julietta estava salva, graças ao seu príncipe, seu pai.
Ela pulou no colo dele, sorridente, e ele a levou para a cozinha, onde a mãe os
esperava com um belíssimo jantar.
SINOPSE

Nada como a imaginação infantil para nos levar a mundos incríveis e


inimagináveis. Julietta, uma pequena criança, possui uma mente tão fértil, que
conseguiu transformar seu mundo em algo totalmente inusitado. Transformando a
vida numa metáfora para um conto de fadas, onde nada é o que parece e tudo é o
que você vê. Numa viagem por um mundo mágico, ao lado do seu mais recente
amigo, o Sr. Rato, ela vai explorar sua imaginação e perceber que não só de coisas
boas é feita a vida.
STORYBOARD
ESTUDOS DE ESTILOS DE MONTAGEM

D. W. Griffith

Montagem paralela:
Ao pensar na montagem paralela, criei uma história que utiliza em sua
totalidade esse tipo de montagem, ainda que de uma forma diferente. Ao mostrar
dois mundos que existem na mente de uma única garota, ou melhor, coexistem, eu
acabei explicitando momentos que ocorrem paralelamente, só que, ao contrário do
óbvio, eu os fiz parecerem implícitos.

Filmes de Voyeur:
Na categoria “filmes de Voyeur” podemos dizer que existe uma ‘substituição’
do olhar do personagem por uma câmera, explicitando, assim, sua visão de
determinada cena.
Na Cena 2, existe um exemplo bem explícito desse tipo de filme. O Dragão,
em sua primeira aparição, observa a criança e o rato, de cima. Existe, no curta, esta
imagem, onde aparecem a Julietta e o Sr. Rato vistos pela perspectiva do Dragão,
com seus olhos arredondados.
Eisenstein

Montagem métrica:
A montagem métrica foi uma das mais utilizadas por Eisenstein. Com ela, ele
diminuía a duração de cada plano, causando assim, um aumento da tensão da cena
e, consequentemente, captando uma maior atenção dos telespectadores.
Na Cena 11, tentei encaixar a montagem métrica, pois esta é uma cena de
tensão e clímax. Ao gritar por socorro, o príncipe decide salvar Julietta das garras do
Dragão. Reduzi o tempo de aparição do close de cada um desses personagens,
causando uma sequência mais intensa.

Montagem rítmica:
A montagem rítmica, bem expressa na cena da Escadaria de Odessa de
Eisenstein, é usada para demonstrar conflitos, mostrando, por exemplo, diferentes
enquadramentos de uma mesma situação.
Na Cena de número 4 do meu curta, eu usei esta montagem para mostrar a
perseguição que ocorre, dos monstros a Julietta, na floresta. Primeiramente, são
mostrados os monstros correndo e em seguida Julietta e o Rato, deixando assim
uma continuidade visual entre ambas imagens transparecer.

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