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UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO –
ARTIGO CIENTÍFICO

TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO E O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL


DO CONTRATO DE TRABALHO

Orientando: Samuel Silva Santos

Orientador: Prof. Msc. Eduardo Torres Roberti

ARACAJU – SERGIPE

2022
SAMUEL SILVA SANTOS

TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO E O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL


DO CONTRATO DE TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo –


apresentado ao Curso de Direito da
Universidade Tiradentes – UNIT, como
requisito parcial para obtenção do grau de
bacharel em Direito.

Aprovado em / / .

Banca Examinadora

Professor Orientador – Eduardo Torres Roberti


Universidade Tiradentes

Professor Examinador
Universidade Tiradentes

Professor Examinador
Universidade Tiradentes
TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO E O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL
DO CONTRATO DE TRABALHO

SAMUEL SILVA SANTOS1


RESUMO

O artigo busca compreender a relação entre o Direito do Trabalho com o Direito Civil e o
Direito Constitucional e a partir desta, aplicar o princípio da função social ao contrato de
trabalho. Com a aplicação do princípio da função social, o objetivo da pesquisa é demonstrar
a afronta do trabalho análogo ao de escravo ao princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana e por meio deste, classificar como violação ao princípio da função social do
contrato de trabalho. Deste modo, a pesquisa bibliográfica, desenvolvida com base
fundamentada através de bibliografias, por meio do método dedutivo para comprovar a
violação do trabalho escravo ao princípio da função social do contrato de trabalho.

Palavras-chave: Contrato de trabalho. Função Social. Trabalho análogo ao de escravo.


Dignidade da Pessoa Humana. Direitos Fundamentais.

WORK ANALOGOUS TO SLAVE AND THE PRINCIPLE OF THE SOCIAL


FUNCTION OF THE EMPLOYMENT CONTRACT

ABSTRACT

The article seeks to understand the relationship between Labor Law with Civil Law and
Constitutional Law and from this, apply the principle of social function to the employment
contract. With the application of the principle of social function, the objective of the research
is to demonstrate the affront of work analogous to slavery to the constitutional principle of the
dignity of the human person and, through this, classify it as a violation of the principle of the
social function of the employment contract. In this way, the bibliographical research, developed
with a reasoned basis through bibliographies, through the deductive method to prove the
violation of slave labor to the principle of the social function of the employment contract.

Keywords: Employment contract. Social role. Labor analogous to slavery. Dignity of human
person. Fundamental Rigths.

1 INTRODUÇÃO
O Direito do Trabalho, por meio das leis trabalhistas, tem como principal fundamento a
proteção do trabalhador, com isso, entra em destaque o contrato de trabalho, previsto no artigo
442 do Código de Leis Trabalhistas, pois este é considerado um garantidor de direitos. Ou seja,
o contrato de trabalho possui a finalidade de definir e proteger o trabalhador, através de seus
direitos e deveres, como também os direitos e deveres do empregador.

1Bacharelando em Direito pela Universidade Tiradentes – UNIT, campus Farolândia. E-mail:


samuel.ssantos@souunit.com.br
A partir disso, busca-se fazer a relação do contrato de trabalho com princípio da função
social previsto no artigo 421 do Código Civil Brasileiro e previsto também no artigo 5º, inciso
XXIII da Constituição Federal do Brasil de 1988. Este princípio aplica-se aos contratos, com o
entendimento de que não importam apenas às partes contratantes, mas importam também à
sociedade que pode sofrer impactos, que serão considerados como impacto direto ou indireto.

Pode-se afirmar que a função social é um princípio limitador, no qual se utiliza da


intepretação dos contratos e suas circunstâncias, para que assim, possa ser definido qual o
impacto que este pode causar para a sociedade. Além dos impactos sociais, o princípio também
resguardas as partes contratantes, para que assim não haja abusos entre estas.

Por meio do conceito do contrato de trabalho, sua natureza contratual e relacionando o


Direito do Trabalho ao Direito Civil e ao Direito Constitucional, este será analisado, elaborado
e observado através das normas impostas pelo princípio da função social do contrato.

O trabalho escravo está presente na sociedade brasileira desde o “descobrimento” do


Brasil e este foi trazido como principal forma de exploração de mão de obra através da chegada
dos portugueses. Diante da presença de riquezas naturais em um país até então povoado por
nativos, neste caso, indígenas, os portugueses viram-se tentados a explorá-las. Surge então, a
escravização dos índios que logo após abre espaço para o tráfico negreiro, no qual foi
responsável por trazer milhares de pessoas do Continente Africano, com a finalidade de
escravizá-las.

Com a consolidação de um sistema escravista, foram elaboradas leis que tinham o


intuito de abolir a escravidão e, através destas, foram mudados pensamentos e conceitos que
abordam a prática. Como exemplo, uma das principais foi a Lei Áurea, que após ser
promulgada, aboliu a escravidão no Brasil.

Porém, a prática escravista ainda perdura no país, no qual tem como principal lei de
combate ao trabalho escravo contemporâneo o artigo 149 do Código Penal Brasileiro,
introduzido pela lei 10.803/2003, que atualizou o artigo e definiu suas tipificações. A partir do
artigo, o trabalho escravo passou a ser definido como trabalho análogo ao de escravo, pois as
tipificações se assemelham às antigas práticas escravistas.

Além da importância da tipificação e do entendimento do trabalho análogo ao de


escravo, é importante considerar a violação do crime à dignidade humana, visto que a prática
envolve situações desumanas relacionadas ao trabalho.
Por conseguinte, o tipo de pesquisa utilizada na elaboração do artigo foi a pesquisa
bibliográfica Andrade (2010, p. 25), na qual a metodologia aplicada para o desenvolvimento
baseou-se em livros, periódicos e artigos científicos extraídos do Google Acadêmico, Conpedi
(Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito), Index Law Journals e portal de
periódicos. Assim, o artigo utiliza-se do método dedutivo para compreender o trabalho análogo
ao de escravo como violação à dignidade e direitos do trabalhador e assim, classificando-o
como violação ao princípio da função social do contrato de trabalho.

Através da pesquisa utilizada para o desenvolvimento do artigo, o trabalho tem como


estrutura a divisão de tópicos, no qual buscou-se a compreensão do trabalho escravo desde o
seu contexto histórico ao principal objetivo do artigo, no qual busca classificar o trabalho
análogo ao de escravo como violação à função social do contrato de trabalho. Assim, o primeiro
tópico diz sobre como o trabalho escravo foi introduzido no Brasil, das primeiras leis contra as
práticas escravistas e como a escravização de trabalhadores ainda é um problema no país.

Em diante, o segundo tópico relaciona o Direito do Trabalho ao Direito Civil e Direito


Constitucional, especificamente no que diz sobre os contratos de trabalho e aplicação da função
social a este. O terceiro tópico traz a compreensão através da legislação brasileira,
jurisprudência e entendimento da OIT a respeito do trabalho análogo ao de escravo.

Por fim, o último tópico do artigo tem como objetivo comprovar o trabalho análogo ao
de escravo como violação ao princípio da função social do contrato de trabalho, por meio dos
entendimentos trazidos nos tópicos mencionados anteriormente.

Com isso, o presente artigo com base do contexto histórico da escravidão no Brasil e na
doutrina, ou seja, sendo utilizado como fundamento os princípios, ideias e obras de autores e
juristas, nas quais servem de base para o entendimento do Direito, tem como objetivo classificar
o trabalho análogo ao de escravo como violação ao princípio da função social do contrato de
trabalho.

2 CONTEXTO HISTÓRICO DE TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL


A cultura escravista foi estabelecida no Brasil no século XV, através da chegada dos
colonizadores portugueses, com o objetivo de promover exploração dos recursos naturais do
território nacional. Com isso, os índios foram os primeiros povos a serem escravizados no
Brasil, de forma que foi explorada sua mão de obra. Assim, Pinsky (2009, p.17), diz sobre os
primeiros relatos da escravidão no país:
“Antes de chegar à escravidão negra, a História do Brasil, já em seu primeiro século,
registra a utilização do trabalho do índio. Interessados logo nos chamados produtos
tropicais – notadamente o pau-brasil –, os membros das primeiras expedições
tratavam de conseguir, em troca de algumas quinquilharias, a força de trabalho
indígena.”

Após grandes batalhas de resistência indígena e a incompatibilidade com o trabalho


intensivo, os portugueses viram-se tentados a buscar outros meios para que sua produção fosse
realizada. Pode-se destacar também que há diferença entre a mão de obra indígena e a mão de
obra do negro escravizado, posteriormente citada, pois a mão de obra indígena era considerada
como uma mão de obra barata. Por outro lado, a mão de obra dos negros trazidos do Continente
Africano era considerada pelos portugueses como economicamente mais viável para a
exploração (Priore, 2010).

No que se diz respeito à mão de obra indígena e a forma como se encerrou a prática,
Carvalho (2015, p.26) diz que:

“A escravização de índios foi praticada no início do período colonial, mas foi proibida
pelas leis e teve a oposição decididas dos jesuítas. Os índios brasileiros foram
rapidamente dizimados. Calcula-se que havia na época da descoberta cerca de 4
milhões de índios. Em 1823 restava menos de 1 milhão.”

Portanto, mesmo com o encerramento da prática, a população indígena foi vítima de um


sistema escravista, no qual levou a milhares de mortes. Além disso, mesmo após o fim da prática
relacionada ao índio, foram trazidos nativos da África.

A partir disso, surge o grande destaque relacionado à escravidão no Brasil, chamado


Tráfico Negreiro, no qual escravos foram trazidos do Continente Africano para serem
escravizados no Brasil, como cita Pinsky (2009, p.20):

“Nada mais equívoco do que dizer que o negro veio ao Brasil. Ele foi trazido. Essa
distinção não é acadêmica, mas dolorosamente real e só a partir dela é que se pode
tentar estabelecer o caráter que o escravismo tomou aqui: vir pode ocorrer a partir de
uma decisão própria, como fruto de opções postas à disposição do imigrante. Ser
trazido é algo passivo – como o próprio tempo do verbo – e implica dizer algo contra
e a despeito de sua vontade.”

Neste sentido, o tráfico de pessoas negras oriundas da Costa do Continente Africano


para o Brasil se tornou cada vez mais constantes, visto que se tinha a necessidade por parte dos
portugueses de explorar a riqueza das terras brasileiras, por meio da agricultura, pecuária,
extração e desbravamento de terras. Com isso, o capitalismo europeu e a busca por lucras a
partir da exploração deu espaço à prática escravista no Brasil. Assim, Severo (2021, p.10-11),
diz que:

“A colonização era organizada para promover a acumulação de capital na Europa, e


as economias coloniais era obrigadas a se organizarem para permitir o funcionamento
do sistema de exploração colonial que impusesse a adoção de formas de trabalho
compulsórias ou escravistas. Ademais, o tráfico negreiro abria importante setor do
comércio, enquanto o apresamento dos indígenas era negócio interno – tudo para
promover acumulação primitiva na metrópole. Ressurge, destarte. a escravidão nas
colônias, ao passo que a Europa migra da servidão feudal para o trabalho assalariado.
Assim a escravidão foi o regime de trabalho preponderante na colonização do Novo
Mundo; e o tráfico negreiro, que a alimentou, um dos setores mais rentáveis do
comércio colonial.”

Em decorrência da grande oferta de escravos negros aliada à necessidade de mão-de-


obra para explorar as riquezas de um país recém-descoberto, o tráfico negreiro cresceu em
grande escala. Além disso, pode-se destacar que o padrão encontrado nesses escravos também
era único, visto que advinham da população africana que era vista apenas com um objeto de
trabalho e como consequência, poderia ser usado de qualquer maneira, dependendo da
necessidade e da vontade de seu comprador (Florentino, 2009).

Os escravos eram tratados como propriedade e a estes eram designados trabalhos


desumanos, sem garantias de segurança, em condições precárias, tanto no trabalho, quanto em
suas moradias, pois moravam em senzalas. Como consequência de atos considerados errados
pelos seus senhores, eram castigados quando faziam oposição ao trabalho e em diversas
situações que ocorriam no dia a dia de trabalho. Portanto, não eram lhes guardados qualquer
direito, visto que não eram considerados como cidadãos.

De acordo com Martins (2018, p.56) o escravo era considerado apenas uma coisa, não
tendo qualquer direito, muito menos direitos trabalhistas. Nesse contexto, o escravo não era
considerado um cidadão detentor de direitos, pois era propriedade do dominus, ou seja, era
propriedade de “seu senhor”.

Em paralelo a consolidação da escravidão no Brasil, no século XVIII começam a surgir


alguns movimentos com ideias novas e com modelos inspirados por referências europeias.
Assim, Moraes (2018, p. 12) diz sobre o surgimento dessas ideias:

“O constitucional lismo fundamental, erigido no período entre 1789, desde a


disseminação das revoluções burguesas[...] Fundado na técnica de limitação do poder
político, não somente no âmbito externo, por intermédio da redução das funções do
Estado perante a sociedade, com a finalidade de proteger o espaço de ação pessoal,
tendo sido fragmentado em constitucionalismo de direito e constitucionalismo de
liberdade.”

De acordo com Lenza (2021, p.79), a partir das ideias liberais, influenciadas pela
Revolução Americana de 1776 e Revolução Francesa de 1789, foi elaborada a primeira
Constituição Brasileira. Porém, por mais que a Constituição de 1824 tivesse em si princípios
liberalistas, o trabalho escravo não foi incluído em seus artigos, ajudando ainda mais a fomentar
a prática que em tempos era legal. Segundo o autor supracitado, ainda na Constituição houve
manutenção da escravidão.

Por conseguinte, uma das primeiras ações realizadas contra a prática escravista foi a lei
n. 581, de 4 de setembro de 1850, conhecida como Lei Eusébio de Queiroz, na qual foi
responsável pela proibição do tráfico negreiro feito por senhores de escravos nos portos
brasileiros. Neste sentido, Mamigonian (2017), diz que:

“Como se fosse o exemplo clássico "da exceção que confirma a regra", sabemos muita
coisa sobre a Revolta dos Malês (1835), no coração urbano de Salvador, que
mobilizou fundamentalmente africanos islamizados. Considerada a maior no Brasil,
essa revolta escrava assustou sobremaneira a elite política imperial, determinando a
promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que proibiu, em 1850, e mais uma vez, o
tráfico negreiro e a contínua entrada de africanos no Brasil.”

A segunda lei a abordar questões relacionadas aos escravos é a Lei n. 2.040, conhecida
também como Lei do Ventre Livre, na qual tinha como objetivo a libertação de todas as crianças
filhas de escravos e nascidas no Brasil a partir do ano de 1871. Porém, a lei não era tão efetiva
quanto se imaginava a época, visto que as crianças ainda continuavam com suas mães e estas
continuavam sendo escravizadas.

Segundo Schwarcz; Ariza (2018) a lei entra em vigor após grande pressão vindas de
dentro e fora do império, por outro lado, embora a lei fosse promulgada, as crianças
consideradas livres continuavam sob a tutela senhorial, ou seja, continuavam com suas mães
que ainda eram escravas e consequentemente sob o comando dos senhores de escravos.

Após a Lei do Ventre Livre e com a continuação de movimentos abolicionistas no país,


a próxima lei a ser elaborada é a Lei dos Sexagenários, pelo qual promulga a via disposta no
Decreto n. 3.720 que visava a libertação de escravos com mais de sessenta anos de idade, através
das cartas de alforria. Segundo Nunes (2018), a lei abordava e regulava a extinção gradual do
elemento servil e a liberdade dos sexagésimos foi um dos modelos parciais de liberdade
adotados na lei.

O trabalho escravo no Brasil foi durante muitos anos um ato legal, a partir disso, a
legalização perdurou durante 388 anos, no qual, somente foi tido como forma de trabalho e mão
de obra proibida a partir do momento que foi assinada a Lei n. 3.353, chamada de Lei Áurea.
Esta, assinada em 1888, veio através de ideias e críticas feitas por abolicionistas contra um
sistema escravista predominante, além disso, a fuga de escravos para quilombos se tornava cada
vez mais constantes. Por conseguinte, também surgiram leis que consolidavam direitos das
pessoas que antes eram tratadas como escravas, tendo-as assim, como cidadãos comuns. Diante
disso, Nunes (2018), afirma:

“Uma das arenas de instabilidade do Segundo Reinado era exatamente a arena político
partidária. E a matéria que mais gerou polêmica foi a questão abolicionista.
Opostamente ao Primeiro Reinado, que sequer teve legislação abolicionista, o
segundo foi o período no qual a questão mais foi debatida, até eventualmente culminar
na Abolição da Escravatura, em 13 de maio de 1888, com a promulgação da Lei
Áurea.”

Pode-se concluir que a Lei Áurea foi o marco final para a abolição e proibição do
trabalho escravo no Brasil. Contudo, a busca incessante por lucros faz com que a prática persista
ainda mais nos tempos atuais, mesmo a Constituição federal de 1988, o Código Penal Brasileiro
e Código de Leis Trabalhistas proíba a prática. O trabalho escravo passa a ser denominado de
trabalho análogo ao de escravo, previsto no artigo 149 do Código Penal Brasileiro e este vai
além do contexto de fiscalização e proibição.

Porém, apesar da legislação tipificar o trabalho análogo ao de escravo, nos dias atuais
ainda é uma prática muito recorrente no Brasil. Assim, Nina (2010, p. 135) aborda a temática
contemporânea da seguinte forma:

“Apesar da escravidão ser abolida há dois séculos no Brasil, a cada ano mais de 25.000
trabalhadores são escravizados por grandes donos de terra nas mais variadas regiões
do país, principalmente na região amazônica. Homens na faixa etária de 18 a 40 anos
deixam suas famílias, atraídos pela promessa de uma vida melhor.”

Diariamente, pessoas são atraídas e convencidas com argumentos relacionados a bons


empregos, melhores condições de vida, moradia fixa o que se assemelha a um Brasil Colônia,
onde os escravos eram atraídos por falsas promessas.

Em conformidade com a ideia e dados trazidos com a autora supracitada, o trabalho


escravo contemporâneo diverge do trabalho escravo realizado antes da promulgação da Lei
Áurea, ou seja, no Brasil Colônia, pois não se tem mais a ideia do trabalhador ser uma
propriedade do empregador. Assim, a ideia que se tem do trabalho licito se transforma em uma
camuflagem para a escravidão no século XXI, é através dessa visão que Da Silva (2021, p. 5-
6) diz:

“Assim, verifica-se que a restrição à liberdade continua presente na modalidade de


trabalho escravo contemporâneo, que está revertido na falsa ideia de licitude, já que o
‘trabalhador’ não é considerado propriedade do ‘empregador’, e que em grande parte
das vezes aceitou o emprego de forma voluntária, acreditando em promessas ilusórias
de emprego com remuneração justa, moradia, alimentação custeada pelo empregador,
etc. É importante ressaltar que o trabalho escravo contemporâneo não mais está
relacionado com a raça, como acontecia na Escravidão Negra do Brasil pré-
republicano, podendo ser objeto dessa forma de violação qualquer trabalhador
vulnerável, geralmente vítima da pobreza.”
Assim, analisando o contexto histórico da escravidão no Brasil, conclui-se que o
trabalho escravo ainda continua no Brasil, porém, com denominação diferente a luz da
legislação, sendo ditado como trabalho análogo ao de escravo. Em paralelo a isto, a prática
ainda é muito recorrente no século XXI, mudando apenas as formas de agir, podendo ser
analisados em contextos diversos na sociedade e no mercado de trabalho.

3 O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS E SUA RELAÇÃO


COM O CONTRATO DE TRABALHO
O Código Civil Brasileiro traz consigo princípios que norteiam, buscam gerir e unir
valores éticos e técnicas jurídicas. Desse modo, os contratos também são rodeados de valores,
regras e princípios, como exemplo, princípio da boa-fé objetiva e o princípio da função social
dos contratos. De acordo com Farias; Rosenveld; Netto (2018, p. 1060):

“A função social se converte em corolário lógico de qualquer ato de autonomia


privada, não mais como um limite externo restrito à liberdade do particular, mas como
limite interno hábil a qualificar a disciplina da relação negocial e promover interesses
econômicos nela consubstanciados, a partir da investigação das finalidades
empreendidas pelos parceiros por meio do contrato”

Diante do supracitado, o princípio da função social se destaca por ser um limitador,


porém, ao passo que limita a liberdade de contratar, tem seu conteúdo indeterminado, pois
carece de interpretação em cada caso, segundo o entendimento dos autores supracitados.

Por conseguinte, o instituto da função social foi elaborado e aplicado primeiramente na


Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXIII, no qual diz que a propriedade
privada deverá atender à função social Brasil (1988, online). Para tanto, após a Constituição
Federal de 1988, o Código Civil de 2022, trouxe consigo a função social, atrelando-o aos
Contratos e os impondo limites. Segundo Tartuce (2021, p.1004):

“A palavra função social deve ser visualizada com o sentido de finalidade coletiva,
sendo efeito do princípio em questão a mitigação ou relativização da força obrigatória
das convenções (pacta sunt servanda), na linha de se considerar possível a intervenção
do Estado nos contratos, especialmente nos casos de abuso ou de excessos de uma
parte perante outra.”

Dessa forma, a função social tem como principal objetivo socializar as relações, de
modo que não haja excessos e abusos entre as partes.

Para o novo ordenamento jurídico, “não se deve mais interpretar os contratos somente
de acordo com aquilo que foi assinado pelas partes, mas sim levando-se em conta a realidade
social que os circunda”, segundo Tartuce (2021, p. 1004). Dessa forma, a interpretação levará
em conta todo o contexto do contrato, as partes, a segurança jurídica do contrato, a ética e os
interesses da pessoa humana.

De acordo com os autores supracitados, o contrato vai além das partes que deles
participam diretamente, ou seja, as partes contratantes e não se limitam, pois o princípio leva
em consideração a socialização de todas as relações privadas. A função social também busca a
aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas, de modo que estes sejam
assegurados e fundamentados a partir da dignidade da pessoa humana. Portando, os contratos
são de real interesse social, pois podem interferir diretamente em seus aspectos, tanto
econômico, ético e de interesse humano.

Os artigos 421 e 2035 do Código Civil de 2002, citam a função social e demonstram
que a mesma é regra e princípio para os contratos. Por outro lado, para se enquadrar tal princípio
aos contratos de trabalho, Tartuce (2021, p. 53), diz que:

“Exemplifique-se que o princípio da função social do contrato é expresso no Código


Civil de 2002 (arts. 421 e 2.035, parágrafo único), mas implícito ao Código de Defesa
do Consumidor e mesmo à CLT, que trazem uma lógica de proteção do vulnerável,
do consumidor e do trabalhador, consagrando o regramento em questão, diante do seu
sentido coletivo, de diminuição da injustiça social.”

Assim, pode-se concluir que por mais que o princípio da função social esteja
expressamente dito e ordenado no Código Civil Brasileiro, o mesmo está implícito na CLT
(Código de Leis Trabalhistas). Com o papel de proteger o empregado, a função social do
contrato de trabalho tem o propósito de diminuir a injustiça, como citou o autor anteriormente.

O contrato de trabalho está expresso no artigo 442, CLT que o define como um contrato
individual e que pode ser tácito ou expresso, no qual corresponde à relação de trabalho Brasil
(1943). “Pode ser conceituado como o negócio jurídico em que o empregado, pessoa natural,
presta serviços de forma pessoal, subordinada e não eventual ao empregador, recebendo, como
contraprestação, a remuneração.” Garcia (2018, p.121)

Ademais, o contrato de trabalho possui características a serem seguidas, nas quais são:
o contrato deverá ser bilateral, visto que possui obrigação das suas partes, ou seja, empregador
e empregado; consensual, visto que o contrato se aperfeiçoará com o consenso das partes e suas
manifestações de vontade; comutativo, visto que as prestações são equivalentes; oneroso, pois
o empregado prestará serviços e como consequência principal irá receber por estes; trato
sucessivo, o contrato terá duração e continuidade no tempo; atividade, se tratando de uma
prestação de serviço pelo empregado.
Como os demais tipos de contrato, os contratos de trabalho também possuem limites,
não podendo fugir às regras e normas que a eles norteiam. Por conseguinte, essas regras podem
ser definidas através de leis nacionais e tratados, como por exemplo, o valor mínimo que um
empregado pode ganhar, a quantidade de horas de jornadas e quantidade de horas semanais que
não podem exceder 8 horas diárias e 40 horas semanais.

A fim de relacionar o Direito do Trabalho e o Direito Civil, Garcia, (2018, p.14) diz
que:

“A autonomia científica do direito do trabalho não significa o seu isolamento na


ciência jurídica, apresentando relações com outras disciplinas. [...] Quanto ao Direito
Civil, o contrato de trabalho, como figura central no Direito do Trabalho, tem origem
naquele ramo do Direito Privado. O Direito Civil, principalmente quanto à sua Parte
Geral e ao Direito de Obrigações, apresenta disposições subsidiariamente aplicáveis
no âmbito trabalhista[...].”

De certo, o Direito do trabalho possui relações com o Direito civil, principalmente em


sua parte contratual, sendo condicionado, por via de regra, à aplicação do princípio da função
social aos contratos de trabalho.

Como entendimento Correia, (2020, p.93):

“O Direito do Trabalho tem na CLT um de seus principais diplomas legislativos que


regulamenta as relações individuais e coletivas do trabalho. Pode ocorrer, no entanto,
de a CLT e leis esparsas não versarem sore determinado tema. Nessa hipótese, aplica-
se o direito comum, especialmente as normas do Código Civil.”

Com isso, mesmo diante do não esclarecimento a respeito do direito material ou do


direito processual de fato, o Direito do Trabalho utilizará como fonte o Direito civil, de acordo
com o artigo 8º da CLT, através do entendimento do autor supracitado.

Ao fazer referência à relação do Direito do Trabalho com Direito Civil, de certo o


contrato de trabalho sofrerá influência e aplicação do princípio da função social e como
entendimento, Leite (2022, p. 456) interpreta o princípio aplicado da seguinte forma:

“Ora, por meio do diálogo das fontes do Direito Civil e do Direito do Trabalho, o
princípio da função social do contrato com muito mais razão deve ser aplicado ao
contrato de trabalho, em função do que podem ser considerados “como violadores da
função social todos os atos que ofendem os direitos fundamentais, em especial os
direitos de personalidade, incluindo-se entre esses últimos tudo que está relacionado
ao homem em função de sua própria natureza[...]”

Portanto, é possível destacar que o contrato de trabalho tem utilidade econômica, possui
deveres e direitos do empregado, deveres e direitos do empregador, assim, sendo analisado e
observado através das normas impostas pela função social.
4 TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO
A Lei Aurea, supracitada em capítulos anteriores a este, aboliu a escravidão no Brasil
por consequência “representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra”
Nina (2010, p.135). Por conta disso, não há o que se falar no termo trabalho escravo
propriamente dito no país. Contrário, o trabalho análogo ao de escravo é muito pertinente no
Brasil, mesmo após a lei supracitada ser promulgada. Neste sentido, Rodrigues (2015, p. 112)
retrata que:
“No Brasil, esse espírito aviltante de exploração persiste por mais de 120 anos após a
publicação oficial da Lei Áurea e, com isso, a escravidão mudou de forma, tomando
outro corpo, mas com a mesma essência. Nem objetos de direitos, mas sim sujeitos.
Contudo, por outras maneiras, continuam presos, acorrentados a “donos”, sem poder
decidir o que fazer, como fazer e especialmente, se querem fazer. Continuam sem o
poder de definir as escolhas que tomam nas suas vidas. O papel que antigamente
conferia a condição de dono ao senhor do escravo mudou de cor e hoje vem em forma
de notas de dinheiro, que conferem o medo de miséria, da morte de fome.”

Como ponto de partida para ser citado o trabalho análogo ao de escravo no Brasil, a 14ª
Convenção Geral da Organização do Trabalho, realizada pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) no ano de 1930 traz em seu primeiro artigo o combate ao chamado trabalho
forçado, no qual diz:
“Artigo 1º - Todos os membros da Organização Internacional do Trabalho que
ratificam a presente convenção se obrigam a suprimir o emprego do trabalho forçado
ou obrigado sob todas as suas formas no mais curto prazo possível.” (Brasil, 1957,
online)

Dessa forma, é preciso definir o trabalho forçado supracitado, então, este tem como uma
de suas principais características a restrição de liberdade do trabalhador. A restrição de
liberdade pode ser encarada de duas formas: a primeira é a liberdade de decidir pela aceitação
do trabalho e a segunda é a sua permanência no trabalho. De acordo com Cunha Júnior (2017,
p. 619) está previsto na Constituição Federal a liberdade de profissão é um direito
constitucional, visto que o trabalho é considerado como instrumento de criação,
desenvolvimento e transformação, sendo a profissão uma escolha da pessoa humana.
Em seguida, o artigo 4º da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão,
datada no ano de 1948, cita também o trabalho escravo como uma afronta aos direitos humanos
da seguinte forma:
“Artigo 4º - Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o
trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.” (ONU, 1948)

Por conseguinte, no ano de 1988, a OIT passou a citar o termo trabalho decente, após
assinado pelos Estados-membros, no qual se comprometeram a eliminar todas as formas e tipos
de trabalho forçado.
Com base nisso, a lei brasileira o cita como trabalho análogo ao de escravo, pois as
características nas quais o crime é cometido se assemelha ao trabalho escravo, porém, é válido
destacar que o trabalhador vítima não é considerado como escravo e propriedade de seu
empregador. O trabalho análogo ao de escravo tem a sua previsão e conceituação no Código
Penal, especificamente no artigo 149 e neste é descrito as maneiras e como se caracteriza o
crime, assim, o artigo diz:
“Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a
trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes
de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem:
I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim
de retê-lo no local de trabalho II -
mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou
objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2 o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I- contra criança ou adolescente;
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.” (Brasil, 1940,
online)

A princípio, Cunha (2022, p.232) retrata que o que o tipo penal pune é a escravização,
de fato, da criatura humana, tornando-a submissa, reduzindo-a a condição de servo ou desfrutá-
la como tal. Dessa forma, o código retrata a redução análoga à de escravo.
O texto do artigo 149 do Código Penal Brasileiro traz consigo situações nas quais
caracterizam o trabalho análogo ao de escravo, como por exemplo, cercear o uso do meio de
transporte para reter o trabalhador no local de trabalho. Porém, antes da atualização do artigo,
não determinava e esclarecia quais situações caracterizavam como trabalho análogo ao de
escravo, sendo possível diversas interpretações para o crime. Por outro lado, a lei 10.803/2003
atualizou o artigo, tipificando o trabalho análogo ao de escravo de diversos modos. Com isso,
Gomes; Guimarães Neto (2018, p. 21)
“Essa mudança de redação, que consagrava uma mudança no entendimento desse
grave crime, conforme praticado na contemporaneidade, foi tão importante que,
intencionalmente, foi saudada como um avanço indiscutível cujos impactos teriam
desdobramentos em outros países.”
Nesse contexto, o trabalho análogo ao de escravo pode ser observado como um trabalho
contrário ao trabalho decente, visto que nenhum direito fundamental é resguardado ao
trabalhador que é exposto a tais condições. Com isso, Garcia (2018, p.174) identifica e classifica
o trabalho análogo ao de escravo como uma negação e a antítese do trabalho decente, pois este
respeita o princípio da dignidade da pessoa humana.
Na mesma linha de pensamento, Brito Filho e Albuquerque (2017, p. 71) define o
trabalho análogo ao de escravo como violação da dignidade da pessoa humana e sua liberdade
pessoal. Os autores, então dizem que:
“[...] podemos definir trabalho em condições análogas à de escravo, ou
trabalho escravo, como o trabalho prestado por pessoa física em condições
que importem na instrumentalização do trabalhador, violando sua dignidade e
sua liberdade pessoal, e que possam ser enquadradas em ao menos um dos
modos de execução previstos no artigo 149 do Código Penal Brasileiro:
trabalho forçado, em jornada exaustiva, em condições degradantes, com
restrição de locomoção por dívida contraída, ou com retenção do trabalhador
no local de trabalho por meio de vigilância ostensiva, cerceamento dos meios
de transporte ou porque o tomador dos serviços se apodera de documentos ou
objetos pessoais do prestador dos serviços.”

De acordo com Chaves e Hannemann (2017, p. 282) o trabalho em condições análogas


à de escravo possuí convergência com a submissão de uma pessoa em relação a outra, que nesse
caso é a submissão do trabalhador em relação ao empregador que é o mandante é visto como
um explorador, afetando e restringindo sua liberdade. Por outro lado, segundo Sales e Filgueiras
(2013) o trabalho análogo ao de escravo está ligado às condições de trabalho, pois os meios de
coerção, ou seja, os modos que o trabalhador é reprimido são contrários aos da época da
escravidão moderna. Como consequência, o trabalhador é submetido a condições sub-humanas,
sendo indispensável a restrição de liberdade do trabalhador.
Como visto no parágrafo anterior, os autores descrevem o trabalho análogo ao de
escravo de formas diferentes, ou seja, alguns prezam pela restrição da liberdade da vítima, que
neste caso é o trabalhador, já outros, veem o trabalho análogo ao de escravo como as condições
de trabalho ao qual a vítima é submetida. Porém, é claro notar um ponto comum ao qual os
autores entram em uma concordância, visto que as ideias se completam quando unidas.
Por um lado, a restrição da liberdade se torna um fator importante para o entendimento
do trabalho análogo ao de escravo. Liberdade esta que não se limita ao direito de ir e vir, mas
também ao direito de opinião, de escolha, etc. Por outro lado, as condições de trabalho às quais
o trabalhador é submetido. Segundo Nucci (2017, p. 307), para a configuração, basta que exista
uma submissão fora do comum, e no caso do patrão, age como autêntico dono da vítima. Ou
seja, a liberdade sendo atingida de diversas formas.
Por conseguinte, o tipo penal classificado no artigo 149, do Código Penal Brasileiro
buscou não somente classificar o trabalho análogo ao de escravo como um limitador de
locomoção do trabalhador e às situações degradantes a que este é submetido, mas também
buscou abranger a prática ao âmbito da liberdade de maneira diversa. Assim, o trabalho análogo
ao de escravo é uma prática totalmente contrária à dignidade da pessoa humana prevista na
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 1º, inciso III. Sobre esse princípio Da Silva;
Wolowski (2019, p. 63), diz a respeito do princípio da dignidade da pessoa humana da seguinte
forma:
“A dignidade da pessoa humana como valor máximo no ordenamento jurídico, tanto em
tratados internacionais como na grande maioria das legislações nacionais. Entretanto,
tanto a dignidade da pessoa humana quanto os direitos de personalidade devem ser
tutelados e observados no local em que o ser humano passa boa parte de sua vida: o
trabalho”
De acordo com os autores, a compreensão da dignidade da pessoa humana deve ser
aplicada ao trabalho, pois é nele que o ser humana passa a grande maioria de seu tempo. Ou
seja, deve ser observado o trabalho a partir da dignidade do trabalhador que exerce a sua função.
A respeito do princípio da dignidade da pessoa humana e sua relação com o Direito
Penal, Nucci (2020, p. 25), diz:

“O conjunto dos princípios constitucionais forma um sistema próprio, com lógica e


autorregulação. Por isso, torna-se imperioso destacar dois aspectos: a) há integração
entre os princípios constitucionais penais e os processuais penais; b) coordenam o
sistema de princípios os mais relevantes para a garantia dos direitos humanos
fundamentais: dignidade da pessoa humana[...] Nada se pode tecer de justo e
realisticamente isonômico que passe ao largo da dignidade humana, base sobre a qual
todos os direitos e garantias individuais são erguidos e sustentados. Ademais,
inexistiria razão de ser a tantos preceitos fundamentais não fosse o nítido suporte
prestado à dignidade humana.”

Fica claro através do entendimento de Nucci que o princípio da dignidade da pessoa


humana serve de base para garantia de direitos e como principal princípio protegido pelo
Código Penal. Ou seja, tudo aquilo que passe dos limites definidos através da dignidade da
pessoa humana não será considera como algo justo e isonômico. Com isso, que tem como
principal base a Constituição federal, é um garantidor de direitos fundamentais, principalmente
a dignidade da pessoa humana.
Com isso, o princípio da dignidade da pessoa humana, como um direito fundamental do
homem é diretamente atingido quando tratamos do trabalho análogo ao de escravo. A isso,
Wyzykowski (2019) trata que o principal bem jurídico tutelado pelo diploma legal é a dignidade
humana, pois alguns modos de execução são contrários aos direitos previstos pela OIT e que
fazem parte dos Direitos Humanos específicos dos Trabalhadores. Na mesma linha de
raciocínio, Nina (2010, p. 141) diz que:
“O trabalho escravo não é apenas de uma questão trabalhista. Ele envolve a violação
de direitos humanos, ou seja, quem dele se utiliza incorre em outros crimes, tais como
a tortura, cerceamento da liberdade, espancamento e até mesmo assassinato.”

Como já foi citado anteriormente, o artigo 149 do Código Penal cita os modos de
execução, ou seja as circunstâncias no qual configura o crime contra a liberdade individual, que
neste caso é reduzir alguém à condição análoga à de escravo, assim Greco (2022, p.378) resume
o artigo da seguinte forma: “a) o obriga a trabalhos forçados; b) impõe-lhe jornada exaustiva
de trabalho; c) sujeita-o a condições degradantes de trabalho; d) restringe, por qualquer meio,
sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.”
O primeiro modo previsto no artigo, é obrigar a trabalhos forçados que pode ser
interpretado através do artigo 1º da Convenção n.29 da Organização Internacional do Trabalho,
no qual trata que todos os países membros da OIT estão obrigados a combater o trabalho forçado
(BRASIL, 1957, online). Assim, todo aquele trabalho que for executado sem que seja levado
em consideração a vontade do trabalhador, ou até mesmo, se tornará um trabalho forçado.
Porém, o artigo 2º do documento supracitado deixa brechas, como exemplo, para o serviço
obrigatório militar, que no Brasil se enquadra para homens que completam 18 anos.

Por conseguinte, pode-se considerar que não apenas o trabalho forçado irá se configurar
o delito, mas também a imposição de uma jornada exaustiva na qual o trabalhador é submetido.
Essas jornadas exaustivas podem ultrapassar as oito horas de trabalho por dia, no qual a CLT
determina, além disso, pode ser levado em consideração também jornadas de trabalho sem
intervalos.

Por outro lado, não somente é levado em consideração as situações em que o trabalhador
é obrigado a trabalhar oito horas por dia, mas também as situações em que o trabalhador é
obrigado a produzir em um ritmo mais acelerado que o normal, ou seja em alta intensidade.
Assim Conforti (2017, p.7) diz:

“[...]jornada exaustiva, não é considerada quando verificado o mero descumprimento


da jornada diária de 8 horas, mas quando se impõe, de forma persistente, alta
intensidade ao trabalho, sendo comum nos trabalhos por produção ou nos pagamentos
calculados por hora, sem a garantia das pausas, intervalos e descansos legais
remunerados.”

A partir disso, a jornada exaustiva não apenas configura-se como trabalho análogo ao
de escravo, como também, atinge diretamente a saúde física e mental do trabalhador submetido
a este. Portanto, Greco (2022, p. 379) pondera que:

“Não somente trabalhar forçosamente, mas também impor a um trabalhador jornada


exaustiva de trabalho, isto é, aquela que culmina por esgotar completamente suas
forças, minando-lhe a saúde física e mental, configura-se no delito em estudo.”

A jornada de trabalho exaustiva considerada pelos autores como jornadas maiores que
8 horas, faz com que o trabalhador foque sua força e saúde somente ao trabalho, privando-lhe
de usá-las para outras atividades fora do contexto do trabalho. Perante a isso, a saúde do
trabalhador será comprometida, pois diante de suas limitações humanas grandes jornadas
exaustivas serão convertidas em problemas em sua saúde e em sua liberdade.

Em seguida, o artigo cita as situações degradantes de trabalho na qual o trabalhador é


submetido. A esta, não são observadas questões mínimas ligadas ao ambiente de trabalho, à
ética, e à dignidade da pessoa humana. Assim, a situação degradante de trabalho e sua relação
com o trabalho análogo ao de escravo é destacado por Cortez (2015, p. 22), que diz:
“Manter a pessoa em condições degradantes de trabalho é submetê-la a péssimas
condições de trabalho e de remuneração, é não cumprir as condições mínimas de
trabalho, é exigir a prestação de serviços em local de trabalho que não ofereça
condições mínimas de higiene, iluminação, ventilação, alimentação adequada,
refeitório, água potável, alojamento, instalações sanitárias, lavatórios, chuveiros,
vestiários etc., com restrições à autodeterminação da pessoa.”

A última citação que o artigo faz sobre o trabalho análogo ao de escravo é a restrição da
locomoção do trabalhador em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. Prática
muito recorrente por motivo de compras de materiais essenciais aos quais o trabalhador é
obrigado a comprar de seu empregado, em sua maioria com um preço mais alto do que
encontrado em mercados populares. Greco (2022, p. 379) cita como exemplo a zona rural e
explica o seguinte:
“Atividade que se tornou comum, principalmente na zona rural, diz respeito ao fato
de que o trabalhador, obrigado a comprar sua cesta básica de alimentação de seu
próprio empregador, quase sempre por preços superiores aos praticados no mercado,
acaba por se transformar refém de sua própria dívida, passando a trabalhar tão somente
para pagá-la, uma vez que, À medida que o tempo vai passando, dada a pequena
remuneração que recebe, conjuga com os preços extorsivos dos produtos que lhe são
vendidos, torna-se alguém que se vê impossibilitado de exercer seu direito de ir e vir,
em razão da dívida acumulada.”

Além das situações supracitadas, há previsão no artigo 149, Código Penal duas situações
nas quais se equiparam ao trabalho análogo ao de escravo, nas quais são: Cercear o uso de
qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com fim de retê-lo no local de trabalho,
ou seja, o trabalhador não tem opções de transporte e dessa forma é mantido no seu local de
trabalho, sendo obrigado a continuar no ambiente sem ter direito de locomoção para sua própria
casa. A segunda equiparação é a vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apoderar de
documentos e/ou documentos do trabalhador a fim de retê-lo no local de trabalho, ou seja,
formas de reter o trabalhador no seu ambiente de trabalho, cerceando sua liberdade.
Por fim, o capítulo deixa claro quanto diversificadas são as formas nas quais o trabalho
análogo ao de escravo se tipifica nos dias atuais. Além disso, os bens jurídicos nos quais o artigo
protege, são: a vida, a saúde, a segurança do trabalhador e sua liberdade.
5 VIOLAÇÃO DO TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO À FUNÇÃO
SOCIAL DO CONTRATO DE TRABALHO
Diante da compreensão da função social aplicada ao contrato de trabalho e a
caracterização do trabalho análogo ao de escravo frente ao ordenamento jurídico brasileiro,
parte-se agora para o ponto alvo da pesquisa. A partir de agora, aborda-se a violação e a afronta
do trabalho análogo ao de escravo à função social do contrato de trabalho.
O contrato de trabalho tem como principal intuito a proteção das partes nele
contratantes, que neste caso é o trabalhador e o empregador. Com isso, o contrato, que é um
negócio jurídico regulado pelo Direito do Trabalho, impõe regras, limites, direitos e deveres de
ambas as partes nele envolvidas, segundo Leite (2022, p.459).
Por consequência, o contrato de trabalho é influenciado e regrado a partir da proteção
da dignidade da pessoa humana, princípio previsto pela Constituição Federal de 1988. Assim,
se enquadra o contexto da função social ao contrato de trabalho, como proteção ao princípio da
dignidade da pessoa humana, neste caso o trabalhador, assim, a socialização da ideia de
contrato, na sua perspectiva intrínseca, propugna por um tratamento idôneo das partes, na
consideração, inclusive, de sua desigualdade real de poderes contratuais” Gagliano; Pamplona
Filho (2021, p. 432).
Prevalecendo este entendimento, o trabalho análogo ao de escravo, como já citado em
capítulos anteriores, atenta diretamente contra a dignidade do trabalhador que é submetido às
situações que são contrárias aos seus direitos. Por consequência, o trabalhador não tem direito
ao trabalho decente, ocasionando uma série de fatores que causam danos ao seu bem-estar físico
e psíquico.
A regulamentação prevista que diz respeito sobre os direitos do trabalhador está prevista
em diversos artigos da Constituição Federal e da CLT, são diretamente violados quando
tratamos de trabalho análogo ao de escravo. Como exemplo, o artigo 7º, da Constituição Federal
que prevê os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além deste, o artigo 442, da CLT que
diz sobre o contrato de trabalho, o artigo 58, CLT que diz sobre a jornada de trabalho máxima.
Buscando exemplificar a afronta do trabalho análogo ao de escravo contra o princípio
da função social do contrato de trabalho, pode-se destacar o trabalho forçado previsto como
tipicidade do crime em questão. Este, segundo Freitas (2018, p. 24) se caracteriza quando o
trabalhador está prestando o serviço contra a sua vontade, em razão de coação física ou
psicológica realizada pelo empregador ou seu preposto. Assim, pode-se observar que o
princípio não foi levado em consideração e não foi cumprido, visto que a desigualdade entre as
partes é clara e o trabalhador está sendo forçado a trabalhar, ou seja, realizando atividades contra
a sua vontade.
Com a exemplificação da afronta do trabalho análogo ao de escravo à função social do
trabalho, esta pode se justificar a partir do conceito da função social e da intervenção, dita por
Tartuce (2021, p. 1001), no qual diz que é preciso “intervenção do Estado nos contratos,
especialmente nos casos de abuso ou de excessos de uma parte perante outra”. Ou seja, nas
relações entre trabalhador e empregador, na qual se é possível identificar redução análoga à de
escravo, nesta há uma afronta direta ao princípio da função social.
O trabalho análogo ao de escravo além de ocasionar danos, já elencados no artigo, ao
trabalhador, também gera danos ao mercado, visto que esse se configura como concorrência
desleal entre as empresas.
A caracterização da concorrência desleal, como consequência do trabalho análogo ao de
escravo, é ocasionada pelo fato das empresas que são adeptas à prática demandarem um capital
menor em relação à mão de obra paga ao trabalhador. Assim, as empresas que comumente
seguem as leis trabalhistas e respeitam os direitos dos trabalhadores, demando um capital maior
em relação a mão de obra paga ao trabalhador.
Além das verbas relacionadas aos direitos trabalhistas, conforme as grandes jornadas de
trabalho, como supracitada como tipificação do trabalho análogo ao de escravo,
consequentemente a produção dessas empresas serão maiores que as de empresas que seguem
a legislação trabalhista. Vale ressaltar, que todos favorecimentos a essas empresas estão
diretamente ligados ao desrespeito dos direitos trabalhistas. Assim, Souto Maior, Mendes e
Severo (2012, p. 20) diz que:
“É bem verdade que a expressão “dumping” social foi utilizada, historicamente, para
designar as práticas de concorrência desleal em nível internacional, verificadas a partir
do rebaixamento do patamar de proteção social adotado em determinado país,
comparando-se sua situação com a de outros países, baseando-se no parâmetro fixado
pelas Declarações Internacionais de Direito. No entanto, não é, em absoluto,
equivocado identificar por meio da mesma configuração a adoção de práticas ilegais
para obtenção de vantagem econômica no mercado interno. Ora, ao se desrespeitar de
forma deliberada, reiterada e institucionalizada, os direitos trabalhistas que a
Constituição garante ao trabalhador brasileiro, a empresa não apenas atinge a esfera
patrimonial e pessoal daquele empregado, mas também compromete a própria ordem
econômica, projetada na mesma Constituição. Atua em condições de desigualdade
com as demais empresas do mesmo ramo, já que explora mão de obra sem arcar com
o ônus daí decorrente, praticando concorrência desleal.”

A partir disso, também fica clara a existência da afronta do trabalho análogo ao de


escravo ao princípio da função social do contrato de trabalho, visto que além do princípio
abordar questões particulares, ou seja, relacionadas às partes contratantes, também diz respeito
ao contexto social ao qual o contrato está inserido, ou seja, o convívio social. Neste caso, as
consequências do trabalho escravo interferem diretamente no mercado empresarial, ao passo
que favorecem a concorrência desleal.
Em decorrência dos contratos de trabalho propriamente dito, este, tem como objetivo já
supracitado a garantia de direitos e deveres, em relação a isso, a função social tem como
principal papel proteção dos direitos fundamentais, no quais Leite (2022, p. 456) diz que:
“Em síntese, parece-nos factível sustentar juridicamente que, por força do princípio
da máxima efetividade das normas constitucionais, todas as vezes que ocorrerem
violações dos direitos fundamentais (civis, sociais e metaindividuais) dos
trabalhadores, também haverá violação ao princípio da função social do contrato de
trabalho.”

Por fim, o trabalho análogo ao de escravo afronta diretamente o princípio da função


social do contrato, visto que este tem como principal objetivo a proteção dos direitos
fundamentais e direitos trabalhistas. Ao contrário dos direitos fundamentais protegidos pela
função social, como exemplo, a integridade física, integridade psíquica, liberdade, honra,
direito à vida, identidade, o trabalho análogo ao de escravo viola todos estes.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O princípio da função social tem por objetivo limitar e fiscalizar os contratos, nos quais
são observados do ponto de vista social e como irão impactar as partes contratantes e a
sociedade. Por outro lado, a função social do contrato não cerceia o direito de contratar das
partes, apenas impõe limites para que a relação não cause danos uma a outra e também não
cause danos econômicos, ético e social para a sociedade.
Em suma, função social também pode ser compreendida como uma garantidora dos
direitos fundamentais nas relações privadas, de modo que diante da violação ou da não
observância desses direitos, há afronta ao princípio.
O Direito do Trabalho evoluiu conforme o tempo, de modo que a Constituição Federal
do Brasil interferisse diretamente na legislação trabalhista com o intuito de ampliar direitos
fundamentais no âmbito do trabalho. Com a evolução destes direitos, é possível destacar
também as novas interpretações acerca das relações de trabalho, pois estas são o principal ponto
a ser debatido.
Na relação de trabalho, o contrato de trabalho tem a função de unir as duas partes, ou
seja, o trabalhador e o empregador que neste caso são as partes interessadas diretamente no
contrato. Todavia, a relação de trabalho não é interpretada apenas levando-se em consideração
as partes nela envolvida, mas também se tornando uma relação de interesse social.
O interesse social na relação de trabalho se dar pelo fato de a relação ser interpretada
como uma relação desigual entre as partes, que pode ser definida a partir desigualdade
econômica, desigualdade social e jurídica e como isso pode interferir na sociedade, tanto
economicamente, quanto no ponto de vista ético. É a partir da desigualdade na relação que o
princípio da função social é aplicado ao contrato de trabalho, através das regras e limitações
impostas pela CLT, Constituição Federal, Código Civil e outras legislações vigentes que
abordam a temática.
No momento em que o contrato não se encontra dentro dos limites nos quais a função
social determina, surge o interesse de agir do Estado quando na relação se observa abuso e
excesso de uma parte para com a outra. No contrato e na relação de trabalho, o abuso abordado
pelo artigo se refere ao trabalho análogo ao de escravo.
A busca incessante por lucros faz com que o trabalho escravo persista ainda mais nos
tempos atuais, mesmo a Constituição federal de 1988, o Código de Leis Trabalhistas e
principalmente o Código Penal proíba. Porém, o trabalho análogo ao escravo vai além do
contexto de fiscalização e proibição. Esse tipo de trabalho desumano atrai o trabalhador que
não tem oportunidades em um mercado de trabalho escarço. Assim, diariamente, pessoas são
atraídas e convencidas com argumentos relacionados a bons empregos, melhores condições de
vida e moradia fixa.
Ao contrário das semelhanças com o trabalho escravo do período colonial, o trabalho
análogo ao de escravo se reveste a partir da ideia do ato lícito, visto que o contexto de
propriedade do trabalhador diante do empregador não é estabelecido de fato. Ocorre que a
prática se tipifica a partir do abuso de poder do empregador, no qual se utiliza disso para
estabelecer o trabalho forçado, jornadas longas e intensas de trabalho, cerceamento de liberdade
por dívidas contraídas e condições degradantes de trabalho.
Conclui-se que o trabalho análogo ao de escravo é contrário e ofende diretamente o
trabalho decente previsto pela legislação trabalhista, na qual é baseada pelos direitos
fundamentais. Ligado diretamente à dignidade da pessoa humana, o trabalho decente é direito
do trabalhador, que se faz contrário às tipificações elencadas pelo Código Penal Brasileiro em
seu artigo 149.
Diante da conclusão de que o trabalho análogo ao de escravo viola a dignidade da pessoa
humana e outros direitos fundamentais, o contrato de trabalho em sua função social tem o papel
legal de garantir direitos e proteger a liberdade, o trabalho decente e a dignidade do trabalhador.
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