Você está na página 1de 2

Universidade Federal do Rio Grande - FURG

16ª Mostra da Produção Universitária - MPU


Rio Grande/RS, Brasil, 04 a 06 de outubro de 2017
ISSN: 2317-4420

O MERCADO DE TRABALHO SOB A PERSPECTIVA DAS TRAVESTIS E


TRANSEXUAIS

PIZZI, Rodolfo Corrêa; PEREIRA, Camila Zacher

RODRIGUES, Márcio Silva


rodolfopizzi@gmail.com
UFPel

Palavras-chave: Travestis; transexuais; mercado de trabalho; inserção profissional.

1 INTRODUÇÃO
Os critérios de inserção utilizados pelo mercado de trabalho nem sempre são
justos. O mercado, por praxe, opta por funcionários que façam parte de um padrão,
homem e branco (SOARES, 2000). Consequentemente, candidatos que não
pertencem a esse padrão tendem a ser excluídos, o que acontece com as travestis e
transexuais. As dificuldades por elas encontradas, são identificadas já nos primeiros
contatos com o contratante, durante a entrega de currículo ou entrevista de emprego
(CARRIERI, SOUZA & AGUIAR, 2014).
Diante desses fatos e sabendo que ante o diálogo sobre identidade de gênero
o tabu ainda não foi quebrado, torna-se socialmente importante e necessário que os
motivos que justificam a atuação de poucas travestis e transexuais no mercado de
trabalho formal sejam constatados, relatados e refletidos. Principalmente na área da
Administração, onde existe um pequeno número de estudos desenvolvidos com esta
temática, alcançando maior relevância nos últimos anos, não citados aqui devido ao
tamanho e formato do evento.
Desta forma, pretendemos contribuir com os poucos estudos existentes na
área da Administração que versam sobre este tema, além de refletir e colaborar com
a diminuição do estigma das travestis e transexuais, e indagar as concepções de
igualdade, democracia, diversidade e participação no mercado de trabalho. Sendo
assim, este artigo tem como objetivo principal descrever a visão das travestis e
transexuais sobre a inserção no mercado de trabalho formal.

2 METODOLOGIA
Partimos de uma abordagem qualitativa, para entender a percepção dos
sujeitos pesquisados em relação ao mercado de trabalho, empregando como
instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada. Optamos por
selecionar diferentes perfis quanto ao mercado de trabalho, buscando reproduzir
visões bastante diversificadas sobre o assunto. As entrevistas abordam tópicos
sociais, como a interação com a família, escola, sociedade e corpo, além de tratar
das questões relacionadas ao mercado, à qual buscam relatar as experiências,
barreiras, preconceitos, competitividade, planos e participação. Considerando que

1
Universidade Federal do Rio Grande - FURG
16ª Mostra da Produção Universitária - MPU
Rio Grande/RS, Brasil, 04 a 06 de outubro de 2017
ISSN: 2317-4420

este artigo é fruto de um trabalho ainda em construção, foram realizadas, até o


momento, 03 entrevistas, sendo uma garota de programa, uma estudante e uma
desempregada. Todas as entrevistadas possuem entre 25 a 35 anos, e foram
nomeadas de E1 a E3, preservando suas identidades.

3 RESULTADOS e DISCUSSÃO
Em relação ao mercado de trabalho, foi comum a ideia da qual elas ainda são
enxergadas com certo preconceito, utilizando de “piadas, deboches a todo
momento” (E2), além de identificarem o perfil que é privilegiado, afirmando que “se
tu não te encaixa na forma padrão [...] tu não serve” (E1). A desvantagem em
comparação com a concorrência ocorre desde os primeiros contatos com o
mercado: “Existe total, e a pessoa transexual vê isso na hora da entrevista de
emprego.” (E2).
Todas já possuíam experiência no mercado formal, mas lhe eram exigidas
uma espécie de interpretação, almejando evitar um possível desconforto dos clientes
que questionavam sua condição: “às vezes você tem que virar um personagem da
venda, tem que vender” (E3). A prostituição é uma saída em relação ao
desemprego, considerando que todas as entrevistadas já recorreram ou atuam nesta
área: “a maioria das trans vão pelo lado da prostituição e seguem porque veem que
aquilo dá dinheiro, e daí acabam sendo autônomas” (E3).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Refletindo sobre os resultados obtidos até então, notamos as dificuldades
encontradas pelas travestis e transexuais em sua inserção no mercado, e que a
prostituição pode ser a única opção que resta para algumas delas.
Quanto ao desenvolvimento do trabalho, temos como objetivo realizar o total
de 08 entrevistas, com um público mais variável possível. Além disso, esperamos
encontrar resultados diferentes dos já apurados, tendo em vista que cada
entrevistada possui sua própria trajetória e visão de mundo.

5 REFERÊNCIAS
CARRIERI, A. P.; SOUZA, E. M.; AGUIAR, A. R. C. Trabalho, violência e
sexualidade: estudo de lésbicas, travestis e transexuais. Rev. Administração
Contemporânea, Curitiba, v. 18, n. 1, p. 78-95, fev. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552014000100006
&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 mai. 2017.

SOARES, S. S. D. O Perfil da Discriminação no Mercado de Trabalho: Homens


Negros, Mulheres Brancas e Mulheres Negras. Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada, Brasília, 2000. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_0769.pdf>. Acesso em:
25 mai. 2017.

Você também pode gostar