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Joaquim Armando

PERFIL ANTROPOMÉTRICO, COMPOSIÇÃO CORPORAL E APTIDÃO FÍSICA


RELACIONADA Á SAUDE DE CADETES DE ACADEMIA DE CIÊNCIAS
POLICIAIS DE MICHAFUTENE-MAPUTO

Mestrado em Actividade Física e Saúde

Universidade Pedagógica

Maputo
2014
i)

Joaquim Armando

PERFIL ANTROPOMÉTRICO, COMPOSIÇÃO CORPORAL E APTIDÃO FÍSICA


RELACIONADA Á SAUDE DE CADETES DE ACADEMIA DE CIÊNCIAS
POLICIAIS DE MICHAFUTENE-MAPUTO

Dissertação apresentada à Faculdade de


Educação Física e Desporto para
obtenção do grau académico de Mestre
no ramo de Actividade Física e Saúde.

Orientador:

Prof.Doutor Leonardo Nhantumbo

Universidade Pedagógica

Maputo

2014
ii)

ÍNDICE GERAL Página

LISTA DE TABELAS-----------------------------------------------------------------------------iii)

LISTA DE FIGURAS-----------------------------------------------------------------------------iv)

ABREVIATURAS----------------------------------------------------------------------------------v)

DECLARAÇÃO------------------------------------------------------------------------------------vi)

DEDICATÓRIA-----------------------------------------------------------------------------------vii)

AGRADECIMENTOS---------------------------------------------------------------------------viii)

RESUMO--------------------------------------------------------------------------------------------ix)

ABSTRACT-----------------------------------------------------------------------------------------x)

CAPITULO I. - INTRODUÇÃO

1.1.Introdução-----------------------------------------------------------------------------------------1
1.2. Definição do problema-------------------------------------------------------------------------3
1.3. Justificativa --------------------------------------------------------------------------------------4
1.4. Objectivos e hipóteses -------------------------------------------------------------------------5

1.4.1.Objectivo geral--------------------------------------------------------------------------------5

1.4.2. Objectivos específicos-----------------------------------------------------------------------5

1.4.3. Hipóteses--------------------------------------------------------------------------------------5

1.5. Estrutura do trabalho---------------------------------------------------------------------------6


CAPÍTULO II. -REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Conceito e considerações gerais--------------------------------------------------------------8

2.2. Aptidão física relacionada a saúde ---------------------------------------------------------19

2.2.1. Componentes da composição corporal ------------------------------------------------20

2.2.2. Aptidão cardiorespiratória---------------------------------------------------------------24

2.2.3. Força muscular----------------------------------------------------------------------------27

2.2.4. A flexibilidade-----------------------------------------------------------------------------28

CAPÍTULO III. - MATERIAL E MÉTODOS

3.1.Amostra-----------------------------------------------------------------------------------------31

3.2. Tipo de estudo--------------------------------------------------------------------------------31

3.3. Variáveis---------------------------------------------------------------------------------------31

3.4. Instrumentos de recolha de dados ----------------------------------------------------------32

3.5. Procedimentos de avaliação-----------------------------------------------------------------32

3.5.1. Avaliação antropométrica----------------------------------------------------------------32

3.5.2. Avaliação de testes motores-------------------------------------------------------------34

3.5.2.1.Sentar e alcançar (Sit-and-reach)- flexibilidade------------------------------------34

3.5.2.2. Corrida de vai-vém (10x5 metros) – Agilidade -----------------------------------35

3.5.2.3. Força de resistência abdominal (Sit-up)--------------------------------------------36

3.5.2.4. Impulsão horizontal (Standing long jump) -----------------------------------------37


3.5.2.5. Resistência cardiorespiratória – Corrida de 12 minutos --------------------------38

3.6. Procedimentos estatísticos ------------------------------------------------------------------39

CAPÍTULO IV. - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1. Apresentação dos resultados----------------------------------------------------------------40

CAPITULO V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. Discussão dos resultados---------------------------------------------------------------------44

5.1.1. Variáveis antropométricos----------------------------------------------------------------45

5.1.1.1. Pregas adiposas e composição corporal----------------------------------------------47

5.1.2. Variáveis da aptidão física--------------------------------------------------------------49

CAPÍTULO VI. CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1. Conclusões-------------------------------------------------------------------------------------55

6.2. Limitações do estudo--------------------------------------------------------------------------56

6.3. Recomendações e sugestões-----------------------------------------------------------------56

7. Referência bibliográfica ------------------------------------------------------------------------58

Anexos
iii)

LISTA DE TABELAS

2.1. Conceito de aptidão física ao longo dos anos

2.2. Estrutura e componentes da aptidão física (adaptado pelo PATE, 1988);

2.3. Valores de referência de V02max. (ml/kg min-1) para sexo masculino (Cooper, 1982);

2.4. Valores de referência de V02max. (ml/kg min-1) para sexo feminino (Cooper, 1982);

2.5.Valores de referência da força muscular abdominal para masculinos (Pollock &


Wilmore, 1993);

2.6.Valores de referência da força muscular abdominal para femininos (Pollock &


Wilmore, 1993);

2.7. Valores de referência de flexibilidade (cm) para masculino (CSTF, 2009);

2.8. Valores de referência de flexibilidade (cm) para femininos (CSTF, 2009);

3.9. Quadro de variáveis do estudo

4.10. Resultados da comparação dos valores médios dos indicadores antropométricos, da


composição corporal e da aptidão física da globalidade da amostra em função do sexo;

4.11. Resultados de comparação de médias das variáveis antropométricas avaliadas dos


dois grupos do sexo masculino;

4.12. Resultados de comparação de médias das variáveis da aptidão física relacionada a


saúde em função da idade e do sexo;

5.13. Valores médios de estatura e peso de polícias masculinos reportados em alguns


estudos;
5.14. Valores médios de percentagem de gordura corporal (%GC), massa gorda (MG) e
massa magra (MM) de polícias masculinos reportados em alguns estudos;

5.15. Valores médios de resistência cardiorespiratória expressa em V02 max.(ml/kg.min)-


1
de policiais de ambos sexos reportados em alguns estudos.
iv)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Técnica de execução do teste de flexibilidade

Figura 2. Técnica de execução do teste de agilidade

Figura 3. Técnica de execução do teste de força abdominal

Figura 4. Técnica de execução do teste de impulsão horizontal

Figura 5. Técnica de execução do teste de resistência cardiorespiratória

Figura, anexo1-A. Técnica de medição da prega subcutânea peitoral

Figura, anexo 1-B. Técnica de medição da prega subcutânea suprailiaca

Figura, anexo 1-C. Técnica de medição da prega subcutânea abdominal

Figura, anexo 1-D. Técnica de medição da prega subcutânea tricipital

Figura, anexo 1-E. Técnica de medição da prega subcutânea da coxa

Figura, anexo 3-A. Balança antropométrica mecânica

Figura, anexo 3-B. Estadiómetro

Figura, anexo 3-C. Caixa de medição da flexibilidade

Figura, anexo 3-D. Adipómetro


v)

ABREVIATURAS

AAHPERD - American Alliance for Health Physical, Education, Recreation and Dance.

ACSM - American College of Sports Medicine.

ACIPOL - Academia de Ciências Policiais

AFRS - Aptidão física Relacionada a Saúde

%GC – Percentagem de Gordura Corporal

G-1 - Grupo de 21 a 30 anos de idade

G-2 - Grupo de 31 a 40 anos de idade

IMC - Índice de Massa Corporal

MG - Massa gorda

MI – Membros Inferiores

MM - Massa magra

PAS - Pregas de Adiposidade Subcutânea

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

SKF - Skinfold

X/min – Número de vezes por minuto

V02 max. - Consumo máximo de oxigénio


vi)

DECLARAÇÃO

Declaro por minha honra, que esta Dissertação é resultado da minha investigação pessoal
e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes
consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, Julho de 2014

O Declarante

_________________

Joaquim Armando
vii)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Faustino, Ludwick, Rufina e Nica meus filhos, e a minha esposa
Adelina Pequenino, pelo incentivo, compreensão pelas ausências, sobretudo pelo amor
que sinto por esta família, e que por muitas vezes, se disponibilizaram para me ajudar e
proporcionaram momentos de grande descontracção e animação.
viii)

AGRADECIMENTOS

Várias foram as contribuições que fizeram com que este trabalho se concretizasse,
principalmente nos momentos onde o apoio humano é decisivo. Por este facto, gostaria
de expressar a minha gratidão e meu maior apreço, a todos aqueles que contribuíram para
que este trabalho fosse possível.

Ao Professor Doutor Leonardo Nhantumbo, agradeço imensamente por aceitar colaborar


na orientação deste trabalho, a sua infindável ajuda, a dedicação e empenho com que me
orientou, a riqueza das ideias, a precisão, rigor e pertinência dos seus comentários, o seu
profissionalismo e sua disponibilidade proporcionada foram muito importantes para mim.
Sem ele toda a investigação não teria o mesmo rigor e a mesma simplicidade de
apresentação.

Aos professores do programa de Mestrado, especialmente a Prof. Doutor António Prista,


Prof. Doutor Alberto Graziano, Prof. Doutor Vicente Tembe, Leonardo Nhantumbo, Prof.
Doutor Sílvio Saranga, Prof. Doutor Ângelo Muria, Prof. Doutor Domingos Mapasse,
Prof. Doutor Jorge Bento, Prof. Doutor Go Tani, Prof. Doutor Luciano Basso, Profa.
Doutora Patrícia Brum, Profa. Doutora Cláudia Forjaz, Profa. Doutora Carol Leandro e
Profa. Doutora Myriam Balic, pela amizade, atenção, dedicação e disposição em todos
momentos.

Ao meu irmão Hilário Armando Muamba, pelo carinho e apoio em todas as horas, sem
esperar nada em troca.

Aos colegas de turma, por esses anos cheio de momentos que ficarão guardados em
minha memória, pelo apoio, ajuda e constantes trocas de experiências, fez de nós uma
grande família.
A todos meus amigos que se demonstraram preocupados e me incentivaram a concluir
este curso, tendo sempre uma palavra amiga e de conforto para me dar ânimo nos
momentos menos bons deste curso.

A Direcção da academia de Ciências Policiais, agradeço pela autorização cedida para a


realização do trabalho, e a todos Cadetes que constituíram a amostra.

A todos o meu MUITO OBRIGADO.


RESUMO ix)
Introdução: Ainda que a antropometria, composição corporal e aptidão física sejam determinantes
para o desempenho da profissão policial, estudos versando estes domínios realizados com cadetes
policiais Moçambicanos são inexistentes. Objectivos: (1) avaliar um conjunto de indicadores
antropométricos, da composição corporal e de aptidão física associada à saúde em cadetes de ambos
os sexos da Academia de Ciências Policiais de Maputo; (2) determinar o perfil antropométrico, de
composição corporal e de aptidão física associada à saúde dos cadetes em estudo e (3) contrastar os
indicadores antropométricos, de composição corporal e de aptidão física relacionada à saúde em
função do sexo e da idade. Metodologia: a amostra consistiu em 100 cadetes de ambos os sexos (66
masculinos e 34 femininos) com média de idade de 27.06±5.55 e 28.68±4.37 anos para masculino e
feminino, respectivamente. A altura, o peso e as pregas de adiposidade foram medidos
respectivamente através de um estadiómetro, uma balança e um adipómetro de acordo com os
procedimentos padronizados por LOHMAN et.al.(1998) e JACKSON e POLLOCK (1978). O
índice de massa corporal foi calculado, dividindo o peso pelo quadrado da altura em metros. A
avaliação da composição corporal foi realizada com o recurso à equação de PETROSKI (1995) e
JACKSON e POLLOCK (1978). Uma bateria composta por testes de flexibilidade, agilidade,
resistência abdominal, impulsão horizontal e de COOPER foi aplicada para avaliar a aptidão física,
tendo sido calculado o VO2max através da fórmula específica para teste de COOPER. Para além das
medidas descritivas básicas, i.e., a média e o desvio padrão, foi aplicado o t-teste de medidas
independentes para efeitos de análise comparativa dos valores médios das variáveis independentes
em função do sexo e de grupos etários. A análise de dados foi efectuada no programa estatístico
SPSS, versão 17.0, com o nível de significância estabelecido em 5%. Resultados: Ao nível dos
indicadores antropométricos e da composição corporal, o sexo masculino apresentou valores médios
de estatura e de massa magra mais elevados em relação ao sexo oposto, que por sua vez evidencia
médias significativamente maiores no IMC, somatório de pregas e percentagem de gordura
corporal. Os resultados da comparação destes indicadores revelam diferenças estatísticas
significativas ao nível do IMC (p0.01), prega abdominal (p0.001) e massa gorda (p0.001) em
masculinos, em que o grupo etário mais jovem apresenta médias mais elevadas, não tendo sido
encontradas diferenças significativas entre os grupos etários em femininos. Na aptidão física,
diferenças estatisticamente significativas foram constatadas em masculinos nas variáveis de
resistência abdominal e impulsão horizontal (p<0.05), favorecendo ao escalão etário mais jovem, a
par de uma semelhança estatística em função da idade no seio de cadetes femininos (p0.05).
Conclusões: (1) foi evidente um perfil antropométrico que expressa uma desvantagem estatura-
ponderal, com maior agravo para o sexo feminino em relação aos valores documentados na
literatura; (2) o sexo masculino apresentou um perfil com maior predomínio de massa magra em
relação ao sexo feminino, cujo perfil salientou maiores valores de IMC, somatório de pregas e
percentagem de gordura corporal; (3) a aptidão física traçou um perfil que espelha um dimorfismo
sexual, com clara vantagem do sexo masculino em todas as provas motoras, à excepção da prova de
flexibilidade; (4) tanto em masculinos, quanto em femininos, foi nítida uma vantagem do grupo
etário mais jovem na maioria das provas de aptidão física, confirmando o declínio desta com o
avanço da idade.

Palavras-chave:Perfil antropométrico, aptidão física, consumo máximo de oxigénio, composição


corporal, cadetes policia
15

x)
ABSTRACT

Introduction: Although the anthropometry, body composition and physical fitness are vital to the
performance of the police profession, studies on these areas held with Mozambican police cadets
are nonexistent. Objectives: (1) evaluate a set of anthropometric indicators of body composition
and health-related physical fitness in Mozambican cadets of both sexes of the Maputo Academy
of Police Sciences; (2) determine the anthropometric profile, body composition and related
physical fitness of cadets in study and (2) contrast these indicators according to sex and age.
Methods: the sample consisted of 100 cadets of both genders (66 male and 34 female) with an
average age of 27.06±5.55 and 28.68±4.37 years for male and female, respectively. The height,
weight and the skinfolds were measured according to standardized procedures suggested by
LOHMAN et al. (1998) and JACKSON & POLLOCK (1978). The body mass index was
calculated by dividing weight by the square of height in meters. The assessment of body
composition was performed using the equation of PETROSKI (1995) and JACKSON
&POLLOCK (1978). The physical fitness was assessed by a battery of physical tests composed
of flexibility, agility, standing long jump, abdominal strength, aerobic capacity and VO2max
calculated through indirect method. Basic descriptive statistics were calculated, and the
independent samples t-test was applied to compare the average values of the independent
variables by sex and age groups. Data analysis was carried out in the statistical program SPSS,
17.0, with significance level established in 5%. Results: males showed higher mean values of
stature and lean body mass compared to females, who show significantly higher averages in BMI,
sum of skinfolds and percentage of body fat. Significant statistical differences were found in BMI
(p0.01), abdominal fold (p0.001) and fat mass (p0.001) in males, where the younger age
group presented higher averages, while in women were not found significant differences among
the age groups. On physical fitness, statistically significant differences were observed in males in
the abdominal strength and standing long jump (p<0.05), favoring the younger age group, while
in the female, age groups do not differ significantly from each other (p0.05).Conclusions: (1) it
was evident an anthropometric profile which expresses a disadvantage in height and weight in
comparison to the values documented in literature, being more pronounced in females; (2) the
male presented a profile with greater predominance of lean body mass in relation to the female,
whose profile showed greater values of BMI, sum of skinfolds and percentage of body fat; (3)
physical fitness established a profile which highlights a sexual dimorphism, with clear male
advantage in the majority of physical tests; (4) in both male and female, was clearly evident an
advantage of the younger age group in most physical fitness tests, confirming the decline of this
with the advancement of age.

Keywords: anthropometry, physical fitness, maximum oxygen consumption, body composition,


police cadets
16

CAPITULO I.

1.1.INTRODUÇÃO

A Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), é uma instituição policial de ensino


superior que desenvolve actividades de ensino, instrução, investigação e extensão. A
academia forma oficiais da polícia, com conhecimentos técnicos e científicos necessários
para a defesa da legalidade democrática, ministrando cursos de ciências policiais, curso
superior em administração e gestão e de aperfeiçoamento e promoção dos oficiais. A
academia outorga os graus de bacharelato e licenciatura àqueles que concluam os
respectivos cursos.

Tendo em vista a formação integral do cadete, o condicionamento físico é encarado como


sendo um dos aspectos primordiais durante o período da formação, orientando-se desta
maneira, não só no aspecto de aquisição de conhecimentos, mas também na preparação
física e de adestramento policial, visando conferir aos cadetes o desembaraço físico
imprescindível ao cumprimento das suas missões.

Considerando que existem diversos segmentos da polícia, implicando consequentemente


envolvimentos diferentes em relação ao padrão de actividade física laboral diária, torna-
se importante desenvolver estudos de caracterização dos policiais das diferentes unidades
(ANÊS, 2003). Todavia, Poucos estudos são encontrados na literatura, quando se refere à
caracterização antropométrica e padrão de aptidão física associada à saúde em policiais.

Em razão do alto envolvimento físico dos policiais associado às suas actividades laborais,
tornam-se pertinentes e interessantes estudos centrados na caracterização deste extracto
de profissionais. Neste contexto, e de acordo com OLIVEIRA (2008), a eficácia do
trabalho policial é fortemente determinada pelas características morfológicas e a
eficiência laboral. O autor ainda relaciona que um perfil morfológico adequado associado
a um bom condicionamento físico diminui a probabilidade de certas patologias,
melhorando as relações com seus colegas e a imagem da polícia aos olhos da população.
17

Todavia, um nível adequado de aptidão física por parte destes é o gradiente que cria
condições ideais para a efectivação de trabalhos policiais.

A necessidade de mais estudos inseridos na área de saúde e trabalho, parece ser


imprescindível num contexto que tem-se mostrado demasiadamente desfavorável à saúde
dos trabalhadores. Em razão disto, as questões da segurança pública constituem temas
que vem conquistando espaços nas discussões das diversas esferas da sociedade, a qual
vive actualmente, numa situação de insegurança generalizada. Contudo, muito pouco
tem-se prestado a devida atenção à segurança e a saúde daqueles que trabalham nessas
áreas, como é o caso de agentes policiais (GONSALVES, 2006, OLIVEIRA, 2006).

Torna-se relevante a percepção dos servidores policiais quanto à importância da


manutenção da saúde, para a realização das suas atribuições da vida diária, olhando de
forma crítica ao que se refere à qualidade de vida, pois representa a segurança dos
cidadãos.

Por conseguinte, para avaliar a aptidão física relacionada ao trabalho policial, tem-se
procurado referência nos componentes relacionados à saúde e naqueles relacionados ao
desempenho desportivo-motor. Com efeito, estudos centrados na identificação e
interpretação do perfil antropométrico e de aptidão física dos policiais nos diferentes
parâmetros face às múltiplas exigências realizados em África no geral são escassos,
sendo, tanto quanto julgamos saber, particularmente inexistentes em Moçambique.

É em decorrência desta lacuna de informação especializada relativa à realidade


contextual de Moçambique, um cenário que espelha o quão oportuno e relevante se
afigura a realização de pesquisas contextualizadas inseridas nesta temática, que o
presente estudo foi realizado presidido pelo objectivo fundamental de avaliar e
caracterizar o perfil antropométrico, a composição corporal e o padrão de aptidão física
relacionada à saúde em cadetes de ambos sexos da Academia de Ciências Policiais de
Michafutene, Maputo, Moçambique.
18

1.2. DEFINICÃO DO PROBLEMA

A avaliação dos indicadores antropométricos, composição corporal e de aptidão física


relacionada à saúde em populações aparentemente saudáveis, sobretudo em policiais, tem
vindo a colocar novos desafios, decorrentes não tão-somente das novas necessidades
expressas pelo meio social, mas também, e sobretudo, das novas realidades relacionadas
com o desenvolvimento dos modelos de formação profissional. Todavia, tem sido
extremamente difícil identificar e quantificar com precisão desejada os factores que de
facto estão associados, para além de que as preocupações referentes a esses indicadores
serem substancialmente diferentes, o que conduz obviamente a lacunas no âmbito das
acções tomadas ao nível de saúde e formação.

Nos diversos cursos para acesso ao quadro policial, os cadetes são preparados nos
aspectos da cultura profissional e de aptidão física. Esta preparação engloba uma série de
acções voltadas a fornecer subsídios necessários para o seu desempenho, considerando
que diariamente a acção policial exige uma versatilidade de atitudes e comportamentos
(GONSAVES, 2006).

Para OLIVEIRA et.al. (2008), a realidade ocupacional dos agentes policiais certamente
exige requisitos de aptidão física necessária para adequado exercício da função, e, a
consciencialização dos integrantes acerca das questões relacionadas com a actividade
física e saúde é inquestionável, seja para atender as novas e crescentes demandas que os
aspectos de segurança lhe impõem, como para prevenir alguns tipos de agravos à saúde.

Pese muito embora a importância dos indicadores morfológicos e de aptidão física seja
amplamente reconhecida, tanto no domínio da saúde como na formação dos agentes
policiais, estudos centrados na avaliação e caracterização destes indicadores em cadetes
policiais Moçambicanos são inexistentes. Por conseguinte, o quadro actual de novas e
modernas tendências da demanda em segurança pública, parece colocar novos desafios
em termos de saúde, formação e capacidade de resposta ao profissional da lei e ordem.
Com efeito, exige-se um policial imbuído de uma compleição de cariz multifacetada, em
19

que a partir do seu perfil antropométrico, de composição corporal e da aptidão física


associada à saúde sobressaia um “protótipo” de agente policial ao alcance do quadro de
exigências do vasto e complexo campo da sua actuação profissional.

Os aspectos acima discutidos, combinados com a demanda e complexidade da segurança


e tranquilidade públicas suscitam e fundamentam o problema da presente pesquisa, que
assim se enuncia: De que modo se expressa o perfil antropométrico, a composição
corporal e a aptidão física associada à saúde do cadete policial da ACIPOL?

1.3. JUSTIFICATIVA

Evidência documentadas na literatura de especialidade atestam que o interesse pelos


estudos antropométricos e de aptidão física associada à saúde continua incrementando
cada vez mais. Este facto parece decorrer, não só, do seu contributo na determinação de
índices de eventuais estados de saúde de indivíduos ou mesmo de populações, mas
também e, muito particularmente, tomando em linha de conta a relevância que a literatura
especializada atribui às medidas antropométricas e aos testes motores no contexto da
aptidão física.

Ainda que existam alguns estudos centrados no crescimento somático e aptidão física
realizados em Moçambique (PRISTA, 1994; PRISTA et.al., 1997; PRISTA et.al., 2002;
SARANGA et.al., 2002; NHANTUMBO, 2007), que pelo seu valor constituem-se como
referências, na sua globalidade, estes estudos foram realizados com crianças e jovens em
idade escolar. Esta particularidade denota, claramente, o desconhecimento da expressão
destes e outros indicadores associados à saúde em outros extractos, tanto etários quanto
profissionais da mesma população.

Considerando que a qualificação física dos agentes da polícia, bem como a sua adequação
morfológica e de composição corporal são determinantes na prossecução da sua missão
de manutenção da ordem, segurança e tranquilidade públicas, o estudo destes indicadores
20

no seio deste extracto populacional justifica-se pela necessidade de tornar estes aspectos
inteligíveis e contextualizados.

1.4. OBJECTIVOS E HIPOTESES


Face à suma importância que a aptidão física encerra em si no âmbito da formação e
desempenho policial, haja visto que um agente policial deve apresentar graus elevados de
aptidão funcional, incluindo um perfil antropométrico no mínimo normal em parâmetros
como, estatura, peso, índice de massa corporal, percentagem de gordura corporal, entre
outras medidas, o presente estudo é percorrido pelos seguintes objectivos:

1.4.1. OBJECTIVO GERAL

Avaliar um conjunto de indicadores antropométricos, da composição corporal e de


aptidão física associada à saúde em Cadetes de ambos os sexos da Academia de Ciências
Policiais de Michafutene, Maputo

1.4.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

(1) Determinar e caracterizar o perfil antropométrico, de composição corporal e de


aptidão física associada à saúde dos cadetes em estudo;

(2) Contrastar os indicadores antropométricos, de composição corporal e de aptidão física


relacionada à saúde em função do sexo e da idade;

1.4.3. HIPÓTESES

É inquestionável que ao agente da polícia assiste-lhe, para o pleno exercício de suas


funções, a obrigatoriedade e o dever de apresentar níveis de saúde e condicionamento
21

físico adequadamente ajustados à exigente demanda por segurança pública, sendo


imperioso que ostente níveis de aptidão física notáveis de modo a traduzir em eficiência e
eficácia a sua actuação profissional.

Ora, considerando, por um lado, que as fileiras da Policia da República de Moçambique


compreendem distintas áreas de actuação policial, com especificidades singulares de
exigências profissionais e, por outro, o ingresso à academia é diferenciado entre os
membros da corporação e o cidadão comum, os objectivos definidos no âmbito do
presente estudo, bem como a complexidade e dimensão do seu problema de pesquisa
geram as seguintes hipóteses:

(1) Existe um diferencial em todos os indicadores em análise em função do sexo,


idade e critério de ingresso;

(2) É constatável uma discrepância entre os critérios estabelecidos para o ingresso e


os valores médios encontrados nos parâmetros comparáveis, independentemente
do sexo e da idade.

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente estudo procura dar resposta aos objectivos propostos e, simultaneamente,


fornecer alguma consistência teórica ao quadro conceptual em que se desenrola, sendo
estruturado em 6 (seis) capítulos, a saber:

Capítulo I: Introdução, apresenta as razões que conduziram a realização do estudo, com


enfoque a uma abordagem sistematizada, tornando relevante, por meio dessa
sistematização, a complexidade das exigências profissionais dos agentes policiais, quanto
à importância da sua avaliação nas variáveis antropométricas, composição corporal e de
aptidão física associada a saúde.
22

Capítulo II: Revisão da Literatura, é percorrido pela delimitação conceptual e operativa


dos constructos em que se insere o objecto de estudo, nomeadamente a avaliação
antropométrica, a aptidão física e a composição corporal. São passadas em revistas as
principais pesquisas realizadas dentro desta temática, bem como as expressões mais
utilizadas no âmbito da sua abordagem, sendo efectuada uma análise e operacionalização
dos seus conceitos.

Capítulo III: Material e Métodos, descreve a metodologia empregue na realização do


presente estudo, procede à descrição exaustiva das questões que se prendem com a
amostra, variáveis, testes, instrumentos utilizados na recolha de dados, técnicas e
procedimentos estatístico.

Capítulo IV: Apresentação de Resultados, expõe os resultados encontrados numa


perspectiva geral e comparativa em conformidade com os objectivos formulados.

Capítulo V: Discussão de Resultados, discute os resultados encontrados no sentido de


situar o seu significado e alcance interpretativo, quer do ponto de vista descritivo, quanto
da sua comparabilidade com outras pesquisas similares, considerando as suas limitações
conceptuais e metodológicos.

Capítulo VI: Conclusões, apresenta as principais conclusões que emergem da


interpretação dos resultados encontrados, bem assim as limitações do estudo e apresenta
as principais recomendações que decorrem do estudo, bem como o conjunto das
referências bibliográficas das citações no trabalho.
23

CAPÍTULO II

REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Conceito e Considerações Gerais

As tendências actuais dos estudiosos do vasto ramo das Ciências do Desporto sustentam
definições que apontam para a aptidão física como sendo um constructo multifacetado e
complexo. Nesta linha de definição, a aptidão física é vista como sendo um perfil de
traços que a sua medição não se pode fazer directamente a partir de um único indicador
ou parâmetro.

De facto, a multiplicidade de aptidão física é definida através de aspectos estruturais e


domínios de expressão. Refira-se que os aspectos estruturais englobam aquelas
componentes que mediante a sua operacionalização, resumem-se na sua estrutura interna,
designadamente as capacidades motoras condicionais e coordenativas. Por sua vez, estes
componentes encontram-se agrupados em dois alcances ou domínios de expressão, a
saber: Aptidão Física Relacionada à Saúde e Aptidão Física Relacionada à Performance
Desportivo-Motora.

A dinâmica deste constructo é condicionada pelos seus próprios níveis de expressão, e


pela condição física, a qual revela uma contínua variação, sendo influenciada pelo
património genético, bem como pelo meio envolvente do indivíduo (BOUCHARD e
SHEPHARD., 1998).

O uso de diferentes expressões para designar aquilo que se entende por aptidão física
deixa antever que o seu conceito não está definido de forma precisa, e que a escolha de
uma expressão depende não só das linhas conceptuais que orientam a investigação, mas
também do modo como cada expressão é operacionalizada (PATE, 1988; THOMAS,
1985).
24

Uma vez que os autores identificam a aptidão física como um constructo


multidimensional expresso, é evidente que haja um conjunto de componentes
diferenciados no processo da sua medição (FREITAS et.al., 1998).

Parece ser evidente que o padrão de aptidão física tem sido utilizado não só para
referenciar diferentes objectivos associados à implementação de programas de
actividades físicas em adolescentes (TANNER, 1962; MARCONDES, 1982), como
também tem sido carregado de significados e interpretações distintos (TANNER, 1977;
CURETON, 1987; FREITAS, 1994; SELLEN, 1999; FLETCHER, 2001).

A pluralidade de termos utilizados, assim como a dificuldade sentida na identificação de


componentes de aptidão física e na escolha de testes para medi-la, veicula a ideia alguma
confusão conceptual e operativa. Todavia, THOMAS (1985), refere a este respeito, que o
problema se situa no quadro geral da relação entre (1) aquilo que representa o seu
significado; (2) a clareza da linguagem empregue na sua circunscrição e (3) a
objectividade que o investigador lhe pretende atribuir.

Existe uma grande diversidade terminológica, porem, nem sempre corresponde a


conceitos muito diferentes.

Muita das vezes, empregam-se para conceitos, expressões tais como: performance
motora, aptidão motora, aptidão relacionada com a saúde, valor físico, habilidades
motoras, condição física. No entanto, não tem sido fácil encontrar uma definição de
aptidão física consensual, precisa e inequívoca. É importante referir que a aptidão física
não é determinada, unicamente, pela actividade física. Outros factores interagem,
significativamente, no processo de aquisição da aptidão física, tais como, factores
ambientais, genéticos e sociais. Ela pode alterar de forma substancial em função da idade,
raça, género e nível social (PATE, 1988).

No passado, a imagem da aptidão física prendia se com a noção de virilidade e com um


corpo musculado. Actualmente, aptidão física é tida como um estado geral de prontidão
25

motora e bem estar, orientada para questões relacionadas com a saúde, bem estar físico,
psíquico, social e também como a prestação motora

Tabela2.1. Conceitos de aptidão física ao longo dos anos.

Autor Ano Conceito


Fleishman 1964 Capacidade funcional do indivíduo em realizar
alguns tipos de actividade
AAHPERD 1980 Continuum multifacetado que-se prolonga desde
o nascimento ate a morte. Os níveis de aptidão
física são afectados pela actividade física e varia
desde a capacidade óptima em todos os aspectos
da vida até limites de doença e disfunções.
Sobral e Barreiros 1980 Capacidade de efectuar, de modo eficiente um
determinado esforço.
Estado caracterizado por uma a) capacidade de
executar actividades diárias com vigor e b)
Pate 1988 demonstração de traços e capacidades que estão
associadas ao baixo risco de desenvolvimento
prematuro de doenças hipocinéticas.
É um estado de bem-estar físico que permite as
pessoas realizar actividades diárias com vigor,
reduzir o risco de problemas de saúde associada
AAHPERD 1989 a ausência de exercício, e estabelecer uma base
de aptidão para permitir a participação numa
variedade de actividades físicas.
Capacidade de realizar com vigor as tarefas do
Bouchard e Shephard 1994 quotidiano, bem como a demonstração de traços
e capacidades que estão associados ao risco
reduzido de doenças hipocineticas
Estado caracterizado pela capacidade de realizar
actividades diárias com vigor, demonstrando
ACSM 1998 características e capacidades associadas ao
baixo risco de desenvolvimento prematuro de
doenças hipocinéticas.
Uma serie de atributos que as pessoas têm ou
ACSM 2000 adquirem que se relacionam com a capacidade
de realizar actividades físicas
26

Dada a imensa heterogeneidade étnica, orográfica e socioeconómico da população, a


aquisição de uma rede mais vasta de informações sobre a variabilidade nos padrões de
aptidão física relacionada à saúde de diferentes extractos populacionais, que auxilie na
definição e implementação mais equilibrada e justificada de políticas de saúde afigura-se
de suma importância. Daqui que seja essencial entender os aspectos que influenciam
esses padrões, sobretudo quando se pretende formular estratégias de intervenção mais
convincentes, optimizadas, justas e eficazes (SILVA, 2006).

No campo de saúde, os componentes da aptidão física vão procurar abrigar aqueles


atributos biológicos que possam oferecer alguma protecção ao aparecimento e
desenvolvimento de distúrbios orgânicos induzidos por comportamentos da condição
funcional. Independentemente do sexo e da idade, a princípio, pode se supor que, quanto
maior a solicitação dos esforços físicos, mais elevados deverão se apresentar os índices
de aptidão física, e acredita-se que esta relação venha a ser causal (GUEDES et.al.,
1998). A aptidão física pode ser associada com a saúde e aptidão motora, ou destreza ou
habilidades desportivas, tal com a Tabela abaixo ilustra.

APTIDÃO FÍSICA
Saúde: Habilidades Motoras:
AptidãoCardiorespiratória Agilidade
Resistência Muscular Equilíbrio
Força Muscular Coordenação
Composição Corporal Velocidade
Flexibilidade Potência
Tempo de Reacção

Tabela 2.2: Estrutura e componentes da aptidão física (adoptado pelo PATE, 1988).

A descrição dos caminhos regulares para determinar, mensurar e identificar a


componente definida, comporta a operacionalização do conceito da aptidão física. Para
tal são aplicados instrumentos e testes e posterior análise estatística dos factores ou das
componentes.
27

Um conjunto de informações suficientemente importantes, segundo destaca PATE


(1988), nos leva a admitir que estilos de vida activos, em conjugação com outros
comportamentos positivos, podem ser benéficos para a saúde.

Essas evidências, como refere PITANGA (2004), sugere que os indivíduos que não se
encontram num estado com níveis de aptidão física satisfatórios, caracterizado pela falta
ou grande diminuição de prática de actividades físicas, possuem um factor primário para
o desenvolvimento de diversas doenças crónico degenerativas não transmissíveis.

Na actualidade, existe uma vasta literatura que versa sobre as modificações estruturais e
funcionais que, para além de suas consequências, documenta os múltiplos benefícios que
a prática de actividades físicas moderadas e intensas representa para a performance e a
saúde das pessoas em todas faixas etárias (NAHAS, 2003).

Deste modo, segundo o mesmo autor, o que se questiona hoje em dia é a forma como se
deve influenciar os comportamentos decisivos na população para adopção de um estilo de
vida activo, com a incorporação da aptidão física, verificando-se que as causas para que
muitas pessoas tenham uma visão negativa da aptidão física, considerando-a de pouca
atractiva, são múltiplas destacando-se uma fraca percepção de competências, a falta de
suporte de amigos e familiares, bem como experiências negativas decorrentes da prática
da aptidão física.

Neste sentido, parece importante, corroborando com PRISTA (1994), aumentar a


consciência e a participação da população em geral em actividades físicas regulares,
surgindo como um desafio, a descoberta de vias que possibilitem ou facilitem uma
influência positiva durante a juventude, em particular, e o ciclo de vida em geral, por
forma a estabelecer a prática da actividade física como hábito de vida.

As alterações induzidas recentemente pela redução do trabalho laboral e aumento dos


tempos livres têm conduzido a uma diminuição da actividade física habitual. Segundo
FIMS (1990) e ELNASHAR (1984), as populações tornaram-se mais sedentárias, sendo
que as doenças hipocinéticas, sobretudo as cardiovasculares, começaram a surgir em
28

maior escala, apresentando-se, nos nossos dias, como a principal causa de morte e
incapacidade em todos os países desenvolvidos e em via de desenvolvimento.

Nas últimas décadas o estilo de vida do homem transformou-se consideravelmente em


função dos avanços científicos e tecnológicos evidenciados durante o século. Estes
avanços certamente têm sua importância, mas por outro lado, geraram muitos problemas
para a humanidade, alguns inclusive afectando seriamente a saúde das pessoas. Em
virtude disto, a actividade física regular tem sido reconhecida pelos efeitos saudáveis nos
participantes como um meio eficaz e relativamente menos oneroso no combate ou
prevenção de doenças (GUEDES, 1998; PITANGA, 2010).

Por outro lado, constitui um dado inquestionável que actividades físicas e níveis de
aptidão física associada à saúde evidenciam uma forte variação no seio das populações
(MAIA et.al.,2003), o que fortalece o papel peculiar e relevante de que estes
componentes se revestem no crescimento físico e motor.

É precisamente na sequência desta preocupação que MAIA (1997), chama a atenção para
a necessidade urgente de criação de políticas de incentivo a actividade física, e de novas
pesquisas que visem um maior entendimento das relações entre estilo de vida dos jovens
e seus respectivos índices de aptidão física.

Dessa forma, de acordo com FREITAS et.al. (2007), níveis de actividade física e aptidão
física suficientes, representam um dos principais componentes concorrentes para um
estilo de vida saudável, haja visto que a inactividade física tem sido frequentemente
associada ao desencadeamento de factores de risco e agravos à saúde.

As actividades laborais relacionadas à segurança pública estão sob intensa pressão de


valores sociais, lidando-se simultaneamente com questões complexas e desgastantes.
Aliada a esta realidade, as instituições de segurança pública oferecem poucas
oportunidades de cuidados com a saúde física, mental e emocional de seus integrantes
(SILVA, 2006). Neste sentido, segundo o autor, trabalhar em segurança pública, por si
só, já é um risco à saúde, visto tratar-se de uma profissão considerada de alto risco. E
29

pode ser sinalizado não apenas por uma ameaça física directa, mas também, por uma
ameaça simbólica, a auto-estima e/ou dignidade, tratamento injusto por parte da
sociedade civil, como da instituição, e, finalmente a frustração de não realização dos
objectivos profissionais contidos no mandato policial. O autor ainda afirma que
actividade profissional desempenhada pelos agentes policiais é reconhecidamente uma
actividade de stress elevado, sendo necessário, para o desempenho adequado de suas
funções, uma atenção especial voltada para a saúde física e mental. Para exercício das
suas funções o agente policial precisa estar preparado para atender às novas demandas
que as questões de segurança pública lhe impõem, tendo como grandes desafios o
combate à violência e criminalidade. Todavia, um nível adequado de aptidão física por
parte destes constitui um gradiente relevante que cria condições ideais para efectiva
realização de qualquer trabalho policial.

É importante reiterar a constatação colocada por COLLINS (2003), a qual sustenta que o
exercício da actividade policial de manter a ordem e cumprimento das leis é
reconhecidamente stressante, predispondo aos trabalhadores a riscos físicos, para além de
que quando associada a outros factores de risco, tais como inadequados hábitos
alimentares, baixo nível de aptidão física e excesso de peso, pode causar doenças
crónicas, sobretudo as do fórum cardiovascular.

No entanto, infelizmente alguns estudos têm verificado que a capacidade física de


militares vem sofrendo um declínio considerável, principalmente em policiais, sendo que
os níveis de gordura corporal, que fazem parte deste conjunto de variáveis, constitui um
dos principais destaques nesta tendência negativa (ANÊS, 2003; PEREIRA, 2007;
MAGALHÃES, 2009).

Portanto, e como se pode depreender, há evidências epidemiológicas documentadas que


permitem concluir que a actividade física regular e adopção de um estilo de vida activo e
saudável, são necessários para a promoção da saúde da população, independentemente da
sua idade, sexo, classe socioeconómica e profissional (MATSUDO, 2006).
30

MINAYO (2006), refere que a dinâmica de produção e de relações laborais, tanto podem
traduzir saúde, bem-estar físico e emocional, como também, ser marcada por insatisfação,
stresse, ampliando para o mundo da vida manifestações resultantes desses processos.

É neste diapasão que o estilo de vida é caracterizado por padrões de comportamentos


identificáveis que pode ter um efeito profundo na saúde do ser humano e está relacionada
com diversos aspectos que reflectem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida
das pessoas (WHO, 1998).

Por conseguinte, é em face do estilo de vida individual, com seus comportamentos


relacionados à saúde, que surgirão os reflexos positivos ou negativos em nossas
qualidades de vida actual e na ancianidade (velhice). Contudo, NAHAS (2001), afirma
que o estilo de vida particular de cada pessoa está interligado ao que acredita, i.e., suas
atitudes repercutem na sua rotina diária, afirmando desta forma que as nossas atitudes
têm vital influência na nossa qualidade de vida, proporcionando uma ideia aproximada da
sua saúde ou doença em dias futuros.

Várias acções são discutidas e citadas diariamente sobre a importância de um estilo de


vida saudável para pessoas de todas as idades e condições, porém, apesar de tantas
literaturas científicas acumuladas, o nível de pessoas que desconhecem ou tratam com
negligência tal situação ainda é muito elevado. Ainda segundo o mesmo autor, existem
sólidas evidências de que o estilo de vida individual apresenta um elevado impacto sobre
a saúde, em geral, determinando para a grande maioria das pessoas, o quão doentes ou
saudáveis serão a médio e longo prazo.

Contudo, a experiência quotidiana, parece indicar que a saúde é um estado silencioso e


que começamos a nos preocupar com ela quando se torna barulhenta, quando de alguma
forma a temos perdido ou pressentimos que estamos a perdendo. Em vista disso, existem
evidências apontadas na literatura, demonstrando que ao incorporar um comportamento
favorável à saúde, as pessoas acabam operando outras mudanças no âmbito do seu estilo
31

de vida que são favoravelmente concorrentes para a instalação de melhores níveis de


saúde e qualidade de vida (BARROS et.al., 2000).

Sendo assim, existem diversas teorias e modelos que tentam explicar o comportamento
das pessoas com relação à saúde e servem como base de análise para programas de
intervenção. A promoção da saúde e a educação para a saúde passam necessariamente
pela questão central que é o comportamento para a saúde dos indivíduos (ACSM, 2006).

Na actualidade, a saúde tem sido definida não apenas como a ausência de doenças, mas
como uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano voltado para um estado
de completo bem-estar físico, mental e social (WHO, 1995). Pode-se, também, definir a
saúde como uma condição humana que congrega as dimensões físicas, social e
psicológica, sendo cada uma delas caracterizada por pólos positivos e negativos. Os
principais factores que influenciam os deslocamentos dos indivíduos entre os pólos
positivo e negativo seriam de natureza ambiental, social e de estilo de vida.

Certos autores, como PITANGA (2010), consideram os indicadores de saúde como


parâmetros internacionais sanitários que devem avaliar a robustez de agregado humano,
fornecendo subsídios para o planeamento da saúde, acompanhando e monitorando as
alterações e tendências históricas do padrão sanitário de diferentes locais no mesmo
período ou épocas diferentes. Este autor destaca ainda as condições demográficas,
alimentares, nutricionais, condições de trabalho, segurança social, entre outras, como
relevantes para a sobrevivência com graus adequados de saúde.

Assim, GUEDES et.al., (1998) referem que a saúde não é algo estático, pelo contrário, é
necessário construi-la ao longo da vida, evidenciando o facto de que ela é educável e,
consequentemente, deve ser tratada não apenas com base em referenciais de natureza
biológica e higiénica, mas também e, sobretudo, num contexto didáctico-pedagógico.

Deste modo, constitui um dado inquestionável que a actividade física e os níveis de


aptidão física associada à saúde evidenciam uma forte variação no seio da população
(MAIA et.al., 2003), o que revigora o papel peculiar e relevante de se revestir seus
32

componentes no crescimento físico e motor, sem contudo descartar o efeito genético


sobre aptidão física uma vez ser determinante.

Com efeito, o efeito genético provoca necessariamente uma forte variabilidade de


respostas dos jovens e dos adultos aos estímulos das aulas de educação física, treinos
desportivos e programas de intervenção. Aqui neste aspecto repousa a responsabilidade
conjunta da família, professores e treinadores em geral para o desenvolvimento de
programas de intervenção adequados e atraentes para seu envolvimento sem excepção.

Ainda para MAIA et.al. (2003), a actividade física e os níveis de aptidão física associada
à saúde, expressos de modo qualitativo ou quantitativo, evidenciam uma forte variação no
seio da população, podendo a partir dos extremos desta distribuição de valores
considerar-se os indivíduos menos activos, com forte propensão para a inactividade, e os
extremamente activos, apaixonados por fortes dispêndios energéticos, revelando níveis
muito elevados de aptidão física associada à saúde.

Contudo, as estratégias para mudanças de hábitos prejudiciais a saúde tem conhecido um


contorno irrefutável, decaindo a sua ênfase para a prevenção na infância e adolescência
do que na fase adulta (BOUCHARD, 2006). Porém, a actividade física regular tem sido
reconhecida pelos efeitos saudáveis nos praticantes e, representando uma óptima opção
para o combate ou prevenção de doenças crónico degenerativas.

Muitos autores concordam que do processo de avaliação resulta um valioso saber que
permite elaborar correctamente uma tabela de avaliação com fundamentos técnicos de
investigação no terreno (PATE e SHEPHARD, 1989). Estes testes, como refere
SOBRAL (1993), devem ser conjugados com os objectivos previamente programados
decorrentes da própria natureza de certos conteúdos, que na prática resulta em provas de
performance. Por outro lado, a aplicação de testes motores carece, a priori, da selecção
de métodos apropriados para esse efeito, que sejam aplicáveis para população a que se
destinam (PRISTA et.al., 2002).
33

Segundo MATHEWS (1980), o processo de avaliação tem vindo a ser considerado como
um aspecto fundamental na aplicação de qualquer modalidade, o que lhe permite apreciar
as modificações de carácter funcional e afectivo, reportando-se especificamente ao
processo de avaliação.

A este propósito alguns autores referem que estes processos implicam julgamento,
classificação e interpretação, sendo a medição o principal veículo para se obter
informação, quer seja numa situação complexa ou simples (MARQUES et.al., 1991;
SHEPHARD, 1989).

Para medir a aptidão física relacionada ao trabalho policial, busca-se referências nos
componentes relacionados à saúde e também naqueles relacionados à performance. Para
determinar a força, a resistência muscular e a capacidade aeróbia, os testes de aptidão
física devem ser usados. De acordo com BEZERRA (2004), os testes são educacionais e
devem continuar a ser usados para auxiliar os policiais a entender a necessidade de estar
apto para o trabalho, bem como a forma de aptidão da sua saúde e bem-estar. Na óptica
deste autor, uma força de trabalho saudável é mais produtiva, tem menor índice de
afastamento por doenças e vive mais tempo para desfrutar da aposentação.

Todavia, THOMAS (1985), comenta que os testes são provas definidas que implicam
uma tarefa a executar de forma idêntica por todos os testados, com uma técnica precisa,
para a apreciação do sucesso ou insucesso, ou para anotação numérica do resultado.
Segundo o autor, para ser evidente uma interpretação simples e linear dos resultados
sugere-se, para além das influências metodológicas, a presença de especificidades
multivariada, facto que impossibilita a generalização das conclusões para diferentes
populações.

É consensualmente aceite, nos dias que correm, o postulado de que as modificações nos
indicadores da avaliação antropométrica e de aptidão física ao longo de uma ou mais
gerações reflectem alterações nas dimensões corporais, no estado nutricional, na
34

actividade física habitual, no estado socioeconómico e nos factores culturais (FREITAS


et.al., 1998; SOBRAL, 1993; MARQUES, 1991).

2.2. APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE

Conceitualmente, a aptidão física relacionada à saúde estaria associada à capacidade de


(1) realizar as actividades do quotidiano com vigor e energia e (2) demonstrar traços e
capacidades associadas a um baixo risco para o desenvolvimento de doenças crónico
degenerativas (PATE, 1988).

Para NAHAS (2001), a aptidão física relacionada à saúde, inclui os indicadores de


aptidão cardiorespiratória, força, resistência muscular, flexibilidade e composição
corporal, e que estão associados com a promoção da saúde ou prevenção de doenças, e
com um melhor desempenho nas actividades diárias.

Para avaliar os componentes da aptidão física relacionada à saúde (AFRS), existem várias
técnicas laboratoriais e de campo. Estas últimas, são as que têm recebido maior aceitação,
por serem práticas, de baixo custo e por permitirem medir um grande número de sujeitos
em pouco tempo.

Nessa concepção, fazem parte AFRS aqueles componentes que apresentam relação com
melhor estado de saúde e, adicionalmente, demonstram adaptações positivas para a
realização regular de actividade física e de programas de exercícios físicos. Dessa forma,
e de acordo com GUEDES e GUEDES (1998), o conceito de aptidão física relacionada à
saúde implica a participação de componentes voltados às dimensões morfológicas
(composição corporal e distribuição da gordura corporal), funcional-motora (consumo
máximo de oxigénio, força e resistência muscular, flexibilidade). Seguidamente é
apresentada a abordagem descritiva de cada um dos componentes de AFRS.
35

2.2.1. Componentes da Composição Corporal

Para GUEDES e GUEDES (1995), a composição corporal inclui gordura, ossos,


músculos e resíduos. Os autores destacam que a quantidade de gordura corporal é a que
mais interessa, porque está directamente relacionada com aspectos da saúde.

Para NIEMAN (1999), a composição corporal é a proporção de gordura em relação ao


peso corporal magro e frequentemente é expressa em percentagem de gordura corporal.

Percebe-se, na perspectiva de alguns autores, que a análise da composição corporal


compreende a quantificação dos principais componentes estruturais do corpo humano. O
tamanho e a forma corporais são determinados basicamente pela carga genética e formam
a base sobre a qual são dispostos, em proporções variadas, em três maiores componentes
estruturais do corpo humano, designadamente ossos, músculos e gordura (MALINA,
1990). Esses componentes são também as maiores causas da variação da massa corporal,
segundo aponta o mesmo autor.

Embora o corpo seja constituído por numerosos elementos, para fins didácticos
orientados para a avaliação da composição corporal, os cientistas sugeriram um modelo
para o fraccionamento do corpo em dois componentes, nomeadamente a massa gorda e a
massa corporal magra. Desta forma, o estudo da composição corporal é fundamental, na
medida em que permite identificar padrões importantes na caracterização metabólica e de
doenças degenerativas; avaliar as diferenças entre sexos e etnias; descrever a maturação e
envelhecimento do organismo; além de servir como base para indicação e avaliação de
dietas e programas de exercícios físicos (LOHMAN, 1988).

Neste sentido, a aferição da quantidade de gordura corporal (GC) se torna relevante, pois
viabiliza a classificação do avaliado em obeso ou não. Esta importância baseia-se nos
resultados de pesquisas que concluíram que a obesidade é um dos grandes problemas da
saúde pública.

A partir do padrão de distribuição corporal do tecido adiposo em indivíduos masculinos


adultos, percebe-se que existe um acúmulo na região do tronco, particularmente, na
36

região intra-abdominal. Este tipo de distribuição de GC é classificado como andróide. Em


contrapartida, existe a distribuição caracterizada pelo acúmulo de gordura abaixo da
cintura, na região glúteo e femoral, que é observado no seio do sexo feminino, sendo
classificado como ginóide (GUEDES et.al., 1998).

Observe-se, tal como referido anteriormente (NIEMAN, 1999), que a composição


corporal é a proporção de gordura em relação ao peso corporal magro e frequentemente é
expressa em percentagem de gordura corporal. Por conseguinte, a obtenção de tais
valores percentuais, constitui informação de grande importância, visto que a quantidade
dos diferentes componentes corporais, principalmente a gordura e a massa isenta desta,
apresentam uma estreita relação com aptidão física, tanto relacionado à saúde, quanto ao
desempenho motor.

Neste contexto, a composição corporal constitui um traço dinâmico dos componentes


estruturais do corpo humano, sujeito e marcado por alterações durante toda a vida dos
indivíduos em decorrência de inúmeros factores, tais como o crescimento e
desenvolvimento, estado nutricional e nível de aptidão física (HEYWARD e
STOLARCZYY, 2000; GLANER, 2003; PITANGA, 2008).

Segundo registam alguns autores, para além de avaliar a quantidade total e regional da
gordura corporal com o propósito de identificar os riscos de saúde, existem outras
medidas importantes que podem ser utilizadas e que as mesmas podem servir para (1)
identificar riscos à saúde resultantes de níveis excessivamente elevados ou reduzidos de
gordura corporal total; (2) monitorar mudanças na composição corporal associada a
certas doenças; (3) avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos
na alteração de composição corporal (LOHMAN, 1988; MALINA, 1990; PETROSKI,
2003; PITANGA, 2004).

O estudo da composição percentual do corpo do ser humano já é bastante antigo. A


principal preocupação tem recaído sobre a investigação da percentagem da massa magra
e massa gorda, a sua distribuição no corpo e as suas relações com a performance. Neste
37

âmbito, constata-se que os métodos de terreno empregues para a estimativa da densidade,


percentagem de gordura e da massa corporal magra foram desenvolvidos, sendo
largamente utilizados. Entre as técnicas, destaca-se(a) a boa relação das medidas
antropométricas com a densidade; (b) o uso de equipamento de baixo custo financeiro e a
necessidade de pequeno espaço físico; (c) a facilidade e rapidez na colecta de dados e (d)
a não invasibilidade do método.

A descoberta de correlações significativas entre a percentagem de gordura corporal e


acidentes cardiovasculares, abriu um novo caminho na investigação relativa à associação
entre a composição corporal, actividade física e saúde, já que parece ser evidente que a
actividade dos indivíduos reflecte um dos importantes reguladores da acumulação ou
diminuição de tecido adiposo (BEATON et.al., 1990; SELLEN, 1999).

A forte acessibilidade de instrumentos, o quadro conceptual e operativo das suas


medições e índices tradutoras do crescimento somático em termos absolutos e relativos,
da forma e composição corporal, tem constituído uma aventura inquisitiva inesgotável de
informação preciosa em vários domínios das ciências da saúde. Com efeito,
irrefutavelmente, as medidas antropométricas estendem-se por um elevado número de
informações relativas aos comprimentos, diâmetros, perímetros e valores fraccionados da
massa corporal.

Muito particularmente no âmbito do desempenho policial, a eficiência do trabalho de


acordo com ZOREC (2001), é fortemente determinada pelas características morfológicas
e corporais. Além da ligação que estabelece entre as características morfológicas e a
eficiência laboral, o autor ainda vinca que um perfil morfológico adequado associado a
um óptimo condicionamento físico diminui a probabilidade de certas patologias, fora de
melhorar as relações com seus colegas e a imagem da própria polícia.

Tem sido relatado que uma quantidade elevada de gordura corporal possui uma
correlação, por um lado, positiva com o aumento de risco para o desenvolvimento de
doenças cardíacas e, inversa com a capacidade física, por outro.
38

Portanto, é singularmente desmedido o interesse pela avaliação da percentagem da


gordura corporal (%G) em cadetes policiais, bem como da sua distribuição, uma vez que
o padrão da sua distribuição, bem como a quantidade de gordura relativa podem
comprometer a operacionalidade e, consequentemente, dificultar o desempenho de suas
funções. Por outro lado, e em contraponto ao cenário anterior, uma grande massa
muscular pode contribuir satisfatoriamente em actividades que envolvam grande
exigência da força.

O estudo do padrão de adiposidade subcutânea, a inquisição acerca da configuração da


distribuição da tela adiposa, é da maior importância, não somente no domínio axiológico,
mas também, no que se refere à avaliação do estado nutricional dos sujeitos, à análise da
sua composição corporal, quanto igualmente do ponto de vista epidemiológico e da sua
dependência às condições de desigualdades sociais (BOUCHARD, 2006; MALINA,
1990).

É evidente, tanto quanto emerge da literatura, que o comportamento genérico dos valores
das pregas adiposas subcutâneas, mostra um incremento ao longo da idade, ainda que
haja alguma flutuação dos resultados durante a puberdade, devido a variabilidade da
maturação biológica (MALINA, 1990; MALINA e BOUCHARD, 1991).

A medida de dobras subcutâneas, como relata PETROSKI (1999), é um método


duplamente indirecto que estima a quantidade da composição corporal por meio de
equações preditivas. Os principais objectivos de mensurar as dobras subcutâneas, para
além de identificar os riscos associados ao excesso ou à falta de gordura corporal, servem
para fins de acompanhar as mudanças na composição corporal associada ao crescimento e
desenvolvimento.

Tem sido extremamente difícil identificar e quantificar com precisão desejada os factores
que de facto estão associados às alterações observadas. De entre as limitações, (1) a
exiguidade de informações; (2) a falta de garantia de qualidade dos dados e (3) a grande
probabilidade de erros de medição não controlados são apontados como sendo as mais
39

relevantes (MALINA, 1990; MALINA e BOUCHARD, 1991). Este conjunto de


insuficiências encontra-se associado, segundo os mesmos autores, a vários factores que se
prendem, entre outros aspectos, com (i) o avanço tecnológico relativo à qualidade da
construção de instrumentos, que não existia no passado e (ii) a impossibilidade em obter
informações sobre a validade dos procedimentos e técnicas de medição utilizadas no
âmbito de estudos realizados no passado.

Numa perspectiva de desempenho específico, NHANTUMBO (1999) refere que para a


realização de actividades inseridas num quadro específico de exigências ou prestação e
desempenhá-las com sucesso, o sujeito deverá responder a um conjunto de
características, destacando-se entre elas, os valores de peso e da altura, bem como da
composição corporal.

Dos estudos revistos nesta secção torna-se inequívoco que a avaliação da composição
corporal reveste de suma importância no âmbito da expressão e significado da aptidão
física, tanto relacionada à saúde, quanto ao desempenho desportivo-motor, na medida em
que para além de identificar os riscos associados ao acúmulo excessivo ou insuficiente da
gordura corporal e servir para monitorar as mudanças na composição corporal durante o
processo ontogenético, permite aferir os valores exigíveis para desempenhar com sucesso
uma prestação motora específica.

2.2.2. Aptidão cardiorespiratória

O consumo de oxigénio (VO2), é o fenómeno que mede o gasto de energia em qualquer


actividade física. Este fenómeno pode ser também explicado pela quantidade de oxigénio
que o indivíduo consegue captar ou absorver do ar alveolar num determinado período de
tempo. Decorre daí que, o consumo máximo de oxigénio (VO2máx.) tem sido ao longo
dos anos o índice mais utilizado para o estudo do metabolismo aeróbio, devido à sua
relação e importância com o desempenho, particularmente em esforços físicos
prolongados sob intensidade moderada (MCARDLE et.al., 2010).
40

De acordo com os dados referidos por este autor, a demanda do oxigénio para os
músculos activos durante o esforço aumenta rapidamente e pode alcançar valores
superiores a 30 vezes àqueles observados em repouso.

Contudo, a função cardiorespiratória, também conhecida como capacidade aeróbia, para


GUEDES e GUEDES (1995), é definida operacionalmente como a capacidade do
organismo em se adaptar a esforço físicos moderados, envolvendo a participação de
grandes músculos, por período de tempo relativamente longo.

O consumo máximo de oxigénio é geralmente aceite como o mais válido e confiável


padrão para relatar a aptidão cardiorespiratória. Portanto, vários testes preditivos têm sido
desenvolvidos para avaliar a aptidão aeróbia. Tais testes incluem medidas relacionadas ao
desempenho motor, como por exemplo, caminhada ou corrida durante determinado
tempo, testes progressivos de múltiplos estágios, com aumento da velocidade a cada
minuto, entre outros procedimentos de avaliação preditiva.

De entre os protocolos mais utilizados para avaliação indirecta do VO2máx consta o teste
de Cooper, que consiste em 12 minutos de corrida, pelo facto de possibilitar a sua
realização com um grande número de indivíduos em simultâneo e por ser de fácil
aplicação.

Apesar de particularidades isoladas condicionadas à idade, crianças e jovens mostram, a


princípio, as mesmas manifestações de adaptação que os adultos no concernente ao
treinamento da resistência. Sabe-se, efectivamente, que o organismo infantil e jovem
possui uma complexa capacidade de adaptação, mobilizando seu sistema aeróbio mais
rapidamente que os adultos (WEINECK, 2003).

Muitos factores concorrentes influenciam o declínio do VO2máx relacionado em função


da idade. No entanto, a hereditariedade desempenha incontestavelmente um papel
importante, por se constituir como factor interveniente no consumo máximo do oxigénio.

Segundo McARDLE et.al. (2003), o declínio normal na capacidade aeróbia pode adoptar
uma curva com dois componentes, nomeadamente uma porção da curva representativa de
41

um ritmo mais rápido no declínio em adultos sedentários, com 20 a 30 anos, e outra, em


um ritmo mais lento, em adultos activos na mesma faixa etária.

Com envelhecimento, o VO2máx diminui por década em torno de 8 a 10%, após os 30


anos. A queda do VO2máx tem sido associada a uma diminuição da frequência cardíaca
máxima e ao volume de ejecção (POLLOCK e WILMORE, 1993). Por outro lado, a
diminuição do VO2máx com o avanço da idade está relacionada com diminuição da
actividade física e do aumento da percentagem da gordura corporal.

CYRINO (1996) afirma que diversos factores podem influenciar o valor máximo de
consumo de oxigénio, dos quais os mais importantes são a hereditariedade, o tipo de
treinamento, o sexo, a composição corporal e a idade. Dessa forma, as mulheres
apresentam uma média de 15 a 25% a menos em capacidade aeróbia que os homens,
dependendo do seu nível de actividade (para efeitos ilustrativos, ver as tabelas 2.3 e 2.4).
Uma razão para este diferencial entre sexos pode ser a hemoglobina, o composto que
transporta o oxigénio encontrado nas células vermelhas do sangue. Uma outra explicação
para a diferença na capacidade aeróbia entre homens e mulheres está relacionada à
composição corporal.

A composição das fibras musculares representa um outro, não menos importante, factor
de carácter genético que predispõe ou não o indivíduo a uma melhor potência aeróbia
máxima, porquanto esta é determinada decisivamente pela predominância de fibras
oxidativas (McARDLE et.al., 2003).

Tabela 2.3:Valores de referência de VO2máx(ml/kg.min-1) para o sexo masculino (COOPER, 1982)

Idade Muito Fraco Regular Boa Excelente Superior


(anos) Fraco
13-19 <35 35,1-38,3 38,4-45,1 45,2-50,9 51,0-55,9 >56
20-29 <33 33,1-36,4 36,5-42,4 42,5-46,4 46,5-52,4 >52,5
30-39 <31,5 31,6-35,4 35,5-40,9 41,0-44,9 45,0-49,4 >49,5
40-49 <30,2 30,3-33,5 33,6-38,9 39,0-43,7 43,8-48,0 >48,1
50-59 <26,1 26,2-30,9 31,0-35,7 35,8-40,9 41,0-45,3 >45,4
+60 <20,5 20,6-26,0 26,1-32,3 32,3-36,4 36,5-44,2 >44,3
42

Tabela 2.4:Valores de referência de VO2máx (ml/kg.min-1) para o sexo feminino (COOPER, 1982)

Idade Muito Fraco Regular Boa Excelente Superior


(anos) Fraco
13-19 <25,0 25,1 – 39,9 31,0 -34,9 35,0 -38,9 39,0 -41,9 >42,0
20-29 <23,6 23,7 -28,9 29,0 -32,9 33,0 -36,9 37,0 -40,9 >41,0
30-39 <22,8 22,9 -26,9 27,0 -31,4 31,5 -35,6 35,7 -40,0 >40,1
40-49 <21,0 21,1 -24,4 24,5 -28,9 29,0 -32,8 32,9 -36,9 >37,0
50-59 <20,2 20,3 -22,7 22,8 -26,9 27,0 -31,4 31,5 -35,7 >35,8
+60 <17,5 17,6 -20,1 20,2 -24,4 24,5 -30,2 30,3 -31,4 >31,5

2.2.3. Força muscular

Força muscular está relacionada com a capacidade dos músculos de exercer tensão e,
traduzo sinal de um esforço máximo que pode ser exercido contra uma resistência
(NIEMAN, 2011).

A prescrição de exercício, a monitorização e o acompanhamento do progresso de


indivíduos envolvidos em treinamento de resistência muscular, são alguns dos
procedimentos a observar para se mensurar a força. Outras mais específicas são
relacionadas com a determinação do perfil da aptidão física geral de segmentos
populacionais, além de acompanhar as alterações ocorridas em programas de prevenção e
de reabilitação de problemas associadas à debilidade do sistema músculo-articular.

A fraqueza em determinados grupos musculares pode contribuir para desequilíbrio


postural, aumentando por via disso as lesões e possíveis quedas (AAHPERD, 1988;
PATE e SHEPHARD, 1989). A importância da força é reconhecida por entidades e
investigadores das Ciências do Desporto, por exemplo, a ACSM (2000), salienta que a
força muscular é considerada por muitos especialistas como um componente de
fundamental importância para aptidão física, valendo-se por uma consideração especial
no âmbito do desempenho desportivo e da prescrição de exercícios físicos.
43

Tabela 2.5:Valores de referência da força muscular abdominal para masculinos (POLLOCK &
WILMORE, 1993)

Idade (anos) Fraco Abaixo da Média Média Acima da Média Excelente


15-19 <32 33-37 38-41 42-47 >48
20-29 <28 29-32 33-36 37-42 >43
30-39 <21 22-26 27-30 31-35 >36
40-49 <16 17-21 22-25 26-30 >31
50-59 <12 13-17 18-21 22-25 >26
60-69 <6 7-11 12-16 17-22 >23

Tabela 2.6:Valores de referência da força muscular abdominal para femininos (POLLOCK &
WILMORE,1993)

Idade (anos) Fraco Abaixo da Média Média Acima da Média Excelente


15-19 <26 27-31 32-35 36-41 >42
20-29 <20 21-24 25-30 31-25 >36
30-39 <14 15-19 20-23 24-28 >29
40-49 <06 07-17 15-19 20-24 >25
50-59 <02 03-04 05-11 12-18 >19
60-69 <01 02-03 04-11 12-15 >16

2.2.4. A flexibilidade

A flexibilidade é uma qualidade física que se situa entre as qualidades coordenativas e as


condicionantes. Com efeito, é o grau de mobilidade para o movimento ou amplitude do
movimento de uma articulação ou de um grupo de articulações.

Para alguns autores (NAHAS, 2001; GUEDES e GUEDES, 1995), a flexibilidade se


refere à elasticidade ou à descontracção do corpo ou de articulações específicas,
envolvendo as inter-relações ósseas, musculares, tendinosas, ligamentares e do tecido
adiposo e cápsulas articulares. Segundo estes autores, quando se relaciona esta
capacidade com a saúde, verifica-se um grau de associação positiva entre estes dois
factores. Contudo, a flexibilidade é bastante específica para cada articulação, podendo
variar de indivíduo para indivíduo e até no mesmo indivíduo.
44

A flexibilidade não é um parâmetro fácil de ser medido. Diversos testes, como o de sentar
e alcançar (Sitand and Reach), foram elaborados, contudo eles são capazes de fornecer
apenas estimativas e não medidas absolutas de flexibilidade.

Várias técnicas vêm sendo empregues para mensurar os níveis de flexibilidade articular.
Dentre os diversos testes indirectos para se medir a flexibilidade, o que vem sendo
utilizado com mais frequência, tanto para crianças e adolescentes, quanto para adultos, é
o teste de sentar e alcançar. Este teste é bastante aceite por ter algumas características
como: utilização de movimentos parecidos com os do quotidiano; facilidade de aplicação;
alta reprodutividade por avaliar a flexibilidade da coluna e dos músculos isquiotibiais
(BEATON et.al., 1990; ACSM, 2000).

A flexibilidade é limitada em algumas articulações, tanto por estruturas ósseas, como pela
massa de músculo existente, ou por ambos. Para a maioria das articulações, a limitação
das amplitudes de movimento é imposta pelos tecidos móveis, incluído a musculatura e
seus envoltórios.

Vários factores são capaz de influenciar a flexibilidade articular. Quanto mais activo for o
individuo geralmente mais flexível também será. Porém, parece existir algumas
peculiaridades com relação ao sexo e à idade. Neste particular, as mulheres são mais
flexíveis que os homens, e a flexibilidade tende a um declínio com o envelhecimento
(POLLOCK et.al., 1993).

Há um interesse particular na manutenção da flexibilidade da região lombar e posterior


da coxa. Para GUEDES e GUEDES (1995), a falta de flexibilidade nessas regiões pode
ser associada a um risco aumentado de desenvolvimento de dor lombar crónica,
provocando desconforto, dor, incapacidade e queda no rendimento das actividades do
quotidiano, e uma associação com possíveis desvios posturais.

Por outro lado, indivíduos que apresentam índices de flexibilidade mais elevados, tendem
a mover-se com maior facilidade e são menos susceptíveis a lesões, quando submetidos a
45

esforços físicos mais intensos, e geralmente apresentam menos incidência de problemas


na esfera osteo-mio-articular.

Com efeito, hoje é universalmente aceite que a flexibilidade desempenha um papel


fundamental na qualidade de execução dos movimentos, facilitando a sua prática e
optimizando a aprendizagem destes. Em sentido contrário, a falta de flexibilidade parece
condicionar a economia na execução dos gestos, o que facilita instalação precoce da
fadiga, que afinal é um factor limitativo da velocidade e ritmo de execução e da
aprendizagem.

Tabela 2. 7:Valores de referência de flexibilidade (cm) para masculino (Canadian Standardized test of
fitness, 2009)

Idade (anos) Fraco Abaixo da média média Acima da média Excelente


15-19 <23 24-28 29-33 34-38 >39
20-29 <24 25-29 30-33 34-39 >40
30-39 <22 23-27 28-32 33-37 >38
40-49 <17 18-23 24-28 29-34 >35
50-59 <15 16-23 24-27 28-34 >35
+60 <14 15-19 20-24 25-32 >33

Tabela 2. 8:Valores de referência de flexibilidade (cm) para feminino (Canadian Standardized test of
fitness, 2009)

Idade (anos) Fraco Abaixo da media Media Acima da media Excelente


15-19 <28 29-33 34-37 38-42 >43
20-29 <27 28-32 33-36 37-40 >41
30-39 <26 27-31 32-35 36-40 >41
40-49 <24 25-29 30-33 34-37 >39
50-59 <24 25-29 30-32 33-39 >38
+60 <22 23-26 27-30 31-34 >35
46

CAPÍTULO III

MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Amostra

A amostra foi constituída por 100 Cadetes de ambos os sexos, da Academia de Ciências
Policiais, sendo 66 do sexo masculino e 34 do sexo feminino, com idades compreendida
entre os 21 e os 40 anos de idade, com uma média de 27.06±5.55 e 28.68±4.37 anos para
sexo masculino e feminino, respectivamente. Os cadetes constituintes da amostra eram
provenientes de todas províncias de Moçambique e frequentavam do 1º ao 4º ano da
Academia.

Face à reduzida dimensão amostral por diferentes valores discretos de idade, foi decidido,
em análises estatísticas subsequentes, agrupar os sujeitos em dois estratos etários,
nomeadamente o grupo 1(G-1),constituído por cadetes com idades compreendidas entre
os 21 os 30 anos, e o grupo 2 (G-2),formado por cadetes dos 31 aos 40 anos de idade.
Neste sentido, a amostragem em referência consistiu em G-1 (N=54) e G-2 (N=12) em
masculinos, e G-1 (N=24) e G-2 (N=10) em femininos.

3.2. TIPO DE ESTUDO

Considerando os objectivos, o desenho metodológico, bem como as suas características, o


presente estudo é de delineamento transversal, de natureza descritivo-comparativa.

3.3. VARIÁVEIS

O conjunto de variáveis seleccionadas no âmbito do presente estudo compreende os


indicadores antropométricos, da composição corporal e da aptidão física relacionada à
saúde. A tabela abaixo, resume o essencial da descrição das variáveis seleccionadas no
âmbito do presente estudo.
47

Tabela 3.9:Quadro de variáveis do estudo

Componente Indicadores
Antropometria
Comprimentos Altura
Medidas de Massa Peso
Tricipital
Peitoral
Pregas de Adiposidade Subcutânea Abdominal
Suprailíaca
Coxa
Composição Corporal
Medida Ponderal IMC
% Gordura Corporal
Avaliação Compartimentada Massa Gorda
Massa Magra
Aptidão Física
Flexibilidade Sit-and-Reach (cm)
Força de Resistência Abdominal Sit-up (x/min)
Força Explosiva dos MI Impulsão Horizontal (cm)
Agilidade Corrida de 10x5 metros (seg.)
Resistência Cardiorespiratória Corrida de 12 minutos (m)

3.4. INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

- Balança marca “seca”


- Estadiómetro
- Cronómetro
- Adipómetro (marca Harpender)
- Ficha de registo de dados
- Caixa graduada para medir a flexibilidade

3.5. PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO

3.5.1. Avaliação antropométrica


48

Para avaliação antropométrica, foram seleccionadas as medidas de massa corporal (KG) e


estatura corporal (cm), a partir das quais calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC),
dividindo-se o peso corporal pelo quadrado da estatura em metros. Foram utilizadas
medidas de dobras subcutâneas para verificação da densidade corporal.

Massa Corporal: foi medida uma única vez com uma balança de marca Seca (anexo 3-
A), com precisão de medida de 100 gramas, e capacidade máxima de 150 kgs.

Procedimentos: O avaliado estava descalço, usando apenas calção e camisete, em pé no


centro da plataforma da balança, com um olhar fixo num ponto à frente.

Estatura Corporal: Para a medição da altura, foi utilizada o estadiómetro de uma


balança, marca seca, onde continha uma craveira implantada na balança, (anexo 3-B),
constituída por uma haste metálica com uma barra rebatida no seu topo superior,
colocada perpendicularmente em relação a haste metálica, com precisão de 0,5 cm.

Procedimentos: O avaliado estava descalço, na posição de pé, com os calcanhares unidos


e braços relaxados, mantendo-se o mais erecto possível. Foi medido entre a distância do
vertex (ponto superior da cabeça, no plano mediano) e do plano de referência da balança.

Pregas de Adiposidade subcutâneas (PAS): as dobras subcutâneas são medidas que


visa quantificar a gordura subcutânea, e a estimar a gordura corporal. Foi usado um
adipómetro de marca harpender (anexo 3-D) de precisão de 0,01 mm, e as medições
foram feitas segundo o manual de aplicação de testes de FITNESSGRAM, ou seja todas
as mensurações foram feitas no lado direito do corpo. Foram marcadas os pontos
anatómicos antropométricos com ajuda de um marcador para se proceder a avaliação das
pregas adiposas. Foram medidas três dobras (Anexo 1), peitoral, abdominal e crural nos
masculinos e tricipital, supra-iliaca e crural em feminino sugerido por JACKSON e
POLLOCK (1978). As pregas foram medidas 3 vez sucessivas no mesmo local,
considerando-se a média como valor real, e que as medidas foram feitas pelo mesmo
avaliador.
49

Composição corporal

A estimativa dos valores da percentagem da massa gorda (%G) foi calculada através da
equação proposta por JACKSON e POLLOCK, 1978, segundo a qual %G = [(4,95/Dc)-
4,50]x100, para indivíduos dos 18 aos 61 anos de idades. A densidade corporal (Dc) foi
calculada através da expressão Dc= 1.1093800-(0.0008267x∑3SKF)+ 0.00000016.
(∑3SKF)2-0.0002574x(idade).

A massa gorda (MG) e a massa magra (MM), foram estimadas de acordo com as
fórmulas propostas por PETROSKI (1995), em que MG=MC(%G/100) e MM=MC-MG,
respectivamente.

3.5.2.Avaliação de testes motores

A avaliação da aptidão física foi feita com o recurso a diferentes testes motores retirados
em baterias de testes orientadas pela ideia da saúde, que seguidamente passamos a
descrever:

3.5.2.1. Sentar e alcançar (SitandReach)- Flexibilidade

O teste de flexibilidade sentar e alcançar (Sitandreach) tem como objectivo


mensurar a flexibilidade tórax-lombar e pélvica de força activa, em sujeitos de
qualquer idade, verificando a maior distância horizontal possível alcançado pelo
avaliando.

Material: uma caixa específica para o efeito, em cuja parte superior do tabuleiro é
fixada uma escala em centímetros.

Instrução: posição de sentado. Pés apoiados verticalmente na caixa (anexo 3-C),


inclinar o tronco a frente, tão longe quanto possível, sem flectir os joelhos e com
as mãos estendidas para à frente. Tentar manter a posição de maior flexão, sem
utilizar movimentos de balanço. Cada aluno executa duas tentativas, onde a
50

segunda decorre após um certo período de descanso. O resultado é medido a partir


da posição mais longínqua que o aluno pode alcançar na escala, com as pontas
dos dedos.

Resultado: A melhor de duas tentativas. Resultado expresso em centímetros

Figura 1. Técnica de execução do teste de Flexibilidade

3.5.2.2.Corrida de Vai-vém (10x5 metros) – Agilidade

Material: um cronómetro, uma fita métrica, marcador.

Instrução: posição inicial de pé, com um pé mais avançado e imediatamente atrás


da linha de partida. Após o sinal de partida, correr o mais rápido possível até à
outra linha, transpondo-a com ambos os pés, e voltar de novo à linha de partida, o
que completa um ciclo. Repetir esta acção mais quatro vezes, num total de cinco
ciclos.

Orientação: Solo antiderrapante para evitar que o aluno escorregue e impedir que
deslize. Só uma tentativa.

Durante a execução deve transpor as linhas de partida e chegada, sem sair do


corredor traçado. Após cada ciclo efectuar a sua conta em voz alta.

Resultado: Expresso em segundos e décimos de segundos.


51

Figura 2. Técnica de execução do teste de Agilidade

3.5.2.3.Força de Resistência Abdominal (Sit-up).

Na avaliação da força dinâmica repetitiva de abdómen, foi usado o protocolo de


AAHPERD (1988), com o objectivo de mensurar a força de resistência abdominal
verificando o maior número de repetições do movimento de flexão do tronco,
executado na unidade de tempo de 60 segundos

Material: tapete de ginásio, um cronómetro

Instrução: A partir da posição de decúbito dorsal, braços cruzados sobre os


peitorais, joelhos flectidos a 90 graus, pés apoiados no tapete, efectuar em 60
segundos, o maior número de flexões do tronco, tocando com os cotovelos nos
joelhos.

Orientação: Fixar bem os pés no chão. Fazer só uma flexão, de ensaio, para ver se
a execução se faz de acordo com as instruções. Fazer a contagem em voz alta,
após cada movimento correcto e completo.

Resultado: Expresso em número de movimentos executados correctamente em 60


segundos.
52

Figura 3. Técnica de execução do teste de força de resistência abdominal

3.5.2.4. Impulsão horizontal (Standing Long Jump)

Material: Fita métrica e marcador.

Instrução: Saltar a pés juntos, a partir da posição de pé, de trás da linha,


procurando chegar o mais longe possível.

Orientação: O piso antiderrapante, e estar graduado de 10 em 10cm.

Uma fita métrica desenrolada, ao lado, permitiu medições com precisão.

A medição é efectuada a partir da linha de salto até ao calcanhar mais recuado. Se


o aluno cair para trás permitia a repetição do salto. A chamada e a recepção do
salto faziam-se a um mesmo nível. Cada aluno efectuava duas tentativas.

Resultado: A melhor das duas tentativas, e expressa em centímetros.

Figura 4. Técnica de execução do teste de Impulsão Horizontal


53

3.5.2.5.Resistência Cardiorespiratória - Corrida de 12 minutos

A medida do consumo máximo de oxigénio, foi realizado através do teste de


Cooper, também conhecido como teste de 12 minutos.

Material: Um cronómetro, apito, Meco.

Instrução: Correr ou andar durante 12 minutos a maior distância possível.

Orientação: corrida realizada em uma pista plana com 4 cantos e com


marcação do perímetro da pista de 50 em 50 metros. Este teste consistia em
correr o mais longe possível em 12 minutos em um ritmo constante.
Entretanto, em caso de cansaço exagerado, era permitido caminhar durante
o teste. Foi feita contagem do número de voltas e dos metros, para além das
voltas por aproximação até as dezenas de metros.

Resultados: Expressos em metros.

Figura 5. Técnica de execução do teste de resistência cardiorespiratoria

Foi estimado o VO2 máximo através de equação proposta por COOPER


(1982), onde VO2max. = Distância (m) - 504/45
54

3.6. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

A descrição das variáveis foi efectuada a partir das medidas de estatística descritiva
básicas, nomeadamente a média e o desvio padrão. O exame às hipóteses foi antecedido
de uma análise exploratória com vista a avaliar a normalidade da distribuição dos valores,
não tendo sido constatados quaisquer valores extremos estatisticamente dignos de
expurgação.

A comparação dos valores médios obtidos nas diferentes variáveis independentes em


função do sexo e da idade foi efectuada com o recurso ao t-teste de medidas
independentes. Todos os cálculos foram realizados no programa estatístico SPSS, versão
17.0, com o nível de significância fixado em 5%.
55

CAPÍTULO IV

4.1. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Os resultados da análise descritiva da amostra do presente estudo referentes às diferentes


variáveis independentes (valores não apresentados) dão conta da presença de um
diferencial em função do sexo, tanto em termos médios, como em relação às respectivas
amplitudes, evidenciando melhores medias para o sexo masculino na maioria das
variáveis.

Tabela 4.10: Resultados da comparação dos valores médios dos indicadores antropométricos, da
composição corporal e da aptidão física da globalidade da amostra em função do sexo

Variáveis Masculinos Femininos t P


(N=66) (N=34)
Antropometria e Composição Corporal
Peso (kg) 68.42±7.60 66.50±7.71 1.193 0.236
Altura (cm) 171.47±6.70 163.12±6.07 6.095 0.000
2
IMC (kg/m ) 23.27±2.25 25.00±2.69 -3.416 0.001
Somatório de Pregas (mm) 43.61±5.65 46.82±7.78 -2.364 0.020
Massa Gorda (kg) 12.86±1.86 13.96±2.23 -2.502 0.015
Massa Magra (kg) 55.57±7.15 52.52±7.24 2.005 0.048
Aptidão Física
Flexibilidade (cm) 24.38±5.87 27.59±3.80 -2.887 0.005
Agilidade (seg) 25.27±2.52 31.29±3.16 -10.365 0.000
Resistência Abdominal (x/min) 36.14±5.02 29.44±5.02 4.810 0.000
Impulsão Horizontal (cm) 226.23±31.70 166.41±21.86 9.852 0.000
Aptidão Cardiorespiratória (m) 2279.23±203.72 1628.59±233.46 14.390 0.000
VO2máx. (ml.kg.min-1) 39.45±4.53 24.99±5.19 14.390 0.000

De facto, e tal como se pode observar a partir dos resultados da comparação dos valores
médios dos indicadores antropométricos, da composição corporal e da aptidão física da
globalidade da amostra em função do sexo (Tabela 4.10), à excepção do peso, cujas
56

médias não diferem significativamente em função do sexo, nas restantes variáveis, quer
antropométricas, quer da composição corporal, quer ainda da aptidão física são evidentes
diferenças estatísticas significativas entre os dois sexos. Com efeito, ao nível dos
indicadores antropométricos e da composição corporal, o sexo masculino apresenta
valores médios de estatura e de massa magra mais elevados em relação ao sexo oposto,
enquanto este, por sua vez, evidencia médias significativamente maiores no IMC,
somatório de pregas e percentagem de gordura corporal.

Relativamente à aptidão física, ainda na mesma tabela, aos resultados encontrados


evidenciam diferenças estatísticas altamente significativas (p0.01) em função do sexo
em todos os indicadores. Como era esperado, o sexo masculino expressa uma clara
superioridade em todos os testes motores, excepto no teste de flexibilidade em que se
observa o contrário.

Tabela 4.11: Resultados de comparação de médias das variáveis antropométricas avaliadas dos
dois grupos do sexo masculino.

Grupos Etários
Variável 21-30 Anos 31-40 Anos t P
(N=24♀; 54♂) (N=10♀; 12♂)
Masculinos
Peso (kg) 68.00±7.08 70.33±9.73 -0.961 0.340
Altura (cm) 171±6.33 169.17±8.04 1.325 0.190
IMC (kg/m2) 22.96±1.70 24.65±3.64 -2.442 0.017
Prega Abdominal (mm) 20.33±2.19 22.83±3.35 -3.216 0.002
Prega Peitoral (mm) 8.48±2.18 8.42±2.15 0.093 0.926
Prega da Coxa (mm) 14.31±2.85 14.50±3.34 -0.197 0.844
Massa Gorda (Kg) 12.46±1.60 14.65±1.96 -4.103 0.000
Massa Magra (Kg) 55.54±6.68 55.69±9.33 -0.064 0.949
Femininos
Peso (kg) 66.50±8.74 66.50±4.79 0.000 1.000
Altura (cm) 163.04±5.85 163.30±6.89 -0.111 0.912
IMC (kg/m2) 24.99±2.87 25.02±2.33 -0.021 0.984
57

Prega Suprailíaca (mm) 14.54±3.59 13.40±2.68 0.901 0.974


Prega Tricipital (mm) 11.33±2.71 10.10±1.37 1.358 0.184
Prega da Coxa (mm) 22.00±3.34 20.80±4.71 0.845 0.404
Massa Gorda (kg) 14.02±2.37 13.85±1.98 0.195 0.846
Massa Magra (kg) 52.47±8.03 52.64±5.24 -0.062 0.952

Por outro lado, os resultados da comparação dos indicadores antropométricos e da


composição corporal em função da idade e do sexo (Tabela 4.11) revelam, no seio do
sexo masculino, diferenças estatísticas significativas ao nível do IMC (p0.01), prega
abdominal (p0.001) e massa gorda (p0.001), em que a faixa etária de 31-40 anos
apresenta médias mais elevadas, denotando ganhos significativos de gordura corporal
com o avanço da idade. No sexo feminino não foram encontradas diferenças
significativas (p0.05) em nenhuma variável, tanto antropométrica, como da composição
corporal e da aptidão física associada à saúde.

Tabela 4.12: Resultados de comparação de médias das variáveis da aptidão física relacionada à
saúde em função da idade e do sexo

Grupos Etários
Variáveis 21-30 Anos 31-40 Anos T p
(N=24♀; 54♂) (N=10♀; 12♂)
Masculinos
Flexibilidade (cm) 24.28±5.48 24.83±7.66 -0.294 0.768
Agilidade (seg) 25.24±2.33 25.42±3.37 -0.217 0.829
Resistência Abdominal (x/min) 36.98±7.51 32.33±4.56 2.055 0.044
Impulsão Horizontal (cm) 231.00±28.85 204.74±36.20 2.720 0.008
VO2máx. (ml.kg.min)-1 39.81±4.49 37.81±4.52 1.396 0.168
Femininos
Flexibilidade (cm) 27.83±4.14 27.00±2.91 0.577 0.568
Agilidade (seg) 31.46±3.06 30.90±3.51 0.446 0.664
Resistência Abdominal (x/min) 29.79±4.58 28.60±6.13 0.625 0.537
Impulsão Horizontal (cm) 167.00±18.16 165.00±30.11 0.240 0.812
VO2máx. (ml.kg.min-1) 24.63±4.79 25.86±6.23 - 0.626 0.536
58

Os resultados comparativos das médias referentes às provas marcadoras de aptidão física


associada à saúde em função da idade e do sexo são apresentados na tabela 4.12. À luz
destes resultados, observa-se que os cadetes do sexo masculino apresentam diferenças
estatisticamente significativas nas variáveis de resistência abdominal e impulsão
horizontal (p<0.05), a melhor do escalão etário mais jovem, i.e., dos cadetes pertencentes
ao grupo etário dos 21-30 anos de idade. Nas demais variáveis, é evidente uma nítida
semelhança estatística entre os dois grupos em contraste (p>0.05).
Por conseguinte, e à semelhança do observado nos indicadores antropométricos e da
composição corporal, no seio dos cadetes do sexo feminino, não foram encontradas
diferenças com significado estatístico (p>0.05) em nenhuma prova marcadora de aptidão
física associada à saúde entre os dois grupos etários, o que pareceu denotar uma
estabilidade dos níveis de prestação física deste grupo com o avanço da idade em todos
os indicadores avaliados.
59

CAPÍTULO V.

5.1. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Tendo em conta que a proposta geral do presente estudo centra-se na avaliação de um


conjunto de indicadores antropométricos, da composição corporal e de aptidão física
associada à saúde em cadetes policiais, e considerando ainda que os resultados
encontrados foram apresentados em função das dimensões consideradas neste estudo, a
sua discussão decorrerá obedecendo igualmente a forma sequencial como estes resultados
foram apresentados, ou seja, serão discutidos, sucessivamente, os resultados referentes à
dimensão antropométrica, seguidos dos inseridos na dimensão da composição corporal e,
finalmente, os atinentes à aptidão física.

Importa, no entanto, antes de iniciar a discussão propriamente dita, referir alguns


aspectos que, no prisma de alguns autores, devem ser equacionados no âmbito do
enquadramento interpretativo de resultados de estudos de natureza e delineamento
similares ao presente estudo.

Em primeiro lugar, o facto de a própria natureza do estudo reclamar algum relativismo,


resultante da especificidade biológica e do envolvimento, da singularidade do contexto
socioeconómico e cultural em que foi realizado, aspectos que poderão conferir um
significado particular aos seus resultados, tal como documentado por alguns autores
(THOMAS e FRENCH, 1985; PATE e SHEPHARD, 1989; SHEPHARD, 1991;
MARQUES et.al., 1997; PRISTA, 1994).

Em segundo lugar, e conforme MALINA e BOUCHARD (1991) muito sabiamente


destacam, que embora as populações possam apresentar alguma similaridade genética,
elas diferem na variedade das suas características do genótipo e fenótipo, sobretudo na
expressão do crescimento, maturação e da sua interactividade. Com efeito, as variações
no tamanho, na composição corporal e nos níveis de maturação, associadas às diferenças
de alimentação, actividade física habitual, níveis de treino, entre outros, expressam a
60

matriz complexa dos impactos nos resultados reportados em estudos desta natureza
(TANNER, 1962; EVELETH e TANNER, 1990; HAUSPIE et.al., 2004).

E, os aspectos metodológicos, em terceiro lugar, nomeadamente, as diferenças no tipo de


amostragem, o número de indivíduos que compõem a amostra e temporalidade dos
estudos, entre outros aspectos quer de desenho, quer de delineamento de análise
estatística, tornam as comparações pouco consistentes.

É, pois, neste quadro de condicionalismos do alcance interpretativo de resultados que


gostaríamos de situar e merecer entendimentos perante os cuidados e, eventualmente, os
problemas que possam emergir no âmbito do desenvolvimento da discussão dos
resultados do presente estudo.

5.1.1.Variáveis antropométricos

Aponte-se que os médios da amostra do presente estudo referentes às diferentes variáveis


independentes dão conta da presença de um diferencial em função do sexo, evidenciando
melhores médias para o sexo masculino na maioria das variáveis.

É importante referir que a interpretação dos valores de altura, peso e dos índices que
deles derivem é uma tarefa complexa e caracterizada por incertezas. Muito
particularmente, o problema interpretativo desse valor é bem mais complicado e
controverso, quando a distribuição onde tal valor é colocado provém de outros países
com uma história e estrutura socioeconómica e cultural distinta. Quer como que seja, ao
nível estaturo-ponderal, isto é, os valores médios de altura e peso encontrados no presente
trabalho evidenciem, um distanciamento substantivo relativamente aos médios
encontrados em polícias de países de outros espaços geográficos.
61

Tabela 5.13: Valores médios de estatura e peso de policiais masculinos reportados em alguns
estudos

Estudo País Grupo N Idade Peso Altura


(anos) (Kg) (cm)
Anës (2003) Brasil Policias Militares 369 70.5±8.5 175.1±5.9
Gonsalves (2006) Brasil Policias Militares 21 20-29 80.73±13.21 175±0.07
Gonsalves (2006) Brasil Policias Militares 35 30-39 76.47±7.51 172±0.05
Luz (2010) Brasil Policias Militares 9 25-46 77.2±9.1 175.2±4.0
Presente estudo Moçambique Cadetes Policiais 66 21-40 68.42±7.60 171.47±6.69

Efectivamente, e de um modo geral, uma análise cuidadosa dos resultados encontrados


em diferentes parâmetros antropométricos, permitem constatar que, os cadetes policiais
amostrados no âmbito do presente estudo mostram valores estatuto-ponderais inferiores.
A falta de dados antropométricos de agentes ou cadetes policiais de países africanos
inviabiliza qualquer contratação dos resultados do presente estudo em contextos de países
africanos.

De todo o modo, um quadro característico similar que é frequentemente relatado em


outros estudos com a população Africana, sobretudo crianças e jovens em idade escolar,
em que padrões semelhantes aos constatados nesta pesquisa são reportados,
nomeadamente valores de peso e altura sempre situados abaixo das normas de referências
(NKIAMA, 1993; CAMERON, 1991). Aliás, em Moçambique já foram publicadas
pesquisas que documental uma desvantagem estaturo-ponderal da sua população infanto-
juvenil em idade escolar relativamente às referências internacionais, tanto em contextos
urbanos (PRISTA, 1994), quanto rurais (NHANTUMBO, 2007; NHANTUMBO et.al.,
2007), o que torna os resultados encontrados em cadetes policiais constituintes da
amostra do presente estudo, um tanto ou quanto esperados, não obstante a natureza
pioneira desta pesquisa com este grupo de profissionais, considerando que os efeitos
negativos da pressão ambiental sobre os indicadores antropométricos já documentados no
seio da população jovem deste pais.
62

Os valores inferiores de peso e altura encontrados em crianças e jovens Moçambicanos


comparativamente aos europeus, foram justificados por “insultos” de envolvimento,
designadamente precárias condições higiénico-sanitárias, deficiências nutritivas, taxas
elevadas de doenças infecto-contagiosas, para além de ausência de cuidados primários de
saúde (PRISTA, 1994; NHANTUMBO, 2007; NHANTUMBO et.al., 2007) e,
considerando que os cadetes policiais constituintes da amostra do presente estudo
congregam a geração que experimentou tais “insultos” ambientais.

5.1.1.1. Pregas Adiposas e Composição Corporal

A variabilidade interindividual ao nível populacional nos padrões de adiposidade


subcutânea não é fruto exclusivo de factores de natureza ambiental, como sejam
diferença de hábitos nutricionais, níveis de aptidão física, forma do corpo, condições
socioeconómicas, entre outros. Porém, o incremento dos valores das pregas de
adiposidade com o avanço da idade é uma realidade biológica, em razão do aumento do
corpo, associado ao incremento de massa isenta de gordura, regulados que são os
mecanismos de natureza endócrina (MALINA, 1996; MALINA e BOUCHARD, 1988).

O perfil apresentado nas diferentes pregas adiposas, assemelha-se ao estudo de LUZ


(2010), se bem que diferem ao de nível das pregas peitoral e abdominal, favorecendo o
presente estudo. De resto, os valores médios encontrados na prega adiposa da coxa
revelam uma relativa semelhança entre os dois estudos.

Tabela 5.14:Valores médios de percentagem de gordura corporal (%GC), massa gorda (MG) e
massa magra (MM) de policiais masculinos reportados em alguns estudos

Estudo País Grupo N %GC MG (Kg) MM (Kg)


Luz (2010) Brasil Policias Militares 9 16.1±4.4 12.7±4.5 33.9±4.0
Pereira (2007) Brasil Policiais Militares 36 14.2±7.23 - -
Gonsalves (2006) Brasil Policias Militares 21 19.48±5.31 - -
Añes (2003) Brasil Policiais Militares 369 14.0±4.2 10.1±3.9 60.4±5.9
Presente estudo Moçambique Cadetes Policiais 66 12.86±1.86 12.86±1.86 55.56±7.15
63

Relativamente à composição corporal, os resultados espelham um cenário diferente, em


que os cadetes deste estudo apresentam uma percentagem de gordura comparativamente
inferior em relação aos valores médios documentados em alguns estudos disponíveis na
literatura de especialidade, conferindo por conseguinte maior vantagem em termos da
massa magra aos cadetes da presente pesquisa, o que parece denotar uma adequação em
termos de competência motora a estes cadetes, dado que a massa muscular é
imprescindível para o desempenho físico e de outras funções adstritas ao trabalho de um
policial.

Os resultados da comparação dos indicadores antropométricos e da composição corporal


em função da idade e do sexo (Tabela 4.11) revelam, em masculinos, diferenças
estatísticas significativas ao nível do IMC (p0.01), prega abdominal (p0.001) e massa
gorda (p0.001), em que a faixa etária de 31-40 anos apresenta médias mais elevadas,
denotando ganhos significativos de gordura corporal com o avanço da idade. Por
conseguinte, em femininos não foram encontradas diferenças significativas (p0.05) em
nenhuma variável, tanto antropométrica, como da composição corporal e da aptidão física
associada à saúde.

Estes resultados parecem justificar-se pelas mudanças positivas verificadas entre as


gerações, essencialmente em termos de disponibilidade alimentar e, considerando que as
diferenças encontradas expressam significância estatística ao nível da gordura corporal,
suspeita-se um efeito da transição nutricional no acúmulo da gordura corporal, decorrente
muito provavelmente, das mudanças ainda mais drásticas na alimentação, caracterizadas
pela substituição de alimentos produzidos localmente por produtos cada vez mais
processados e industrializados constatados no seio da populaçãoda cidade de Maputo em
idade escolar (NHANTUMBO, 2014).

Contudo, ressalte-se que a comparação da percentagem da gordura entre estudos


apresenta limitações, já que cada estudo citado utilizou equações de predição da
densidade corporal diferente, para além de da significativa variabilidade de valores
64

encontrados, a qual parece depender das pregas utilizadas e da população na qual a


equação de predição da densidade corporal foi validada.

5.1.2.Variáveis da Aptidão Física

A análise dos resultados encontrados nas diferentes provas de aptidão física permite
constatar um grande poder discriminatório na expressão diferenciada da aptidão nos dois
sexos.

De facto, ao nível de flexibilidade em ambos os sexos e grupos etários foi notória uma
estabilidade dos valores médios, mas com vantagens ao sexo feminino. A expressão
superior desses no teste flexibilidade é uma constante. Os valores apresentados são
consistentes com a maioria dos estudos consultados (AAHPERD, 1980; SHEPHARD,
1989; PATE e SHEPHARD, 1989; SHEPHARD, 1986; BOUCHARD, 1988; MALINA e
BOUCHARD, 1991; MARQUES et.al., 1991; PRISTA, 1994), pese embora estes tenham
sido realizados em crianças e jovens. A justificação para uma expressão diferenciada
destes valores é atribuída a presença de um dimorfismo sexual, cuja essência é
marcadamente biológica. Os valores distintos da composição corporal, presença de menor
tonicidade muscular, as alterações anatómicas e funcionais das articulações são
apontados como causa deste diferencial de valores (THOMAS e FRENCH, 1985;
MALINA e BOUCHARD, 1991;MARQUES et.al., 1991; PRISTA, 1994, MAIA et.al.,
2002).

A interpretação dos resultados indica, claramente, que melhores performances são


sinónimos de maiores níveis de flexibilidade do tronco e dos músculos isquiotibiais. No
entanto, a forma como o teste de sentar e alcançar (sit-and-reach) é realizado, poderá
conduzir a alguma redução do significado dos resultados, dada a utilização de diferentes
técnicas de execução e ausência do controlo do comprimento dos membros superiores e
inferiores.
65

A proporcionalidade dos membros (relação entre o comprimento dos membros inferiores


e dos membros superiores) é também sugerida como condicionante dos resultados do
teste (NIEMAN, 2011; PRISTA, 1994). Segundo referem estes autores, os indivíduos
com membros inferiores compridos e superiores curtos estão em desvantagem
relativamente aqueles com membros inferiores curtos e superiores compridos. Estas
evidências não foram testadas no âmbito da presente pesquisa pelo facto de não ter sido
avaliada a associação entre a proporcionalidade dos membros e os níveis de flexibilidade
da amostra estudada.

No entanto, existe uma relativa concordância em que haja diminuição da amplitude de


movimentos com o passar dos anos, apontando-se que tal declínio possa chegar a até 20%
entre os 20 e 65 anos, acelerando se a partir daí (FARINATI et.al., 2006).

Na prova de agilidade, os resultados da nossa amostra mostram, em masculinos, um perfil


de estabilidade nos dois grupos etários, enquanto em femininos mostra uma diferença,
ainda significativamente não significativas (P>00.5), com vantagem para a faixa etária
mais jovem.

Os resultados superiores do sexo masculino relativamente às do sexo feminino,


justificam-se a partir de vantagens anatómicas específicas e factores socioculturais
(SHEPHARD, 1989), nomeadamente (1) a maior força muscular; (2) o maior tamanho
corporal e, em femininos, o facto dos ganhos de massa estarem intimamente associados
ao incremento de massa gorda, que representa uma forte desvantagem em termos de
eficiência motora.

Outros aspectos, tais como (1) tipos de partida, (2) altura, força muscular e percentagem
de gordura dos sujeitos são apontados por alguns autores como encerrando em si um
papel determinante na performance das corridas de velocidade (MALINA e
BOUCHARD, 1991), corroborando a ideia de que a forma como a partida é executada
influencia os resultados. Por outro lado, o declínio observado nos valores médios da
agilidade do presente estudo com o avanço da idade, sobretudo em masculinos, vai na
66

linha dos resultados reportados por SILVEIRA (1997), num estudo com um contingente
militar, no qual concluiu que a maioria dos componentes da aptidão física, diminuía
significativamente com o passar da idade.

Ao nível dos testes de resistência abdominal e impulsão horizontal foi possível constatar
diferenças estatisticamente significativas em ambas as variáveis (p<0.05) no seio dos
cadetes do sexo masculino, expressando vantagem para o escalão etário mais jovem (21-
30 anos de idade). Estes resultados testemunham, tal como documentado na literatura, um
declínio com o avanço da idade, tanto da força de resistência abdominal, quanto da força
explosiva dos membros inferiores em masculinos, contrariamente à semelhança
estatística observada nestas duas variáveis de aptidão física entre os dois grupos etários
no sexo feminino, sugerindo uma estabilidade destes indicadores com o avanço da idade.

Quer como que seja, e pese embora a ausência de diferenças estatísticas significativas
constatadas entre os dois grupos etários em contraste no seio do sexo feminino, os
resultados encontrados apontam, em ambos os sexos, uma tendência geral de redução dos
níveis de força de resistência abdominal em função do avanço da idade. Valores extremos
de gordura corporal, que não constituem a verdade no âmbito do presente estudo, têm
sido referenciados como que afectando a capacidade de rendimento corporal, para além
de contribuírem para o aumento de dispêndio energético na realização de trabalho,
comprometendo desse modo a eficiência mecânica.

Por conseguinte, é consensual a ideia de que o teste de Sit-Up mede a força e a resistência
da musculatura abdominal (SHEPHARD, 1991; MARQUES et.al., 1997; NIEMAN,
2011). Todavia, o modo como se tem procedido a medição da força abdominal no âmbito
deste teste tem mudado ao longo dos anos. A estrutura dos exercícios utilizados nos
diversos estudos difere na posição das mãos (cruzadas sobre o peito, nas coxas,
entrelaçadas na nuca, lateralmente ao tronco), dos pés (fixos e não fixos) e do tronco (em
plano inclinado ou sem plano inclinado), e que parece desempenhar um papel importante
na dificuldade do teste e intervenção distinta dos músculos abdominais e psoasilíaco.
67

Segundo referem os mesmos autores, os testes realizados com as mãos na parte superior
do tronco são mais difíceis do que aqueles em que as mãos estão situadas sobre os
membros inferiores (aumento da distância do centro de massa ao eixo de rotação). Os
testes com os pés fixos são mais fáceis do que aqueles em que os pés não estão fixos. Não
foram encontradas diferenças significativas entre os testes realizados em plano inclinado
e os realizados no plano horizontal. Porém, os testes de força abdominal podem ser
seleccionados de acordo com as dificuldades exigidas. Nesta circunstância, há que
considerar três aspectos, nomeadamente (1) a validade dos testes, (2) a execução total ou
parcial do abdominal e (3) a posição das pernas. Estes aspectos foram tomados em
consideração no presente estudo, tendo os seus resultados revelado, as semelhanças de
outros tipos de força que evidenciam uma expressão diferenciada em função do sexo, os
cadetes masculinos apresentam maiores valores médios do que seus pares do sexo oposto,
por um lado e uma superioridade do escalão etário mais jovem em relação ao mais adulto,
por outro.

Os resultados no teste de impulsão horizontal parecem estar dependentes da coordenação


entre o movimento pendular dos membros superiores e a relação contracção
concêntrica/excêntrica dos membros inferiores (SHEPHARD, 1991). Segundo o autor, as
distâncias mais longas são alcançadas se o executante flectir acentuadamente as pernas na
fase inicial e desenvolver um movimento amplo com os membros superiores. Contudo,
outros autores referem que as melhorias de performance no salto estão provavelmente
associadas ao aumento do tamanho, força e aperfeiçoamento da técnica de execução
(THOMAS e FRENCH, 1985; BOUCHARD e SHEPHARD, 1998).

De todo o modo, como referimos anteriormente, os ganhos ponderais traduzem-se


sobretudo no incremento da massa gorda, que representa uma nítida desvantagem em
praticamente todas provas que reclamem uma maior eficiência mecânica na deslocação
vertical e horizontal. Quer como que seja, os resultados do presente estudo apontam para
uma melhoria dos valores para o grupo etário mais jovem em ambos os sexos, sendo que
68

em cadetes masculinos as diferenças são significativas, enquanto em femininos os dois


grupos etários não diferem significativamente entre si.

As corridas de média e longa duração têm sido muito utilizadas nas baterias de testes de
aptidão física, quer para jovens, quer para adultos. Os resultados obtidos nesses testes têm
sido interpretados enquanto indicadores da função cardiorespiratória, sugerindo que
diferenças individuais na performance de corrida reflectem variações nesta função. Esta
interpretação baseia-se em estudos de validade concorrente e preditiva da correlação
entre os resultados nesses testes e o consumo máximo de oxigénio (RODRIGUES, 2003).

Por outro lado, o tamanho corporal, a composição corporal (% de gordura) e a


performance nas corridas são determinantes na interpretação das diferenças individuais
na aptidão cardiorespiratória (BOLDORI, 2002).

Os resultados do nosso estudo referentes ao consumo máximo de oxigénio (VO2máx.)


revelam valores baixos, tanto em masculino, como em femininos em relação aos seus
pares europeus e de outros países (Tabela 5.15). Os resultados dos estudos consultados
revelam uma diminuição progressiva da capacidade aeróbia com o avanço da idade em
adultos, sendo possível, por meio de actividade física regular e de um estilo de vida
saudável, diminuir e até mesmo reverter os efeitos do avanço da idade (ACSM,
2006;RODRIGUES, 2003).

Tabela 5.15. Valores médios de resistência cardiorespiratória expressa em VO2max (ml/kg.min)-1


de policiais de ambos os sexos reportados em alguns estudos (valores médios e desvio padrão)

Masculinos Femininos
Estudo País Grupo N VO2max. N VO2max.
Pereira (2007) Brasil Policiais Militares 36 53.1±5.3 - -
Gonsalves (2006) Brasil Policiais Militares 21 43.24±4.26
Gonsalves (2006) Brasil Policiais Militares 35 40.15±5.86
Júnior (2005) Brasil Cadetes Militares 126 48.0±3.9 20 39.6±3.5
Añes (2003) Brasil Policiais Militares 369 43.3±4.2 - -
Presente estudo Moçambique Cadetes Policiais 66 39.45±4.53 34 24.99±5.19
69

Factores culturais associados ao nível de treinamento, incluindo os factores de


envolvimento podem estar relacionados com estes resultados. Em razão disso,
OLIVEIRA (2008) afirma que a actividade profissional desempenhada pela polícia é
reconhecidamente uma actividade de stress elevado, tornando-se dessa forma, necessária
uma atenção especial à saúde física e mental dos servidores, objectivando um
desempenho funcional adequado.

Os resultados do presente estudo referentes à comparação dos valores médios de


VO2máx. por grupo etário, ainda que não apresentem diferenças significativas em ambos
os sexos, permitem observar um cenário curioso, na medida em que em masculino os
valores superficialmente mais elevados foram pertencem grupo etário mais jovem,
enquanto o inverso foi evidenciado pelos cadetes do sexo feminino.

Perante estes resultados, infere-se que alguns factores possam ter assumido um papel
determinante, tais como a força muscular e a percentagem de gordura dos sujeitos, que de
certa maneira pode ter implicado em uma maior capacidade cardiorespiratória em razão
de uma maior velocidade de deslocamento durante o teste, uma vez que o teste utilizado
para estimar a capacidade cardiorespiratória máxima envolve o deslocamento corporal.
Com efeito, um indivíduo com menor massa corporal pode imprimir maior velocidade de
deslocamento e obter no teste melhores escore relativos à capacidade cardiorespiratória.
A partir deste prisma, e considerando que o grupo etário mais jovem em masculinos e,
mais adulto em femininos, apresentam menores valores de percentagem de gordura,
justifica-se a suspeita de que possam ter ganho vantagens na realização do teste, visto que
a sustentação da massa corporal constitui um factor problemático na realização de testes
de corrida, tendo em conta que pode influenciar na velocidade de deslocamento e na
instalação precoce da fadiga (JUNIOR, 2005).

Quer como que seja, no cômputo geral acredita-se que pelo facto dos cadetes deste estudo
terem um histórico de actividades físicas regulares, era esperado que os mesmos
apresentassem resultados de aptidão cardiorespiratória substancialmente mais altos, o que
parece sugerir uma análise e reformulação dos conteúdos de treino deste grupo.
70

CAPÍTULO VI

CONCLUSOES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1. CONCLUSÕES

Tendo em conta as limitações conceptuais, de delineamento metodológico, bem como as


características específicas dos sujeitos constituintes da amostra, os resultados encontrados
no presente estudo permitem concluir o seguinte:

(1). Os cadetes policiais constituintes da amostra do presente estudo apresentam


características antropométricas inferiores comparativamente aos documentados na
literatura, evidenciando um perfil antropométrico que expressa uma desvantagem
estatura-ponderal, com maior agravo para o sexo feminino;

(2). Ao nível da composição corporal, o sexo masculino apresenta um perfil com


maior predomínio de massa magra em relação ao sexo feminino, cujo perfil
salienta maiores valores de IMC, somatório de pregas e percentagem de gordura
corporal;

(3). O perfil de aptidão física traçado pelos resultados encontrados nos diferentes
indicadores espelha um dimorfismo sexual, com clara vantagem do sexo
masculino em todas as provas motoras, à excepção da prova de flexibilidade;

(4). Tanto em masculinos, quanto em femininos, foi nítida uma vantagem do grupo
etário mais jovem na maioria das provas de aptidão física, confirmando o declínio
desta com o avanço da idade. Esta constatação, confirma a segunda hipótese da
presente pesquisa, considerando que os cadetes cujo ingresso é por via da
corporação pertencem maioritariamente ao segundo grupo etário;

(5). Os valores médios de consumo máximo de oxigénio encontrados traçam um perfil


de aptidão cardiorespiratória muito abaixo dos valores documentados na
71

literatura, sugerindo a necessidade para um tratamento reformulado desta variável


no âmbito da preparação destes cadetes.

6.2. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Muitas e diversificadas são as limitações que um trabalho de natureza académica pode


apresentar. No contexto do presente estudo, deparamo-nos com algumas situações que
considerámo-las com algum poder limitativo, a saber:

(1) O facto de o número de sujeitos amostrados no presente estudo não cobrirem a


globalidade do universo de cadetes da instituição seleccionada para esta pesquisa,
pese muito embora represente um estrato representativo do universo de cadetes
daquela academia, limita o alcance dos seus resultados;
(2) Factores como a natureza pioneira desta pesquisa, a inexistência de estudos
centrados nesta temática realizados em Moçambique envolvendo este grupo
específico de sujeitos, bem assim o reduzido tamanho da sua amostra, limitaram
de forma particular a interpretação dos resultados encontrados, inviabilizando,
deste modo, a sua generalização;
(3) A distribuição desequilibrada da amostra do estudo em função do sexo e de
grupos etários, não permitiu elaborar uma comparação mais robusta e consistente
das variáveis independentes, se bem que os resultados encontrados forneçam um
retrato comparativo em função do sexo e da idade.

6.3. RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES

(1). Considerando que para o exercício da profissão policial, é imprescindível que o


profissional desta ostente níveis de aptidão física e parâmetros antropométricos,
de composição corporal e de aptidão física condizentes com o quadro de
exigências associadas ao exercício profissional, de tal ordem que possa agir de
72

forma eficiente e eficaz na preservação da ordem, segurança e tranquilidade


públicas, mais estudos com amostras ampliadas são recomendados;
(2). Que as variáveis antropomorfológicas, de composição corporal e de aptidão física
associada à saúde sejam mais valoradas, quer como critérios de selecção dos
cadetes, quer como conteúdos no âmbito da sua formação;
(3). Que seja construída uma bateria de indicadores antropomorfológicas, de
composição corporal e de aptidão física associada à saúde que melhor espelhe o
protótipo de um cadete com traços condicentes com o perfil da exigência
profissional.
73

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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ANEXO 1

TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DAS PREGAS DE ADIPOSIDADE SUBCUTÂNEA

A Prega peitoral
Medição efectuada entre meia
distância entre zona axilar anterior e o
mamilo. Prega oblíqua

B Prega suprailiaca
Medição efectuada na direcção da
crista ilíaca, no prolongamento da
linha axilar média. Prega oblíqua.

C Prega abdominal
Medição efectuada zona do umbigo,
5cm de distancia deste. Prega
horizontal

D Prega tricipital
Medida efectuada na face posterior do
braço direito, a meia distancia da
linha que une os pontos anatómico
designado de acrômio e olecrâneo. É
uma prega vertical
E Prega da coxa
Medida efectuada na face anterior da
coxa, a meia distancia da linha que
une o “declive inguinal e o bordo
superior da rotula, ao nível da maior
circunferência. É uma prega vertical.
86

ANEXO 2.

Universidade Pedagógica

Faculdade de Educação Física e Desporto

FICHA DE AVALIAÇÃO

Data de avaliação _____/_____/201__

1. DADOS PESSOAIS

Nome:____________________________________________Sexo________Idade______

Data de Nascimento______/_______/______
Turma_______Ano_______

2. DADOS ANTROPOMÉTRICOS
Peso (P)
Altura (Alt)
3. PREGAS DE ADIPOSIDADE SUBCUTẬNEA
Tricipital SKF 1ª _____2ª___3ª ___ média_____
Peitoral SKF 1ª _____2ª___3ª ___ média_____
Abdominal SKF 1ª _____2ª___3ª ___ média_____
Suprailiaca SKF 1ª _____2ª ___3ª ___ média_____
Coxa SKF 1ª _____2ª ___3ª ___ média_____
__________________________________________________________________
4. TESTES MOTORES
Agilidade – Vaivém - (segundos)
Flexibilidade Sentar e alcançar - Seat and reach (cm)
Resistência abdominal – Sit up (X/1 minuto)
Impulsão horizontal - Standing Long Jump (cm)
Corrida de 12 minutos (m)
87

ANEXO 3.

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

Balança antropométrica mecânica

Craveira implantada na balança para medição da


altura (Estadiometro)

Caixa de medição da flexibilidade

Adipómetro

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