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Sumário
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
A alegria
O altruísmo
A amizade
O amor
A atitude
A bondade
A confiança
A coragem
A criatividade
A curiosidade
A dignidade
O entusiasmo
A felicidade
A franqueza
A gratidão
A harmonia
A honestidade
O idealismo
O otimismo
A ousadia
A paciência
A persuasão
A prontidão
A renúncia
A saudade
A serenidade
A simplicidade
A ternura
A tolerância
O triunfo
O valor
A ansiedade
A autocompaixão
A avidez
O ciúme
A compulsão
O desespero
O egoísmo
A emulação
A frivolidade
A hipocrisia
A indiferença
A infidelidade
A inveja
A maledicência
O medo
O medo da morte
A mentira
O ódio
A perversidade
A raiva
O ressentimento
O sensualismo
O tédio
A timidez
A tristeza
A vaidade
A vulgaridade
A ambição
O amor-próprio
O desejo
O orgulho
O sofrimento
A concentração
A consciência
O livre-arbítrio
O pensamento
A vontade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Sumário
INTRODUÇÃO
8) A intuição para perceber que a vida não termina com a morte do corpo físico.
Este livro pode ser lido de diferentes maneiras, do começo para o fim ou
escolhendo o tema que se desejar, aleatoriamente. O importante é criar uma
relação individual com cada tema e seu conteúdo e, dele, tirar as idéias para
construir suas próprias reflexões. Os frutos que cada um dos leitores colherá da
reflexão e meditação suscitadas em cada um dos temas tratados compensarão, de
longe, os esforços do autor, cuja única motivação é poder abrir novos horizontes
para uma melhor compreensão de si mesmo e de seus semelhantes pelos
caminhos da Vida.
Possa este livro despertar em cada um dos leitores o hábito salutar do raciocínio
e da meditação e o autor sentirá que seu esforço não foi em vão.
É preciso não se deixar enganar, pensando que a felicidade se revela apenas nos
arroubos da alegria; os verdadeiros sábios parecem disfarçar sua felicidade em
austera serenidade, da qual emana uma irreversível felicidade, que toca a todos
que com eles convivem ou se aproximam.
Mas, a melhor forma que temos para alcançar felicidade está na bondade que
praticamos para com os nossos semelhantes. Ela retorna, realimentando esse
processo. Outra forma de ser feliz é cumprir rigorosamente com os nossos
deveres. A consciência do dever cumprido consagra em nossa alma uma doce
alegria, que reflete diretamente em nosso semblante, contagiando, positivamente,
as pessoas com quem convivemos.
O segredo é viver em harmonia com tudo o que existe, com amor e abnegação,
dedicando-se ao serviço da humanidade e à felicidade de nossos semelhantes;
com certeza a alegria e a felicidade serão os nossos baluartes.
José da Silva Martins escreveu: ‘‘A felicidade e a verdade são plantas da vida
moral mais do que da vida intelectual. Uma verdade só existe a partir do
momento em que ela modifica, purifica e enobrece qualquer coisa em nossa
alma’‘ [MARTINS, 1990, p. 311].
Aquele que melhor conhece a si mesmo é o mais feliz dos homens e sabe mais
profundamente que a felicidade não é inseparável dos sofrimentos e das
angústias que o ser humano tem que enfrentar na marcha de sua evolução aqui
na Terra. A criatura que é forte e determinada sabe ser infatigável, humana e
corajosa. Sabe onde quer chegar e é sempre vencedora no cumprimento de seus
deveres. Por isso, goza de relativa felicidade. Esta felicidade não é igual para
todos. Cada um tem que adquiri-la por si mesmo e senti-la a seu modo, de
acordo com o grau de sua espiritualidade.
A felicidade pode tornar-se um hábito pela nossa vontade posta a serviço do bem
pelo amor ao bem.
O altruísmo
Há, ainda, entre as criaturas humildes e de bom coração, aquelas que escolheram
como profissão serem enfermeiras. Essas criaturas são prestativas, zelosas e
dedicadas, treinadas para praticarem o bem em situações as mais difíceis,
lidando com a dor e o sofrimento alheios, às vezes, com recursos exíguos, nos
hospitais de todo o mundo. Ajudam os médicos em suas tarefas de salvar vidas
ou de remover doenças, mas também, na recuperação pós-operatória. Não
poderia deixar de lembrar a atuação dessas criaturas em zonas de conflitos e
guerras, quando se torna mais evidente sua coragem e operosidade. Não nos
esqueçamos de citar aqui, Ana Néri (1814-1880), natural da Bahia e grande
pioneira da enfermagem no Brasil, que atuou em 1865 na Guerra do Paraguai,
onde instalou, com seus próprios recursos, uma enfermaria na casa onde passou
a morar. Recebeu, por isso, do Governo Brasileiro, as medalhas ‘‘Humanitária’‘
e ‘‘da Campanha’‘, sendo então chamada ‘‘a mãe dos brasileiros’‘. Entre os
médicos, cumpre destacar a figura de Oswaldo Cruz (1872-1917), médico
sanitarista, fundador da medicina experimental brasileira e do Instituto de
Manguinhos no Rio de Janeiro, que afrontou a ira da população para erradicar a
peste bubônica e a febre amarela, esta última com vacina por ele desenvolvida.
Uma faceta do altruísmo é a filantropia, cuja prática revela um grande amor pela
humanidade e pelas causas justas. É o caso de Diana Spencer, Princesa de Gales,
símbolo contemporâneo da generosidade e da filantropia, morta recentemente
(31/08/1997) em desastre de automóvel, em Paris. Mais conhecida como Lady
Di, foi consagrada por mais de 1 bilhão de pessoas que assistiram às suas
exéquias pela televisão, com o nome de Princesa do Povo. Ela levou a
fraternidade aos necessitados de cinco continentes. Jamais negou alimento
material ou espiritual a quem lhe estendesse a mão e, mais que isso, abriu
caminhos em cenários trágicos, confortou mutilados de guerras e flagelados pela
fome e pela doença. Como voluntária da Cruz Vermelha Internacional, visitou os
campos minados de Angola, Norte da África, em janeiro de l997 e deflagrou
uma luta sem tréguas para eliminação das minas terrestres que mutilam, em
tempos de paz, 25000 pessoas por ano. A consagração veio em 17/09/1997, três
semanas após o seu desenlace, com a assinatura do ‘‘Acordo para Eliminação
das Minas Terrestres’‘ em Oslo, Noruega.
Cícero, o grande tribuno romano da época do imperador Júlio Cesar, dizia: ‘‘A
primeira lei da amizade consiste em pedir aos amigos coisas honestas, em fazer
por eles coisas honestas. O amigo certo conhece-se nos momentos incertos’‘
[MARTINS, s.d., p. 113]. Honesto aqui tem o sentido amplo de certo, correto, de
que não se duvida. Pedir coisas honestas é esperar ouvir a verdade e só a
verdade, sem incerteza de espécie alguma. Ainda do mesmo Cícero: ‘‘Dentre
todas as sociedades, nenhuma é mais nobre, mais estável que os homens de bem
unidos pela conformidade e pela amizade’‘ [MARTINS, s.d., p. 113]. Ressalta-
se, novamente, a nobreza de sentimentos que deve existir em todas as
verdadeiras amizades.
Conhece-se um bom amigo pelo olhar, pelo aperto de mão, pelo abraço apertado
e comovido que com ele trocamos após longa ausência, indicando que nem o
tempo nem as distâncias podem quebrar os verdadeiros laços de amizade. Sendo
um sentimento livre e desinteressado, pode até tornar-se mais perfeito e puro que
o amor mundano.
Não devemos encarar o amor como uma necessidade material, pois isto é o que o
verdadeiro amor não é, conforme veremos mais adiante neste tema. Não se trata
de uma necessidade de posse, de possuir alguém ou alguma coisa. Nós não
possuímos nada, tudo nos é dado, emprestado ou mesmo conseguido a duras
penas para bem usarmos durante a nossa passagem pela Terra, servindo à
evolução do espírito e aqui ficando após a nossa partida. É comum
empobrecermos o sentido da palavra amor quando nos referimos a certos hábitos
materiais e, até mesmo, a hábitos culinários, cujo sentido de apoio deveria ser o
paladar. Ouvimos por ai dizerem: ‘‘eu amo comer chocolate’‘, ‘‘eu amo tomar
sorvete’‘, ‘‘eu amo pescar’‘, etc. Isto não é amar. Trata-se, isto sim, de expressar
preferências ou de dizer que isto ou aquilo nos satisfaz, como vivência
meramente material, onde o uso do verbo ‘‘gostar’‘ seria suficiente. Mas, jamais
expressará de forma profunda o que realmente é o amor. Portanto, temos que nos
afastar dessa idéia enganosa que tanto banaliza e que tanto deturpa o sentido da
palavra amor.
Longe de nós pretendermos defender aqui uma tese sobre o amor, porque
estamos diante de um tema que jamais se esgotará, mesmo porque este não é o
objetivo de nossa despretensiosa obra, nem aqui existe espaço para isto. Vamos,
no entanto, procurar tratar de alguns de seus diferentes aspectos, não só frente a
uma visão espiritualista, como também, sob o ponto de vista mundano, através
do amor materialista, bem como do amor romântico. É o que faremos nas linhas
a seguir, na ordem indicada.
Se cada um de nós não se sente satisfeito com o que entende ser o amor, então
devemos aprender o verdadeiro sentido do amor. Como? Através de uma
constante mudança de atitudes para podermos ‘‘crescer’‘ internamente. Esta
expressão ‘‘crescer internamente’‘, muito usada por falta de conhecimento de
muitos e comodismo de outros sobre o que seja a evolução do espírito, significa,
de fato, crescer espiritualmente, desenvolver os atributos espirituais, visando ao
aperfeiçoamento. Esse é o ponto chave, essencial mesmo, para a mudança, para
criarmos em nós mesmos um novo panorama, um novo paradigma.
O amor é o mais puro, o mais perfeito, o mais nobre dos sentimentos. A máxima
cristã nos conclama: ‘‘Amai-vos uns aos outros como a si mesmo’‘. Jesus, o
Cristo, nos legou esta preciosa mensagem não como um mero jogo de palavras
ou de intenções, mas como expressão de grandeza espiritual. A verdadeira
compreensão do amor tem que ser espontânea, flexível, libertária e justa, de
acordo com o grau de espiritualidade de cada um. Este princípio cristão
respalda-se no amor próprio e sugere que a criatura só pode amar de fato a
outrem se souber, primeiro, amar a si própria. Ninguém pode dar o que não tem
e, em se tratando do amor, isto é mais verdade ainda, porque o amor é um
constante dar e receber, sem exigências, sem segundas intenções de qualquer
espécie. Ou melhor, no verdadeiro amor, não se dá coisa alguma, mas
compartilha-se este sentimento na forma e na intensidade que cada um puder
senti-lo na intimidade mais profunda de seu ser, o que vale dizer, da sua
espiritualidade. Na verdade, esta máxima é um axioma da lei da atração e
repulsão ou de causa e efeito aplicada a este sentimento, que constitui,
espiritualmente falando, a principal meta da evolução espiritual, de nossas
trajetórias evolutivas nas numerosas encarnações por que passamos, pois o amor
está no ápice de todos os demais sentimentos virtuosos. Tudo visa a aprender
bem-querer aos nossos semelhantes, a nossos familiares e à humanidade em
geral. Enquanto não lapidarmos este sentimento ao máximo não estaremos
preparados para prosseguir nossa evolução em planos superiores, onde o
sentimento de amor, fraternidade e solidariedade se entrelaçam como se fossem
um só. Se nós nos deixarmos impulsionar nesta direção, haveremos de criar um
novo panorama, um novo paradigma em relação ao amor.
Vale notar, ainda, que o amor não é competição, nem sobrevivência, nem precisa
ser perfeito para sermos felizes, já que a perfeição não é própria deste mundo. Se
tudo fosse perfeito não precisaríamos fazer mais nada ou, então, as criaturas
sentiriam medo de fazer alguma coisa por não poderem fazê-la perfeita e isto
paralisaria a evolução, mola mestra da vida na Terra. Voltamos a insistir: tudo
está sempre dinamicamente em equilíbrio, mas em contínua mudança e a
perfeição absoluta não existe neste mundo Terra.
Não vamos nos estender muito sobre o amor materialista, mesmo porque este
impera, de forma flagrante, por toda a nossa sociedade. A mídia falada e escrita e
o cinema exaltam-no e expõem-no de todas as formas, de maneira ostensiva,
abusiva e até repugnante aos bons costumes. O recato e a intimidade deixaram
de existir; daí, assistirmos, de forma passiva, aos abusos de toda natureza que se
cometem em nome do amor. Por isso, desejamos, apenas, destacar alguns
aspectos de sua diferenciação marcante com a visão espiritual do amor, incluindo
o amor fantasioso dos grandes escritores e poetas de todos os tempos.
Se você ama uma pessoa você olha para ela com olhos de ver, já que pelo
sentido da visão recebemos 80% a 90% das informações que processamos, e
procura nela perceber idêntico afeto. Já a necessidade de ser ouvido nos leva a
lembrar que uma vibração sonora não se transforma em som, até que seja
ouvido, traduzido e interpretado pela nossa mente. Devemos não só ouvir o que
deve ser escutado, mas também, procurarmos não descartar a parte que não nos
convém, isto é, devemos abrir a nossa alma para entender o outro. E assim
também, com relação aos outros sentidos físicos, pois o amor ouve, o amor
escuta, o amor fala, o amor toca, o amor acaricia. Parodiando René Descartes, o
grande filósofo francês que instituiu o racionalismo filosófico e científico, com a
frase ‘‘Penso, logo existo’‘, poderíamos dizer, com base no materialismo, a frase
‘‘Toco, logo existo’‘, para significar que o sentido do tato é muito importante
para o amor terreno. Mas também, não devemos olhar, mesmo o amor material,
como sendo somente sexo, embora o poder do desejo sexual seja, de fato, muito
forte nas criaturas. Para que não haja repressão íntima dos sentidos, que tantos
males causa, levando tantas criaturas ao divã dos psicanalistas, precisamos
aprender a controlar nossos desejos malsãos mediante o bom uso de nossa
vontade, tudo encarando como natural, espontâneo e dentro das regras de uma
sociedade moralmente sadia, para evitar o amor puramente animalesco.
O amor é criança que dorme com toda a sua pureza e acorda cheia de vida. É
pássaro que canta ainda de madrugada, anunciando a nova aurora cheia de graça.
É o perfume de uma flor a nos inebriar os sentidos. A natureza inteira é Amor.
É preciso não confundir amor com prazeres mundanos: nestes impera o desejo,
naquele governa a comunhão espiritual que transmite o amor puro e verdadeiro.
Viver no amor, com amor e pelo amor é um dos maiores desafios da vida!
É um contentamento descontente;
Finalmente concluímos: o amor é como o aroma de uma rosa, que não basta
senti-la; é preciso vê-la e tocá-la para possuí-la por inteiro.
A atitude
A atitude perante a vida é a nossa disposição de poder influenciar os nossos
pensamentos e os nossos atos, conforme é apresentado nesta obra sob o tema ‘‘O
LIVRE-ARBÍTRIO’‘. Da convicção de que nosso pensamento e nossa saúde
ampliam ou restringem nossas possibilidades perante a vida, nasce nossa atitude
com a sua marca característica para cada criatura. A atitude que assumirmos dirá
em que direção iremos e os resultados que colheremos. Uma atitude correta e
positiva influencia, de acordo com nossos desejos, os fatos, as nossas ações e as
pessoas que nos cercam.
De outro lado, é preciso não parecer bom demais nem pretensioso. A vaidade e a
soberba são sentimentos funestos que levam as pessoas a se afastarem da criatura
que ostenta esses sentimentos. Ninguém gosta de ser amigo ou de colaborar com
uma criatura ‘‘metida’‘, orgulhosa, que anda sempre de nariz em pé. É preciso,
sim, ser humilde, mas não deixar-se humilhar. Colocado de uma forma um tanto
poética, podemos dizer que o mundo é um espelho no qual refletimos nossos
pensamentos e nossas ações: se sorrirmos, ele nos sorrirá; se nos apresentarmos
de cara fechada e de mau humor, ele nos fará carranca. Em outras palavras,
recebemos aquilo que formos capazes de dar. Esta é a forma de assumirmos
sempre uma atitude ativa, positiva. Ninguém melhor do que Dale Carnegie
ensinou a difundir isso em seus conhecidíssimos livros Como fazer amigos e
influenciar pessoas [CARNEGIE, 1970] e Como evitar preocupações e começar
a viver [CARNEGIE, 1972].
Devemos ser repetitivos sim, quando a repetição nos leva a consolidar em nossa
mente o valor desses dons, que todos temos, não é privilégio de ninguém. Mas
aquele que usa esses dons naturais de forma apropriada e toma a atitude de quem
de fato sabe que os possui, e os torna conscientes em cada momento do seu
viver, ganhará, pelo menos, metade das lutas pela vida, antes mesmo de se
desencadearem os problemas e, pelo raciocínio e o bom uso que vier fazer do
livre-arbítrio, ganhará a outra metade. Em outras palavras, a criatura que assim
proceder estará dotada de tranqüilidade e serena certeza de vencer todas as
dificuldades que se lhe antepõem. Estará, finalmente, assumindo a atitude de um
ser livre, sem antolhos, que caminha de cabeça erguida, que sabe qual é o seu
verdadeiro papel na vida, procedendo sempre de acordo com sua consciência,
liberto das sugestões maléficas e livre das influências negativas de toda sorte de
que o nosso ambiente terreno está repleto. Saberá não dar ouvidos a boatos e
mexericos, não dispensando atenção a falsos amigos ou pessoas interesseiras,
que só querem ver a desgraça e a infelicidade alheia. Não se exasperará nunca,
será benevolente, grato às boas ajudas que vier receber, receptivo às boas idéias,
indiferente ou desapegado das coisas materiais, trabalhará com afinco e sempre
satisfeito, saberá afastar a ansiedade e o estresse de seu caminho. Enfim, saberá
viver de acordo com os preceitos cristãos e será, de fato, um homem.
Estas duas máximas são complemento uma da outra. As pessoas são boas e
nascem boas em sua essência: a má educação e a luta pela sobrevivência,
disputando muitas vezes as necessidades mais imediatas, é que levam muitos a
tornarem-se maus, empregando a violência para realizarem seus desejos e
ambições. Outras vezes, as criaturas afastam-se do caminho do Bem pela
ambição, desenvolvida para a ganância de bens materiais, pela obtenção
desmedida de riquezas, ou mesmo pela desenfreada luta pelo poder político,
social ou religioso, colocando suas ambições acima do bem comum.
São de Benjamin Constant estas palavras: ‘‘Viver pelos outros, viver em todos e
em cada um, como sentimos os nossos semelhantes viverem em nós mesmos, eis
o verdadeiro destino dos homens’‘ [MARTINS, s.d., p. 138].
Uma boa ação praticada com altruísmo, de forma pura, discreta, sem segundas
intenções, produz um confortante prazer na criatura. É, possivelmente, a única
ação que pode e deve ser feita às escondidas ou mesmo na calada da noite.
Muitas são as formas de Bondade: ela é visível nas mães que aconselham os
filhos, no transeunte que ajuda um deficiente físico a atravessar uma rua de
muito trânsito, na professorinha que, com carinho e dedicação, ensina as
primeiras letras a seus alunos e, em tantos e numerosos outros exemplos de
nosso cotidiano.
Parece haver uma retroalimentação na prática das boas ações, que consiste em
induzir e estimular as pessoas a praticarem outras maiores e melhores. Este
processo é uma avenida de duas direções que leva as pessoas boas a dividirem
com os necessitados parte de sua vitalidade e sua boa fortuna. Sófocles, o antigo
filósofo grego, já dizia: ‘‘A coisa mais bela consiste em ser útil ao próximo’‘
[MARTINS, s.d., p. 151]. Ou, na palavra de Thoreau, ‘‘A mais nobre missão do
ser humano é prestar ajuda ao seu semelhante por todos os meios ao seu
alcance’‘ [MARTINS, s.d., p. 151].
A confiança
1. A autoconfiança
2. A confiança induzida
Não encontramos a coragem só nos heróis, isto é, naqueles que nos campos de
batalha são intrépidos e agem com bravura e ousadia, vencendo o inimigo seja a
que custo for. Não é preciso enfrentar desafetos ou provocar brigas para
demonstrar coragem, isto é, a coragem não significa só ir às vias de fato e vencer
o seu contendor.
O verdadeiro heroísmo, que resulta da grandeza dos atos de coragem, brilha pelo
seu conteúdo de abnegação, generosidade e espírito de sacrifício. É preciso
distinguir o corajoso do exibicionista; este precisa de um cenário armado para se
portar como tal e aquele, ao contrário, pratica uma coragem desprendida e sem
exteriorizações.
Não se pode louvar o herói que espera a recompensa do elogio, já que a coragem
deste dificilmente poderá ter impulsos construtivos e generosos, que brotam do
próprio espírito, cuja vontade realmente soberana entrega-se de ‘‘moto próprio’‘
às realizações altruísticas e de grande beleza em sua essência. Somente aqueles
que possuírem um espírito bastante generoso são capazes de grandes sacrifícios,
incondicionalmente praticados em prol de seus semelhantes. Nesses casos, até
mesmo gestos que possam parecer insignificantes, podem produzir resultados
inesperados e de grande efeito.
Essas qualidades não devem ser usadas somente para as grandes ocasiões;
servem também para podermos suportar nossos próprios erros, para superar
nossas próprias dificuldades e propiciar melhor entendimento com os nossos
semelhantes. Não raro, essas e outras grandes virtudes sobressaem-se quando
dedicadas a pequenas causas. Por exemplo, sem desmerecer a coragem para
salvar alguém que esteja se afogando ou devorado pelas chamas de um incêndio,
há também coragem para se esforçar e procurar evitar uma provocação ou uma
frase ferina e insultuosa dirigida a outra pessoa.
A criatividade
A criatividade é um atributo ou predicado do espírito da mais alta valia para a
criatura e também para o progresso material da humanidade. Criatividade,
conforme o próprio nome o diz, é o poder de criar. Pertence à mesma raiz, à
mesma etimologia, a palavra Criador, para indicar, para sugerir e significar a
Força Criadora, a Inteligência Universal ou Deus, para usar a palavra preferida
por quase todas as religiões. No sentido prático, criatividade é o ato de fazer
qualquer coisa de modo diferente do que era feito antes, desde que mais fácil,
mais útil e preferivelmente, mais econômico. Criar é dar existência a alguma
coisa que nos interessa, é tirar algo do nada ou do quase nada, dar origem a algo
útil, enfim, é inventar, descobrir o novo. Criatividade tem, portanto, o mesmo
sentido que inventividade. Milhares e milhares de livros e artigos têm sido
escritos sobre criatividade, mas este tema tem apenas o intuito de enfocar seus
fundamentos e importância para o progresso humano.
A criatura verdadeiramente criativa não deve ter medo de cometer erros nem de
trabalhar com pessoas mais inteligentes que ela própria, algumas até tidas como
excêntricas ou mesmo ‘‘malucas’‘, dadas ao hábito de sonhar acordadas. Aliás,
em muitos casos, após árduo trabalho na busca de uma solução, o sono e os
sonhos podem apontar e têm apontado pistas e soluções quase inacreditáveis que
resolvem o problema procurado. Encontramos a criatividade em toda parte e
todas as pessoas, em maior ou menor grau, possuem criatividade para avançar
em determinada área mas não em outra, ou seja, ninguém é bom em tudo.
Einstein era um músico medíocre, mas foi um gênio da matemática e da física. É
preciso pois, procurar em que campo e em que ramo do conhecimento humano a
pessoa tem habilidades e aptidões para se desenvolver nela.
Foi a criatividade que levou Thomaz Alva Edison a desenvolver mais de 2000
inventos, destacando-se entre eles a invenção da lâmpada elétrica. Este inventor
foi um ‘‘self-made-man’‘, um autodidata que não possuía nenhum diploma
universitário. Perguntado como se tornara um gênio da invenção, respondia:
‘‘com 90% de trabalho e 10% de inspiração’‘. Palavras bem acertadas, porque
seu sucesso fundamentava-se no método das tentativas e erros, na
experimentação persistente e paciente. Para se ter uma idéia da sua persistência,
menciona-se que para descobrir o material ideal para o filamento da sua lâmpada
teve que testar mais de 1000 materiais até chegar ao tungstênio. Este foi um
exemplo de trabalho isolado, como o foi o de Louis Pasteur no campo da
medicina. Esse tipo de trabalho seria quase impossível hoje, substituído que foi
por grandes equipes de pesquisadores em laboratórios sofisticadíssimos,
conforme mencionaremos mais adiante. É óbvio que o trabalho em grupo, em
equipe, desenvolve-se com maior rapidez graças à cooperação e à confiança que
surgem entre os membros dos grupos de pesquisadores.
Não estaria completo este tema se não abordássemos, ainda que de relance, a
área de comunicações e informática e seus inter-relacionamentos. Estas
tecnologias estão na vanguarda do conhecimento humano, permitindo a sua
rápida e até instantânea difusão às entidades e institutos de pesquisas envolvidos
através de redes de comunicação mundial, como a internet e as intranets. Com
esses recursos, os pesquisadores nem precisam se deslocar de um país para
outro, estando a todo tempo em contato uns com os outros, através de
teleconferências, com o que se ganha tempo para enfrentar muitos desafios com
eficácia.
A curiosidade
A curiosidade é uma faculdade do espírito, pela qual as criaturas desenvolvem os
sentidos e a acuidade mental num processo que consiste em pesquisar o meio
ambiente e desvendar os seus segredos, para melhor adaptar-se às exigências da
vida. Através dela, as criaturas descobrem também os perigos que as cercam
para poder evitá-los, como acontece durante o desenvolvimento das crianças. É
ainda, a curiosidade que leva o ser humano a abrir novos horizontes, rasgando o
véu do desconhecido, descobrindo, inventando e desenvolvendo novas maneiras
de tornar a vida mais fácil e útil, alavancando o progresso, retirando satisfação
do seu trabalho e dando conforto ao corpo e ao espírito. Ser curioso é fazer
perguntas, indagar, pesquisar e analisar para obter e realizar o conhecimento, as
descobertas e as conquistas as mais notáveis.
Não será exagero considerar a coragem como sendo a primeira das eloqüências,
pois a coragem integra o caráter. Ambas essas virtudes, coragem e caráter
possuem-nas o homem digno que respalda suas ações em direção à perfeição. Os
homens dignos sabem refletir quando convém agir; já os fracos agem sem
refletir. O mérito das ações que empreendem é medido pelo esforço que
requerem e não pelos seus resultados.
O homem digno jamais pede o que merece, nem tampouco aceita o imerecido. O
homem digno é insubornável, incorruptível. Quando aspira a um cargo, seja nas
empresas, seja na política ou no serviço público, não sobe por favoritismo, mas
por mérito e pelas suas virtudes.
O homem digno abomina qualquer favor, só aceita o que pode ser dado por
mérito e guarda esse orgulho, o bom orgulho, acima de tudo, conservando-se
erguido e incólume. Por isso jamais se rebaixará, preferindo perder um direito a
obter um favor.
Por tomar atitudes assim tão definidas e sem recortes, as criaturas dignas são, na
maior parte das vezes, solitárias. Seu recolhimento é quase sempre uma
constante, a não ser que possa estar com seus iguais.
José Ingenieros nos transmitiu estas linhas: ‘‘Inflexíveis e tenazes, porque trazem
no coração uma fé sem dúvidas, uma convicção que não trepida, uma energia
indômita que não cede, nem teme coisa alguma, costumam manifestar asperezas
urticantes para com os homens amorfos. Em alguns casos podem ser altruístas,
ou porque são cristãos, na mais alta acepção do vocábulo, ou porque são
profundamente afetivos; apresentam então, um dos caracteres mais sublimes,
mais esplendidamente belos que tanto honram a natureza humana. São os santos
da honra, os poetas da dignidade. Sendo heróis, perdoam as covardias dos
outros; sempre vitoriosos em face de si mesmos, compadecem-se dos que, na
batalha da vida, semeiam, feita em pedaços sua própria dignidade. Se a
estatística pudesse nos dizer o número dos homens que possuem este caráter, em
cada nação, essa cifra bastaria, por si só, melhor do que qualquer outra, para nos
indicar o valor moral de um povo’‘ [INGENIEROS, 1953, p. 161].
O entusiasmo
O entusiasmo é a energia que leva as criaturas a um estado de inspiração e
otimismo, exaltando-lhes sua capacidade criadora e induzindo nelas o desejo de
ser útil a seu semelhante. Essa energia mantém o indivíduo em alto astral, com a
vitalidade espiritual virtualmente aumentada. Sem otimismo e entusiasmo, vive-
se em baixa pressão, em baixo astral, como se diz na gíria.
Os otimistas assumem sempre uma atitude positiva sobre todas as coisas belas da
vida. São os que melhor compreendem o valor do pensamento positivo e
enfrentam todos os tropeços que encontram com galhardia, superando-os.
Desconhecem o desespero e o sufoco porque, agindo inteligentemente, com
método e disciplina, sabem contrapor-se com maior energia às dificuldades e aos
conflitos que se lhes apresentam. No dizer de N. D. Lafuerza, notável educador:
‘‘O otimista acende luzes onde quer que se ache; o pessimista apaga as poucas
que encontra. Na escuridão tudo parece desarranjado’‘ [LA FUERZA, s.d., p.
55]. Em outras palavras, os otimistas contam sempre com maior poder de fogo,
estão armados com os estímulos necessários a atingir seus objetivos, sem
caminhar por veredas sem saída.
O entusiasta caminha sempre de cabeça erguida e aumenta o seu valor diante dos
conflitos. Não se detém à beira do caminho, não desiste nunca, persevera
sempre, sendo a esperança bem fundada a luz que alumia seu caminho. Nunca se
lamenta de nada. Acostumado a usar a razão para decidir sobre os problemas e
guiar-lhe os passos, sempre chega onde quer chegar. Esforça-se sempre para
resolver seus problemas, investigando e analisando serenamente os fatos. Encara
com responsabilidade seus deveres e obrigações e os cumpre todos. Não se
desgasta antecipadamente avolumando os problemas que não existem nem se
deixa aniquilar quando o peso deles pareça intransponível.
Não permita nunca que a chama do entusiasmo se extinga. Não se deixe abater
por nada mesmo diante das maiores decepções; antes, faça com que as derrotas e
as vicissitudes da vida lhe revigorem o espírito. Em muitas ocasiões, o desânimo
virá bater-lhe à porta; não perca a calma nem o vigor de suas convicções,
realimente-se com energia redobrada e persista, persista sempre que a vitória
será sempre o seu troféu, desde que seus objetivos sejam elevados, sadios e
dirigidos para o Bem. Em outras ocasiões, haverá momentos difíceis em que
parece estar só; não se deixe então abater ou contaminar-se com pensamentos
negativos que estimulam ações negativas. Nessas situações reaja de imediato,
induzindo otimismo e entusiasmo em seus pensamentos, de modo a aumentar a
sua confiança e poder de visão bem além do horizonte e perceber perspectivas
melhores e mais atraentes.
Com relação ao otimista cabe notar a diferença que existe entre o otimista
‘‘apático’‘, que não age, mas espera sossegadamente que tudo venha acontecer a
seu contento e o otimista ‘‘ativo’‘ que reconhece, identifica as oportunidades e
luta por elas com entusiasmo, na hora, fazendo acontecer os resultados com seu
trabalho fecundo, muitas vezes árduo.
Sem teorizar muito, vamos passar aos aspectos práticos que, dominados pela
criatura, poderão fazê-la feliz, embora gozando de uma felicidade relativa.
Vamos desdobrar esses aspectos ou pré-requisitos em dez atitudes para a
felicidade, sem maior preocupação de manter uma linha divisória entre elas. A
palavra atitude é usada aqui com o significado de um esforço interior da criatura
para criar seu próprio ambiente de felicidade.
Para poder reconhecer a felicidade em nós é preciso provar, ter passado pelos
sentimentos que se lhe contrapõem como a tristeza, a dor, o sofrimento e a
melancolia. Embora as criaturas prefiram a alegria, ninguém consegue se livrar
por inteiro da dor e do sofrimento. Para tentar anular este efeito, temos que nos
esforçar para aumentar o nosso bem-estar, usando os seguintes recursos ou
ingredientes básicos:
9) Ter objetivos na sua vida e lutar pelos seus ideais - isso é a própria felicidade.
A felicidade não é uma emoção tão efêmera quantos alguns possam imaginar.
Ela é um sentimento tranqüilo e bom que a criatura experimenta quando,
enfrentando os embates da vida, vence-os um a um. É, de fato, a percepção da
criatura de que possui uma força muito poderosa, capaz de superar tudo e, ao
final dos embates, sentir-se feliz.
Erra aquele que pensa que a felicidade é o oposto da tristeza: o oposto desta é a
alegria, a qual nem sempre está associada à felicidade. A felicidade é uma
espécie de graça que convocamos para vencer a tristeza. Ela não desaparece nos
tempos difíceis, apenas assume outra forma. A busca da felicidade não deve ser
uma fuga para longe da dor ou sofrimento; antes, devemos pensar no sofrimento
como uma prova de seu grande potencial para atingir a felicidade. Sabemos
também, que não se pode sentir alegria sem ter experimentado a tristeza.
É óbvio que nem sempre podemos mudar o mundo em que vivemos, a opinião
das pessoas e suas reações, mas podemos mudar o nosso modo de reagir a essas
situações e, com a nossa atitude, encontrarmos solução para qualquer problema.
Lembre-se que seu melhor amigo é você mesmo. É preciso muito cuidado ao
pedir ajuda a outras pessoas, que sem você o saber podem ser a causa de seus
problemas. Desligue-se dessas pessoas tão logo descubra isso. Reafirme-se e
lembre-se que você é o juiz de você mesmo, do verdadeiro significado de sua
vida. Assim procedendo, não se ressentirá com o controle que outra pessoa possa
estar tendo sobre você. Lembre-se que, quando necessário, ser sozinho não é a
mesma coisa que solidão.
Para ser feliz é essencial ter boa saúde do corpo e do espírito. Falta de sono leva
à ansiedade, à incapacidade de concentrar-se, à memória fraca e à perda da
sensação de bem-estar. A boa alimentação com dieta balanceada em
carboidratos, proteínas e gorduras é fundamental para se ter uma boa saúde.
Complementando a dieta com vitaminas naturais sob a forma de frutas e
verduras balanceadas, a criatura estará dando ao corpo o tratamento que ele
precisa. Nas disfunções hormonais, faça o tratamento médico apropriado.
É fora de dúvida que você não pode se livrar da dor, mas pode livrar-se do
sofrimento ou minorá-lo a ponto de tornar-se quase imperceptível. A dor nós
sentimos na carne, no corpo; o sofrimento, na consciência. Isso pode ser
insuportável e causar-lhe infelicidade. Tenha pensamentos otimistas e
sentimentos positivos, e pare de dizer frases depreciativas como ‘‘isso sempre
acontece comigo’‘ ou ‘‘sou uma pessoa muito infeliz’‘ ou ainda, ‘‘coitadinho de
mim’‘. Quanto mais cedo você deixar de se lamuriar e reclamar, mais cedo
poderá superar o sofrimento ou, pelo menos, aprenderá a lidar com ele.
Há uma regra de ouro para ser feliz: evite fazer comparações com outras
pessoas; as limitações de cada um são diferentes, mas todos as têm. Aprender a
observar e aceitar esta regra é fundamental para se libertar emocionalmente. A
criatura que se libertar é capaz de se mover em direção às coisas que são
gratificantes e distanciar-se das que não o são.
Existe uma linha divisória mal definida, pouco visível e sentida, em que o
comportamento aceitável para expressar uma franqueza pode ser interpretado
pelo outro como crueldade. É uma linha limítrofe fina e sutil que a criatura
precisa descobrir, se não quiser procurar encrenca e receber uma reação
inesperada da pessoa a quem se pretendia elogiar, para não ter que dizer frases
como essas: ‘‘o que foi que eu disse que a deixou furiosa?’‘ e ‘‘eu não quis
ofendê-la’‘ ou ainda, ‘‘por que será que ela reagiu assim?’‘.
Muitos pensam que para fazer um elogio, a criatura tem que ser perfeita, mas
este tipo de perfeccionismo é uma maneira de camuflar a insegurança,
principalmente a masculina. Julgando-se perfeita, a criatura protege a sua
pretensa superioridade. É aí que está o perigo, pois uma criatura que se julga
perfeita dificilmente aceitará críticas e, se ela perceber que não existe franqueza
no elogio, tomará este como crítica e reagirá ou revidará à altura.
Outra frase muito comum e usada com freqüência é: ‘‘Você quer que eu seja
honesto com você, não quer?’‘, ou então, ‘‘Você quer que eu seja sincero, não
quer?’‘. Nem sempre, ao proferir essas perguntas, a criatura está pensando em
ser franca, mas em vociferar as suas queixas contra a pessoa e dizer-lhe umas
‘‘verdades que estava querendo dizer há muito tempo’‘ e que ela precisa ouvir. É
mais uma forma de desabafo e não de franqueza construtiva. Daí à hostilidade é
um passo. É óbvio que a pessoa vai ficar magoada e não grata.
Há pessoas que ficam dando voltas para dizer ao que veio, como que querendo
‘‘apalpar’‘ a reação do seu interlocutor ao que pretende de fato falar-lhe.
Pretendem ser jeitosos para não ferir susceptibilidades e acabam irritando ou
deixando o seu interlocutor impaciente, que termina dizendo-lhe: - ‘‘Vá logo ao
assunto’‘ ou - ‘‘Diga logo o que tem a dizer que eu não agüento mais’‘. O que
ele está tentando dizer é que tudo tem limites, até mesmo para receber uma
notícia triste. Não vale a pena disfarçar e estender a conversa, nesses casos,
como ocorre quando se tem que dar a notícia da morte de um parente próximo.
Num casamento é muito comum ter que resolver juntos as diferenças que levam
a muitas brigas, criam feridas e aprofundam mágoas e ressentimentos. A melhor
solução é partir para o bom diálogo, botar tudo para fora de uma vez, com toda
franqueza e sinceridade. Não deixando acumular as tensões, a franqueza presta
um grande serviço à solução dos problemas, se por detrás de tudo houver amor
de verdade. Nessas situações, cada um tem que encarar seus próprios defeitos,
verificar os desajustes, ser tolerante e estar disposto a tolerar as imperfeições do
outro.
A gratidão
Para entender a gratidão é preciso partir do princípio de que não se pode ter ou
ser tudo o que se deseja. Na luta pela vida, enfrentamos problemas descomunais
e, por mais duro que batalhemos, temos que fazer escolhas nem sempre bem
sucedidas. Mas, nossas aflições e temores se tornam mais amenos quando
encontramos a ajuda e a boa vontade de terceiros. E é aí que entra a necessidade
de sermos gratos, de preferência expressando nossa gratidão de forma educada e
espontânea. Não se trata de servilismo, rebaixamento ou humilhação agradecer
por um obséquio recebido. Não há pequenez na gratidão, mas grandeza de
espírito.
De outro lado, temos de destacar o prazer da posse, o qual deve ser dirigido mais
em apreciar e aproveitar aquilo que se recebeu, quando se trata de um objeto
material, do que em aumentar a mesma posse. É preciso valorizar e bem utilizar
o pouco que se tem, pois dessa forma, tem-se mais prazer do que aquele que, por
muito cobiçar o que não está ao seu alcance, acaba esquecendo ou
menosprezando o que já tem.
A vida não é um grande banquete. Saborear uma comida simples, mas bem feita,
pode ser mais saudável do que pensar em pratos deliciosos que não se pode ter
ou conseguir. É preciso saber apreciar as coisas simples, como por exemplo,
saciar a sede com um copo de água bem fresca, quando se tem muita sede, ou
banhar-se junto a uma cascata de água borbulhante e cristalina, quando seu corpo
estiver abrasado e suado de muito trabalhar ou após uma longa caminhada.
Para estar em harmonia consigo mesmo é preciso ser sincero, o que vale dizer,
exprimir o seu verdadeiro ‘‘eu’‘ consciente e inconsciente, isto é, o conjunto de
atributos e qualidades superiores de que você é dotado. O ‘‘eu ideal’‘ é o ser
moral que você deseja ser, representado pelo ideal de justiça, de bondade, de
beleza, de amor, de amizade, enfim, de perfeição que é o próprio objetivo da
evolução do espírito. Manifestar o verdadeiro ‘‘eu’‘ trará a saúde e a felicidade
desejada, e toda criatura tem o dever de educar a sua vontade para atingi-lo,
mesmo sabendo que esta reeducação é difícil e penosa.
Está fora de dúvida, embora o mundo dos negócios possa aparentar o contrário,
que a honestidade é fundamental para se obter resultados valiosos e sólidos nos
negócios, nas artes, nas ciências, enfim, em todas as atividades humanas.
Estamos falando de resultados permanentes e não transitórios e fugazes. Trata-se
de pôr à prova o valor dessa conduta como fator fundamental para a evolução
moral e espiritual da criatura. Aqueles que possuem a mente e o pensamento
desonestos, uma conduta reprovável nos negócios, podem ganhar, pela ilusão e
trapaça, muito dinheiro. Trata-se, porém, de um êxito efêmero que mais cedo ou
mais tarde desaparece inesperadamente, podendo trazer resultados desagradáveis
e fatais para a criatura.
Muitas vezes a criatura que mente, que é desonesta, de tanto praticar a mentira e
a falsidade, de tanto trapacear, chega a acreditar que é honesta, porque acha que
está tendo tanto sucesso, pensando que outro faria o mesmo se estivesse no seu
lugar. Esta tentativa de iludir a mente superior, ou seja, a consciência, a longo
prazo, sempre acaba mal para o indivíduo. Esses indivíduos, que assim
procedem, tentam fazer com que a verdade, que acreditamos verdadeira, se faça
ridícula e falsa para nós. É preciso termos convicções sérias e bem fundadas para
não cairmos nas artimanhas do Mal, colocando-nos sempre em guarda contra
suas investidas.
O homem virtuoso está acima do homem honesto, já que o virtuoso tem sempre
disposição firme e constante para a prática do Bem; é valoroso, tem grande força
moral e, portanto, dotado de alta espiritualidade. Este é um forte de espírito.
Sendo valoroso, está à prova de qualquer tentação, de deslize moral ou suborno.
É honesto de consciência, sempre aspira a uma perfeição, à melhor conduta. É
preciso ser conspícuo para ser honesto e virtuoso, donde se conclui que a virtude
é um predicado mais nobre que a simples honestidade. Quem a possui arrisca-se
a tudo, até mesmo a cair na miséria, se necessário for, para manter sua seriedade
e respeitabilidade.
Há também os que se mantêm honestos por conveniência, não pelo próprio valor
espiritual. Para ser simplesmente honesto, basta ser probo, digno e cumpridor de
seus deveres, isto é, as ações que a criatura pratica enquadram-se mais na órbita
social que na esfera moral. Basta que suas ações sejam aceitas pela opinião
pública, o que não quer dizer que sua consciência também não atue, mas não em
primeiro plano.
Aqueles que têm capacidade para reconhecer seus próprios erros pela justa
reflexão dos fatos, e sabem tirar deles sábias lições de vida, são virtuosos, têm
caráter firme e retidão de conduta, bem diferente dos simples honestos que
cumprem seus deveres, honram seus compromissos e, basta isso. O homem
comum jamais reconhece seus erros e chega até mesmo a reincidir no erro, se
isso lhes trouxer vantagens.
Pelo exposto, não é demais insistir que o Bem sempre vencerá o Mal. Este pode
ganhar algumas batalhas, mas não a luta final. Precaver-se com segurança contra
os desonestos é o melhor remédio e, uma vez identificados, jamais fazer
negócios de qualquer tipo com eles. Assim procedendo, a criatura estará
eliminando muitos aborrecimentos.
O idealismo
O idealista é aquele que, acreditando no valor das idéias, estabelecidas com base
em uma lógica irreparável, propugna por elas com uma força incomum, fugindo
das idéias preestabelecidas e das rotinas da vida. É preciso não confundir o
idealista com um sonhador inconseqüente.
O homem, em seu ambiente vivencial, pode assumir diferentes atitudes face aos
acontecimentos de sua vida: uns enfrentam com arrojo qualquer problema ou
situação - são, em geral, os vitoriosos; outros agem com cuidado e ponderação -
são cautelosos ao extremo, podendo chegar aos limites da timidez, esta
prejudicial ao desenvolvimento das criaturas. O que é preciso evitar é o extremo
da timidez, que caracteriza os medrosos e até mesmo os estúpidos.
Já o segundo tipo, aqueles que atuam com certa prudência e mantêm a dignidade
em todos os seus atos, são ponderados, utilizam com mais intensidade sua
espiritualidade para vencer na vida. Raciocinam e utilizam o seu livre-arbítrio
como um filtro para evitar usar ardis e trapaças que podem trazer certas vitórias
materiais, mas ferem os bons princípios da convivência, da Moral e da Ética.
Estes atuam de uma maneira correta e desabusada.
Mas, de outro lado, é bom que se diga que nem todos os ousados são homens de
briga, mesmo quando são provocados por outros que lhes venham criar
embaraços em seus negócios e atividades. Estes usam a ousadia com maior
poder de espírito, com competência técnica e profissional, sem o uso de ardis,
com base em sua capacidade mental, inteligência e sensibilidade moral.
Vê-se, pois, que aos tímidos não lhes faltam qualidades, o que lhes falta é
impulso para vencer os obstáculos da vida material ou os tabus que a sociedade
cria para preservar pseudoverdades, manter preconceitos que a evolução
consciente já deveria ter abolido. Antes de mais nada, o tímido precisa esforçar-
se para vencer os seus receios e temores, verdadeiros inimigos que têm dentro de
si. Vencidos esses inimigos, o caminho estará aberto para se tornarem vitoriosos.
Faz bem ao tímido o aforisma que diz ‘‘errar é humano, mas só não erra quem
não faz ou produz’‘, sendo um vigoroso estímulo para se arrojar um pouco mais
e obter da vida aquilo a que tem direito.
A paciência
É preciso não exagerar na avaliação dos problemas que a vida nos oferece a cada
momento, nem dar curso à imaginação, tornando-os ameaçadores e terríveis, isto
é, não dispersar as energias antecipando-os, imaginando-os difíceis,
insuportáveis e insolúveis. Em suma, não enfocar com lentes de aumento
problemas que só existem na imaginação, criados por uma mente fraca, doentia e
desgovernada. O próprio homem é o causador de muitas de suas misérias, que
são geradas, na maior parte das vezes, por incompreensões, conjecturas,
suspeitas e outras fraquezas humanas.
É preciso levar a vida a sério, não levá-la ‘‘numa boa’‘, como proclamam os
materialistas insensatos e irresponsáveis. Não estou dizendo com isso que não se
deve desfrutar o lazer. Há tempo para tudo; mas o que não deve ser esquecido é
que a nossa vida pessoal deve ser administrada como um negócio, uma empresa:
com competência, valor e seriedade.
É preciso ter paciência. Ter paciência é sofrer, agüentar-se, manter-se sem ceder
às pressões e não dar por terminado o que ainda não chegou ao fim. Quem está
ocupado em pensar em meios construtivos não tem tempo para imaginar
suspeitas e temores. Aquele que tem consciência da necessidade de resistir, não
se impressiona com pequenos inconvenientes e supera todos. Compreende que
não deve temer os percalços das tarefas da vida.
Mas também, é preciso ter suficiente coragem para abandonar as idéias falsas,
venham de onde vierem, se possível antes de iniciar qualquer empreendimento
por elas ensejadas. Para isso, analise a situação, pense e raciocine muito antes de
agir.
A persuasão
A persuasão é uma verdadeira arte - a arte de convencer. Não existe uma fórmula
mágica única, infalível, válida para todas as situações. Cada pessoa tem que
forjar o seu próprio método, inventar uma chave e utilizá-la de forma útil para si
e para os seus semelhantes. Existe uma ligação muito direta entre persuasão e
convicção: para persuadir, a criatura tem, primeiro, que se convencer que as
idéias, atos ou fatos que deseja incutir nos outros precisam ser, antes, bem
aceitos por si mesma. É preciso exercitar-se, com persistência e demoradamente
nesta tarefa, para não falhar diante dos olhos atentos de uma platéia, nem sempre
querendo ouvir o que ela pretende transmitir. É fundamental, neste processo, o
poder individual e coletivo que a criatura precisa ter para atingir com sucesso
seu objetivo.
Uma situação comum que muitas criaturas enfrentam é terem que submeter-se a
entrevistas, seja para conseguir um emprego, seja para difusão de idéias e
opiniões sobre assuntos do cotidiano, pela mídia. Se a entrevista televisiva for ao
vivo, irá requerer redobrado cuidado para não atropelar as palavras, nem ser
inconsistente ou incoerente. Por isso, seja breve e direto. Responda as perguntas
com objetividade e argumente com conceitos válidos ou com fatos
inquestionáveis. Deixe as inovações ou longa argumentação para sessões
especiais, palestras e conferências. Nas entrevistas para conseguir emprego,
procure ficar bastante à vontade, mas não displicentemente; olhe o entrevistador
direto nos olhos, nunca olhe-o de soslaio, nem fique de cabeça baixa; seja claro
nas suas considerações e respostas às suas perguntas. Coloque toda a
concentração que puder na interpretação das perguntas e peça explicação quando
não entender alguma pergunta. Não desvie do assunto. Seja sempre sincero.
Sobretudo, aja e reaja com calma e ponderação. Aqui, também, a sutileza deve
ser evitada, antes cabendo usar argúcia em certos momentos para mostrar a
finura de seu espírito.
A prontidão
Existe um ditado popular que diz: ‘‘O mundo pertence aos que levantam cedo’‘.
É uma grande verdade, pois da decisão de levantar-se cedo, de preferência antes
da sete horas da manhã, poderá a criatura dedicar-se, pelo menos, quinze
minutos aos exercícios físicos e de respiração, trazendo grandes benefícios aos
músculos e ao organismo através da oxigenação dos tecidos. O sangue resultará
purificado e, em conseqüência, o cérebro resultará bem irrigado. Com a saúde
assim revigorada poderá a criatura trabalhar durante todo o dia com mais
intensidade, rapidez e perseverança. E o que é mais importante, ao seguir este
pequeno programa todas as manhãs, sempre às mesmas horas, estará adquirindo
o hábito da constância, sendo pontual e exato, imprimindo no seu inconsciente
uma autodisciplina que será útil e benéfica, também, em todos os outros atos do
seu dia-a-dia. Aqui vale introduzir palavras de auto-sugestão como ‘‘meu
cérebro se tornará mais ativo, devido estar sendo irrigado por um sangue mais
oxigenado e mais puro. A eficiência do meu trabalho hoje depende dessa minha
resolução’‘. Vale a pena repeti-la todos os dias.
Se, durante a nossa educação no lar pelos nossos pais ou nas escolas pelos
nossos professores não tivermos o necessário estímulo para agirmos com
prontidão, seja por falta de bons exemplos, seja pela própria natureza das
pessoas que não souberam ser exigentes conosco, ou ainda, seja pela falta de
iniciativa e indecisão, não devemos cruzar os braços e nos considerarmos
derrotados. Sempre será tempo de encetarmos uma mudança mediante auto-
sugestão e reeducação da vontade e de nossas forças interiores. Basta alguns
poucos meses de treinamento se de fato a criatura se dispuser a se modificar para
operar-se uma grande transformação. Existem técnicas e cursos, bons livros, fitas
cassetes e de vídeo que trazem resultados infalíveis sobre centenas de assuntos.
O segredo é querer. Lembre-se que querer é poder, a força de vontade em ação
tudo vence.
É claro que cada indivíduo tem seus próprios limites, devido ao meio em que
nasceu e foi criado, ao estado de saúde, ao ambiente de trabalho, só para citar
algumas limitações. Mas, as grandes limitações estão no grau de instrução que
teve oportunidade de receber e no grau de evolução espiritual. Tudo isso somado
constitui o verdadeiro desafio que cada um tem de enfrentar. Há uma forte
interação de todos esses fatores, mas também existem forças latentes em cada
um de nós como o pensamento, a força de vontade, o raciocínio e tantas outras,
todas atributos espirituais essenciais e positivas, que postas em ação em cada
momento de nossa vida atuam em sentido contrário àquelas limitações,
neutralizando-as, vencendo os obstáculos, solucionando os problemas mais
difíceis. O que é importante é não esmorecer, não desistir nunca da boa luta, não
se julgar um coitadinho e um derrotado. Somando a estas forças positivas o
hábito da prontidão, qualidade importante que deve ser adquirida com
persistência e perseverança, nada será impossível. Aliás, a palavra impossível
não existe no dicionário de todos os grandes vencedores na luta pela vida.
Muitos e muitos grandes homens, a História está cheia de exemplos, vieram do
nada.
Há um outro ditado popular que cabe muito bem, a pretexto do tema ‘‘A
PRONTIDÃO’‘: ‘‘Não deixes para amanhã o que puderes fazer hoje’‘. Assim
procedendo, estará exercitando a prontidão. As pessoas que acumulam tarefas e
mais tarefas, adiando e postergando sua execução por absoluta falta de vontade
ou planejamento, acabam se perdendo no meio do caminho. Tornam-se
extenuadas, nervosas, estressadas, ansiosas por não saberem por onde começar.
Sua eficiência é muito baixa. Chegam a adquirir o péssimo vício de roer unhas.
Só há um caminho para corrigir isso: pense antes de agir e aja sempre com
prontidão. Planeje o seu trabalho, o uso de seu tempo e dê prioridade ao que
deseja e tudo se modificará. Há sempre um tempo para cada coisa. Coloque
ordem e disciplina em seus atos e verá como tudo se modifica para melhor.
A renúncia
O renunciado, mesmo quando privado de toda a alegria que pudesse ter, bem
como de todos os bens materiais que pudera acumular em toda a sua vida,
desfruta de uma ventura quase completa, é uma criatura feliz, desfruta de uma
calma muito grande e de uma paz de espírito inabalável. Nele, todos os desejos
se apaziguaram e sua serenidade íntima transcende o seu semblante e irradia-se
por todos à sua volta. O único desejo que possui é o de prestar ajuda a quem
precisa, espontânea e convincentemente. Ele possui a firmeza de vontade voltada
para o bem comum, e sublima em suas ações, em benefício alheio, todo o vigor
espiritual de que é dotado.
Não se deve confundir o renunciado com a criatura caridosa. Esta, quase sempre,
procura a louvação pela caridade que faz, pede aprovação da sociedade, a quem
faz questão de exibir-se como benevolente ou beneficente. Muitas vezes, o falso
caridoso utiliza recursos amealhados ilicitamente através de rapinagem,
falcatruas, tramóias e corrupção de toda espécie. Pretende, com as migalhas que
distribui, salvar as aparências e até ‘‘salvar’‘ a sua alma. Pensa, assim, comprar o
céu para não ir para o inferno. Esse, é um tolo sem o saber!
É fato concreto que nossa vida é feita de fragmentos que se sucedem, dando a
impressão de continuidade. Estes fragmentos constituem-se de quadros e cenas
que se completam. Às vezes, basta nos lembrarmos de um único quadro, que
poderia ter ocupado uma fração de segundo, para vir à tona toda a história a ele
associada, reconstituindo cenas e mais cenas. Quanto mais forte for o episódio
vivido, tanto mais forte ele retorna à superfície da mente.
A saudade é o nosso passaporte para o passado de nossa vida atual. Ela nos
transporta às cenas de nossas lembranças que marcaram momentos de nossa vida
com entes queridos ou situações que nos proporcionaram, de alguma forma,
sentimentos de alegria, prazer e êxtase.
É bom ter saudades de alguém. Isso nos religa àquela pessoa que as
circunstâncias da vida afastaram de nosso convívio, seja no espaço, pois ainda
vive, mas em outro local, seja no tempo, se já falecida. Neste último caso, não
devemos concentrar doentiamente nossa atenção na pessoa para evitar que
prejuízos de ordem espiritual nos atinjam. Mesmo no primeiro caso, quando
decorrido muito tempo de nosso último contato e não se sabe se a pessoa ainda
está viva, pela mesma razão antes referida, deve-se evitar concentrar a atenção
na pessoa querida.
Embora a saudade nos traga lembranças queridas e desejadas, não devemos viver
com a mente sempre voltada para o passado. É preciso viver o aqui e agora, isto
é, o presente, de forma adequada, para preparar o nosso futuro, cumprindo com
nossas obrigações morais e espirituais, empenhando-se a criatura no propósito de
sua evolução.
Sentimentos de saudade qualquer que seja a motivação que os deflagrou, são por
natureza espontâneos e não devem ser ‘‘freados’‘ ou controlados, mas deixados
fluir de forma natural até que se completem. O que não se deve é doentiamente
provocá-los a ponto de se transformarem em dor, choro ou outro sentimento
negativo qualquer. Sendo um sentimento elevado e muitas vezes, até sublime,
deve ser entendido como um ‘‘alimento’‘ para o espírito e, como tal, sublimado.
..............................................’‘
Cada pessoa tem o seu álbum de saudades e aquele que vem vivendo de forma
honesta, cumprindo seus deveres com satisfação, sempre encontrará e se
deliciará com os momentos de saudade que vier a ter. Se forem muitos, é sinal de
bom viver, mas se forem escassos é preciso evoluir...
A serenidade
A serenidade é um atributo do espírito e, portanto, tem um nível superior. Nem
todas as pessoas a conquistam, porque poucas são as que se esforçam na
compreensão e no domínio de si mesmas pela autodisciplina. Sendo uma
qualidade, ela exerce domínio sobre as influências que perturbam a
autoconfiança e o desenvolvimento natural da personalidade. Ela não pode ser
obtida senão pelo exercício contínuo, tendo como suporte as forças morais,
intelectuais e até mesmo físicas de cada um de nós.
É preciso ter vontade e habiidade para repelir grande parte das tendências
impulsivas que nos acometem. A falta de serenidade é visível nas pessoas
agitadas, naquelas que se comunicam com gestos exagerados de impaciência,
gesticulando-se e agitando-se numa fogosidade inoportuna, desperdiçando suas
energias ao invés de manterem o domínio que emana de suas forças mentais.
Essa agitação é o preço alto que pagamos à preguiça, à indisciplina e aos maus
hábitos inconscientes. A serenidade é o sentimento regulador dos ímpetos
instintivos, das emoções passionais e até mesmo dos movimentos automáticos
ou ditos inconscientes. Os indivíduos agitados não persuadem e demonstram
fraqueza, transmitem idéias obscuras, insegurança e irritação nervosa.
É difícil aos simplórios penetrar no âmago das coisas e dos fatos; por isso,
normalmente, impressionam-se apenas com a exterioridade, com as aparências.
Daí, serem desprezados ou normalmente enganados por toda espécie de
espertalhões que lhes passam, com freqüência, verdadeiros ‘‘contos do vigário’‘.
São, por isso, presas fáceis dos vigaristas. Basta isso para caracterizar os
simplórios.
É, pois, preciso olhar com muito bom senso, procurar analisar com senso crítico,
debaixo de rigoroso critério de cada um para não se deixar influenciar por esta
‘‘magna caterva’‘, que quase todos os dias estão aí, pela mídia, a vociferar idéias
absurdas, estapafúrdias, a sugerir tendências que trazem proveito a eles próprios
e suas instituições. Vale aqui, ainda, um lembrete contra a propaganda enganosa,
que facilmente atinge a imensa população de simplórios, mesmo com a proteção
da lei e de organizações de proteção ao consumidor, causando-lhes prejuízos
financeiros e problemas de toda ordem.
A ternura
A ternura é um sentimento altamente positivo. Ela está diretamente associada
com os sentimentos de amizade, amor e fraternidade. Ternura é amor, carinho,
meiguice, afago, compreensão e compaixão no trato com o próximo, sentimento
que se traduz numa espécie de conluio, cumplicidade e intimidade entre
criaturas. Sua força provém da pureza dos sentimentos, da franqueza e da
sinceridade com que uma criatura se comunica com outra, não apenas por
palavras, mas também, com gestos delicados, olhares cálidos, toques de mãos,
afagos de solidariedade e de amor. Pela ternura nós nos tornamos íntimos de
outra pessoa. Ter ternura é envolver-se carinhosamente com outras pessoas. A
ternura é um sentimento tão envolvente que normalmente ela é devolvida, no
mesmo instante, dada a sua natural reciprocidade.
Ninguém é uma ilha, está isolado ou sozinho no mundo. Toda pessoa gosta de
ser observada, apreciada, de saber que seus dons são realçados e admirados e,
também, gosta de provocar desejos e sentimentos de amor, de amizade e de
fraternidade. A intimidade, que decorre naturalmente da ternura, é a chave de
ouro que abre corações, e predispõe a criatura às confidências e à entrega.
Ter ternura por alguém é compartilhar quase tudo do que é seu com outra pessoa,
trocando confidências, caprichos, sucessos, fracassos, tormentos e conflitos, sem
haver segredo entre elas. É o sentimento de ternura, muito profundo no amor,
que leva duas criaturas a se entregarem uma à outra pela confiança mútua e pela
empatia que irradiam entre elas. Há uma admiração das qualidades de modo
afetuoso e romântico. Cada uma tem que se sentir à vontade, desinibida,
responsável para que haja ternura, para que possam falar com franqueza de suas
preocupações, sem condenações, sem censura, sem críticas, mas com
compreensão e aceitação completa.
Duas pessoas são meigas entre si não porque uma preenche e satisfaz as
necessidades da outra, mas sim, porque vibram com as mesmas idéias, pactuam
com os mesmos sentimentos, sentem prazer em estar juntas, partilham dos
mesmos gostos, apreciam as mesmas iguarias, assistem aos mesmos espetáculos,
enfim, porque existe uma identificação de pensamentos, sentimentos e
propósitos compartilhados.
A ternura pede sinceridade e confiança; sem estas, não há ternura, ela não se
consuma. É importante que se observe que pregar a igualdade é uma coisa,
praticá-la é outra e isso faz uma grande diferença no relacionamento entre duas
criaturas, principalmente no amor. Se houver uma tendência, ainda que pequena,
por parte do homem, para o culto do machismo, não haverá como consolidar
uma relação duradoura. O mesmo se pode dizer com relação ao ciúme,
principalmente por parte da mulher, sendo este sentimento a causa que vem
separando milhões de casais em todo o mundo, alterando profundamente a
evolução dos seres pelos efeitos que produz na prole.
Não se trata de se espelhar nas qualidades de outra pessoa, tentar copiar, imitar
os seus sentimentos, gestos, expressões e ações. Não existem duas pessoas
exatamente iguais, cada uma tem a sua própria vivência, que é o conjunto de
experiências vividas, em que influíram o grau de espiritualidade de cada um, o
seu ambiente familiar, a educação e as amizades. Trata-se da criatura ser ela
mesma e enxergar na outra, no próximo, o mesmo direito, aceitando essa
verdade com toda naturalidade. A ênfase, o foco tem que se deslocar para a
vontade de servir e se dar, para os sentimentos de admiração e confiança para
que a ternura ocorra. Não se trata de sentimento permanente, mas que é
deflagrado em certos momentos muito especiais em que ocorre, mutuamente,
grande transferência de energia, de verdadeira torrente de fluidos, vibrações
essencialmente espirituais.
A pessoa capaz de ser sensível e meiga não tem receio de expor sua ternura por
alguém, porque não conhece o orgulho, já se desvencilhou dele. Não se trata de
exibicionismo, de machismo ou vaidade para alisar o ego das criaturas e
despertar os olhares de curiosos que estão passando ou estão por perto. Um
elogio, por exemplo, pode conter um sentimento de admiração, uma grande dose
de carinho e ternura, se for sincero, e, ainda assim, poderá ser recebido com
desdém se não houver empatia entre ambos.
Aqueles que conseguem fazer a ternura brotar de seus corações, que são capazes
de fazer vibrar seus bons sentimentos de bondade, solidariedade, fraternidade e
amor por alguém, tanto na alegria como na dor, são criaturas de sentimentos
elevados, de espiritualidade desenvolvida. Despojaram-se dos baixos desejos
materialistas e dos sentimentos negativos mais nefastos, como o ódio, a inveja, o
ciúme, o egoísmo e o orgulho. São pessoas felizes por comprazerem sua
felicidade com o seu próximo, dando sem nada pedir nem esperar recompensas,
com simples naturalidade, por prazer de viver assim. Não se deve confundir essa
felicidade com a aparente felicidade daqueles que, usufruindo desregradamente
da força do dinheiro e do poder, parecem mas não são felizes, no sentido mais
elevado que o termo felicidade enseja. Veja o tema ‘‘A FELICIDADE’‘ em outra
parte desta obra.
A tolerância
O ditado popular que diz que ‘‘o pior cego é aquele que não quer ver’‘ aplica-se
perfeitamente à grande maioria dos intolerantes, demonstrando na maioria das
vezes falta de inteligência ou de discernimento, quando não, de má vontade e
caturrice.
Na educação dos filhos, nos lares de todo o mundo, a intolerância dos pais é uma
pedra no caminho para o desenvolvimento da personalidade e da evolução
espiritual das crianças.
Por não concordarem com as idéias e atos de seus interlocutores falta a muitos
intolerantes a capacidade para suportar as suas opiniões, expansões e atos,
contrapondo-se com teimosia, em vez de fundamentá-las com argumentos
lógicos e fortes. Quando dominados pelo egoísmo, muitos intolerantes só vêm o
próprio interesse, o que lhes apraz. Suas razões são estreitas e mal
fundamentadas, já que são incapazes de um gesto sequer de compreensão e
predisposição para mudar os seus pontos de vista.
Admite-se, ainda, a intolerância para defender o espírito das leis, dos princípios
e fundamentos de nossa sociedade, plasmados na Constituição de cada país
moderno e democrático e assim, formar uma frente única contra a violência, o
terrorismo, o vandalismo e demais iniquidades morais. Juízes, magistrados e
representantes do povo têm, por dever de ofício, de serem intolerantes toda vez
que a integridade daqueles princípios corre um risco de rompimento iminente. É
preciso combater o vício, as drogas, o erro crasso, as arbitrariedades e a
corrupção. Aqui trata-se, na verdade, mais de atos de coragem moral do que de
intolerância.
O termo tolerância tem tão relevante importância que grandes autores trataram
do assunto. Voltaire escreveu Tratado sobre a tolerância (1763), importante obra
em que combateu a rotina, o fanatismo e o despotismo da época. Nesta obra,
ressaltou que a falta de discernimento e deficiência intelectual não permitem que
a criatura analise as razões alheias com isenção de ânimo.
Todo homem deve praticar a tolerância, embora nem todos sejam bem dotados
para este mister. Mas, pelo menos, devem considerar-se advertidos e
‘‘vacinados’‘ contra os grandes males que a prática da intolerância causou e vem
causando ao progresso humano, como aconteceu nas negras noites da História,
na época dos grandes inquisidores Torquemada e Ximenes. Basta citar que, na
noite de São Bartolomeu, em 24/08/1572 e nas que lhe seguiram, a intolerância
religiosa sacrificou, na França, sob a conivência do rei Carlos IX e da rainha
Catarina de Médicis, a vida de mais de 30000 pessoas!
No âmbito individual, há os que se opõem a tudo, verdadeiros ranzinzas,
birrentos e rabugentos, para os quais nenhum esforço de tolerância parece dar
resultado. Se não houver vínculo familiar, que, por razão do amor e do dever
exige dos responsáveis a convivência diária sob rigorosa disciplina com
compreensão e amor no trato das questões, o melhor a fazer é afastar-se de tais
criaturas.
É óbvio que a convivência familiar exige maior dose de sacrifício de cada um,
em que a prática da tolerância reverte em proveito próprio, para maior evolução
espiritual do ser.
O triunfo
O triunfo não é propriamente uma emoção, mas o resultado do profundo
empenho a que o ser humano se dedica para obter aquilo que veementemente
deseja conquistar na vida. O triunfo é o coroamento do esforço e suprema
dedicação.
O bom triunfo é aquele obtido com esforço, dedicação e garra em quase todas as
atividades da vida, onde a competitividade é regra geral. Assim é num concurso,
numa polêmica, num vestibular, em que triunfa quem consegue superar todos os
outros. Aqui está em jogo, na disputa ou competição, a capacidade de cada um.
Esta é a boa luta, o bom combate, que estimula o vencedor a alcançar novas e
diferentes vitórias. Assim, triunfar é ser vitorioso em seus projetos.
Erra aquele que pensa que triunfar é apenas alcançar uma determinada meta e
nela estacionar, comemorando os louros da vitória. Uma meta nunca é a final;
diante dela há outras e mais outras, isto é, vários degraus que no conjunto estão a
exigir da criatura a continuidade de novos cuidados e esforços. É o caso dos
profissionais liberais que têm que atualizar seus conhecimentos, reciclá-los
constantemente para acompanhar o progresso das ciências e das técnicas,
especializando-se sempre para melhor exercer seus misteres.
No plano das idéias não é tão simples assim, devido ao grau diferenciado de
conhecimentos, cultura e espiritualidade de cada criatura. Precisamos usar
discernimento e bom senso para avaliar ou valorizar idéias, sugestões,
comentários, recomendações, conselhos, ensinamentos, propostas, propaganda
difundida pela mídia, notícias e toda a parafernália de informações técnicas as
mais variadas. Precisamos saber avaliar, ou seja, atribuir juízos de valor a tudo o
que se lê, que se fala, que se ouve, para não sermos atropelados por inverdades e
tolices e não sermos enganados pelos espertalhões que pretendem vender gato
por lebre. E por que avaliar ou valorizar? Para sabermos se são autênticos, se
possuem real valor e utilidade, se merecem ser aceitos, se são merecedores de fé
ou confiança, se têm mérito ou demérito. Vamos nos ater, neste tema, na
comunicação das idéias, na divulgação de ensinamentos através da explanação
oral, na persuasão e aceitação da palavra escrita ou falada.
Tudo na vida tem o seu significado, já que nada acontece por acaso. É preciso
saber decifrá-lo e tirar proveito de seus ensinamentos. É preciso educar e aguçar
a nossa sensibilidade para apreender e ler nas entrelinhas, perceber e penetrar
além das aparências, para captar tudo o que for animador, belo e agradável.
Precisamos nos dar ao hábito de pesquisar e inquirir, fazer perguntas sobre o
porquê das coisas e dos fenômenos, examinar as circunstâncias, verificar o fato
gerador ou a causa de tudo quanto experimentamos. Assim procedendo,
estaremos sempre aprendendo e evoluindo ao mesmo tempo em que estaremos
mantendo o nosso espírito ocupado, aguçado, confiante e vigoroso.
Estará usando os recursos da persuasão quem procurar expressar suas idéias com
sentimento e animação, aquele que tiver certeza de que as suas conclusões estão
bem fundamentadas e procurar dar a elas um cunho de autenticidade e
originalidade. Não se deve tornar-se demasiadamente repetitivo, a não ser para
acentuar pontos essenciais.
O bom leitor e o bom ouvinte não criarão obstáculos se o tema em exposição for
de seu interesse e não exigir atenção muito além do seu alcance, se houver
silêncio e respeito no recinto e o expositor tiver treino suficiente e não for
enfadonho e demasiadamente repetitivo. Uma voz desafinada, estridente, ou no
outro extremo, rouca demais, bem como a repetição exagerada causam
desatenção e sonolência. Aí, nenhuma assimilação poderá ocorrer e a
comunicação não vingará, será um fracasso.
Sumário
PARTE II
SENTIMENTOS NEGATIVOS
A ansiedade
Ansiedade é tormento de espírito. É aflição, cujo grito ecoa dentro de nossa alma
e nos deixa pequenos diante da imensidão dos problemas a resolver. Ela atinge,
principalmente, as pessoas que trabalham muito tempo ou em vários lugares
durante longos períodos, sem descanso, com grandes responsabilidades sobre
seus ombros, acumulando pesados encargos muito além de suas forças. São
pessoas que se preocupam e procuram fazer o que é certo, são bem
intencionadas, mas temem falhar nos seus objetivos. Falta-lhes, porém, a força
da autoconfiança por não conhecerem a si mesmas. Por não poderem fazer tudo
no tempo certo e não saberem ou não poderem delegar parte de suas tarefas para
outros, sofrem muito, mas não externam seus sentimentos, seus sofrimentos; ao
contrário, vão acumulando-os até que chega uma hora em que suas aflições não
podem mais ser contidas e explodem a ponto de chegarem a agredir seus amigos
mais íntimos, seu parceiro ou seus familiares. A sobrecarga de trabalho deixa-os
arrasados, com um sentimento de impotência, por tentar abraçar tudo e não
poder.
Nas grandes cidades, uma das maiores causas de ansiedade está relacionada ao
trânsito caótico e enervante. Todos querem chegar o quanto antes em algum
lugar e, nesses deslocamentos, premidos por uma necessidade, por um
compromisso qualquer de hora marcada, se acontecer de se atrasar, como
normalmente soe acontecer, a pessoa começa a irritar-se, a angustiar-se, para
dizer o menos. Aí, tenta cortar caminho, procura alternativas e não consegue
avançar. Essa situação deixa a criatura aflita, com impotência de nada poder
fazer, mas sua mente não aceita, rebela-se contra esses obstáculos, impacienta-se
e vai acumulando energias negativas. Se acontecer de esbarrar em outro carro ou
nele trombar, aí o mundo vem abaixo, sai do carro já agredindo e culpando a
outra que por sua vez, tem seus próprios problemas e provavelmente estava
também atrasada e já não podia cumprir o seu compromisso a tempo. É uma
situação constrangedora e estressante, sofrida, agoniada, que poderá ser atenuada
se houver algum acompanhante ou alguém por perto, com calma suficiente para
apaziguar as partes e desarmar os espíritos. Não raras vezes, o resultado desses
imprevistos leva a criatura à agressão, às vias de fato e até às tragédias mais
graves.
Nos jovens, a ansiedade adquire força quando têm que enfrentar grandes
desafios e competições face aos seus semelhantes. Todos aqueles que
enfrentaram ou passaram por um exame de vestibular para ingressar em uma
escola superior e tiveram que competir na proporção de uma vaga para dez a
vinte candidatos, sabem muito bem as noites maldormidas que tiveram que
passar em situações de muita angústia, quer antes e durante as provas, como
também enquanto aguardavam os resultados de classificação.
Na vida não há quem não tenha passado por grandes momentos de dissabores e
ansiedades, até mesmo diante de momentos que antecedem situações que,
normalmente, deveriam ser de alegria. Na fase de noivado e casamento, por
exemplo, quando o futuro das criaturas vai depender tanto da compreensão e
tolerância mútuas para a adaptação de duas personalidades totalmente diferentes,
cada um com virtudes e defeitos, os consortes terão que se ajustar e se
harmonizar para manter viva a chama da vida em comum. No outro extremo,
muitos enfrentaram outras tantas angústias e inquietudes diante de uma doença,
por mais simples que fora, de um filho, ou que tiveram de chorar diante da morte
de um ente querido. As criaturas precisam aprender a compreender que há coisas
que não podemos mudar e que na vida tudo passa, nada acontece por acaso e
após a tempestade vem a bonança, com a vida seguindo a normalidade de seu
curso. Precisam aceitar o ditado popular que diz: ‘‘não há bem que sempre dure,
nem mal que nunca se acabe’‘. A boa reação da criatura a essas situações de
terrível sofrimento é o melhor remédio, não deixando se abater de forma alguma
para o que não deve prolongar a sua atenção sobre tais fatos.
A autocompaixão
É preciso que se lhes diga que tudo depende de si mesmos, que precisam reagir e
afastar as forças negativas com um pensamento vigoroso orientado para a
realização de seus desejos e ambições, que ponham a força de vontade em ação
com determinação e entusiasmo. Só assim, esse quadro se modificará. Pode levar
o tempo que levar, mas é preciso dar o primeiro passo.
Diante desse conceito materialista, nada mais natural para a criatura do que
afogar-se no vício da imoderação. Daí, o exagero na comida e na bebida, nos
prazeres sexuais, na acumulação de bens úteis e inúteis, na ostentação da riqueza
e até mesmo na ambição da posse e do poder, seja no trabalho, na política,
enfim, em toda e qualquer atividade social. Para darem largas à sua ambição, ao
desejo de ter, pisoteiam seus semelhantes e chegam a orgulhar-se de acumular
bens de uma maneira insaciável. Neste aspecto, são mais desprezíveis que os
animais, que limitam-se à posse do necessário aos seus instintos e, satisfeitos
estes, descansam e dormem tranqüilos. Muitas criaturas vão além dessas
necessidades, entregando-se aos condenáveis vícios da gula, da cupidez, da
concupiscência e da usura.
Esta inquietação pela posse exagerada, não raro denunciável pela personalidade
da criatura, com atitudes, modos de ser, arrogância e dissimulada humildade, é
encontrada por toda a parte, em todos os tempos, em todas as raças e camadas
sociais. É própria das criaturas insensíveis e desprovidas de um mínimo grau de
espiritualidade.
O ciúme
O ciúme é um sentimento muito negativo tanto para a criatura que o tem como
para aquela que o induziu, seja ele motivado ou não. É um dos mais nefastos
sentimentos, juntamente com o ódio e a inveja. Ele resulta de pensar que seu
amor por uma criatura está sendo desviado por esta para uma terceira pessoa.
Dessa forma, sendo rompidos os laços de confiança recíproca, a criatura
ciumenta é assaltada por atroz sofrimento.
O ciumento contumaz, que parece ver traição em tudo, até num simples e furtivo
olhar de seu companheiro para admirar a elegância de outra criatura, num
comentário lisonjeiro dirigido a alguém ou, ainda, em uma conversa simples e
despretensiosa com outra pessoa do sexo oposto, sofre sempre e muito. Sofre,
primeiro porque se critica por ser ciumento; em segundo lugar, porque receia que
seu ciúme possa ferir o seu amor; sofre, ainda, porque se deixa dominar pelo
ciúme, isto é, por uma banalidade; finalmente, sofre por ser excluído da relação e
pela agressividade que, em conseqüência, lhe acometerá. É um infeliz que se vê
na contingência de resignar-se e silenciar-se a respeito, ou, na melhor hipótese,
dar a volta por cima e reorientar a sua vida. A outra saída, a reconciliação, exige
muito desprendimento e muita tolerância e, nem sempre, retoma e reconquista os
encantos anteriores.
Parece fora de dúvida que o ciúme desponta muito cedo na vida das pessoas.
Tanto é assim que, segundo a psicologia freudiana, o ciúme é considerado um
estado afetivo qualificado de normal. Quem não sentiu ou viu uma criança
ciumenta? Desde a tenra idade, a criança demonstra ciúme motivado pelo desejo
que outras crianças têm pelo seu brinquedo, pela sua bicicleta, pela sua boneca.
Ou o ciúme que ela sente quando a mãe ou o pai a provoca, demonstrando ter
mais carinho pelo seu irmãozinho ou por outra criança. Tais provocações, diga-
se de passagem, nocivas na formação da personalidade da criança, chegam a
deixá-la irrequieta, raivosa e chorosa. Elas alimentam a manha da criança que
pode recalcar estas situações. Tudo o que temos a fazer é atenuar esses arroubos
de ciúme, não estimulá-los de forma alguma, explicando às crianças a
transitoriedade de tudo o que possuímos.
10) Dê a volta por cima. Ao final, tudo vai passar, como tudo passa na vida.
A compulsão
A compulsão é uma excitação que nos atinge para agirmos com base em
estímulos que nos vêm de fora; a impulsão, ao contrário, tem origem em nossas
forças interiores, mediante impulsos derivados do pensamento, que a vontade
põe em ação de acordo com o nosso livre-arbítrio. Trataremos aqui de ambos.
Do exposto, é obvio, é fundamental que, sempre que possível, devemos agir por
impulsão através de planos bem orientados e elaborados. Se por detrás da
impulsão, houver uma forte ansiedade de busca e realização, devemos procurar
canalizar estas forças e torná-las conscientes, para dar valor ao que estivermos
realizando. Se sentirmos estes estímulos interiores, conduzir-nos-emos ao seu
controle e a ação resultante será profícua.
Focalizamos, por exemplo, a fusão que existe (ou deveria existir) no casamento.
Esta fusão de um no outro significa ‘‘estar completo’‘ (aparentemente). Na
verdade, mesmo quando existe uma união muito forte, a unidade, ‘‘unidade
integrada’‘, não é completa, já que antes (e sempre) cada um não se desliga de
seu ‘‘eu’‘, nem poderá dissolvê-lo, não poderá destruí-lo. Portanto, fusão com o
outro é ainda, um estado ‘‘incompleto’‘, sendo uma ilusão pensarmos que nos
tornamos completos com o(a) outro(a). A fusão com outra pessoa é, pois, sempre
frágil, deixa de existir constantemente, freqüentemente e, sendo incompleta, há
sempre um término para o que é incompleto. Então, quem busca a integração
deve primeiro buscá-la dentro de si mesmo; só então, a fusão pode tornar-se
indestrutível.
Embora a felicidade pela fusão ou integração seja relativa (das modinhas de roda
de nossa infância: ‘‘...o amor era pouco e se acabou...’‘) há numerosos casos em
que ela ocorre. Quando essa fusão desaparece (separação, perda de entes
queridos, na morte, etc.), ocorre um grande ‘‘vazio’‘ de infelicidade em nós. A
infelicidade, a insatisfação, cria o futuro, a esperança ou o desespero porque
estamos infelizes. Se estamos infelizes o tempo não existe, o ontem e o amanhã
estão completamente ausentes, não nos preocupamos nem com o passado nem
com o futuro.
O egoísmo
Nos adultos, o exagerado sentimento de posse desponta com força quando são
contrariados ou obstados por qualquer circunstância, de exercerem seus desejos
e vontades, de forma inteiramente livre, sobre seus objetos de uso pessoal como
o carro, o computador e até de suas conquistas amorosas. De regra, são
voluntariosos, negando-se de forma bruta a qualquer pedido de empréstimo.
A emulação
Devemos, sim, sermos otimistas e buscar boa inspiração. Temos que nos inspirar
naqueles que edificaram, construíram suas vidas e seu futuro através do trabalho
fecundo, do otimismo, da persistência, da perseverança e da inteligência. Para
buscar incentivo, para adquirir força de vontade, devemos conhecer as biografias
de grandes vultos de nossa História, da cultura e da ciência, das artes e da
música. A boa leitura de obras desse tipo só pode nos enriquecer o espírito e
aumentar o nosso ânimo e entusiasmo, deflagrando em nós forças de que
precisamos. Decisão e esforço próprio são necessários. Investigue, procure saber
a causa do sucesso de muitos homens de negócio que venceram na vida partindo
do nada ou quase nada, que tiveram êxito e ocuparam lugar de destaque na
sociedade, granjeando a admiração de seus contemporâneos. Mas, não se deixe
influenciar demasiadamente pelos excessos, principalmente pelo dinheiro ganho
fácil ou penosamente. Use este para suprir suas necessidades e viver com
parcimônia, mas não avaramente nem perdulariamente. Use-o ainda, para
multiplicar suas ações e beneficiar pessoas, criando novos negócios e empregos
para muitos. Portanto, é preciso adequar necessidade e interesse, distinguindo-se
pelos seus próprios méritos. Jamais se deixar impressionar pelos indolentes e
pobres de espírito que nos tiram a iniciativa para não se tornar um deles,
engrossar suas fileiras. Reaja sempre com muita força de vontade, garra e ação!
Devemos nos convencer de que todo sucesso ou triunfo nasce da luta e isto é
válido no trabalho como nos campos de batalha ou em qualquer atividade útil.
Portanto, para sobrepor-se, virar as costas à emulação é preciso lutar
constantemente contra a adversidade e, sobretudo, não confiar na sorte para não
depender dela.
O que prova isso? Caráter forte, força de vontade firme e indomável, entusiasmo
capaz de atrair a admiração de todos. Nas pessoas de fibra, a vontade sempre
teve a colaboração da sua própria confiança. Veja o tema ‘‘A CONFIANÇA’‘ em
outra parte desta obra.
A frivolidade
A frivolidade e a futilidade são formas de pensar e agir das criaturas que não
levam a nada ou quase nada de útil e sério. Por esses sentimentos as pessoas
procuram dar expansão ao vácuo mental, à sua estreiteza de espírito,
desperdiçando o seu precioso tempo e empatando o de seu semelhante com
ninharias de todo tipo. Embora haja certa semelhança entre o significado dessas
duas palavras, a futilidade tem mais abrangência que a frivolidade. Trataremos
aqui do desenvolvimento de ambos os temas.
Frívolo é o indivíduo dispersivo que não se fixa em nada, que passa a vida em
conversas fiadas, sem conteúdo, improdutivas e até mesmo nocivas, que só se
importa com ninharias e picuinhas. Tem por principal preocupação satisfazer
seus desejos medíocres. Gosta de exibir-se. Vive arquitetando, matutando
alguma coisa vã, sem importância, para fazer. Preocupa-se com a aparência
física: o penteado de seu cabelo, o polimento das unhas, os trajes extravagantes,
alguma particularidade do corpo, mais como um todo, que chame a atenção de
forma ridícula ou acintosa. Gasta horas pensando em devaneios e fantasias ou
em levianas palestras, conversas ou consultas sem significado. Joga conversa
fora, como se diz vulgarmente. Basta observar, no seu convívio diário, que se
encontrará esse tipo de criatura com mais freqüência do que se espera. Ele se
denuncia com facilidade ao bom observador, pela sua maneira de ser, de se
apresentar e até mesmo pelo tom de sua voz.
O fútil, que também é um tipo vulgar, como o frívolo, tem outras características,
embora algumas sejam comuns ou quase. Ele se denuncia de várias maneiras,
principalmente pela conversa. Detesta tratar as idéias e pensamentos mais
profundos, doutrinários e filosóficos. Tem aversão, é contrário a qualquer
esforço intelectual, ao estudo de coisas sérias e à análise e reflexão. Contudo, é
palrador, gosta de falar com fluência, às vezes com muita eloquência. Fala de
tudo e julga entender de tudo, pretendendo ter competência quando dá sua
opinião sobre questões que desconhece. Sobretudo, detesta ouvir. É comum ver a
criatura fútil se entusiasmar pelos acontecimentos do dia-a-dia, tomando partido
pró ou contra, de forma apaixonada, fazendo questão de deixar claro seu ponto
de vista. A atitude da criatura fútil é sempre baixar o nível de qualquer conversa
ou palestra, banalizando as questões e levando as conversações ao sabor de suas
conveniências vulgares ou de ordem pessoal. Fala muito de si e de seus parentes,
chamando a atenção para a importância que não tem.
Algumas características são comuns aos frívolos e fúteis. Uma delas é a afoiteza
e a ligeireza ou pressa com que julgam os problemas. Desprezam a opinião
alheia e preferem sua própria para tudo, até mesmo para o que não sabem. Têm
estreiteza de espírito, isto é, são vazios, nada é profundo em seus conceitos e
idéias. A teimosia é uma constante em sua atitude. Adoram as discussões e as
polêmicas infindáveis que não levam a nada, sem resultado. Não se rendem às
evidências, isto é, jamais dão o braço a torcer nas discussões, não se deixando
esclarecer, convencer ou apaziguar. Detestam se alguém lhes aponta
contradições, irritando-se ou desviando-se para longas e intermináveis querelas.
Ainda, outras características comuns podem ser lembradas. Não gostam e até
têm acentuada antipatia pelos livros, pela boa leitura: é o caso dos que só
aprendem por intuição ou ouvindo informações, notícias e histórias. São
palradores, falam muito e pensam pouco. São intolerantes em suas crenças.
Enfim, são vulgares e adoram manter longas conversas fiadas, sobre os mais
banais assuntos. Ao observador atento, é fácil identificar estas criaturas em toda
parte, nos ônibus, trens, nos escritórios, onde são considerados indesejáveis, pois
estão sempre procurando quem os ouça, fazendo ‘‘rodinhas’‘ de piadas ou para
conversar banalidades. Procuram distrair a sua e a atenção dos colegas e, por
isso, são constantemente advertidos para melhor cuidarem do que lhes compete.
Dessa forma, acabam sendo despedidos e perdem o emprego.
Os hipócritas sempre projetam uma sombra sobre o ambiente em que atuam para
melhor poderem simular as qualidades e aptidões que consideram vantajosas.
Usam artifícios sutis e requintados e armam defesas de todo tipo para não serem
desmascarados. Sua honestidade é indecisa, insípida, camuflada e, assim
também, a sua moralidade. Não sabem ouvir a voz interior de sua consciência,
isto é, procuram cúmplices para melhor facilitar a sua ação nefasta.
Em certo sentido, em muitas ocasiões, a hipocrisia pode causar mais mal que o
ódio, embora este seja um dos sentimentos que mais corrói a alma humana. O
homem digno é valoroso, mas o hipócrita é amedrontado. Por isso, o homem
digno desabafa-se, enquanto o hipócrita simula, escamoteia, disfarça; aquele,
sabe cancelar ou anular seu eventual ódio, enquanto este nem sequer admite que
o tenha. Por isso, não abre o seu coração a ninguém e, sempre que necessário,
finge ter ódio.
O hipócrita detesta os homens retos, pois estes, com sua retidão, humilham os
oblíquos que não confessam a sua covardia. Por isso, repetimos, simula tudo.
Nele, até o sorriso é falso. Difama na surdina e trai sempre que necessário para
atingir seus fins. Só pensa em si mesmo, caracterizando com isso sua acentuada
pobreza de espírito. Com isso, fica-lhe difícil manter uma amizade verdadeira.
Sendo indiferente ao mal do seu semelhante é, freqüentemente, levado à
cumplicidade indigna para ajudá-lo a cumprir seus propósitos.
O hipócrita não hesita em levantar suspeitas se isso lhe interessar, e com sua
palavra, destruir ou separar amigos e amantes, envenenando com sua suspeita
falsa a confiança mútua que ali existia e, portanto, jogando por terra a harmonia
que entre os amigos reinava. Outra vez, a mentira é o seu sustentáculo! Por isso
mesmo, não tem sentimento para com a família, a classe, as raças e a pátria, não
é simpático a qualquer ideal, mas pode simular simpatia mentindo para explorar
melhor esses sentimentos. Dessa forma, o hipócrita só é generoso para obter
vantagens e, como exemplo, podemos notar que só pratica uma ação digna
quando tiver a certeza de que suas ações serão notadas. Tudo o que é seu tem
mais valor, é supervalorizado e o que não lhe pertence, mas é por ele cobiçado, é
subvalorizado.
O hipócrita pratica com freqüência a ingratidão, pois pensa que não deve praticar
o bem só para evitar a ingratidão alheia. Por isso, não aceita a gratidão do seu
semelhante por interpretá-la, a seu modo, como falsa.
A indiferença
Há, na vida, pessoas que só pensam no seu interesse o tempo todo, nele
centralizando as suas ações, agindo com indiferença às realizações e emoções do
seu semelhante. O mundo está cheio de pessoas que se abstraem das coisas e dos
acontecimentos. Concentram-se no puro desfrute de sua existência material. São
incapazes de oferecer solidariedade até a seus próprios amigos e familiares.
Nada conta para elas, a não ser o imediatismo estreito de sua existência
‘‘fechada’‘ ou ‘‘trancada’‘ em si mesmas. Essas pessoas constituem o grupo
imenso dos seres indiferentes e apáticos.
Essas pessoas mal se dão ao trabalho de enxergarem além de seu nariz, onde
termina o seu horizonte; sua visão de vida é estreita e deformada. Mal conhecem
seus vizinhos, os nomes das ruas próximas onde moram, os seus parentes mais
próximos, não se interessam em ampliar os seus conhecimentos sobre o seu país,
o seu povo, a sua história, enfim, estacionam com o conhecimento que têm. Não
se apercebem do que está acontecendo no mundo por puro desinteresse. Se
sabem ler, lêem mal ou não entendem o que lêem porque o seu raciocínio acha-
se embotado. Portanto, nada assimilam através da leitura. Essas pessoas
constituem o grande grupo dos seres rotineiros e medíocres de espírito e se
sentem satisfeitas dentro de sua própria mediocridade.
Vítimas de uma segunda natureza que eles mesmos implantaram em suas mentes
com o correr do tempo, incorporam o que dizem e o que pensam de uma maneira
tão forte, que torna-se-lhes muito penoso romper as suas ‘‘verdades’‘. Tornam-se
indolentes, incapazes de reagir, de mudar a sua ótica de ver as coisas, por mais
simples e clara que seja a lógica que se lhes apresenta. Possuem antolhos para
verem além das aparências.
Não há dúvida que a infidelidade é um sintoma de que algo na relação a dois não
vai bem, não satisfaz mais a um dos cônjuges ou a ambos e sua existência cria
uma situação intolerável dentro do casamento. As evidências disso são as
desavenças, as brigas violentas e as agressões físicas levando à separação e ao
divórcio e, em alguns casos, a crimes passionais.
A infidelidade tem mais a ver com a fraqueza da criatura que trai, seu
temperamento, seus valores, os momentos difíceis por que passa na vida, mas
decorre principalmente de insatisfações e frustrações para as quais a pessoa não
encontra uma solução ou saída negociada ou honrosa. A causa pode ser falta de
maturidade de um dos cônjuges, pode ser que a pessoa avaliou mal suas
expectativas e, uma vez desfeitas estas, sente-se que tudo vai desmoronar a sua
volta. Sente que a sua vida vai perder sentido e precisa criar uma situação de fato
para tomar coragem e decidir novos rumos.
O que fica ou resta para o casal é muita raiva, mágoas e ressentimentos que
causam grandes males ao seu progresso espiritual, principalmente quando o mal
se torna visível, se transforma de desconfiança em certeza. Pior ainda quando
essa revelação de infidelidade se faz diretamente, quando o marido ou a mulher
revela ao outro a traição, em momentos de briga violenta ou fúria, em que, fora
de si, descontrolados emocionalmente, não medem palavras.
Muitos psicólogos tratam-na como um caso particular do ciúme, mas isto não é
correto porque, desde a mais conhecida antigüidade, já a mitologia grega
atribuía-lhe origem sobre-humana, das trevas noturnas e, também, porque nos
tempos modernos adquiriu tanta virulência que convém ser tratada independente
do ciúme. Convém assinalar que na mitologia grega a inveja era representada
por uma mulher com a cabeça coberta de víboras, com olhos fundos, dentes
pretos e língua untada, segurando com uma das mãos três serpentes e, com a
outra, uma hidra e, no seu seio, incuba um monstruoso réptil que a devora
continuamente.
Há, ainda, os que comparam ou chegam a confundir inveja com ódio. Ambos
nascem da maldade e, quando dão as mãos, tornam-se mais fortes. Tanto aquele
que odeia como o invejoso sofrem em conseqüência do bem e parecem gostar do
mal alheio, mas é só nisso que se parecem. Eis a diferença: o ódio destila o mal
que o indivíduo dirige aos outros; ao contrário, a inveja é estimulada pelo
sucesso e prosperidade alheia, querendo para si o que pertence aos outros.
Estas duas paixões são alimentadas e fortificadas por causas equivalentes: o ódio
se dirige aos mais perversos e a inveja aos que mais merecem. Daí Themístocles
ter dito, quando ainda jovem, que não tinha realizado nenhum ato brilhante,
porque ainda ninguém o invejara.
O homem superior jamais será invejoso, já que possuindo seus próprios méritos
não desejará o de outros. Inveja-se o que os outros já têm e o que se desejaria ter;
por isso, no fundo, a inveja é um sentimento de frustração. Ela nasce de um
sentimento de inferioridade que os espíritos fracos estimulam e carregam
consigo. Neste sentido, é uma inclinação de tendência egoística, resultante de
uma incapacidade de competir.
Aquele que já evoluiu a ponto de ver nos outros parcela da Força Universal em
ação, capaz de sentir a beleza em todas as coisas da natureza e nas feitas pela
mão do homem, que admira as artes e cultiva a ciência e que se comove com os
grandes feitos e se deixa arrebatar pelos ímpetos da emoção, enchendo seus
olhos com lágrimas, é um espirito avançado e jamais será invejoso.
Alinharemos algumas palavras sobre este vasto tema que é a inveja feminina e
masculina. A inveja feminina é temperada por filigranas de astúcia e, às vezes,
de perversidade e, em geral, utiliza a maledicência no matraquear das conversas
fiadas, remoendo-se sem cessar até atingir sua invejada ou invejado. Seu alvo,
em geral, é a beleza que ela vê, obliquamente, em suas competidoras. Já o
homem vulgar inveja as fortunas e as posições sociais, julgando que a riqueza
seja o supremo ideal dos outros, certo que é o seu. Nisto se explica o fato de o
proletário invejar o burguês, sem renunciar a substituí-lo: na verdade, ele
gostaria de estar no lugar dele. Mas, acima de tudo, o talento em todas as suas
formas é o bem mais invejado entre os homens. Basta o indivíduo sobressair-se,
em qualquer atividade, para arrastar, atrás de si, numerosa fileira de invejosos
que, incompetentes, procuram reunir esforços para destronar seus ídolos.
A maledicência
Pelo baixo nível de suas idéias e pensamentos poderiam merecer indulgência das
criaturas mais privilegiadas se soubessem se manter simples e humildes.
Infelizmente, isso não acontece e, em geral, são pretensiosas e, por isso, tornam-
se perigosas e nocivas. Como não podem igualar os dotes dos que têm talento e
brilho, os ofendem; já que não podem elevar-se até eles, decidem rebaixá-los,
carcomendo-lhes o mérito com voraz maldade. A reputação dos dignos os
humilham; por isso, cospem todo o seu veneno neles, posto que estão sempre de
mau humor e de má vontade para com o próximo.
As pessoas medíocres são mais inclinadas à hipocrisia do que ao ódio. Por isso,
preferem a maledicência silenciosa, sub-reptícia, não ostensiva à calúnia, que é
violenta e requer ousadia por parte do caluniador. A calúnia é um crime previsto
em artigo no Código Penal Brasileiro e, infringi-lo ou desafiá-lo, leva aos rigores
da lei. Por isso, o caluniador tem que ter coragem para desafiar o castigo penal, o
que o maledicente não tem, porque age na surdina, sutilmente e normalmente se
oculta na cumplicidade de seus iguais.
Outra característica do maledicente é que ele cala com prudência de todo o bem
que sabe sobre alguém, isto é, ele se omite para melhor realçar todo o mal que
deseja destilar sobre determinada pessoa. Por isso, é fato conhecido que o
maledicente não respeita as virtudes íntimas, nem os segredos do seu lar; nada
lhe escapa quando se trata de falar mal da vida alheia, estiletando seu parceiro na
vista de seus filhos e amigos, sem respeito algum, nem piedade.
É preciso muito cuidado para não se envolver com os maledicentes. Eles estão
em toda parte e sua maledicência oral tem eficácia imediata e esta tem sua raiz
na complacência daqueles que os ouvem, sem se indignarem, criando-lhes uma
atmosfera propícia à sua difusão e circulação. Assim, evite-os, protegendo de
antemão a sua reputação.
O medo
De todos os sentimentos negativos, o medo é o que mais se acha arraigado na
mente humana. Ele é criado pelo pensamento, mas tem suas raízes na
insegurança que a pessoa sente em face de várias situações que a vida nos
reserva. E isto desde a mais tenra idade, até mesmo antes de se formar a
consciência no pequenino ser. Por isso, muitas vezes é tratado mais como um
instinto do que como um sentimento.
Toda nossa vida, desde que nascemos até morrermos, é uma luta incessante para
ajustar, transformar e tornarmo-nos úteis enfim, evoluirmos. É dessa luta e
conflitos que surgem as numerosas causas de confusão, embrutecimento da
mente e insensibilização do coração. Vivemos dentro de uma dualidade, de
desejos opostos, com seus temores e contradições.
Ora, é o medo que destrói o amor através do ciúme, que cria a ansiedade, o
apego, o desejo de posse e de domínio, o ciúme em todas as relações; é ele que
gera a violência. E a violência é um dos grandes obstáculos a uma vida mais
saudável e segura, principalmente nas grandes cidades.
Sem querer examinar como surge o medo, o que lhe dá sustentação e duração e
como lhe pôr fim, vamos, no entanto, abordar aspectos a ele inerentes sem deixar
de lado a questão de sua realidade.
Há muitos tipos de medo. Há o medo por instinto, que é uma reação sensorial
face ao perigo ou ameaça iminente, e o medo psicológico, este mais conhecido
como temor ou fobia, como é o caso do medo da morte, medo da escuridão e
outros desse tipo. Para vencer o medo, precisamos desenvolver a coragem, que é
a melhor forma de resistência ao medo, embora muitos prefiram utilizar a fuga
ou até mesmo o lazer para se lhe opor.
Ora, como o pensamento não cessa nunca, já que ele é o resultado das vibrações
do espírito, e seu estado dinâmico define o nosso ‘‘eu’‘ em dado momento,
voltamos ao mesmo problema do ‘‘eu’‘ (observador) e do ‘‘não eu’‘ (coisa
observada). Portanto, é de se notar que para superar o medo temos que nos valer
da força de vontade para tentar quebrar essa dependência, assumindo o risco
decorrente do bom ou mau uso de nosso livre-arbítrio. E, sendo o medo uma
reação da memória e da experiência acumulada em fracassos e sucessos, torna-se
difícil eliminá-lo somente por controle ou repressão do pensamento. Há que se
recorrer, então, ao autoconhecimento e à busca do silêncio interior, à paz de
espírito, para fazer cessar o medo através de introspeções conscientes. Só pelo
conhecimento de nós mesmos como Força e Matéria é que poderemos terminar
com o sofrimento e o medo.
De outro lado, há pessoas que se sentem bem e são tomadas de grande alegria
por estarem sós. Isto parece um paradoxo, porque a solidão é uma forma de
retraimento, de isolamento e de refúgio. Mas, essas criaturas podem estar só
exteriormente, simplesmente solitárias, o que é bem diferente da solidão interior.
E, quando inexiste a solidão interior, isto é, quando a pessoa busca o
autoconhecimento imergindo numa meditação criadora, desaparece também o
medo.
A morte é uma realidade inevitável, inexorável. Não importa o que façamos, ela
é irrevogável. Mas, o que mais preocupa à criatura não é a morte em si, é querer
saber o que existe além da morte, isto é, é desconhecer que espécie de
continuidade existe além da morte, e em que dimensão.
Ora, para que surja ‘‘algo novo’‘ é preciso que exista alguma coisa que venha a
findar e que já envelheceu. Isso é verdade para qualquer pessoa, cujo organismo
começou a morrer logo que nasceu, num processo contínuo de renovação celular,
muitas vezes de natureza revitalizante, mas decaindo com o tempo até se
aniquilar por completo. Há uma descontinuidade, já que nosso corpo não dura
para sempre, isto é, corpo e mente não são eternos. Parece desconcertante, mas o
pensamento não cessa, nem mesmo após a morte do corpo. Isto porque o tempo
não é apenas cronológico, mas um movimento contínuo do passado através do
presente em direção ao futuro. É através desse movimento que ocorrem as
transmigrações de memória, de imagens, dos símbolos, etc. que faz com que o
pensamento e a memória tenham existência contínua, por serem faculdades do
espírito, que é eterno.
O medo não é uma mera abstração, mas tem uma existência real, isolada e
independente. Ele surge sempre relacionado com alguma coisa, isto é, não existe
o medo independentemente de uma relação. Ora, como a morte continua sendo
‘‘o desconhecido’‘, ela não pode ser trazida para a esfera do ‘‘conhecido’‘ para
que seja estudada, dissecada, isto é, não se pode tocar o desconhecido com as
mãos.
A morte é o desconhecido e é isso que nós tememos. Ora, pode alguém ter medo
de uma coisa (fenômeno) que desconhece? Na verdade, temos medo não do
desconhecido, mas da perda do conhecido, porque essa perda pode ser dolorosa
ou acabar com nossos prazeres, nossas satisfações. Assim, é o conhecido a causa
do medo e não o desconhecido, isto porque este não é mensurável em termos de
prazer e dor. Assim, podemos afirmar que temos medo do conhecido em relação
com a morte, mas não desta propriamente dita. É que sempre temos o conhecido
como ‘‘coisa garantida’‘, e por isso mesmo, quase não lhe notamos a presença
(do conhecido).
Mas, para terminar, afirmamos: como muitas pessoas têm medo de olhar a si
mesmos, evita-se saber ‘‘o que é’‘, ‘‘o que conta’‘ e, com mais razão ainda,
fogem (processo de fuga) do desconhecido e, procurando não encará-lo de
frente, sofrem com este medo por pura ignorância do ‘‘que é’‘.
MENTIRAS DE ATAQUE
MENTIRAS DE DEFESA
MENTIRAS ALTRUÍSTAS
MENTIRAS GRATUITAS
MENTIRAS INCONSCIENTES
A mentira está tão arraigada na sociedade que para ela foi criado o dia mundial
da mentira ou do logro - o primeiro de abril -, como se ela precisasse ser
homenageada, cultuada de forma universal. Ela está tão infiltrada na vida de
cada um, usada e abusada no dia-a-dia, que poucos se importam com essa data,
que está em descrédito. Pior ainda, escritores e poetas louvam a mentira, sonham
e fogem da realidade e partem para a ficção, que evidentemente é pura mentira.
Mentiras, também, são os contos de fada e as historinhas que fazem a delícia da
garotada. É óbvio que nem todas são inofensivas e muitas vezes fornecem
munição para a criança mentir, quando descobre que mentir por fantasia para
encobrir a realidade de uma admoestação ou pito lhe traz certa proteção. Esta é
uma realidade psicológica que quase todas as crianças usam. Há muitas formas
modernas de educar, e compete aos pais aprender a usá-las para não
comprometer a formação da personalidade de seus filhos.
São atribuídas a Platão as frases: ‘‘A mentira tem pernas curtas’‘ e ‘‘A mentira
enfeia a alma’‘ [DURANDIN, 1988, p. 155]. Ambas encerram grandes verdades
e sobre elas sempre vale a pena meditar e tirar boas lições. Apesar dessas
máximas morais, Platão admitia que os políticos e governantes podiam mentir
para guardar segredos de Estado, que, revelados, enfraqueceriam os governantes.
Assim, vemos que não existe remédio para a mentira dos políticos, porque aqui,
mais do que em qualquer outra situação, trabalham com a moral de que os fins
justificam os meios e alimentam os interesses desenfreados de riqueza e poder,
caminhos abertos para a desenfreada corrupção individual, social e moral.
A corrente da mentira é tão poderosa, tão inserida está a mentira nas mentes das
pessoas que até parece ser hereditária. Mentimos por medo e por hábito, porque
nossos pais também mentiram para nós e tudo parece se propagar e já não ter
mais remédio. Deixamo-nos contaminar como se a mentira fosse um vírus
desejável. Poucos, muito poucos optam pela lucidez e pela verdade. Ainda,
segundo Durandin, já citado: ‘‘O grande mérito da pessoa lúcida é não ser
escrava do desejo, de poder julgar e frear seus instintos, de dar valor às
dificuldades. O risco é conduzir à cabeça a idéia de que nada valha a pena, nem
sequer a vida’‘.
A mentira pode assumir muitas formas enganosas e até sutis. Por exemplo,
parece ser aceitável por todos os médicos ocultar a proximidade da morte a um
doente terminal ou seu parente mais próximo, numa espécie de mentira piedosa e
autoconsentida. Mente-se, também, e muito, por amor, pois a verdade dói por
dentro e por fora. Aliás, muitas pessoas não suportam a verdade e, de longe,
preferem a mentira, serem enganadas, para não ter que enfrentar traumas
maiores. Não agüentariam sofrer uma decepção amorosa, principalmente entre
as mulheres, que levam tempo para apagar as mágoas e sarar as feridas do
coração. No amor, as pessoas vivem encobrindo situações, representando,
fingindo e mentindo. Até mesmo quando faz um elogio esporádico à mulher, que
lhe estimula e massajeia o ego, o marido pode estar mentindo, parecendo
educado e cheio de ternura. Outras vezes é o silêncio que assusta: quando não se
diz o que se pensa é sinal de que a intimidade é falsa. É o que acontece quando o
casamento vai mal e não queremos admitir, mentindo para nós mesmos.
Mentir para si mesmo, eis outro grande problema. De ilusão também se vive e
esta é uma grande verdade, mas somente para as pessoas tolas. A criatura
procura enganar a si mesmo quando não deseja, não quer enfrentar a realidade
nua e crua. Aquele que tem o hábito de mentir para si mesmo e de iludir-se
perdeu a capacidade de ter prazer nas relações afetivas e suas atitudes
comportamentais normalmente não resolvem os problemas. O resultado disso é o
cansaço, a angústia, a sensação de tédio e a criatura, por ataque ou defesa, acaba
mentindo. No trabalho e no lar julga-se imprescindível, insubstituível e isto é
uma grande mentira que a criatura tenta pregar para si mesma, para se valorizar.
Na prática, pode ocorrer o contrário: quando está ausente, o serviço pode até
andar melhor, porque haverá menos cobrança.
Mentir para si mesmo parece ter suas raízes na infância. Sabe-se que o caráter
das crianças é forjado até os seis anos. Nessa fase, os pais não devem mimar
excessivamente os seus filhos, mas deixá-los assumir maiores responsabilidades
desde cedo. Evita-se, com esse procedimento, que os filhos se sintam frágeis e
incapazes e necessitem fazer um esforço inconsciente enorme para não se
magoarem demais. Se isso não for feito, mais tarde vão tratar os que estão à sua
volta como inválidos, por terem reprimido o desejo de receberem afeto. Na vida,
rejeitarão a retribuição de qualquer coisa que tiverem feito a outrem. Daí, a
ilusão de serem imprescindíveis, de imporem essa mentira a si mesmos. Outros
traumas secundários podem ocorrer que reforçam essa ilusão. É claro que
existem numerosas outras formas de auto-ilusão, em que a pessoa mente para si
mesma, como por exemplo, culpar os outros pelos seus fracassos.
O ódio
O ódio é um dos sentimentos mais negativos e nefastos que uma criatura pode
ter. O pensamento está permanentemente associado ao Bem, como no sentimento
do amor, ou ao Mal, como no sentimento do ódio, seu oposto. Não há meio-
termo. Mas, é preciso notar que quando pensamos em uma pessoa que amamos,
essa pessoa se torna o símbolo de agradáveis sensações e lembranças, mas isso
não é amor. Nesse caso, o pensamento é sensação, e sensação não é amor. O
pensamento está sempre em competição, a buscar um fim, a querer resultados; se
o pensamento for dirigido para o Bem, o resultado será prazeroso, caso contrário
ocorrerá a frustração, que pode se transformar em ódio. Temos de conviver com
este conflito, com este antagonismo, com esta dualidade.
Na vida nós nos movemos de um substitutivo para outro, num processo pendular
entre o amor e o ódio, mas todos os substitutivos originam-se do pensamento.
Por exemplo, o orgulho é uma forma comum de antagonismo, ora produzindo
alívio, ora dor, num processo contínuo e dinâmico.
É esse processo que dificulta a nossa concentração naquilo que desejamos; por
isso, não basta manter-nos passivamente atentos para o processo e deixar o
pensamento vagueando de um assunto para outro. É preciso ter interesse naquilo
que se pensa e no resultado que se deseja obter.
Esta batalha deriva do fato de que estamos sempre ‘‘projetando’‘ o nosso próprio
desejo e até podemos ser bem-sucedidos, mas o que temos é outra substituição e,
nestas condições, está reiniciada a batalha. É o terreno minado dos opostos, este
desejo de evitar ou ganhar.
De regra geral, os perversos são egoístas, invejosos e, na sua forma mais dura,
odeiam o seu semelhante quando não toda a sociedade. Por isso, brutalizam as
pessoas para obter seus fins e alimentar estes três sentimentos negativos:
egoísmo, inveja e ódio. Sua nocividade decorre por serem anti-sociais e,
portanto, desprovidos do menor espírito de ética e por estarem afastados da
moral cristã. O principal traço é que neles nem a consciência nem os escrúpulos
funcionam como nas pessoas normais. Possuem o coração endurecido e a mente
empedernida. São incapazes de amar no sentido melhor dessa palavra ou de
dedicar amizade a alguém. Mas, possuem cúmplices da mesma laia e organizam
bandos e quadrilhas que ocupam as páginas dos noticiários policiais diariamente,
principalmente nas grandes cidades, e criam verdadeiro pandemônio,
desorganizando e infernizando a sociedade.
Este sentimento atua de forma diferenciada nos homens e nas mulheres. Nestas,
que desde a infância são tratadas como criaturas frágeis e, portanto, preservadas
e protegidas, a raiva as atinge de uma forma mais direta. Elas usam a raiva como
uma reação incontrolada de ataque, tão ajustada à sua índole que, muitas vezes,
as mulheres iradas são chamadas por termos pejorativos como megeras,
ranzinzas, rabugentas, castradoras. Ainda crianças, as meninas são silenciadas e
aprendem a refrear sua própria raiva. Crescem reprimidas e com noções
distorcidas de sua própria feminilidade, dominada pela falsa idéia de que uma
mulher realmente feminina protege as outras, preserva a harmonia e nunca perde
o controle da situação. Isto quer dizer que elas são condicionadas, desde cedo, a
pensar que seu melhor valor e identidade repousa no orgulho de amarem e serem
amadas. Quando se questiona este aspecto de sua personalidade, sua reação pode
tornar-se devastadora. Sua atratividade e feminilidade passam a constituir tabus
de sua intimidade preservada e quase intocável.
A criatura que reprime a raiva tem mais medo de vê-la explodir de forma
inapropriada. Tudo está no autocontrole: se a pessoa o tem enfraquecido ou não
o tem está propensa aos acessos de raiva com mais freqüência do que as que
dominam suas reações. Ela vai consumindo as energias da criatura até explodir.
De tanto isso acontecer, a pessoa se apavora com a feiura e a força da raiva, se
autocondena, mas não consegue controlá-la. Ao final desse tema, apresentamos
algumas sugestões para controlá-la.
A raiva e seu poder é tão velha que há registros de seus estragos na mais remota
antigüidade, entre os egípcios e os fenícios. Os gregos a passaram para a
mitologia e, ainda, muitas crenças e religiões introduziram o sentimento de ira,
de raiva como poder divino para condenar e castigar os renitentes pecadores,
fato somente explicável como fruto de mentes doentias. É difícil, inconcebível
mesmo, imaginar a ira de Deus, um ser de infinita bondade e infinito poder.
Ainda, referindo-nos ao poder da ira e sua relação mais direta com as mulheres,
lembramos que, até bem pouco tempo atrás, todos os furacões, que são forças
destruidoras da natureza, eram batizados com nomes femininos. Na literatura, o
exemplo mais surpreendente está na peça de Shakespeare A megera domada, em
que seu personagem principal, Kate, precisava ser domesticada para que alguém
se dispusesse a casar com ela. Modernamente, podemos observar em muitas
novelas a força cênica que têm os acessos de raiva dos atores e atrizes para
prender a atenção dos telespectadores.
Parece fora de dúvida que, também nos escritórios e nos trabalhos em geral fora
do lar, as mulheres temem expressar sua raiva contra os seus superiores
hierárquicos, já que têm que lidar com chefes que reúnem o poder de promover,
conceder aumentos de salários e de demitir. Se seus maridos trabalham, também,
como chefes ou não e têm salários maiores, resultam discussões intermináveis
sobre a injustiça de que são vítimas e de como se encontram em condições de
dependência sufocante. Trata-se de uma realidade econômica que reforça a
relutância de muitas mulheres em extravasar a sua raiva, nessas circunstâncias.
Como têm que se conter, resulta o dilema: reagir ou ser submissa. Daí, sentirem-
se inferiorizadas é apenas questão de tempo e, quando percebem esta situação,
explodem em acessos de raiva, num sufoco difícil de agüentar, tanto para ela
como para o seu marido ou os que a cercam.
Para a criatura dominar a raiva sem ‘‘estourar’‘, para dominar esta fera, é preciso
percebê-la antes de ela aparecer ou surgir. Em segundo lugar, é preciso não ter
medo de suas conseqüências. Em terceiro lugar, utilizar e dirigir essa emoção
para o alvo certo e não para si mesma. Finalmente, a criatura precisa ter
autocontrole, para decidir se vai ou não manifestá-la. É preciso, então, aprender
a falar e saber escolher a ocasião apropriada para desabafar, o que normalmente
ocorre quando a criatura se julgar oprimida, ofendida ou menosprezada. Faz-se
mister espantar o medo e não ficar passiva o tempo todo. Em certos casos, ficar
muda ajuda a evitar ou prosseguir na agressão.
É preciso saber externar a raiva sem explosões, sem fricotes, sem rompantes de
acesso. Para isso, basta que a criatura seja determinada e inflexível nos seus
desejos, com entonação certa na voz para demonstrar e manifestar seu
aborrecimento ou irritação, face a uma pessoa. É indispensável colocar o que se
deseja, o que se quer, com bastante clareza. Parece fácil, mas nem sempre é
assim. É preciso um longo aprendizado para saber usar a raiva como um recurso
de entendimento sem que seja uma explosão apaixonada. Como começar, então?
Fazendo algo oposto à reação habitual, adotando, por exemplo, uma atitude
irônica ou, então, usar um tom de voz mais baixa, na hora da briga. No início
isso é difícil, mas com o tempo estas posturas funcionam e você não vai se sentir
tímido e nervoso. Mas essa é uma transformação radical no seu comportamento.
Outra coisa fundamental: não se deve adiar a manifestação da raiva, pois ela se
acumula com o tempo. Tampouco, não se deve reprimi-la, guardá-la para depois
para não se tornar vítima da explosão. Vale a pena dizer o que se pensa, dar a sua
opinião na hora certa, estabelecer o bom diálogo. Para evitar que a irritação
cresça e o ressentimento aumente, é preciso articular o seu descontentamento de
pronto. Com isso, evitará de culpar os outros e de se distanciar emocionalmente
de quem mais gosta.
Como não é possível mudar os outros, temos que mudar a nós mesmos e o nosso
modo de lidar e reagir a esse sentimento tão nefasto, devastador e destruidor.
O ressentimento
O ressentimento é um sentimento complexo, bastante negativo, de sutil e
poderosa influência na conduta da grande maioria das pessoas. Todos os
elementos perturbadores da harmonia social são, de uma forma ou de outra,
atingidos pelo ressentimento. Ele é gerador de desejos contraditórios nos
indivíduos, os quais reagem ou manifestam-se quando mordidos pela mágoa, de
forma exatamente contrária ao que mais almejamos. Assim, por exemplo, uma
criatura feia detesta o belo; o indisciplinado não tolera a disciplina; o pobre
detesta o rico. E os exemplos se multiplicam! Se, então, tratar-se de uma pessoa
medíocre ou vulgar, mais se acentuará o ressentimento por quase tudo,
sobressaindo-se, nessas criaturas, o sentimento de antipatia.
O menosprezo por qualquer coisa de valor que outros possuam, seja material ou
não, como no caso de uma honraria, uma medalha ou título honorífico recebido
por outrem numa conquista esportiva ou intelectual, caracteriza muito bem o
despeitado ou ressentido. Logo se manifestará de forma depreciativa ou
desdenhosa contra todo aquele que lhe é superior moral, intelectual e
socialmente. O mérito dos outros o afronta.
Nós vivemos em uma época de grande progresso material, onde a velocidade dos
acontecimentos, das descobertas, da tecnologia, das comunicações, da mídia
falada, escrita e televisiva deixa as criaturas obcecadas pela posse de bens de
toda espécie, de modo geral inacessíveis à grande maioria dos miseráveis, pobres
e excluídos. Isso lhes perturba os valores morais e sociais, já que não conseguem
obter o mínimo de conforto, tornando-os morbidamente propensos a desordens
afetivas, sentimentais e sociais, surgindo, então, casos crônicos e agudos de
ressentimento e despeito. Esse processo se propaga até a classe média, onde
estão as pessoas que mais desejam progredir e não se conformam em ficar para
trás. E por serem as mais assediadas pelos efeitos da propaganda difundida pela
mídia, podem tornar-se angustiadas e ressentidas, caso não consigam obter o que
desejam. Descomplicar esta situação é muito difícil e penoso, já que o
materialismo impera sobre os sentidos e a espiritualização das criaturas se
processa de forma muito lenta.
Os críticos dificilmente conseguem alguma coisa que valha a pena. Tudo que os
outros possuem, seja de ordem material, seja de ordem intelectual em forma de
dotes e dons, não tem valor para eles, desprezam o sucesso alheio seja sob que
forma ele se revelar: ninguém presta, ninguém é sério, ninguém é feliz. Vivem
desfazendo de tudo e de todos, porque essa é a forma que encontram de aplacar a
sua inferioridade.
Vemos assim, que por mais benevolentes que possamos ser, não conseguiremos
louvar de forma alguma o ressentimento que marca indelevelmente aqueles que
são vítimas desse complexo e negativo sentimento humano.
O sensualismo
O sensualismo ou sensualidade é um modo de ser e viver dos indivíduos
materialistas que colocam o gozo dos sentidos e os prazeres da carne acima de
qualquer sentimento. É, pois, um sentimento negativo e degradante em que a
vontade da criatura atua sobre os sentidos, normalmente de forma automática e
inconsciente, deturpando-lhes seu verdadeiro valor como faculdades do espírito
humano. O sensualismo constitui verdadeiro obstáculo ao autoconhecimento.
Sua prática vem acompanhada de outros sentimentos negativos como a desilusão
e a depressão.
É preciso dar ênfase, destacar o verdadeiro valor dos sentidos: estes são
instrumentos especialíssimos do corpo humano para o espírito entrar em contato
com as formas, com o mundo do belo, com as realidades materiais que nos
cercam, com a música, enfim, apreender a realidade física para melhor conseguir
seu plano e objetivo de evolução. E, também, através da linguagem, entrar em
comunicação com outras criaturas e promover as relações interpessoais, sem as
quais a evolução do espírito se torna inoperante, já que não há a difusão das
idéias e conhecimento e, não sendo possível esta difusão, o saber não se propaga.
Visto assim, segundo esta ótica, que é lógica e sensata, chegamos à conclusão de
que nossos sentidos são as sentinelas do espírito, já que eles verdadeiramente
servem como instrumentos de apoio e desenvolvimento de nossa personalidade
e, portanto, de nossa evolução espiritual.
O tédio
O tédio é um sentimento deprimente, depressivo, constante. Há criaturas que se
enfadam com a rotina da vida, com o prazer, a lisonja e tudo o mais. Há pessoas
que passam a maior parte da vida entediadas.
Os tímidos se colocam em pólo oposto aos ousados. Veja, nesta obra, o tema
sobre ‘‘A OUSADIA’‘. São normalmente inteligentes, mas introspectivos,
voltados para dentro de si mesmos, introvertidos, dotados de alta sensibilidade.
Por isso, são classificados pela Psicologia como hiperestésicos. Possuem elevado
sentimento de auto-estima, são delicados e geralmente são criaturas de boa
índole que trazem a bondade em si mesmos.
O tema timidez tem sido objeto de muitos ensaios, artigos de revistas e livros.
Todos acabam reafirmando que o tímido é inteligente, mas tem a inteligência
reprimida em si mesmo, é hiperestésico, com a sensibilidade bastante aflorada,
mas incapaz de pô-la em ação de forma natural, sem tropeços, sem medo. O que
é fora de dúvida é que falta ao tímido a autoconfiança, sendo, todavia, suscetível
de treinamento e aperfeiçoamento individual.
Pelo exposto, observa-se que o tímido tem todas as condições para vencer, já que
possui méritos. O que lhe falta é autoconfiança para por suas qualidades em
ação. Para vencer este único obstáculo é preciso persuadir-se de seus méritos.
Existem muitas técnicas para a correção da timidez. Surte bom efeito ler em voz
alta, gravar suas leituras, observar os erros e corrigi-los. Repetir todo esse
processo, cuidar da entonação da voz, colocar vibração nas palavras. Estes
exercícios melhoram sua autoconfiança e o orgulho exagerado, que pode estar na
base das causas da timidez, é aplainado. Assim, o medo de sofrer humilhação,
chacota, vergonha de apresentar-se em público, o medo de ‘‘fazer feio’‘, de errar,
de tomar a iniciativa desaparecerão ou resultarão atenuados.
O tímido só precisa convencer-se de que tem tudo para dar certo, não duvidar de
sua capacidade, ser moderado e confiante em si mesmo, usando seus
conhecimentos em seu favor. Com esforço próprio, o tímido conseguirá vencer o
inimigo que tem dentro de si, refletindo sadiamente no que vai fazer. De um
lado, procure colocar-se em um plano acima dos estouvados e dos ousados; de
outro, aplique sua sensibilidade com inteligência e galhardia e verá que os
resultados serão positivos.
A tristeza é uma emoção passiva que se manifesta mais por uma espécie de
quietude do que pela ação ou atividade da pessoa. Ninguém procura ter tristeza.
Daí, ela ser um estado de espírito que resulta da inação da vontade, da derrota
psíquica diante dos fatos incompreensíveis ou de ocorrências inesperadas que, de
repente, quebram o equilíbrio emocional e as expectativas da criatura. Mas
também, há casos de tristeza ativa que se exprime pelo choro e outras expressões
ativas no semblante e que ocorre diante de fato inesperado ou não desejado,
como, por exemplo, o choro da criança que vê seu brinquedo destruído, de um
torcedor fanático que vê seu time perder ou, mais intensamente, no último adeus
a um ente querido.
Nem sempre o simples fato da perda traz tristeza. Existem certas sociedades e
culturas em que a morte é venerada como um renascer. Nessas culturas a perda
de um ente querido é menos sentida e o fator decisivo não é mais a perda, mas o
modo, a maneira de se perceber a perda e o seu contexto é que tem relevância.
Se a criatura antevê ou percebe uma perspectiva mais feliz após a morte, e se
conforma mais facilmente com o evento morte, não tem como ficar triste; se,
ainda, a perspectiva doutrinária é mais ampla e lhe transmite o sentimento de que
vai se encontrar com ele após a morte, então, tudo não passa de uma separação
temporária e não ocorre a sensação de perda. Na doutrina espiritualista, onde a
encarnação e reencarnação fazem parte das leis naturais e de que o espírito se
vale para promover a sua evolução no mundo Terra, existe a convicção, não
paira nenhuma dúvida de que a morte é apenas a morte física do corpo,
ascendendo o espírito ao seu mundo próprio desde que esteja lúcido ou tão logo
adquira a lucidez necessária.
Vamos encerrar este tema lembrando o ditado que diz: ‘‘Tristezas não pagam
dívidas’‘, o que significa que esmorecer e entregar-se à tristeza não leva a coisa
alguma, só agrava a situação. É necessário reagir com todas as forças a este
sentimento que nos aniquila, que nos deixa pessimistas e sinistros, se quisermos
superar as nossas fraquezas e apego às perdas materiais e sentimentais. E
lembramos, ainda, o ditado que diz: ‘‘O que não tem remédio, remediado está’‘,
nada adiantando lamentar sobre coisas ou eventos já acontecidos e que não
podemos restaurar ou modificar.
A vaidade
A vaidade é um sentimento mais difundido do que se pensa. É um sentimento
negativo que aparece em indivíduos que julgam ser ou saber mais do que outros,
e o pior é que geralmente sabem disso. É a consolidação do culto do próprio
mérito e do amor-próprio.
O verdadeiro homem coloca a sua honra no próprio mérito que o mantém com
altivez e sem ostentação, posto que respeita a si mesmo; já o homem vaidoso
ostenta seus méritos e os exibe no afã de parecer melhor que todos os outros,
orgulhosamente acima dos demais, o que se transforma em soberba. Em ambos
os casos, estamos diante de um processo de culto ao amor-próprio. É preciso,
contudo, notar esta diferença: o orgulho é uma forma de arrogância originada a
partir de motivos nobres, visando aferir o mérito; já a soberba é uma presunção
desenfreada que procura exaltar o mérito.
E o que é o amor-próprio?
Mas, o importante é que nas pessoas dignas, o próprio juízo precede à aprovação
alheia; já as pessoas medíocres jactam-se dos méritos que julgam ter e ficam
desapontadas se não recebem aprovação alheia. Há aqui uma exaltação, uma
exibição do amor-próprio, que se quer sustentar a qualquer custo. Contudo, trata-
se de méritos ilusórios de virtudes que não existem de fato.
O orgulho é, pois, uma forma mais elevada que a vaidade e pode se tornar um
degrau indispensável em direção à dignidade que é uma bela virtude, já que
implica em ter alto valor moral.
Sem os idealistas o homem seria apenas mais um ser vivente, um animal entre
tantos outros a emoldurar o cenário da vida neste mundo, e a evolução humana
teria caminhado a passos de tartaruga. Mesmo não havendo privilégios
espirituais, sendo cada criatura dotada dos mesmos recursos espirituais
essenciais que são o pensamento, o raciocínio, a força de vontade e o livre-
arbítrio, umas se distanciam de outras no processo da evolução, o que se faz
pensar serem mais dotadas. O que umas criaturas têm a mais que outras é o grau
de espiritualidade mais elevado pelo mérito do próprio esforço e transformações
que engendraram em sua trajetória evolutiva.
Bastaria pensar antes de agir, saber por que está pensando e agindo da forma que
o raciocínio lhes ditar e usar o seu livre-arbítrio para o Bem para mudar esse
quadro tão negro que tanto emperra o avanço material e espiritual das criaturas.
Sumário
PARTE III
SENTIMENTOS AMBIVALENTES
A ambição
Para transformar uma ambição em realidade são precisos, antes de mais nada,
interesse, vontade firme, disposição para lutar e enfrentar problemas simples e
complexos, ser persistente e perseverante. Em certos casos, até mesmo a
teimosia exercida de forma racional e lógica torna-se necessária. Estes são os
ingredientes que permitem à criatura executar a receita certa. Um pensamento
firme, uma grande intuição, um ‘‘estalo’‘ em nossa mente dirão a hora certa.
Junte tudo isso e ponha mãos à obra. Dessa forma, levamos a efeito nossos
propósitos. É óbvio que estamos falando de uma forma simplificada, mas
determinante para obter sucesso e consumar-se a ambição. Enfim, coloque na
execução todo o entusiasmo que tiver.
1) Adquira o hábito de querer, em primeiro lugar, o que for mais útil e prático, e
que retorne resultados mais imediatos.
A conclusão de tudo o que ficou dito é que ter apenas ambição não adianta nada,
não basta, é preciso pô-la em prática com os ingredientes e cuidados expostos
neste tema e no tempo certo. Reúna forças e ponha mãos à obra.
O amor-próprio
Durante nossa vida, a mente é invadida por toda sorte de sentimentos positivos e
negativos, dentre os que são tratados nesta obra, tais como, de um lado os
positivos: de amor, alegria, otimismo, felicidade, dignidade, honestidade,
somente para citar alguns; de outro, entre os negativos: de ódio, inveja, ciúme,
maledicência, ansiedade, impaciência e muitos outros.
Toda criatura deve afirmar sua vontade, fazer valer seus direitos, mas também,
cumprir seus deveres sem esmorecimento. Deve mostrar-se desejosa na vida e
procurar evoluir; deve crer em si e na sua força de vontade, se quiser que os
outros também creiam. Portanto, para fortalecer a auto-estima é preciso crer em
si mesmo, no poder da sua voz, da razão, da resolução e da convicção. É preciso
não dar muita importância à opinião alheia, ser indiferente e infenso aos
louvores, bem como às censuras descabidas, em desacordo com sua consciência.
Confie sempre na sua opinião pessoal e proceda sempre com muita reflexão.
Para isso, é preciso tornar-se um ser superior, esclarecido, que controle a si
mesmo, que saiba se vestir e se apresentar, que não beba ou coma em excesso,
que não ande em desalinho e que se apresente comedido nas palavras e nas
ações. Não proferir palavras de baixo calão, não injuriar quem quer que seja e,
sobretudo, não se exasperar nunca.
Aquele que deseja ser tido como criatura sensata e, portanto, granjear o respeito
de seus semelhantes, tenha uma vida serena, cultive o bom humor e proceda com
calma em todos os atos de sua vida. Tem que ter largueza de espírito e nobreza
de caráter. Tem que colocar suas faculdades superiores a serviço do Bem. Tem
que ser perseverante e confiante nos resultados de suas ações. Tem que viver
com moderação. Lembre-se que só tem poder sobre outrem quem tiver, primeiro,
poder sobre si mesmo. Enfim, tem que ter caráter forte e limpo e ser uma
criatura de valor.
Existe uma vasta gama de desejos, muitos benfazejos, outros maléficos, todos
impulsionados pela vontade de fazer ou não fazer, de agir ou não agir. Por
exemplo, a ambição de galgar o topo de uma carreira ou cargo para cumprir uma
de suas metas na vida, a vontade firme na realização do desejo de um político de
se tornar presidente ou a de um compositor musical ou músico de um dia ser
maestro. Os exemplos encheriam dezenas de páginas.
Vejamos: o desejo se divide entre querer e não querer algo. Tanto procurar
querer como evitar querer é desejo. Não se pode fugir deste conflito porque é o
próprio desejo que cria oposição a si mesmo. Daí, concluir-se que todos os
desejos são um só e não podemos alterar esse fato. Se compreendermos isto
como verdadeiro, então o desejo tem força para libertar nossa mente da criação
de ilusões!
Se existir esta percepção, sempre que surgir um desejo devemos nos livrar do
experimentador como ‘‘entidade separada’‘ e, então, poderemos (o nosso ‘‘eu’‘)
conferir o desejo sem censura, isto é, precisamos fazer cessar o censor que existe
em nós, momento por momento, passo a passo e, assim, veremos os conflitos
cessarem. Não é fácil seguir este processo, mas adotando-o, sempre que
necessário, veremos que nos aquietamos e nos tornamos cônscios e seguros de
nossas ações.
Finalmente, desejar e perseverar faz um homem forte e preparado para lutar com
tenacidade e vencer todos os obstáculos.
O orgulho
O orgulho é um sentimento ambivalente, podendo ora ser negativo, ora positivo,
dependendo da situação específica em que se insere. No primeiro caso, temos o
amor-próprio ou auto-estima exacerbada, assumindo aspectos variados como os
encontrados na presunção, na arrogância, na soberba e na empáfia. No segundo
caso, esse complexo sentimento pode assumir as formas de dignidade pessoal,
brio e altivez que são também conceitos exagerados de si mesmo. No
desdobramento desse tema procuraremos abordar todas essas facetas do orgulho.
Os orgulhosos, ainda no seu sentido negativo, não conseguem cativar nem ser
solidários com ninguém, porque é da sua própria natureza procurar se manter
sempre intocáveis. Por isso mesmo, não se preocupam com ninguém. Sua maior
preocupação, quando conseguem, é impor suas idéias e opiniões ao seu próximo.
Procuram colocar a marca de seu orgulho nos gestos, na forma de vestir e,
principalmente, na entonação da voz, quase sempre acompanhada com um
acento de ironia e desdém. Normalmente, esta modalidade de orgulho está
associada ao egoísmo. Veja o tema ‘‘O EGOÍSMO’‘ em outra parte desta obra.
A altivez parece, também, ser uma forma positiva do orgulho, porque mais ciosa
de si a criatura não utiliza a arrogância para se impor, mas faz uso de seus
méritos de forma mais natural, sem agredir aqueles a quem deve causar
admiração.
Outro aspecto da dor, cuidada também pela Medicina ou mais precisamente por
uma de suas especialidades, a geriatria, são as doenças ditas degenerativas. Estas
ocorrem nas pessoas que já atingiram uma certa idade, cujos limites variam de
indivíduo para indivíduo, mas que é comum situarem-se na terceira idade, ou
seja, acima dos sessenta anos. Estas doenças decorrem do desgaste natural do
organismo, seja devido à idade avançada, seja devido aos maus tratos infringidos
ao corpo ao longo dos anos. Nesses casos, o melhor remédio é aprender a
conviver com a dor da melhor maneira possível, ou mais modernamente, através
da terapia ocupacional. Nessa categoria, citamos o reumatismo em suas variadas
modalidades e a osteoporose, esta última mais comum nas mulheres e resulta da
descalcificação da massa óssea do esqueleto, devido à insuficiência hormonal.
Sumário
PARTE IV
ATRIBUTOS ESPIRITUAIS
A concentração
A concentração faz convergir todas as idéias para um centro focal, assim como,
usando uma lente, convergimos os raios solares, que são ondas vibratórias, para
o foco luminoso da lente. A energia aí concentrada é tanta que pode acender uma
vela. Isso é fácil de entender porque o pensamento é vibração do espírito e, como
vibração, ele pode convergir ou dispersar-se em muitas direções. A dispersão
ocorre pela distração quando o pensamento vagueia de um assunto para outro
com muita facilidade, não se fixando em nenhum deles.
Finalmente, contamos com a persistência, que tem por função obrigar a atenção
a ficar presa ou ligada ao assunto ou objeto escolhido até terminarmos ou
completarmos o processo da concentração que se tinha em vista.
Não vamos nos deter ou aprofundarmos aqui nas técnicas para desenvolver a
concentração, mas este tema estaria incompleto se não déssemos, pelo menos,
algumas pinceladas no assunto. Pesquisas feitas por instituições sérias, em vários
setores da atividade humana, revelam que cerca de 90% das criaturas levam uma
existência medíocre por não saberem tirar proveito da concentração, 5% a usam
mal e somente 5% a utilizam verdadeiramente e triunfam. Daí, a importância de
realçarmos alguns pontos fundamentais que constituem os pré-requisitos das
técnicas de concentração. São eles, não necessariamente dispostos nesta mesma
ordem de importância:
01) Organize, planeje e discipline o dia-a-dia de sua vida.
09) Utilize cada momento do seu dia para se tornar cada vez melhor.
13) Ao deitar, faça uma auto-análise sincera dos atos que praticou.
17) Dê-se ao hábito da boa leitura , diariamente, pelo menos por 15 minutos.
18) Procure tornar-se bem calmo, feche os olhos sem forçar, fique em silêncio.
A consciência é o nosso juízo, a nossa razão e é a ela que nos devemos submeter
em todos os atos de nossa vida. Ela é a Lei Magna de nossa evolução. Não
confundir a consciência com memória. Esta é o nosso repositório de
conhecimentos, experiência e saber de tudo que fizemos, fazemos ou viermos
fazer. O resultado de nossos esforços, pensamentos e ações são gravados nela de
forma indelével, impossível de serem apagados. Podemos compará-la a um
moderno disco ótico de CD-ROM usado em multimídia nos computadores, no
qual são colocadas em código de computação milhões e milhões de informações
como textos que se pode ler, imagens que se pode ver, sons que se podem ouvir,
isolada ou combinadamente. Para isto, basta achar o local onde se acham
armazenadas as informações, em arquivos, e reproduzir no computador o que
desejamos. Cada CD-ROM é único, tem sua identidade. Assim é a nossa
memória. Já a consciência baliza, modela e julga os nossos atos.
Para ficar bem claro o que acima dissemos, é preciso entender que tudo o que
pensamos nos vem de fora; captamos nossas idéias por intuição - elas não são
elaboradas fisiologicamente pelo nosso cérebro. Grifamos propositadamente o
possessivo nosso. Nós utilizamos o cérebro, nessas circunstâncias, como
instrumento de captação. Mas, nós quem, nosso ‘‘eu’‘? Agora, temos três
palavras grifadas e ainda não definimos quem somos nós, não é verdade? Nós
somos constituídos de Força e Matéria. A Força é a energia espiritual, partícula
da Inteligência Universal, o ‘‘sopro da vida’‘ e a Matéria é o instrumento do
espírito, o nosso corpo, organizado pelo espírito para a sua evolução na Terra
com os elementos químicos próprios da Terra.
Não há nenhuma dualidade no que dissemos; o que existe é uma integração entre
Força e Matéria. A consciência promove esta união entre as duas realidades. As
idéias nos vêm de fora e o pensamento que é vibração do espírito as elabora para
organizá-las e pô-las em ação através da vontade, que é o dínamo do espírito. Se
o pensamento fosse uma elaboração fisiológica do cérebro, não conteria uma
variação quase infinita de idéias e imagens, já que o produto fisiológico de um
órgão tem uma composição aproximadamente constante, como é, por exemplo o
caso da insulina produzida pelo pâncreas ou a bílis, produzida pelo fígado. Sua
composição química é praticamente constante, conforme detectado por análises
clínicas. No processo de integração referido, o livre-arbítrio intervém para que a
plena liberdade de ação seja observada, nada sendo feito por imposição, mas por
deliberação própria. Veja nesta obra os temas ‘‘O PENSAMENTO’‘, ‘‘A
VONTADE’‘ e ‘‘O LIVRE-ARBÍTRIO’‘.
A obediência que devemos à nossa consciência será sempre cobrada por esta, em
qualquer circunstância e em qualquer tempo ou ocasião. Não se trata de uma
obediência cega, para fazer ou deixar de fazer o que a vontade ditar (isto é
função do livre-arbítrio), mas de uma exigência ao cumprimento do dever,
segundo os princípios da moral e da justiça, o que vale dizer, em consonância
com o Bem. O não cumprimento ou afastamento das diretrizes planejadas pelo
espírito antes de encarnar, em seu mundo de origem, traz conseqüências nefastas,
retardando a evolução espiritual da criatura.
O livre-arbítrio
Basta ter um pouco de percepção para compreender que a somatória das forças
de todas as ações do pensamento e do livre-arbítrio que ocorre em dado
momento, no mundo, tem intensos efeitos opostos de incalculável grandeza e
magnitude. De um lado, os efeitos gerados pelo mau uso do livre-arbítrio
direcionado para o Mal, trazem consigo enorme confusão de opiniões,
desentendimentos entre pessoas, no seio das famílias, entre povos e nações,
levando à incompreensão, ao ódio racial e à intolerância religiosa, à ira, à
violência, à insegurança, à perversidade, enfim, a dezenas de sentimentos
negativos, normalmente divulgados com realce pela mídia moderna. De outro
lado, os efeitos do bom uso do livre-arbítrio para o Bem, são de natureza
construtiva e altruística. Estes conduzem ao bem-estar das pessoas, à
confraternização entre povos e nações, aos sentimentos de amizade, amor, paz,
concórdia e harmonia, além de centenas de outros sentimentos nobres que levam
ao progresso material e espiritual da humanidade.
Embora este livro esteja dirigido ao estudo dos sentimentos, vamos abrir aqui
uma exceção para tratar do pensamento de forma resumida, dada a sua
importância no conjunto dos atributos essenciais: pensamento, raciocínio,
vontade e livre-arbítrio.
Pensar é criar e elaborar idéias, refletir e meditar sobre elas, sendo pois um
processo mental que se concentra nas idéias. O homem precisa pensar para
decidir sobre vários problemas que o afligem no seu dia-a-dia. É fato conhecido
que, quando deixamos de tomar certas decisões, os problemas se enredam cada
vez mais, o que também pode ocorrer quando tomamos decisões mal pensadas.
Portanto, as decisões podem resolver, agravar ou criar mais problemas. Por isso,
por indolência ou por medo, muitas pessoas deixam de tomar certas decisões,
adiando seus deveres, o que pode redundar em mais problemas logo à frente.
Assim, essa aparente comodidade pode complicar a vida da criatura.
A análise para tomada de decisões pode ser feita com base na própria
experiência, na experiência de outros ou na intuição que normalmente captamos
quando pensamos. Agir através de conselhos disparatados ou por imitação é
cômodo, mas quase sempre leva a criatura ao fracasso. Também, as dúvidas,
perplexidades e receios que ocorrem, quando a criatura se acha dominada por
ambições desmedidas, egoísmo, vaidades e tendências puramente instintivas
podem levar, e normalmente levam, a maus resultados. Daí, a necessidade de
pensar bem.
1. O PENSAMENTO EMOTIVO
2. O PENSAMENTO INTELECTUAL
Para ver com maior clareza, de modo a penetrar o âmago das coisas e pessoas, é
necessário pensar no sentido de elaborar idéias inteligentes, lógicas, justas e
adequadas. É preciso colocar a inteligência e a razão em ação, a fim de poder
medir, pesar, julgar, comparar e penetrar no significado e nas conseqüências que
a ação do pensamento ensejará. Só assim, pode-se chegar à verdade ou próximo
dela, e agir com justiça.
Não é difícil intuir que a lógica da razão se processa pela análise, enquanto que a
lógica dos sentimentos, pela síntese. Pode-se afirmar que a lógica dos
sentimentos é mais intuitiva e menos racional, derivando diretamente do grau de
espiritualidade da criatura. Assim, a afetividade opera quase sempre
inconscientemente, sendo puramente afetiva e, portanto, pobre em elementos
intelectuais. Vemos assim que, enquanto o pensamento emotivo vibra com o
calor da emoção, o pensamento intelectual é uma vibração fundada na lógica e
na razão. E, contra uma boa lógica não há argumentos válidos.
Este é o pensamento cultivado pelas pessoas que, ainda que simples, são dotadas
de maior espiritualidade, e também, pelos que possuem grande sensibilidade
como os grandes cientistas, escultores, artistas clássicos, os grandes
reformadores da sociedade, enfim, por aqueles que impulsionam o progresso em
todos os campos da atividade humana. Seu trabalho é consciente, reservado e
prudente; consideram as coisas conforme a verdade e seus méritos; dão
preferência a tudo o que for superior, qualquer que seja a sua origem; levam em
conta o valor das idéias, independentemente das instituições a que pertencem.
Esta é a lógica da razão pura a que tanto se dedicou, no século passado, o
filósofo alemão Immanuel Kant.
Para que possamos sempre usar os nossos pensamentos com real proveito,
devemos fazer uso de nossa força mental em primeiro plano, complementada por
emoções positivas e nobres. Precisamos fazer bom uso do livre-arbítrio, ter
suficiente força de vontade para evitar o erro e, sobretudo, que as ações dele
decorrentes tenham real valor moral e ético. Assim procedendo, os nossos
pensamentos serão nossos melhores guias para o bom viver.
A vontade
A vontade é uma das principais faculdades do espírito, que tem a finalidade de
pôr em ação tudo aquilo que pensamos ou que sentimos, conforme ditado pela
razão ou refletido por um impulso. Se estiver baseada no impulso de um
sentimento, ela incita alguém a fazer acontecer um desejo, uma aspiração ou
anseio. Ao contrário, se firmar-se na razão, ela nos leva a deliberar, fazer
escolhas, decidir e por em prática aquilo que foi idealizado mentalmente.
Segundo um renomado filósofo alemão, a vontade é o desejo unificado, conceito
um tanto incompleto por abstrair-se da razão. De qualquer forma, uma vontade
precisa sempre ser levada a agir para produzir efeitos; do contrário, o que temos
não passa de um desejo quimérico. Seus objetivos têm que ser bem definidos
pelo raciocínio, para que a ação seja executada com proveito. A vontade pode ser
orientada para o Bem ou para o Mal; aqui, estamos interessados apenas no
primeiro caso.
É preciso não confundir a vontade com o desejo: enquanto este se acha sempre
associado aos estímulos dos sentimentos, às emoções e às paixões, a vontade
trabalha as idéias nascidas do pensamento criador da criatura, da razão e da
lógica. A vontade age como se fosse um poderoso dínamo que impulsiona
nossos atos para a sua realização. O desejo pede pela sua consumação, a vontade
realiza as idéias e até se opõe aos desejos quando estes se tornam
inconvenientes, perversos e maldosos, comandando o nosso livre-arbítrio.
Uma vez fixado o que há a fazer, determine um programa de ação; coordene suas
atividades com perseverança em seu trabalho e esforço. Não use a lei do menor
esforço e, tampouco, não desperdice as suas energias. Não tente enganar a si
mesmo, pensando que fazendo o menos conseguirá o mais, pois não poderemos
burlar as leis do progresso, da evolução e da harmonia, em que o mais atrai o
mais e o menos atrai o menos. Portanto, a quantidade do esforço reforça o
resultado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sumário
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, José Marques Casemiro de. Poesia. Rio de Janeiro: Agir Editora, 1979.
5ª ed.
INGENIEROS, José. O homem medíocre. Rio de Janeiro: Liv. Para Todos, 1953.
9ª ed.
Sumário
Reflexões sobre os sentimentos - Caruso Samel
Endereço do autor:
e-mail: csamel@uol.com.br
Racionalismo Cristão: Um novo conceito do Universo e da Vida
Sumário