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Revista de Direito da

FACULDADE GUANAMBI
ISSN 2447-6536

ARTIGO

A evolução do saneamento básico na história e o debate de sua


privatização no Brasil
The evolution of basic sanitation in history and the debate of its privatization in Brazil

Rafhael Rodrigo Licheski Díaz1


Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) – Engenheiro Coelho/SP
rodrigodiaz98809@gmail.com

Larissa dos Reis Nunes2


Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) – Engenheiro Coelho/SP
larissarnunes@gmail.com

RESUMO: O propósito deste artigo é analisar a importância do saneamento básico para o ser
humano, bem como seu desenvolvimento ao longo dos séculos. Foi investigada a história da
luta do homem por água potável e sua preocupação com o saneamento básico, desde as
civilizações antigas, passando pela Idade Média e Contemporânea, dando ênfase no
saneamento básico na história do Brasil. O estudo do saneamento básico no Brasil se inicia
desde seu período de colônia, estudando alguns dos principais fatos que contribuíram para
o desenvolvimento de leis e órgãos responsáveis pela saúde e saneamento básico em nosso
país. O método utilizado é o dedutivo, por meio de investigação doutrinária e legal. No
decorrer do artigo, após a análise histórica, busca -se conceituar o que é saneamento básico
nos dias de hoje, bem como expor a atual legislação. A importância deste estudo se dá no
fato de que ao estudar a história e ter ciências dos problemas que a falta de saneamento
básico já gerou na humanidade, nos alerta para investigar como estão as políticas de
saneamento básico nos nossos dias.

Palavras-chave: Saneamento básico. Saúde. Políticas.

ABSTRACT: The purpose of this article is to analyse the importance of the basic sanitation
for humans, as well as its development over the centuries. The history of the struggle of
man for potable water and his concern for basic sanitations was investigated, from ancien t
civilizations, passing through the Middle and Contemporary Ages, with emphasis on basic
sanitation on the History of Brazil. The study of basic sanitation in Brasil starts from its
colony period, studying all the facts that contributed for the developmen t of laws and
agencies responsible for the health and basic sanitation in our country. Throughout the

* Editor: Prof. Dr. Flávio Quinaud Pedron. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4259444603254002. ORCID:


https://orcid.org/0000-0003-4804-2886.
1
Graduando em Direito pela UNASP. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9798486801910549. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-5944-1009.
2
Mestra em Direito pela UNIMEP. Especialista em Direito Civil e Processo Civil pela METROCAMP.
Bacharel em Direito pela IBMEC. Professora do curso de Direito da UNASP. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7085510655516264. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4618-1033.

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article, after the historical analysis, we seek to conceptualize what is basic sanitation these
days, as well as expose the current legislation. This arti cle is relevant to study the history
of basic sanitation and it alerts us to the problems that the lack of sanitation basics has
already created in mankind.

Keywords: Basic sanitation. Health. Privatization.

SUMÁRIO: INTRODUÇÃO; 1 SANEAMENTO BÁSICO - CONTEXTO HISTÓRICO GLOBAL; 2 HISTÓRIA


DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL; 3 SANEAMENTO BÁSICO E A LEI FEDERAL Nº 11.445, DE
05 DE JANEIRO DE 2007; 4 O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL E A QUESTÃO DA PRIVATIZAÇÃO;
CONSIDERAÇÕES FINAIS; REFERÊNCIAS.

SUMMARY: INTRODUCTION; 1 BASIC SANITATION - GLOBAL HISTORICAL CONTEXT; 2 HISTORY


OF BASIC SANITATION IN BRAZIL; 3 BASIC SANITATION AND THE FEDERAL LAW No. 11.445, OF
JANUARY 5, 2007; 4 BASIC SANITATION IN BRAZIL AND THE ISSUE OF PRIVATIZATION; FINAL
CONSIDERATIONS; REFERENCES.

 INTRODUÇÃO

Na atualidade, saneamento básico se tornou algo tão comum que muitos não
têm o mínimo conhecimento de sua importância para a qualidade de vida de uma
comunidade. Ao escutar a expressão "saneamento básico" a primeira definição que
vem à mente de muitos, é "água potável e esgoto", e isso não está errado. Porém,
saneamento básico vai além do serviço de água e esgoto. Limpeza urbana, manejo
de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas são exemplos da
abrangência desse termo (OMS, 2015)
O desenvolvimento do saneamento básico ocorreu de maneira lenta e
gradual no decorrer da história da humanidade. O desenvolvimento da bacteriologia
contribuiu para o homem dar valor à saúde sanitária, bem como desenvolver meios
de obter água potável, protegê-la de possíveis contaminações e ampliar as ações
preventivas (HELLER et al, 2018).
Lamentavelmente a história não foi suficiente para ensinar o ser humano a
priorizar e lutar pelo saneamento básico. Infelizmente, ainda hoje cerca de 1 bil hão
de pessoas não tem acesso a água potável e diariamente doenças ligadas à qualidade
da água e deficiência de saneamento provocam a morte de cerca de 6 mil crianças
no mundo (SOUZA, 2009). No Brasil, até 2015, aproximadamente metade da
população não possuía rede de esgoto (BRASIL, 2016).
O saneamento básico é essencial na estrutura de um país, e no Brasil, esse
tema vem ocupando o cenário de uma discussão cada vez mais intensa, tendo em
vista a possível privatização do serviço de saneamento no Brasil. Ess e tema ainda

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irá gerar muita discussão diante de algumas nuances que o envolvem e que poderão
ser verificadas no presente trabalho.
Assim, ante a importância deste assunto, o seguinte artigo busca, através
do estudo da história, alertar para os problemas c ausados no curso da humanidade
pela precariedade nos serviços que envolvem o saneamento, e abordar algumas
vertentes da problemática relativa à privatização no cenário brasileiro.

1 SANEAMENTO BÁSICO - CONTEXTO HISTÓRICO GLOBAL

A história da humanidade está baseada na luta por sua sobrevivência,


durante centenas e porque não dizer milhares de anos, o único e difícil objetivo do
homem era sanear suas necessidades básicas, entre elas, a procura por água potável.
Nesse anseio chegaram a cavar poços de centenas de metros na China (SILVA, 2016).
O cuidado com a saúde não é algo apenas contemporâneo aos nossos dias,
provas arqueológicas nos indicam que os babilônicos no ano de 3750 a.c. já
utilizavam coletores de esgoto na cidade de Nipur, os egípcios por sua v ez no ano
2750 a.c. possuíam tubulações de cobre no palácio do faraó Chéops, e por volta do
ano 2000 a.c. passaram a utilizar o sulfato de alumínio para clarear a água
(REZENDE; HELLER, 2002).
Conforme Barros (2014a)

Na Índia, haviam escritos em Sânscrito sobre os cuidados que


deveriam ser tomados com a água a ser consumida, armazenamento
em vasos de cobre, filtração através de carvão, purificação por
fervura no fogo, por aquecimento ao sol ou pela introdução de uma
barra de ferro aquecida na massa líquida, seguida por filtração em
areia e cascalho grosso.

No sítio arqueológico de Cnossos na ilha de Creta, foram encontradas salas


de banho e sistemas para água residuária que datam do ano 1700 a.c. Na história os
romanos revolucionaram a engenharia em seu temp o, há construções de aquedutos
com quilômetros de extensão, além dos aquedutos os romanos também foram
responsáveis pela construção dos banheiros comunitários chamados parlatórios
datados do ano 400 a.c. (SILVA, 2016).
Ao dissertarem sobre o assunto, Cristina Rezende e Léo Heller (2002, p. 38),
concluem que:

Se os gregos foram os precursores da medicina racional e preventiva,

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os romanos foram os grandes engenheiros, que uniram seu talento


para as construções ao legado científico dos gregos. Executaram
grandes sistemas de esgotamento sanitário e banhos, além de outras
instalações sanitárias, revelando nas suas obras a grande
preocupação do Estado com as demandas coletivas, o que determinou
uma elevada abrangência dos serviços de saneamento.

Os cuidados que os romanos tinham com a higiene vão além das grandes
represas e aquedutos, mas também o banho fazia parte da rotina do dia a dia do
cidadão romano. Os maiores banheiros construídos pelos romanos foram os de
Caracala, nos banheiros havia salas de banhos frios, mornos e quentes, além de salas
para massagens. O cuidado que os romanos tinham para com a água e o destino do
esgoto foi primordial para prevenir surtos de tifo exantemático, febre tifoide e
disenteria, cuidado esse que se perdeu com a queda do império (ROSEN, 1994, p.
45-47).
A queda do império Romano no Ocidente contribuiu para o fortalecimento
do feudalismo e o início da Idade Média. Moinhos foram desenvolvidos para facilitar
a trituração dos grãos, a propriedade do senhor feudal cada vez era mais
desenvolvida (SOUSA, 2019). Porém nesse período a água era retirada de rios e
trazida de longas distâncias, o que tornava oneroso o seu consumo, limitando a
população a beber em média apenas 1 litro de água por dia. A queda do império
romano juntamente com as crises políticas, econômicas e religiosas contribuíram
para construção de muralhas e fossos aos arredores das cidades. A dificuldade em
conseguir água, levou boa parte da população a cavar poços no interi or de suas
casas, mas por estarem próximos a dejetos de animais e fossas, os poços eram
contaminados (BARROS, 2014a).
Rosen (1994, p. 59) explica que “introduziu-se a pavimentação para manter
as ruas limpas, em Paris em 1185, Praga viu as primeiras ruas ca lçadas em 1331”.
Entretanto, é preciso lembrar que os habitantes tinham hábitos culturais que
tornavam tais cuidados insuficientes para proliferação de certas doenças, a falta de
hábitos de saneamento básico na Europa medieval contribuiu para o surto de vá rias
doenças e epidemias.
A lepra foi uma das doenças mais aterrorizantes desse período. Sobre a
doença, Rosen (1994, p. 59) explica que “durante os séculos VI e VII, a enfermidade
começou a se espalhar sobre a Europa, passando a ser um sério problema soci al e
sanitário. Endêmica, especial entre os pobres, alcançou um pico aterrador nos
séculos XIII e XIV.”

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O Acto Inglês promulgado no ano 1388, considerada uma das leis mais antigas
sobre o assunto, proibia a poluição das águas e do ar. No ano 1396 foi criad o em
Paris um sistema de limpeza, carroças levavam os lixos até locais específicos. Em
1680 teve início a utilização de água corrente para a limpeza das privadas (AZEVEDO
NETTO, 1959, p. 16). Ocorre que todos estes avanços foram insuficientes para
controlar as doenças e epidemias.
O crescimento econômico proporcionado pelo avanço da revolução industrial
no final do século XVIII, fez com que as cidades na Europa recebessem em massa os
camponeses, porém a infraestrutura precária aliada à falta de higiene prov ocou
novos surtos de doenças e epidemias (RIBEIRO; ROOK, 2010).
Sobre a falta de infraestrutura e higiene, Vilma Maria Cavinatto (1996) se
manifestou:

Na Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha as condições de vida nas


cidades eram assustadoras. As moradias ficavam superlotadas e sem
as mínimas condições de higiene. Os detritos, como lixo e fezes,
eram acumulados em recipientes, de onde eram transferidos para
reservatórios públicos mensalmente e, às vezes, atirados nas ruas.
Como as áreas industriais cresciam rapidamente, os serviços de
saneamento básico, como suprimento de água e limpeza de ruas, não
acompanhavam esta expansão, e como consequência o período foi
marcado por graves epidemias, como a Cólera e a Febre Tifóide,
transmitidos por água contaminada e que fizeram milhares de vítimas
assim como a Peste Negra, transmitida pela pulga do rato, animal
atraído pela sujeira.

A despeito do crescimento econômico gerado pela revolução industrial, as


doenças e epidemias se proliferavam. Edwin Chadwick (1843) elab orou um relatório
“The Sanitary Conditions of the Labouring Population of Great Britain ”, o qual fala
das condições sanitárias dos trabalhadores da Grã-Bretanha, o mesmo foi incisivo na
luta pela criação de um órgão administrativo de saúde pública. Edwin C hadwick foi
responsável não apenas pela criação do primeiro conselho de saúde da Inglaterra,
mas também influenciou outros países da Europa a se dedicarem ao estudo da saúde
social (SILVA, 1998).
As diversas epidemias que dizimaram populações na Idade Médi a,
contribuíram para o desenvolvimento de estudos na área de saneamento básico e
saúde social, contribuindo para criação de conselhos de saúde e órgãos que iriam
estudar e trazer soluções para os problemas de saúde causados pela falta de higiene
e saneamento básico (SILVA, 1998).

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2 HISTÓRIA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

Por milhares de anos, o Brasil foi habitado apenas por tribos indígenas, as
quais sua única preocupação era a busca de sanear suas necessidades básicas, devido
ao vasto território que possuíam, não tinham preocupações com saneamento. A
utilização da água pura e os hábitos salutares que os índios possuíam, como: Banho
diário, locais específicos para fazer suas necessidades fisiológicas e jogar o lixo,
proporcionaram aos índios saúde estável (REZENDE; HELLER, 2002).
Sobre a chegada dos portugueses ao Brasil, Cavinatto (1996) enfatiza que
“com a chegada dos colonizadores europeus e a mão de obra escrava, houve a
disseminação de várias enfermidades contra as quais os nativos não possuíam defes as
naturais no organismo”.
O início do saneamento no Brasil ocorreu em 1561, quando Estácio de Sá
mandou escavar no Rio de Janeiro o primeiro poço para abastecer a cidade do Rio
de Janeiro (BARROS, 2014b).
O abastecimento de água primeiramente era feito através de chafarizes e
fontes próprias, sendo as vilas as responsáveis pela captação e distribuição das
águas, neste período o processo de coleta de lixo era feito pelas famílias (SOUZA,
2009).
Em 1750, durante o governo de Gomes Freire de Andrade, foram co nstruídos
os Arcos de pedra e cal do aqueduto que hoje chamamos de Arcos da Lapa (HERMANN,
2012). Em 1864, na cidade do Rio de Janeiro foi concluída a instalação da primeira
rede de esgoto (AZEVEDO NETTO, 1959).
Embora tenham sido construídas obras de abastecimento e esgotamento
sanitário, as mesmas eram insuficientes pois abrangiam apenas os grandes centros
urbanos, devido à falta de serviços para as pequenas populações, os serviços de
infraestrutura passaram a ser feitos através de concessão à iniciativa privada, assim
como os serviços de água e esgotos (SILVA, 1998).
Sobre o Saneamento básico no período da República, (MIRANZI et al, 2010)
salientam:

Com a proclamação da República, a federalização e a autonomia, as


questões de saúde pública, passaram a faz er parte das atribuições
dos Estados. O Serviço Sanitário, criado pela Lei número 43 de 18 de
junho de 1892, ficou subordinado à Secretaria do Estado do Interior,
e era composto de um conselho de Saúde Pública, responsável pela
emissão de pareceres acerca da higiene e salubridade e de uma

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diretoria de higiene, responsável pelo cumprimento das normas


sanitárias. Era de competência da diretoria o estudo das questões de
saúde pública, o saneamento das localidades e das habitações e a
adoção de meios para prevenir, combater e atenuar as moléstias
transmissíveis, endêmicas e epidêmicas.

Silva (1998) ainda enfatiza que:

Os serviços de abastecimento de água e esgotos estavam sob o


encargo do Estado, mas a infra -estrutura era de incumbência das
empresas estrangeiras, enquanto que a maior parte de materiais,
insumos e técnicas eram importados, cabendo ao Estado somente a
regulamentação das concessões.

O avanço das epidemias trazidas da Europa, tornou-se necessário uma maior


vigilância sanitária. Foi então que no ano de 1894, o primeiro Código Sanitário do
Estado de São Paulo foi promulgado, com 520 artigos, reunindo as normas de higiene
e saúde pública (MIRANZI et al, 2010; SÃO PAULO, 1894).
Com o objetivo de combater a peste bubônica detectada no Porto de Santos,
em 1900 foi criado o Instituto Soroterápico no Rio de Janeiro. Devida à situação de
saúde caótica que a então capital federal vivia, sob o governo de Rodrigues Alves,
no dia 23 de março de 1903 o médico Oswaldo Cruz assume a Diretoria Geral de
Saúde Pública (DGSP), cargo este que, equivale ao de ministro da Saúde (FUNDAÇÃO
OSWALDO CRUZ, 1992).
Sobre o governo de Rodrigues Alves, a Fundação Oswaldo Cruz (1992)
acrescenta que o mesmo “assumiu presidência da República prometendo submeter
a capital a uma profunda cirurgia urbana”. O objetivo era terminar com a febre
amarela e outras doenças epidêmicas que tornavam a cidade um "porto sujo”. Para
extirpar as doenças, o médico Oswaldo Cruz, com o apoio do governo, realizou
inspeção sanitária em 23 portos além de campanhas de vacinação.
Uma destas campanhas de vacinação teve grande resistência de parte da
população, gerando uma grande revolta que ficou conhecida como a “Revolta da
Vacina”. Sobre esta revolta Mayla Yara Porto (2003) acrescenta:

Em 1904, a cidade foi assolada por uma epidemia de varíola. Oswaldo


Cruz mandou ao Congresso uma lei que reiterava a obrigatoriedade
da vacinação, já instituída em 1837, mas que nunca tinha sido
cumprida. Ciente da resistência da opinião pública, montou uma
campanha em moldes militares. Dividiu a cidade em distritos, criou
uma polícia sanitária com poder para desinfetar casas, caçar ratos e
matar mosquitos. Com a imposição da vacinação obrigatória, as
brigadas sanitárias entravam nas casas e vacinavam as pessoas à
força. Isso causou uma repulsa pela maneira como foi feita. A maioria
da população ainda desconhecia e temia os efeitos que a injeção de

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líquidos desconhecidos poderia causar no corpo das pessoas. Setores


de oposição ao governo gritaram contra as medidas autoritárias.
Quase toda a imprensa ficou contra Oswaldo Cruz, ridicularizando
seus atos com charges e artigos.

Além do médico Oswaldo Cruz, o engenheiro Saturnino de Brito também


merece grande destaque na história. Considerado o pai da Engenharia Sanitária e
Ambiental no país, foi responsável por várias obras, como sistemas de distribuição
de águas e coleta de esgotos em várias capitais do país. Uma de suas principais obras
foram os canais de drenagem de Santos, criados em 1907 com o objetivo de evitar a
proliferação de insetos nas áreas alagadas e que funcionam ainda hoje (RIBEIRO;
ROOK, 2010).
Um marco importante para o combate das doenças e a implementação das
políticas de saneamento básico no Brasil foi à primeira guerra mundial. Nísia
Trindade Lima e Gilberto Hochman (1996) salientam que o período da primeira
guerra mundial e os primeiros anos seguintes, foram marcados por diversos
movimentos nacionalistas tanto no Brasil como no exterior.
Nísia Trindade Lima e Gilberto Hochman (1996, p. 24) acrescentam que no
caso do Brasil os movimentos tinham a intenção de promover a “recuperação e/ou
fundação da nacionalidade: recrutamento militar e profissionalização do Exército;
alfabetização; saúde; culto ao civismo; ampliação do colégio eleitoral, entre
outros”.
Dando ênfase nos movimentos na área da saúde sanitária no país, temos
outras figuras importantes além de Oswaldo Cruz. Os médicos Belisário Penna e
Arthur Neiva foram de suma importância nas campanhas de saneamento no Brasil.
Belisário buscou repercutir na mídia os problemas que o campesino enfrentava com
saúde e saneamento básico, enfatizando a necessidade de unir o país, tanto o homem
da capital e do interior. Aos poucos conseguiu reunir importantes setores das elites
intelectuais e políticas que fizeram parte da criação da Liga Pró-Saneamento do
Brasil, fundada em fevereiro de 1918 (LIMA; HOCHMAN, 1996).
A Liga Pró-Saneamento tinha como um de seus objetivos alertar as
autoridades públicas e as elites intelectuais sobre os problemas que a falta de
saneamento no interior do Brasil poderiam causar. (GRECO; PITERMAN 2005).
Tendo o apoio do então Presidente da República, Wenceslau Brás, a Liga
Pró-Saneamento dirigida por Belisário, realizou intensa propaganda da campanha
sanitária nacional (LIMA; HOCHMAN, 1996). Neste intento B elisário Penna contou
com a ajuda do escritor Monteiro Lobato, o qual através do personagem Jeca Tatu
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chamava a atenção principalmente da elite para as condições de vida do homem do


campo (MORAES, 1997).
Nísia Trindade Lima e Gilberto Hochman (1996) discor rem sobre a campanha
sanitária nacional:

Através de conferências; palestras em escolas, entidades


associativas de proprietários rurais e nas Forças Armadas;
distribuição de folhetos de educação sanitária, entre outras ações.
A repercussão da campanha pelo saneamento foi expressiva na
imprensa e nos debates do Congresso Nacional. Outro dado relevante
consiste na organização de delegações regionais da entidade em nove
estados, considerados, à época, representativos de todas as regiões
geográficas do País. A campanha da Liga tinha como objetivo mais
imediato à criação de uma agência pública de âmbito federal que
coordenasse efetivamente as ações de saúde em todo o território
nacional e superasse os limites que constrangiam a ação da Diretoria
Geral de Saúde Pública. A realização desse objetivo supunha a
geração de uma consciência nacional que identificasse no abandono
e na presença das endemias as características distintivas da
população rural brasileira.

Os movimentos em prol da organização da saúde no Brasil g eraram bons


resultados. É o caso da criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, liderado
pelo médico Carlos Chagas que além de participar ativamente a criação do
Departamento Nacional de Saúde Pública, reorganizou os Serviços de saúde Pública
(RODRIGUES; ALVES, 1977).
As consequências da crise de 1929 nos Estados Unidos, o fim da República
Velha e a revolução de 1930 contribuíram para que ocorressem mudanças e
transformações na estrutura social e econômica do Brasil. Neste período acontece o
êxodo rural, devido à grande industrialização proporcionada pelo governo do então
Presidente Getúlio Vargas (SAKER, 2007).
Saker (2007) aborda ainda mais a influência dos Estados Unidos:

Em 1934, a formulação do conceito de federalismo de cooperação


nos Estados Unidos influenciou nosso sistema jurídico nesse sentido,
mas não atingiu sua plenitude, por ser uma inovação. Isso ocorreu
principalmente com a adoção de competências comuns entre os entes
da federação. A política de saneamento básico, parte integrante da
política de saúde pública, faz parte deste novo federalismo de
cooperação da Constituição de 1934.

Um marco importante para o saneamento básico no Brasil foi à criação do


Ministério da Educação e Saúde Pública, pelo Decreto nº 19.402, de 14 de novembro
de 1930. Até então os serviços relacionados com a saúde pública estavam sendo
administrado pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores (RODRIGUES; ALVES

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1977).
Apesar da Constituição de 1824 ser inspirada na Carta Magna da Inglaterra,
e, a segunda constituição de 1891 ser pautada na Constituição dos Estados Unidos,
ambas não tratam explicitamente da saúde pública. Foi a partir da constituição de
1934 que a saúde pública tomou parte do texto legislativo (RODRIGUES; ALVES 1977).
Em seu artigo 10, a Constituição de 1934 atribui à União e os Estados o
cuidado da saúde, determinando que “compete concorrentemente à União e aos
Estados: I- velar na guarda da Constituição e das Leis; II - cuidar da saúde e
assistência públicas”.
Além de atribuir a União e os Estados o cuidado da Saúde, a Constituição de
1934, em seu artigo 121, parágrafo 1º, alínea “h”, garantia:

[...] assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante


assegurando a este descanso antes e depois do parto, sem prejuízo
do salário a do emprego e instituição de previdência, mediante
contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a favor
da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidente de
trabalho ou de morte (BRASIL, 1934).

Em seu artigo 138, a Constituição de 1934 outorgou responsabilidades não


apenas para a União e os Estados, mas também incluía a participação dos municípios
nos problemas sanitários:

Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos das leis
respectivas:

[...] f) adotar medidas legislativas e ad ministrativas tendentes a


restringir a moralidade e a morbidade infantis; e de higiene social,
que impeçam a propagação das doenças transmissíveis (BRASIL,
1934).

Vigente até hoje, em 1934 foi aprovado o Decreto que instituiu o Código de
Águas (BRASIL, 1934). Entre os vários assuntos que envolvem o uso dos recursos
hídricos, recomendava evitar que a contaminação das águas, para Elmo Rodrigues
da Silva (1998) o Código pode ser considerado a “base para a gestão pública do setor
de saneamento, sobretudo no que se refere à água para abastecimento”.
Entre os anos de 1938 e 1945, João de Barros Barreto teve um papel
importantíssimo nas políticas de saúde e saneamento básico do Brasil. Seu trabalho
destacou o Brasil perante a OPAS (Organização Pan-americana de Saúde). Sobre João
de Barros Barreto, Lima (2002) salienta:

Diretor do Departamento Nacional de Saúde, entre 1938 e 1945, foi

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A evolução do saneamento básico na história e o debate de sua privatização no Brasil

responsável pela extensão dos postos de saúde no território nacional


e pela consolidação da estrutura verticalizada dos serviços de
combate às doenças. Atribuiu também prioridade ao registro
estatístico das campanhas de saúde pública, contribuindo para a
implantação de um sistema de informações sobre as doenças
transmissíveis e a captura de vetores.

O envolvimento e a participação do Brasil nos congressos e reuniões junto


aos representantes de outros pais da Opas, resultaram em acordos internacionais.
Entre eles os acordos de Washington que daria origem ao Serviço Especial de Saúde
Pública (SESP) resultado da III Conferência de Ministros das Relações Exteriores das
Repúblicas Americanas, realizado em 1942 no Rio de Janeiro (LIMA, 2002).
A principal função do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) era o
saneamento de regiões produtoras do minério de ferro e mica do Vale do Rio Doce e
de matérias-primas, como a borracha da região amazônica. O SESP cresceu nas
regiões rurais, dando ênfase na medicina preventiva além da curativa, construiu
redes de unidades de saúde locais (RENOVATO; BAGNATO, 2010).
Neste período, mais especificamente em 1953, com a Lei nº 1.920, foi criado
o Ministério da Saúde, regulamentado pelo Decreto nº 34.596, de 16 de novembro
de 1953 (RODRIGUES; ALVES, 1977; BRASIL, 1953a; BRASIL, 1953b).
A participação do Brasil na OPAS e posteriormente na OMS (Organização
Mundial de Saúde) a qual foi fundada em fundada em 7 de abril de 1948, quando 26
membros das Nações Unidas ratificaram os seus estatutos (OMS, 2015). Contribuiu
grandemente para o desenvolvimento das políticas de saúde e saneamento básico no
país nos anos seguintes (LIMA, 2002).

3 SANEAMENTO BÁSICO E A LEI FEDERAL Nº 11.445, DE 05 DE JANEIRO DE


2007

Sob o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva foi aprovada a Lei
Federal nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, a qual estabelece normas para o
saneamento básico, de forma que altera as leis: 6.766, de 19 de dezembro de 1979;
8.036 de 11 de maio de 1990; 8.666 de 21 de junho de 1993; 8.897 de 13 de fevereiro
de 1995; também revogas a lei 6.528 de 11 de maio de 1978.
A Lei Federal nº 11.445/07 tem como princípios imprescindíveis a saúde
pública, segurança de vida, proteção ao meio ambiente, adequação a
particularidades locais, planejamentos de desenvolvimento urbano e regional, e o

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combate à pobreza (BRASIL, 2007).


Em seu artigo 3° a lei Federal nº 11.445/07 define saneamento básico da
seguinte forma:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera -se:

I - saneamento básico: conjunto de serviços, infra - estruturas e


instalações operacionais de:

a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades,


infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público
de água potável, desde a captação até as ligações prediais e
respectivos instrumentos de medição;

b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra -


estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte,
tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários,
desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio
ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de


atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico
e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias
públicas;

d) drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização


preventiva das respectivas redes urbanas: conjunto de atividades,
infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de
águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o
amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final
das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas (Redação dada pela
Lei nº 13.308, de 2016).

As informações seguintes, foram obtidas no site do SINIS (Sistema de


Informação Sobre Saneamento), o qual nos mostra que no ano de 2010 apenas 42,6%
da população nacional possuía atendimento com rede de esgoto, e 81,1% com
atendimento de água potável. Em 2018 a população atendida com rede de esgoto
passou de 42,6% para 53,2%, esses números evidenciam que mais de 100 milhões de
brasileiros no ano de 2018 não possuíam rede de esgoto, n o que diz respeito a água
potável, 30 milhões de brasileiros, não eram beneficiados por esse atendimento
(BRASIL, 2018a).
Excelente na teoria, porém aparentemente ineficaz na prática ao ter
conhecimento dos dados, percebe-se que após onze anos da promulgação da Lei
Federal nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007 praticamente metade da população
brasileira ainda não tem acesso a cobertura de esgoto.

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A evolução do saneamento básico na história e o debate de sua privatização no Brasil

4 O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL E A QUESTÃO DA PRIVATIZAÇÃO

No Brasil, o Direito ambiental, consequentemente as políticas de


saneamento básico estão em crescente desenvolvimento (GOMES; OLIVEIRA, 2017).
Conforme Barrocas e Sousa (2017) a tentativa do governo de fomentar a
privatização do saneamento no Brasil não é inédita, pois já esteve presente em
outros episódios, ocasiões em que se tentou realizar a negociação das empresas de
saneamento pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso FHC. Barrocas e
Sousa (2017, p. 1) ainda mencionam que “o Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB) encaminhou diversos projetos de lei para viabilizar a abertura do setor à
iniciativa privada”.
Em alguns desses cenários o objetivo era trazer para a esfera estadual um
serviço cuja titularidade pertencia ao município “antes que os leilões das empresas
estaduais de saneamento ocorressem, pois só assim seria possível precificá-las
corretamente, garantindo aos futuros compradores a sua carteira de clientes”
(BARROCAS; SOUSA, 2017).
Durante muito tempo essa temática se manteve vaga quando se tratava de
questões regulatórias, ocorre que isso ainda perdura e evidencia, especialmente, a
questão da ausência de titularidade do serviço de saneamento (SAIANI, 2012).
A questão da titularidade se torna muito controversa uma vez que em
determinada situação, e conforme o comando constitucional, competiria ao
município, mas quando a atividade é realizada em mais de um município então a
titularidade passaria a ser do Estado. Essa situação só deixa mais claro que a
titularidade é uma característica muito sensível na temática do saneamento
(TUROLLA, 2002).
O art. 21 da Constituição Federal de 1988 traz a competência exclusiva da
União no que tange ao tema de saneamento básico, mas logo adiante, no art. 23,
estabelece a competência executiva comum entre todos os entes da federação com
relação ao mesmo tema, e no art. 30 traz a titularidade do município nesse sentido
(TUROLLA, 2002). Ocorre que essas disposições constitucionais acabaram criando
uma grande brecha para a realização de diversos tipos de interpretação e deixando
certa indefinição em determinados pontos.
Segundo Saiani (2012) a Constituição Federal de 1988 não aborda de forma
específica as responsabilidades atinentes a uma e outra esfera do governo no que

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tange ao tema do saneamento básico, mas o que restou determinado é que os atos
voltados para o saneamento são atuações que incumbem a todos os entes da
federação.
Na Copa Mundial do ano de 2018, o Governo brasileiro enviou para votação
a Medida Provisória nº 844/18, conhecida como a “MP da Privatização do
Saneamento”. Várias classes se juntaram e discordaram veementemente da Medida
Provisória, uma vez que entenderam se tratar de ato inconstitucional (SOUSA, 2018).
Inclusive, é importante frisar que o Partido dos Trabalhadores ajuizou a Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 6006/DF no Supremo tribunal Federal buscando
tornar inconstitucional a Medida Provisória (MP) 844/18, uma vez que o Partido
entendeu se tratar de medida que atentava formal e materialmente contra a
Constituição Federal (BRASIL, 2018b). De igual modo agiu o Partido Socialist a
Brasileiro apresentando a ADI nº 5993/18 contra a referida medida.
Sousa (2018, p. 1) abordou algumas modificações trazidas pela MP 844/18,
mencionando:

As principais mudanças propostas pela MP dizem respeito à regulação


do setor e aos contratos de concessão dos serviços. Em síntese, ela
define a Agência Nacional de Águas (ANA) como o órgão responsável
pela normatização da regulação dos serviços de saneamento básico
de todo o país, elimina a obrigatoriedade do plano municipal de
saneamento como condição para a contratação de empresas de
prestação de serviços, e a mais polêmica delas: ela passa a aplicar
aos contratos de programa (instrumento de colaboração federativa
assinado entre dois entes ou entre entes e consórcio público para a
execução de serviço público comum) as cláusulas essenciais dos
contratos de concessão previstos na Lei no 8.987/1995 (SOUSA, 2018,
p. 1).

Mencione-se também que o mesmo Partido dos Trabalhadores apresentou um


pedido de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal contra a MP 868/18 que
tinha como objetivo buscar a alteração do marco legal referente ao saneamento,
bem como a modificação de leis sobre o assunto. A ação direta de
inconstitucionalidade foi extinta sem resolução do mérito tendo em vista que a
medida provisória deixou de ter validade, conforme o prazo constitucional que é a
esta atribuído no art. 63, §3 (BRASIL, 2019) 3.
A temática do saneamento envolve interesses municipais, estaduais e
especialmente políticos, cujas essências são muitas vezes conflitantes, o que acaba

3
É possível verificar nos autos da ADI 6128/18 a decisão nesse sentido.

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por culminar na criação de impasses que obstam o desenvolvimento desse serviço no


Brasil (COSTA; SOUSA, 2013).
A privatização do saneamento básico é consequência de uma série de
questões, e, não de modo diferente, para Saiani (2012), as questões de o rdem
política são consideradas um forte fator capaz de repercutir grandes influências
para a saúde.
Apesar de não abordar localidades específicas, Turolla (2002) menciona que
em alguns países o alcance do saneamento a todos é visto como uma realidade
longínqua e que exige alta aplicação de capital, a efetivação de uma administração
que tem como suporte apenas sistemas públicos se apresenta complexa e envolta
por obstáculos. Em sua maior parte, esses países ainda precisam lidar com controles
fiscais que geram sérios impedimentos à consecução de investimentos e essa é
justamente a situação do Brasil.
Segundo Thomas Fujiwara a realização de uma análise metódica na seara do
saneamento, torna viável a verificação dos possíveis efeitos provenientes da
privatização desse serviço sobre a vida das pessoas de renda mais escassa
(FUJIWARA, 2005).
Há vários especialistas que são contra a privatização, uma vez que a água,
por exemplo, é um direito extensível a todos apenas em razão da condição de ser
humano, e que dessa forma deve ser obrigatoriamente fornecido (BARROCAS; SOUSA,
2017). Já para Fujiwara (2005) a privatização do serviço de saneamento traz grandes
benesses às pessoas de baixa renda, por exemplo, o que vai de encontro com pontos
de vista populares, autores e mesmo especialistas.
Para Mello, os municípios que adotaram a privatização puderam lidar melhor
com os contratempos que alcançavam a localidade, além de ter ocorrido certo
aumento na concorrência e uma maior atuação dos pequenos empresários nessas
privatizações. Mas em contrapartida privatizar um estado todo vai contra a
soberania do município e contra a gestão “dos recursos hídricos por bacias
hidrográficas” (MELLO, 2005, p. 515).
No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, Barrocas e Sousa (2017) mencionam
que o Governo Federal realizou negociação direta apenas com governadores quanto
à privatização, porém não deu oportunidade de manifestação à esfera municipal,
ignorando opiniões e decisões que viessem do chefe do executivo e do poder
legislativo municipais.
Caso o setor de saneamento passe pela privatização pode ocorrer um

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aumento na acessibilidade à água potável e a uma rede de esgoto, bem como


culminar num serviço prestado com qualidade, mas em contrapartida, há também o
risco de que essa privatização traga consigo consequências desfavoráveis na
qualidade e também na universalização desse serviço, principalmente se servirem
com destaque à população rica (FUJIWARA, 2005).
A temática da privatização enfrenta inúmeras adversidades especialmente
por se tratar de um assunto cuja implantação se mostra controversa. Nesse sentido,
Barrocas e Sousa (2017, p. 3) fazem importante consideração no que diz respeito ao
tema:

[...] é preciso, de uma vez por todas, transcender a discussão


unicamente centrada nos prestadores de serviços e encarar os
obstáculos estruturais e internos ao funcionamento desse setor no
Brasil. Outras dificuldades, que não de ordem financeira, poderiam
explicar o reiterado fracasso dessa política pública no país. Porém,
essa questão não é sequer cogitada por governo, imprensa ou
gestores do ramo. A insistência em reduzir toda discussão sobre a
universalização do saneamento aos prestadores de serviços, além de
não contribuir para trazer à tona o conhecimento sobre os reais
obstáculos que atingem o setor, também serve para ocultar do
debate público as vantagens e os beneficiários que a reedição dessa
antiga agenda pretende implementar (BARROCAS; SOUSA, 2017, p.
3).

Segundo o estudo realizado por Saiani em sua tese de doutorado, foi possível
concluir que a adoção da privatização local, conforme o estudo realizado e exposto,
foi tida como positiva, uma vez que os locais que aderiram à privatização tiveram
os índices de mortalidade reduzidos (SAIANI, 2012). De igual modo concluiu Fujiwara
(2005) que a privatização tem efeito sobre os índices de mortalidade das crianças,
havendo qualidade no fornecimento, água potável e tratamento de esgoto.
Na visão do Governo Federal, a resolução do problema referente ao acesso
da população ao saneamento é justamente a privatização das empresas que fazem
trabalho de saneamento. Segundo ele, apenas uma atuação privada está apta para
trazer acessibilidade aos que não possuem (BARROCAS; SOUSA, 2017).
Ocorre que o acesso de todos ao saneamento ainda se mostra surreal, uma
vez que “35 milhões de brasileiros ainda não dispõem de acesso à água e mais de
100 milhões não têm seus esgotos coletados”, consequentemente, essas pessoas
precisam adotar medidas inseguras e sem proteção para resolver o problema do
esgoto (BARROCAS; SOUSA, 2017, p. 2).
Turolla (2002, p. 7), por sua vez, mencionou que em outros países que

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implementaram um modelo de saneamento específico conseguiram universalizar o


acesso a quase todos, nesse sentido:

A indústria do saneamento tem como característica marcante a


presença de custos fixos elevados em capital altamente específico.
A principal consequência (sic) dessa configuração, associada à idéia
de monopólio natural, é um dilema entre a eficiência produtiva e a
eficiência alocativa, além de um baixo incentivo ao inv estimento.
Em consequência (sic), o setor de saneamento organiza-se em boa
parte do mundo sob o formato de gestão pública e local. Vários países
desenvolvidos foram capazes de atingir a universalização quase
absoluta sob esse modelo, embora possa ser verif icada uma
tendência por uma maior participação da iniciativa privada
(TUROLLA, 2002, p. 7).

Em razão do saneamento figurar como um setor que deve ser naturalmente


liderado por apenas uma empresa “por conta da economia de escala”, o governo
deve atuar de modo a evitar que a ausência de concorrência não leve a empresa a
cobrar valores elevados, limitar a qualidade do serviço ou a quantidade que é
fornecida (COSTA; SOUSA, 2013, p. 590).
A implementação de um saneamento de boa qualidade, que esteja ao
alcance de todos, é um desafio que já vem sendo enfrentado pelo país e que gera a
necessidade de reanálise das “relações entre Estado, capital e sociedade”, mas
especialmente sobre quais são as atuações estatais urgentes na esfera de políticas
voltadas para a população e para questões sociais (BORJA, 2014, p. 445).
No ano de 2002, Frederico A. Turolla escreveu sobre saneamento básico e
abordou os avanços e as políticas que teriam que ser aplicadas futuramente nesse
sentido. Em seu trabalho, o autor mencionou que já naquela época havia muito
debate sobre a tentativa de universalização do saneamento em um curto período de
tempo, mas logo adiante mencionou que esse era um ponto que envolvia muitas
outras questões, como a evolução urbana, ambientais e voltadas para a saú de
pública (TUROLLA, 2002).
As adversidades enfrentadas na conquista da acessibilidade de todos ao
saneamento são de diversas ordens e envolvem também problemas de administração
e investimentos, mas o ponto principal é compreender quais são as necessidades
iminentes como saúde e questões sociais, pois estas devem estar acima de questões
econômicas (BORJA, 2014).
Desse modo, ainda que o saneamento seja de grande relevância para a saúde
da população e para as condições ambientais, a acessibilidade desse servi ço se
apresenta dentre os objetivos brasileiros de implementação necessária, e frise -se

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que ainda é necessário muito desenvolvimento nesse sentido, especialmente porque


o país possui índices dissonantes com a posição econômica que ocupa no cenário
mundial (BORJA, 2014).

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como o


saneamento básico evoluiu ao longo das civilizações, bem como, estudar a história
e ver os danos que a ausência do mesmo pode causar à saúde. A fa lta de saúde
sanitária foi responsável pela proliferação de diversas doenças que dizimaram
populações ao longo dos anos em diferentes lugares. Este estudo possibilitou ampliar
o conhecimento histórico e legislativo, e perceber que a falta de cuidado com o
meio ambiente pode acarretar sérias consequências. Não diferente do passado, a
falta de saneamento básico continua afetando a vida de pessoas no mundo inteiro.
Dada à importância do assunto, ao analisar e ter conhecimento das consequências
que a falta de saneamento básico já provocou, torna-se necessário o
desenvolvimento de estudos e políticas que possam contribuir para garantir esses
direitos a todos.
A temática da privatização ainda vai ser palco de grandes discussões e tende
a se intensificar principalmente diante do cenário político em que se encontra o
Brasil neste ano de 2020. Sobretudo, para que haja avanço na discussão do tema, é
necessário que sejam analisadas as dificuldades enfrentadas pelo cenário de modo
geral e dos obstáculos que ainda se encontram tão atuantes a fim de que seja
possível chegar a uma conclusão consistente que beneficie à população de forma
geral, inclusive às populações mais pobres que muitos sofrem com os problemas
gerados pela falta de saneamento.

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A evolução do saneamento básico na história e o debate de sua privatização no Brasil

Informações adicionais e declarações dos autores


(integridade científica)

Declaração de conflito de interesses (conflict of interest declaration): o autor confirma que


não há conflitos de interesse na realização das pesquisas expostas e na redação deste artigo.

Declaração de autoria e especificação das contribuições (declaration of authorship): todas


e somente as pessoas que atendem os requisitos de autoria deste artigo estão listadas como
autores; todos os coautores se responsabilizam integralmente por este trabalho em sua
totalidade.

 Larissa dos Reis Nunes: projeto e esboço inicial (conceptualization), desenvolvimento da


metodologia (methodology), levantamento bibliográfico (investigation), revisão
bibliográfica (investigation), participação ativa nas discussões dos resultados (validation),
revisão crítica com contribuições substanciais (writing – review and editing), aprovação
da versão final.

 Raphael Rodrigo Licheski Diaz: redação (writing – original draft), levantamento


bibliográfico (investigation), revisão bibliográfica (investigation), participação ativa nas
discussões dos resultados (validation), aprovação da versão final.

Declaração de ineditismo e originalidade (declaration of originality): o autor assegura que


o texto aqui publicado não foi divulgado anteriormente em outro meio e que futura
republicação somente se realizará com a indicação expressa da referência desta publicação
original; também atesta que não há plágio de terceiros ou autoplágio.

Dados do processo editorial

 Recebido em: 27/05/2020 Equipe editorial envolvida


 Controle preliminar e verificação de plágio: 27/05/2020  Editor-Chefe: FQP
 Avaliação 1: 10/06/2020  Assistente-Editorial: MR
 Avaliação 2: 23/06/2020  Revisores: 02
 Decisão editorial preliminar: 23/06/2020
 Retorno rodada de correções: 07/09/2020
 Decisão editorial final: 07/09/2020
 Publicação: 17/12/2020

COMO CITAR ESTE ARTIGO

DIAZ, Raphael Rodrigo Licheski; NUNES, Larissa dos Reis. A evolução do saneamento básico
na história e o debate de sua privatização no Brasil. Revista de Direito da Faculdade
Guanambi, Guanambi, v. 7, n. 02, e292, jul./dez. 2020. doi:
https://doi.org/10.29293/rdfg.v7i02.292. Disponível em:
http://revistas.faculdadeguanambi.edu.br/index.php/Revistadedireito/article/view/29
2. Acesso em: dia mês. ano.

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https://doi.org/10.29293/rdfg.v7i02.292

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