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Lisiane Teixeira
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All content following this page was uploaded by Lisiane Teixeira on 27 July 2016.
Mangás
Brasil, chegando a 900 mil exemplares por mês. De acordo com as estima-
tivas das editoras, esse número representa a metade de todos os quadrinhos
produzidos no país (SANTOS, 2011, p.12).
Das trinta publicações citadas anteriormente, 24 delas podem ser
classificadas como homoafetivas, as quais são divididas em várias cate-
gorias, apresentadas na sequência.
Os Shojo-Ai (tradução literal = amor entre meninas) são mangás e
animes lésbicos voltados para meninas. São exemplos Strawberry Panic,
Girl Friends (Figura 1), Prism e Wife and Wife. Já os Yuri são romances
lésbicos voltados para meninos, com mais cenas de sexo explícito, por
vezes considerados pornografia. O Yuri também é chamado de Class
S onde o “S”, segundo Thompson (2010, p. 14), é do inglês “Sister”.
Assim, são meninas que se veem como irmãs e se autoiniciavam nas
atividades sexuais para aprendizagem prévia, ficando “treinadas” para
seus maridos (BRAGA-JR, 2012, p.5). São exemplos de Yuri os man-
gás Kannazuki no Miko, Sono Hanabira ni Kuchizuke wo, Kuttsukiboshi,
Shoujo Sect (Figura 2).
Animes
(que chega a ter seios), sendo que muitos o consideram gay. Em outras
obras paralelas, ele aparece como uke para Hyoga, cavaleiro de Cisne
– cuja vida foi salva por Shun em uma cena famosa. Nessa cena, Shun
abraça o cavaleiro de Andrômeda, transferindo para ele seu calor corpo-
ral a fim de impedir que ele morresse de frio (PERET, 2009, p. 7).
Após a descrição de todas essas categorias, observamos que os japo-
neses tendem a classificar cada tipo de relacionamento com um nome
e uma descrição característica. Isso torna o tema em foco (diversidade
sexual) mais concreto e próximo da realidade. O japonês, independente-
mente do sexo, gênero ou identidade sexual, pode encontrar um grupo ao
qual pertence, sentindo-se acolhido e podendo encontrar outras pessoas
como ele. Isso é diferente nos países da América Latina, onde percebe-
mos que o tema não é abordado e ainda é censurado. Muitos desenhos
foram censurados sob a alegação de que estimulariam a homossexuali-
dade. No entanto, um casal heterossexual pode ser apresentado na mídia
sem o risco de constituir uma influência negativa. Essa diferença entre
os dois tipos de casais só mostra que a homossexualidade ainda é margi-
nalizada nos países da América Latina. Independentemente do gênero
do mangá ou anime, o que podemos observar é que os relacionamentos
se dão entre as pessoas, mostrando que o amor pode nascer de qualquer
situação.
Assim, apesar do tradicionalismo e machismo característicos do
Japão, é possível observar que a diversidade sexual é abordada de forma
mais direta e sem tanto pudor quanto no Ocidente. As pessoas, desde
a sua infância, deparam-se com situações que passam a fazer parte do
seu dia a dia e, dessa forma, permitem que a diversidade sexual possa ser
amplificada, respeitada e exercida.
O número de mangás comercializados e a quantidade de
exemplares vendidos só ressaltam a receptividade desses pelo leitor
latino-americano. Em relação aos animes, contudo, a receptividade
pelos canais de televisão, pela imprensa e pelos pais é acompanhada da
censura, com edição ou deleção de cenas e episódios referentes à diver-
sidade sexual. Esse fato é o reflexo de como a nossa sociedade retrata e
posiciona-se diante desse assunto.
Referências