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Universidade Pedagógica
Maputo
2014
i)
Joaquim Armando
Orientador:
Universidade Pedagógica
Maputo
2014
ii)
LISTA DE TABELAS-----------------------------------------------------------------------------iii)
LISTA DE FIGURAS-----------------------------------------------------------------------------iv)
ABREVIATURAS----------------------------------------------------------------------------------v)
DECLARAÇÃO------------------------------------------------------------------------------------vi)
DEDICATÓRIA-----------------------------------------------------------------------------------vii)
AGRADECIMENTOS---------------------------------------------------------------------------viii)
RESUMO--------------------------------------------------------------------------------------------ix)
ABSTRACT-----------------------------------------------------------------------------------------x)
CAPITULO I. - INTRODUÇÃO
1.1.Introdução-----------------------------------------------------------------------------------------1
1.2. Definição do problema-------------------------------------------------------------------------3
1.3. Justificativa --------------------------------------------------------------------------------------4
1.4. Objectivos e hipóteses -------------------------------------------------------------------------5
1.4.1.Objectivo geral--------------------------------------------------------------------------------5
1.4.3. Hipóteses--------------------------------------------------------------------------------------5
2.2.4. A flexibilidade-----------------------------------------------------------------------------28
3.1.Amostra-----------------------------------------------------------------------------------------31
3.3. Variáveis---------------------------------------------------------------------------------------31
6.1. Conclusões-------------------------------------------------------------------------------------55
Anexos
iii)
LISTA DE TABELAS
2.3. Valores de referência de V02max. (ml/kg min-1) para sexo masculino (Cooper, 1982);
2.4. Valores de referência de V02max. (ml/kg min-1) para sexo feminino (Cooper, 1982);
LISTA DE FIGURAS
ABREVIATURAS
AAHPERD - American Alliance for Health Physical, Education, Recreation and Dance.
MG - Massa gorda
MI – Membros Inferiores
MM - Massa magra
SKF - Skinfold
DECLARAÇÃO
Declaro por minha honra, que esta Dissertação é resultado da minha investigação pessoal
e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes
consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.
O Declarante
_________________
Joaquim Armando
vii)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Faustino, Ludwick, Rufina e Nica meus filhos, e a minha esposa
Adelina Pequenino, pelo incentivo, compreensão pelas ausências, sobretudo pelo amor
que sinto por esta família, e que por muitas vezes, se disponibilizaram para me ajudar e
proporcionaram momentos de grande descontracção e animação.
viii)
AGRADECIMENTOS
Várias foram as contribuições que fizeram com que este trabalho se concretizasse,
principalmente nos momentos onde o apoio humano é decisivo. Por este facto, gostaria
de expressar a minha gratidão e meu maior apreço, a todos aqueles que contribuíram para
que este trabalho fosse possível.
Ao meu irmão Hilário Armando Muamba, pelo carinho e apoio em todas as horas, sem
esperar nada em troca.
Aos colegas de turma, por esses anos cheio de momentos que ficarão guardados em
minha memória, pelo apoio, ajuda e constantes trocas de experiências, fez de nós uma
grande família.
A todos meus amigos que se demonstraram preocupados e me incentivaram a concluir
este curso, tendo sempre uma palavra amiga e de conforto para me dar ânimo nos
momentos menos bons deste curso.
x)
ABSTRACT
Introduction: Although the anthropometry, body composition and physical fitness are vital to the
performance of the police profession, studies on these areas held with Mozambican police cadets
are nonexistent. Objectives: (1) evaluate a set of anthropometric indicators of body composition
and health-related physical fitness in Mozambican cadets of both sexes of the Maputo Academy
of Police Sciences; (2) determine the anthropometric profile, body composition and related
physical fitness of cadets in study and (2) contrast these indicators according to sex and age.
Methods: the sample consisted of 100 cadets of both genders (66 male and 34 female) with an
average age of 27.06±5.55 and 28.68±4.37 years for male and female, respectively. The height,
weight and the skinfolds were measured according to standardized procedures suggested by
LOHMAN et al. (1998) and JACKSON & POLLOCK (1978). The body mass index was
calculated by dividing weight by the square of height in meters. The assessment of body
composition was performed using the equation of PETROSKI (1995) and JACKSON
&POLLOCK (1978). The physical fitness was assessed by a battery of physical tests composed
of flexibility, agility, standing long jump, abdominal strength, aerobic capacity and VO2max
calculated through indirect method. Basic descriptive statistics were calculated, and the
independent samples t-test was applied to compare the average values of the independent
variables by sex and age groups. Data analysis was carried out in the statistical program SPSS,
17.0, with significance level established in 5%. Results: males showed higher mean values of
stature and lean body mass compared to females, who show significantly higher averages in BMI,
sum of skinfolds and percentage of body fat. Significant statistical differences were found in BMI
(p0.01), abdominal fold (p0.001) and fat mass (p0.001) in males, where the younger age
group presented higher averages, while in women were not found significant differences among
the age groups. On physical fitness, statistically significant differences were observed in males in
the abdominal strength and standing long jump (p<0.05), favoring the younger age group, while
in the female, age groups do not differ significantly from each other (p0.05).Conclusions: (1) it
was evident an anthropometric profile which expresses a disadvantage in height and weight in
comparison to the values documented in literature, being more pronounced in females; (2) the
male presented a profile with greater predominance of lean body mass in relation to the female,
whose profile showed greater values of BMI, sum of skinfolds and percentage of body fat; (3)
physical fitness established a profile which highlights a sexual dimorphism, with clear male
advantage in the majority of physical tests; (4) in both male and female, was clearly evident an
advantage of the younger age group in most physical fitness tests, confirming the decline of this
with the advancement of age.
CAPITULO I.
1.1.INTRODUÇÃO
Em razão do alto envolvimento físico dos policiais associado às suas actividades laborais,
tornam-se pertinentes e interessantes estudos centrados na caracterização deste extracto
de profissionais. Neste contexto, e de acordo com OLIVEIRA (2008), a eficácia do
trabalho policial é fortemente determinada pelas características morfológicas e a
eficiência laboral. O autor ainda relaciona que um perfil morfológico adequado associado
a um bom condicionamento físico diminui a probabilidade de certas patologias,
melhorando as relações com seus colegas e a imagem da polícia aos olhos da população.
17
Todavia, um nível adequado de aptidão física por parte destes é o gradiente que cria
condições ideais para a efectivação de trabalhos policiais.
Por conseguinte, para avaliar a aptidão física relacionada ao trabalho policial, tem-se
procurado referência nos componentes relacionados à saúde e naqueles relacionados ao
desempenho desportivo-motor. Com efeito, estudos centrados na identificação e
interpretação do perfil antropométrico e de aptidão física dos policiais nos diferentes
parâmetros face às múltiplas exigências realizados em África no geral são escassos,
sendo, tanto quanto julgamos saber, particularmente inexistentes em Moçambique.
Nos diversos cursos para acesso ao quadro policial, os cadetes são preparados nos
aspectos da cultura profissional e de aptidão física. Esta preparação engloba uma série de
acções voltadas a fornecer subsídios necessários para o seu desempenho, considerando
que diariamente a acção policial exige uma versatilidade de atitudes e comportamentos
(GONSAVES, 2006).
Para OLIVEIRA et.al. (2008), a realidade ocupacional dos agentes policiais certamente
exige requisitos de aptidão física necessária para adequado exercício da função, e, a
consciencialização dos integrantes acerca das questões relacionadas com a actividade
física e saúde é inquestionável, seja para atender as novas e crescentes demandas que os
aspectos de segurança lhe impõem, como para prevenir alguns tipos de agravos à saúde.
Pese muito embora a importância dos indicadores morfológicos e de aptidão física seja
amplamente reconhecida, tanto no domínio da saúde como na formação dos agentes
policiais, estudos centrados na avaliação e caracterização destes indicadores em cadetes
policiais Moçambicanos são inexistentes. Por conseguinte, o quadro actual de novas e
modernas tendências da demanda em segurança pública, parece colocar novos desafios
em termos de saúde, formação e capacidade de resposta ao profissional da lei e ordem.
Com efeito, exige-se um policial imbuído de uma compleição de cariz multifacetada, em
19
1.3. JUSTIFICATIVA
Ainda que existam alguns estudos centrados no crescimento somático e aptidão física
realizados em Moçambique (PRISTA, 1994; PRISTA et.al., 1997; PRISTA et.al., 2002;
SARANGA et.al., 2002; NHANTUMBO, 2007), que pelo seu valor constituem-se como
referências, na sua globalidade, estes estudos foram realizados com crianças e jovens em
idade escolar. Esta particularidade denota, claramente, o desconhecimento da expressão
destes e outros indicadores associados à saúde em outros extractos, tanto etários quanto
profissionais da mesma população.
Considerando que a qualificação física dos agentes da polícia, bem como a sua adequação
morfológica e de composição corporal são determinantes na prossecução da sua missão
de manutenção da ordem, segurança e tranquilidade públicas, o estudo destes indicadores
20
no seio deste extracto populacional justifica-se pela necessidade de tornar estes aspectos
inteligíveis e contextualizados.
1.4.3. HIPÓTESES
CAPÍTULO II
REVISÃO DA LITERATURA
As tendências actuais dos estudiosos do vasto ramo das Ciências do Desporto sustentam
definições que apontam para a aptidão física como sendo um constructo multifacetado e
complexo. Nesta linha de definição, a aptidão física é vista como sendo um perfil de
traços que a sua medição não se pode fazer directamente a partir de um único indicador
ou parâmetro.
O uso de diferentes expressões para designar aquilo que se entende por aptidão física
deixa antever que o seu conceito não está definido de forma precisa, e que a escolha de
uma expressão depende não só das linhas conceptuais que orientam a investigação, mas
também do modo como cada expressão é operacionalizada (PATE, 1988; THOMAS,
1985).
24
Parece ser evidente que o padrão de aptidão física tem sido utilizado não só para
referenciar diferentes objectivos associados à implementação de programas de
actividades físicas em adolescentes (TANNER, 1962; MARCONDES, 1982), como
também tem sido carregado de significados e interpretações distintos (TANNER, 1977;
CURETON, 1987; FREITAS, 1994; SELLEN, 1999; FLETCHER, 2001).
Muita das vezes, empregam-se para conceitos, expressões tais como: performance
motora, aptidão motora, aptidão relacionada com a saúde, valor físico, habilidades
motoras, condição física. No entanto, não tem sido fácil encontrar uma definição de
aptidão física consensual, precisa e inequívoca. É importante referir que a aptidão física
não é determinada, unicamente, pela actividade física. Outros factores interagem,
significativamente, no processo de aquisição da aptidão física, tais como, factores
ambientais, genéticos e sociais. Ela pode alterar de forma substancial em função da idade,
raça, género e nível social (PATE, 1988).
motora e bem estar, orientada para questões relacionadas com a saúde, bem estar físico,
psíquico, social e também como a prestação motora
APTIDÃO FÍSICA
Saúde: Habilidades Motoras:
AptidãoCardiorespiratória Agilidade
Resistência Muscular Equilíbrio
Força Muscular Coordenação
Composição Corporal Velocidade
Flexibilidade Potência
Tempo de Reacção
Tabela 2.2: Estrutura e componentes da aptidão física (adoptado pelo PATE, 1988).
Essas evidências, como refere PITANGA (2004), sugere que os indivíduos que não se
encontram num estado com níveis de aptidão física satisfatórios, caracterizado pela falta
ou grande diminuição de prática de actividades físicas, possuem um factor primário para
o desenvolvimento de diversas doenças crónico degenerativas não transmissíveis.
Na actualidade, existe uma vasta literatura que versa sobre as modificações estruturais e
funcionais que, para além de suas consequências, documenta os múltiplos benefícios que
a prática de actividades físicas moderadas e intensas representa para a performance e a
saúde das pessoas em todas faixas etárias (NAHAS, 2003).
Deste modo, segundo o mesmo autor, o que se questiona hoje em dia é a forma como se
deve influenciar os comportamentos decisivos na população para adopção de um estilo de
vida activo, com a incorporação da aptidão física, verificando-se que as causas para que
muitas pessoas tenham uma visão negativa da aptidão física, considerando-a de pouca
atractiva, são múltiplas destacando-se uma fraca percepção de competências, a falta de
suporte de amigos e familiares, bem como experiências negativas decorrentes da prática
da aptidão física.
maior escala, apresentando-se, nos nossos dias, como a principal causa de morte e
incapacidade em todos os países desenvolvidos e em via de desenvolvimento.
Por outro lado, constitui um dado inquestionável que actividades físicas e níveis de
aptidão física associada à saúde evidenciam uma forte variação no seio das populações
(MAIA et.al.,2003), o que fortalece o papel peculiar e relevante de que estes
componentes se revestem no crescimento físico e motor.
É precisamente na sequência desta preocupação que MAIA (1997), chama a atenção para
a necessidade urgente de criação de políticas de incentivo a actividade física, e de novas
pesquisas que visem um maior entendimento das relações entre estilo de vida dos jovens
e seus respectivos índices de aptidão física.
Dessa forma, de acordo com FREITAS et.al. (2007), níveis de actividade física e aptidão
física suficientes, representam um dos principais componentes concorrentes para um
estilo de vida saudável, haja visto que a inactividade física tem sido frequentemente
associada ao desencadeamento de factores de risco e agravos à saúde.
pode ser sinalizado não apenas por uma ameaça física directa, mas também, por uma
ameaça simbólica, a auto-estima e/ou dignidade, tratamento injusto por parte da
sociedade civil, como da instituição, e, finalmente a frustração de não realização dos
objectivos profissionais contidos no mandato policial. O autor ainda afirma que
actividade profissional desempenhada pelos agentes policiais é reconhecidamente uma
actividade de stress elevado, sendo necessário, para o desempenho adequado de suas
funções, uma atenção especial voltada para a saúde física e mental. Para exercício das
suas funções o agente policial precisa estar preparado para atender às novas demandas
que as questões de segurança pública lhe impõem, tendo como grandes desafios o
combate à violência e criminalidade. Todavia, um nível adequado de aptidão física por
parte destes constitui um gradiente relevante que cria condições ideais para efectiva
realização de qualquer trabalho policial.
É importante reiterar a constatação colocada por COLLINS (2003), a qual sustenta que o
exercício da actividade policial de manter a ordem e cumprimento das leis é
reconhecidamente stressante, predispondo aos trabalhadores a riscos físicos, para além de
que quando associada a outros factores de risco, tais como inadequados hábitos
alimentares, baixo nível de aptidão física e excesso de peso, pode causar doenças
crónicas, sobretudo as do fórum cardiovascular.
MINAYO (2006), refere que a dinâmica de produção e de relações laborais, tanto podem
traduzir saúde, bem-estar físico e emocional, como também, ser marcada por insatisfação,
stresse, ampliando para o mundo da vida manifestações resultantes desses processos.
Sendo assim, existem diversas teorias e modelos que tentam explicar o comportamento
das pessoas com relação à saúde e servem como base de análise para programas de
intervenção. A promoção da saúde e a educação para a saúde passam necessariamente
pela questão central que é o comportamento para a saúde dos indivíduos (ACSM, 2006).
Na actualidade, a saúde tem sido definida não apenas como a ausência de doenças, mas
como uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano voltado para um estado
de completo bem-estar físico, mental e social (WHO, 1995). Pode-se, também, definir a
saúde como uma condição humana que congrega as dimensões físicas, social e
psicológica, sendo cada uma delas caracterizada por pólos positivos e negativos. Os
principais factores que influenciam os deslocamentos dos indivíduos entre os pólos
positivo e negativo seriam de natureza ambiental, social e de estilo de vida.
Assim, GUEDES et.al., (1998) referem que a saúde não é algo estático, pelo contrário, é
necessário construi-la ao longo da vida, evidenciando o facto de que ela é educável e,
consequentemente, deve ser tratada não apenas com base em referenciais de natureza
biológica e higiénica, mas também e, sobretudo, num contexto didáctico-pedagógico.
Ainda para MAIA et.al. (2003), a actividade física e os níveis de aptidão física associada
à saúde, expressos de modo qualitativo ou quantitativo, evidenciam uma forte variação no
seio da população, podendo a partir dos extremos desta distribuição de valores
considerar-se os indivíduos menos activos, com forte propensão para a inactividade, e os
extremamente activos, apaixonados por fortes dispêndios energéticos, revelando níveis
muito elevados de aptidão física associada à saúde.
Muitos autores concordam que do processo de avaliação resulta um valioso saber que
permite elaborar correctamente uma tabela de avaliação com fundamentos técnicos de
investigação no terreno (PATE e SHEPHARD, 1989). Estes testes, como refere
SOBRAL (1993), devem ser conjugados com os objectivos previamente programados
decorrentes da própria natureza de certos conteúdos, que na prática resulta em provas de
performance. Por outro lado, a aplicação de testes motores carece, a priori, da selecção
de métodos apropriados para esse efeito, que sejam aplicáveis para população a que se
destinam (PRISTA et.al., 2002).
33
Segundo MATHEWS (1980), o processo de avaliação tem vindo a ser considerado como
um aspecto fundamental na aplicação de qualquer modalidade, o que lhe permite apreciar
as modificações de carácter funcional e afectivo, reportando-se especificamente ao
processo de avaliação.
A este propósito alguns autores referem que estes processos implicam julgamento,
classificação e interpretação, sendo a medição o principal veículo para se obter
informação, quer seja numa situação complexa ou simples (MARQUES et.al., 1991;
SHEPHARD, 1989).
Para medir a aptidão física relacionada ao trabalho policial, busca-se referências nos
componentes relacionados à saúde e também naqueles relacionados à performance. Para
determinar a força, a resistência muscular e a capacidade aeróbia, os testes de aptidão
física devem ser usados. De acordo com BEZERRA (2004), os testes são educacionais e
devem continuar a ser usados para auxiliar os policiais a entender a necessidade de estar
apto para o trabalho, bem como a forma de aptidão da sua saúde e bem-estar. Na óptica
deste autor, uma força de trabalho saudável é mais produtiva, tem menor índice de
afastamento por doenças e vive mais tempo para desfrutar da aposentação.
Todavia, THOMAS (1985), comenta que os testes são provas definidas que implicam
uma tarefa a executar de forma idêntica por todos os testados, com uma técnica precisa,
para a apreciação do sucesso ou insucesso, ou para anotação numérica do resultado.
Segundo o autor, para ser evidente uma interpretação simples e linear dos resultados
sugere-se, para além das influências metodológicas, a presença de especificidades
multivariada, facto que impossibilita a generalização das conclusões para diferentes
populações.
É consensualmente aceite, nos dias que correm, o postulado de que as modificações nos
indicadores da avaliação antropométrica e de aptidão física ao longo de uma ou mais
gerações reflectem alterações nas dimensões corporais, no estado nutricional, na
34
Para avaliar os componentes da aptidão física relacionada à saúde (AFRS), existem várias
técnicas laboratoriais e de campo. Estas últimas, são as que têm recebido maior aceitação,
por serem práticas, de baixo custo e por permitirem medir um grande número de sujeitos
em pouco tempo.
Nessa concepção, fazem parte AFRS aqueles componentes que apresentam relação com
melhor estado de saúde e, adicionalmente, demonstram adaptações positivas para a
realização regular de actividade física e de programas de exercícios físicos. Dessa forma,
e de acordo com GUEDES e GUEDES (1998), o conceito de aptidão física relacionada à
saúde implica a participação de componentes voltados às dimensões morfológicas
(composição corporal e distribuição da gordura corporal), funcional-motora (consumo
máximo de oxigénio, força e resistência muscular, flexibilidade). Seguidamente é
apresentada a abordagem descritiva de cada um dos componentes de AFRS.
35
Embora o corpo seja constituído por numerosos elementos, para fins didácticos
orientados para a avaliação da composição corporal, os cientistas sugeriram um modelo
para o fraccionamento do corpo em dois componentes, nomeadamente a massa gorda e a
massa corporal magra. Desta forma, o estudo da composição corporal é fundamental, na
medida em que permite identificar padrões importantes na caracterização metabólica e de
doenças degenerativas; avaliar as diferenças entre sexos e etnias; descrever a maturação e
envelhecimento do organismo; além de servir como base para indicação e avaliação de
dietas e programas de exercícios físicos (LOHMAN, 1988).
Neste sentido, a aferição da quantidade de gordura corporal (GC) se torna relevante, pois
viabiliza a classificação do avaliado em obeso ou não. Esta importância baseia-se nos
resultados de pesquisas que concluíram que a obesidade é um dos grandes problemas da
saúde pública.
Segundo registam alguns autores, para além de avaliar a quantidade total e regional da
gordura corporal com o propósito de identificar os riscos de saúde, existem outras
medidas importantes que podem ser utilizadas e que as mesmas podem servir para (1)
identificar riscos à saúde resultantes de níveis excessivamente elevados ou reduzidos de
gordura corporal total; (2) monitorar mudanças na composição corporal associada a
certas doenças; (3) avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos
na alteração de composição corporal (LOHMAN, 1988; MALINA, 1990; PETROSKI,
2003; PITANGA, 2004).
Tem sido relatado que uma quantidade elevada de gordura corporal possui uma
correlação, por um lado, positiva com o aumento de risco para o desenvolvimento de
doenças cardíacas e, inversa com a capacidade física, por outro.
38
É evidente, tanto quanto emerge da literatura, que o comportamento genérico dos valores
das pregas adiposas subcutâneas, mostra um incremento ao longo da idade, ainda que
haja alguma flutuação dos resultados durante a puberdade, devido a variabilidade da
maturação biológica (MALINA, 1990; MALINA e BOUCHARD, 1991).
Tem sido extremamente difícil identificar e quantificar com precisão desejada os factores
que de facto estão associados às alterações observadas. De entre as limitações, (1) a
exiguidade de informações; (2) a falta de garantia de qualidade dos dados e (3) a grande
probabilidade de erros de medição não controlados são apontados como sendo as mais
39
Dos estudos revistos nesta secção torna-se inequívoco que a avaliação da composição
corporal reveste de suma importância no âmbito da expressão e significado da aptidão
física, tanto relacionada à saúde, quanto ao desempenho desportivo-motor, na medida em
que para além de identificar os riscos associados ao acúmulo excessivo ou insuficiente da
gordura corporal e servir para monitorar as mudanças na composição corporal durante o
processo ontogenético, permite aferir os valores exigíveis para desempenhar com sucesso
uma prestação motora específica.
De acordo com os dados referidos por este autor, a demanda do oxigénio para os
músculos activos durante o esforço aumenta rapidamente e pode alcançar valores
superiores a 30 vezes àqueles observados em repouso.
De entre os protocolos mais utilizados para avaliação indirecta do VO2máx consta o teste
de Cooper, que consiste em 12 minutos de corrida, pelo facto de possibilitar a sua
realização com um grande número de indivíduos em simultâneo e por ser de fácil
aplicação.
Segundo McARDLE et.al. (2003), o declínio normal na capacidade aeróbia pode adoptar
uma curva com dois componentes, nomeadamente uma porção da curva representativa de
41
CYRINO (1996) afirma que diversos factores podem influenciar o valor máximo de
consumo de oxigénio, dos quais os mais importantes são a hereditariedade, o tipo de
treinamento, o sexo, a composição corporal e a idade. Dessa forma, as mulheres
apresentam uma média de 15 a 25% a menos em capacidade aeróbia que os homens,
dependendo do seu nível de actividade (para efeitos ilustrativos, ver as tabelas 2.3 e 2.4).
Uma razão para este diferencial entre sexos pode ser a hemoglobina, o composto que
transporta o oxigénio encontrado nas células vermelhas do sangue. Uma outra explicação
para a diferença na capacidade aeróbia entre homens e mulheres está relacionada à
composição corporal.
A composição das fibras musculares representa um outro, não menos importante, factor
de carácter genético que predispõe ou não o indivíduo a uma melhor potência aeróbia
máxima, porquanto esta é determinada decisivamente pela predominância de fibras
oxidativas (McARDLE et.al., 2003).
Tabela 2.4:Valores de referência de VO2máx (ml/kg.min-1) para o sexo feminino (COOPER, 1982)
Força muscular está relacionada com a capacidade dos músculos de exercer tensão e,
traduzo sinal de um esforço máximo que pode ser exercido contra uma resistência
(NIEMAN, 2011).
Tabela 2.5:Valores de referência da força muscular abdominal para masculinos (POLLOCK &
WILMORE, 1993)
Tabela 2.6:Valores de referência da força muscular abdominal para femininos (POLLOCK &
WILMORE,1993)
2.2.4. A flexibilidade
A flexibilidade não é um parâmetro fácil de ser medido. Diversos testes, como o de sentar
e alcançar (Sitand and Reach), foram elaborados, contudo eles são capazes de fornecer
apenas estimativas e não medidas absolutas de flexibilidade.
Várias técnicas vêm sendo empregues para mensurar os níveis de flexibilidade articular.
Dentre os diversos testes indirectos para se medir a flexibilidade, o que vem sendo
utilizado com mais frequência, tanto para crianças e adolescentes, quanto para adultos, é
o teste de sentar e alcançar. Este teste é bastante aceite por ter algumas características
como: utilização de movimentos parecidos com os do quotidiano; facilidade de aplicação;
alta reprodutividade por avaliar a flexibilidade da coluna e dos músculos isquiotibiais
(BEATON et.al., 1990; ACSM, 2000).
A flexibilidade é limitada em algumas articulações, tanto por estruturas ósseas, como pela
massa de músculo existente, ou por ambos. Para a maioria das articulações, a limitação
das amplitudes de movimento é imposta pelos tecidos móveis, incluído a musculatura e
seus envoltórios.
Vários factores são capaz de influenciar a flexibilidade articular. Quanto mais activo for o
individuo geralmente mais flexível também será. Porém, parece existir algumas
peculiaridades com relação ao sexo e à idade. Neste particular, as mulheres são mais
flexíveis que os homens, e a flexibilidade tende a um declínio com o envelhecimento
(POLLOCK et.al., 1993).
Por outro lado, indivíduos que apresentam índices de flexibilidade mais elevados, tendem
a mover-se com maior facilidade e são menos susceptíveis a lesões, quando submetidos a
45
Tabela 2. 7:Valores de referência de flexibilidade (cm) para masculino (Canadian Standardized test of
fitness, 2009)
Tabela 2. 8:Valores de referência de flexibilidade (cm) para feminino (Canadian Standardized test of
fitness, 2009)
CAPÍTULO III
MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Amostra
A amostra foi constituída por 100 Cadetes de ambos os sexos, da Academia de Ciências
Policiais, sendo 66 do sexo masculino e 34 do sexo feminino, com idades compreendida
entre os 21 e os 40 anos de idade, com uma média de 27.06±5.55 e 28.68±4.37 anos para
sexo masculino e feminino, respectivamente. Os cadetes constituintes da amostra eram
provenientes de todas províncias de Moçambique e frequentavam do 1º ao 4º ano da
Academia.
Face à reduzida dimensão amostral por diferentes valores discretos de idade, foi decidido,
em análises estatísticas subsequentes, agrupar os sujeitos em dois estratos etários,
nomeadamente o grupo 1(G-1),constituído por cadetes com idades compreendidas entre
os 21 os 30 anos, e o grupo 2 (G-2),formado por cadetes dos 31 aos 40 anos de idade.
Neste sentido, a amostragem em referência consistiu em G-1 (N=54) e G-2 (N=12) em
masculinos, e G-1 (N=24) e G-2 (N=10) em femininos.
3.3. VARIÁVEIS
Componente Indicadores
Antropometria
Comprimentos Altura
Medidas de Massa Peso
Tricipital
Peitoral
Pregas de Adiposidade Subcutânea Abdominal
Suprailíaca
Coxa
Composição Corporal
Medida Ponderal IMC
% Gordura Corporal
Avaliação Compartimentada Massa Gorda
Massa Magra
Aptidão Física
Flexibilidade Sit-and-Reach (cm)
Força de Resistência Abdominal Sit-up (x/min)
Força Explosiva dos MI Impulsão Horizontal (cm)
Agilidade Corrida de 10x5 metros (seg.)
Resistência Cardiorespiratória Corrida de 12 minutos (m)
Massa Corporal: foi medida uma única vez com uma balança de marca Seca (anexo 3-
A), com precisão de medida de 100 gramas, e capacidade máxima de 150 kgs.
Composição corporal
A estimativa dos valores da percentagem da massa gorda (%G) foi calculada através da
equação proposta por JACKSON e POLLOCK, 1978, segundo a qual %G = [(4,95/Dc)-
4,50]x100, para indivíduos dos 18 aos 61 anos de idades. A densidade corporal (Dc) foi
calculada através da expressão Dc= 1.1093800-(0.0008267x∑3SKF)+ 0.00000016.
(∑3SKF)2-0.0002574x(idade).
A massa gorda (MG) e a massa magra (MM), foram estimadas de acordo com as
fórmulas propostas por PETROSKI (1995), em que MG=MC(%G/100) e MM=MC-MG,
respectivamente.
A avaliação da aptidão física foi feita com o recurso a diferentes testes motores retirados
em baterias de testes orientadas pela ideia da saúde, que seguidamente passamos a
descrever:
Material: uma caixa específica para o efeito, em cuja parte superior do tabuleiro é
fixada uma escala em centímetros.
Orientação: Solo antiderrapante para evitar que o aluno escorregue e impedir que
deslize. Só uma tentativa.
Orientação: Fixar bem os pés no chão. Fazer só uma flexão, de ensaio, para ver se
a execução se faz de acordo com as instruções. Fazer a contagem em voz alta,
após cada movimento correcto e completo.
A descrição das variáveis foi efectuada a partir das medidas de estatística descritiva
básicas, nomeadamente a média e o desvio padrão. O exame às hipóteses foi antecedido
de uma análise exploratória com vista a avaliar a normalidade da distribuição dos valores,
não tendo sido constatados quaisquer valores extremos estatisticamente dignos de
expurgação.
CAPÍTULO IV
Tabela 4.10: Resultados da comparação dos valores médios dos indicadores antropométricos, da
composição corporal e da aptidão física da globalidade da amostra em função do sexo
De facto, e tal como se pode observar a partir dos resultados da comparação dos valores
médios dos indicadores antropométricos, da composição corporal e da aptidão física da
globalidade da amostra em função do sexo (Tabela 4.10), à excepção do peso, cujas
56
médias não diferem significativamente em função do sexo, nas restantes variáveis, quer
antropométricas, quer da composição corporal, quer ainda da aptidão física são evidentes
diferenças estatísticas significativas entre os dois sexos. Com efeito, ao nível dos
indicadores antropométricos e da composição corporal, o sexo masculino apresenta
valores médios de estatura e de massa magra mais elevados em relação ao sexo oposto,
enquanto este, por sua vez, evidencia médias significativamente maiores no IMC,
somatório de pregas e percentagem de gordura corporal.
Tabela 4.11: Resultados de comparação de médias das variáveis antropométricas avaliadas dos
dois grupos do sexo masculino.
Grupos Etários
Variável 21-30 Anos 31-40 Anos t P
(N=24♀; 54♂) (N=10♀; 12♂)
Masculinos
Peso (kg) 68.00±7.08 70.33±9.73 -0.961 0.340
Altura (cm) 171±6.33 169.17±8.04 1.325 0.190
IMC (kg/m2) 22.96±1.70 24.65±3.64 -2.442 0.017
Prega Abdominal (mm) 20.33±2.19 22.83±3.35 -3.216 0.002
Prega Peitoral (mm) 8.48±2.18 8.42±2.15 0.093 0.926
Prega da Coxa (mm) 14.31±2.85 14.50±3.34 -0.197 0.844
Massa Gorda (Kg) 12.46±1.60 14.65±1.96 -4.103 0.000
Massa Magra (Kg) 55.54±6.68 55.69±9.33 -0.064 0.949
Femininos
Peso (kg) 66.50±8.74 66.50±4.79 0.000 1.000
Altura (cm) 163.04±5.85 163.30±6.89 -0.111 0.912
IMC (kg/m2) 24.99±2.87 25.02±2.33 -0.021 0.984
57
Tabela 4.12: Resultados de comparação de médias das variáveis da aptidão física relacionada à
saúde em função da idade e do sexo
Grupos Etários
Variáveis 21-30 Anos 31-40 Anos T p
(N=24♀; 54♂) (N=10♀; 12♂)
Masculinos
Flexibilidade (cm) 24.28±5.48 24.83±7.66 -0.294 0.768
Agilidade (seg) 25.24±2.33 25.42±3.37 -0.217 0.829
Resistência Abdominal (x/min) 36.98±7.51 32.33±4.56 2.055 0.044
Impulsão Horizontal (cm) 231.00±28.85 204.74±36.20 2.720 0.008
VO2máx. (ml.kg.min)-1 39.81±4.49 37.81±4.52 1.396 0.168
Femininos
Flexibilidade (cm) 27.83±4.14 27.00±2.91 0.577 0.568
Agilidade (seg) 31.46±3.06 30.90±3.51 0.446 0.664
Resistência Abdominal (x/min) 29.79±4.58 28.60±6.13 0.625 0.537
Impulsão Horizontal (cm) 167.00±18.16 165.00±30.11 0.240 0.812
VO2máx. (ml.kg.min-1) 24.63±4.79 25.86±6.23 - 0.626 0.536
58
CAPÍTULO V.
matriz complexa dos impactos nos resultados reportados em estudos desta natureza
(TANNER, 1962; EVELETH e TANNER, 1990; HAUSPIE et.al., 2004).
5.1.1.Variáveis antropométricos
É importante referir que a interpretação dos valores de altura, peso e dos índices que
deles derivem é uma tarefa complexa e caracterizada por incertezas. Muito
particularmente, o problema interpretativo desse valor é bem mais complicado e
controverso, quando a distribuição onde tal valor é colocado provém de outros países
com uma história e estrutura socioeconómica e cultural distinta. Quer como que seja, ao
nível estaturo-ponderal, isto é, os valores médios de altura e peso encontrados no presente
trabalho evidenciem, um distanciamento substantivo relativamente aos médios
encontrados em polícias de países de outros espaços geográficos.
61
Tabela 5.13: Valores médios de estatura e peso de policiais masculinos reportados em alguns
estudos
Tabela 5.14:Valores médios de percentagem de gordura corporal (%GC), massa gorda (MG) e
massa magra (MM) de policiais masculinos reportados em alguns estudos
A análise dos resultados encontrados nas diferentes provas de aptidão física permite
constatar um grande poder discriminatório na expressão diferenciada da aptidão nos dois
sexos.
De facto, ao nível de flexibilidade em ambos os sexos e grupos etários foi notória uma
estabilidade dos valores médios, mas com vantagens ao sexo feminino. A expressão
superior desses no teste flexibilidade é uma constante. Os valores apresentados são
consistentes com a maioria dos estudos consultados (AAHPERD, 1980; SHEPHARD,
1989; PATE e SHEPHARD, 1989; SHEPHARD, 1986; BOUCHARD, 1988; MALINA e
BOUCHARD, 1991; MARQUES et.al., 1991; PRISTA, 1994), pese embora estes tenham
sido realizados em crianças e jovens. A justificação para uma expressão diferenciada
destes valores é atribuída a presença de um dimorfismo sexual, cuja essência é
marcadamente biológica. Os valores distintos da composição corporal, presença de menor
tonicidade muscular, as alterações anatómicas e funcionais das articulações são
apontados como causa deste diferencial de valores (THOMAS e FRENCH, 1985;
MALINA e BOUCHARD, 1991;MARQUES et.al., 1991; PRISTA, 1994, MAIA et.al.,
2002).
Outros aspectos, tais como (1) tipos de partida, (2) altura, força muscular e percentagem
de gordura dos sujeitos são apontados por alguns autores como encerrando em si um
papel determinante na performance das corridas de velocidade (MALINA e
BOUCHARD, 1991), corroborando a ideia de que a forma como a partida é executada
influencia os resultados. Por outro lado, o declínio observado nos valores médios da
agilidade do presente estudo com o avanço da idade, sobretudo em masculinos, vai na
66
linha dos resultados reportados por SILVEIRA (1997), num estudo com um contingente
militar, no qual concluiu que a maioria dos componentes da aptidão física, diminuía
significativamente com o passar da idade.
Ao nível dos testes de resistência abdominal e impulsão horizontal foi possível constatar
diferenças estatisticamente significativas em ambas as variáveis (p<0.05) no seio dos
cadetes do sexo masculino, expressando vantagem para o escalão etário mais jovem (21-
30 anos de idade). Estes resultados testemunham, tal como documentado na literatura, um
declínio com o avanço da idade, tanto da força de resistência abdominal, quanto da força
explosiva dos membros inferiores em masculinos, contrariamente à semelhança
estatística observada nestas duas variáveis de aptidão física entre os dois grupos etários
no sexo feminino, sugerindo uma estabilidade destes indicadores com o avanço da idade.
Quer como que seja, e pese embora a ausência de diferenças estatísticas significativas
constatadas entre os dois grupos etários em contraste no seio do sexo feminino, os
resultados encontrados apontam, em ambos os sexos, uma tendência geral de redução dos
níveis de força de resistência abdominal em função do avanço da idade. Valores extremos
de gordura corporal, que não constituem a verdade no âmbito do presente estudo, têm
sido referenciados como que afectando a capacidade de rendimento corporal, para além
de contribuírem para o aumento de dispêndio energético na realização de trabalho,
comprometendo desse modo a eficiência mecânica.
Por conseguinte, é consensual a ideia de que o teste de Sit-Up mede a força e a resistência
da musculatura abdominal (SHEPHARD, 1991; MARQUES et.al., 1997; NIEMAN,
2011). Todavia, o modo como se tem procedido a medição da força abdominal no âmbito
deste teste tem mudado ao longo dos anos. A estrutura dos exercícios utilizados nos
diversos estudos difere na posição das mãos (cruzadas sobre o peito, nas coxas,
entrelaçadas na nuca, lateralmente ao tronco), dos pés (fixos e não fixos) e do tronco (em
plano inclinado ou sem plano inclinado), e que parece desempenhar um papel importante
na dificuldade do teste e intervenção distinta dos músculos abdominais e psoasilíaco.
67
Segundo referem os mesmos autores, os testes realizados com as mãos na parte superior
do tronco são mais difíceis do que aqueles em que as mãos estão situadas sobre os
membros inferiores (aumento da distância do centro de massa ao eixo de rotação). Os
testes com os pés fixos são mais fáceis do que aqueles em que os pés não estão fixos. Não
foram encontradas diferenças significativas entre os testes realizados em plano inclinado
e os realizados no plano horizontal. Porém, os testes de força abdominal podem ser
seleccionados de acordo com as dificuldades exigidas. Nesta circunstância, há que
considerar três aspectos, nomeadamente (1) a validade dos testes, (2) a execução total ou
parcial do abdominal e (3) a posição das pernas. Estes aspectos foram tomados em
consideração no presente estudo, tendo os seus resultados revelado, as semelhanças de
outros tipos de força que evidenciam uma expressão diferenciada em função do sexo, os
cadetes masculinos apresentam maiores valores médios do que seus pares do sexo oposto,
por um lado e uma superioridade do escalão etário mais jovem em relação ao mais adulto,
por outro.
As corridas de média e longa duração têm sido muito utilizadas nas baterias de testes de
aptidão física, quer para jovens, quer para adultos. Os resultados obtidos nesses testes têm
sido interpretados enquanto indicadores da função cardiorespiratória, sugerindo que
diferenças individuais na performance de corrida reflectem variações nesta função. Esta
interpretação baseia-se em estudos de validade concorrente e preditiva da correlação
entre os resultados nesses testes e o consumo máximo de oxigénio (RODRIGUES, 2003).
Masculinos Femininos
Estudo País Grupo N VO2max. N VO2max.
Pereira (2007) Brasil Policiais Militares 36 53.1±5.3 - -
Gonsalves (2006) Brasil Policiais Militares 21 43.24±4.26
Gonsalves (2006) Brasil Policiais Militares 35 40.15±5.86
Júnior (2005) Brasil Cadetes Militares 126 48.0±3.9 20 39.6±3.5
Añes (2003) Brasil Policiais Militares 369 43.3±4.2 - -
Presente estudo Moçambique Cadetes Policiais 66 39.45±4.53 34 24.99±5.19
69
Perante estes resultados, infere-se que alguns factores possam ter assumido um papel
determinante, tais como a força muscular e a percentagem de gordura dos sujeitos, que de
certa maneira pode ter implicado em uma maior capacidade cardiorespiratória em razão
de uma maior velocidade de deslocamento durante o teste, uma vez que o teste utilizado
para estimar a capacidade cardiorespiratória máxima envolve o deslocamento corporal.
Com efeito, um indivíduo com menor massa corporal pode imprimir maior velocidade de
deslocamento e obter no teste melhores escore relativos à capacidade cardiorespiratória.
A partir deste prisma, e considerando que o grupo etário mais jovem em masculinos e,
mais adulto em femininos, apresentam menores valores de percentagem de gordura,
justifica-se a suspeita de que possam ter ganho vantagens na realização do teste, visto que
a sustentação da massa corporal constitui um factor problemático na realização de testes
de corrida, tendo em conta que pode influenciar na velocidade de deslocamento e na
instalação precoce da fadiga (JUNIOR, 2005).
Quer como que seja, no cômputo geral acredita-se que pelo facto dos cadetes deste estudo
terem um histórico de actividades físicas regulares, era esperado que os mesmos
apresentassem resultados de aptidão cardiorespiratória substancialmente mais altos, o que
parece sugerir uma análise e reformulação dos conteúdos de treino deste grupo.
70
CAPÍTULO VI
6.1. CONCLUSÕES
(3). O perfil de aptidão física traçado pelos resultados encontrados nos diferentes
indicadores espelha um dimorfismo sexual, com clara vantagem do sexo
masculino em todas as provas motoras, à excepção da prova de flexibilidade;
(4). Tanto em masculinos, quanto em femininos, foi nítida uma vantagem do grupo
etário mais jovem na maioria das provas de aptidão física, confirmando o declínio
desta com o avanço da idade. Esta constatação, confirma a segunda hipótese da
presente pesquisa, considerando que os cadetes cujo ingresso é por via da
corporação pertencem maioritariamente ao segundo grupo etário;
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BEZERRA FILHA, Maria José Alves . Níveis de aptidão física da Policia Militar.
Monografia apresentada ao curso de aperfeiçoamento de Oficiais. Florianopolis.
PMSC. 2004.
BOUCHARD, Claude. Whay study physical activity and healt? In: C. Bouchard,
S.N.Blair, W.L. Haskell (eds). Physical activity and health. Champaign: Human
kinetics, 3-19.; 2006.
EUROFIT. Handbook for the Eurofit Test of Physical Fitness. Prentice-Hall. Inc.
Englewood Cliffs. 1988.
MALINA, Robert . Regional body composition age, sex, and ethnic variation. In
Roche, AF, Heymsfield, SB, Lphman,TG. (eds), Human Body Composition.
Human Kinetics. Champaign. 217-256, Maturation Physical Activity Champaign.
Human Kinetics. 1996.
79
WEINECK, Jurgen. Actividade Física e Esporte para que? Barneri: Manole. 2003.
WHO . World Health Organization. Physical status: The use and interpretation of
anthropometric> Report of a WHO technical report series, 854, world Health
Organization. Geneva. 1995.
ANEXO 1
A Prega peitoral
Medição efectuada entre meia
distância entre zona axilar anterior e o
mamilo. Prega oblíqua
B Prega suprailiaca
Medição efectuada na direcção da
crista ilíaca, no prolongamento da
linha axilar média. Prega oblíqua.
C Prega abdominal
Medição efectuada zona do umbigo,
5cm de distancia deste. Prega
horizontal
D Prega tricipital
Medida efectuada na face posterior do
braço direito, a meia distancia da
linha que une os pontos anatómico
designado de acrômio e olecrâneo. É
uma prega vertical
E Prega da coxa
Medida efectuada na face anterior da
coxa, a meia distancia da linha que
une o “declive inguinal e o bordo
superior da rotula, ao nível da maior
circunferência. É uma prega vertical.
86
ANEXO 2.
Universidade Pedagógica
FICHA DE AVALIAÇÃO
1. DADOS PESSOAIS
Nome:____________________________________________Sexo________Idade______
Data de Nascimento______/_______/______
Turma_______Ano_______
2. DADOS ANTROPOMÉTRICOS
Peso (P)
Altura (Alt)
3. PREGAS DE ADIPOSIDADE SUBCUTẬNEA
Tricipital SKF 1ª _____2ª___3ª ___ média_____
Peitoral SKF 1ª _____2ª___3ª ___ média_____
Abdominal SKF 1ª _____2ª___3ª ___ média_____
Suprailiaca SKF 1ª _____2ª ___3ª ___ média_____
Coxa SKF 1ª _____2ª ___3ª ___ média_____
__________________________________________________________________
4. TESTES MOTORES
Agilidade – Vaivém - (segundos)
Flexibilidade Sentar e alcançar - Seat and reach (cm)
Resistência abdominal – Sit up (X/1 minuto)
Impulsão horizontal - Standing Long Jump (cm)
Corrida de 12 minutos (m)
87
ANEXO 3.
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
Adipómetro