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Editores
Alexandra Trevisan, Ana Lídia Virtudes, Daniel Villalobos,
Fátima Sales, Josefina González Cubero e Maria Castrillo Romón
Editores:
Alexandra Trevisan, Ana Lídia Virtudes, Daniel Villalobos, Fátima Sales,
Josefina González Cubero e Maria Castrillo Romón
Arranjo gráfico:
Jorge Cunha Pimentel e Joana Couto
Edição:
Centro de Estudos Arnaldo Araújo da CESAP/ESAP
Composição:
Joana Couto
Propriedade:
Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto
Financiamento:
Fundos Nacionais através da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia
no âmbito do projecto estratégico PEst-OE/EAT/UI4041/2011
Impressão e acabamento:
Centro de Estudos Arnaldo Araújo da CESAP/ESAP
Porto, Portugal
ISBN: 978-972-8784-41-6
Organização:
Local:
Zamora, Fundación Rei Afonso Henriques, 23-25 Junho 2011
PERSISTÊNCIAS E APROPRIAÇÕES NO ESPAÇO URBANO E
ARQUITECTURA DO PORTO NA DÉCADA DE 40
Alexandra Trevisan e Jorge Pimentel
CEAA | Centro de Estudos Arnaldo Araújo (uID 4041 da FCT)
Escola Superior Artística do Porto, Portugal
Abstract
When in 1939 Marcelo Piacentini and Giovanni Muzio (architects / urban planners)
were appointed to prepare the Plano Geral de Urbanização da Cidade do Porto (The
General Urban Plan of Porto) the urban design had already offered certain stability,
due to previous plans.
The Italian intervention saves the previous plans, stresses them and updates them due
to the requirements of the legislation and by a wider reflection on the long-term
planning of the city. Porto’s urban structure places side by side the new involvement
and persistence which should, in some cases, maintain a more intimate scale.
The first one the Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, is a purely residential
area, and the construction of the Igreja de Santo António das Antas, which years later
has contributed to enhance the dimension of this “artery”.
The second example is the unrealized urban plan for a partial area of Campo 24 de
Agosto, which was designed by Rogério de Azevedo, in which his monumental
architecture, influenced by Italian architects, enables us to perceive the different scales
proposed for Porto.
A decisão de criação de uma avenida entre a Rua de Costa Cabral e o novo Bairro das
Antas foi tomada pela Câmara do Porto (então designada como Comissão
Administrativa) em 1925 (AHCMP 1925 fl. 36) e o seu topónimo resultou de um pedido
que lhe foi dirigido pela Liga dos Combatentes.
Nos últimos anos da década de 20, na Cidade do Porto, foram muitos os ofícios
dirigidos à Câmara pelas Juntas de Freguesia da cidade, sugerindo ou solicitando o
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Alexandra Trevisan e Jorge Pimentel, Persistências e Apropriações no
Espaço Urbano e Arquitectura do Porto na Década de 40.
Nesta avenida, exclusivamente residencial, pode constatar-se ainda hoje em dia como
as suas construções reflectem a evolução da arquitectura do Porto. As primeiras obras
licenciadas possuem maior número de elementos decorativos, algumas reflectindo a
influência da art déco que marcou vários edifícios do Porto a partir de 1926, enquanto
as que foram licenciadas a partir de 1932 demonstram um maior despojamento
decorativo e uma aproximação à arquitectura desenvolvida por Auguste Perret, Tony
Garnier e Rob Mallet – Stevens.
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Actas do Encontro, Zamora, 23-25 Junho/Junio 2011
Entre estes jovens arquitectos destacamos dois nomes, Rogério de Azevedo e Manuel
Marques, que realizaram projectos para a Avenida dos Combatentes e que a partir de
1934 passaram a fazer parte da Comissão de Estética, competindo-lhes emitir
pareceres sobre os pedidos de licenciamento de obras. Nestes pareceres
desenvolveram uma acção dum certo carácter pedagógico, defenderam processos de
construção mais modernos e contribuíram para fomentar uma passagem gradual da
art déco – a que ambos tinham aderido – para uma arquitectura de maior simplificação
formal e despojamento decorativo, mais consentânea com o desenvolvimento
arquitectónico europeu.
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Alexandra Trevisan e Jorge Pimentel, Persistências e Apropriações no
Espaço Urbano e Arquitectura do Porto na Década de 40.
Em 1936 foi apresentado o primeiro projecto, situado num terreno próximo do local
onde viria a ser edificada a igreja definitiva. Estando criada a cripta e benzida a
primeira pedra, em 1938 foi criada a paróquia. Um segundo projecto é submetido à
Câmara e tal como no anterior, a Comissão Municipal de Arte e Arqueologia, a partir
de um relatório do arquitecto Arménio Losa, considera, entre outros aspectos, a má
escolha da implantação e localização da igreja e a necessidade de voltar a fachada
principal para a artéria de maior categoria, a Avenida de Fernão de Magalhães, de
maneira a aproveitar a igreja como elemento de valorização urbana. (CMAA, 1942:9).
Longo foi o processo que conduziu à inviabilização dos projectos apresentados e que
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Acresce referir que Igreja Paroquial de Santo António das Antas é um dos poucos
exemplos que foram construídos no Porto com uma influência da arquitectura italiana
na evocação deliberada de precedentes clássicos, mas sobretudo, como refere
William Curtis, a propósito da arquitectura realizada em Itália nos anos 1920 e 1930,
no sentido em que as características típicas do sistema clássico se foram mutuamente
reforçando num nível mais profundo e mais abstracto. (Curtis, 2008: 361).
A leitura desta igreja feita a partir das fachadas principal e laterais remete-nos para o
modelo clássico italiano, especialmente o dos edifícios da autoria de Piacentini e dos
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Espaço Urbano e Arquitectura do Porto na Década de 40.
O tratamento exterior dos dois edifícios é de grande sobriedade. Na igreja das Antas
os materiais são o cimento armado revestido com placas de granito lavrado. Nesta há
um claro contraste entre o exterior sóbrio, ritmado através das fachadas de traçado
rectilíneo, e o interior de planta longitudinal, composta por três naves, separadas por
pilares, e capela-mor ovalada. O interior é enriquecido através da diversidade dos
mármores, das imagens esculpidas e da pintura mural. Mas é na fachada posterior
que melhor se compreende a condição mais íntima, quase críptica do edifício: a
capela-mor ovalada é ritmada por contra-fortes salientes de cantaria, de marcação
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Este modo de fazer em Rogério de Azevedo tem afinidades com outras propostas com
as quais terá tido contacto enquanto arquitecto na Direcção dos Monumentos do Norte
(Serviço da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais – DGEMN) e faz
eco de um outro projecto por ele realizado um ano antes.
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Também de 1940 é o projecto para o Edifício “Rialto” que Rogério de Azevedo realiza
para o lado sul da Praça D. João I, um espaço a nascente da Avenida da Liberdade
então ainda em discussão. Inovador à época pela sua concepção em altura, chegando
mesmo a ser designado por arranha-céus, e pela relação que estabelece ao nível da
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Alexandra Trevisan e Jorge Pimentel, Persistências e Apropriações no
Espaço Urbano e Arquitectura do Porto na Década de 40.
rua com o espaço público, apresenta uma área comercial parcialmente coberta por
uma ampla estrutura porticada. Com três corpos, terraços de cobertura e uma
hierarquia dos volumes numa composição simétrica, o ritmo das janelas e varandas
acentua a verticalidade no corpo central e a horizontalidade nos corpos laterais.
Também estas são soluções e leituras idênticas às que Rogério de Azevedo aplica no
acima referido Conjunto de Habitações de Casas Económicas junto ao Campo 24 de
Agosto, de 1941.
Bibliografia
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Actas do Encontro, Zamora, 23-25 Junho/Junio 2011
JORGE PIMENTEL. Licenciado em Artes Plásticas - Pintura pela Faculdade de Belas Artes da
Universidade do Porto. Director do Departamento de Artes Visuais da Escola Superior Artística
do Porto (ESAP). Docente na ESAP dos cursos: Mestrado Integrado em Arquitectura, Mestrado
em Artes Visuais e Intermédia, Licenciatura de Artes Plásticas e Intermédia. Doutorando no
Departamento de Teoria de la Arquitectura y Proyectos Arquitectónicos da Escuela Técnica
Superior de Arquitectura da Universidad de Valladolid. Investigador do Centro de Estudos
Arnaldo Araújo (uID 4041 da FCT). Desenvolve a tese de doutoramento sobre a Obra Pública
de Rogério de Azevedo. Os anos do SPN/SNI e da DGEMN.
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