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Resumo: Ao longo dos anos, a demanda por água potável tem crescido no Brasil
e no mundo, diante da iminente crise hídrica. Ademais, o acesso à água ainda não
é democratizado no Brasil, mesmo com uma rede de mais de 7500 Estações de
Tratamento de Água (ETA), deixando de fornecer água apropriada para consumo
para, aproximadamente, 12,3% da população, isto é, 27 milhões de pessoas.
Pensando nisso, o trabalho desenvolvido neste estudo se dá tanto pela ineficiência
da rede de tratamento e distribuição de água quanto pela busca de sistemas
alternativos capazes de atender a demanda através de um equipamento acessível
e duradouro. Nesse estudo, foram levados em conta os parâmetros de
potabilidade estabelecidos na Portaria MS nº 2914 do Ministério da Saúde de
12/12/2011 e pela Resolução n°357 do Ministério do Meio Ambiente de
17/03/2005, tais como a alcalinidade, concentração de cloretos, dureza, pH,
sólidos totais dissolvidos e presença de microrganismos.
Palavras-chave: Água. Tratamento e distribuição. Parâmetros de potabilidade.
1. INTRODUÇÃO
A água, afirmava Tales de Mileto, filósofo pré-socrático, era a substância
fundamental de que todas as outras se compunham; se pulverizássemos bem as
coisas, as dissecássemos ou as examinássemos de muito perto, encontraríamos não
ferro, pedra ou carne, mas água. Tales, então, pensa que, no fundo, “tudo é um”, ou
seja, há uma unidade geral do universo (Guia do Estudante).
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Estima-se que 71% da superfície terrestre é coberta por água, e que 97,5% da
água existente no planeta Terra é salgada e não é adequada ao uso domiciliar e
tampouco em plantações ou processos industriais. Dos 2,5% de água doce, 69% são
inacessíveis, pois estão nas calotas polares, 30% são águas subterrâneas e 1%
encontra-se nos rios (ANA). O Brasil detém 12% dos mananciais1, superando a África
em 2%, e todo o continente europeu em 5% (ANA). Ainda assim, a distribuição de
água potável no país é preocupante, afinal, cerca 16 a 17% da população brasileira
não têm acesso a esse recurso e, além disso, cerca de 37% da água tratada é perdida
na distribuição, causando, todo ano, um prejuízo de oito bilhões de reais (Trata Brasil).
1 Os mananciais são fontes de onde se retira a água doce para abastecimento e consumo da
população e outros usos, seja para indústria ou agricultura.
2 O crescente fértil foi uma importante região, especialmente para o início da sedentarização de
diversos povos. Ela leva este nome porque, localizada entre os rios Tigre, Eufrates, Jordão e Nilo,
tem um formato que se assemelha ao de uma lua crescente.
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Durante toda a Idade Média, essa responsabilidade foi transferida do Estado, à
época inexistente, para os cidadãos em seus feudos, afinal, com o declínio de Roma,
todo o conhecimento relacionado ao saneamento básico no Ocidente fora guardado
em mosteiros, facilitando a propagação de epidemias relacionadas à falta de higiene
como a peste bubônica, que dizimou cerca de 1/3 da população europeia, e tornados
públicos novamente após a decadência do poder da Igreja Católica e a ascensão dos
Estados Nacionais (EOS).
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Marcado sempre pela falta de planejamento, as primeiras estruturas de
responsabilidade do Estado Brasileiro eram precárias devido à falta de investimento
público, e assim permaneceram até a segunda metade do século XX.
Outro grande obstáculo que existiu durante anos foi a indecisão entre governos
federal, estadual e municipal sobre quem deveria gerenciar essas diretrizes. No dia
05 de janeiro de 2007, com a sanção da Lei Federal nº 11.445, chamada de Lei
Nacional do Saneamento Básico – LNSB, essa questão foi esclarecida, tornando os
municípios os responsáveis pelo tratamento e distribuição da água, entrando em vigor
a partir de 22 de fevereiro do mesmo ano e estabeleceu as diretrizes nacionais para
o saneamento básico no Brasil (EOS).
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contaminantes presentes na água, além de princípios das operações unitárias,
calcados em conceitos físicos teóricos e experimentais.
2.1 Captação – é a etapa em que obtém a água para o tratamento. Com o auxílio de
galões de 20L, foram captadas água de chuva e água do laboratório da ETEC João
Belarmino.
2.2 Peneiração – a água bruta, antes ser introduzida no Tanque 1, passará por uma
peneira para remover grandes resíduos em suspensão, evitando danos ao
sistema.
2.3 Alcalinização – nessa etapa do processo, é introduzida uma solução de óxido de
cálcio (CaO) ao Tanque 1, para oxidação dos metais ionizados, tornando-os
insolúveis em água (caso a água apresente um valor de pH<7).
2.4 Coagulação – é introduzido o reagente coagulante ao Tanque 1, especialmente o
policloreto de alumínio e o sulfato de alumínio, para a formação de “redes de
sujeira”, facilitando a formação de flocos.
2.5 Decantação e Flotação – nessa etapa, o sistema fica em repouso, para haver a
separação entre o precipitado, a água e o sobrenadante.
2.6 Filtração – a água + sobrenadante + precipitado passarão por um filtro natural de
areia e pedra, onde será feita a separação dos resíduos sólidos da água. Nessa
etapa também é introduzido o carvão ativado, para a desodorização da água.
2.7 Cloração – no Tanque 2 será adicionado o hipoclorito de sódio e deixado em
repouso por 30 minutos na ausência de luz, para que haja a desinfecção da água,
evitando a prospecção de microrganismos.
No sistema, será introduzido 100 mL da Solução Alfa (Α) ao Tanque 1 (T1), que
reagirá com os resíduos em suspensão na água bruta, conforme fora explicado
nos parágrafos “Alcalinização” e “Coagulação”. A Solução Α é composta de 300
g/L de sulfato de alumínio e uma gota de solução de policloreto de alumínio.
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Já no Tanque 2 (T2) será adicionada 3 gotas por litro da Solução Ômega (Ω),
um agente microbiocida. A Solução Ω é composta de hipoclorito de sódio 3%,
conforme é apresentado no parágrafo “Cloração”.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
À priori, foi proposto montar um filtro natural (FN) seguindo a estrutura descrita
na figura 1 abaixo:
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Fonte: dos próprios autores
Logo acima, no topo, foi feito uma estrutura similar a base, mas com uma
largura menor para poder comportar o T1.
Para misturar a água com a solução Α no T1, foi introduzido um motor de alto
torque a 35RPM conectado a uma pá giratória. Na Imagem 3 abaixo, é descrito o
sistema elétrico acoplado à pá giratória:
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Fonte: dos próprios autores
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Fonte: dos próprios autores
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Para a análise da água, foram levados em conta os parâmetros estabelecidos
na Portaria MS nº 2914 do Ministério da Saúde de 12/12/2011 e pela Resolução n°357
do Ministério do Meio Ambiente de 17/03/2005, visíveis na Tabela 1.
Para a aferição de sólidos totais dissolvidos, uma cápsula limpa foi deixada
previamente por 1h na estufa a 180°C e deixada no dessecador para resfriar até a
temperatura ambiente. Foi filtrado 100 mL da amostra homogeneizada à vácuo em
papel de filtro. O papel foi lavado 3 vezes com 10 mL de água destilada e após isso o
filtrado foi colocado de volta na cápsula e evaporado até a secagem em banho-maria.
Depois de evaporada a amostra, a cápsula de porcelana foi introduzida na estufa por
1h sob temperatura de 180°C, esfriada no dessecador até temperatura ambiente e
pesada. A seguir, a cápsula foi colocada na estufa por mais uma 1 hora sob
temperatura de 103 a 105°C, esfriado no dessecador e pesado novamente.
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Para determinação de presença de bactérias heterotróficas na água (filtrada e
clorada), foram preparadas duas placas de Petri contendo o meio de cultura Luria
Bertani, introduzindo uma alíquota da amostra de água filtrada em uma delas e na
outra, água clorada.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através dos dados obtidos pelas análises em que as amostras de água foram
submetidas, foi possível aferir que o sistema funciona corretamente, sendo notório
visualmente e organolepticamente a diferença entre a água bruta (Imagem 5) e
tratada, conforme é possível ver na Imagem 7:
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Imagem 7 – Água tratada
Além disso, foi possível verificar a eficiência do tratamento da água com cloro
ativo através da introdução de hipoclorito de sódio, por meio das análises de bactérias
heterotróficas feitas com a água somente filtrada e clorada, presentes nas Imagens 8
e 9 abaixo:
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Imagem 9 – Placa de Petri com água clorada
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5. CONCLUSÃO
Através da estrutura montada ao longo desse trabalho de conclusão de curso,
foi possível montar um sistema alternativo para o tratamento de água barato e
eficiente.
Para atingir tal objetivo, foram traçadas metas para cada etapa do trabalho,
como a montagem do filtro, testagem das reações envolvidas no processo, a
montagem do sistema e a análise das características físico-químicas e
microbiológicas das amostras de água filtrada e clorada.
3 composto orgânico amplamente conhecido pelo agradável cheiro de terra molhada. Essa molécula
pode ser sintetizada por alguns microrganismos, tais como as bactérias Streptomyces e
Actinomicetos, Cianobactérias (algas azuis) e os fungos.
4 Sintomas causados por alguma instabilidade emocional que vão gerar efeitos físicos no organismo.
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PORTABLE WTS: accessible alternative for the problem of potable water
distribution in Brazil
Abstract: Through time, the potable water demand had been increased in Brazil
and worldwide, in face of the imminent hydric crisis. Furthermore, the access to
water isn’t democratized in Brazil yet, even with a 7500 Water Treatment Stations
network (WTS), failing to provide proper water to usage to, approximately, 12,3%
of the population, this is, 27 million people. Thinking about that, the work developed
in this research takes place both by the inefficiency of the treatment and distribution
network and by the seeking for alternative systems capable of attending to the
demand through accessible and longstanding equipment. In this study, were
considered the parameters established by the Ordinance MS nº 2914 from Health
Ministery of 12/12/2011 and by Resolution n°357 from Environment Ministery of
17/03/2005, like alkalinity, chloride concentration, hardness, pH, total solids solved,
and microorganisms presence.
Keywords: Water. Treatment and distribution. Potable parameters.
REFERÊNCIAS
1. ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO, Agência Nacional de. "Água no mundo";
gov.br. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/acesso-a-
informacao/acoes-e-programas/cooperacao-internacional/agua-no-mundo.
Acesso em 9 de julho de 2021;
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5. BARROS, Rodrigo. "Conheça a história do saneamento básico e tratamento
de água e esgoto”; EOS. Disponível em:
https://www.eosconsultores.com.br/historia-saneamento-basico-e-tratamento-
de-agua-e-esgoto/. Acesso em 12 de novembro de 2021;
10. BARBOSA, Juliana. "Bactérias Gram positivas e Gram negativas: o que isso
quer dizer?”; Food Safety Brasil. Disponível em:
https://foodsafetybrazil.org/bacterias-gram-positivas-e-negativas-o-que-isso-
quer-dizer/. Acesso em 12 de novembro de 2021;
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