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Centro Paula Souza

ETEC “João Belarmino”

Ensino Técnico Integrado ao Médio - Química

ETA PORTÁTIL: alternativa acessível para o problema da distribuição de


água potável no Brasil

Arthur Luiz Melo Diniz


Laiani Vitória Machado
Leonardo Fonseca de Lima
Lucas Eduardo Godoi Moraes

Resumo: Ao longo dos anos, a demanda por água potável tem crescido no Brasil
e no mundo, diante da iminente crise hídrica. Ademais, o acesso à água ainda não
é democratizado no Brasil, mesmo com uma rede de mais de 7500 Estações de
Tratamento de Água (ETA), deixando de fornecer água apropriada para consumo
para, aproximadamente, 12,3% da população, isto é, 27 milhões de pessoas.
Pensando nisso, o trabalho desenvolvido neste estudo se dá tanto pela ineficiência
da rede de tratamento e distribuição de água quanto pela busca de sistemas
alternativos capazes de atender a demanda através de um equipamento acessível
e duradouro. Nesse estudo, foram levados em conta os parâmetros de
potabilidade estabelecidos na Portaria MS nº 2914 do Ministério da Saúde de
12/12/2011 e pela Resolução n°357 do Ministério do Meio Ambiente de
17/03/2005, tais como a alcalinidade, concentração de cloretos, dureza, pH,
sólidos totais dissolvidos e presença de microrganismos.
Palavras-chave: Água. Tratamento e distribuição. Parâmetros de potabilidade.
1. INTRODUÇÃO
A água, afirmava Tales de Mileto, filósofo pré-socrático, era a substância
fundamental de que todas as outras se compunham; se pulverizássemos bem as
coisas, as dissecássemos ou as examinássemos de muito perto, encontraríamos não
ferro, pedra ou carne, mas água. Tales, então, pensa que, no fundo, “tudo é um”, ou
seja, há uma unidade geral do universo (Guia do Estudante).

1
Estima-se que 71% da superfície terrestre é coberta por água, e que 97,5% da
água existente no planeta Terra é salgada e não é adequada ao uso domiciliar e
tampouco em plantações ou processos industriais. Dos 2,5% de água doce, 69% são
inacessíveis, pois estão nas calotas polares, 30% são águas subterrâneas e 1%
encontra-se nos rios (ANA). O Brasil detém 12% dos mananciais1, superando a África
em 2%, e todo o continente europeu em 5% (ANA). Ainda assim, a distribuição de
água potável no país é preocupante, afinal, cerca 16 a 17% da população brasileira
não têm acesso a esse recurso e, além disso, cerca de 37% da água tratada é perdida
na distribuição, causando, todo ano, um prejuízo de oito bilhões de reais (Trata Brasil).

Apesar dos problemas relacionados ao tratamento e distribuição de água, a


prática é observada desde a Antiguidade. “Sanear”, palavra originada do latim,
significa tornar saudável, higienizar e limpar. Ao longo do tempo, o ser humano
desenvolveu algumas técnicas importantes como irrigação, construção de diques e
canalizações superficiais e subterrâneas. Com isso, também surgiram medidas
sanitárias. A primeira rede de distribuição de água e captação de esgoto foi construída
há aproximadamente 4.000 anos, na Índia. Grandes tubos feitos de argila levavam as
águas residuais e os detritos para canais cobertos que corriam pelas ruas e
desaguavam nos campos, adubando e regando as plantações (Trata Brasil). Os povos
mesopotâmicos haviam inventado, paralelamente, sistemas de irrigação, o que
possibilitou o avanço da civilização naquela porção do Crescente Fértil2.
Especialmente na cidade de Nippur, na Babilônia, onde localiza-se o Vale do Indo,
cujas cidades são conhecidas pelos planejamentos urbanos e sistemas de
abastecimento e drenagem extremamente elaborados para a época (EOS). No Egito,
existem vestígios de um sistema hidráulico de cobre que leva água do rio Nilo ao
palácio do faraó Quéops, e em Roma, famosa pelos aquedutos, havia a preocupação
de trazer água para os centros urbanos para o uso público, a fim de prevenir doenças
(Trata Brasil).

1 Os mananciais são fontes de onde se retira a água doce para abastecimento e consumo da
população e outros usos, seja para indústria ou agricultura.
2 O crescente fértil foi uma importante região, especialmente para o início da sedentarização de

diversos povos. Ela leva este nome porque, localizada entre os rios Tigre, Eufrates, Jordão e Nilo,
tem um formato que se assemelha ao de uma lua crescente.

2
Durante toda a Idade Média, essa responsabilidade foi transferida do Estado, à
época inexistente, para os cidadãos em seus feudos, afinal, com o declínio de Roma,
todo o conhecimento relacionado ao saneamento básico no Ocidente fora guardado
em mosteiros, facilitando a propagação de epidemias relacionadas à falta de higiene
como a peste bubônica, que dizimou cerca de 1/3 da população europeia, e tornados
públicos novamente após a decadência do poder da Igreja Católica e a ascensão dos
Estados Nacionais (EOS).

Em Paris, no final do século XV, a distribuição de água era controlada por


canalizações. Em 1664, a distribuição de água canalizada foi incrementada com a
fabricação de tubos de ferro fundidos e moldados, por Johan Jordan, na França, sendo
instalada no palácio de Versalhes. Pouco tempo depois, Johan inventou a bomba
centrífuga (Trata Brasil).

Em decorrência da Revolução Industrial, aumentou exponencialmente o


acúmulo de lixo e excrementos nas ruas. Por consequência disso, tornou-se
necessária a criação de um sistema de água e esgoto que desse conta da demanda
da população, e em 1775, Joseph Bramah inventou o vaso sanitário na Inglaterra
(Trata Brasil).

A primeira Estação de Tratamento de Água (ETA) foi construída em Londres,


em 1829, e tinha a função de coar a água do rio Tâmisa em filtros de areia. A ideia de
tratar o esgoto antes de lançá-lo ao meio ambiente, porém, só foi testada pela primeira
vez em 1874 na cidade de Windsor, Inglaterra. Porém com a descoberta de que
doenças letais da época, como a cólera, eram transmitidas pela água, técnicas de
filtração e cloração foram mais amplamente estudadas e empregadas, chegando
próximas ao que vemos hoje (Trata Brasil).

No Brasil, o primeiro registro de saneamento ocorreu em 1561, quando o


fundador, Estácio de Sá, mandou escavar o primeiro poço para abastecer o Rio de
Janeiro. Na capital, o primeiro chafariz foi construído em 1744. No período colonial,
ações de saneamento eram feitas de forma individual, resumindo-se à drenagem de
terrenos e instalação de chafarizes (EOS).

3
Marcado sempre pela falta de planejamento, as primeiras estruturas de
responsabilidade do Estado Brasileiro eram precárias devido à falta de investimento
público, e assim permaneceram até a segunda metade do século XX.

Em meados da década de 40, iniciou-se a comercialização dos serviços de


saneamento. Surgem então as autarquias e mecanismos de financiamento para o
abastecimento de água, com influência do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP),
hoje denominada Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e em 1971, foi instituído o
Plano Nacional de Saneamento (PLANASA).

Outro grande obstáculo que existiu durante anos foi a indecisão entre governos
federal, estadual e municipal sobre quem deveria gerenciar essas diretrizes. No dia
05 de janeiro de 2007, com a sanção da Lei Federal nº 11.445, chamada de Lei
Nacional do Saneamento Básico – LNSB, essa questão foi esclarecida, tornando os
municípios os responsáveis pelo tratamento e distribuição da água, entrando em vigor
a partir de 22 de fevereiro do mesmo ano e estabeleceu as diretrizes nacionais para
o saneamento básico no Brasil (EOS).

As doenças causadas pela exposição e consumo de água contaminada são


diversas, como por exemplo leptospirose, cólera, hepatite A e giardíase, sendo mais
frequentes em organismos mais frágeis, como crianças de 1 a 6 anos, gestantes e
idosos. Decorrendo da presença e proliferação de microrganismos facilitada em meio
aquoso, que aparecem naturalmente ou inseridos por ação antrópica, como a poluição
(Tua Saúde). Além disso, a higiene básica torna-se ameaçada quando o acesso à
água potável é prejudicado, trazendo à tona também doenças associadas à falta
desses cuidados, como disenteria bacteriana, diarreia, febre tifoide e, atualmente,
favorece o contágio pelo COVID-19 (BRK Ambiental).

Tendo em vista essas problemáticas, o presente trabalho justifica-se pela


necessidade de, além de garantir o acesso à água potável e limpa, direito reconhecido
pela Organização das Nações Unidas por meio de sua Resolução n° 64/292
(Planalto), contribuir, através do desenvolvimento de um sistema alternativo, para que
mais pessoas e até mesmo empresas possam ter o acesso a esse recurso de forma
facilitada, utilizando de características físico-químicas e microbiológicas dos

4
contaminantes presentes na água, além de princípios das operações unitárias,
calcados em conceitos físicos teóricos e experimentais.

2. ETAPAS DO TRATAMENTO PELA ETA PORTÁTIL

Tanto em uma ETA convencional quanto em uma portátil o tratamento é


segmentado em diversas etapas, para aumentar o grau de potabilidade. Abaixo segue
detalhadamente cada etapa do processo pela ETA portátil:

2.1 Captação – é a etapa em que obtém a água para o tratamento. Com o auxílio de
galões de 20L, foram captadas água de chuva e água do laboratório da ETEC João
Belarmino.
2.2 Peneiração – a água bruta, antes ser introduzida no Tanque 1, passará por uma
peneira para remover grandes resíduos em suspensão, evitando danos ao
sistema.
2.3 Alcalinização – nessa etapa do processo, é introduzida uma solução de óxido de
cálcio (CaO) ao Tanque 1, para oxidação dos metais ionizados, tornando-os
insolúveis em água (caso a água apresente um valor de pH<7).
2.4 Coagulação – é introduzido o reagente coagulante ao Tanque 1, especialmente o
policloreto de alumínio e o sulfato de alumínio, para a formação de “redes de
sujeira”, facilitando a formação de flocos.
2.5 Decantação e Flotação – nessa etapa, o sistema fica em repouso, para haver a
separação entre o precipitado, a água e o sobrenadante.
2.6 Filtração – a água + sobrenadante + precipitado passarão por um filtro natural de
areia e pedra, onde será feita a separação dos resíduos sólidos da água. Nessa
etapa também é introduzido o carvão ativado, para a desodorização da água.
2.7 Cloração – no Tanque 2 será adicionado o hipoclorito de sódio e deixado em
repouso por 30 minutos na ausência de luz, para que haja a desinfecção da água,
evitando a prospecção de microrganismos.

No sistema, será introduzido 100 mL da Solução Alfa (Α) ao Tanque 1 (T1), que
reagirá com os resíduos em suspensão na água bruta, conforme fora explicado
nos parágrafos “Alcalinização” e “Coagulação”. A Solução Α é composta de 300
g/L de sulfato de alumínio e uma gota de solução de policloreto de alumínio.

5
Já no Tanque 2 (T2) será adicionada 3 gotas por litro da Solução Ômega (Ω),
um agente microbiocida. A Solução Ω é composta de hipoclorito de sódio 3%,
conforme é apresentado no parágrafo “Cloração”.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

À priori, foi proposto montar um filtro natural (FN) seguindo a estrutura descrita
na figura 1 abaixo:

Figura 1 – Esquema do filtro natural

Fonte: Ecofossa. https://ecofossa.com/aprenda-fazer-um-filtro-caseiro-com-garrafa-pet/

Mas, depois da montagem de maneira como é descrito na imagem acima, foi


notório a falta de eficiência na filtração. Portanto, o FN foi montado com uma dupla
camada de areia grossa, areia fina e carvão ativado num tubo de 100 mm de diâmetro
ao longo de 0,5 m de comprimento, visível na Imagem 1 abaixo, aumentando assim
sua capacidade filtrante e desodorizante.

Imagem 1 – Filtro Natural

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Fonte: dos próprios autores

Para a montagem da estrutura que comportará o sistema de tratamento de


água, foi escolhido como material tubos de PVC, pelo preço e resistência, com os
seguintes componentes e dimensões: tubulação (19 mm; 25,4 mm; 60 mm), adaptador
(60 mm para 19 mm), válvula de esfera (19 mm), luvas (25,4 mm), te (25,4 mm),
joelhos (25,4 mm), cola para PVC, lixa d’água e serrinha para tubulação. Na primeira
etapa, foi montado a base para comportar o T2 e suportar o peso do FN e T1. Para
deixar o FN suspenso, foi montado uma estrutura subindo dois tubos conectados por
dois “tes”, no qual o FN foi amarrado por um arame e cordas, tal como é visível na
Imagem 2:

Imagem 2 – Estrutura do Filtro Natural na ETA

Fonte: dos próprios autores

Logo acima, no topo, foi feito uma estrutura similar a base, mas com uma
largura menor para poder comportar o T1.

Para misturar a água com a solução Α no T1, foi introduzido um motor de alto
torque a 35RPM conectado a uma pá giratória. Na Imagem 3 abaixo, é descrito o
sistema elétrico acoplado à pá giratória:

Imagem 3 – Sistema elétrico da pá giratória

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Fonte: dos próprios autores

Seguindo os esquemas acima expostos, foi possível montar a ETA Portátil


barateando o processo, resultando no sistema presente na Imagem 4 abaixo:

Imagem 4 – ETA Portátil

Fonte: dos próprios autores

Para a testagem das reações, foi feito primeiramente com o FN separado do


sistema, no qual foi adicionado a água decantada. Para obter a água decantada, foi
adicionado uma massa de oxidante 1,3998 g, presente devido ao pH baixo da água
bruta, e 1,1687g do coagulante para cada litro de água, o pH atingiu valor igual a 11,
tornando o meio básico para facilitar a formação de hidróxidos insolúveis, resultando
em uma água com esse aspecto visível na Imagem 5:

Imagem 5 – Água bruta

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Fonte: dos próprios autores

Depois disso, o pH foi ajustado para 7, utilizando-se da solução de ác. sulfúrico


20%, para ocorrer a ação devida do floculante, do qual foi adicionado uma gota. Em
seguida, o béquer foi deixado em repouso para decantação durante 10 minutos,
resultado notório na Imagem 6:

Imagem 6 – Água decantada

Fonte: dos próprios autores

Depois da separação, a mistura heterogênea foi submetida à filtragem pelo FN,


e posteriormente separada em “água filtrada” e “água clorada”, com a introdução de 4
gotas hipoclorito de sódio 3% para cada litro de água.

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Para a análise da água, foram levados em conta os parâmetros estabelecidos
na Portaria MS nº 2914 do Ministério da Saúde de 12/12/2011 e pela Resolução n°357
do Ministério do Meio Ambiente de 17/03/2005, visíveis na Tabela 1.

Para a determinação da alcalinidade de hidróxidos, foi adicionado 10 mL da


amostra e 2 a 3 gotas de fenolftaleína em um Erlenmeyer de 250 mL, utilizando de
uma solução H2SO4 0,01 M, até que fique incolor. Depois disso, foi pipetado 2 a 3
gotas de indicador de laranja de metila e titulado com o restante do H2SO4 0,01 M,
realizada até o ponto em que se observa a virada do laranja para o salmão, essa etapa
determina a presença de carbonatos e bicarbonatos.

Em um Erlenmeyer de 250 mL foi adicionado 10 mL da amostra e 2 gotas de


solução indicadora de K2Cr2O7 além de 41 mL de solução de NaOH 0,02 M. O padrão
secundário utilizado foi uma solução de AgNO3 0,0141 M até a viragem do amarelo
para o laranja com formação de precipitado no fundo do Erlenmeyer.

Foi adicionado em um Erlenmeyer de 250 mL 10 mL de amostra, 2 mL de


solução tampão pH 10 e uma ponta de espátula de indicador preto de eriocromo T.
Titular com EDTA 0,01 M até a viragem de rosa para azul.

Na determinação do pH, o equipamento utilizado foi o mPA-210 calibrado


previamente com as soluções-tampão de pH 4 e 10 e posteriormente com o tampão
de pH 7. Para a leitura da amostra, os eletrodos de referência e indicador foram
introduzidos em uma alíquota colocada em um béquer de 100 mL.

Para a aferição de sólidos totais dissolvidos, uma cápsula limpa foi deixada
previamente por 1h na estufa a 180°C e deixada no dessecador para resfriar até a
temperatura ambiente. Foi filtrado 100 mL da amostra homogeneizada à vácuo em
papel de filtro. O papel foi lavado 3 vezes com 10 mL de água destilada e após isso o
filtrado foi colocado de volta na cápsula e evaporado até a secagem em banho-maria.
Depois de evaporada a amostra, a cápsula de porcelana foi introduzida na estufa por
1h sob temperatura de 180°C, esfriada no dessecador até temperatura ambiente e
pesada. A seguir, a cápsula foi colocada na estufa por mais uma 1 hora sob
temperatura de 103 a 105°C, esfriado no dessecador e pesado novamente.

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Para determinação de presença de bactérias heterotróficas na água (filtrada e
clorada), foram preparadas duas placas de Petri contendo o meio de cultura Luria
Bertani, introduzindo uma alíquota da amostra de água filtrada em uma delas e na
outra, água clorada.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1 – Valores máximos permitidos dos parâmetros analisados

Parâmetro Valor máximo


Alcalinidade de CaCO3 125 mg/L
Cloreto 250 mg/L
Dureza 500 mg/L
pH 6,0 –9,0
Sólidos Totais Dissolvidos 500 mg/L
Bactérias heterotróficas Ausente
Fonte: Portaria MS nº 2914, Ministério da Saúde, 12/12/2011, Resolução n°357, Ministério do Meio
Ambiente (CONAMA), 17/03/2005

Na Tabela 2 abaixo, estão organizados os dados obtidos das análises


realizadas em laboratório da água filtrada e clorada:

Tabela 2 – Resultados obtidos em laboratório

Parâmetro Valor máximo


Alcalinidade de CaCO3 78 mg/L
Cloreto 83 mg/L
Dureza 23,35 mg/L
pH 8,31
Sólidos Totais Dissolvidos 484 mg/L
Bactérias heterotróficas (água filtrada) Presente
Bactérias heterotróficas (água clorada) Ausente
Fonte: dos próprios autores

Através dos dados obtidos pelas análises em que as amostras de água foram
submetidas, foi possível aferir que o sistema funciona corretamente, sendo notório
visualmente e organolepticamente a diferença entre a água bruta (Imagem 5) e
tratada, conforme é possível ver na Imagem 7:

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Imagem 7 – Água tratada

Fonte: do próprio autor

Além disso, foi possível verificar a eficiência do tratamento da água com cloro
ativo através da introdução de hipoclorito de sódio, por meio das análises de bactérias
heterotróficas feitas com a água somente filtrada e clorada, presentes nas Imagens 8
e 9 abaixo:

Imagem 8 – Placa de Petri com água filtrada

Fonte: dos próprios autores

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Imagem 9 – Placa de Petri com água clorada

Fonte: dos próprios autores

Inclusive, na amostra de água filtrada, foram encontradas colônias de bactérias


gram-negativas (coloração rósea), cuja probabilidade de serem patogênicas estão em
torno de 90 a 95%.

Imagem 10 – Esfregaço da placa de água filtrada

Fonte: Bruna Luísa Mauruto, 2021

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5. CONCLUSÃO
Através da estrutura montada ao longo desse trabalho de conclusão de curso,
foi possível montar um sistema alternativo para o tratamento de água barato e
eficiente.

Para atingir tal objetivo, foram traçadas metas para cada etapa do trabalho,
como a montagem do filtro, testagem das reações envolvidas no processo, a
montagem do sistema e a análise das características físico-químicas e
microbiológicas das amostras de água filtrada e clorada.

Na montagem do filtro, houve a necessidade de inserir uma camada dupla de


areias e carvão, para melhorar as características colorimétricas e organolépticas da
água. Observou-se também que dependendo do pH da água, é necessário a
utilização de um agente oxidante para ocorrência das reações. Ademais, durante a
montagem do sistema, foi notório a diferença e dificuldade em montá-lo com madeira,
sendo preferível a tubulação, mais barata e prática de se lidar. Para as análises das
amostras, houve a falta de alguns reagentes para análises pertinentes, mas não
necessárias para garantir a potabilidade da água.

Além disso, foi possível verificar que havendo a presença de geosmina 3 na


água bruta, ela não é possível de ser retirada apenas com o tratamento estabelecido
no presente artigo, sendo sugerido a introdução de peróxido de hidrogênio para a
remediação dessa substância que, apesar de não comprometer a potabilidade da
água, apresenta efeitos psicossomáticos4.

3 composto orgânico amplamente conhecido pelo agradável cheiro de terra molhada. Essa molécula
pode ser sintetizada por alguns microrganismos, tais como as bactérias Streptomyces e
Actinomicetos, Cianobactérias (algas azuis) e os fungos.
4 Sintomas causados por alguma instabilidade emocional que vão gerar efeitos físicos no organismo.

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PORTABLE WTS: accessible alternative for the problem of potable water
distribution in Brazil

Abstract: Through time, the potable water demand had been increased in Brazil
and worldwide, in face of the imminent hydric crisis. Furthermore, the access to
water isn’t democratized in Brazil yet, even with a 7500 Water Treatment Stations
network (WTS), failing to provide proper water to usage to, approximately, 12,3%
of the population, this is, 27 million people. Thinking about that, the work developed
in this research takes place both by the inefficiency of the treatment and distribution
network and by the seeking for alternative systems capable of attending to the
demand through accessible and longstanding equipment. In this study, were
considered the parameters established by the Ordinance MS nº 2914 from Health
Ministery of 12/12/2011 and by Resolution n°357 from Environment Ministery of
17/03/2005, like alkalinity, chloride concentration, hardness, pH, total solids solved,
and microorganisms presence.
Keywords: Water. Treatment and distribution. Potable parameters.

REFERÊNCIAS
1. ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO, Agência Nacional de. "Água no mundo";
gov.br. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/acesso-a-
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Acesso em 9 de julho de 2021;

2. ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO, Agência Nacional de. "Brasil tem cerca


de 12% das reservas mundiais de água doce do planeta"; Agência Nacional
de Águas e Saneamento Básico. Disponível em:
https://www.ana.gov.br/noticias-antigas/brasil-tem-cerca-de-12-das-reservas-
mundiais-de-a.2019-03-15.1088913117. Acesso em 9 de julho de 2021;

3. TRATA BRASIL, Instituto. "Instituto Trata Brasil lança o Ranking do


Saneamento 2021"; Trata Brasil: saneamento é saúde. Disponível em:
https://www.tratabrasil.org.br/blog/2021/03/23/55-milhoes-de-brasileiros-sem-
agua-tratada-e-quase-22-milhoes-sem-esgotos-nas-100-maiores-cidades-
segundo-novo-ranking-do-saneamento/. Acesso em 9 de julho de 2021;

4. TRATA BRASIL, Instituto. "Perdas de água na distribuição: causas e


consequências. Saiba mais!"; Trata Brasil: saneamento é saúde. Disponível
em: https://www.tratabrasil.org.br/blog/2017/11/16/perdas-de-agua-causa-e-
consequencias/. Acesso em 9 de julho de 2021;

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5. BARROS, Rodrigo. "Conheça a história do saneamento básico e tratamento
de água e esgoto”; EOS. Disponível em:
https://www.eosconsultores.com.br/historia-saneamento-basico-e-tratamento-
de-agua-e-esgoto/. Acesso em 12 de novembro de 2021;

6. AMBIENTAL, BRK. "Saúde: 10 doenças causadas por falta de saneamento


básico”; Saneamento em Pauta. Disponível em:
https://blog.brkambiental.com.br/saude-saneamento-basico/. Acesso em 12
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http://www4.planalto.gov.br/consea/comunicacao/artigos/2014/direito-
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8. MEIO AMBIENTE, Conselho Nacional do. " Resolução Conama N° 357, de 17


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gov.br. Disponível em:
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https://foodsafetybrazil.org/bacterias-gram-positivas-e-negativas-o-que-isso-
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