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CAPÍTULO 1
O tema energia nuclear tem sido muito debatido no último século, não apenas no
campo científico e tecnológico, mas também por países que buscam possíveis soluções
energéticas, bem como a sua autonomia e a segurança no abastecimento de eletricidade.
Não há dúvidas de que o planeta se aproxima de uma grave crise no abastecimento
energético com a atual matriz energética, principalmente no fornecimento de energia
elétrica. O fato de que possivelmente nos depararemos em breve com a falta de energia
elétrica se tornou um tema de discussões e de planejamentos de governos desde a
década de 40.
Na década de 50 já era prevista uma futura crise energética global para o planeta
e parte da comunidade científica já defendia a energia nuclear como uma alternativa
importante para a geração de energia elétrica de grande escala de potência. A
comunidade científica estava certa, pois atualmente não há mais dúvidas de que o modal
nuclear se transformou num elemento importante e vital para as matrizes energéticas de
muitos países, além de ser uma forma eficiente de armazenamento de energia.
Não é ainda possível avaliar porque o mundo não retrocede com os avanços
nucleares mesmo com acidentes graves e experiências militares negativas. Talvez seja
por acreditar na tecnologia ou talvez seja simplesmente pela falta de opções para a crise
energética que sempre se revela e está sempre próxima. É facilmente possível identificar
a desaceleração nessa área por parte de alguns países e ao mesmo tempo uma aceleração
impressionante na expansão desse modal por outros países.
para a produção e consumo de energia elétrica do planeta são as informações reais que
precisam ser avaliadas para a conclusão cautelosa quanto ao papel que a energia nuclear
desempenha, e se continuará desempenhando, no funcionamento das matrizes
energéticas das nações do planeta, principalmente das nações que estão em crescimento
com taxas elevadas.
Figura 1 - Capacidade instalada de geração de energia elétrica a partir do modal nuclear para alguns
países vanguardas na tecnologia nuclear.
2011
2012
2013
800 2016
2017
700
partir do modal nuclear (TWh)
Energia elétrica produzida a
600
500
400
300
200
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Os dados da Figura 2 mostram que a grande maioria dos países, que têm usinas
nucleares em operação, ainda continua de alguma forma a sua expansão ou usando o
modal nuclear para a geração de energia elétrica. Alguns países merecem destaque por
terem além de reatores em operação muitos reatores em construção, em fase de projeto e
ainda muitos com previsão de implantação futura.
Figura 2 - Quantidade de reatores nucleares em operação, em construção, em projeto e previstos para a
geração de energia elétrica.
Reatores previstos
Reatores projetados
350 Reatores em construção
Reatores em operação
300
Quantidade de reatores nucleares
250
200
150
100
50
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Em
Fonte de dados: World Nuclear Association – Atualizado em 2018.
Esse cenário para os principais países geradores de energia elétrica com o modal
nuclear indica pelo menos dois aspectos importantes. O primeiro é que os países que
possuem seus reatores em operação e detém experiência nessa forma de geração de
energia continuam investindo na expansão do seu modal nuclear. Deve-se considerar
que essas atitudes e decisões são sinais de confiança no sistema de geração nuclear e de
Essas mesmas nações ainda estão propondo novos reatores nucleares além dos já
planejados. Novamente os destaques são para a China, Índia, Rússia e Estados Unidos.
Disparadamente a China desponta nessas propostas com mais 127 (cento e vinte e sete)
novos reatores para o futuro, além dos já contemplados pelos seus planejamentos. A
Índia propõe 35 novos reatores nucleares. A Rússia 31 (trinta e um) novos reatores a
serem planejados e os Estados Unidos mais 17 (dezessete) novos reatores nucleares.
O planeta se projeta para no seu futuro ter aproximadamente 1000 (mil) reatores
nucleares em operação, mais que o dobro dos reatores nucleares em operação
atualmente. Desse total mais de 640 (seiscentos e quarenta) reatores nucleares estarão
em operação em seis países: China (221), Estados Unidos (126), Rússia (92), Índia (84),
França (61) e Japão (58).
Muitos países que ainda não tem o modal nuclear já começam a despertar
interesse e se planejam para obter energia elétrica a partir da energia nuclear. A
Associação Nuclear Mundial registrou em abril de 2015 doze países que podem ser
considerados emergentes nesse modal e que já estão construindo centrais de geração de
eletricidade a partir da energia nuclear, que tem planejado novos reatores nucleares e
que tem futuros reatores nucleares previstos em seus planejamentos de expansão da
matriz energética, como mostra a Figura 3. Merecem destaque a Arábia Saudita, a
Turquia, a Polônia e a Indonésia, que já estão acelerados nesse processo, com reatores
em construção.
Reatores previstos
Reatores projetados
Reatores em construção
Viatna
Reatores em operação
Emirados Arabes
Turquia
Tailandia
Arabia Saudita
Polonia
Malasia
Lituania
Coreia do Norte
Israel
Indonesia
Chile
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Quantidade de reatores nucleares
140000
Potência de geração de energia elétrica
a partir do modal nuclear (MWe)
120000
100000
80000
60000
40000
20000
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França
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80 Rússia
Japão
79 Índia
76
75
74
50
40
30
20
10
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano
Cada um desses seis países tem seus diferenciais e estratégias para a expansão
das suas matrizes energéticas. Todos estão com investimentos em tecnologias nucleares
para aumentar a eficiência de geração e a segurança das operações nucleares. Suas
políticas governamentais estão alinhadas com os seus planos para o modal nuclear e a
tendência é que continuem nas próximas décadas autônomos no seu auto abastecimento
com eletricidade e transformem a energia nuclear em mais um produto a ser
comercializado para os demais países. Há de se considerar que, embora a taxa de
crescimento populacional esteja diminuindo no planeta, não se deve esperar a redução
da população, mas sim o aumento da demanda por eletricidade com o seu crescimento.
Assim, o modal nuclear projeta-se como indispensável para complementar a matriz
energética global.