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Na secção de senhora
Não anda bem o negócio,
O gerente está doente
E a mulher sofre de bócio,
A clientela do costume
De repente ficou fraca
Depois de encontrar luvas
Para mãozinhas de vaca.
Vem de lá a empregada,
Que não gosta das manhãs
E mostra-nos mosquiteiros
Para apanhar d’Artagnans.
Mosquiteiros, não mosqueteiros,
Que pare aqui a confusão
Que os mosquitos são matreiros
E precisam de uma lição.
Na secção de raridades
Há coisas que nunca ninguém viu
Como velas feitas sem pavio
Para mastros de navio.
E com umas velas desse estilo
Pode bem um almirante
Redescobrir o Brasil
Num Carnaval elegante.
Da promoção já saíram,
No meio de muitos gracejos,
Mãozinhas só de borracha
Para disfarçar bocejos.
E enquanto um empregado
Tropeça e cai de broco,
Dão-se a ver auscultadores
Para orelhas de porco.
Na secção de saúde,
Que tem um cheiro irritante,
Vendem-se pílulas de alho
Para memória de elefante.
Na área da papelaria.
Onde faz muito calor,
Vende-se tinta simpática
Para escrever cartas de amor.
E de surpresa em surpresa
Vemos as casas de botões
Que são feitos á medida
Só dos ratinhos anões.
Na secção de adereços,
Com cores deliciosas,
Há óculos de ver ao longe
Para toupeiras curiosas.
E no meio da livraria
Está um livro de cantigas
Que serve por igual
Para cigarras e formigas.
Sem sair dessa secção,
Entre títulos caseiros,
Estão os postais da Madeira
Para os bichos-carpinteiros.
E se um boleia apanhar,
De bicicleta ou camião,
Que o leve direitinho
Á Rua da Imaginação.