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O que é Geografia?

Esse questionamento a priori parece simples, mas logo se mostra rodeado


de indagações que remetem a discussões históricas a cerca de uma área que está
em processo constante de renovação. A dúvida em si presume a necessidade de
especificar um campo de conhecimento tão vasto que lida com fatores múltiplos
acontecendo entre si e concomitantemente. Entretanto, assim como qualquer
ciência, a Geografia busca palavras que não necessariamente a sintetizem, mas
que atribuam, no mínimo, um breve significado à sua identidade.
Como o geógrafo Paulo César da Costa Gomes pontua, se envolver nessa
dúvida, além de trazer uma discussão epistemológica que incide sobre a maneira
de se produzir conhecimento, também se releva como um exercício de reflexão: a
Geografia de hoje se mostra renovada, mas em qual sentido também traz
elementos da Tradicional? Qual é o seu objeto de estudo? É um estudo
puramente do território ou se aprofunda pela interação sociedade/natureza? –
questões que não serão totalmente respondidas no presente texto, mas que
especificam que nenhuma área está livre de dúvidas não respondidas e que
refletem a importância da inserção de novos debates dentro das ciências.
O mais importante dentro reconhecimento da pluralidade do pensar
geográfico é também esse entendimento do ambiente como parte de nós e não
algo isolado, por muito tempo a sociedade viu mudanças ambientais e tratou
como se não fosse algo que lhe dissesse respeito. De algumas décadas para cá a
questão ambiental teve um foco importantíssimo dentro da Geografia, como é
mostrado pelos pensamentos de Dirce Suertegaray e Marcelo Lopes de Souza,
sendo eles um exemplo de como essa área científica também trabalha em
conjunto com outros campos (como a Ecologia) – a Geografia é um lembrete
permanente de que o ambiente não é algo que nos “envolve”, um envoltório: o
ambiente também somos nós.
Também acredito, particularmente, nesse campo como um estudo
multidisciplinar acerca de fatores que vão da pedologia e da cartografia até as
consequências do garimpo ilegal em comunidades indígenas, por exemplo. Um
amálgama entre o social e o natural que atuam constantemente de forma intensa e
simultânea, e que é estudada pelo olhar único de um geógrafo – pois além de uma
área científica, a Geografia também é uma forma única de pensamento que
propõe uma visão revolucionária do fazer científico.

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