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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL


ECONOMIA DOS RECURSOS NATURAIS
PROFA. ROBERTA DA PAZ
ALUNO: ALEXSANDRO BARRETO GOIS – PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM
ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA UNB

ATIVIDADE 6

Entrega: 10/09/2020

Apresentação do trabalho escrito, por meio de slides (máximo 8), cerca de 10 minutos.

Entrega do trabalho escrito. Formato de texto, onde deverão ser atendidas as seguintes etapas:

...

INTRODUÇÃO
Trata-se de análise do ecossistema/recurso/elemento Parque Nacional de Brasília (PNB). Dos 73
parques nacionais existentes no Brasil, o PNB foi criado em sequência à fundação de Brasília,
com o propósito de preservar o Cerrado e os mananciais que são próximos da cidade, tendo sua
criação uma ligação íntima com a fundação da capital do Brasil. No parque é localizada a
represa Santa Maria, que presta o serviço de abastecimento de aproximadamente 25% da área
urbana. Ainda, é habitat de diversas espécies ameaçadas do Cerrado, como o lobo-guará, o tatu-
canastra, o tamanduá-bandeira, o papagaio-galego, dentre outras espécies.

Figura 1 - Mapa evidenciando Brasil, Distrito Federal, Brasília e Parque Nacional de Brasília. Fonte: Parques
Nacionais. Disponível em: <https://www.solbrilhando.com.br/Turismo/Parques/Nacionais/Brasilia.htm>. Acesso
em: 19 agosto 2020.
O PNB é localizado no Distrito Federal (DF), nas imediações de Brasília, exatamente em: 15°
38′ 28″ S, 48° 01′ 15″ O. Abrangendo as regiões administrativas de Brasília-DF, Sobradinho-
DF, Brazlândia-DF e o município goiano de Padre Bernardo.

Figura 2 - Mapa do Distrito Federal e o destaque no Parque Nacional de Brasília em destaque. Fonte: Mapa Um.
Disponível em: <http://anandavasundhara.org/como-chegar/mapa-um-2/>. Acesso em: 19 agosto 2020.

A sua criação foi em 29 de novembro de 1961. Possui de área total 42.355,54 hectares (4236
km²). E quanto às quantidades de visitantes, segundo dados obtidos no site do ICMBIO,
apresenta-se no quadro a seguir:

Ano Quantidade de Visitantes

2012 318.160

2013 247.836

2014 229.119

2015 294.682

2016 265.518

Fonte: Site ICMBIO. Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/noticias/


2017/dados_de_visitacao_2012_2016.pdf>. Acesso em: 19 agosto de 2020

Quanto ao clima, é tropical, semiúmido, com temperatura média anual de 21ºC. O parque é
aberto para visitação em todo o ano. Por conta da Pandemia do novo coronavírus, reabriu
parcialmente 3 (três) meses depois de decretado a pandemia do COVID-19. Nesse momento, a
visitação será feita de forma gradual, monitorada e sem cobrança de ingresso por 30 dias.
REFERENCIAL TEÓRICO

Definição os bens e serviços ecossistêmicos fornecidos pelo ecossistema:

O parque possui piscinas que são as principais atrações, juntamente com as trilhas. Os
afloramentos do lençol freático e as minas d'água surgidos à época da construção de Brasília e
durante a implantação de vias de acesso e a exploração de areia, deram origem à Piscina
Pedreira (piscina velha), levando a uma crescente demanda para a construção de uma segunda
área de recreação, que é a Piscina Areal (piscina nova).

Figura 3 – Piscinas de água corrente do Parque Nacional de Brasília. Disponível em:


<https://www.tripadvisor.com.br/ShowUserReviews-g303322-d2349428-r168976952-
Parque_Nacional_de_Brasilia-Brasilia_Federal_District.html>. Acesso em: 19 agosto de 2020.

Para quem gosta da prática de esporte em contato com a natureza, o parque dispõe de duas
trilhas de pequena a média dificuldade: a da Capivara – trilha para caminhada, indicada para
crianças (sempre acompanhadas por um responsável) e com duração aproximada de 20 minutos;
e a da Cristal Água – para prática de caminhada e de mountain bike, com duração de 1h a 3h40
(caminhada) e de 20 minutos a 1h30 (bicicleta), conforme percurso escolhido.
Figura 4 - Trilha da Capivara

Figura 5 - Trilha Cristal Água

Também tem a Ilha da Meditação, que foi construída a partir do aproveitamento de uma pequena
represa construída para distribuição e abastecimento e água a alguns espaços de visitação do
parque.

Apesar de ser um ambiente construído, no local se observa a presença principalmente de aves


que interagem com ambientes aquáticos. É um local muito procurado, principalmente no início
da manhã, pelo meio ambiente ali formado.
Figura 6 - Ilha da Meditação

A Biodiversidade:

Diversos tipos de vegetação compõem o ecossistema do PNB, tais como: a mata de galeria
pantanosa, mata de galeria não pantanosa, vereda, cerrado sensu stricto, cerradão, mata seca,
campo sujo, campo limpo, campo rupestre, campo úmido e campo de murundus.

A fauna é abundante e diversificada, composta por espécies raras ou ameaçadas de extinção, tais
como: lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), tatu-canastra (Priodontes maximus), tamanduá-
bandeira (Myrmecophaga tridactyla), jaguatirica (Leopardus pardalis), ouriço-caixeiro (Coendou
prehensilis); além de espécies endêmicas como pequeno roedor (Akodom lindberg), gralha-do-
campo (Cyanocorax cristatellus), papagaio-galego (Alipiopsitta xanthops).

Várias outras espécies não ameaçadas compõem a biodiversidade do parque, a exemplo de


mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, e de grupos pouco estudados como moluscos,
crustáceos, insetos e pequenos organismos.

Avaliação Ecossistêmica do Milênio:

Conforme “Avaliação Ecossistêmica do Milênio”, pode-se classificar os serviços ambientais em:


Abastecimento, Regulação, Culturais, Apoio.

a) Abastecimento (ou provisão): a água fornecida pelo parque; alimentos; lenha; fibras;
princípios ativos; recursos genéticos;
b) Regulação: o clima; controle de doenças; purificação da água e do ar e o controle de
erosão;

c) Culturais: Espiritualidade; lazer; Inspiração; Educação; Simbolismos;

d) Suporte: Formação de solos; Produção Primária; Ciclagem de nutrientes; Processos


ecológicos.

Oferta e demanda:

O Parque Nacional de Brasília é gerido por recursos públicos e a oferta dos serviços ali
disponibilizados é por meio da gestão pública. Quanto à demanda, ela ocorre por meio da
procura dos visitantes para o consumo do serviço ecossistêmico, seja para a utilização das
piscinas, trilhas, ar puro, natureza, paisagem, dentre outros serviços.

Nos últimos meses, houve o indicativo pelo ministro do Meio Ambiente de que o parque
receberá investimentos próximo de R$ 3 milhões para obras de melhoria do parque, com o
intuito de trazer mais conforto aos visitantes e garantir a conservação ambiental, o que é
favorável aos quase 250 mil visitantes que visitam anualmente.

Ainda, quanto à gestão, há a pressão referente à concessão dos parques nacionais para serem
operacionalizados pela iniciativa privada: “O novo modelo de concessões, que aumenta a
quantidade de investimentos, aumenta a oferta de serviços, de infraestrutura, começou a partir
dos parques do Rio Grande do Sul. Aparato da Serra, que já está em posição mais avançada, São
Francisco de Paula e Canela. Também incluímos aqui o Parque Nacional de Brasília; o Parque
São Joaquim, na serra catarinense; Lençóis Maranhenses; Jericoacoara; Chapada dos Guimarães.
Enfim, são as unidades que nós entendemos que têm grande potencial de turismo e estão
subtilizadas, sub visitadas. Uma grande oportunidade para os brasileiros”, explicou Salles.

De outro lado, as pressões ambientais descrevem as pressões das atividades humanas exercidas
sobre o meio ambiente, incluindo os recursos naturais. São pressões diretas (o uso de recursos e
as descargas de poluentes e resíduos). Os indicadores de pressões ambientais estão intimamente
relacionados com a produção e padrões de consumo, que muitas vezes refletem a emissão ou a
intensidade de utilização de recursos, juntamente com as tendências relacionadas e mudanças ao
longo de um determinado período (PNUMA, 2007).
Trade-offs que envolvem o PNB:

O Parque Nacional de Brasília está em processo de discussão da sua privatização. Os trade-offs


do PNB envolvem a concessão do parque ao setor privado, com o intuito de disponibilizar à
iniciativa privada. O dilema envolve a preocupação se o setor privado irá ofertar um serviço
melhor do que o setor público e se haverá a continuidade da preservação do parque conforme foi
criado. Até porque os recursos disponíveis no parque são a biodiversidade e as atrações turísticas
que possibilitam aos visitantes ecoturismo, experiência com a natureza, ar puro, animais em
preservação etc. As alternativas são continuar a gestão do parque pelo setor público ou passar
para a iniciativa privada.

Os recursos disponibilizados no PNB são similares a outros parques nacionais. Contudo, em


Brasília, há o Parque da Cidade de Brasília, o Jardim Botânico, o Parque Olhos D’Água, Parque
de Águas Claras, dentre outros.

O custo de oportunidade se refere a algo que um indivíduo tem de abdicar para obter outra coisa
que deseja. Esse conceito está ligado à escolha, à renúncia e à escassez dos recursos (MANKIW,
2019). No caso em tela, o custo de oportunidade é o serviço do parque fornecido pelo setor
público para a iniciativa privada, abrindo-se mão de uma gestão mais social do que
econômica. Pois com a entrada da iniciativa privada, poderá haver maior limite de número
de visitantes, aumento de atrações no parque e certamente o valor dos ingressos terão
aumentos. Isso pode gerar consequências tanto positivas quanto negativas para o
ecossistema em tela, considerando que se não houver uma gestão preocupada com as
questões ambientais, pode-se prejudicar o ecossistema.

Segundo a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, os componentes do bem-estar associados direta


e indiretamente aos serviços ecossistêmicos apresentados são: Espiritualidade; lazer; Inspiração;
Educação; Simbolismos. Todos são serviços ambientais classificados como “culturais”.

Sobre os serviços na atualidade e perspectivas futuras:

A distribuição do serviço ofertado pelo PNB é imprescindível para a preservação da vegetação


local e dos animais em extinção, para a oferta de ar puro, ecoturismo e espaços naturais para a
sociedade, com o intuito de lazer à sociedade. Com a gestão atual do parque, pela gestão pública,
depreende-se que o PNB irá ser preservado por mais tempo, tendo em vista que existe uma
limitação de ingressos a serem vendidos e consequentemente menor acesso, que limita os
impactos gerados no próprio ecossistema. Quanto à perspectiva futura, caso haja a concessão do
parque à iniciativa privada, o cenário que se vislumbra é o aumento quantitativo e qualitativo
das atrações no parque, em contrapartida, uma maior oferta de ingressos com valores maiores,
gerando mais acesso por dia no parque. Isso traz consequências ao parque, que se não forem
bem geridas podem ocasionar problemas na manutenção do ecossistema.

Os serviços e a pobreza:

Os serviços ecossistêmicos disponibilizados pelo Parque Nacional de Brasília possibilitam a


redução da pobreza local, considerando que, conforme preceitua os Objetivos do
Desenvolvimento Econômico – ODS, os serviços ecossistêmicos podem ser a fonte de recursos
da população local, assim é uma possibilidade de redução da pobreza local. A comunidade local
pode oferecer distintos serviços aos visitantes, desde guia turístico à oferta de lanches.

Quanto à caracterização do PNB:

O parque possui piscinas que são as principais atrações. Os afloramentos do lençol freático e as
minas d'água surgidos à época da construção de Brasília e durante a implantação de vias de
acesso e a exploração de areia, deram origem à Piscina Pedreira (piscina velha), levando a uma
crescente demanda para a construção de uma segunda área de recreação, que é a Piscina Areal
(piscina nova).

Para quem gosta da prática de esporte em contato com a natureza, o parque dispõe de duas
trilhas de pequena a média dificuldade: a da Capivara – trilha para caminhada, indicada para
crianças (sempre acompanhadas por um responsável) e com duração aproximada de 20 minutos;
e a da Cristal Água – para prática de caminhada e de mountain bike, com duração de 1h a 3h40
(caminhada) e de 20 minutos a 1h30 (bicicleta), conforme percurso escolhido.

Também tem a Ilha da Meditação, que foi construída a partir do aproveitamento de uma pequena
represa construída para distribuição e abastecimento e água a alguns espaços de visitação do
parque.

Apesar de ser um ambiente construído, no local se observa a presença principalmente de aves


que interagem com ambientes aquáticos.
É um local muito procurado, principalmente no início da manhã, pelo meio ambiente ali
formado.

Diversos tipos de vegetação compõem a Unidade de Conservação, tais como: a mata de galeria
pantanosa, mata de galeria não pantanosa, vereda, cerrado sensu stricto, cerradão, mata seca,
campo sujo, campo limpo, campo rupestre, campo úmido e campo de murundus.

A fauna é abundante e diversificada, composta por espécies raras ou ameaçadas de extinção, tais
como: lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), tatu-canastra (Priodontes maximus), tamanduá-
bandeira (Myrmecophaga tridactyla), jaguatirica (Leopardus pardalis), ouriço-caixeiro (Coendou
prehensilis); além de espécies endêmicas como pequeno roedor (Akodom lindberg), gralha-do-
campo (Cyanocorax cristatellus), papagaio-galego (Alipiopsitta xanthops).

Várias outras espécies não ameaçadas compõem a biodiversidade do parque, a exemplo de


mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, e de grupos pouco estudados como moluscos,
crustáceos, insetos e pequenos organismos. Fonte: ICMBIO.

Falando sobre os aspectos econômicos envolvidos no PNB e conectando com as questões de


serem rivais ou não-rivais, e ainda analisar o aspecto da externalidade:

Já os rivais e não-rivais, um bem é chamado rival quando há competição no seu consumo, já o


não-rival, não há competição, ele é disponível para todos e não há problemas em ter mais um
consumidor para ele. Por exemplo, a entrada no parque é por meio de ingresso pago, pois existe
limite de acesso em quantidade de pessoas. Nesse sentido, existe a rivalidade no acesso, pois
sem pagar não há como acessar o parque.

A externalidade é o efeito gerado por uma ação que pode ser positivo ou negativo. Um efeito
positivo é gerado quando a ação de um agente traz benefícios para os demais. Já a externalidade
negativa é quando o efeito gera consequências negativas par aos demais. Por exemplo, uma
externalidade positiva é quando um visitante joga seu lixo na lixeira e até colhe lixos deixados
no chão por outro visitante. Já uma externalidade positiva é quando um visitante fuma no parque
e um outro visitante é obrigado a respirar o ar com nicotina deixado pelo fumante.
Quanto às políticas ambientais para a gestão do recurso ecossistêmico, o PNB foi indicado para
a concessão à iniciativa privada. Isso nos traz a discussão quanto às políticas ambientais,
considerando que da inauguração até os dias atuais, o parque é gerido pelo setor público, para
que haja a preservação dos recursos ambientais, como seria a partir do momento que for gerido
pela iniciativa privada? As políticas ambientais de conservação, preservação e boa gestão desses
recursos disponíveis no parque seriam adequadas com essa nova forma de gestão? Uma questão
importante a se considerar é quanto ao preço a ser pago para o acesso ao parque, hoje o valor é
simbólico entre R$ 14 e R$ 28. Após a concessão à iniciativa privada é possível que o valor do
ingresso tenha aumento, o que pode ocasionar numa limitação de demandantes para esse serviço
ecossistêmico, em detrimento de parque que não precise pagar entrada para o devido acesso.

Roberta Paz (2015) expressa que as dimensões de valor dos recursos naturais são:
a) Econômica: Os métodos convencionais de valoração foram desenvolvidos para captar o
valor econômico do meio ambiente associado à sua utilidade;
b) Sociocultural: parte inicialmente da determinação dos bens e serviços culturais
associados aos ecossistemas e seus componentes;

c) Ecológica: expressa a importância da integridade da estrutura ecossistêmica para o


fornecimento de bens e serviços a ela associados, tendo o ecossistema valor por permitir
que as estruturas ecossistêmicas interajam, possibilitando o fornecimento de seus bens e
serviços.

Já como preceitua Amazonas (2009), a valoração econômica ambiental tem 3 (três) diferentes
instâncias de valores, as quais são:
a) O conjunto econômico de valores econômicos correntes que, por si só, não conduz ao
uso sustentável dos recursos ambientais;
b) Os valores sociais não econômicos relativos à conservação;
c) Os valores econômicos derivados da apreensão de tais valores sociais não econômicos e
da internacionalização desses no conjunto das variáveis econômicas.

Nesse raciocínio, Amazonas (2009) ainda afirma que apesar de os valores e julgamentos
humanos relativos à conservação e uso sustentável dos recursos ambientais referirem-se a fatos
concretos, é, contudo, algo incerto, relativo e controversa a forma de medição entre tais valores
sociais não econômicos e as variáveis econômicas. Também é incerto e controverso que o
processo de definição normativa dos valores econômicos correspondentes à conservação e uso
sustentável dos recursos ambientais.

Quanto às dimensões associadas ao PNB: a dimensão econômica é que as entradas do parque


geram uma receita, pois é um atrativo turístico por quem está em Brasília. Quanto às dimensões
socioculturais, o PNB possibilita a realização de trilhas, esporte, meditação, lazer, contemplar a
natureza e banhar em piscinas naturais etc. A dimensão ecológica propicia permitir a
manutenção da estrutura da fauna e flora.

Quanto ao VET:

A equação em referência proporciona o Valor Econômico Total (VET), que tem como
componentes o Valor de uso Direto (VD), o Valor de uso Indireto (VID), o Valor de Opção
(VO) e o Valor de Existência (VE).

Detalhando mais a equação, Mota et al (2010) afirmam que a equação do Valor Econômico
Total pode ser decomposta em Valor em Uso (VU) e Valor de Não Uso (VNU). O VU é
subdividido em VD, VID e VO. Já a VNU é representada pelo VE.

A equação do valor econômico total é utilizada para se realizar a valoração econômica do meio
ambiente. Quanto à importância da valoração econômica, Castro e Nogueira (2019, p. 20)
afirmam que a importância “não se esgota na busca por preço que expresse o valor econômico
do meio ambiente”. A valoração econômica ambiental tem como propósito a identificação da
dimensão econômica dos valores sociais não econômicos relativos ao meio ambiente, para que,
exercendo em seguida sua internalização no processo de decisão (CASTRO E NOGUEIRA,
2019).

Na realização da valoração, há que se considerar as razões para se fazer a valoração. Nesse


sentido, Pearce (1993) relaciona cinco razões:

a) Admitir que o meio ambiente faz parte do desenvolvimento estratégico de uma nação.
Caso isso se confirme, todo dano causado ao ambiente provoca pelo menos dois
impactos: - Impacto no Produto Nacional Bruto (PNB), caso fossem computados os
custos econômicos de danos ambientais; assim, o PNB teria um valor inferior; - custos
gerais que não estivessem corretamente gravados no PNB deveriam sê-lo, pois o sistema
de contas nacionais deve refletir as medidas de agregação de bem-estar;
b) Mudança do atual sistema de contas nacionais. No novo sistema, seria incorporado ao
PNB o valor dos danos causados ao meio ambiente, assim como o valor do estoque
existente;

c) A valoração serve como instrumento de apoio na definição de prioridades no âmbito das


decisões políticas, com base em estimativas de custos e benefícios;

d) Complementação às metodologias convencionais de estudos de viabilidade, porque


possibilita estimar custos e benefícios sociais gerados por políticas, programas ou
projetos;

e) A valoração deve auxiliar no processo de avaliação do desenvolvimento sustentável,


norteando se determinado ativo deve ser classificado ou não para ser explorado ou não
pelas futuras gerações.

Os tipos de valor associados aos serviços ecossistêmicos:

a) Valor de Uso Direto: bens e serviços ambientais apropriados diretamente da exploração


do recurso e consumidos hoje. O caminhar na trilha, o banho nas piscinas naturais, o
consumo de alguma fruta de uma árvore disponível no PNB. Também o vislumbrar da
natureza, o ouvir dos pássaros, a brisa do vento.
b) Valor de Uso Indireto: bens e serviços ambientais que são gerados de funções
ecossistêmicas e apropriados e consumidos indiretamente hoje.
c) Valor de Opção: bens e serviços ambientais de usos diretos e indiretos a serem
apropriados e consumidos no futuro. Os benefícios da fauna e flora, caso sejam
preservados.
d) Valor de Existência: valor não associado ao uso atual ou futuro e que reflete questões
morais, culturais, éticas ou altruísticas.

Esses foram os serviços classificados por você. Associe-os aos diferentes tipos de valor.

a) Abastecimento (ou provisão): a água fornecida pelo parque; alimentos; lenha; fibras;
princípios ativos; recursos genéticos;

b) Regulação: o clima; controle de doenças; purificação da água e do ar e o controle de


erosão;

c) Culturais: Espiritualidade; lazer; Inspiração; Educação; Simbolismos;

d) Suporte: Formação de solos; Produção Primária; Ciclagem de nutrientes; Processos


ecológicos.

A função de produção:
A valoração econômica de recursos ambientais se utiliza de distintos métodos de valoração, um
deles é o método da função de produção, em que se tem duas vertentes: método da produtividade
marginal e métodos de mercado de bens substitutivos.

Como afirmado por Ronaldo Seora da Motta (1997), o valor econômico dos recursos ambientais
origina-se dos seus atributos e, também, que estes atributos podem estar ou não associados a um
uso. Isso reflete que, o consumo de um recurso ambiental é concretizado via uso e não-uso. Cada
membro de classe nos traz atributos bem diferenciados, como veículos, residências, viagens para
lazer e recursos ambientais, dentre outros. Assim, o preço de uma unidade j do bem Xi, Pxij,
pode ser definido por um vetor de atributos ou características, aij, tal que:

Quando falamos em recurso ambiental, os fluxos de bens e serviços ambientais, que são
originados do seu consumo, acabam definindo seus atributos. Contudo, é evidente que existem
atributos de consumo associados à própria existência do recurso ambiental, independentemente
do seu fluxo considerado atual e futuro de bens e serviços apropriados na forma do seu uso.

Os métodos de valoração aqui analisados são assim classificados: métodos da função de


produção e métodos da função de demanda.

a) Métodos da função de produção: métodos da produtividade marginal e de mercados de


bens substitutos (reposição, gastos defensivos ou custos evitados e custos de controle);
b) Métodos da função de demanda: métodos de mercado de bens complementares (preços
hedônicos e do custo de viagem) e método da valoração contingente.

DISCUSSÕES

Conforme preceitua Muñoz (2015), o Método de Valoração escolhido para sua captação é o
Método Custo Viagem (MCV), ele é baseado no comportamento observado, consiste por sua vez
na soma dos gastos efetuados pelas pessoas para se deslocarem a um lugar onde podem usufruir
dos benefícios advindos de serviços e bens ambientais - geralmente recreação-, o qual pode ser
utilizado como aproximação dos benefícios (TEEB, 2010). O método estima a demanda pelo
ativo ambiental, criando a curva de demanda com base nos custos de viagem, o que inclui
transporte, tempo de viagem, taxa de entrada, hospedagem, alimentação, entre outros gastos
complementares e outras variáveis socioeconômicas (renda per capita, distribuição etária, perfil
de escolaridade, etc.). Além disso, o custo do tempo gasto no deslocamento tem que ser
considerado. Esta informação é principalmente reunida através de inquéritos no local.
(HANLEY et al. 2013) Parte da premissa de que o preço de entrada ao ativo ambiental seja zero,
o custo de acesso é geralmente maior do que zero, uma vez que é geralmente vai se incorrer em
despesas. (ARAÚJO, 2007) Tendo encontrado a função de demanda é derivado o excedente do
consumidor, que representa o grau de benefício que supõe o gozo do bem.

Um estudo de valoração realizado que buscou captar a parcela de valor foi o de Muñoz (2015),
em sua dissertação de mestrado. No estudo, foi realizado teve o objetivo de estimar o valor
econômico do PNB, analisando a disposição da população em pagar pela manutenção e
conservação do PNB, com base em variáveis de segmentação socioeconômicas e conhecimento
ecológico dos entrevistados. Na pesquisa feita por Muñoz, aplicou-se 385 questionários entre
fevereiro a abril de 2014. Analisou-se o perfil dos entrevistados dispostos a pagar com uma
regressão logística para determinar quais das variáveis da segmentação influenciariam de
maneira significativa na decisão entre estar disposto a pagar ou não pelo plano proposto para o
PNB.

O resultado obtido teve como produto a estimativa de uma disposição a pagar de R$9,31 por
mês, evidenciando, de maneira geral, que a comunidade local tem interesse na conservação do
PNB. Assim, revelou-se que uma contribuição significativa ao parque, visando o bem estar
humano e também o reconhecendo como um patrimônio natural importante, demandando a
preservação desse ativo ambiental, mesmo sendo necessário aplicar recursos financeiros
próprios, seria possível. Ainda, permite-se gerar subsídios para a avaliação, elaboração, melhora
na execução de políticas públicas ambientais, programas de responsabilidade socioambiental em
prol da melhoria do PNB.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho, objetivou-se trazer a análise de valoração econômica do Parque Nacional
de Brasília. Realizou-se a caracterização do PNB, com suas peculiaridades, localização,
dimensões, serviços ambientais oferecidos, etc. Ainda, houve a quantificação de visitantes em
um período especificado. E foi apresentado o valor do ingresso de entrada. Foram apresentados
quesitos econômicos de valoração econômica. E ainda foi demonstrado que o resultado de uma
pesquisa feita por outro autor para o mesmo ecossistema, apresentando o método de valoração
aplicado por ele em seu paper, que foi o método de custo viagem. Para discussão, foi
apresentado trade-off, comentando que o PNB foi indicado para participar de concessão ao setor
privado, fato que pode ser discutível por questões diversas como custo de oportunidade, trade-
off, serviços ecossistêmicos e pobreza, conforme ODS, dentre outras questões econômicas e
sociais.

REFERÊNCIAS

AMAZONAS, M. de C. Valor ambiental em uma perspectiva heterodoxa institucional-ecóloga.


Economia e Sociedade, Campinas, v. 18, nº 1, p. 183-212, abr. 2009.

ARAÚJO, M. A. R. Unidades de conservação no Brasil: da República à gestão de classe


mundial. Belo Horizonte: Segrac, 2007.

BRASIL. ICMBIO. Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br/portal/visitacao1/unidades-


abertas-a-visitacao/213-parque-nacional-de-brasilia.html>. Acesso em: 19 agosto 2020.

BRASIL. ICMBIO. Disponível em:


<https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/noticias/2017/
dados_de_visitacao_2012_2016.pdf>. Acesso em: 19 agosto de 2020

BRASIL. Site Gov.br (30/07/2020). Disponível em: <https://www.gov.br/pt-br/noticias/transito-


e-transportes/2020/07/parque-nacional-de-brasilia-recebera-recursos-para-melhorar-
infraestrutura>. Acesso em 19 agosto 2020.

CASTRO, Joana D’arc Bardella; NOGUEIRA, Jorge Madeira. Valoração econômica do meio
ambiente – teoria e prática. Curitiba: CRV, 2019.

DA MOTA, Ronaldo Seora. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. Rio de
Janeiro: IPEA, 1997.

HANLEY, N.; SHOGREN, J.; WHITE, B. Introduction to Environmental Economics. Second


Edition. Oxford University Press, Oxford. 2013.

MANKIW, N. George. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2019.

Mapa Um. Disponível em: <http://anandavasundhara.org/como-chegar/mapa-um-2/>. Acesso


em: 19 agosto 2020.
MUÑOZ, Juan Pablo. Valoração econômica do parque nacional de Brasília. Orientador
Humberto Angelo. Dissertação de mestrado. Universidade de Brasília – UnB. Brasília, 2015. 81
p.

PAIVA, Roberta Fernanda da Paz de Souza. As dimensões de valor dos recursos naturais e os
métodos de valoração. Revista Iberoamericana de Economia Ecológica. Vol. 24: 203-219.

Parques Nacionais. Disponível em:


<https://www.solbrilhando.com.br/Turismo/Parques/Nacionais/Brasilia.htm>. Acesso em: 19
agosto 2020.

PEARCE, D.W. Economic values and the natural world. Massachusetts: The MIT, 1993. 129 p.

TEEB – The Economics of Ecosystems and Biodiversity The Ecological and Economic
Foundations. Earthscan, London. 2010.

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