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Aos Cuidados do Sr.

Diretor da Agência Nacional do Petróleo, gás


Natural e Biocombustível –ANP.

Ofício nº 1236/2022/SFI-NDF-SJP/ANP-DF-e
Processo Administrativo ANP nº 48600.202730/2022-24
Auto de Infração

OLÍMPIO E EURÍPEDES LTDA, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o n.º, estabelecida na Fazenda Limeira às margens da
Via Leocadio de Souza Reis, Km 03, Perímetro urbano, município de
Quirinópolis - GO, CEP: 75860-000, vem respeitosamente à presença de
Vossa Senhoria, apresentar DEFESA ADMINISTRATIVA, em contraponto a
infração anotadas pelo fiscal da ANP, no Documento de Fiscalização acima
referenciado.

I. DO OBJETO DA AUTUAÇÃO FISCAL

O agente de fiscalização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural


e Biocombustíveis (ANP) lavrou o auto de infração pela razão seguinte, que
compõe a descrição do fato do Auto que ora se guerreia:

Fica o posto revendedor acima qualificado


autuado por Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis - ANP, no período de 04 de Outubro de
2022-, adquirir a quantidade de 10.000 Litros de Óleo
Diesel B S500 de fonte não autorizada (TRR), conforme
abaixo detalhado.

Tal fato constitui infração ao artigo 14, inciso I,


da Resolução ANP nº 41/2013 que estabelece que que o
revendedor varejista de combustíveis automotivos somente
poderá adquirir: I - combustíveis automotivos a granel e
querosene iluminante, a granel ou envasado, de
distribuidor de combustíveis, autorizado pela ANP,
observado o art. 25, e etanol hidratado combustível de
produtor de etanol, fornecedor de etanol ou transportador
revendedor retalhista adimplente com contratação do
PMQC; (Redação dada pela Resolução ANP nº
855/2021).

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A infração foi constatada mediante a análise de
documentos fiscais emitidos em favor do autuado pela
empresa LUBERCOL COMBUSTÍVEIS LTDA., CNPJ nº
14.050.019/0001-57, que possui autorização da ANP para
o exercício da atividade de Transportador Revendedor
Retalhista - TRR, conforme certificado em anexo.

O fornecimento pelo TRR ao revendedor varejista


está comprovado pela Nota Fiscal em anexo e cujas
chaves estão listadas abaixo e descrevem a aquisição pelo
revendedor ora autuado de um total de 10.000 litros de
Óleo Diesel B S500 do dito TRR, conforme a seguir
relacionado:

II - DADOS PREAMBULARES

Pelo Documento de Fiscalização acima, a expoente foi autuada em


decorrência de suposta desconformidade por adquirir combustível de segmento
não permitido. O que constituiria infração ao inciso I do artigo 14 da Resolução
ANP n.º 41/2013. Como descrição fática, o Auto de Infração expedido
consigna.

Preliminarmente, faz-se mister esclarecer que a empresa autuada se


encontra regularmente inscrita e habilitada perante esta Agência (ANP) para
exercer a atividade econômica fiscalizada, de revenda de derivados líquidos de
petróleo, e como tal, se restringe à prática dessa atividade.

Importante esclarecer que a empresa autuada, prima pela qualidade dos


combustíveis que comercializa, bem como pela regularidade junto às
Autoridades competentes, pelo que depõe a seu favor o histórico do
estabelecimento, porém o documento não traz a conformidade dos produtos
bem como a correta vazão das bombas abastecedoras, como de costume se
realiza.

Desta forma, demonstra-se a legalidade na atuação e a boa-fé da


empresa autuada que busca por todos os meios possíveis e superação de
todos os trâmites administrativos e burocráticos para o exercício de sua
atividade empresarial, em benefício do consumidor e, em última análise, da
própria sociedade.

Ademais, a empresa realiza a compra de combustível por meio de


documento fiscal, o qual está todo descrito no LMC, assim não constatando
qualquer irregularidade, conforme a Resolução nº41/2013.

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Notadamente, vem a baile que o referido artigo na Resolução nº41/2013,
não apresenta vedação quanto a comercialização de combustíveis entre
Transportador Revendedor Retalhista e Posto Revendedor de Combustíveis.

Uma vez que a redação do artigo traz;

“sendo que o revendedor varejista de combustíveis automotivos


somente poderá adquirir: I - combustíveis automotivos a granel e
querosene iluminante, a granel ou envasado de distribuidor de
combustíveis, autorizado pela ANP, observado o art. 25, e etanol
hidratado combustível de produtor de etanol, fornecedor de etanol ou
transportador revendedor retalhista adimplente com contratação do
PMQC; (Redação dada pela Resolução nº 855/2021); II - óleo lubrificante
acabado envasado ou a granel, registrado na ANP; III - aditivo para
combustíveis líquidos envasado, registrado na ANP; IV - aditivo para óleo
lubrificante acabado envasado, registrado na ANP; e/ou V graxas
lubrificantes envasadas, registradas na ANP. Tal fato constitui infração ao
Art. 14 da Resolução ANP nº 41/2013” grifo nosso

Considere-se, ainda pela relevância, os conectivos lógicos utilizados na


redação do artigo utilizado na tipicidade do suposto ato infracional. Utiliza-se do
regramento da língua brasileira para obter coesão na redação do texto.

O conectivo de conjunção “e” é utilizado no texto para acrescentar


novos fatos com o que anteriormente apresentado, as proposições compostas
cujo operador principal é uma conjunção, neste caso em tela a conjunção utilizada foi
a letra “e”. Na redação da norma foi utilizado para enumerar os combustíveis
comercializáveis, “combustíveis automotivos a granel e querosene iluminante”.

O conectivo de disjunção representado pelo conectivo “ou” é utilizado no


texto para traduzir uma idéia de alternar fatos, por exclusão de uma das
propositivas. Nelas, a idéia que se pretende transmitir é a de que pelo menos
uma das duas proposições componentes é verdadeira, nada impedindo que
ambas o sejam simultaneamente. Uma disjunção no caso em tela o conectivo “ou”.
Na redação da norma foi utilizado para alternar todos os combustíveis descritos
anteriormente fornecidos pelo distribuidor em condição alternativa com
fornecedor de etanol e Transportador Revendedor Retalhista adimplente com
contratação do PMQC;

Vale ressaltar que o fato de o fornecedor dos combustíveis, a empresa


LUBERCOL COMBUSTÍVEIS LTDA não estar adimplente com o Programa de
Monitoramento da Qualidade de Combustível, não compete ao Posto
Revendedor responder por infração ou por inobservância deste regramento por
parte do TRR fornecedor.

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Não obstante o OLÍMPIO & EURÍPEDES LTDA, não pode ser
responsabilizado por uma suposta infração cometida por seu fornecedor, uma
vez que toda a comercialização foi registrada e pactuada a luz da legislação
fiscal vigente.

Conforme se depreende da Resolução ANP n º 08/2007, em sua


redação original deixa explícito a vedação dos combustíveis a serem
comercializados pelos agentes econômicos Transportador Revendedor
Retalhista (TRR). Segue o parágrafo 2 do artigo 1º da Resolução ANP nº
08/2007, com redação original:

§ 2º Fica vedada a aquisição e a comercialização, por TRR, de:


i) gás liquefeito de petróleo (GLP);
ii) gasolina automotiva A ou C;
iii) etanol hidratado ou anidro combustível;
iv) biodiesel (B100);
v) mistura biodiesel/óleo diesel não especificada ou não
autorizada pela ANP; ....(grifo nosso)

Verifica-se no site da ANP a atual Resolução ANP nº08/2007 com


as alterações realizadas pela Resolução ANP nº 858/2021, retirando as
vedações de comercialização de Gasolina C no inciso II e Etanol
Hidratado Combustível no inciso III, por parte dos TRR. Segue o
parágrafo 2 do artigo 1º da Resolução ANP nº 08/2007, com redação
atual em qual está produzindo seu efeito legal:

§ 2º Fica vedada a aquisição e a comercialização, por TRR,


de:
I - gás liquefeito de petróleo (GLP);
II - gasolina automotiva A ou C;
II - gasolina automotiva A; (Redação dada pela Resolução
ANP nº 858/2021)
III - etanol hidratado ou anidro combustível;
III - etanol anidro combustível (Redação dada pela
Resolução nº 855/2021)
III - etanol anidro combustível; (Redação dada pela
Resolução ANP nº 858/2021)
IV - biodiesel (B100);
V - mistura biodiesel/óleo diesel não especificada ou não
autorizada pela ANP;
VI - combustíveis de aviação;
VII - gás natural e gás natural veicular, comprimido ou
liquefeito; e

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VIII - óleo diesel A. (Redação dada pela Resolução ANP nº
7/2015)...
...Grifo Nosso

Ou seja, até 08/11/2021 com as demonstrações acima, as alterações


dadas pela resolução ANP nº858/2021, passou-se a vigorar a vedação de
comercialização apenas dos combustíveis Gasolina A e Etanol Anidro, ou
seja, foi retirado a vedação de comercialização pelo TRR de Gasolina C, Etanol
Hidratado e Óleo Diesel B, assim permitindo a sua comercialização por parte
dos TRRs.

Ainda, como já dito e agora reforçado, apesar de totalmente regular com


suas obrigações, apenas por zelo e boa-fé, as Notas Fiscais de aquisição dos
combustíveis estão disponíveis e registradas no LMC do posto revendedor.

III - DO MÉRITO DA INFRAÇÃO

A autuada nega que tenha cometido a infração apontada no documento


de fiscalização em epígrafe, do qual ora se defende.

O ato ilícito é o praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando


direito subjetivo individual, causando dano a outrem que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência violar direito, (art. 186 do Código Civil)

São elementos indispensáveis à configuração do ato ilícito; o fato lesivo


voluntário, sendo necessário que o infrator tenha conhecimento da ilicitude de
seu ato; a ocorrência de um dano, com a efetiva prova de sua existência e o
nexo de causalidade entre o dano e a conduta do agente. Trata-se, portanto,
de uma responsabilidade subjetiva.

No caso em tela, verifica-se que a autuada não praticou o ato lesivo de


forma voluntária, pois as vedações do artigo 21 da Resolução 41/2013, se
extrai;

“Art. 21. É vedado ao revendedor varejista de combustíveis


automotivos:

I - alienar, emprestar, transferir, permutar ou comercializar


combustíveis automotivos com outro revendedor varejista, ainda que o
estabelecimento pertença à mesma pessoa jurídica; (Redação dada pela
Resolução ANP nº 57/2014)”

Nesta esteira, o inciso acima não trouxe para discussão ou


determinação do caput a vedação da comercialização de combustíveis entre

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Transportador revendedor Retalhista e Postos Revendedores, apenas são
vedados a comercialização entre Postos Revendedores.

Por fim, ressalta a autuada que não auferiu vantagem econômica com a
respectiva infração, pois não revende combustível fora de especificação.

Ainda nesta esteira, e importante observar o histórico da empresa


autuada, sempre exerceu as suas atividades dentro das normas estabelecidas
por lei e pelos regulamentos desta agência reguladora, não possuindo
anotações, que desabonem a sua conduta.

CONCLUSÃO
Face o exposto, espera e confia a autuada que o Nobre Julgador se digne
determinar insubsistente o auto de infração;

- Não responsabilidade do posto revendedor pelo não atendimento das regras


por parte de seu fornecedor (TRR);

- Não existe previsão legal com vedação em comercialização entre TRR e


Posto de Combustíveis com a alteração dada pela Resolução ANP nº858/2021;

- Operação dos conectivos lógicos na redação do texto que produzam um


efeito não negativo;

Por fim, espera e confia a autuada que o Nobre Julgador se digne em conhecer
a defesa apresentada, realizando o julgamento insubsistente do auto de infração
emitido em face do posto revendedor, com base nos fundamentos ora elencados, por
ser medida da mais lídima JUSTIÇA.

Quirinópolis – GO , 07 de novembro de 2022

Assinado de forma digital por


OLIMPIO & EURIPEDES OLIMPIO & EURIPEDES
LTDA:37370434000193 LTDA:37370434000193
Dados: 2022.11.10 10:30:47 -03'00'
________________________________________________
OLÍMPIO & EURÍPEDES LTDA
CNPJ : 37.370.434/0001-93

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