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H .* •. 11 »i .i Ir de volta pra casa. A gente deixou a Carla em casa e seguiu

HilhllllD
I -i" adorei a Ionia. Por que não convida ela pra ir nos visitar uma
h»*i o d< íHílS?
lôlllil?
r» ni.. r Ir |.i nem lembrava daquela mané. Pai é assim mesmo. A gen-
u Hid.indo direito, eles fazem tudo certinho.
Aquela garota que estava com você antes, na festa.
Aid

ii I.dou um ah tão sem interesse que eu logo vi que não morava mais
tu nliuni perigo por ali. Pai é assim. A gente tem que marcar de cima,
pie o <pie tem de mulher total Adams por aí não é normal. Adams,
Im lete Adams mesmo. Do tipo que gruda e não desgruda, a não
m i qiii a gente tome certas providências, que nem a tal de Tônia, com
i'iu> le cabelo esquisito. Comigo não lem vez, e pra chegar perto do
I’tipl b ui antes que conseguir o Certificado Cláudia de Qualidade. Só
nunca acho nenhuma mulher boa o bastante pro meu pai, e não
nada contra mulheres em geral, claro que não. É só que o meu pai é
lo panda, não entende as mulheres e, então, eu preciso cuidar dele,
• uiiiidinho. E cuido mesmo.

\ mi lidar logo pra vocês entenderem. A minha mãe morreu quando eu

onlia uns 6 anos. Pronto, falei e fim. Já faz um tempão, mas é sempre
• Idled lalar sobre isso. Acho que só quem passou por uma coisa assim
!•• -dc entender por que as coisas são assim, tão diferentes pra mim, por
• |iir cu não faço as mesmas coisas que as minhas colegas, por que o
uh ii pai e eu somos tão próximos.

I ii me lembro dessa coisa que aconteceu logo depois que a minha mãe
morreu. Eu estava na escola, e claro que sempre tem um Dia das Mães,
• um festa e as crianças mostrando as coisas que fizeram pras mães,
iipo cartão feito com tinta e cola, todas aquelas bobagens que a gente
l.iz c a mãe chora c diz que é uma maravilha. Só que naquele ano eu
• ui a coitadinha da turma, e o pessoal estava super sem jeito de fazer
uma festa, porque a minha mãe tinha morrido.

Só que aí veio alguém mais Einstein e falou que não ia adiantar nada
não fazer festa do Dia das Mães, que ia ficar mais estranho do que
fazer, e o pessoal resolveu tocar adiante, e eles disseram que todas as
mães da escola iam ser um pouco a minha mãe, e eu disse que tudo
bem, e a gente montou o cenário pra peça, e fez os presentes e tudo
mais. E na hora da festa, quando todo mundo estava se preparando, eu
olhei pro pessoal que estava lá fora, e era um monte de mulher, as mães
de todo mundo, e no meio delas, estava o meu pai, que tinha vindo pra
ser a minha mãe também. E ele ficou lá no meio daquele monte de
mães, e recebeu o meu cartão, e viu a peça, e bateu palmas e tudo mais.
Depois dessa vez, todos os anos ele apareceu na festa, não importando
se ele estivesse cheio de trabalho, ou com um monte dc compromissos,
ou do outro lado do mundo. Ele sempre estava lá. É por isso que ele é a
pessoa total mais importante pra mim, e vai ser sempre, cu acho.
E é por isso que eu não tenho tempo pra ficar fazendo um monte dc coi­
sas que as minhas amigas fazem, tipo ir ao shopping e essas coisas dc
garota, porque eu tenho muita coisa pra fazer. Eu tenho que tomar conta
do meu pai, por exemplo, que pode ser um biólogo super competente e
cheio de mestrados e doutorados e coisas desse tipo, mas que em assun­
tos domésticos não serve pra nada. Se não fosse por mim ele só comia
Miojo Lamen, se eles tivessem tele-entrega de Miojo. E não que a gente
seja pobre, nada disso. O meu pai é biólogo e consultor de empresas pra
assuntos de genética molecular e ele ganha super bem. Ele não dá muita
bola pra dinheiro, coitado, se veste como se estivesse sempre no meio
de uma guerra, ou pronto pra viajar pra uma das pesquisas malucas
dele. Ele descobriu que existem umas bactérias que vivem nos lugares
mais estranhos, tipo vulcão submarino, ou no fundo de cavernas, e ele
vai lá pra pesquisar como elas sobrevivem. Parece que elas podem ser
super úteis pra gente ter uns remédios novos e pros clientes dele ganha­
rem milhões de dólares.
Ele nunca sabe quanto tem no banco, e eu tenho dinheiro na minha
conta pra comprar as coisas pra gente, senão nem sei como ia ser. Além
disso, eu tenho a herança da minha mãe, porque o meu pai nunca quis
locar num centavo das coisas que eram dela e colocou tudo no meu
nome. As minhas amigas acham o máximo, porque elas acham que eu
posso comprar tudo que quiser, mas não é nada disso, porque eu sei que
se a gente gastar muito pode ter problemas no futuro, e eu me preocupo
muito com o futuro , porque eu quero fazer o meu mestrado fora do Brasil ,
não sei ainda onde , mas isso custa um monte de dinheiro , por isso eu
não compro um monte de coisa que seria muito legal ter . Eu acho que
existem outras coisas muito importantes , e eu acho que penso isso por
causa do meu pai , que sempre diz que a gente tem que cuidar da nossa
cultura , da nossa inteligência , porque isso é o mais importante , e eu
concordo com ele. As minhas amigas acham que eu sou maluca , mas eu
tenho responsabilidades que elas não têm, e isso faz muita diferença nessa
idade em que a gente está.
Outra coisa: é muito importante ele nunca ficar sozinho em casa, porque
ele odeia e fica super mal . Ele sabe se virar , pode pedir pizza pelo
telefone e sabe fazer funcionar tudo quanto é tipo de máquina, máquina
de lavar louça , roupa , máquina de fazer café , forno de micro -ondas ,
qualquer negócio. Se ele quer, ele até faz umas comidas super exóticas,
super finas , com peixes , carnes e um monte de coisa difícil de
pronunciar mas isso só em ocasiões especiais . No dia em que ele me
falou que a gente ia morar dois anos na Inglaterra , pra ele fazer o pós-
doutorado , ele fez linguado com caviar , colocou toda a nossa louça
inglesa , candelabros , toalha de linho especial , pra me perguntar se eu
queria ir junto com ele ou preferia ficar no Brasil com a minha avó .
Nessas horas ele sempre me chama de princesa , e eu me sinto uma
princesa mesmo .Claro que eu quis ir junto, e foi super bom, porque eu
aprendi um monte de coisa, aprendi inglês com o maior sotaque de lorde
, nas férias o meu pai alugou carro e a gente viajou pela Itália , pela
Alemanha, pela Austria, por tudo.
Eu lembro sempre da minha mãe porque a casa é cheia de fotografias dela,
que o meu pai nunca deixa ninguém tocar , nem a faxineira . Até hoje ele
ainda chora um monte ; ele não é nada como as pessoas pensam que os
homens são, nada disso. Ele é um cara super sensível e nunca se esquece da
minha mãe. Ela era muito linda, é o que todo mundo diz, e não acho que é só
porque ela morreu. Nas fotos ela é muito bonita e era super moça e tudo mais
, só que teve um super azar, porque veio esse cara imbecil que tinha bebido
um monte e estava dirigindo e bateu no carro dela. Quando eu vejo que tem
gente que faz isso ainda,